Você está na página 1de 272

Olá Estudante, seja muito bem-vindo(a)!

Estamos iniciando o 4º bimestre de 2021. Chegar até aqui não foi fácil, não é mesmo?
Por isso, estamos muito orgulhosos de você e de seu desempenho. Agora que mais
um bimestre vai começar é hora de preparar a mente para novos conhecimentos e o
coração para novas aventuras.
Para isso, preparamos o Plano de Estudos Tutorado – Volume 4. Um material cheio
de propostas de atividades instigantes e inovadoras para você. São histórias, situa-
ções-problemas, exercícios, imagens, pesquisas, desafios, temas e textos que irão
orientá-lo (a) na aquisição de conhecimentos e habilidades importantes para que
você se torne um cidadão cada vez mais curioso, pesquisador, autônomo e atuante
em nossa sociedade.
Atenção, algumas das várias experiências de aprendizagem que você encontrará
no PET 4 irão abordar a temática da Consciência Negra, pois o mês de novembro
é dedicado a pensarmos em questões importantes como: racismo, discriminação,
igualdade social e a cultura afro-brasileira.
Seu professor(a) irá acompanhá-lo (a) nesta jornada de conhecimentos do PET 4
por meio de alguns canais de comunicação como o APP Conexão 2.0, o site https://
estudeemcasa.educacao.mg.gov.br. Ah! Acompanhe também as aulas na TV Minas,
todas as manhãs de segunda à quinta-feira. Elas irão auxiliá-lo(a) na resolução das
atividades propostas no PET.
Estamos gratos de poder contribuir com seus estudos em tempos de Pandemia
da Covid 19, mas a nossa expectativa é que no próximo ano nossas esperanças
sejam renovadas.
E você é a nossa maior motivação e esperança de um futuro melhor!

Boas aprendizagens nesta 4ª etapa escolar!

II
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA............................................................................... pág 01


Semana 1: Introdução da redação do ENEM.............................................. pág 01
Semana 2: Desenvolvimento da redação do ENEM....................................pág 05
Semana 3: Estratégias Argumentativas....................................................pág 09
Semana 4: Conclusão da redação............................................................ pág 13
Semana 5: Modernismo I........................................................................... pág 17
Semana 6: Modernismo II.......................................................................... pág 21

MATEMÁTICA............................................................................................ pág 25
Semana 1: Matemática financeira.............................................................pág 25
Semana 2: Notação científica...................................................................pág 29
Semana 3: Progressões aritméticas.........................................................pág 32
Semana 4: Progressões geométricas.......................................................pág 35
Semana 5: Sistemas lineares....................................................................pág 39
Semana 6: Geometria...............................................................................pág 42

BIOLOGIA.................................................................................................. pág 48
Semana 1: Fundamentos em Ecologia.......................................................pág 48
Semana 2: Teia Alimentar e Pirâmides Ecológicas....................................pág 54
Semanas 3 e 4: Fluxo de energia nos ecossistemas..................................pág 60
Semanas 5 e 6: Biomas Brasileiros...........................................................pág 67

QUÍMICA.....................................................................................................pág 75
Semana 1: Isomeria I ................................................................................pág 75
Semana 2: Isomeria II...............................................................................pág 79
Semana 3: Reação Orgânica I....................................................................pág 83
Semana 4: Reação Orgânica II...................................................................pág 87
Semana 5: Macromolécula........................................................................pág 90
Semana 6: Polímeros Naturais..................................................................pág 94

III
FÍSICA........................................................................................................pág 98
Semana 1: Magnetismo - Ímãs...................................................................pág 98
Semana 2: Campo Magnético.................................................................. pág 102
Semana 3: Campo magnético gerado por corrente elétrica..................... pág 106
Semana 4: Campo magnético gerado por um espira, bobina chata
      e solenoide percorridos por corrente elétrica........................pág 110
Semana 5: Ondas eletromagnéticas - Espectro eletromagnético............. pág 114
Semana 6: Ondas eletromagnéticas - Aplicações das ondas
     eletromagnéticas.................................................................. pág 118

GEOGRAFIA............................................................................................. pág 123


Semana 1: Globalização e migrações....................................................... pág 123
Semana 2: Globalização e migrações internacionais I..............................pág 127
Semana 3: Globalização e migrações internacionais II............................. pág 131
Semana 4: Migrações Internacionais...................................................... pág 135
Semana 5: Globalização e migrações internacionais III............................ pág 138
Semana 6: Globalização e migrações internacionais IV........................... pág 142

HISTÓRIA................................................................................................. pág 146


Semana 1: A Guerra Fria e a ditadura civil-militar no Brasil...................... pág 146
Semana 2: Nacional-desenvolvimentismo e neoliberalismo.................... pág 150
Semana 3: O Estado de bem-estar social................................................ pág 154
Semana 4: A redemocratização do Brasil................................................ pág 158
Semana 5: A Constituição cidadã (1988).................................................. pág 162
Semana 6: Raça, Etnia e Multiculturalismo............................................. pág 166

FILOSOFIA............................................................................................... pág 170


Semana 1: A Consciência........................................................................ pág 170
Semana 2: Corpo e mente....................................................................... pág 174
Semana 3: Baruch de Espinosa................................................................pág 178
Semana 4: Freud e a Psicanálise.............................................................. pág 181
Semana 5: Friedrich Nietzsche............................................................... pág 185
Semana 6: Karl Marx.............................................................................. pág 189

IV
SOCIOLOGIA............................................................................................. pág 193
Semana 1: Mundo do trabalho................................................................. pág 193
Semana 2: Trabalho e emprego.............................................................. pág 198
Semana 3: Taylorismo e Fordismo: experiências de racionalização
     do trabalho........................................................................... pág 201
Semana 4: Toyotismo: um sistema flexível de produção......................... pág 204
Semana 5: Cenário atual, avanços e retrocessos....................................pág 208
Semana 6: Precarização do trabalho em tempos de Pandemia................. pág 211

LÍNGUA INGLESA..................................................................................... pág 215


Semana 1: Horror tale, Halloween............................................................ pág 215
Semanas 2 e 3: Freedom........................................................................ pág 218
Semana 4: The real truth about being thankful on thanksgiving..............pág 223
Semana 5: New year, new opportunities.................................................pág 226
Semana 6: A letter to myself...................................................................pág 228

ARTE........................................................................................................ pág 231


Semana 1: Teatro e identidade................................................................ pág 231
Semana 2: Teatro na história..................................................................pág 234
Semana 3: Estilos e Épocas.................................................................... pág 237
Semana 4: O Blues como resistência......................................................pág 239
Semana 5: Música Mineira.......................................................................pág 241
Semana 6: Músicas tradicionais e atuais.................................................pág 243

EDUCAÇÃO FÍSICA.................................................................................. pág 246


Semana 1: Futebol..................................................................................pág 246
Semana 2: Futsal.................................................................................... pág 251
Semana 3: Hóquei..................................................................................pág 255
Semana 4: Dança Folclórica....................................................................pág 258
Semana 5: Esportes Adaptados.............................................................. pág 261
Semana 6: Padrões Estéticos.................................................................pág 263

V
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: LÍNGUA PORTUGUESA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
Compreensão e Produção de Textos.

TEMA/TÓPICO:
Gêneros; Contexto de produção, circulação e recepção de textos.

HABILIDADES:
Reconhecer o gênero de um texto a partir de seu contexto de produção, circulação e recepção;
Reconhecer o objetivo comunicativo (finalidade ou função sociocomunicativa) de um texto ou
gênero textual; Relacionar os gêneros de texto às práticas sociais que os requerem.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Redação exigida pelo Exame Nacional do Ensino Médio.

TEMA: Introdução da redação do ENEM


E aí, estudante, como você está? O 4º bimestre começou! Isso mesmo, já estamos no último Plano
de Estudo Tutorado de 2021, mas isso não quer dizer que iremos aprender menos. Aperte o cinto que
vem muita coisa pela frente. Na SEMANA 1 do PET 4 iremos entender melhor o que é e quais são os
tipos de introdução.
Na SEMANA 1 do PET 3 nós falamos sobre a “Estrutura da redação do ENEM”, em que mostramos a es-
trutura geral normalmente exigida no Exame, lembra? Agora, ao longo deste PET, iremos ver parte por
parte do texto, ou seja, a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
A introdução, como vimos, é a parte que apresenta o assunto e o posicionamento do autor. Aqui, portan-
to, está o núcleo da introdução, os pontos mais importantes que devem estar presentes nela: o assunto,
que é o tema do texto; e o posicionamento do autor, ou seja, a tese, o ponto de vista do autor pertinente
ao tema abordado. Ao posicionar-se, o autor formula uma ideia principal ou uma tese do texto.
Para facilitar, você pode estruturar a introdução da seguinte forma:

1
Alusão é a citação, referência ou menção breve sobre algo ou alguém, ou seja,
é qualquer tipo de referência ou citação que você faz no seu texto. Ela pode
Alusão ou definição ser histórica, literária, econômica, filosófica etc.
Além de fazer uma alusão, você também pode iniciar o seu texto dando uma
definição de algum termo que faça parte da questão temática.
A contextualização é como se fosse uma “ponte” entre a alusão/definição que
Contextualização você fez e a apresentação do tema. Essa parte ficará mais clara com o exem-
plo que veremos já, já.
A apresentação do tema é uma das partes cruciais da sua introdução. Além
de ela ser obrigatória para o tipo textual dissertativo-argumentativo, não
Apresentação apresentá-la (ou fazer isso parcialmente) pode prejudicar muito sua nota na
do tema competência II e, consequentemente, o resultado final da sua prova. Você não
precisa apresentar a questão temática na ordem que ela é escrita no coman-
do. O importante é que todo o tema esteja presente na sua introdução.
Para iniciar nossa conversa sobre a tese, vamos retomar um pouco a citação
feita no início deste bloco: “[...] Introdução [...] é a parte que apresenta o as-
sunto e o posicionamento do autor. Ao posicionar-se, o autor formula uma
Apresentação
ideia principal ou uma tese do texto”. Ou seja, a tese é o momento em que você
da tese
aponta para o leitor qual é o seu posicionamento em relação ao tema que será
discutido no texto. Essa também é uma das partes obrigatórias do gênero dis-
sertativo-argumentativo padrão ENEM.
Uma boa introdução, ainda, é caracterizada basicamente pela clareza e delimitação dos assuntos ex-
postos e pela orientação e encaminhamento do leitor ao assunto que será desenvolvido no decorrer do
texto. Portanto, a introdução da sua redação para ENEM deve apresentar o assunto — o tema da redação
—, além da sua tese — o seu posicionamento acerca do tema que será discutido.
Vejamos um exemplo retirado de uma redação nota 1000 no ENEM de 2020. O tema da redação é “o es-
tigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”:

“No filme estadunidense “Coringa”, o personagem principal, Arthur Fleck, sofre de um transtorno
mental que o faz ter episódios de riso exagerado e descontrolado em público, motivo pelo qual é
frequentemente atacado nas ruas. Em consonância com a realidade de Arthur, está a de muitos ci-
dadãos, já que o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira AINDA CONFIGURA
UM DESAFIO A SER SANADO. ISSO OCORRE, SEJA PELA NEGLIGÊNCIA GOVERNAMENTAL NESSE
ÂMBITO, SEJA PELA DISCRIMINAÇÃO DESTA CLASSE POR PARCELA DA POPULAÇÃO VERDE-AMA-
RELA. DESSA MANEIRA, É IMPERIOSO QUE ESSA CHAGA SOCIAL SEJA RESOLVIDA, A FIM DE QUE O
LONGA NORTE-AMERICANO NÃO MAIS REFLITA O CONTEXTO ATUAL DA NAÇÃO.”
REDAÇÃO DE JULIA VIEIRA. FONTE: https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/noticia/2021/05/28/enem-leia-redacoes-nota-
mil-em-2020.ghtml

Perceba que conseguimos encontrar todas as partes nessa introdução: o trecho sublinhado é a alusão,
que foi feita a um filme; o trecho destacado é a contextualização, a ponte que permitiu a autora ligar a
alusão à apresentação do tema; o trecho em negrito é o tema do texto; e o trecho em caixa-alta é a tese
da autora.
Agora iremos fazer algumas atividades sobre a introdução.

2
ATIVIDADES

1 - Elabore uma introdução a partir do tema seguinte:


A importância do ensino de ecologia na escola.

2 - Elabore uma introdução a partir do tema seguinte:


Desafios da aplicação dos Direitos do Consumidor na sociedade.

3
3 - Elabore uma introdução a partir do tema seguinte:
Como combater o racismo na sociedade brasileira no século XXI?

REFERÊNCIAS:
ANDRADE, Magno Felipe de; FIGUEIRA, Mariana Santos. Aula interdisciplinar: ENEM 2018. Belo Ho-
rizonte, 2018.
Redação do Enem. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/noticia/2021/05/28/
enem-leia-redacoes-nota-mil-em-2020.ghtml - Acesso em: 14 ago 2021.

4
SEMANA 2

EIXO TEMÁTICO:
Compreensão e Produção de Textos.

TEMA/TÓPICO:
Gêneros; Contexto de produção, circulação e recepção de textos.

HABILIDADES:
Reconhecer o gênero de um texto a partir de seu contexto de produção, circulação e recepção; Reconhecer
o objetivo comunicativo (finalidade ou função sociocomunicativa) de um texto ou gênero textual; Relacionar
os gêneros de texto às práticas sociais que os requerem.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Redação exigida pelo Exame Nacional do Ensino Médio.

TEMA: Desenvolvimento da redação do ENEM


Oi, estudante. Como está a vida? Reclamar não adianta, mas estudar sim. Então vamos começar mais
uma semana do nosso PET 4? Agora, falaremos do desenvolvimento da redação.
Você já sabe que o desenvolvimento é uma parte crucial para a construção do seu texto, pois é nela que
você irá produzir toda a problematização da redação e isso será feito por meio das estratégias argu-
mentativas (este assunto, porém, será discutido na próxima semana).
Entretanto, para problematizar e usar bem as estratégias argumentativas, é necessário dominar a es-
trutura que pode ser utilizada para elaborar o desenvolvimento. Vou te mostrar uma sugestão de estru-
tura muito usada por diversas pessoas que conseguiram nota 1000 na avaliação.
Lembra que dividimos a introdução em algumas partes que facilitam nossa organização? Dividiremos o
desenvolvimento também em partes, vamos lá?

É a introdução do parágrafo de desenvolvimento. Neste ponto, você deve apre-


Tópico Frasal sentar a ideia-núcleo, a ideia central e mais importante do parágrafo. Aqui, você
dirá para o leitor qual é o assunto que você tratará ao longo do parágrafo.
Aqui, você irá desenvolver a defesa do seu ponto de vista (expresso no tópico
Aprofundamento
frasal). Estratégias argumentativas devem ser usadas nesta parte do parágrafo.
Nesta parte do desenvolvimento, você irá reforçar, reafirmar o que foi apresen-
Frase Conclusiva tado. O ideal é que você inicie esse trecho com um conectivo conclusivo (Desse
modo/Portanto/ Logo…)
Como você viu no quadro acima, o desenvolvimento é dividido, basicamente, em introdução (tópico fra-
sal), desenvolvimento (aprofundamento) e conclusão (frase conclusiva). É como se fosse um pequeno
texto dentro de outro maior.
Agora, peço sua atenção para algo importante: o tema do texto é algo diferente do assunto dos pará-
grafos. O tema é o principal e o assunto dos parágrafos é uma discussão desenvolvida sobre o tema.
Observe o infográfico seguinte:

5
Fonte: O Autor

Perceba que o tema do texto pode permitir a discussão de vários assuntos relativos a ele. São justa-
mente esses assuntos relacionados ao tema que você deve apresentar para o leitor ao escrever o seu
tópico frasal. Para ficar mais claro, vamos analisar um exemplo:

“Nessa perspectiva, acerca da lógica referente aos transtornos da mente, é válido retomar o aspecto
supracitado quanto à omissão estatal neste caso. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde),
o Brasil é o país que apresenta o maior número de casos de depressão da América Latina e, mesmo
diante desse cenário alarmante, os tratamentos às doenças mentais, quando oferecidos, não são, na
maioria das vezes, eficazes. Isso acontece pela falta de investimento público em centros especializa-
dos no cuidado para com essas condições. Consequentemente, muitos portadores, sobretudo aqueles
de menor renda, não são devidamente tratados, contribuindo para sua progressiva marginalização pe-
rante o corpo social. Este quadro de inoperância das esferas de poder exemplifica a teoria das Institui-
ções Zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na sociedade, mas que
não cumprem seu papel com eficácia. Desse modo, é imprescindível que, para a refutação da teoria
do estudioso polonês, essa problemática seja revertida.”
REDAÇÃO DE JULIA VIEIRA. FONTE: https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/noticia/2021/05/28/enem-leia-redacoes-nota-mil-
em-2020.ghtml

Viu como está estruturado o segundo parágrafo do texto nota 1000 da candidata Júlia Vieira? O trecho
destacado é o tópico frasal, no qual a autora apresenta para o leitor o assunto que discutirá no parágra-
fo, relativo ao tema do texto (para relembrar o tema e a introdução do texto, volte na SEMANA 1 deste
PET); a parte sublinhada é o aprofundamento, em que há construção da problematização e uso de es-
tratégias argumentativas; por fim, o período negritado é a frase conclusiva, que finaliza o parágrafo e
reforça o que foi dito. Agora que já entendemos a estrutura, vamos praticar um pouco.

6
ATIVIDADES

1 - Elabore um parágrafo de desenvolvimento a partir do tema seguinte:


A importância do ensino de ecologia na escola.

2 - Elabore um parágrafo de desenvolvimento a partir do tema seguinte:


Desafios da aplicação dos Direitos do Consumidor na sociedade.

7
3 - Elabore um parágrafo de desenvolvimento a partir do tema seguinte:
Como combater o racismo na sociedade brasileira no século XXI?

REFERÊNCIAS:
ANDRADE, Magno Felipe de; FIGUEIRA, Mariana Santos. Aula interdisciplinar: ENEM 2018. Belo Ho-
rizonte, 2018.
Redação do Enem. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/noticia/2021/05/28/
enem-leia-redacoes-nota-mil-em-2020.ghtml - Acesso em: 14 ago 2021.

8
SEMANA 3

EIXO TEMÁTICO:
Compreensão e Produção de Textos.

TEMA/TÓPICO:
Gêneros/Vozes do discurso.

HABILIDADE(S):
Reconhecer e usar estratégias de enunciação na compreensão e na produção de textos, produtiva e autono-
mamente/ Reconhecer estratégias de modalização e argumentatividade usadas em um texto e seus efeitos
de sentido.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Redação exigida pelo Exame Nacional do Ensino Médio.

TEMA: Estratégias Argumentativas


Olá, estudante. Estamos iniciando a SEMANA 3 do PET 4, na qual estudaremos algumas estratégias
argumentativas.
Na última semana, nós vimos uma sugestão de estrutura do desenvolvimento e eu falei que é nessa
parte do texto que colocamos, evidentemente, as estratégias argumentativas, lembra? Pois bem, agora
iremos ver diversas estratégias argumentativas que você pode usar na redação.
Estratégias argumentativas são meios com os quais você pode organizar a sua argumentação na pro-
dução. Você não precisa fazer uso de somente uma estratégia por parágrafo de desenvolvimento, mas
deve tomar cuidado com o excesso também. Duas estratégias por parágrafo podem ser suficientes.
Vamos conhecer algumas delas?

Enumeração
Exemplificação Enumerar é fazer uma espécie de lista especifica-
Exemplificar é apresentar um fato ou cenário que da, uma relação metódica de algo; normalmente
confirma uma tese ou demonstra uma verdade. há gradação em uma enumeração.
“Certos comportamentos humanos não podem ser “O Brasil, se quiser deixar de ser um país em de-
tolerados e, por isso, precisam ser constantemen- senvolvimento e se tornar um país desenvolvido,
te relembrados para que não se repitam, como o precisará urgentemente de algumas mudanças:
massacre dos judeus pelos nazistas. ” investimento em educação, saúde, segurança,
saneamento básico, emprego etc.”
Comparação
Fato histórico
Comparar é confrontar elementos, identificando
Utilização de algum momento histórico para ilus-
pontos de analogia ou de similaridade entre si, numa
trar a problematização feita.
relação de igualdade, superioridade ou inferioridade.
“Tendenciosamente, a religião, principalmente a
“Não há dúvidas de que os eventos esportivos nos
católica, sempre esteve envolvida com a política.
países em desenvolvimento os ajudam a modificar
No golpe militar de 64, a Igreja esteve ao lado
seu cenário econômico e social. Assim como a
dos militares. Só após os seus terem sido perse-
África do Sul se beneficiou com o aumento de
guidos e torturados passou a reagir e a lutar em
emprego e com o investimento em transporte,
defesa de seus membros. ”
o mesmo ocorrerá no Brasil.”

9
Contraposição
Causa e efeito
Contrapor significa confrontar, pondo lado a lado
Argumentatividade feita por meio de análise da
certos elementos.
causa de um fato e dos efeitos/consequências dele.
“Segundo uma enquete realizada pela BVA para o
“Muitos dos nossos atletas, ao longo de suas
vespertino Le Parisien, 58% dos franceses são
carreiras, precisam apelar para ‘vaquinhas online’
favoráveis ao casamento homossexual, ante
e ajuda de amigos e familiares para se manterem
63% no ano passado. Por outro lado, 50% entre
no esporte (CAUSA). Essa falta de estabilidade
eles não são contrários à adoção homoparen-
reflete no desempenho dos atletas nas suas com-
tal, ante 56% no ano passado. ” (Gianni Carta;
petições (EFEITO)”.
06/11/2012)
Dados estatísticos Definição
Utilização de dados estatísticos publicados por Definir é retratar, descrever, explicar algo em
pesquisas de órgãos oficiais. É importante sem- sua natureza; é mostrar o significado de algo.
pre apresentar a fonte de onde foi retirado os A definição pode ser objetiva ou subjetiva.
dados. “Segundo Barbosa Filho, ‘O amor é um sentimento
“O Vox Populi fez recentemente uma pesquisa de sublime, que supera os problemas e diferenças,
âmbito nacional. Deu o esperado: 48% dos entre- resiste ao tempo e se fortalece com a distância’.
vistados disseram simpatizar com algum parti- É a partir desse sentimento que muitas pessoas
do. ” (Marcos Coimbra; 30/05/2012) entregam suas vidas a favor de outras.”
Contra argumentação
Argumento de autoridade
Contra argumentar é apresentar argumento em
Uma autoridade pode ser uma pessoa ou, até
contrário. Ou seja, expõe-se uma ideia para de-
mesmo, uma instituição, desde que tenha pres-
pois refutá-la (negando-a ou reduzindo sua im-
tígio social. Tal recurso é muito relevante na
portância) a fim de mostrar que a tese defendida
argumentação.
(a contra-argumentação) é melhor que a refutada.
“De acordo com Durkheim, o fato social é a ma-
“Muito se diz sobre a falta de possibilidades de
neira coletiva de agir e de pensar. Ao seguir essa
permanência de pessoas mais pobres na univer-
linha de pensamento, observa-se que a prepara-
sidade (TESE REFUTADA), no entanto é importan-
ção do preconceito religioso se encaixa na teoria
te que se saiba que com a criação e manutenção
do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em
de políticas públicas e acesso e permanência
uma família com esse comportamento, tende a
no ensino superior é possível vermos a história
adotá-lo também por conta da vivência em grupo.”
mudar (TESE DEFENDIDA). ”
Pergunta retórica
A pergunta retórica é aquela que não exige uma
resposta imediata, pois seu objetivo é provocar a
reflexão.
“Em vista da pacificação das favelas do Rio de Ja-
neiro, a força militar vem sendo muito elogiada por
sua precisão e competência. Precisamos real-
mente de uma nova ação militar para restaurar a
paz nas comunidades ou agora é o momento de
levar cultura a elas?

Exercitar é importante, por isso iremos fazer algumas atividades sobre o assunto.

10
ATIVIDADES

1 - Leia o trecho seguinte, identifique a estratégia argumentativa utilizada e justifique sua resposta.
“Conforme Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja
alcançado na sociedade.”

2 - Leia o trecho seguinte, identifique as duas estratégias argumentativas utilizadas e justifique sua
resposta.
“Segundo Albert Einstein, cientista contemporâneo, é mais fácil desintegrar um átomo do que um pre-
conceito enraizado. Sob tal ótica, é indubitável que inúmeras ojerizas religiosas presentes no Brasil ho-
dierno possuem ligação direta com o passado, haja vista os dogmas católicos amplamente difundidos
no Brasil colônia do século XVI.”

3 - Leia o trecho seguinte, identifique a estratégia argumentativa utilizada e justifique sua resposta.
“Além disso, cabe ressaltar que a intolerância às crenças burla preceitos constitucionais. Nessa perspec-
tiva, a Constituição Brasileira promulgada em 1988, após duas décadas da Ditadura Militar, transformou
a visão dos cidadãos perante seus direitos e deveres. Contudo, quase 20 anos depois de sua divulgação,
a liberdade de diversos indivíduos continua impraticável. ”

11
4 - Leia o trecho seguinte, identifique a estratégia argumentativa utilizada e justifique sua resposta.
“Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, a cada mês são registrados pelo menos 10 denúncias
de intolerância religiosa e destas 15% envolvem violência física, sendo as principais vítimas fiéis afro-
-brasileiros. ”

Encerramos mais uma semana do último PET de 2021. Espero ver você na próxima!

REFERÊNCIAS:
ANDRADE, Magno Felipe de. Preparatório concurso Mário Campos. Belo Horizonte, 2019.
Leia redações nota mil do Enem 2016. Disponível em:https://www.educamaisbrasil.com.br/educa-
cao/enem/leia-redacoes-nota-mil-do-enem-2016?gclid=cjwkcajwjdoibha_eiwahz8xmwsyz-vxxk-
tedno_gzosk1cz6lzq3y1xq-du_kzak5gijqkmliki9roc36cqavd_bwe - Acesso em: 14 ago 2021.

12
SEMANA 4

EIXO TEMÁTICO:
Compreensão e Produção de Textos.

TEMA/TÓPICO:
Gêneros; Contexto de produção, circulação e recepção de textos.

HABILIDADE(S):
Reconhecer o gênero de um texto a partir de seu contexto de produção, circulação e recepção; Reconhecer
o objetivo comunicativo (finalidade ou função sociocomunicativa) de um texto ou gênero textual; Relacionar
os gêneros de texto às práticas sociais que os requerem.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Redação exigida pelo Exame Nacional do Ensino Médio.

TEMA: Conclusão da redação


Fala comigo, estudante, tudo certo aí? Oh, a SEMANA 4 chegou e nela iremos falar sobre a conclusão da
redação padrão ENEM, tá?!
Você já sabe, mas eu vou repetir: estamos tratando aqui de sugestão de estrutura. É claro que você
pode escolher fazer sua redação de outro modo, afinal, o que estou ensinando no PET não é uma receita
de bolo. Entretanto, essa estrutura que estou passando é muito comum e a mais usada pela maioria das
pessoas que tiraram nota 1000 na redação. Já vimos a introdução do texto e o desenvolvimento, além
de termos também estudado as estratégias argumentativas que você pode colocar na redação. Agora
iremos falar da conclusão.
A conclusão é o momento em que você deve fechar a discussão desenvolvida no texto. Neste ponto,
novas informações que poderiam ter sido exploradas não devem aparecer, afinal é o fim da redação.
É muito comum que a proposta de intervenção apareça na conclusão. Assim, seguindo essa linha de
pensamento, a estrutura da conclusão pode ser dessa forma:

1) Inserir um conectivo conclusivo, ou seja, algo que dê início a sua conclusão. Seguem alguns
exemplos.
Logo, Portanto, Mediante aos Argumentos Citados, Conforme o Discutido, Consoante ao Menciona-
do, Em conformidade ao exposto, Pelo argumentado, Considerando os argumentos mostrados.
2) Retomar a tese. Os argumentos que você defendeu precisam ser sustentados até o fim do texto.
Exemplo de retomada:
Assunto da tese: “Com efeito, evidencia-se a necessidade de promover melhorias no sistema de
educação inclusiva do país.”
Retomada do assunto na conclusão: “É evidente, portanto, que há entraves para que os deficientes
auditivos tenham pleno acesso à educação no Brasil. ”

13
3) Elaborar a proposta de intervenção. Para isso precisamos pensar em:
Agentes (quem): o agente é o responsável pela ação, aquele que resolverá o problema.
Governo, mídia, escola, ONGs.
Ação (o que): Nessa parte, devemos detalhar o que será feito. Qual será a ação que poderá resolver o
impasse abordado nos seus argumentos.
Meio/ Modo (como): Aqui, diremos como tal ação será realizada. Por meio de quê? De qual maneira a
ação poderá ser feita? Exemplo:
“O Estado deve estimular a venda de alimentos orgânicos, por meio de subsídio aos produtores e de
organização de feiras semanais em diversos pontos da cidade[...]”
Detalhamento: Você deve escolher detalhar o agente, a ação, o modo ou o objetivo da proposta de
intervenção. Ou seja, você irá especificar, explicar alguns desses itens.
“Dessa maneira, é preciso que o Estado brasileiro promova melhorias no sistema público de ensino
do país, por meio de sua adaptação às necessidades dos surdos, como oferta do ensino de libras,
com profissionais especializados para que esse grupo tenha seus direitos respeitados”
Objetivo (Para quê): Nesse momento da proposta, você explicará o motivo da ação escolhida. Qual
será o resultado almejado com tais ações? Observe:
“Dessa maneira, é preciso que o Estado brasileiro promova melhorias no sistema público de ensino
do país, por meio de sua adaptação às necessidades dos surdos, como oferta do ensino de libras,
com profissionais especializados para que esse grupo tenha seus direitos respeitados”
4) Frase conclusiva. Após a proposta de intervenção, é interessante colocar uma frase que “arremate”
e finalize o texto.

Vamos ver um exemplo para ilustrar essa estrutura apresentada:

“Portanto, são essenciais medidas operantes para a reversão do estigma associado às doenças men-
tais na sociedade brasileira. Para isso, compete ao MINISTÉRIO DA SAÚDE INVESTIR NA MELHORA
DA QUALIDADE DOS TRATAMENTOS A ESSAS DOENÇAS NOS CENTROS PÚBLICOS ESPECIALIZA-
DOS DE CUIDADOS, DESTINANDO MAIS MEDICAMENTOS E CONTRATANDO, POR CONCURSOS, MAIS
PROFISSIONAIS DA ÁREA, COMO PSIQUIATRAS E ENFERMEIROS. ISSO DEVE SER FEITO POR MEIO
DE RECURSOS AUTORIZADOS PELO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO — ÓRGÃO QUE OPERA FEITOS
PÚBLICOS — COM O FITO DE POTENCIALIZAR O ATENDIMENTO A ESSES PACIENTES E OFERECÊ-LOS
UM TRATAMENTO EFICAZ. ADEMAIS, PALESTRAS DEVEM SER REALIZADAS EM ESPAÇOS PÚBLICOS
SOBRE OS MALEFÍCIOS DAS FALSAS CONCEPÇÕES DE PRAZER E DA IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMEN-
TO DOS VULNERÁVEIS. Assim, os ideais inalcançáveis não mais serão instrumentos segregadores e,
finalmente, a cotação de Fleck não mais representará a dos brasileiros.”
REDAÇÃO DE JULIA VIEIRA. FONTE: https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/noticia/2021/05/28/enem-leia-redacoes-nota-mil-
em-2020.ghtml

Observe, então, que o parágrafo conclusivo da candidata Júlia Vieira segue a estrutura que vimos: é ini-
ciado com um conectivo conclusivo, em negrito; há a retomada da tese, sublinhada; o trecho em caixa
alta são as propostas de intervenção; e, por fim, o trecho destacado é a frase conclusiva.
Vamos colocar o que aprendemos em prática!

14
ATIVIDADES
Na SEMANA 1, você produziu algumas introduções de temas específicos e fez o desenvolvimento des-
ses temas na SEMANA 2. Agora, a partir dos problemas que você apresentou nas suas teses (na ativi-
dade da SEMANA 1) e discutiu no desenvolvimento (na atividade da SEMANA 2), redija a conclusão, com
proposta de intervenção, para cada tema.

1 - Elabore uma conclusão, com proposta de intervenção completa e que respeite os Direitos Humanos,
a partir do tema seguinte:
A importância do ensino de ecologia na escola.

Para saber mais…

2 - Elabore uma conclusão, com proposta de


intervenção completa e que respeite os Direitos
Humanos, a partir do tema seguinte:
Desafios da aplicação dos Direitos do Consumidor
na sociedade.

FONTE: O AUTOR

15
3 - Elabore uma conclusão, com proposta de intervenção completa e que respeite os Direitos Humanos,
a partir do tema seguinte:
Como combater o racismo na sociedade brasileira no século XXI?

REFERÊNCIAS:
ANDRADE, Magno Felipe de; FIGUEIRA, Mariana Santos. Aula interdisciplinar: ENEM 2018. Belo Ho-
rizonte, 2018.
Redação do Enem. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/noticia/2021/05/28/
enem-leia-redacoes-nota-mil-em-2020.ghtml - Acesso em: 14 ago 2021.

16
SEMANA 5

EIXO TEMÁTICO:
A Literatura Brasileira e outras Manifestações Culturais.

TEMA/TÓPICO:
Modernismo.

HABILIDADE(S):
Localizar, numa linha de tempo, as principais tendências da poesia (primitivismo, antropofagia, naciona-
lismo, universalismo, intimismo, experimentalismo) e da prosa de ficção (neo-realismo, intimismo, expe-
rimentalismo) do Modernismo brasileiro. Reconhecer as propostas das diferentes correntes modernistas,
especialmente a primitivista, a nacionalista, a regionalista e a universalista.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Literatura.

TEMA: Modernismo I
Ei, estudante. Tudo bem? Nesta semana, iremos trabalhar com a Literatura, estudando a Escola Lite-
rária Modernismo.
Nenhuma Escola Literária nasce do nada: todas surgem a partir de uma transição, influenciada por di-
versos aspectos da época. Com o Modernismo não é diferente. Por isso, existe um período de transição
conhecido como pré-modernismo. O início do século XX foi marcado por mudanças significativas para
o Brasil: continuação da República das Oligarquias, que sofria grande influência de fazendeiros, sobre-
tudo, cafeicultores do Sudeste; acelerado processo de urbanização em São Paulo; ascensão da desi-
gualdade entre regiões brasileiras, já que o declínio dos engenhos de cana-de-açúcar fazia o Nordeste
sofrer economicamente, entre outras mudanças.
Tudo isso influenciava a produção literária, que esta-
va engajada, majoritariamente, em fazer denúncias
sociais. No período do pré-modernismo — que, segun-
do Tristão de Ataíde, vai de 1902 a 1922 — não há uma
linha estética, estrutural ou ideológica determinada, o
que caracteriza essa transição como eclética.
Alguns fatos, além dos históricos, motivaram a mani-
festação do Modernismo, como a influência francesa
na cultura brasileira; a amizade de Oswald de Andra-
de e Mário de Andrade; a publicação de “As cinzas das
horas”, de Manuel Bandeira; a publicação de “Nós”,
de Guilherme de Almeida; a exposição de pintura de
Anita Malfatti; o ataque de Mário de Andrade aos par-
nasianistas, por meio da publicação de uma série de
artigos intitulados “Mestres do Passado”, entre outros
acontecimentos.
Todos esses episódios suscitaram na Semana de Arte
Moderna de 1922. FONTE: O AUTOR

O evento foi realizado entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, dividido em três sessões, em que cada
dia houve a predominância de um tema.

17
O Theatro Municipal de São Paulo foi palco de exposições, saraus, conferências e leituras literárias que
marcaram o início do Modernismo brasileiro.
Durante as sessões da Semana, os três objetivos fundamentais do movimento modernista brasileiro
foram apresentados:
1. Reivindicar o direito permanente à pesquisa estética, à atualização da arte brasileira, à estabili-
zação de uma consciência criadora nacional.
2. Reagir contra o “helenismo” de Coelho Neto, contra o purismo de Rui Barbosa, contra o academi-
cismo de uma maneira geral.
3. Substituir o pieguismo literário de métrica rígida e sentimentos catalogados pela linguagem
coloquial, pela livre expressão, pela valorização da realidade nacional, pela exaltação da psique
moderna.
O Modernismo, conhecido também como Geração de 1922, teve algumas correntes literárias. As mais
importantes são:
• Pau-Brasil (1924)
Iniciada por Oswald de Andrade com o lançamento do “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, a “pro-
posta era uma arte brasileira de “exportação”, de raiz, nativa e primitiva” (OLIVEIRA, 2012, p. 629).
Os integrantes (entre eles Tarsila do Amaral e Paulo Prado) alinhavam-se com as ideias anarquis-
tas e comunistas.
• Verde-amarelismo (1926)
Opunha-se à estética do Pau-Brasil e buscava uma arte nacional, de tom ufanista, com valori-
zação do indígena. Os integrantes (entre eles Plínio Salgado e Menotti del Picchia) mantinham
ideias direitistas.
• Movimento Antropofágico (1928)
O ponto de partida foi a publicação do Manifesto Antropófago. Esta corrente “reafirmava valores
nacionais veiculados numa linguagem moderna , com incorporação crítica dos elementos es-
trangeiros considerados superiores” (OLIVEIRA, 2012, p.635).
Bom, já vimos muito sobre o Modernismo, não é? Agora é só exercitar!

ATIVIDADES
1 - (UFRGS) - O Modernismo brasileiro, através de seus autores mais representativos na Semana de Arte
Moderna, propôs:
a) o apego às normas clássicas oriundas do Neoclassicismo mineiro.
b) a ruptura com as vanguardas europeias, tais como o Futurismo e o Dadaísmo.
c) uma literatura que investisse na idealização da figura indígena como ancestral do brasileiro.
d) a focalização do mundo numa perspectiva apenas psicanalítica.
e) a literatura como espaço privilegiado para a expressão dos falares brasileiros.

18
2 - (EEP/SP) - Sobre a Semana de Arte Moderna é incorreto afirmar que:
a) tem em Mário de Andrade um de seus maiores representantes.
b) ocorreu em São Paulo, em 1922.
c) foi ao mesmo tempo o ponto de encontro das várias tendências modernas que desde a I Guer-
ra se vinham firmando.
d) foi precursora do Realismo.
e) a Semana permitiu a consolidação de grupos, a publicação de livros, revistas e manifestos
sobre arte em geral.

3 - (FGV) Leia o texto.


A Semana de 22 não foi um fato isolado e sem origens. As discussões em torno da necessidade de reno-
vação das artes surgem em meados da década de 1910 em textos de revistas e em exposições, como a
de Anita Malfatti em 1917. Em 1921 já existe, por parte de intelectuais como Oswald de Andrade e Menotti
Del Picchia, a intenção de transformar as comemorações do centenário em momento de emancipação
artística. (...) (www.itaucultural.org.br)
Em geral, os artistas participantes da Semana de Arte Moderna propunham:
a) que a arte, especialmente a literatura, abandonasse as preocupações com os destinos brasi-
leiros e se voltasse para o princípio da arte pela arte.
b) a rejeição ao conservadorismo presente na produção artística brasileira, defendendo novas
estéticas e temáticas, como a discussão sobre as questões brasileiras.
c) que os artistas estabelecessem vínculos com correntes filosóficas, mas não com projetos po-
líticos e ideológicos, fossem estes progressistas ou conservadores.
d) o reconhecimento da superioridade da arte europeia e da importância da civilização portu-
guesa no notável desenvolvimento cultural brasileiro.
e) que apenas as artes plásticas, com destaque para a pintura, poderiam representar avanços
revolucionários em direção a uma arte de fato inovadora.

4 - (UDESC) A Semana da Arte Moderna de 1922 tinha como uma das grandes aspirações renovar o
ambiente artístico e cultural do país, produzindo uma arte brasileira afinada com as tendências
vanguardistas europeias, sem, contudo, perder o caráter nacional; para isso contou com a participação
de escritores, artistas plásticos, músicos, entre outros. Analise as proposições em relação à Semana
da Arte Moderna, assinale (V) para as verdadeiras e (F) para as falsas.
(  ) O movimento Modernista buscava resgatar alguns pontos em comum com o Barroco, como os con-
tos sobre a natureza; e com o Parnasianismo, como o estilo simples da linguagem.
(  ) A exposição da artista plástica Anita Malfatti representou um marco para o modernismo brasilei-
ro; suas obras apresentavam tendências vanguardistas europeias, o que de certa forma chocou
grande parte do público; foi criticada pela corrente conservadora, mas despertou os jovens para a
renovação da arte brasileira.
(  ) O escritor Graça Aranha foi quem abriu o evento com a sua conferência inaugural “A emoção es-
tética na Arte Moderna”; em seguida, apresentou suas obras Paulicéia desvairada e Amar, verbo
intransitivo.
(  ) O maestro e compositor Villa-Lobos foi um dos mais importantes e atuantes participantes da Se-
mana; neste ano comemoram-se 50 anos de sua morte.
(  ) As esculturas de Brecheret, impregnadas de modernidade, foram um dos estandartes da Semana;
sua maquete do Movimento às Bandeiras foi recusada pelas autoridades paulistas; hoje, umas das
esculturas públicas mais admiradas em São Paulo.

19
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo.
a) V – F – V – F – V.
b) F – F – V – V – V.
c) F – V – F – V – V.
d) V – V – F – V – F.
e) V – V – V – V – V.

REFERÊNCIAS:
OLIVEIRA, Clenir Bellezi de. Literatura em contexto: a arte literária luso-brasileira. São Paulo: FTD, 2012.
http://cantinhomaissaber.blogspot.com/2019/08/a-semana-de-arte-moderna-de-1922.html Aces-
so em: agosto de 2021.

20
SEMANA 6

EIXO TEMÁTICO:
A Literatura Brasileira e outras Manifestações Culturais.

TEMA/TÓPICO:
Modernismo.

HABILIDADE(S):
Localizar, numa linha de tempo, as principais tendências da poesia (primitivismo, antropofagia, naciona-
lismo, universalismo, intimismo, experimentalismo) e da prosa de ficção (neo-realismo, intimismo, expe-
rimentalismo) do Modernismo brasileiro. Reconhecer as propostas das diferentes correntes modernistas,
especialmente a primitivista, a nacionalista, a regionalista e a universalista.

EIXO TEMÁTICO:
A Literatura Brasileira e outras Manifestações Culturais.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Literatura.

TEMA: Modernismo II
Como vai, estudante? A SEMANA 6 chegou para fechar o PET 4 com chave de ouro. Nela, continuaremos
falando sobre a Escola Literária Modernismo.
Na semana 5, falamos sobre o Pré-modernismo e o Modernismo, também conhecido como Primeira
Geração ou Geração de 1922. Agora, iremos estudar sobre o Pós-modernismo (ou Modernismo Geração
de 1930) e o Neomodernismo (ou Modernismo Geração de 1945).
O Pós-modernismo foi o período equivalente aos anos 1930 a 1945. O Brasil e o mundo, nesta época, vi-
viam grandes crises: o planeta se recuperava da Primeira Guerra Mundial e a Segunda já era iniciada, além
da crise econômica causada pela quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929 (Depressão de 1929); Getúlio
Vargas ascendia à Presidência da República, após grandes embates políticos; entre outras situações.
Tudo isso, é claro, impactou a produção literária do
país, que se comprometia mais com os fatos, o que
causou uma retomada parcial do Realismo/Natura-
lismo. Os autores da prosa pós-moderna escolheram
aprofundar mais na relação entre as pessoas e os
meios natural e social, além de uma ênfase no fator
emocional e na análise psicológica das personagens.
A prosa da Geração de 1930 é marcada pelo aprovei-
tamento das conquistas da geração anterior, espe-
cialmente as formais; por um maior adensamento dos
temas; e pelo regionalismo. Os principais autores des-
te período são Graciliano Ramos, José Lins do Rego,
Rachel de Queiroz, Érico Veríssimo e Jorge Amado.
A poesia do Pós-modernismo não ficou para trás:
o período foi marcado por grande produção literária
de poemas marcados pela consolidação das liberda-
des formais conquistadas pela geração anterior. Na

21
época, foram cultivados tanto os versos brancos e livres quanto as formas tradicionais, de acordo com
a intenção expressiva dos autores. Os poemas tratavam da problemática social e política, mas também
tinham cunho mais subjetivo e algumas até com teor mais espiritualista. Os principais autores são Car-
los Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Murilo Mendes e Cecília Meireles.
A Geração Moderna de 1945 viveu uma outra realidade, já que a Segunda Guerra Mundial havia sido en-
cerrada e o mundo vivia o pós-guerra. Além disso, a situação do Brasil era grave nesse período, com alta
inflação e uma grande crise econômica e política.
Mesmo assim, a produção literária da época era riquíssima. A prosa Neomodernista buscava um ree-
quilíbrio formal, após as rupturas dos movimentos anteriores, e um prosaico elevado, por meio do sen-
timento e da expressão. Ademais, era comum a invenção de novas palavras (neologismo), o intimismo,
a sondagem psicológica e o regionalismo. Os principais autores são Guimarães Rosa e Clarice Lispec-
tor. Já a poesia recuperou formas tradicionais consagradas e a expressão poética era utilizada confor-
me a sensibilidade do artista, que buscava equilíbrio, harmonia, objetividade e rigor formal.
Outro marco importante desse período foi a poesia concreta, que explorava os aspectos semânticos e so-
noros das palavras e tinha o espaço gráfico como agente estrutural das cores, dos tamanhos e dos dife-
rentes tipos de letras. Os principais autores são Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos.

CAMPOS, Haroldo de. Xadrez das estrelas: percurso textual.


PIGNATARI, Décio. Um movimento. In.: OLIVEIRA, 2012. In.: OLIVEIRA, 2012.

CAMPOS, Augusto de. Despoesia. In.: OLIVEIRA, 2012.

22
ATIVIDADES
1 - Sobre as características da prosa da segunda fase do modernismo no Brasil é incorreto afirmar:
a) a produção literária dessa fase buscou apresentar um retrato mais objetivo da realidade.
b) o regionalismo nordestino representou uma das principais expressões do romance de 30.
c) a denúncia social e o engajamento político são duas fortes características da produção desse
período.
d) o uso da linguagem coloquial e dos regionalismos marcaram os romances publicados nessa fase.
e) a literatura destrutiva dessa fase foi essencial para criar uma abordagem menos politizada.

2 - A prosa de 30 foi um dos momentos de grande destaque da Segunda Geração Modernista. Nesse
momento, a literatura teve um papel importante na divulgação de temas relacionados com a realidade
brasileira. Um dos temas abordados nesta fase foi a seca no Nordeste, retratada por:
a) Rachel de Queiroz.
b) Graciliano Ramos.
c) José Lins do Rego.
d) Clarice Lispector.
e) Jorge Amado.

3 - (Enem–2003)
Pequenos tormentos da vida
De cada lado da sala de aula, pelas janelas altas, o azul convida os meninos, as nuvens desenrolam-se,
lentas como quem vai inventando preguiçosamente uma história sem fim…Sem fim é a aula: e nada
acontece, nada… Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Margarida, se ao menos um avião entrasse por
uma janela e saísse por outra!
Na cena retratada no texto de Mário Quintana, o sentimento do tédio:
a) provoca que os meninos fiquem contando histórias.
b) leva os alunos a simularem bocejos, em protesto contra a monotonia da aula.
c) acaba estimulando a fantasia, criando a expectativa de algum imprevisto mágico.
d) prevalece de modo absoluto, impedindo até mesmo a distração ou o exercício do pensamento.
e) decorre da morosidade da aula, em contraste com o movimento acelerado das nuvens e das
moscas.

23
4 - Leia o poema a seguir.

Pulsar, Augusto de Campos

Sobre o poema de Augusto de Campos, analise as seguintes afirmações:


I. Rompe com a estrutura discursiva do verso tradicional ao propor a geometrização e a visualização da
linguagem.
II. Para o poeta, todo o ato de escrever provém da inspiração, fruto de uma investigação íntima que
privilegia os sentimentos e o lirismo. A poesia é tradicional e convencional, valendo-se da forma e
moldes clássicos.
III. O poema apresenta diversas inovações, entre elas o apelo à comunicação não verbal, a desintegra-
ção da palavra e a polissemia.
IV. É inspirado nos poemas neossimbolistas, nos quais os elementos naturais, como as estrelas, a água,
o vento e o mar são amplamente explorados.
Estão corretas as afirmativas:

a) I, II, III e IV. b) Apenas I. c) Apenas I e III. d) Apenas II e IV.

Estudante, encerramos o Plano de Estudo Tutorado volume 4, o último do ano. Além do PET, encerra-se
aqui a sua passagem pela Educação Básica. Tenho certeza de que este longo período de sua vida na
escola foi repleto de diversas emoções: alegria, ansiedade, raiva, nervosismo… Claro que não faltaram
momentos bons e não tão bons nessa sua trajetória. O que não faltou também foi muito, mas muito co-
nhecimento, que você levará por toda a vida. Espero que daqui em diante você continue estudando na
esperança de que dias melhores virão! Encerro este PET com uma frase do grande mestre Paulo Freire:
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Um grande
abraço e até mais!

REFERÊNCIAS:
OLIVEIRA, Clenir Bellezi de. Literatura em contexto: a arte literária luso-brasileira. 1.ed. São Paulo:
FTD, 2012.
Rachel de Queiroz. Disponível em: <https://www.academia.org.br/academicos/rachel-de-queiroz/
biografia>. Acesso em: 14 ago 2021.

24
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: MATEMÁTICA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
Tópicos de Revisão.

TEMA/TÓPICO:
44. Matemática financeira.

HABILIDADE(S):
44.1. Comparar rendimentos em diversos tipos de aplicações financeiras.
44.2. Comparar e emitir juízo sobre diversas opções de financiamento.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Revisão de porcentagem. Fator de atualização. Juros simples. Juros compostos. Descontos. Apli-
cações.

TEMA: Matemática financeira.


Olá, estudante! O último PET de Matemática de 2021 começa com um assunto que tem grande aplicabi-
lidade no dia a dia das pessoas: matemática financeira. Antes de entrarmos no assunto propriamente
dito, faremos uma breve revisão de PORCENTAGEM. A expressão “por cento” significa exatamente o
que ela sugere: uma divisão “por cem”, ou seja, um quociente no qual o denominador é fixo e igual a
cem. Por exemplo:
42,5
Quarenta e dois e meio por cento = 100 = 0,425 = 42,5%
Outro exemplo: Joana ganha R$ 3 000,00 e teve um aumento salarial de 20%. Qual o valor do aumento
em reais?
20 60 000
20% de 3 000 = 100 ⋅ 3 000 = 100 = 𝑅𝑅$ 600,00
Portanto, o novo salário de Joana é R$ 3 600,00. Para entender por que a palavra-chave “de” foi traduzi-
da em uma operação de multiplicação, vamos refazer parcialmente, usando regra de três simples:

25
Em vez de calcular o aumento e depois fazer o acréscimo, esse valor pode ser calculado diretamente
– veja:
100 20
100% de 3 000 mais 20% de 3 000 = 100 ⋅ 3 000 + 100 ⋅ 3 000 =

1 ⋅ 3 000 + 0,2 ⋅ 3 000 = 3 000 ⋅ 1 + 0,2 = 3 000 ⋅ 1,2 = 3 600

Observamos acima que incorporar um aumento de 20% equivale a multiplicar por 1,2. A parte inteira (1)
equivale ao salário original e a parte fracionária (0,2) equivale ao aumento, resultando assim no salário
final. O multiplicador 1,2 é chamado de FATOR DE ATUALIZAÇÃO. Ele é especialmente útil quando um
valor necessita ser atualizado diversas vezes, pois não é prático efetuar diversas regras de três. De
forma semelhante, uma redução de 20% equivale ao fator de atualização 1 – 0,2 = 0,8. Outros exemplos:

EVENTO FATOR DE ATUALIZAÇÃO


Aumento de 45% 1 + 0,45 = 1,45
Aumento de 7,83% 1 + 0,0783 = 1,0783
Redução de 45% 1 – 0,45 = 0,55
Redução de 7,83% 1 – 0,0783 = 0,9217
O objeto mais básico de estudo da matemática financeira é a aplicação de um capital (C) com uma taxa
de juros (i) por um prazo ou intervalo de tempo (t), resultando num valor corrigido, o montante (M). Uma
observação importante é que a taxa e o prazo têm que ser compatíveis; por exemplo, se a taxa é ao mês
então o prazo deve ser em meses. Importantíssimo: caso não sejam compatíveis, deve-se ajustar o
prazo e não a taxa (veremos mais sobre isso nos exemplos a seguir).
A primeira situação típica da matemática financeira são os JUROS SIMPLES. Neste contexto, a palavra
“simples” significa que os juros incidem sempre sobre o capital inicial e não sobre o capital atualizado.
Por exemplo, vamos considerar um capital de R$ 2 000,00 aplicado à taxa de 2% ao mês, pelo prazo de
um ano, no sistema de juros simples. Primeiramente: um ano são doze meses. Como 2% de R$ 2 000,00
são R$ 40,00, significa que a cada mês o capital vai aumentar R$ 40,00. Esquematicamente:

t ACUM. t ACUM. t ACUM.


0 2 000,00 5 2 200,00 10 2 400,00
1 2 040,00 6 2 240,00 11 2 440,00
2 2 080,00 7 2 280,00 12 2 480,00
3 2 120,00 8 2 320,00
4 2 160,00 9 2 360,00

Em termos de fórmula, temos: M = C ⋅ (1 + i ⋅ t). Nessa fórmula, a taxa deve estar no formato decimal
(0,02) e não no formato porcentual (2). No exemplo:
M = 2 000 ⋅ (1+0,02 ⋅ 12) = R$ 2 480,00
Como o aumento é constante (R$ 40,00 por mês), é fácil ver as colunas à direita da tabela formam uma
progressão aritmética (P.A.). Isso quer dizer que os juros simples correspondem a um comportamento
linear. O gráfico desse exemplo de aplicação é uma reta que não passa pela origem (função linear afim).
Os juros simples são uma referência teórica, não sendo usados nas aplicações e dívidas reais.
Veremos agora o sistema de JUROS COMPOSTOS. Agora, os juros incidem sempre sobre o capital atua-
lizado e não sobre o capital inicial, esquema popularmente chamado de “juros sobre juros”. Por exem-
plo, vamos considerar o mesmo capital de R$ 2 000,00 aplicado à mesma taxa de 2% ao mês, pelo
mesmo prazo de doze meses, mas desta vez no sistema de juros compostos. Depois de um mês, o valor
acumulado é de R$ 2 040,00. Para o próximo mês, os juros não serão aplicados sobre R$ 2 000,00 e sim
sobre R$ 2 040,00 e assim sucessivamente. Veja a nova tabela:

26
t ACUM. t ACUM. t ACUM.
0 2 000,00 5 2 208,16 10 2 437,99
1 2 040,00 6 2 252,32 11 2 486,75
2 2 080,80 7 2 297,37 12 2 536,48
3 2 122,42 8 2 343,32
4 2 164,86 9 2 390,19
Em termos de fórmula, temos: M = C ⋅ (1 + i)t. Assim como na fórmula anterior, a taxa deve estar no
formato decimal. Numericamente:'
M = 2 000 ⋅ (1+0,02)12 = R$ 2 536,48
A cada iteração do prazo, o valor acumulado é multiplicado pelo fator de atualização (1 + i). Desta vez,
os valores aumentam em progressão geométrica (P.G.). O gráfico apresenta um comportamento expo-
nencial e não mais linear. Por isso, é importante evitar pagar juros – por exemplo, sempre que possível,
quitar o total da fatura do cartão de crédito ou o maior valor possível. É claro que, a medida que o de-
vedor vai pagando, cada valor pago vai sendo amortizado do saldo devedor. Mesmo assim, em financia-
mentos longos, como de imóveis ou veículos, chega-se a pagar mais do dobro do valor financiado.
Para terminar, vejamos os gráficos dos dois exemplos, juntos no mesmo sistema de eixos. Observe que,
à medida que o tempo vai aumentando, um gráfico vai “descolando” do outro:

ATIVIDADES
1 - Foi feita uma aplicação de R$ 4 000,00 a juros simples pelo prazo de 30 meses, à taxa de 2% ao mês.
O resgate foi de R$ 6 400,00. Caso a aplicação tivesse sido feita pelo sistema de juros compostos, qual
teria sido o valor do resgate?

2 - Maurício aplicou um capital de R$ 10 000,00 em uma poupança, com taxa de 1,5% ao mês, pelo
sistema de juros compostos. O prazo de aplicação é de 2 anos. Quanto ele vai resgatar?

27
3 - Usando o sistema de juros compostos, complete a tabela a seguir. Em cada caso, a fórmula necessária
é dada na última coluna da tabela:

TAXA DE JUROS
MONTANTE (M) CAPITAL (C) PRAZO (t) FÓRMULA
(i)
!
a) R$ (?) R$ 1 000,00 3% a.m. 5 meses 𝑀𝑀 = 𝐶𝐶 ⋅ 1 + 𝑖𝑖

𝑀𝑀
b) R$ 1 085,24 R$ (?) 2,5% a.m. 2 anos 𝐶𝐶 =
1 + 𝑖𝑖 !

! 𝑀𝑀
c) R$ 1 980,50 R$ 860,00 (?)% a.m. 5 anos 𝑖𝑖 = 100 ⋅
𝐶𝐶
−1

𝑀𝑀
𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙
d) R$ 10 991,49 R$ 5 000,00 1,1% (?) anos 𝑡𝑡 = 𝐶𝐶
𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 1 + 𝑖𝑖

28
SEMANA 2

EIXO TEMÁTICO:
Tópicos de Revisão.

TEMA/TÓPICO:
Números – 3. Potências de dez e ordem de grandeza.

HABILIDADE(S):
3.1. Resolver problemas que envolvam operações elementares com potências de dez.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Notação científica. Número índice e expoente. Aplicações.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Física. Química.

TEMA: Notação científica.


Como este é um PET de revisão para o 3º ano, a cada semana teremos um tema diferente. A NOTA-
ÇÃO CIENTÍFICA é um formato padrão para escrita de valores numéricos, criada para acomodar valores
grandes demais ou pequenos demais. Por exemplo:

128 319 776 900 = 1,28 319 776 900×10!! − 0,0000000817732 = −8,17731×10"#

Em geral, a notação científica tem o seguinte padrão:

Deve ser observado que o termo exponencial utiliza sempre uma potência de dez. A tabela a seguir mos-
tra algumas constantes matemáticas importantes:

29
Entretanto, é na Física e na Química que aparecem as constantes mais comuns usadas no ENEM, nos
vestibulares, em alguns concursos etc. Veja a tabela:

30
Vamos ver uma maneira sistemática de colocar um número em notação científica. Por exemplo, vamos
considerar o seguinte número: m = 0,00000912735. Devemos ir deslocando a vírgula para a direita, até
obtermos um valor entre 1 (inclusive) e 10 (exclusive). Para fazer isso, será necessário deslocar a vírgula
seis casas para a direita, a fim de obtermos o valor 9,12735. Ao fazermos isso, o número ficou um milhão
(106 = 1000000) de vezes maior. Como o valor não pode ser alterado, faremos a devida compensação.
Dividir por um milhão equivale a multiplicar por um milionésimo (10–6 = 0,000001). Resumindo:
𝑚𝑚 = 0,00000912735 ⇒ 𝑚𝑚 = 9,12735×10!" .

Como segundo exemplo, vamos escrever M = – 462354917,666 em notação científica. Vamos deslocar
a vírgula para a esquerda, obtendo um número entre –10 (exclusive) e –1 (inclusive). Deslocando a vírgula
oito casas para a esquerda, obtemos: – 4,62354917666. O número ficou 108 vezes menor, portanto deve-
mos fazer a compensação multiplicando esse valor por 108. Resultado:
𝑀𝑀 = −462354917,666 ⇒ 𝑀𝑀 = −4,62354917666×10! .

Caso o número, em valor absoluto, já esteja entre 1 e 10, não será necessário deslocar a vírgula. Nesse
caso, a correspondente potência de dez será igual a zero. Veja este exemplo final:
𝜋𝜋 ≈ 3,14159265 ⇒ 𝜋𝜋 ≈ 3,14159265×10! .

ATIVIDADES
1 - Observe a figura a seguir, na qual são apresentadas as sete unidades básicas do Sistema Internacional
de Unidades:

Para cada número apresentado à direita da figura, faça o seguinte:


• se o número estiver em notação científica; escreva-o por extenso;
• se o número não estiver em notação científica, escreva-o em notação científica.

Faça isso na seguinte ordem (na figura): kg – m – s – A – k – mol – cd. Observe que o último tópico (cd)
apresenta dois números para serem convertidos.

31
SEMANA 3

EIXO TEMÁTICO:
Tópicos de Revisão.

TEMA/TÓPICO:
Funções – 9. Progressão aritmética.

HABILIDADE(S):
9.2. Identificar o termo geral de uma progressão aritmética.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
PA: termo geral e soma dos termos. Aplicações.

TEMA: Progressões aritméticas.


O que é uma progressão (ou sucessão ou sequência) numérica em geral? Intuitivamente, consiste em
uma “fila” de números – finita ou infinita – na qual é possível identificar o primeiro número, o segundo
número e assim por diante. Temos, portanto, envolvidos os conceitos de “contável” e “ordem”. Formal-
mente, isso pode ser expresso como uma correspondência entre os números naturais e um subconjun-
to qualquer dos números reais:

Na maioria dos casos, o primeiro termo não é a0 e sim a1 (em vez de N, usa-se N*). Agora considere
uma progressão definida da seguinte maneira. Adriana é uma atleta olímpica, ciclista, que começou um
treino em uma pista oval no instante t = 6 min. Ela gasta dois minutos para completar cada volta nessa
pista. Então ela cruza novamente o ponto de partida nos instantes:
(6 ,8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, …)
Uma PROGRESSÃO ARITMÉTICA (abreviadamente P.A.) é uma progressão na qual de um termo para
o próximo soma-se uma constante (passo aditivo). Vamos usar o exemplo acima para relembrar a no-
menclatura: a1 = 6 = primeiro termo, an = termo geral, n = número de termos e r = 2 = razão (a constante
adicionada de um termo para outro). Apresentamos o seguinte quadro de fórmulas:

NOMENCLATURA FÓRMULA

1ª fórmula do termo geral 𝑎𝑎! = 𝑎𝑎" + 𝑛𝑛 − 1 ⋅ 𝑟𝑟

2ª fórmula do termo geral 𝑎𝑎! = 𝑎𝑎" + 𝑛𝑛 − 𝑚𝑚 ⋅ 𝑟𝑟

𝑎𝑎" + 𝑎𝑎! ⋅ 𝑛𝑛
Soma dos primeiros termos 𝑆𝑆! =
2

32
Vamos ver um exemplo. Em uma progressão aritmética de vinte termos, o terceiro termo vale 10 e o
oitavo termo vale 30.
a) Qual é o primeiro termo?
b) Qual é o último termo?
c) Quanto vale a soma de todos os termos?
A primeira providência é achar a razão da P.A.:
𝑎𝑎! = 𝑎𝑎" + 8 − 3 ⋅ 𝑟𝑟 ⇒ 30 = 10 + 5𝑟𝑟 ⇒ 5𝑟𝑟 = 20 ⇒ 𝑟𝑟 = 4

Encontrando o primeiro termo:


𝑎𝑎! = 𝑎𝑎" + 3 − 1 ⋅ 𝑟𝑟 ⇒ 10 = 𝑎𝑎" + 2 ⋅ 4 ⇒ 𝑎𝑎" = 10 − 8 ⇒ 𝑎𝑎" = 2

Encontrando o último termo:


𝑎𝑎!" = 𝑎𝑎# + 20 − 1 ⋅ 𝑟𝑟 ⇒ 𝑎𝑎!" = 2 + 19 ⋅ 4 ⇒ 𝑎𝑎!" = 78

Encontrando a soma dos vinte primeiros termos:


𝑎𝑎# + 𝑎𝑎!" ⋅ 𝑟𝑟 2 + 78 ⋅ 4
𝑆𝑆!" = ⇒ 𝑆𝑆!" = ⇒ 𝑆𝑆!" = 160
2 2

Resumindo:

Progressões Aritméticas estão associadas a juros simples, a grandezas diretamente proporcionais e a


funções lineares. Vamos observar, usando o exemplo acima, como o gráfico associando n ao an repousa
sobre uma reta:

Para finalizar, apresentamos a seguinte classificação de uma progressão aritmética:


r > 0: progressão aritmética crescente (exemplo: gráfico acima);
r = 0: progressão aritmética constante;
r < 0: progressão aritmética decrescente.

33
ATIVIDADES
1 - Bruno iniciou um investimento para sua filha Bruninha com um depósito inicial de R$ 500,00. A cada
mês, Bruno deposita R$ 80,00. Quando o montante atingir R$ 1 000,00 ou mais, Bruninha pretende
comprar um curso de inglês on-line. Quantos meses depois do depósito inicial Bruninha poderá fazer
o saque?

2 - Em uma experiência de Química, no instante t = 0min uma substância está à temperatura de 80°C
e diminui cinco graus por minuto. A temperatura está sendo medida a intervalos de um minuto. Em qual
instante a temperatura será negativa pela primeira vez?

3 - Em uma progressão aritmética de trinta termos, o segundo termo vale 16 e o sétimo termo vale 1.
a) Qual é o primeiro termo?
b) Qual é o último termo?
c) Quanto vale a soma de todos os termos?
d) A partir do primeiro, quantos termos é possível somar com resultado positivo?

4 - Em uma progressão aritmética infinita, a10 = a20. O que se pode concluir?

34
SEMANA 4

EIXO TEMÁTICO:
Tópicos de Revisão.

TEMA/TÓPICO:
Funções – 11. Progressão geométrica.

HABILIDADE(S):
11.1. Identificar o termo geral de uma progressão geométrica.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
PG: termo geral e soma dos termos. Aplicações.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Biologia.

TEMA: Progressões geométricas.


Uma PROGRESSÃO GEOMÉTRICA (abreviadamente P.G.) é uma progressão na qual de um termo para o
próximo multiplica-se por uma constante (passo multiplicativo). Por exemplo, se o primeiro termo for
igual a 3 e a constante multiplicativa for igual a 2:
(3, 6, 12, 24, 48, 96, 192, 384,…)
Vamos usar o exemplo acima para relembrar a nomenclatura: a1 = 3 = primeiro termo, an = termo geral,
n = número de termos e q = 2 = razão. Para evitar confusão, a letra usada para a razão da P.G. é diferente
da letra usada para a razão da P.A. Temos o quadro de fórmulas a seguir. Veja que a P.G. apresenta uma
fórmula a mais do que a P.A., que é a fórmula da soma de infinitos termos (sob a condição indicada na
tabela):

NOMENCLATURA FÓRMULA
1ª fórmula do termo geral 𝑎𝑎! = 𝑎𝑎" ⋅ 𝑞𝑞!#"

2ª fórmula do termo geral 𝑎𝑎! = 𝑎𝑎" ⋅ 𝑞𝑞!#"

𝑎𝑎" 1 − 𝑞𝑞!
Soma dos primeiros termos 𝑆𝑆! =
1 − 𝑞𝑞

𝑎𝑎"
Soma de infinitos termos 𝑆𝑆! =
(-1 < q < 1) 1 − 𝑞𝑞

Apresentamos a seguir a classificação das progressões geométricas:


• progressão geométrica crescente: (a1 > 0 e q > 1) ou (a1 < 0 e 0 < q < 1);
• progressão geométrica constante: (a1 = 0 e q qualquer) ou (a1 qualquer e q = 1);
• progressão geométrica decrescente: (a1 > 0 e 0 < q < 1) ou (a1 < 0 e q > 1);
• progressão geométrica alternada: (a1 ≠ 0 e q < 0);
• progressão geométrica estacionária: (a1 ≠ 0 e q = 0);

35
Um exemplo “do momento” é a pandemia de COVID-19. A multiplicação de vírus segue, a princípio, um
crescimento exponencial. Uma progressão geométrica equivale a pegar alguns pontos do gráfico de
uma função exponencial generalizada. Recorde o gráfico mostrado anteriormente, no qual os termos
da P.A. repousam sobre uma reta (equação: y = ax + b); da mesma forma, os termos da P.G. repousam
sobre uma exponencial generalizada (equação: y = k ⋅ ax).
A Matemática considera dois tipos de crescimento biológico populacional, ambos com uma lógica ini-
cial de crescimento em progressão geométrica. No chamado “crescimento exponencial”, os recursos
são considerados infinitos. No chamado “crescimento logístico”, há limitações naturais: disponibilidade
de água, disponibilidade de alimentos, predadores, espaço físico etc. No segundo caso, o crescimento
exponencial é “amortecido” e a curva tende a estabilizar próxima de determinado valor. É o mesmo que
acontece com a população de uma cidade como Belo Horizonte, que certamente não se expandirá infi-
nitamente. Considere o exemplo da figura a seguir:

Observamos na figura que o “crescimento logístico” é mais fidedigno à realidade biológica. No caso da
pandemia de COVID-19, nenhuma das duas coisas acontece. Devido tanto à vacinação quanto à chama-
da “imunização de rebanho”, a curva começa subindo exponencialmente, atinge um pico ou patamar
máximo e depois decai. Mas não trataremos dos detalhes disso aqui.
De qualquer forma, progressões geométricas e funções exponenciais crescem ou decrescem rapida-
mente. Recorde que, na semana anterior, associamos P.A. aos juros simples; a P.G. está associada aos
juros compostos. Finalmente, não se deve confundir curva exponencial com parábola. De fato, uma
curva exponencial y = k ⋅ ax varia mais rapidamente do que qualquer curva polinomial y = k ⋅ xn.
3
Vejamos um exercício resolvido. Em uma progressão geométrica infinita, o terceiro termo vale 4
eo
3
décimo termo vale 512 . Vamos responder às perguntas a seguir:
a) Qual é o primeiro termo?
b) Qual é o vigésimo termo?
c) Quanto vale a soma dos vinte primeiros termos?
d) Quanto vale a soma de todos os infinitos termos?

Começamos achando a razão da P.G.:


3
3 3 1 1 1
𝑎𝑎!" = 𝑎𝑎# ⋅ 𝑞𝑞!"$# ⇒ = ⋅ 𝑞𝑞% ⇒ 𝑞𝑞% = 512 = ⇒ 𝑞𝑞 = =
512 4 3 128 !
128 2
4

36
Encontrando o primeiro termo:

$ 3
3 1
𝑎𝑎! = 𝑎𝑎" ⋅ 𝑞𝑞 !#"
⇒ = 𝑎𝑎" ⋅ ⇒ 𝑎𝑎" = 4 ⇒ 𝑎𝑎" = 3
4 2 1
4
Encontrando o vigésimo termo:
#%
1 3
𝑎𝑎!" = 𝑎𝑎# ⋅ 𝑞𝑞!"$# ⇒ 𝑎𝑎!" = 3 ⋅ ⇒ 𝑎𝑎&" = ≈ 5,7×10$'
2 524288
Encontrando a soma dos vinte primeiros termos:
1
𝑎𝑎# 1 − 𝑞𝑞!" 3 1 − !" 6291450
𝑆𝑆!" = ⇒ 𝑆𝑆#"" = 2 ⇒ 𝑆𝑆!" = ≈ 5,999994278
1 − 𝑞𝑞 1 1048576
1−2

Encontrando a soma de todos os infinitos termos:


𝑎𝑎" 3 3
𝑆𝑆! = ⇒ 𝑆𝑆! = ⇒ 𝑆𝑆! = ⇒ 𝑆𝑆! = 6
1 − 𝑞𝑞 1 1
1−2 2
Observe que os termos diminuem muito rapidamente, de forma que – a partir de certo momento – cada
novo termo acrescentado contribui “pouco” para a soma final. É por isso que a soma dos vinte primeiros
termos já está bem “próxima” da soma de todos os infinitos termos.
Para terminar, pense na seguinte questão: como é possível que a soma de INFINITOS números tenha
como resultado um valor FINITO?

ATIVIDADES
1 - Roberta iniciou um investimento com um depósito de R$ 1 800,00, no sistema de juros compostos,
com taxa de 1% ao mês. Isso equivale a uma progressão geométrica cujo primeiro termo vale a1 = 1 800
e cuja razão vale q = 1,01. Roberta pretende manter o dinheiro por 35 meses, o que significa que o valor
a sacar equivale ao trigésimo sexto termo da P.G. Quanto será o valor sacado?

2 - Considere a seguinte progressão geométrica: (1, 4, 16,…, 67 108 864). Quantos termos são?

37
3 - Em uma progressão geométrica infinita, o quarto termo vale 1 e o décimo termo vale 2,985984.
a) Qual é o primeiro termo?
b) Qual é o nono termo?
c) Quanto vale a soma dos 40 primeiros termos?
d) É possível obter um número com a soma de todos os termos?

4 - Uma cultura de bactérias foi iniciada em laboratório às 2h da manhã e a quantidade de bactérias está
evoluindo de acordo com a tabela abaixo:

Mantido esse padrão, quantas bactérias são esperadas no horário das 20h desse mesmo dia?

38
SEMANA 5

EIXO TEMÁTICO:
Tópicos de Revisão.

TEMA/TÓPICO:
Álgebra – 11. Sistemas de Equações de Primeiro Grau.

HABILIDADE(S):
27.2. Resolver um sistema de equações lineares com duas variáveis e interpretar o resultado geometrica-
mente.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Resolução de sistema linear 2x2: substituição – comparação – adição. Aplicações.

TEMA: Sistemas lineares.


O que é um SISTEMA LINEAR? Neste contexto:
• a palavra “sistema” quer dizer um conjunto de equações;
• a palavra “linear” significa que cada equação é polinomial de primeiro grau.

Por exemplo, um sistema linear com duas equações e duas incógnitas possui o seguinte aspecto:

Do ponto de vista algébrico, resolver um sistema linear significa encontrar todos os pares (x, y) que sa-
tisfazem a ambas as equações simultaneamente. Vamos ver um exemplo numérico?

O conjunto-solução especificado indica que, substituindo x = 1 e y = 3, tornaremos as equações verdadeiras:


3(1) –2(3) = 3 –6 = –3
1 + 5(3) = 1 + 15 =16
Geometricamente, cada equação representa uma reta (pois é uma equação polinomial do primeiro
grau). O conjunto-solução nos indica que a interseção dessas retas é o ponto . Veja a figura:

39
De maneira geral, existem três possibilidades, ilustradas nos exemplos a seguir – também utilizando
sistemas lineares com duas equações e duas incógnitas:

No primeiro caso, observe que a segunda equação equivale a y = x. Se dois números são iguais e sua
soma é igual a 2, então cada um dos números vale 1, ou seja: x = 1 e y = 1. No segundo caso, multiplican-
do-se a primeira equação por 2, obtém-se a segunda equação – o que significa que a segunda equação
não acrescenta informação (ambas as equações representam a mesma reta). Existem infinitos núme-
ros cuja soma vale 2 (infinitas soluções). No terceiro caso, é claramente impossível que a soma de dois
números valha 2 e valha 3 ao mesmo tempo. Por fim, deve ser dito que “possível” é sinônimo de “compa-
tível” e “impossível” é sinônimo de “incompatível”.
Mas como resolver um sistema linear desse tipo? Vamos recordar três métodos: substituição, compa-
ração e adição, usando o mesmo sistema linear como exemplo, a saber:

O método da SUBSTITUIÇÃO consiste em isolar uma variável (a sua escolha) em uma das equações e
substituir na outra equação. Por exemplo, da segunda equação obtemos e substituindo na primeira
equação fica:
2 4𝑦𝑦 + 15 + 3𝑦𝑦 = −14 ⇒ 8𝑦𝑦 + 30 + 3𝑦𝑦 = −14 ⇒
−44
8𝑦𝑦 + 3𝑦𝑦 = −30 − 14 ⇒ 11𝑦𝑦 = −44 ⇒ 𝑦𝑦 = ⇒ 𝒚𝒚 = −4
11
Portanto:
𝑥𝑥 = 4𝑦𝑦 + 15 ⇒ 𝑥𝑥 = 4 −4 + 15 ⇒ 𝑥𝑥 = −16 + 15 ⇒ 𝑥𝑥 = −1

40
O método da COMPARAÇÃO (em geral, o mais lento dos três) consiste em isolar uma variável (a sua esco-
lha) tanto na primeira equação como na segunda equação e depois igualar os resultados. No exemplo:

−2𝑥𝑥 − 14 −𝑥𝑥 + 15
= ⇒ −4 −2𝑥𝑥 − 14 = 3 −𝑥𝑥 + 15 ⇒
3 −4
8𝑥𝑥 + 56 = −3𝑥𝑥 + 45 ⇒ 8𝑥𝑥 + 3𝑥𝑥 = 45 − 56 ⇒ 11𝑥𝑥 = −11 ⇒ 𝑥𝑥 = −1

Usando uma das equações nas quais já está isolado:


−𝒙𝒙 + 15 − −1 + 15 16
𝒚𝒚 = ⇒ 𝒚𝒚 = ⇒ 𝒚𝒚 = ⇒ 𝒚𝒚 = −4
−4 −4 −4

O método da ADIÇÃO (em geral, o mais rápido dos três) consiste em encontrar multiplicadores para as
equações de forma a cancelar uma das variáveis quando as equações forem somadas membro a mem-
bro, resolvendo a equação resultante. Fica assim:

Substituindo na segunda equação original:


−1 − 4𝑦𝑦 = 15 ⇒ −4𝑦𝑦 = 1 + 15 ⇒ −4𝑦𝑦 = 16 ⇒ 𝑦𝑦 = −4

Observe que, em todos esses métodos, o objetivo é sempre o mesmo: eliminar uma das variáveis, ob-
tendo uma equação somente com a outra variável, que é fácil de resolver.

ATIVIDADES
1 - A solução do sistema linear é tal que:
a) x > y.
b) x ÷ y = 0,2.
c) x ∉ Z.
d) x ⋅ y = –5.

2 - (UNIRIO–RJ) Em um escritório de advocacia trabalham apenas dois advogados e uma secretária.


Como o Dr. André e o Dr. Carlos sempre advogam em causas diferentes, a secretária Cláudia coloca 1
grampo em cada processo do Dr. André e 2 grampos em cada processo do Dr. Carlos, para diferenciá-los
facilmente no arquivo. Sabendo-se que, ao todo, são 78 processos nos quais foram usados 110 grampos,
calcule o número de processos do Dr. Carlos.
a) 46.
b) 40.
c) 32.
d) 38.

41
SEMANA 6

EIXO TEMÁTICO:
Tópicos de Revisão.

TEMA/TÓPICO:
Geometria e medidas – Geometria métrica e de posição.

HABILIDADE(S):
30. Prismas e cilindros.
31. Pirâmides e cones.
32. Esferas e bolas.
35. Áreas laterais e totais de figuras tridimensionais.
36. Volumes de sólidos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Revisão de geometria plana. Revisão de geometria espacial.

TEMA: Geometria.
O último assunto do último PET do ano é GEOMETRIA ESPACIAL. Para começar, vamos relembrar alguns
conceitos relativos a um POLIEDRO:

Agora, estabelecemos a seguinte definição. Uma região do plano ou do espaço é CONVEXA se aconte-
cer o seguinte: toda vez que dois pontos A e B pertencem à região, o segmento AB está inteiramente
contido na região. Veja a figura:

E qual a importância disso? Bem, para poliedros convexos, vale a RELAÇÃO DE EULER: V - A + F = 2.
Vamos ver um exemplo na figura a seguir:

42
Número de vértices: V = 10
Número de arestas: A = 16
Número de faces: F = 8
Aplicando a relação de Euler:
V-A+F=2
10 - 16 + 8 = 2
2=2
Logo a relação é válida!
Deve ser mencionado que existem poliedros não convexos que satisfazem à relação de Euler. O nome
do matemático alemão deve ser pronunciado: “ÓILER”.
Apresentamos a seguir outro resultado importante sobre poliedros. O prisma particular conhecido
como paralelepípedo reto retângulo tem o formato de uma “caixa de sapatos”. Esse poliedro possui qua-
tro diagonais e a medida de cada uma delas pode ser calculada assim:

Vamos revisar em seguida os nomes, as figuras e as fórmulas dos principais sólidos geométricos: pris-
ma, cilindro, pirâmide, cone e esfera. Acompanhe o resumo:

43
Vamos ver um exercício resolvido. Rayanne é uma arquiteta que pretende usar uma placa de vidro trian-
gular para isolar um canto de um consultório de psicologia, no qual será colocada uma obra de arte
tridimensional. As dimensões da região isolada são mostradas na figura a seguir:

a) A região da arte será pintada com uma cor diferente. Qual a área total a ser pintada?
b) Qual a área aproximada da placa de vidro?
c) Qual o volume da região artística?

O primeiro passo é compatibilizar as unidades; assim: 60 cm = 0,6m. A área a ser pintada se constitui de
três triângulos retângulos. A área de cada um deles é metade do produto da base pela altura – no caso,
metade do produto de um cateto pelo outro cateto. Portanto:
1 ⋅ 1,2 1 ⋅ 0,6 1,2 ⋅ 0,6
𝐴𝐴 = + + = 1,26 𝑚𝑚!
2 2 2
Já calcular a área da placa de vidro é um pouquinho mais complicado. Começamos usando o teorema
de Pitágoras para calcular as três hipotenusas indicadas na figura:

𝑥𝑥 ! = 1! + 1,2! ⇒ 𝑥𝑥 ! = 2,44 ⇒ 𝑥𝑥 = 1,44 ⇒ 𝑥𝑥 ≈ 1,562

𝑦𝑦 ! = 1! + 0,6! ⇒ 𝑦𝑦 ! = 1,36 ⇒ 𝑦𝑦 = 1,36 ⇒ 𝑦𝑦 ≈ 1,166

𝑧𝑧 ! = 1,2! + 0,6! ⇒ 𝑧𝑧 ! = 1,80 ⇒ 𝑧𝑧 = 1,80 ⇒ 𝑧𝑧 ≈ 1,342

O semiperímetro (metade do perímetro) desse triângulo é dado por:


𝑥𝑥 + 𝑦𝑦 + 𝑧𝑧 1,562 + 1,166 + 1,342
𝑝𝑝 = ⇒ 𝑝𝑝 ≈ ⇒ 𝑝𝑝 ≈ 2,035
2 2
Finalmente, a área do vidro pode ser calculada pelo radical de Herão:
𝐴𝐴! = 𝑝𝑝 𝑝𝑝 − 𝑥𝑥 𝑝𝑝 − 𝑦𝑦 𝑝𝑝 − 𝑧𝑧 ⇒ 𝐴𝐴! ≈ 2,035 0,473 0,869 0,693 ⇒

𝐴𝐴! ≈ 0,579666984 ⇒ 𝐴𝐴! ≈ 0,761 𝑚𝑚"

O volume procurado é o volume de uma pirâmide:


1 1 1,2 ⋅ 0,6
𝑉𝑉 = 𝐴𝐴! 𝐻𝐻 ⇒ 𝑉𝑉 = 1 ⇒ 𝑉𝑉 = 0,12 𝑚𝑚"
3 3 2

44
PARA SABER MAIS:

ATIVIDADES
1. A pirâmide de Quéops, no Egito, é uma pirâmide de base quadrada. O lado do quadrado tem medida de
aproximadamente L = 230 metros e altura de aproximadamente H = 139 metros.
(FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pirâmide_de_Quéops. Acesso em: 02 ago. 2021.)

a) Calcule o volume dessa pirâmide, em metros cúbicos.

b) Converta sua resposta anterior para litros.

2 - Um edifício residencial possui uma caixa d’água em formato


de um cilindro, cujo diâmetro interno é de 3 metros e cuja altura
da água é de 4 metros. Calcule quantos litros de água cabem
nela, aproximadamente. Adote o valor aproximado de 𝜋𝜋 ≈ 3,14 .

3 - O raio médio da Terra – aproximada por uma esfera – é igual a: R = 6 371 quilômetros.
(FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Raio_terrestre. Acesso em: 02 ago. 2021.)

a) Calcule a área da superfície terrestre, em quilômetros quadrados.

b) Calcule o volume terrestre, em quilômetros cúbicos.

45
4 - Uma piscina olímpica cheia até a altura de dois metros possui volume de 2500 metros cúbicos, ou
seja, 0,0000025 quilômetros cúbicos. Quantas piscinas olímpicas seriam necessárias para “encher” o
planeta Terra? Aproximadamente:
a) 433 quintilhões.
b) 433 quatrilhões.
c) 433 trilhões.
d) 433 bilhões.

5 - Adriana é dona de uma indústria de aparelhos portáteis de ar-condicionado. Para despachar cada
produto para o respectivo cliente, ela utiliza embalagens cúbicas, devido ao menor custo junto a seu
fornecedor. Ela decidiu consultar o site dos Correios quanto ao envio de encomendas em território
nacional e encontrou a informação a seguir:

Assinale a alternativa que melhor representa o volume da maior caixa que Adriana poderá mandar
(em litros):
a) 175,8.
b) 296,3.
c) 800,0.
d) 1 000.

6 - Uma sala que possui comprimento a = 6m, largura b = 3m e altura c = 2m. Quanto mede a diagonal
dessa sala (em metros)?

46
7 - Observe a figura a seguir:

Quais poliedros de Kepler-Poinsot satisfazem à relação de Euler?


a) Pequeno dodecaedro estrelado e grande dodecaedro estrelado.
b) Grande dodecaedro e grande dodecaedro estrelado.
c) Grande dodecaedro estrelado e icosaedro estrelado.
d) Icosaedro estrelado e grande dodecaedro.

Prezado(a) Estudante: receba o MUITO OBRIGADO de todos os matemáticos, revisores, diagramadores


e Coordenadores da equipe de elaboração dos PETs.

REFERÊNCIAS
• IEZZI, Gelson, et.al. Fundamentos de Matemática Elementar. 7.ed. São Paulo: Atual, 1993. 1-10 v.
• IEZZI, Gelson, et. al. Matemática – Volume único. Ensino Médio. 6.ed. São Paulo: Atual, 2015.
• SANTOS, Reginaldo J. Introdução às equações Diferenciais Ordinárias. Belo Horizonte: Im-
prensa Universitária da UFMG, 2013.
• SOUSA, Isabela Ramos da Silva de. Relação entre Função Exponencial e Progressão Geomé-
trica. 2016. 74f. Dissertação de Mestrado – Universidade Estadual do Norte Fluminense “Dar-
cy Ribeiro” – UENF, Campos dos Goytacazes (RJ), 2016.

47
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: BIOLOGIA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
Energia.

TEMA/ TÓPICO(S):
1. Teia da Vida.
1- Fotossíntese como fonte primária de biomassa.
2- Relações alimentares como forma de transferência de energia e materiais.

HABILIDADE(S):
1.1. Identificar o Sol como fonte primária de energia.
1.1.1. Reconhecer que a biomassa dos vegetais está diretamente relacionada com a absorção de gás carbô-
nico e transformação da energia luminosa em energia química.
2.1. Analisar cadeias e teias alimentares e reconhecer a existência de fluxo energia e ciclo dos materiais.
2.1.1. Que ocorre transferência de energia e materiais de um organismo para outro ao longo de uma cadeia
alimentar.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Fundamentos em Ecologia.

TEMA: Fundamentos em Ecologia

INTRODUÇÃO À ECOLOGIA
A palavra ecologia foi criada em 1869 pelo biólogo alemão Ernest Haeckel, e deriva de duas palavras gre-
gas: oikos, que significa casa e, num sentido mais amplo, ambiente, e logos, que quer dizer ciência ou
estudo. Assim, ecologia significa ciência do ambiente ou, numa definição mais completa, a ciência que
estuda as relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem. Também pode ser definida como a
ciência que estuda os ecossistemas.

48
A maioria dos organismos pluricelulares é formada por grupos especializados de células – os tecidos –,
que se agrupam em órgãos. Estes estão integrados em unidades mais amplas – os sistemas –, reunidos
no organismo.

Acervo Pessoal do Autor

Embora a Ecologia também estude como um indivíduo é influenciado pelos fatores ambientais (tempe-
ratura, umidade, etc.) e, neste caso, sobreponha-se ao estudo da fisiologia do organismo, a maior parte
dos estudos ecológicos preocupa-se com as relações que ocorrem em níveis de organização que vão
além do organismo: populações, comunidades e ecossistemas.
Para iniciarmos nossos estudos, devemos aprender sobre alguns conceitos:
Organismo: Cada ser vivo é um organismo, seja ele unicelular, como uma ameba, ou pluricelular, como
uma árvore.
População: Conjunto de organismos de uma mesma espécie que habitam a mesma área geográfica e
estabelecem relações entre si.
Comunidade ecológica: também denominada de biota ou biocenose, é constituída de populações que
vivem em um mesmo local e interagem entre si.
Ecossistema: Compreende a(s) comunidade(s) e os componentes não vivos de determinada área
geográfica.
Biosfera: Nível de organização mais abrangente, constituído por todos os ecossistemas do planeta.

ESTRUTURA DE UM ECOSSISTEMA
O conceito de biosfera nos ajuda a perceber que todos os ecossistemas da Terra estão interligados.
Mesmo ecossistemas aparentemente muito distantes estão conectados por diversos fatores, como os
fluxos de energia e de nutrientes transportados pelas correntes oceânicas e pelo ar ou as migrações
dos animais. As baleias jubartes, por exemplo, se alimentam nas águas gélidas da Antártida, mas se
reproduzem e criam seus filhotes em águas mais quentes, como em Abrolhos, Bahia. Dessa forma, as
jubartes conectam esses dois ecossistemas distantes. Alterações na disponibilidade de alimento na
Antártida afetam o número de indivíduos e seu sucesso reprodutivo em Abrolhos.

49
Um ecossistema é composto por:
A- Fatores bióticos: todos os seres vivos (comunidade) que pertencem ao ecossistema. Dividem-se em
três tipos fundamentais:
• PRODUTORES: Autótrofos, fotossintetizantes ou quimiossintetizantes. Representado pelos ve-
getais, bactérias fotossintetizantes e quimiossintetizantes e algas.
• CONSUMIDORES: Heterótrofos. Representado pelos animais, por exemplo.
• DECOMPOSITORES: Também chamados de saprófitos, são heterótrofos, realizando a ciclagem
da matéria no ecossistema. Representado por fungos e bactérias.

B- Fatores abióticos: todos os elementos físico-químicos necessários à manutenção da vida. Água, luz,
calor, pressão, gases, sais minerais, campo gravitacional, são fatores abióticos.

ECOSSISTEMA = Comunidade + Meio físico-químico

Chamamos de habitat o lugar (espaço físico) onde vive uma determinada espécie. É caracterizado por com-
ponentes bióticos, os seres vivos, e abióticos, por exemplo, as condições de luz, temperatura e umidade.
Cada espécie possui características que lhe permitem viver em seu habitat, e algumas espécies podem
ter distribuições geográficas mais amplas que outras.
Dentro do seu habitat, cada espécie possui um modo de vida que constitui o seu nicho ecológico. O ni-
cho de uma espécie compreende tudo o que a espécie faz dentro do ecossistema, ou seja, o que come,
onde, como e a que momento do dia isso ocorre, como se inter-relaciona com as demais espécies do
ambiente, quando e como se reproduz, etc. Pode-se dizer, também, que o nicho ecológico é o conjunto
de atividades de uma espécie no ecossistema.
Quando dizemos, por exemplo, que os preás são roedores de hábitos noturnos, que vivem durante o dia
em tocas cavadas em depressões úmidas do terreno e saem à noite, geralmente em bandos com cerca
de dez indivíduos, à cata de capim, arroz, trigo, milho e outras plantas que lhes servem de alimento,
procurando esquivar-se de corujas, lobos-guarás, cobras e outros predadores, estamos, ao fazer essa
descrição, relatando parte do nicho ecológico desses animais. É comum falarmos em nicho de alimen-
tação, nicho de reprodução, etc. Conhecendo o nicho ecológico de uma espécie, podemos determinar
sua posição funcional no ecossistema, isto é, a função por ela desempenhada.

CADEIA ALIMENTAR E TEIA ALIMENTAR


Em todos os ecossistemas, existe uma estreita relação de interdependência entre os produtores, os
consumidores e os decompositores. Essa interdependência se manifesta, por exemplo, através da ca-
deia alimentar.
O alimento produzido pelos autótrofos é utilizado por eles e pelos organismos heterótrofos. Como já
vimos, o processo mais importante de produção de matéria orgânica a partir da inorgânica é a fotossín-
tese, no qual a energia luminosa captada pelo autótrofo é transformada em energia química, que fica
armazenada nas moléculas orgânicas.
O processo mais importante de liberação da energia contida nos alimentos orgânicos é a respiração
aeróbica. Por meio dela, a molécula orgânica, em presença de oxigênio, é totalmente degradada em gás
carbônico (CO2) e água (H2O).
Um indivíduo autótrofo degrada, por respiração, a matéria orgânica produzida por ele mesmo. Um in-
divíduo heterótrofo degrada a matéria orgânica produzida direta ou indiretamente por um autótrofo.
É direta quando o heterótrofo se alimenta diretamente do autótrofo, como ocorre com os herbívoros, e
indireta quando o heterótrofo se alimenta de outro heterótrofo, como ocorre com os carnívoros.
Nos ecossistemas, a energia química contida na matéria orgânica que faz parte do corpo do produtor
pode ser transferida para os demais seres vivos ao longo de uma cadeia, em que um ser vivo serve de
alimento para o outro.

50
Chama-se cadeia alimentar ou cadeia trófica a sequência linear de seres vivos em que um serve de
fonte de alimento para o outro. Para ser completa, precisa ter produtores, consumidores e decomposi-
tores. A figura seguir mostra um exemplo de cadeia alimentar.

Acervo Pessoal do Autor

Dependendo do tipo de alimento utilizado, os organismos de uma comunidade podem ocupar diferen-
tes posições na cadeia alimentar. Cada uma dessas posições é um nível trófico (ou nível alimentar).
Cada componente da cadeia constitui um nível trófico (nível alimentar). Assim, os produtores formam
o 1° nível trófico; os consumidores primários (1ª ordem) constituem o 2º nível trófico; os consumido-
res secundários (2ª ordem) formam o 3º nível trófico, e assim sucessivamente. Os decompositores
podem estar em diversos níveis tróficos (exceto no 1º nível), dependendo da origem dos restos orgâ-
nicos que degradam.

Acervo Pessoal do Autor

PARA SABER MAIS:


Se você quer aprofundar os seus conhecimentos no assunto confira abaixo algumas sugestões:
https://www.youtube.com/watch?v=3E1JjAut6t8 – Biologia – Fluxo de Matéria e Energia: Aula exibida para
o 1º Ano do Ensino Médio no dia 02/07/2020 com o professor Vinícius Braz no programa Se Liga na Educação.
https://www.youtube.com/watch?v=Z5cll6n3hHw – ECOLOGIA – INTRODUÇÃO E CONCEITOS | Biolo-
gia com Samuel Cunha.

51
ATIVIDADES
1 - (ENEM) Em um ecossistema é observada a seguinte teia alimentar:

O menor nível trófico ocupado pelas aves é aquele do qual elas participam como consumidores de:
a) primeira ordem.
b) segunda ordem.
c) terceira ordem.
d) quarta ordem.
e) quinta ordem.

2 - (UFPR 2020) Assinale a alternativa que relaciona corretamente os níveis tróficos dos organismos
constituintes da teia alimentar representada abaixo.

a) Plantas são produtores e águias e corujas são simultaneamente consumidores de 1ª, 2ª e 3ª


ordens.
b) Coelhos, ratos e morcegos são consumidores de 1ª ordem, enquanto raposas são simultanea-
mente consumidores de 2ª, 3ª e 4ª ordens.
c) Ratos e morcegos são consumidores de 1ª ordem, enquanto a coruja atua simultaneamente
como consumidor de 2ª, 3ª e 4ª ordens.
d) Cobras e corujas são simultaneamente consumidores de 2ª e 3ª ordens, enquanto águias atu-
am simultaneamente como consumidores de 2ª, 3ª, 4ª e 5ª ordens.
e) Plantas são produtores, enquanto raposas e águias são simultaneamente consumidores de 2ª,
3ª, 4ª e 5ª ordens.

52
3 - (PUCPR 2019) Observe a tirinha a seguir.

A tirinha retrata um desastre que provocou uma série de impactos à vida e ao ambiente de Brumadinho,
em Minas Gerais. Com base em seus conhecimentos, assinale a alternativa CORRETA.
a) Os rios da região não foram afetados, pois, a lama atingiu apenas o solo e rapidamente se so-
lidificou em decorrência da presença de metais pesados.
b) A lama atingiu os rios da região, aumentando a quantidade de oxigênio disponível na água e pos-
sibilitando a colonização de diferentes tipos de algas, fenômeno conhecido como eutrofização.
c) Afetou diretamente a cadeia alimentar, pois muitas espécies da região morreram em decor-
rência da enxurrada de lama e rejeitos.
d) Os rejeitos continham produtos radioativos que contaminaram inúmeras espécies da região.
e) A enxurrada de lama contaminou diferentes ecossistemas aquáticos, tornando a água turva
e impedindo o desenvolvimento natural das algas, fenômeno conhecido como bioacumulação
ou magnificação trófica.

4 - (ENEM 2018) Insetos podem apresentar três tipos de desenvolvimento. Um deles, a holometabolia
(desenvolvimento completo), é constituído pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto sexualmente maduro,
que ocupam diversos hábitats. Os insetos com holometabolia pertencem às ordens mais numerosas
em termos de espécies conhecidas.
Esse tipo de desenvolvimento está relacionado a um maior número de espécies em razão da
a) proteção na fase de pupa, favorecendo a sobrevivência de adultos férteis.
b) produção de muitos ovos, larvas e pupas, aumentando o número de adultos.
c) exploração de diferentes nichos, evitando a competição entre as fases da vida.
d) ingestão de alimentos em todas as fases de vida, garantindo o surgimento do adulto.
e) utilização do mesmo alimento em todas as fases, otimizando a nutrição do organismo.

53
SEMANA 2

EIXO TEMÁTICO:
Energia.

TEMA/ TÓPICO(S):
1. Teia da Vida.
2- Relações alimentares como forma de transferência de energia e materiais.

HABILIDADE(S):
2.1. Analisar cadeias e teias alimentares e reconhecer a existência de fluxo energia e ciclo dos materiais.
2.1.1. Que ocorre transferência de energia e materiais de um organismo para outro ao longo de uma cadeia
alimentar.
2.1.2. Que a energia é dissipada ao longo da cadeia alimentar em forma de calor.
2.1.3. Que os alimentos são fonte de energia para todos os processos fisiológicos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Teia Alimentar e Pirâmides Ecológicas.

TEMA: Teia Alimentar e Pirâmides Ecológicas

FLUXO DE MATÉRIA E ENERGIA NO ECOSSISTEMA


Em todas as cadeias alimentares, a matéria sofre transformações e é reciclada. A quantidade de ener-
gia, por sua vez, vai diminuindo à medida que passa dos produtores para os consumidores, e de um con-
sumidor para outro, pois uma parte dela é utilizada para a realização dos processos vitais do organismo
e outra é liberada sob a forma de calor, restando apenas uma parcela menor de energia disponível para
o nível seguinte. Assim, a transferência de energia é unidirecional. A matéria, no entanto, pode ser re-
ciclada, falando-se em ciclo da matéria.
Em um ecossistema, entretanto, as relações alimentares entre os organismos que o compõem não são
tão simples. Existem várias cadeias alimentares que se interligam, formando uma complexa rede de
transferência de matéria e de energia, que chamamos teia alimentar.
Nas teias alimentares, certos animais podem ser, ao mesmo tempo, consumidores primários, secundá-
rios, etc., dependendo da cadeia alimentar selecionada.

Acervo Pessoal do Autor

54
As diferentes relações entre esses seres vivos estabelecem um delicado equilíbrio ecológico, no qual a
eliminação de alguns organismos pode prejudicar vários outros seres vivos. Imagine, por exemplo, que
o número de corujas de uma das cadeias que compõem a teia alimentar representada acima diminuísse
drasticamente. Isso faria com que o número de roedores aumentasse, consequentemente, o número de
plantas diminuiria, o que seria prejudicial para todos os organismos desse ecossistema.
Nos ecossistemas, o número de níveis tróficos é limitado em função da disponibilidade de energia. Isso
porque, ao ocorrer a passagem de um nível trófico para outro, parte da energia de um nível trófico é li-
berada para o meio sob a forma de calor e não é aproveitada pelo nível trófico seguinte. Dessa maneira,
quanto mais distante estiver um nível trófico do nível do produtor, menor será a energia química dispo-
nível no conjunto de seus integrantes. Nos ecossistemas mais complexos, o número de níveis tróficos é
maior que em ecossistemas mais simples.
Apesar de o número de níveis tróficos variar de ecossistema para ecossistema dependendo de sua com-
plexidade, os níveis tróficos são sempre os mesmos. Assim, ao se comparar dois ecossistemas diferen-
tes, como um campo e os oceanos, verifica-se que, apesar de serem habitados por espécies diferentes,
é possível identificar em cada um deles níveis tróficos equivalentes.

PIRÂMIDES ECOLÓGICAS
As relações entre os diferentes níveis tróficos de cada ecossistema são representadas por gráficos que
lembram pirâmides. Essa forma se deve ao fato de haver redução da quantidade de matéria e energia de
um nível trófico para o seguinte.
As pirâmides ecológicas podem ser de números, de biomassa ou de energia. Nessas pirâmides, cada ní-
vel trófico é representado por um retângulo ou, então, por um paralelepípedo, cuja dimensão horizontal
é proporcional ao número de indivíduos na pirâmide de números, à biomassa na pirâmide de biomassa
e à produtividade na pirâmide de energia. A dimensão vertical (altura) dessas figuras geométricas é
sempre a mesma para os diversos níveis tróficos.
A pirâmide de números é edificada com a superposição de retângulos horizontais da mesma altura,
sendo o comprimento proporcional ao número de indivíduos existentes em cada nível trófico.
Na típica pirâmide de números, o número de indivíduos diminui a cada nível trófico. São necessários
vários produtores para alimentar um pequeno número de herbívoros, que, por sua vez, servirão de ali-
mento a um número menor de carnívoros.

Acervo Pessoal do Autor

A forma de uma pirâmide de números pode ser muito variada. Assim, uma árvore pode ser o produtor
que nutre numerosos insetos, que servem de alimento a algumas aves. Neste caso, tem-se a pirâmide
esquematizada na figura a seguir.
Uma pirâmide invertida pode ocorrer quando uma planta é parasitada por pulgões, que, por sua vez, são
parasitados por protozoários.
Uma pirâmide de números tem o inconveniente de nivelar os organismos sem levar em conta seu tama-
nho e sem representar adequadamente a quantidade de matéria orgânica existente nos diversos níveis.
A biomassa (ou massa orgânica) representa a quantidade de matéria orgânica, por área ou por volume,
em unidades ecológicas, como os ecossistemas, níveis tróficos, populações ou mesmo indivíduos.

55
A quantidade de matéria orgânica pode ser estimada de diferentes formas, mas vamos considerar como
exemplo massa seca (material colocado em estufa a cerca de 100 °C para perder água).
Supondo um campo rico em gramíneas, pode-se determinar a biomassa desses produtores do seguinte
modo: delimita-se uma área, colhe-se toda a vegetação contida nela e coloca-se o material em estufa
para determinação da massa seca. Essa massa, dividida pela área da amostra (por exemplo, em m2),
resulta em uma estimativa da quantidade de matéria orgânica seca por unidade de área (gramas/m2 ou
kg/m2). Se for conhecida a área total do campo, pode-se estimar sua biomassa total.
A pirâmide de biomassa (pirâmides das massas) representa graficamente a biomassa, ou seja, a massa
de matéria orgânica dos organismos em cada nível trófico.

Acervo Pessoal do Autor

Geralmente, as pirâmides de biomassa têm a base mais larga e os níveis superiores progressivamente
menores. No entanto, quando os produtores têm pouca biomassa, como o fitoplâncton, mas crescem e
se reproduzem rapidamente, os níveis tróficos tradicionais das pirâmides de biomassa ficam invertidos.
A pirâmide de biomassa é melhor que a de números, por indicar, para cada nível trófico, a quantidade de
matéria viva presente. Contudo, tal pirâmide atribui a mesma importância aos diversos tecidos, embo-
ra tenham valores energéticos diferentes. Não se leva em conta o fator tempo, visto que as biomassas
podem ter sido acumuladas em alguns dias, como é o caso do fitoplâncton, ou em centenas de anos,
como ocorre em uma floresta.
A melhor representação da cadeia alimentar é a pirâmide de energia, em que cada nível trófico é re-
presentado por um retângulo, cujo comprimento é proporcional à quantidade de energia acumulada no
nível. Tal pirâmide apresenta sempre o vértice para cima.

Fonte: CAMPBELL, N.A.; REECE, J.B.; URRY, L.A.; CAIN, M.L.; WASSERMAN, S.A.; MINORSKY, P.V. & Jackson, R.B. 2010. Biologia.10ª ed.
Artmed, Porto Alegre, 1488 p.

Podemos afirmar que essa pirâmide representa o fluxo de energia, ou seja, a quantidade de energia que
passa ao longo dos níveis tróficos. Essa energia pode entrar no primeiro nível trófico na forma de luz (no
caso dos produtores fotossintetizantes) e nos demais na forma de energia química presente nos alimen-
tos. Ao longo dos níveis tróficos, parte da energia é dissipada para o meio abiótico na forma de calor.

56
A pirâmide de energia nunca é invertida, pois, mostra uma consequência natural das leis da termodinâ-
mica, que são universais. A primeira lei afirma que a energia pode ser transformada (energia luminosa
em energia química, por exemplo), porém jamais é criada ou destruída. A segunda lei afirma que em
todo processo de transformação de energia há sempre liberação de energia calorífica, não aproveitável.
Assim, o fluxo unidirecional de energia é um fenômeno universal.
No caso dos ecossistemas, há sempre perda de energia calorífica ao se passar de um nível trófico para
outro. Por isso, as pirâmides de energia nunca são invertidas.
Um dos inconvenientes das pirâmides de energia é que nelas não há lugar adequado para os decompo-
sitores, que são uma parcela importante do ecossistema. Além disso, muita matéria orgânica em um
ecossistema pode não ser utilizada nem decomposta, ficando armazenada. As pirâmides de energia
não mostram claramente a parte da energia que é armazenada.

PARA SABER MAIS:


Se você quer aprofundar os seus conhecimentos no assunto confira abaixo algumas sugestões:
https://drive.google.com/file/d/11nZ4Lx_d2-ke-L7p7JTPgUEc1LEtZ15q/view – Pirâmides Ecológi-
cas. Aula exibida para o 3º Ano do Ensino Médio no dia 03/12/2020 com o professor Vinícius Braz no
programa Se Liga na Educação.
https://www.youtube.com/watch?v=Ihp38SxezhM – PIRÂMIDES ECOLÓGICAS - ECOLOGIA | Biologia
com Samuel Cunha.

ATIVIDADES
1 - (UEL 2020) A mumificação pode ocorrer por processos artificiais ou naturais. No primeiro caso,
são retiradas as vísceras e o corpo é embebido em substâncias que podem preservá-lo ao longo do
tempo. No segundo, por exemplo, por motivos climáticos, a decomposição do cadáver ocorre parcial
ou lentamente, de modo que, nas partes decompostas, ocorre transferência de energia pela ação de
agentes decompositores.
Com base nos conhecimentos sobre transferência de energia entre diferentes níveis tróficos, assinale
a alternativa correta.
a) Os primeiros componentes da cadeia alimentar são os consumidores, que, por possuírem
muita energia armazenada, transferem a biomassa necessária para os demais seres vivos do
próximo nível trófico.
b) A luminosidade do sol é convertida em energia e entra na biosfera por meio dos seres decom-
positores, os quais, durante os processos de decomposição, reciclam moléculas orgânicas
em compostos inorgânicos (H2O, O2 e CO2).
c) Quanto mais níveis tróficos uma cadeia alimentar possuir, menor será a sua dissipação ener-
gética, uma vez que as menores perdas de energia ocorrem quando a matéria orgânica é
transferida de um nível trófico para outro.
d) A porcentagem de energia efetivamente transferida de um nível trófico para o nível seguinte
varia de acordo com os organismos envolvidos na cadeia, situando-se entre 5% e 20%.
e) No nível dos consumidores terciários, exemplificado por um herbívoro, considera-se a produ-
tividade primária líquida como a quantidade total de biomassa que esse animal, efetivamente,
absorve dos alimentos que ingere.

57
2 - (FATEC 2019) Atualmente os ecólogos tendem a considerar a espécie humana como parte de vários
ecossistemas, principalmente no caso dos ecossistemas mais explorados economicamente. Essa
integração é apresentada de modo simplificado pelo esquema, em que as transferências de energia
representadas podem estar associadas a transações comerciais.

Nesse contexto, é correto afirmar que, de acordo com o esquema,


a) serviços ecossistêmicos, tais como o comprado dos trabalhadores da zona urbana, dificultam
o fluxo energético.
b) o dinheiro recebido pelos trabalhadores da zona rural é convertido em energia que prejudica
os meios de produção fótica.
c) trabalhadores das zonas rural e urbana negociam a energia disponibilizadas por produtores
presentes no primeiro nível trófico.
d) os combustíveis fósseis resultam da ação dos decompositores sobre o excedente produzido
pelos consumidores terciários.
e) o trabalho vendido pelos trabalhadores da zona urbana tão barato quanto o trabalho vendido
pelos trabalhadores da zona rural.

3 - (ENEM 2012) Paleontólogos estudam fósseis e esqueletos de dinossauros para tentar explicar o
desaparecimento desses animais. Esses estudos permitem afirmar que esses animais foram extintos
há cerca de 65 milhões de anos. Uma teoria aceita atualmente é a de que um asteroide colidiu com a
Terra, formando uma densa nuvem de poeira na atmosfera.
De acordo com essa teoria, a extinção ocorreu em função de modificações no planeta que
a) desestabilizaram o relógio biológico dos animais, causando alterações no código genético.
b) reduziram a penetração da luz solar até a superfície da Terra, interferindo no fluxo energético
das teias tróficas.
c) causaram uma série de intoxicações nos animais, provocando a bioacumulação de partículas
de poeira nos organismos.
d) resultaram na sedimentação das partículas de poeira levantada com o impacto do meteoro,
provocando o desaparecimento de rios e lagos.
e) evitaram a precipitação de água até a superfície da Terra, causando uma grande seca que im-
pediu a retroalimentação do ciclo hidrológico.

58
4 - (UERJ 2007) Nos ecossistemas, o fluxo de energia dos organismos produtores para os consumidores
pode ser representado por um diagrama.

Dentre os diagramas acima, o que melhor representa esse fluxo na cadeia alimentar é o de número:
a) I.
b) II.
c) III.
d) IV.

59
SEMANAS 3 E 4

EIXO TEMÁTICO:
Energia.

TEMA/ TÓPICO(S):
1. Teia da Vida.
3. Ciclo do Carbono, Nitrogênio e água e o papel dos decompositores no reaproveitamento dos materiais.
11. Interferência humana nos ciclos dos materiais.

HABILIDADE(S):
3.1. Reconhecer que os elementos químicos tais como carbono, oxigênio e nitrogênio ciclam nos sistemas
vivos.
3.1.1. Identificar que os materiais constituintes do corpo dos seres vivos retornam ao ambiente pelo processo
de decomposição e voltam a fazer parte dos seres vivos através dos processos de fotossíntese e nutrição.
3.1.2. Identificar a origem do gás carbônico liberado na respiração e fermentação.
11.1. Analisar a interferência humana no ciclo dos materiais, tais como gás carbônico, nitrogênio e oxigênio,
provocando a degradação dos ambientes.
11.1.1. Traçar o circuito de determinados elementos químicos como o carbono, o oxigênio e o nitrogênio, colo-
cando em evidência o deslocamento desses elementos entre o mundo inorgânico (solo, água, ar) e o mundo
orgânico (tecidos, fluidos e estruturas animais e vegetais.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Fluxo de Matéria e Energia nos Ecossistemas.

TEMA: Fluxo de energia nos ecossistemas


Da energia luminosa que chega a um ecossistema, pouco mais de 1% é utilizado na fotossíntese, mas
isso já é o suficiente para gerar de 150 bilhões a 200 bilhões de toneladas de matéria orgânica por ano.
Boa parte desses compostos orgânicos é consumida na respiração da própria planta e eliminada como
gás carbônico e água. Desse modo, a planta obtém a energia necessária para seu metabolismo. Parte
dessa energia é liberada na forma de calor e o restante da matéria orgânica passa a fazer parte do corpo
do organismo (raízes, caules e folhas, no caso dos vegetais superiores).
A matéria orgânica e a energia que ficaram retidas nos autotróficos compõem o alimento disponível
para os consumidores. Uma parte das substâncias ingeridas por um animal é eliminada nas fezes e na
urina. Outra parte é oxidada pela respiração para a produção da energia necessária ao movimento e às
outras atividades do organismo. E há ainda uma parte que passa a fazer parte do corpo (crescimento e
reposição de tecidos); esta é a parte que fica disponível ao nível trófico seguinte.
Esses processos se repetem em todos os níveis da cadeia alimentar. Parte da matéria e da energia do
alimento não passa para o nível trófico seguinte e sai da cadeia na forma de fezes, urina, gás carbônico,
água e calor. Em média, apenas 10% da energia de um nível trófico passa para o nível seguinte. Mas essa
porcentagem pode variar entre 2% e 40%, dependendo das espécies da cadeia e do ecossistema em
que se encontram.

60
Acervo Pessoal do Autor

Os resíduos de cada nível trófico são disponibilizados para a cadeia alimentar pela ação dos decompo-
sitores, sendo utilizados mais uma vez pelos produtores. Assim, podemos dizer que a matéria de um
ecossistema está em permanente reciclagem. No entanto, parte da energia é transformada em traba-
lho celular ou sai do corpo do organismo na forma de calor – e esta é uma forma de energia que não pode
ser usada na fotossíntese. Por isso, o ecossistema precisa, constantemente, receber energia de fora e
há um fluxo unidirecional de energia, que vai dos produtores para os consumidores.

FLUXO DE MATÉRIA NOS ECOSSISTEMAS


Ao contrário da energia, que flui unidirecionalmente, a matéria é reciclada dentro ou entre ecossis-
temas, por ciclos chamados biogeoquímicos. Como o próprio termo especifica, os ciclos da matéria
envolvem processos biológicos, geológicos e químicos.
Os processos biológicos são os que se referem a toda e qualquer atividade realizada por um ser vivo,
como nutrição, trocas gasosas, digestão do alimento e eliminação de resíduos no meio.
Os processos geológicos são os que promovem modificações da crosta terrestre, seja em sua forma,
estrutura ou composição. É o caso do intemperismo, processo de desagregação e modificação de ro-
chas por ação das águas superficiais e subterrâneas, do vento, da chuva, do gelo e dos organismos.
Os processos químicos são os que promovem a alteração na composição da matéria, como a queima de
um tronco de árvore, a transformação de suco de uva em vinho e do leite em iogurte.
Além desses, também participam do ciclo da matéria os processos físicos, que são os que modificam
a matéria sem alterar sua composição química. São exemplos de processos físicos a passagem do gelo
para água líquida, ou desta para vapor.
À medida que a matéria se move no ciclo, ela é transformada. Nos próximos capítulos, veremos que as
atividades humanas podem interferir nos ciclos biogeoquímicos.

61
A- CICLO DO CARBONO
O carbono disponível para os seres vivos é o carbono presente no CO2. É absorvido pela fotossíntese e in-
corporado na forma de moléculas orgânicas. A partir daí, pela cadeia alimentar, passa para todos os demais
organismos. É devolvido ao ambiente pela respiração celular, fermentação, decomposição e combustão.

Fonte: Biologia Hoje, volume 3.

B- CICLO DA ÁGUA
A água presente sob a forma líquida na superfície da Terra sofre evaporação e passa para a atmosfera.
Com o resfriamento nas camadas mais altas da atmosfera, os vapores de água condensam-se, formam
nuvens e depois voltam aos continentes e mares sob a forma de chuva, neve ou granizo. Nos continen-
tes, parte dessa água vai para rios e lagos ou penetra pelas camadas permeáveis do solo e se acumula
em reservatórios subterrâneos.
Os seres vivos absorvem ou ingerem água, pois ela é fundamental para a sobrevivência deles. Parte da
água presente no corpo dos seres vivos retorna ao ambiente pela respiração, pela excreção e principal-
mente pela transpiração.

Fonte: Biologia Hoje, volume 3.

62
C- CICLO DO OXIGÊNIO
A manutenção das taxas de gás oxigênio e de gás carbônico no ambiente depende desses dois proces-
sos: fotos síntese e respiração. A fotossíntese é realiza da pelos seres clorofilados na dependência da
luz; a respiração é um processo realizado continuamente pelos seres aeróbios.
É interessante notar que o gás oxigênio é uma substância que não somente garante a vida na Terra como
a conhecemos, mas também se origina da atividade de seres vivos. Praticamente todo o gás oxigênio
livre da atmosfera e da hidrosfera tem origem biológica, no processo de fotossíntese. Por esse processo
a água é decomposta, sendo o oxigênio liberado e o hidrogênio utilizado na síntese da matéria orgânica.

Fonte: Biologia Hoje, volume 3.

D- CICLO DO NITROGÊNIO
O gás nitrogênio (N2) está presente na atmosfera na proporção aproximada de 79%. Apesar disso, não é
utilizado de forma direta pela maior parte dos seres vivos.
O aproveitamento do nitrogênio pela generalidade dos seres vivos depende de sua fixação, que pode
ser feita por radiação (por exemplo, radiação cósmica e raios, que fornecem energia para que ocorra
reação entre o nitrogênio, o oxigênio e o hidrogênio da atmosfera) ou por biofixação, sendo esse último
processo o mais importante. Por isso, será nele que deteremos nossa atenção.

Fonte: Biologia Hoje, volume 3.

63
PARA SABER MAIS:
Para relembrar os assuntos abordados nessas semanas, assista às aulas de Biologia exibidas no pro-
grama Se Liga na Educação, disponíveis nos links abaixo.
https://drive.google.com/file/d/1YQ4m_QYZO9hDpjmD1uEZQVgVJ7PfVdQb/view - Biologia – Fluxo de
Energia. Aula exibida para o 3º Ano do Ensino Médio no dia 10/12/2020 com o professor Vinícius Braz no
programa Se Liga na Educação.
https://drive.google.com/file/d/1GRKqdyaXbSzEWJjay6YmJJ0pNtC3vtYa/view - Biologia – Ciclos
Biogeoquímicos I. Aula exibida para o 3º Ano do Ensino Médio no dia 07/01/2021 com o professor Viní-
cius Braz no programa Se Liga na Educação.
https://drive.google.com/file/d/1J_iMf-b-m26jZUb1XySNQmeO0o7xMMJy/view - Biologia – Ciclos
Biogeoquímicos II. Aula exibida para o 3º Ano do Ensino Médio no dia 14/01/2021 com o professor Viní-
cius Braz no programa Se Liga na Educação.

ATIVIDADES

1 - (ENEM 2020) Grandes reservatórios de óleo leve de melhor qualidade e produz petróleo mais fino foram
descobertos no litoral brasileiro numa camada denominada pré-sal, formada há 150 milhões de anos.
A utilização desse recurso energético acarreta para o ambiente um desequilíbrio no ciclo do
a) nitrogênio, devido à nitrificação ambiental transformando amônia em nitrito.
b) nitrogênio, devido ao aumento dos compostos nitrogenados no ambiente terrestre.
c) carbono, devido ao aumento dos carbonatos dissolvidos no ambiente marinho.
d) carbono, devido à liberação das cadeias carbônicas aprisionadas abaixo dos sedimentos.
e) fósforo, devido à liberação dos fosfatos acumulados no ambiente marinho.

2 - (ENEM 2019) A cada safra, a quantidade de café beneficiado é igual à quantidade de resíduos gerados
pelo seu beneficiamento. O resíduo pode ser utilizado como fertilizante, pois contém cerca de 6,5%
de pectina (um polissacarídeo), aproximadamente 25% de açúcares fermentáveis (frutose, sacarose e
galactose), bem como resíduos de alcaloides (compostos aminados) que não foram extraídos no processo.
LIMA, L. K. S. et al. Utilização de resíduo oriundo da torrefação do café na agricultura em substituição à adubação convencional.
ACSA — Agropecuária Científica no Semiárido, v. 10, n. 1, jan.-mar., 2014 (adaptado).

Esse resíduo contribui para a fertilidade do solo, pois


a) possibilita a reciclagem de carbono e nitrogênio.
b) promove o deslocamento do alumínio, que é tóxico.
c) melhora a compactação do solo por causa da presença de pectina.
d) eleva o pH do solo em função da degradação dos componentes do resíduo.
e) apresenta efeitos inibidores de crescimento para a maioria das espécies vegetais pela cafeína.

64
3 - (ENEM 2016) Os seres vivos mantêm constantes trocas de matéria com o ambiente mediante
processos conhecidos como ciclos biogeoquímicos. O esquema representa um dos ciclos que ocorrem
nos ecossistemas.
O esquema apresentado biogeoquímico do(a) corresponde ao ciclo
a) água.
b) fósforo.
c) enxofre.
d) carbono.
e) nitrogênio.

4 - (ENEM 2013) Plantas terrestres que ainda estão em fase de crescimento fixam grandes quantidades
de CO2, utilizando-o para formar novas moléculas orgânicas, e liberam grande quantidade de O2.
No entanto, em florestas maduras, cujas árvores já atingiram o equilíbrio, o consumo de O2 pela
respiração tende a igualar sua produção pela fotossíntese. A morte natural de árvores nessas florestas
afeta temporariamente a concentração de O2 e de CO2 próximo à superfície do solo onde elas caíram.
A concentração de O2 próximo ao solo, no local da queda, será
a) menor, pois haverá consumo de O2 durante a decomposição dessas árvores.
b) maior, pois haverá economia de O2 pela ausência das árvores mortas.
c) maior, pois haverá liberação de O2 durante a fotossíntese das árvores jovens.
d) igual, pois haverá consumo e produção de O2 pelas árvores maduras restantes.
e) menor, pois haverá redução de O2 pela falta da fotossíntese realizada pelas árvores mortas.

5 - (ENEM 2020) A rotação de culturas, juntamente com a cobertura permanente e o mínimo revolvimento
do solo, compõem os princípios básicos do sistema de plantio direto. O aumento da diversidade biológica
do solo contribui para a estabilidade da produção agrícola por causa de diversos fatores, entre eles o
processo de fixação biológica de nitrogênio, realizado por bactérias.
FRANCHINI, J. C. et al . Importância da rotação de culturas para a produção agrícola sustentável no Paraná. Londrina:
Embrapa Soja, 2011 (adaptado).

Nesse processo biológico, ocorre a transformação de


a) N2 em NH3.
b) NO3− em N2.
c) NH3 em NH4+.
d) NO2− em NO3−.
e) NH4+ em NO2−.

65
6 - (ENEM 2017) Uma grande virada na moderna história da agricultura ocorreu depois da Segunda
Guerra Mundial. Após a guerra, os governos haviam se deparado com um enorme excedente de nitrato
de amónio, ingrediente usado na fabricação de explosivos. A partir daí as fábricas de munição foram
adaptadas para começar a produzir fertilizantes tendo como componente principal os nitratos.
SOUZA, F. A. Agricultura natural/orgânica como instrumento de fixação biológica e manutenção do nitrogênio no solo: um modelo
sustentável de MDL. Disponível em: www.planetaorganico.com.br. Acesso em: 17 jul. 2015 (adaptado).

No ciclo natural do nitrogênio, o equivalente ao principal componente desses fertilizantes industriais é


produzido na etapa de
a) nitratação.
b) nitrosação.
c) amonificação.
d) desnitrificação.
e) fixação biológica do N2.

7 - (ENEM 2016) A modernização da agricultura, também conhecida como Revolução Verde, ficou marcada
pela expansão da agricultura nacional. No entanto, trouxe consequências como o empobrecimento do
solo, o aumento da erosão e dos custos de produção, entre outras. Atualmente, a preocupação com a
agricultura sustentável tem suscitado práticas como a adubação verde, que consiste na incorporação
ao solo de fitomassa de espécies vegetais distintas, sendo as mais difundidas as leguminosas.
ANUNCIAÇÃO, G. C. F. Disponível em: www.muz.ifsuldeminas.edu.br. Acesso em: 20 dez. 2012 (adaptado).

A utilização de leguminosas nessa prática de cultivo visa reduzir a


a) utilização de agrotóxicos.
b) atividade biológica do solo.
c) necessidade do uso de fertilizantes.
d) decomposição da matéria orgânica.
e) capacidade de armazenamento de água no solo.

66
SEMANAS 5 E 6

EIXO TEMÁTICO:
Biodiversidade.

TEMA/ TÓPICO(S):
2. História da Vida na Terra.
12. Biomas e biodiversidade.
13. Ciclo de vida dos seres vivos e suas adaptações em diferentes ambientes.

HABILIDADE(S):
12.2. Reconhecer em situação problema os motivos que levam à extinção de espécies, tais como: interferên-
cia humana, erupção vulcânica, terremotos, migração de populações de um ambiente para outro.
13.1. Reconhecer a diversidade das adaptações que propiciam a vida nos diferentes ambientes.
13.1.1. Identificar em situações-problema que a diversidade das adaptações propicia a vida em diferentes
ambientes.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Biomas brasileiros.

TEMA: Biomas Brasileiros


Os ecossistemas incluem componentes vivos (fatores bióticos) e não vivos (fatores abióticos) de um
determinado ambiente, os quais interagem permanentemente, mantendo um estado de equilíbrio dinâ-
mico (homeostase).
Um recife de coral, uma floresta e um deserto são exemplos de ecossistemas, nos quais os seres vivos
interagem entre si e com os fatores abióticos.
Entre ecossistemas vizinhos, há uma região de transição, denominada ecótono, que apresenta espé-
cies vizinhas de dois ecossistemas, além de espécies próprias.
Cada fração da biosfera. De grande extensão e com uma comunidade típica (principalmente a ve-
getação), produto de condições ambientais peculiares, constitui um bioma, que apresenta aspecto
relativamente uniforme. Alguns ecólogos preferem usar essa palavra para designar apenas os ecos-
sistemas terrestres. Outros utilizam-na indistintamente para qualquer grande ecossistema, incluindo
os aquáticos.
A tabela abaixo relaciona alguns dos fatores abióticos que condicionam a composição em espécies dos
biomas e, portanto, seu aspecto geral. No caso dos biomas terrestres, os fatores básicos que deter-
minam a “paisagem vegetal” são a intensidade de luz e a quantidade de chuvas, condições obrigatórias
para a fotossíntese. Luz e temperatura, no entanto, são fatores associados, já que parte da luz que atin-
ge os corpos se transforma em calor.

67
FATORES ABIÓTICOS QUE INFLUENCIAM A COMPOSIÇÃO EM ESPÉCIES DOS BIOMAS

Fator Ambiental Influência sobre a característica do bioma


Obrigatória para a fotossíntese. Para as plantas terrestres, o fator limitante nor-
malmente não é a luz, e sim o CO2. Porém, em florestas densas, como na Amazô-
Luz solar
nia, chega pouca luz ao solo, o que irá determinar o tipo de planta que ali vive. Nos
ecossistemas aquáticos, a luz disponível diminui com o aumento da profundidade.
Afeta diretamente o metabolismo. Em temperaturas inferiores a 0 °C, formam-se
cristais de gelo que rompem as células.
Temperatura Acima de 45 °C, há desnaturação das proteínas. Aves e mamíferos, por manterem
sua temperatura constante, distribuem-se na biosfera de forma mais ampla do
que os heterotermos.
Essencial à vida. Não é, obviamente, o fator limitante de organismos aquáticos. Já
Água
os organismos terrestres estão constantemente ameaçados pela desidratação.
Relacionados à perda de água pelos organismos terrestres, por meio da transpi-
Vento
ração, que, por sua vez, permite resfriar a superfície do corpo.
Sua composição, sua estrutura física e seu pH determinam a distribuição de ve-
Solo e Rochas
getais e, consequentemente, dos animais que dependem deles.

Um mesmo bioma pode caracterizar mais de uma região do planeta. A Floresta Pluvial Tropical, por
exemplo, existe em parte da América do Sul, além de regiões da África e da Ásia. O bioma do tipo
Deserto está espalhado por várias regiões da Terra. O mesmo ocorre com a Floresta Decídua Tem-
perada e com os outros principais biomas. O mapa abaixo mostra os biomas terrestres e sua distri-
buição no planeta.
O mapa abaixo nos mostra os principais biomas existentes no planeta.

Acervo Pessoal do Autor

68
Embora não exista um consenso quanto à questão, a maioria dos estudiosos admite que o território
brasileiro apresenta sete biomas principais: a Floresta Amazônica, o Cerrado, a Caatinga, a Mata Atlân-
tica, o Complexo do Pantanal, os Campos Sulinos (ou Pampas) e a Zona Costeira; além disso, existem
ainda as zonas de transição (ecótonos) entre os biomas. Cada bioma abriga certa diversidade de forma-
ções vegetais e ecossistemas; a Mata de Araucárias, existente no sul do país, por exemplo, é aqui in-
cluída no bioma mais amplo da Mata Atlântica, embora alguns estudiosos prefiram atribuir-lhe o status
de um bioma particular. O mesmo ocorre com relação à Mata dos Cocais, vegetação típica da transição
Amazônia-Caatinga, e outras formações menores.
O mapa abaixo mostra os limites aproximados de cada uma das principais formações vegetais brasilei-
ras, segundo a classificação do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2004.

Acervo Pessoal do Autor

69
Acervo Pessoal do Autor

70
PARA SABER MAIS:
Para relembrar os assuntos abordados nessas semanas, assista às aulas de Biologia exibidas no pro-
grama Se Liga na Educação, disponíveis nos links abaixo.
https://www.youtube.com/watch?v=3EcMzGoyrCQ – Biologia – Ser Humano e Meio Ambiente I. Aula
exibida para o Ensino Médio no dia 25/05/2020 com o professor Vinícius Braz no programa Se Liga na
Educação.
https://www.youtube.com/watch?v=GPTjiRGmeY4 – Biologia – Ser Humano e Meio Ambiente II. Aula
exibida para o Ensino Médio no dia 25/05/2020 com o professor Vinícius Braz no programa Se Liga na
Educação.

ATIVIDADES
1 - (ENEM 2003) Sabe-se que uma área de quatro hectares de floresta, na região tropical, pode conter
cerca de 375 espécies de plantas enquanto uma área florestal do mesmo tamanho, em região temperada,
pode apresentar entre 10 e 15 espécies.
O notável padrão de diversidade das florestas tropicais se deve a vários fatores, entre os quais é possí-
vel citar
a) altitudes elevadas e solos profundos.
b) a ainda pequena intervenção do ser humano.
c) sua transformação em áreas de preservação.
d) maior insolação e umidade e menor variação climática.
e) alternância de períodos de chuvas com secas prolongadas.

2 - (ENEM 1999) Apesar da riqueza das florestas tropicais, elas estão geralmente baseadas em solos
inférteis e improdutivos. Grande parte dos nutrientes é armazenada nas folhas que caem sobre o solo,
não no solo propriamente dito. Quando esse ambiente é intensamente modificado pelo ser humano,
a vegetação desaparece, o ciclo dos nutrientes é alterado e a terra se torna rapidamente infértil.
(CORSON, Walter H. Manual Global de Ecologia, 1993).

No texto acima, pode parecer uma contradição a existência de florestas tropicais exuberantes sobre
solos pobres. No entanto, este fato é explicado pela:
a) profundidade do solo, pois, embora pobre, sua espessura garante a disponibilidade de nu-
trientes para a sustentação dos vegetais da região.
b) boa iluminação das regiões tropicais, uma vez que a duração regular do dia e da noite garante
os ciclos dos nutrientes nas folhas dos vegetais da região.
c) existência de grande diversidade animal, com número expressivo de populações que, com
seus dejetos, fertilizam o solo.
d) capacidade de produção abundante de oxigênio pelas plantas das florestas tropicais, consi-
deradas os “pulmões” do mundo.
e) rápida reciclagem dos nutrientes, potencializada pelo calor e umidade das florestas tropicais,
o que favorece a vida dos decompositores.

71
3 - (ENEM 2016) Em uma aula de biologia sobre formação vegetal brasileira, a professora destacou que,
em uma região, a flora convive com condições ambientais curiosas. As características dessas plantas
não estão relacionadas com a falta de água, mas com as condições do solo, que é pobre em sais minerais,
ácido e rico em alumínio. Além disso, essas plantas possuem adaptações ao fogo.
As características adaptativas das plantas que correspondem à região destacada pela professora são:
a) Raízes escoras e respiratórias.
b) Raízes tabulares e folhas largas.
c) Casca grossa e galhos retorcidos.
d) Raízes aéreas e perpendiculares ao solo.
e) Folhas reduzidas ou modificadas em espinhos.

4 - (ENEM 2016) A vegetação apresenta adaptações ao ambiente, como plantas arbóreas e arbustivas
com raízes que se expandem horizontalmente, permitindo forte ancoragem no substrato lamacento;
raízes que se expandem verticalmente, por causa da baixa oxigenação do substrato; folhas que têm
glândulas para eliminar o excesso de sais; folhas que podem apresentar cutícula espessa para reduzir a
perda de água por evaporação.
As características descritas referem-se a plantas adaptadas ao bioma:
a) Cerrado.
b) Pampas.
c) Pantanal.
d) Manguezal.
e) Mata de Cocais.

5 - (UFRGS 2020) A Floresta Nacional de São Francisco de Paula é uma unidade de conservação localizada
no nordeste do Rio Grande do Sul, onde há matas de araucária.
Com relação às matas de araucária, é correto afirmar que
a) estão localizadas na área de abrangência da mata atlântica.
b) são restritas aos climas tropicais e estão presentes no Rio Grande do Sul e no Uruguai.
c) têm o fenômeno da desertificação como principal ameaça a sua conservação.
d) estão presentes em regiões com clima caracterizado pela baixa pluviosidade e pela alta tem-
peratura.
e) possuem como espécies nativas dominantes a araucária, o pinheiro (Pinus sp.) e o eucalipto.

72
6 - (UPF 2020)

A Amazônia é um dos maiores patrimônios naturais do Brasil. Devido à grande importância ecológica
desse bioma, a exploração de seus recursos naturais precisa ser realizada de forma sustentável, sem-
pre visando à sua preservação. Em relação à Amazônia e à sua importância ecológica, assinale a afir-
mativa incorreta.
a) A fotossíntese realizada por sua vegetação é responsável pela maior parte do oxigênio produ-
zido no planeta e disponibilizado para os seres vivos.
b) É o maior bioma brasileiro e abriga a maior bacia hidrográfica do mundo.
c) É um dos biomas que abriga a maior biodiversidade do planeta.
d) É essencial para a regulação do clima e influencia o regime de chuvas no Brasil.
e) Armazena imensos estoques de carbono e, a partir do momento em que é desmatada e quei-
mada, grande parte desse Carbono é liberada na forma de CO2 para a atmosfera, contribuindo
para o aumento do efeito estufa.

7 - (PUC-SP 2018) O mapa a seguir identifica com números as áreas correspondentes aos diferentes
biomas brasileiros.

É CORRETO supor que a maior variedade de nichos ecológicos e microambientes favoráveis ao estabe-
lecimento do epifitismo ocorra nos biomas
a) 4, 5 e 6.
b) 1, 2 e 3.
c) 1 e 4.
d) 2 e 3.

73
8 - (UPE 2014) Leia o texto a seguir:
No Egito e na Antiguidade clássica, vivia um belo e esplendoroso pássaro, de origem mítica, com uma
plumagem escarlate e dourada e com um canto melodioso que encantava qualquer um. A Fênix, como
era chamada, era dotada de uma capacidade extraordinária: tinha uma longevidade sem precedentes.
À medida que sentia a morte se aproximar, ela mesma construía um ninho de ervas aromáticas e, com
o próprio calor do corpo - cujas penas pareciam labaredas - ateava fogo a si própria e transformava-se
em cinzas. Dessas cinzas, ressurgia outra ave Fênix e, assim, da mesma morte pelo fogo, surgia uma
nova e promissora vida.
Fonte: Conecte Bio 1 - Sônia Lopes e Sérgio Rosso.

Essa lenda egípcia remete-nos a uma característica bastante peculiar de um bioma brasileiro. Assinale
a alternativa que indica o bioma o qual tem o fogo, produzido naturalmente, como mecanismo de manu-
tenção da sua biodiversidade.
a) Amazônia.
b) Caatinga.
c) Campo Sulino.
d) Cerrado.
e) Mata Atlântica.

REFERÊNCIAS:
AMABIS, JOSÉ MARIANO; MARTHO, GILBERTO RODRIGUES. Volume 2: Biologia dos organismos –
3. Ed. – São Paulo: Moderna, 2010.
CAMPBELL, N.A.; REECE, J.B.; URRY, L.A.; CAIN, M.L.; WASSERMAN, S.A.; MINORSKY, P.V. & Jack-
son, R.B. Biologia. 10 ed. Artmed, Porto Alegre, 2010.
FAVARETTO, José Arnaldo. BIOLOGIA: Unidade e Diversidade. v3. São Paulo: FTD, 2017.
LINHARES, Sérgio. GEWANDSZNAJDER, Fernando. PACCA, Helena. Biologia Hoje - volume 2. 3 ed.
São Paulo: Ática, 2017.
LOPES, Sônia.; ROSSO, Sérgio. BIO – Volume 2. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

74
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: QUÍMICA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
Materiais - aprofundamento.

TEMA/TÓPICO(S):
Substâncias Orgânicas.

HABILIDADE(S):
(EM13CNT212MG) Identificar e relacionar os fenômenos relacionados a isômeros e tipos de Isomerias.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Isomeria plana.

TEMA: Isomeria I
Caro (a) estudante, nesta semana você vai reconhecer um tipo de classe de substâncias orgânicas que
apresentam estruturas diferentes, mas ao mesmo tempo possuem a mesma quantidade de elementos.
Essas substâncias são chamadas de isômeros.

APRESENTAÇÃO
Tudo começa na Natureza
Na natureza algumas espécies desempenham funções diferentes
dentro da própria comunidade. As abelhas do gênero Apis melífera
vivem em colônias onde cada indivíduo desempenha uma função
para a manutenção e funcionamento da colmeia. É possível iden-
tificar tais funções apenas observando os aspectos físicos dessas
abelhas. Mas como as abelhas se diferenciam entre si? Na verdade,
elas fabricam e emitem sinalizadores químicos diferentes (Fig.1).
Observando as moléculas na Fig. 1 podemos contar e identificar a
quantidade de elementos em ambos sinalizadores, eles apresentam
Figura 1: Sinalizadores químicos sintetizados fórmula molecular C10H20O3. A única diferença entre os sinalizadores
pelas abelhas – PRÓPRIA AUTORIA

75
é a posição da hidroxila na cadeia carbônica. Essa é uma pequena diferença aparente, no entanto, essa
pequena diferença garante a capacidade nas abelhas de diferenciar se uma abelha é ou não uma rainha.
Substâncias diferentes que apresentam a mesma fórmula molecular são denominados isômeros.
O conceito de isomeria teve origem na primeira síntese orgânica, quando foi obtido ureia, CO(NH2)2 (s) e
não cianato de amônio, NH4OCN (s) como o esperado. Os cientistas observaram que apesar de apresen-
tarem a mesma fórmula molecular CH4ON2 são substâncias completamente diferentes com proprieda-
des físico-químicas diferentes.

Isomeria é um fenômeno no qual dois ou mais compostos diferentes apresentam


a mesma fórmula molecular
Para compreendermos os vários tipos de isomeria e como podemos identificar cada um deles, vamos
estudar essa semana os tipos de Isomeria Plana, também conhecido como Isomeria Constitucional. E
na segunda semana iremos abordar a Isomeria Espacial. Abaixo um fluxograma que apresenta os tipos
de isômeros que serão estudados.

Figura 2: Fluxograma dos tipos de isômeros – PRÓPRIA AUTORIA.

Isomeria Plana ou Constitucional


A isomeria plana trata-se de moléculas isômeras que podem ser diferenciadas por meio da representa-
ção estrutural plano. Para organizar melhor os estudos vamos estudar esses isômeros por tipos confor-
me fig.2: Função, Cadeia, Posição, Metameria e Tautomeria.

76
Para facilitar o entendimento sobre essa classificação, tente responder algumas questões:
As moléculas pertencem ao mesmo grupo funcional?
Não → Isomeria de Função
Sim → Isomeria de Cadeia ou Posição
A cadeia é do mesmo tipo?
Não → Isomeria de Cadeia
Sim → Isomeria de Posição
As duas últimas classificações podem ser entendidas como casos especiais das já citadas. Um exemplo
é a Metameria, também se trata de um isômero com o mesmo tipo de cadeia, e o que diferencia é a posi-
ção de um grupo, porém nesse caso específico trata-se de um heteroátomo (átomo diferente entre car-
bonos). A Tautomeria ocorre somente na fase líquida, em compostos cuja molécula possui um elemento
muito eletronegativo, ligado a um carbono insaturado. A alta eletronegatividade provoca a atração dos
elétrons da ligação dupla do carbono, que é uma ligação mais fácil de se deslocar. Esse fenômeno faz
com que parte da molécula se dívida em dois isômeros que passam a coexistir.

Observe que nos cinco tipos de isomeria foi possível identificar seus isômeros sem fazer uso de nenhum
recurso 3D, para auxiliar. Apenas com as representações em 2D, nesse Plano de Estudo, foi possível
identificar as diferenças dos isômeros. No entanto, quando se trata de Isomeria espacial será preciso
fazer uso de outros recursos.

PARA SABER MAIS:


Tema: Isomeria I
Site: Estude em Casa
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/12oWMw0BBI_Y01_jtzPy53hE4zaQFta8T/view. Acesso
em: 27 jul. 2021.

ATIVIDADES
1 - A substância a seguir (pentan-2-ona) possui isômeros de posição, de cadeia e de função. Desenhe
as estruturas dos três isômeros. Use o espaço em branco dessa questão identificando cada isômero.

77
2 - Abaixo estão representadas três moléculas distintas, analisando as fórmulas assinale a alternativa
verdadeira.

a) Isômeros de Fórmula Molecular C5H11.


b) A molécula C não é um isômero plano por ter
ramificação.
c) As moléculas A e B são isômeros de posição.
d) As moléculas A e C são isômeros do tipo tauto-
meria.
e) As moléculas B e C são isômeros de função.

3 - A Tautomeria é um fenômeno que pode acontecer entre enol e aldeído, mas também entre enol e
cetona. O prop-1-eno-2-ol de fórmula molecular C3H6O pode se tornar uma cetona de três carbonos
saturados. Desenhe a representação do enol; as setas indicando a migração dos elétrons no enol e a
estrutura da cetona formada.

4– Assinale a alternativa correta sobre o tema da semana:


a) A Isomeria do tipo Tautomeria é um caso especial de Metameria.
b) Isomeria plana é quando duas moléculas diferentes apresentam a mesma quantidade de
elementos.
c) As abelhas Apis melífera se diferem umas das outras por sinalizadores químicos isômeros.
d) Tautomeria só acontece em sólidos que possuam um elemento eletronegativo próximo de
uma dupla ligação.
e) Isomeria de posição é um caso especial de metameria.

Vimos nesta semana que substâncias orgânicas podem apresentar isomeria, ou seja, te-
rem a mesma quantidade de elementos (fórmula molecular), porém serem substâncias
completamente diferentes uma da outra. Vimos nessa semana os casos de Isomeria Plana.

78
SEMANA 2

EIXO TEMÁTICO:
Materiais - aprofundamento.

TEMA/TÓPICO(S):
Substâncias Orgânicas.

HABILIDADE(S):
(EM13CNT212MG) Identificar e relacionar os fenômenos relacionados a isômeros e tipos de Isomerias.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Isomeria Espacial.

TEMA: Isomeria II
Caro (a) estudante, nesta semana você vai reconhecer os isômeros espaciais e diferenciá-los da isome-
ria plana. Para melhorar a compreensão sobre o tema seria preciso usar recursos em 3D, porém nesse
Plano de Estudo usaremos imagens e produções que simulam o 3D.

APRESENTAÇÃO
Isomeria Espacial
Como vimos na semana anterior, isômeros são compostos que possuem a mesma fórmula molecular,
mas se diferenciam na fórmula estrutural. Ela pode ser dividida em duas classes: a plana ou espacial.
Nessa semana iremos estudar a Isomeria espacial, nela a diferença das fórmulas estruturais só é per-
ceptível através da análise espacial da molécula. Há dois tipos de isomeria espacial: geométrica e óptica.
Geométrica
Primeiro precisamos compreender a influência da ligação dupla nas moléculas, precisamos explorar
melhor o conceito de Barreira Rotacional. Para isso vamos fazer uso de uma analogia, imagine duas tá-
buas atravessadas por um prego. Existe a possibilidade de girá-las livremente ao redor desse prego. No
entanto, se atravessarmos mais um prego o movimento giratório será bloqueado. Igualmente acontece
nas moléculas, as ligações simples permitem a rotação no eixo de ligação, enquanto que nas ligações
duplas observamos a barreira rotacional (Fig.3).

Figura 3: Analogia e explicação sobre barreira rotacional – Própria Autoria

79
Conforme a (Fig. 3) é possível concluir que moléculas com dupla ligação sofrem barreira rotacional, por-
tanto se substituirmos um hidrogênio por outro átomo, dependendo das posições teremos moléculas
diferentes (Fig.4). Quando dois compostos com disposição geométrica diferente dos grupos ligados
aos carbonos da dupla, temos o que chamamos de isomeria geométrica, e esses isômeros são diferen-
ciados por meio dos prefixos cis e trans.

Figura 4: Moléculas Cis e Trans

Nem sempre a presença da dupla ligação entre carbonos irá indicar isomeria
geométrica, se na estrutura da cadeia carbônica houver apenas um grupo
diferenciado substituindo um hidrogênio, não será possível ter um isômero
de geometria. É necessário que haja pelo menos dois grupos diferenciados,
para estabelecer a isomeria, como na (Fig.4). A condição para que molé-
culas tenham isômeros geométricos é preciso que R1 ≠ R2 e R3 ≠ R4 além da
dupla ligação.
Chamamos de cis o composto em que os grupos diferenciados de cada carbono estão posicionados
de um mesmo lado. Chamamos de trans o composto em que os grupos diferenciados de cada carbono
estão em lados opostos a dupla ligação C = C (Fig.4).

Óptica
A isomeria óptica acontece com moléculas que interagem com luz polarizada. Uma propriedade utili-
zada para diferenciar duas substâncias é submeter uma amostra sobre um feixe de luz polarizada. Se
houver desvio no ângulo do feixe de luz dizemos que são isômeros ópticos, se não houver desvio dize-
mos que não são isômeros ópticos. Outra forma de saber se uma molécula apresenta isomeria óptica,
sem a necessidade do teste da luz polarizada, é utilizando o recurso de comparação da sua estrutura
com a estrutura determinada por sua imagem diante de um espelho. Se as estruturas da molécula e da
sua imagem não se sobrepõem, a substância apresenta isomeria óptica (Fig.5).

80
Figura 5: Identificando moléculas isômeros ópticos. – Própria Autoria

Quando a molécula apresenta um ou mais carbonos quirais garantimos que temos isômeros ópticos.
Costuma-se usar um asterisco (*) para destacar esse carbono.
Quando a luz polarizada atravessa um frasco contendo uma substância cujas moléculas sejam assimé-
tricas, ou seja, quirais, verifica-se experimentalmente que o plano de vibração da luz polarizada sofre
um desvio. Se o desvio do plano da luz polarizada for para a direita chamamos de dextrogiro (D) e se o
desvio for para a esquerda chamamos de levogiro (L).

Em Isômeros Ópticos as propriedades físicas (ponto de fusão, ponto de ebulição, densidade)


são iguais, exceto o desvio sobre a luz polarizada. Daí o nome isômeros ópticos (isto é, diferem
numa propriedade óptica).

Se fizermos uma solução com ambos os isômeros L e D, cada qual presente na mesma concentração
em mol/L, verificaremos que ela não desvia o plano da luz polarizada. A mistura, que é opticamente
inativa, recebe o nome de mistura racêmica.

PARA SABER MAIS:


Tema: Isomeria II
Site: Estude em Casa
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1LtqCKUvCduga5DT4UCwDLaaYo17rYISM/view. Acesso
em: 27 jul. 2021.

ATIVIDADES
1 - Considere o experimento de luz polarizada, uma amostra foi colocada para análise e não foram
observados desvios.
Descreva quais as duas possibilidades para isso ocorrer e explique o porquê:

I-

II -

81
2 - Assinale a alternativa que identifica corretamente o carbono quiral (*) na estrutura da molécula:

a) b) c)

d) e)

3 - (Fatec-SP) O composto que apresenta isomeria cis - trans é:

a) CH3 – CH = CH – CH2 – CH3 d) CH2 = C (CH3)2


b) CH2 = CCl2 e) (CH3)2 C = C (CH3)2
c) CH2 = CH - COOH

4 - Considere a molécula abaixo, explique se ela possui barreira rotacional e determine o tipo de classe
de isômero:

Vimos nesta semana que isômeros espaciais necessitam de recursos em 3D. Na isomeria
geométrica fizemos uso de recursos em 3D para facilitar o entendimento de barreira ro-
tacional. Logo vimos que existe uma regra para que haja isomeria geométrica. Já os isô-
meros ópticos possuem as mesmas propriedades físicas e químicas e diferem apenas na
rotação da luz polarizada.

82
SEMANA 3

EIXO TEMÁTICO:
Materiais - aprofundamento.

TEMA/TÓPICO(S):
Reações Orgânicas.

HABILIDADE(S):
(EM13CNT310X) Investigar e analisar os compostos orgânicos e suas reações.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Reações Químicas, Reações de Substituição.

TEMA: Reação Orgânica I


Muitos produtos que consumimos e usamos em nossa sociedade provêm, direta ou indiretamente, da
indústria química, que executa uma série de reações químicas a fim de obter produtos transformando
as matérias-primas. Caro (a) estudante, nesta semana veremos um pouco sobre essas reações se subs-
tituição no contexto da Química Orgânica.

APRESENTAÇÃO
Reações de Substituição
Uma das atribuições do Químico está relacionado à produção de substâncias orgânicas. Essa atividade
envolve uma grande variedade de reações químicas, com um ou mais compostos orgânicos. O objetivo
dessas reações é a fabricação de uma determinada substância. Como o próprio nome diz, as reações de
substituição acontecem quando um reagente ou uma parte do reagente substitui outro. Temos alguns
tipos específicos que iremos estudar nesta semana.
Halogenação
Nesse caso substituímos um ligante na molécula orgânica por um halogênio: Flúor (F), Cloro (Cl), Bromo
(Br), Iodo (I) etc. Experimentalmente existe uma ordem de reatividade é F2 ˃ Cl2 ˃ Br2 ˃ I2. O flúor é o que
possui maior tendência para reagir (Fig.6).

Figura 6: Mecanismo de reação de Halogenação. – Própria Autoria

83
Nitração e Sulfonação
A reação entre um hidrocarboneto e o HNO3 (ácido nítrico) é denominada nitração. Nesse caso um
hidrogênio do hidrocarboneto é substituído por um grupo nitro, - NO2. Enquanto que a reação entre um
hidrocarboneto com o H2SO4 (ácido sulfúrico) é chamada de sulfonação. Nela, um átomo de hidrogênio
é substituído por um grupo ácido sulfônico, - SO3H. Nas imagens a seguir (Fig.7 e 8) temos exemplos de
Nitração e Sulfonação tanto de alcanos quanto de hidrocarbonetos aromáticos.

Figura 7: Mecanismo de reação de Nitração. – Própria Autoria

Quando a molécula de hidrocarboneto possuir mais de um átomo carbono, obteremos uma mistura de
diferentes compostos substituídos. O Hidrogênio que tem preferência de ser substituído é o ligado ao
carbono menos hidrogenado (Fig. 8). Em uma molécula com um ou dois carbonos essa diferença de hi-
drogênios não é observada, no entanto, em cadeias com mais de três carbonos ou cadeias ramificadas
essa regra torna-se importante. O carbono que tiver menos hidrogênios ligados a ele terá preferência
em ser substituído.

Figura 8: Mecanismo de reação de Sulfonação. – Própria Autoria

84
Alquilação e Acilação
Quando uma molécula aromática reage com um haleto de alquila na presença de catalisadores e aque-
cimento temos a substituição de um hidrogênio do hidrocarboneto aromático por um grupo alquila,
chamamos essa reação de Alquilação ou por um grupo acila, chamamos essa reação de Acilação, am-
bas esquematizadas na Fig.9.

Figura 9: Mecanismo de reação de Alquilação e Acilação. – Própria Autoria

As reações de alquilação e Acilação são observadas em cadeias aromáticas e possuem como produto
final cadeias substituídas ou mistas.

PARA SABER MAIS:


Tema: Reação de Substituição
Site: Estude em Casa
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/12MVnB4McZV_4gt1P6lDJyLyccO3GsbAu/view. Acesso
em: 27 jul. 2021.

ATIVIDADES
1 - Equacione a reação de nitração do benzeno:

2 - Equacione a reação do etano com bromo, na presença de catalisador AlCl3.

85
3 - (Cesgranrio-RJ) No 3-metilpentano, cuja estrutura está representada a seguir, o hidrogênio mais
facilmente substituível por halogênio está situado no carbono de número:

a) 1 b) 2 c) 3
d) 4 e) 5

4 - (Mackenzie-SP) No sistema de equações a seguir, as substâncias A e B são, respectivamente:

a) metano e bromo-metano.
b) etano e bromo-etano.
c) eteno e bromo-etano.
d) propeno e 2-bromo-propeno.
e) eteno e etino.

Vimos nesta semana sobre as reações orgânicas de substituição e a formação dos pro-
dutos. Essas reações são características em alcanos e benzenos (anéis aromáticos), os
hidrogênios são substituídos por grupos ou por outros átomos. Essa substituição segue
uma regra quando a molécula de alcano apresenta mais de três carbonos.

86
SEMANA 4

EIXO TEMÁTICO:
Materiais - Aprofundamento.

TEMA/TÓPICO(S):
Reações Orgânicas.

HABILIDADE(S):
(EM13CNT310X) Investigar e analisar os compostos orgânicos e suas reações.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Reações Químicas, Reações de adição.

TEMA: Reação Orgânica II


Caro (a) estudante, nesta semana daremos continuidade aos estudos das reações orgânicas, abordare-
mos reações de adição. Essas reações envolvem hidrocarbonetos insaturados, devido a fragilidade das
ligações π (pi).

APRESENTAÇÃO
Reações de Adição
As reações de adição têm como reagentes compostos insaturados, ou seja, que possuem ligações du-
plas ou triplas. Nas condições ideais, a ligação dupla ou tripla entre dois átomos de carbono pode ser
“quebrada” e os elétrons, que eram compartilhados entre os átomos de carbono, passam a ser compar-
tilhados com átomos de outros elementos “adicionados” à molécula, numa ligação simples.
Hidrogenação
Consiste na reação de um hidrocarboneto insaturado (alcenos e alcinos) com gás hidrogênio (H2), que é
catalisada por níquel (Ni), platina (Pt) ou paládio (Pd). Recebe também o nome de hidrogenação catalí-
tica e tem como produto um alcano ou alceno, dependendo da molécula insaturada de origem (Fig.10).

Figura 10: Mecanismo de Hidrogenação de alcenos e alcinos. – Própria Autoria

87
Adição de Halogênios
A adição de cloro, Cl2 (g), bromo, Br2 (l), ou iodo, I2 (g), a hidrocarbonetos insaturados é ativada na pre-
sença de luz (λ). Produz moléculas com dois halogênios em átomos de carbono vizinhos. A adição segue
os mesmos moldes da hidrogenação (Fig.11).

Figura 11: Mecanismo de Adição de Halogênios de alcenos e alcinos. – Própria Autoria

Adição de Haletos de Hidrogênio


A adição de haletos de hidrogênio – cloreto de hidrogênio, HCl; brometo de hidrogênio, HBr, ou iodeto
de hidrogênio, HI – a hidrocarbonetos insaturados, em geral, segue a regra estabelecida experimental-
mente em 1869 pelo químico Vladimir Vasilyevich Markovnikov (1838-1904), da Universidade de Kazan
(cidade da Rússia) e diretor da Universidade de Moscou. Segundo se observou, o hidrogênio do haleto
liga-se ao átomo de carbono mais hidrogenado da dupla (o que tem mais ligações com hidrogênio).
A adição de água, HOH, a alcenos também segue a regra de Markovnikov.

Figura 12: Mecanismo de Adição de Haletos de Hidrogênio e água. – Própria Autoria

Na semana anterior vimos que os hidrocarbonetos aromáticos sofrem reações de substituição. Mas você
se pergunta: já que o anel benzênico é insaturado, por que ele não sofre adição? Na realidade não existem
duplas ligações, devido à ressonância. As ligações entre carbonos têm caráter intermediário entre sim-
ples e dupla. Por essa razão, o benzeno não costuma realizar reações de adição, e sim reações de subs-
tituição. No entanto, é possível forçar uma reação de adição em determinadas condições. É importante
ressaltar que existem outros tipos de reações orgânicas, além das reações de substituição e adição, mas
devido ao tempo reduzido não iremos abordar as demais nesse Plano de Estudo.

88
PARA SABER MAIS:
Tema: Reação de Adição.
Site: Estude em Casa
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1Jyf1jpW6d42CR2DoYF0LI5xqEssPOOj_/view. Acesso
em: 29 jul. 2021.

ATIVIDADES
1 - Represente a fórmula estrutural do produto das reações de 1 mol de propino com H2 em excesso:

2 - Represente a fórmula e o nome do produto que se espera obter na reação de hidrogenação catalítica
da ligação dupla da molécula de pent-2-eno:

3 - (Ufac) Quando um alceno sofre o processo de hidrogenação, forma-se como produto:


a) um alcano. d) um aldeído.
b) um alcino. e) outro alceno.
c) um hidrocarboneto aromático.

4 - (FEI-SP) Qual das substâncias abaixo é produzida pela hidratação do acetileno?


a) etileno. d) acetaldeído.
b) etanol. e) ácido acético.
c) acetona.

Vimos nesta semana sobre as reações orgânicas de adição e a formação dos produtos.
Essas reações são características em alcenos e alcinos, as ligações π (pi) são rompidas e
outros grupos ou elementos são adicionados às moléculas gerando um ou mais produtos.
Essa substituição também segue uma regra específica quando a molécula apresenta mais
de três carbonos.

89
SEMANA 5

EIXO TEMÁTICO:
Materiais - Aprofundamento.

TEMA/TÓPICO:
Macromoléculas.

HABILIDADE(S):
(EM13CNT310X) Identificar e relacionar os fenômenos relacionados às macromoléculas, sua composição e
reações.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Macromoléculas, Polímeros, Plásticos, Meio Ambiente.

TEMA: Macromolécula
Caro (a) estudante, nesta semana você vai conhecer sobre as macromoléculas obtidas pela combinação
de um número imenso de moléculas pequenas. Existem polímeros naturais e artificiais, nessa semana
iremos estudar os artificiais.

APRESENTAÇÃO
Borracha
A borracha natural é extraída das árvores de seringueira. O primeiro uso da borracha natural para fins
práticos é atribuído a povos indígenas da bacia amazônica. Já a borracha sintética é obtida por meio do
petróleo e foi produzida pela primeira vez na Alemanha, no início do século XX.
A borracha e os produtos dela derivados são tão comuns no nosso cotidiano que muitas vezes não nos
damos conta de sua importância ou das vantagens que esse material apresenta em relação a outros.
Dados divulgados pelo Ministério da Agricultura do Brasil estimam que o consumo global das borrachas
natural e sintética atingirá a soma de 28 milhões de toneladas em 2020. À medida que a economia mun-
dial cresce, a demanda de produtos de borracha também aumenta criando um problema de descarte
inadequado. A borracha, assim como outros plásticos, é um exemplo de polímero.
(Trecho removido Livro Ser Protagonista)

Macromoléculas – Polímeros
Em 1930, por meio de reações de adição, foi possível unir várias moléculas de eteno (nome trivial: eti-
leno), criando um composto de alta massa molecular, o polietileno. O polietileno é de grande utilidade
em nossa vida cotidiana, sendo o material usado, por exemplo, para fabricar alguns brinquedos e sacos
plásticos para embalar compras e acondicionar lixo. Modo genérico, o reagente chamamos de monô-
mero e o produto final recebe o nome de polímero e a reação é denominada polimerização (Fig.13).

Figura 13: Reação de polimerização – PERUZZO e CANTO

90
As proteínas, que constituem nosso organismo, a celulose dos vegetais, o material genético dos seres
vivos, também são polímeros, ou seja, são moléculas muito grandes formadas pela união de unidades
moleculares pequenas, os monômeros. Para as proteínas, celulose e moléculas de DNA os monômeros
recebem outros nomes, respectivamente aminoácidos, glicose e ácidos nucleicos.
Os polímeros podem ser classificados como naturais ou artificiais. Os polímeros naturais seriam o ami-
do, a seda, a teia de uma aranha, a borracha natural, entre outros. Enquanto que no grupo dos polímeros
artificiais estão o polietileno, o náilon, a borracha sintética, acrílico, e toda a gama de tipos de plásticos.
O recurso dos polímeros artificiais supera os naturais, esse consumo e uso em excesso deve-se à
combinação de baixos custos de produção, versatilidade, ótima resistência e boa aparência. O maior
problema em geral é a poluição que causam ao meio ambiente devido ao descarte inadequado e a sua
estabilidade, uma vez que permanecem milhões de anos sob condições adversas sem se degradar.

Polímeros de Adição
São macromoléculas resultantes da combinação de monômeros sem a perda de massa, obtidos por
reações de polimerização por adição, por meio da soma dos monômeros. Nesse tipo de reação a mo-
lécula possui dupla ligação, a ligação π (pi) é quebrada permitindo a união sucessiva das moléculas,
gerando um único produto.

Imagem 14: Formação do polietileno. – Própria Autoria

Síntese da Borracha
A borracha é obtida a partir do monômero metilbut-1,3-dieno, conhecido como
isopreno. A natural, também denominada cauchu (do idioma indígena), pode ser
extraída da seringueira. Cerca de 30% do total de polímeros do tipo elastômeros
consumidos mundialmente são borracha natural dessa árvore.
A matéria prima látex é obtida fazendo-se incisões na árvore, de modo que o lí-
quido se acumule em pequenas tigelas, que devem ser recolhidas com frequên-
cia. O látex é então transportado para estações centrais, onde é coado e recebe
adição de amônia, NH3 gasosa, que atua como conservante.
A borracha é separada por um processo conhecido como coagulação, a borra-
cha separa-se do líquido na forma de uma massa branca, pastosa, que é moí-
Imagem 15: Extração da
da e processada para remover contaminantes e secar. A borracha comercial é
borracha natural - REIS embarcada em fardos de tamanho conveniente, sendo suficientemente estável
para ser estocada durante vários anos.

91
PARA SABER MAIS:
Tema: Polímeros: conceito e classificação
Canal: Química com Prof. Paulo Valim
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OxQ32K84jEM>. Acesso em: 29 jul. 2021.

ATIVIDADES
1 - Os polímeros artificiais representam um grande avanço na produção de materiais, no entanto, tornou-
se uma das preocupações mundiais, segundo a revista de pesquisa da Fapesp, no artigo Planeta Plástico:
esse é um problema de grandes proporções que aflige o planeta: o consumo desenfreado de plásticos
e a poluição gerada por seu descarte inadequado. Estima-se que 8,9 bilhões de toneladas de plásticos
primários (ou virgens) e secundários (produzidos de material reciclável) já foram fabricados desde
meados do século passado, quando os plásticos começaram a ser produzidos em escala industrial.
Cerca de dois terços desse total, ou 6,3 bilhões de toneladas, viraram lixo, enquanto 2,6 bilhões de
toneladas ainda estão em uso. O cientista ambiental Marcus Eriksen, cofundador e diretor do 5 Gyres
Institute, entidade com sede na Califórnia focada na redução da poluição plástica nos mares. “É até
possível remover todo o plástico marinho, mas levaria tanto tempo e custaria tanto dinheiro que não
valeria a pena”.
Diante do texto faça uma pesquisa em livros, artigos e internet (quando for possível) e escreva um pe-
queno texto de 4 a 6 linhas com possíveis ações para sanar ou mesmo minimizar os impactos ambien-
tais causados pelos polímeros artificiais (plásticos).

2 - O monômero propileno é usado na fabricação de para-choques de automóveis, peças moldadas


e tapetes, uma substância cuja fórmula estrutural a seguir, indique a fórmula estrutural do polímero
de adição.

92
3 - (Ceeteps-SP) A estrutura de polímero “orlon”, utilizado em materiais têxteis, pode ser representada
da seguinte forma:

A partir dessa estrutura, e sabendo-se que o “orlon” é um polímero obtido por adição, pode-se concluir
que o monômero que forma tal polímero é:
a) CH3 – CH2 – CN
b) CN – CH = CH – CN
c) CH3 – CN – CH3
d) CH2 – CH = CN
e) CH2 = CH – CN

4 - (Fuvest-SP) Constituindo fraldas descartáveis, há um polímero capaz de absorver grande quantidade


de água por um fenômeno de osmose, em que a membrana semipermeável é o próprio polímero. Dentre
as estruturas

aquela que corresponde ao polímero adequado para essa finalidade é a do:


a) polietileno.
b) poli(acrilato de sódio).
c) poli(metacrilato de metila).
d) poli(cloreto de vinila).
e) politetrafluoroetileno.

Vimos nesta semana o conceito de polímeros, um tipo de macromolécula artificial. Alguns


polímeros podem ser obtidos pela reação orgânica de adição, conhecidos como polímeros
de adição. Vimos também o contexto da borracha natural e sintética.

93
SEMANA 6

EIXO TEMÁTICO:
Materiais - Aprofundamento.

TEMA/TÓPICO(S):
Macromoléculas.

HABILIDADE(S):
Identificar e relacionar os fenômenos relacionados às macromoléculas, sua composição e reações.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Compostos Bioquímicos.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Biologia.

TEMA: Polímeros Naturais


Caro (a) estudante, chegamos a nossa última semana deste ano, foi uma longa jornada até aqui e hoje
iremos finalizar compreendendo melhor como a química também está presente nos nossos alimentos,
no nosso organismo e até nos nossos fios de cabelo e não de uma forma negativa.

APRESENTAÇÃO
Compostos presentes em seres vivos
O funcionamento dos organismos vivos depende de inúmeros processos químicos que envolvem as
substâncias químicas presentes nesses organismos. Incluem-se entre tais processos a produção de
substâncias necessárias ao crescimento e à manutenção dos tecidos vivos, o aproveitamento de nu-
trientes energéticos, a degradação de substâncias não necessárias e o armazenamento do excedente
de alimento energético sob forma apropriada. Tais processos são estudados pela Bioquímica, ciência
estreitamente vinculada à Química Orgânica.
Inúmeras moléculas orgânicas existem nos organismos vivos e são essenciais ao seu funcionamento
saudável. Elas apresentam estruturas com um ou mais grupos funcionais orgânicos e são de extrema
importância para a manutenção da vida. Fazer um paralelo entre as funções orgânicas presentes nas
macromoléculas e suas características é um dos objetivos da Bioquímica. É importante relembrar que
as macromoléculas orgânicas também são conhecidas como polímeros naturais como foi estudado na
semana anterior.
Esta semana iremos fornecer noções sobre a composição química e a estrutura dessas moléculas. Po-
rém, antes de estabelecer os grupos e funções, vamos definir melhor no nosso imaginário o que é uma
macromolécula orgânica.

As macromoléculas naturais ou biomoléculas são moléculas orgânicas que possuem elevada massa,
apresentam unidade de repetição (com algumas exceções)

94
Para exemplificar o conceito de macromolécula analisaremos a fibra capilar, ou seja, a estrutura do fio
de cabelo. O principal constituinte é a proteína Queratina, mas como o átomo que forma uma molécula
chega ao fio? A macromolécula é um agrupamento de moléculas menores, no caso das proteínas tra-
ta-se dos aminoácidos, as queratinas sofrem envelopamento para formar as microfibras, o conjunto
dessas formam as macrofibras que constituem o núcleo do cabelo, córtex e escamas (Fig.16).

Figura 16: Infográfico da constituição capilar. – Própria Autoria

Como se pode observar o átomo é o constituinte de uma molécula de aminoácido, o conjunto de ami-
noácidos formam a Queratina, o conjunto de Queratina envelopadas formam a microfibras, as microfi-
bras acumuladas formam as macrofibras e essas formam o núcleo capilar, córtex e cutículas.
Além das proteínas temos outras macromoléculas, ou compostos bioquímicos, como os ácidos nuclei-
cos, lipídios e carboidratos. Cada um desses compostos é formado por unidades menores e essas uni-
dades apresentam uma ou mais funções orgânicas (Fig.17).

Figura 17: Relação entre macromoléculas orgânicas e as funções orgânicas. – Própria Autoria

95
Lipídios
Os lipídios são compostos altamente energéticos e pouco solúveis em água, por isso constituem a maior
forma de armazenamento de energia do organismo. São responsáveis pela formação do tecido adiposo
(gorduroso), que ajuda a manter os órgãos e os nervos protegidos e termicamente seguros. Os lipídios
também auxiliam no transporte e na absorção de vitaminas solúveis em gordura, como as vitaminas A,
D e E, amenizam as secreções gástricas e produzem sensação de saciedade. Os lipídios são divididos
em classes, como os cerídeos, os glicerídeos e os esteroides.
Proteínas
As proteínas desempenham um papel estrutural no organismo, são responsáveis pelo desenvolvimento
da estrutura. Podemos absorver proteínas na alimentação pelas carnes, peixes, ovos, laticínios e legumi-
nosas. As proteínas podem se combinar tanto com ácidos como com bases, mantendo assim o equilíbrio
ácido-básico do sangue e dos tecidos. Como fonte de energia, assemelham-se aos carboidratos, porém a
um custo maior para o organismo, pois seu metabolismo (queima) demanda maior quantidade de energia.
Carboidratos
Os carboidratos, também chamados de hidratos de carbono, são a fonte de energia mais facilmente apro-
veitável pelo organismo. São usados pelos organismos vivos essencialmente na produção de energia. Die-
tas com restrição de carboidratos, geralmente feitas “para emagrecer”, são prejudiciais, porque forçam
a queima de gordura para obtenção de energia. Como os carboidratos são necessários para a queima da
gordura, na sua ausência essa queima (oxidação) é incompleta e produz toxinas que podem levar à a aci-
dose (diminuição do pH do sangue), ao desequilíbrio de sódio e à desidratação. Por isso é importante ter o
acompanhamento de um profissional responsável e formado para acompanhar qualquer dieta.
Ácidos Nucleicos
Os ácidos nucleicos, ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA) são as denominadas
substâncias da hereditariedade. São polímeros, que têm um papel fundamental em relação à vida.
O DNA guarda todas as informações genéticas e é responsável por todas as características físicas de
cada indivíduo. O RNA, por sua vez, tem o papel de transcrever (reproduzir) essas informações pelas
células do organismo, sintetizar proteínas e indicar a sequência de aminoácidos que deve ser formada.

PARA SABER MAIS:


Tema: Polímeros: Pirâmide Alimentar - Canal dos concurseiros.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=N7Vzs9xXoQQ>. Acesso em: 30 jul. 2021.

ATIVIDADES
1 - Com relação a molécula de glicose representada abaixo, circule e nomeie as funções orgânicas
presentes nessa estrutura.

96
2 - O cabelo é um polímero natural que contém em sua estrutura química átomos de enxofre. Pesquise
como o efeito o alisamento de cabelos e escreva um pequeno texto, de 4 a 6 linhas, sobre o papel dos
átomos de enxofre no formato do cabelo.

3 - A Albumina é uma proteína encontrada na clara do ovo. Pode-se dizer que a molécula de albumina é
um polímero, pois é uma macromolécula formada pela reação entre:

a) aminas. b) aminoácidos. c) amidas. d) ácidos carboxílicos . e) aldeídos.

4 - (Ufes) O estado do Espírito Santo é um grande produtor de polpa de celulose branqueada. A celulose
é um carboidrato fibroso encontrado em todas as plantas, sendo o polissacarídeo mais abundante na
natureza, formado pela condensação de moléculas de:

a) sacarose. b) ribulose. c) maltose. d) glicose. e) ribose.

Chegamos ao fim de mais um volume do PET, parabéns por ter chegado até aqui, mesmo diante das
adversidades desse ano. Tivemos um ano de muito estudo e grandes aprendizagens, esse ciclo se fin-
dou, porém novos desafios chegarão e esperamos que estejam preparados e animados para sua nova
jornada. Tenha fé, boa vontade e garra, juntos (Você, seus familiares, amigos, seus professores e nós
do REANP) vamos vencendo cada esta etapa.

REFERÊNCIAS:
CORREIA, P. R. M; et al. A Bioquímica como ferramenta interdisciplinar: Vencendo o desafio da inte-
gração de conteúdos no Ensino Médio. Química Nova na Escola, v. 19, n. 19, p. 19-23, 2004.
LISBOA. J. C. F; et al. Ser Protagonista: Química. v. 3, 3ª ed. editora SM, São Paulo, 2016
MELLO. L. D; COSTALLAT, G. Práticas de processamento de alimentos: alternativas para o ensino de
química em escola do campo. Química nova na escola, v. 33, n. 4, p. 223-229, 2011.
MINAS GERAIS, Secretaria do Estado de Educação. Conteúdo Básico Comum: CBC Química. Belo
Horizonte: SEE, 2007.
PERUZZO. F. M; CANTO. E. L. Química na abordagem do cotidiano, volume 3, 3ª edição, editora mo-
derna, São Paulo, 2003.
REIS. M, Química: Manual do Professor, v.3. São Paulo: Ática, 2013.

97
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: FÍSICA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
VI. Eletricidade e Magnetismo.

TEMA/TÓPICO(S):
16. Eletromagnetismo. / 48. Ímãs naturais e artificiais.

HABILIDADE(S):
48.1. Compreender as propriedades dos ímãs.
48.1.1. Compreender como funcionam os ímãs e as agulhas magnéticas.
48.1.4. Compreender como o magnetismo do planeta pode ser utilizado para orientação e localização.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Magnetismo - Ímã - Bússola.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Química - Geografia.

TEMA: Magnetismo - Ímãs


Querido(a) estudante, nesta semana você vai conhecer um pouco sobre as ori-
gem do magnetismo e sobre como funcionam o ímas e as agulhas magnéticas.
Bons estudos!
MAGNETISMO
Fenômenos magnéticos são conhecidos e analisados desde a antiguidade. Tais
fenômenos eram observados no mineral magnetita, cujo nome refere-se a uma
região da Grécia chamada Magnésia, local onde ele era encontrado. Magnésia
significa “lugar das pedras mágicas”. A magnetita é a pedra-ímã mais magnéti-
ca de todos os minerais da Terra, e a existência desta propriedade foi utilizada
para a fabricação de bússolas.

98
Figura 1: Magnetita - Museo de La Plata – Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Museo_de_La_Plata_-_Magnetita.
jpg?uselang=pt-br. Acesso em: 12 ago. 2021.

ÍMÃS
Os ímãs são materiais ferromagnéticos que possuem a propriedade de atrair ou repelir outros ímãs.
Além disso, é característica de materiais dessa natureza, chamados de ferromagnéticos, se imantarem
fortemente na presença de um campo magnético. Hoje em dia, tem-se uma grande variedade de ímãs,
naturais e artificiais. Eles aparecem das mais variadas formas e são utilizados desde enfeites para ge-
ladeiras até a aplicação tecnológica.
PROPRIEDADES DOS ÍMÃS
Todos os ímãs, independentemente de sua forma ou aplicação, possuem dois polos magnéticos que são
chamados de polo norte (N) e polo sul (S).

Figura 2: Ímã - Elaborada pelo autor

Polos magnéticos iguais se repelem e polos magnéticos diferentes se atraem.

Figura 3: Atração e repulsão - Elaborada pelo autor

Uma característica importante dos ímãs, verificada experimentalmente, é a da inseparabilidade dos


polos magnéticos, ou seja, não é possível encontrar um ímã só com polo norte ou só com polo sul.
Se seccionarmos um ímã em forma de barra, surgirão dois novos ímãs, cada um com polos norte e
sul. Se continuarmos dividindo esses ímãs, obteremos ímãs cada vez menores. Conclui-se que cada
partícula que constitui o ímã é um pequeno ímã, denominado ímã elementar.

99
  
Figura 4: Inseparabilidade dos polos do imã - Elaborada pelo autor

BÚSSOLA
Ao suspendermos um ímã em forma de barra pelo seu centro, como mostra a figura abaixo, de modo
que ele fique livre para se mover, percebemos que ele se orienta aproximadamente na direção norte-
-sul. Essa propriedade possibilitou a criação da bússola, um objeto com uma agulha magnética que é
atraída para os polos magnéticos terrestres, construída basicamente por um pequeno ímã em forma
de losango, capaz de girar em torno de um eixo. A bússola é um instrumento muito utilizado até os dias
de hoje. Um avanço considerável foi obtido quando se descobriu que uma fina peça de determinados
metais poderia ser magnetizada, esfregando-a com minério de ferro já magnetizado.

  
Figura 5: Ímã suspenso - Elaborada pelo autor Figura 6: Bússola – Disponível em: https://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Radiator_key_and_compass.agr.
jpg?uselang=pt-br. Acesso em: 12 ago. 2021.

SUBSTÂNCIAS MAGNÉTICAS E NÃO MAGNÉTICAS


Um corpo possui propriedades magnéticas quando há uma predominância de ímãs orientados sobre os
demais. Nas proximidades de um ímã um corpo pode ser fortemente imantado, fracamente imantado
ou não-imantado.
Substâncias Magnéticas - são substâncias que permitem a orientação dos seus ímãs elementares.
Exemplo: ferro, níquel e algumas ligas metálicas, como o aço.
Substâncias não-magnéticas - são substâncias que não permitem a orientação dos seus ímãs elemen-
tares. Exemplo: alumínio, madeira, plástico, etc.

PARA SABER MAIS:


Como é feito um ímã? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jCL2dLh5MME. Acesso em:
12 ago. 2021.

100
ATIVIDADES
Agora é a sua vez de exercitar. Releia o texto, procure outras fontes, mostre o que você aprendeu essa
semana.

1 - (Fuvest) A figura I adiante representa um ímã permanente em forma de barra, onde N e S indicam,
respectivamente, polos norte e sul. Suponha que a barra seja dividida em três pedaços, como mostra a
figura II. Colocando lado a lado os dois pedaços extremos, como indicado na figura III, é correto afirmar
que eles:
a) se atrairão, pois A é polo norte e B é polo sul.
b) se atrairão, pois A é polo sul e B é polo norte.
c) não serão atraídos nem repelidos.
d) se repelirão, pois A é polo norte e B é polo sul.
e) se repelirão, pois A é polo sul e B é polo norte.

2 – (Ufu 2015 - adaptada) Três carrinhos idênticos são colocados em um


trilho, porém, não se encostam, porque, na extremidade de cada um deles,
conforme mostra o esquema abaixo, é acoplado um ímã, de tal forma que
um de seus polos fica exposto para fora do carrinho (polaridade externa).
Considerando que as polaridades externas dos ímãs (N – norte e S – sul) nos carrinhos são representa-
das por números, conforme o esquema a seguir, assinale a alternativa que representa a ordem correta
em que os carrinhos foram organizados no trilho, de tal forma que nenhum deles encoste no outro:

a) 1 – 2 – 4 – 3 – 6 – 5.
b) 6 – 5 – 4 – 3 – 1 – 2.
c) 3 – 4 – 6 – 5 – 2 – 1.
d) 2 – 1 – 6 – 5 – 3 – 4.
e) É impossível essa organização.

3 - (Cesgranrio-RJ) Aproxima-se uma barra imantada de uma pequena bilha de aço, observa-se que
a bilha:
a) é atraída pelo polo norte e repelida pelo polo sul.
b) é atraída pelo polo sul e repelida pelo polo norte.
c) é atraída por qualquer dos polos.
d) é repelida por qualquer dos polos.
e) é repelida pela parte mediana da barra.

101
SEMANA 2

EIXO TEMÁTICO:
VI. Eletricidade e Magnetismo.

TEMA/TÓPICO(S):
16. Eletromagnetismo. / 48. Ímãs naturais e artificiais.

HABILIDADE(S):
48.1. Compreender as propriedades dos ímãs.
48.1.3. Saber que em cada local da Terra existe uma diferença entre a direção norte-sul geográfica e a direção
norte-sul magnética denominada de declinação magnética.
48.1.2. Compreender a noção de campo magnético ao redor de um ímã e seu mapeamento através do uso de
limalha de ferro.
48.1.4. Compreender como o magnetismo do planeta pode ser utilizado para orientação e localização.
49.1.4. Compreender as propriedades magnéticas da matéria através do estudo dos materiais paramagnéti-
cos, ferromagnéticos e diamagnéticos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Campo magnético - Campo magnético terrestre - Propriedades magnéticas dos materiais.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Química - Geografia - Biologia.

TEMA: Campo Magnético


Querido(a) estudante, nesta semana você vai conhecer o conceito de campo magnético. irá compreen-
der o funcionamento da bússola, a orientação devido ao campo magnético terrestre e as propriedades
magnéticas dos materiais. Bons estudos!
CAMPO MAGNÉTICO
Analogamente ao campo elétrico, já estudado anteriormente, denomina-se cam-
po magnético a região ao redor de um ímã na qual ocorre um efeito magnético,
fazendo surgir uma força magnética que pode ser de atração ou de repulsão. Nos
materiais magnéticos, como nos ímãs naturais, o campo magnético é resultado
do alinhamento de um grande número de domínios magnéticos, que são regiões
microscópicas no interior do ímã, dotadas de um campo magnético, como se fos-
sem pequenas bússolas. A forma como os domínios magnéticos estão organiza-
dos define qual é o tipo de magnetismo presente no material.
LINHAS DE CAMPO OU LINHAS DE INDUÇÃO
A representação do campo magnético é feita por linhas de campo ou linhas de indução, que são linhas
imaginárias fechadas.
As linhas de campo não se cruzam, se orientam saindo do polo norte e entrando no polo sul. No interior
do ímã as linhas de campo vão do polo sul para o polo norte, sendo linhas fechadas. A densidade das li-
nhas representam a intensidade do campo magnético, quanto maior o número de linhas em uma região
e quanto mais próximas às linhas estiverem, maior a intensidade do campo magnético. A intensidade
do campo magnético no exterior do ímã é maior nos polos.

102
Figura 1: Linhas de campo magnético. Disponível em: https:// Figura 2: Campo magnético. Disponível em: https://commons.
mundoeducacao.uol.com.br/fisica/campo-magnetico.htm. wikimedia.org/wiki/File:Campomagnetico1.jpg.
Acesso em: 12 ago. 2021. Acesso em: 12 ago. 2021.

Cada ponto de um campo magnético é caracterizado por um vetor B denominado vetor indução mag-
nética ou vetor campo magnético. O vetor campo magnético é sempre tangente às linhas de campo.
Na figura 2 podemos observar pequenas bússolas mostrando a direção e sentido do vetor campo mag-
nético em alguns pontos do campo.
O campo magnético pode ser observado jogando-se limalhas de ferro sobre o ímã em forma de barra.
As limalhas se orientam na direção do vetor campo magnético.

Figura 3: Campo magnético Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/campo-magnetico-uniforme-forca-magnetica-


sobre-imas.htm. Acesso em: 12 ago. 2021.

CAMPO MAGNÉTICO UNIFORME


Um campo magnético é uniforme quando o vetor campo magnético é constante em todos os pontos do
campo. As linhas de campo são paralelas e equidistantes.

Figura 4: Campo magnético uniforme - Elaborada pelo autor

103
CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE
A Terra se comporta como um grande ímã, com um polo norte magnético, que fica próximo ao polo sul
geográfico e um polo sul magnético, que fica próximo ao polo norte geográfico.

Figura 5: Campo magnético terrestre. Disponível em: https://


commons.wikimedia.org/wiki/File:Earth%27s_magnetic_field,_ Figura 6: Agulha de uma bússola - Elaborada pelo
schematic.svgAcesso em: 12 ago. 2021. autor
Chamamos de polo norte da agulha magnética da bússola à extremidade que aponta para próximo do
polo norte geográfico, sendo atraída pelo polo sul magnético terrestre. O polo sul da agulha aponta para
próximo do polo sul geográfico, sendo atraído pelo polo norte magnético terrestre. Devemos lembrar
que os eixos geográfico e magnético terrestre não coincidem.
Algumas bactérias produzem biologicamente grãos de magnetita que funcionam como uma bússola
interna, utilizada para localizar alimentos. Outros animais também possuem sensores magnéticos, in-
cluindo pombos, abelhas, vespas, borboletas monarca, tartarugas marinhas e peixes. Em 1992 pesqui-
sadores descobriram minúsculos cristais magnéticos em cérebros humanos, que lembram os cristais
encontrados nas bactérias magnéticas.

ÍMÃS PERMANENTES E TRANSITÓRIOS


Os ímãs permanentes são aqueles que depois de imantados continuam com os ímãs elementares orien-
tados mesmo que não estejam mais sujeitos à ação de um campo magnético. Ímãs transitórios são
aqueles que ficam com seus ímãs elementares orientados na presença do campo magnético e perdem
a orientação na ausência desse campo.

PROPRIEDADES MAGNÉTICAS DOS MATERIAIS


As propriedades magnéticas dos materiais são classificadas de acordo com o seu comportamento
quanto à imantação:
Substâncias ferromagnéticas → são aquelas cujos ímãs elementares se orientam facilmente quando
submetidos à ação do campo magnético. Exemplos: ferro, níquel, cobalto e algumas ligas metálicas,
como o aço.
Substâncias paramagnéticas → são aquelas cujos ímãs elementares não se orientam facilmente sob a
ação de um campo magnético; a imantação é pouco intensa. Exemplos: platina, plástico, madeira, óleo,
etc.
Substâncias diamagnéticas → são aquelas cujos ímãs elementares se orientam em sentido contrário
ao vetor indução magnética, sendo, portanto, repelidas pelo ímã que criou o campo magnético. Exem-
plos: bismuto, cobre, ouro, prata, chumbo, etc.

PARA SABER MAIS:


Os super sentidos dos bichos. Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,E-
MI344744-17773,00-OS+SUPERSENTIDOS+DOS+BICHOS.html. Acesso em: 12 ago. 2021.

104
ATIVIDADES
Agora é a sua vez de exercitar. Releia o texto, procure outras fontes, mostre o que você aprendeu essa
semana.

1 - (Unirio) Os antigos navegantes usavam a bússola para orientação em alto mar, devido à sua
propriedade de se alinhar de acordo com as linhas do campo geomagnético. Analisando a figura onde
estão representadas estas linhas, podemos afirmar que:
a) o polo sul do ponteiro da bússola aponta para o polo norte geográfico,
porque o norte geográfico corresponde ao sul magnético.
b) o polo norte do ponteiro da bússola aponta para o polo sul geográfico,
porque o sul geográfico corresponde ao sul magnético.
c) o polo sul do ponteiro da bússola aponta para o polo sul geográfico,
porque o sul geográfico corresponde ao sul magnético.
d) o polo norte do ponteiro da bússola aponta para o polo sul geográfico,
porque o norte geográfico corresponde ao norte magnético.
e) o polo sul do ponteiro da bússola aponta para o polo sul geográfico,
porque o norte geográfico corresponde ao sul magnético.

2 - Tem-se três barras, AB, CD, EF, aparentemente idênticas. Experimentalmente constata-se que:
I - a extremidade A atrai a extremidade D;
II - A atrai a extremidade C;
III - D repele a extremidade E.
Então:
a) AB, CD e EF são ímãs.
b) AB é ímã, CD e EF são de ferro.
c) AB é de ferro, CD e EF são ímãs.
d) AB e CD são de ferro, EF é ímã.
e) CD é ímã, AB e EF são de ferro.

3 - (PUC-MG) - Uma bússola pode ajudar uma pessoa a se orientar devido à existência, no planeta Terra, de:
a) um mineral chamado magnetita.
b) ondas eletromagnéticas.
c) um campo polar.
d) um campo magnético.
e) não se pode orientar pela bússola.

105
SEMANA 3

EIXO TEMÁTICO:
VI. Eletricidade e Magnetismo.

TEMA/TÓPICO(S):
16. Eletromagnetismo / 49. Eletroímãs: efeitos magnéticos de correntes.

HABILIDADE(S):
49.1. Compreender o funcionamento dos eletroímãs e suas aplicações.
49.1.1. Compreender como a corrente elétrica em um fio pode gerar efeitos magnéticos.
49.1.2. Saber a regra de Ampère para determinação do sentido do campo magnético ao redor de um fio per-
corrido por uma corrente elétrica.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Campo magnético gerado por corrente elétrica.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Química.

TEMA: Campo magnético gerado por corrente elétrica


Querido(a) estudante, nesta semana você vai compreender que corrente elétrica gera campo magné-
tico e aprender a calcular o campo magnético gerado em torno de um fio condutor retilíneo percorrido
por corrente elétrica. Bons estudos!
CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR CORRENTE ELÉTRICA
Até o início do século XIX, fenômenos elétricos e fenômenos magnéticos eram estudados separada-
mente. Em 1820 o físico dinamarquês Hans Christian Oersted comprovou experimentalmente a relação
entre eletricidade e magnetismo. Ao colocar uma bússola nas proximidades de um fio condutor, perce-
beu que a agulha defletia quando este era percorrido por corrente elétrica.

Corrente elétrica gera, em torno de um fio condutor, um campo magnético.

CAMPO MAGNÉTICO GERADO EM TORNO DE UM FIO CONDUTOR RETILÍNEO


As linhas do campo magnético em torno do fio condutor retilíneo são circulares e concêntricas. Para de-
terminar o sentido do campo deve-se segurar o condutor com a mão direita. O polegar indica o sentido
da corrente elétrica e os outros dedos indicam o sentido das linhas de campo. É a regra da mão direita.

Figura 1: Campo magnético no fio condutor. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/campo-magnetico.htm.


Acesso em: 12 ago. 2021.

106
A intensidade do vetor campo magnético B gerado por um fio condutor retilíneo longo em qualquer
ponto do campo é diretamente proporcional à intensidade da corrente elétrica i e inversamente propor-
cional à distância r desse ponto ao fio, determinada pela Lei de Ampère:

Onde o termo μ0 é uma constante conhecida como permeabilidade magnética do vácuo. Por comodida-
de matemática, essa constante foi definida como:
μ0 = 4π .10-7 T . m/A
A unidade de medida do campo magnético B no SI é o tesla, representado por T.
EXEMPLO 1: (UNESP) A figura a seguir representa um condutor retilíneo, percorrido por uma corrente
i, conforme a convenção indicada. O sentido do campo magnético no ponto p, localizado no plano da
figura, é

a) contrário ao da corrente.
b) saindo perpendicularmente da página.
c) entrando perpendicularmente na página.
d) para sua esquerda, no plano do papel.
e) para sua direita no plano do papel.

Resolução: Utilizando a regra da mão direita, “seguramos” o fio. O polegar se-


gue o sentido da corrente elétrica (para cima). Os outros dedos representam
o sentido do campo magnético B. Como no ponto P os dedos “entram” na fo-
lha, esse será o sentido do vetor campo magnético, que é representado por
um X, conforme a figura. Resposta correta: letra (c).

EXEMPLO 2: Calcule a intensidade do campo magnético produzido por um fio condutor retilíneo, per-
corrido por uma corrente elétrica constante de 1,5 A, a uma distância de 60 cm do fio.
Dado: μ0 = 4π . 10 –7 T.m/A

Resolução: Extraindo os dados do problema e fazendo as conversões de unidades necessárias:


i = 1,5 A r = 60 cm = 0,6 m μ0 = 4π . 10 –7 T.m/A
B = (μ0 . i) / (2 . π . r)
B = (4π.10 –7 . 1,5) / (2 . π . 0,6)
B = (6 . π . 10 –7) / (1,2 . π )
B = 5 . 10 –7 T

107
EXEMPLO 3: Dois fios retos, paralelos e longos conduzem correntes constantes, de sentidos opostos e
intensidades iguais (i = 50 A), conforme a figura. Sendo d = 2 m, r = 10 m e μ0 a permeabilidade magnética
do vácuo, a intensidade do campo magnético que essas correntes estabelecem em P é:

Resolução: Primeiramente calculamos do campo magnético gerado pelo fio 1 no ponto P:


São dados: → i = 50 A
→ distância do fio 1 ao ponto P → d + r = 2 + 10 = 12 m
→ sentido do campo “entrando na folha” (regra da mão direita)
B1 = (μ0 . i) / (2 . π . r)
B1 = (μ0 . 50) / (2 . π . 12)
B1 = (50 . μ0 ) / (24 . π)
B1 = (25 . μ0 ) / (12 . π)

Calculamos do campo magnético gerado pelo fio 2 no ponto P:


i = 50 A
distância do fio 2 ao ponto P → r = 10 m
sentido do campo “saindo da folha” (regra da mão direita)

B2 = (μ0 . i) / (2 . π . r)
B2 = (μ0 . 50) / (2 . π . 10)
B2 = (50 . μ0 ) / (20 . π)
B2 = (5 . μ0 ) / (2 . π)

Calculamos do campo magnético resultante no ponto P:


BR = B2 - B1
BR = [(5 . μ0 ) / (2 . π)] - [(25 . μ0 ) / (12 . π)]
BR = (5 . μ0 ) / (12 . π) T
Resposta correta: letra (a).

108
PARA SABER MAIS:
Lei de Biot Savart Regra da mão direita. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=5V5MRo7A5RA.
Ampère, Biot Savart, Gauss e outras leis do eletromagnetismo. Disponível em: https://educacao.uol.
com.br/disciplinas/fisica/ampere-biot-savart-e-gauss-outras-leis-do-eletromagnetismo.htm. Acesso
em: 12 ago. 2021.

ATIVIDADES
Agora é a sua vez de exercitar. Releia o texto, procure outras fontes, mostre o que você aprendeu essa
semana.

1 - (FESP-PE) Um fio condutor retilíneo e muito longo é percorrido por uma corrente de intensidade
2,0 A. Qual a intensidade do campo magnético do fio a 50 cm?

2 - (UFRS) A figura abaixo mostra dois fios condutores, R e S, retilíneos,


paralelos e contidos no plano da página. As setas indicam os sentidos
opostos de duas correntes elétricas convencionais de mesma intensidade,
que percorrem os fios. Em R ela vai para esquerda e em S para direita.
Indique se o sentido do campo magnético resultante, produzido pelas
correntes elétricas, é para dentro ou para fora da página em cada um dos
pontos 1, 2 e 3, respectivamente:
a) dentro, fora, dentro.
b) dentro, dentro, dentro.
c) fora, fora, dentro.
d) dentro, fora, fora.
e) fora, dentro, fora.

3 - (OSEC-SP) Dois fios longos são percorridos por correntes de


intensidades 3,0 A e 4,0 A nos sentidos indicados na figura. O vetor
campo de indução magnética no ponto P, que dista 2,0 cm de i1
e 4,0 cm de i2, é:
a) 5,0 x 10-5 T, perpendicular ao plano da figura, para fora.
b) 5,0 x 10-5 T, perpendicular ao plano da figura, para dentro.
c) 1,0 x 10-5 T, perpendicular ao plano da figura, para fora.
d) 1,0 x 10-5 T, perpendicular ao plano da figura, para dentro.
e) nula.

109
SEMANA 4

EIXO TEMÁTICO:
VI. Eletricidade e Magnetismo.

TEMA/TÓPICO(S):
16. Eletromagnetismo / 49. Eletroímãs: efeitos magnéticos de correntes.

HABILIDADE(S):
49.1. Compreender o funcionamento dos eletroímãs e suas aplicações.
49.1.3. Saber relacionar a corrente elétrica em uma espira, em uma bobina, ou em um solenoide com a forma
do campo magnético gerado no seu interior.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Campo magnético gerado por um espira, bobina chata e solenoide percorridos por corrente elétrica.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Química.

TEMA: Campo magnético gerado por um espira, bobina chata e solenoide percorridos por corrente
elétrica.
Querido(a) estudante, nesta semana você vai aprender a determinar a intensidade, a direção e o sentido
de um campo magnético gerado por espira circular, bobina chata e solenoide. Bons estudos!

CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR UMA ESPIRA CIRCULAR


No caso da espira circular percorrida pelo campo utiliza-se também a regra da mão direita. Quando a
corrente circula no sentido horário, o campo entra no interior da espira e quando a corrente circula no
sentido anti-horário o campo sai do interior da espira.

Figura 2: Campo saindo no interior da espira - corrente Figura 3: Campo entrando no interior da espira - corrente
elétrica no sentido anti-horário - Elaborada pelo autor elétrica no sentido horário - Elaborada pelo autor

A intensidade do vetor campo magnético no centro da espira de raio R percorrida por uma corrente
elétrica de intensidade i é dada pela expressão:

110
EXEMPLO 1: (Osec-SP) Uma espira circular de raio π cm é percorrida por uma corrente de intensidade
2,0 A, conforme mostra a figura. Qual é a intensidade, direção e sentido do campo magnético no centro
da espira? (µo = 4π x 10-7 Tm/A)
Resolução: São dados: R = π cm = π x 10-2 m i = 2,0 A µo = 4π x 10-7 Tm/A
B = (μ0 . i) / (2 . R)
B = (4π x 10-7 . 2,0) / (2 . π x 10-2 )
B = (8 x 10-7 ) / (2 x 10-2 )
B = 4 x 10-5 T
direção e sentido do campo “saindo do plano da folha” (regra da mão direita)

EXEMPLO 2: (Osec-SP) Duas espiras circulares, concêntricas e coplanares, de raios 3 m e 4 m, são per-
corridas por correntes de 3 A e 4 A respectivamente, como mostra a figura. Qual a intensidade do vetor
indução magnética no centro das espiras?
Resolução: Primeiramente calculamos do campo magnético gerado pela corrente i1 no centro da espira:
São dados: i1 = 4 A r1 = 4 m

direção e sentido do campo “saindo do plano da folha” (regra da mão direita)

B1 = (μ0 . i) / (2 . R)
B1 = (4π x 10-7 . 4) / (2 . 4)
B1 = (16π x 10-7) / (8)
B1 = 2π x 10-7 T

Calculamos do campo magnético gerado pela corrente i1 no centro da espira:


São dados: i2 = 3 A r2 = 3 m
direção e sentido do campo “entrando do plano da folha” (regra da mão direita)

B2 = (μ0 . i) / (2 . R)
B2 = (4π x 10-7 . 3) / (2 . 3)
B2 = (12π x 10-7) / (3)
B2 = 2π x 10-7T
Calculamos do campo magnético resultante no ponto P:

BR = B2 - B1
BR = 2π x 10-7 - 2π x 10-7
BR = 0

CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR UMA BOBINA CHATA


Para N espiras circulares justapostas (bobina chata) a intensidade do vetor B no centro da espira vale:

111
CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR UM SOLENOIDE
O solenoide é um dispositivo constituído de um fio condutor enrolado em forma de espiras não-jus-
tapostas. Recebe também o nome de bobina longa ou eletroímã. Tem larga aplicação industrial pois,
quando percorrido por corrente elétrica, se comporta como um ímã. Os eletroímãs industriais têm suas
intensidades reforçadas pela introdução de um núcleo de ferro no interior da bobina.
A intensidade do vetor campo magnético B no interior de um solenoide de comprimento L constituído
por N espiras, ao ser percorrido por uma corrente elétrica de intensidade i é dada por:

Nas bobinas, o campo magnético concentra-se em seu interior, como mostra a figura.

Figura 4: Campo magnético no solenoide. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/campo-magnetico.htm.


Acesso em: 12 ago. 2021.

EXEMPLO 3: (OSEC-SP) Um solenoide compreende 5000 espiras por metro. A intensidade do vetor in-
dução magnética originada na região central pela passagem de uma corrente elétrica de 0,2 A é de:
a) 4π x 10-4 T. b) 8π x 10-4 T. c) 4π x 10-3 T. d) 2π x 10-4 T. e) nda

Resolução: São dados: i = 0,2 A N = 5000 espiras L=1m


B = (μ0 . N . i) / L
B = (4π x 10-7 . 5000 . 0,2) / 1
B = 4π x 10-3 T
Resposta correta: letra (a).

PARA SABER MAIS:


A Lei de Ampère - Experimentos - Campo magnético espira circular. Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=8XDrGliYpIo. Acesso em: 12 ago. 2021.

112
ATIVIDADES
Agora é a sua vez de exercitar. Releia o texto, procure outras fontes, mostre o que você aprendeu essa
semana.

1 - (OSEC-SP) Uma espira circular de 4 cm de diâmetro é percorrida por uma corrente


de 8,0 A (veja figura). Seja µo = 4π x 10-7 Tm/A. O vetor campo magnético no centro da
espira é perpendicular ao plano da figura e orientado para:
a) fora e de intensidade 8,0π x 10-5 T
b) dentro e de intensidade 8,0π x 10-5 T
c) fora e de intensidade 4,0π x 10-5 T
d) dentro e de intensidade 4,0π x 10-5 T
e) dentro e de intensidade 2,6π x 10-5 T

2 - (UFBA) Duas espiras circulares, concêntricas e coplanares, de raios R1 e R2, sendo R1 = 2/5 R2, são
percorridas respectivamente pelas correntes elétricas de intensidade i1 e i2; o vetor campo magnético
resultante no centro da espira é nulo. A razão entre i1 e i2 é igual a:
a) 0,4.
b) 1,0.
c) 2,0.
d) 2,5.
e) 4,0.

3 - (PUC-SP) Nos pontos internos de um longo solenoide percorrido por corrente elétrica contínua as
linhas de força do campo magnético são:
a) radiais com origem no eixo do solenoide.
b) circunferências concêntricas.
c) retas paralelas ao eixo do solenoide.
d) hélices cilíndricas.
e) não há linhas de força, pois o campo magnético é nulo no interior do solenoide.

4 - (UFPA) É dado um solenoide retilíneo, de comprimento 100 cm, contendo espiras em número N = 20000,
percorrido por corrente de intensidade i = 5,0 A. Sendo µo = 4π x 10-7 unidades SI a permeabilidade magnética
no vácuo, a intensidade do vetor indução magnética B na região central do solenoide, em T, é de:
a) 4π x 1011.
b) 1π/(4) x 1011.
c) 4π x 10-7.
d) 4π x 10-5.
e) 4π x 10-2.

113
SEMANA 5

EIXO TEMÁTICO:
VI. Eletricidade e Magnetismo.

TEMA/TÓPICO:
16. Eletromagnetismo. / 51. Ondas Eletromagnéticas.

HABILIDADE(S):
51.1 Compreender o conceito de onda eletromagnética e suas aplicações.
51.1.1 Compreender como são produzidas as ondas eletromagnéticas.
51.1.3 Compreender que o espectro eletromagnético inclui ondas de rádio, microondas, infravermelho, luz
visível, ultravioleta, raios-X, e raios gama.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Ondas eletromagnéticas - Espectro eletromagnético.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Química.

TEMA: Ondas eletromagnéticas - Espectro eletromagnético


Querido(a) estudante, nesta semana você vai conhecer o que são ondas eletromagnéticas, compreen-
der a relação entre o tipo de onda e sua frequência e identificar os tipos de ondas eletromagnéticas no
espectro eletromagnético. Bons estudos!

ONDAS ELETROMAGNÉTICAS
Se movimentarmos um bastão em um balde de água, produziremos ondas mecânicas em sua superfí-
cie. De maneira análoga, se balançarmos um bastão eletricamente carregado no ar, produziremos on-
das eletromagnéticas. Isso ocorre porque cargas elétricas em movimento constituem uma corrente
elétrica. Corrente elétrica gera campo magnético, corrente elétrica variável gera campo magnético va-
riável e campo magnético variável gera campo elétrico. Se o campo magnético oscila, o campo elétrico
também oscila, criando as ondas eletromagnéticas.
As ondas eletromagnéticas são geradas pela movimentação de cargas, então podemos dizer que uma
carga elétrica em movimento de vibração gera uma perturbação periódica no espaço, em forma de
campos elétricos e magnéticos que oscilam com a mesma frequência de vibração da carga.

Figura 1: Onda eletromagnética. Disponível em: https://pixabay.com/pt/vectors/ondas-eletromagn%C3%A9ticas-1526374/.


Acesso em: 12 ago. 2021.

114
Os campos elétrico e magnético de uma onda eletromagnética são perpendiculares entre si e perpen-
diculares à direção da propagação da onda.

CARACTERÍSTICAS DAS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS


• Não necessitam de um meio físico para propagarem-se.
• São transversais, a direção de propagação é perpendicular à direção do estímulo que as produz.
• Propagam-se nas três direções do espaço, portanto, são ondas de propagação tridimensional.
• Podem sofrer diversos tipos de fenômenos, como reflexão, refração, absorção, difração, inter-
ferência, dispersão, espalhamento, polarização etc.
• Sua velocidade de propagação depende exclusivamente do meio em que elas se propagam, uma
vez que cada meio apresenta um determinado índice de refração.
Além dessas, existem características físicas que distinguem uma onda eletromagnética de outra,
confira:
Amplitude - Em uma onda eletromagnética, duas grandezas estão oscilando: o campo elétrico e o cam-
po magnético. Cada um desses campos possui uma amplitude que é dada pelo valor máximo de cada
campo e tem relação com a energia que a onda é capaz de transferir a cada segundo.
Frequência - A frequência f de uma onda é a medida do número de oscilações que seus campos elétrico
e magnético realizam durante um segundo. No SI, a frequência é determinada em s-1, conhecido como
hertz (Hz). A frequência de uma onda é determinada pela fonte no instante de sua geração e não muda
durante a propagação da onda, mesmo que ela passe por diferentes meios.
Múltiplos do hertz mais usados:
1 kHz (quilohertz) = 103 Hz; 1 MHz (megahertz) = 106 Hz; 1 GHz (gigahertz) = 109 Hz; 1 THz (terahertz) = 1012 Hz
Comprimento de onda - O comprimento de onda equivale à distância entre duas cristas ou dois vales da
onda eletromagnética. Diz respeito à distância que uma onda percorre até que se complete uma oscila-
ção do campo elétrico. É indicado pela letra grega λ (lambda).
Submúltiplos do metro mais usados:
1 mm (milímetro) = 10-3 m; 1 µm (micrômetro) = 10-6 m; 1 nm (nanômetro) = 10-9 m; 1 pm (picômetro) = 10-12 Hz
Velocidade - A velocidade de propagação de uma onda eletromagnética v depende do meio onde ela se
propaga. Ela é medida, no SI, em metros por segundo. Diversos experimentos demonstraram que todas
as ondas eletromagnéticas se propagam no vácuo com a mesma velocidade, chamada velocidade da luz
no vácuo e representada pela letra c (c ≈ 300 000 km/s ≈ 300 000 000 m/s).
Durante um intervalo de tempo T (período da onda), ela se propaga pela distância de um comprimento
de onda λ. Pela distância percorrida e pelo tempo gasto, podemos definir a velocidade v de propagação
dessa onda como:

v → velocidade de propagação da onda (m/s)


v=λ.f λ → comprimento da onda (m)
como: f = 1/T ,então: f → frequência de oscilação da onda (Hz)
v=λ/f T → período da onda - tempo gasto para uma
oscilação completa(s)

115
ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
Espectro eletromagnético é o intervalo de todas as frequências de ondas eletromagnéticas existentes.
O espectro eletromagnético é, geralmente, apresentado em ordem crescente de frequências e decres-
cente de comprimento de onda, começando pelas ondas de rádio, passando pela radiação visível até a
radiação gama, de maior frequência.

Figura 2: Espectro eletromagnético. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Espectro_EM_pt.svg.


Acesso em: 12 ago. 2021.

O espectro eletromagnético é constituído pelas seguintes faixas de frequências de ondas


eletromagnéticas:
• Radiofrequência: as ondas de rádio são as ondas de menor energia de todo o espectro
eletromagnético.
• Micro-ondas: possuem frequência um pouco maior do que as ondas de rádio.
• Infravermelho: também conhecido como ondas de calor, transfere energia para os átomos e
moléculas, fazendo-os oscilar mais intensamente, causando um aumento de temperatura.
• Luz visível: consegue excitar os elétrons dos átomos, causando mudanças nos níveis de energia
dos átomos. De acordo com a dualidade onda/partícula, proposta pelo físico alemão Albert Eins-
tein, em seu artigo de 1905 que explica o efeito fotoelétrico, a luz pode comportar-se tanto como
uma onda quanto como um conjunto de partículas chamadas de fótons.
• Radiação ultravioleta: transporta uma grande quantidade de energia, desse modo, é capaz de
arrancar os elétrons dos átomos, ionizando-os.
• Raios x: têm capacidade de ionizar os átomos e também produzir transições de energia no nú-
cleo dos átomos, que reemitem novas frequências de raios x.
• Radiação gama: transportam uma grande quantidade de energia e, por isso, podem desestabili-
zar o núcleo dos átomos, que podem sofrer fissão nuclear.

PARA SABER MAIS:


Espectro eletromagnético - O que é? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1Eoekw4M-
PAo&t=8s. Acesso em: 12 ago. 2021.

116
ATIVIDADES
Agora é a sua vez de exercitar. Releia o texto, procure outras fontes, mostre o que você aprendeu
essa semana.

1 - Uma onda de rádio, de comprimento λ = 3 x 1010 nm (1 nm = 10-9 m)


se propaga no vácuo à velocidade c. Sabendo que c ≈ 3 x 108 m/s,
calcule a frequência dessa onda de rádio.

2 - Uma onda eletromagnética propaga-se através de um meio material com comprimento de onda e
frequência respectivamente iguais a 4 mm e 200 GHz, respectivamente. Determine qual é a velocidade
de propagação dessa onda.
a) 8,0 x 102 m/s.
b) 1,5 x 108 m/s.
c) 2,0 x 107 m/s.
d) 4,0 x 108 m/s.
e) 8,0 x 108 m/s.

3 - (UNICAMP 2014 - adaptada) A tecnologia de telefonia celular 4G passou a ser utilizada no Brasil em
2013, como parte da iniciativa de melhoria geral dos serviços no Brasil, em preparação para a Copa do
Mundo de 2014. Algumas operadoras inauguraram serviços com ondas eletromagnéticas na frequência
de 40 MHz. Sendo a velocidade da luz no vácuo c = 3,0 x 108 m/s, o comprimento de onda dessas ondas
eletromagnéticas é:
a) 1,2 m.
b) 7,5 m.
c) 5,0 m.
d) 12,0 m.
e) 40,0 m.

117
SEMANA 6

EIXO TEMÁTICO:
VI. Eletricidade e Magnetismo.

TEMA/TÓPICO:
16. Eletromagnetismo. / 51. Ondas Eletromagnéticas.

HABILIDADE(S):
51.1 Compreender o conceito de onda eletromagnética e suas aplicações.
51.1.2 Conhecer as diversas aplicações das ondas eletromagnéticas e seus impactos na vida das pessoas.
51.1.4 Conhecer alguns usos e perigos das micro-ondas, das ondas infravermelhas, e ultravioletas no nosso
cotidiano.
51.1.5 Conhecer alguns usos da onda de rádio, do infravermelho e da luz visível na comunicação.
51.1.6 Conhecer alguns usos dos raios-X e raios gama na medicina.
51.1.7 Conhecer os efeitos benéficos e danosos da radiação eletromagnética na matéria e nos organismos vivos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Ondas eletromagnéticas - Aplicações das ondas eletromagnéticas.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Química.

TEMA: Ondas eletromagnéticas - Aplicações das ondas eletromagnéticas


Querido(a) estudante, chegamos à etapa final. Falta pouco para completar seus estudos na Educação
básica. Nesta semana você vai conhecer algumas aplicações das ondas eletromagnéticas, seus impac-
tos na vida das pessoas, suas vantagens e desvantagens. Bons estudos!

ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
O espectro eletromagnético é o conjunto de todas as frequências de ondas eletromagnéticas existentes.

Espectro eletromagnético. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/espectro-eletromagnetico.htm.


Acesso em: 12 ago. 2021.

118
ONDAS DE RÁDIO
As ondas de rádio estão na menor faixa de frequência do espectro eletromagnético, portanto de menor
energia. Têm os maiores comprimentos de onda do espectro, estendendo-se de 1 mm até 100 km. São
largamente utilizadas nas tecnologias de telecomunicações.
A comunicação por ondas de rádio ou radiofrequência é utilizada em telefones celulares, internet sem
fio, rádio, televisão digital, GPS, aparelhos Wifi, bluetooth e até nas comunicações por satélite. As ima-
gens feitas do homem na Lua, por exemplo, foram transmitidas através de ondas de rádio.
A principal vantagem desse tipo de comunicação é a de que ela não precisa de fios e cabos para enviar
sinais à distância.
Como desvantagem, existe a vulnerabilidade devido às condições atmosféricas. Como as ondas de rá-
dio atravessam paredes, podem ser detectadas e usadas por usuários maliciosos e seu licenciamento é
caro. Não é recomendável utilizar ondas de rádio, em voos e hospitais, devido à possibilidade de inter-
ferência com outros aparelhos.

MICRO-ONDAS
As micro-ondas são ondas eletromagnéticas cujos comprimentos de onda estendem-se entre 1 m e
1 mm. Dessa forma, as micro-ondas encontram-se dentro do intervalo das ondas de rádio. Apesar disso,
apresentam frequências um pouco maiores que as ondas de rádio e são usadas em aplicações diferentes.
Os principais usos tecnológicos das micro-ondas são as redes sem fio (roteadores wi-fi), radares que
captam a velocidade de veículos em movimento, comunicação com satélites, observações astronômi-
cas, aquecimento de alimentos, entre outros.

INFRAVERMELHO
Apresenta frequência pouco inferior à da luz visível (300 GHz a 430 THz). Esse tipo de onda, também
conhecido como onda de calor, é capaz de aumentar a agitação térmica de átomos e moléculas. Todo
corpo emite energia na faixa do infravermelho, dependendo de sua temperatura. Quando nos aproxima-
mos de uma fogueira e sentimos o seu calor, parte da energia transmitida para nós vem em forma de
radiação térmica, transportada pelas ondas de infravermelho.
A comunicação feita por sinal infravermelho é utilizada, por exemplo, nos controles remotos. O con-
trole remoto envia mensagens codificadas por meio da luz infravermelha para o aparelho controlado,
que a decodifica.
Algumas das suas vantagens são o baixo custo dos componentes de transmissão e o fato de que não
sofre interferências de aparelhos elétricos próximos.
Uma desvantagem é a possibilidade de interrupção da transferência de dados caso algum objeto opaco
interponha-se entre os aparelhos emissor e receptor.

LUZ VISÍVEL
É aquela que pode sensibilizar os olhos dos seres humanos, uma vez que existem animais capazes de
enxergar diferentes tipos de ondas eletromagnéticas, como o infravermelho e o ultravioleta, por exem-
plo. A luz visível compreende uma estreita faixa de comprimentos de onda no espectro eletromagné-
tico, entre 700 nm e 400 nm.
O uso de luz visível ao olho humano para comunicação pode ser observado há milhares de anos. Várias
civilizações usavam o fogo para gerar sinais de fumaça. O Farol de Alexandria, foi a primeira torre que
serviu de comunicação para navios e é uma das Sete Maravilhas do Mundo antigo. Na atualidade em-
pregamos a luz de forma mais simples nas sinalizações, como em semáforos, controlando o fluxo de
veículos e pedestres e na comunicação entre navios por meio de código Morse. Hoje, para transmitir
informações utilizamos, dentre outros, o LED (diodo emissor de luz) e os cabos de fibra óptica, que fun-
cionam como meio de passagem da luz em forma de laser.
Algumas vantagens: os dados são transmitidos apenas para onde a luz está direcionada, não havendo
chance para alguém escutar a comunicação estando em outra sala. Os LEDs não aquecem e gastam

119
pouquíssima energia. A fibra óptica tem grande velocidade de transmissão e não sofre interferências
eletromagnéticas, é maleável, além de poder ser utilizada debaixo d›água e ser de fácil instalação.
Desvantagens: Os cabos de fibra óptica são subterrâneos ou sempre conectados ao chão. Eles são
pouco maleáveis, são sensíveis e podem se romper facilmente.

ULTRAVIOLETA
É considerada uma radiação ionizante, isto é, durante a sua interação com a matéria, ela é capaz de
arrancar elétrons dos átomos, causando danos a moléculas importantes, como aquelas presentes no
DNA das células epiteliais.
Os raios ultravioleta também podem ser subdivididos em raios UVA (320 nm a 400 nm), UVB (280 nm a
320 nm) e UVC (1 nm a 280 nm). Tal classificação diz respeito às formas de interação dessas frequências
de ultravioleta com os organismos vivos e com o meio ambiente.
Apesar de todas serem produzidas pelo Sol, 99% da radiação ultravioleta que chega à superfície da
Terra é do tipo UVA. A radiação UVB, menos presente, é a principal responsável pelos danos causados
à pele humana, como queimaduras e danos às moléculas de DNA das células epiteliais. O UVC, por sua
vez, é o ultravioleta de maior frequência, capaz de destruir micro-organismos e é usado na esterilização
de utensílios médicos. Toda a radiação UVC produzida pelo Sol é absorvida pela atmosfera terrestre.
Os raios ultravioleta podem ser utilizados para o bronzeamento artificial, uma vez que eles induzem a
formação de melanina; em lâmpadas fluorescentes, fazendo com que o fósforo presente nessas lâm-
padas emita luz branca; em análises de moléculas que podem sofrer alterações estruturais ao serem
expostas ao ultravioleta; e também nos tratamentos para combater o câncer de pele.
Com o aumento do buraco da camada de ozônio, ocorre um aumento na quantidade de raios ultravioleta
que chegam à superfície da Terra, fazendo com que o uso de protetores e bloqueadores solares se torne
indispensável.

RAIOS X
Os raios X são ondas eletromagnéticas com grande poder de penetração. Esse tipo de onda é capaz de
atravessar diversos tipos de tecidos, devido ao seu pequeno comprimento de onda, entre 0,01 nm e 10 nm.
São largamente utilizadas em exames de imagens, como radiografia e tomografia. Os raios X são uma
forma de radiação ionizante, uma vez que podem causar danos ao código genético das células. É por
esse motivo que a radiação X é também utilizada em sessões de radioterapia.

RAIOS GAMA
São as ondas eletromagnéticas de maior frequência em todo o espectro eletromagnético, podem ser
obtidas pelo decaimento nuclear de elementos radioativos e durante a aniquilação entre pares de par-
tículas e antipartículas ou ainda em fenômenos astronômicos de grandes proporções, como no surgi-
mento de novas e supernovas, colisões de estrelas e erupções solares. A maior parcela de raios gama
que incidem sobre a Terra tem origem em estrelas, como o nosso Sol.
A radiação gama transporta uma enorme quantidade de energia, sendo capaz de atravessar obstáculos
como paredes de concreto com relativa facilidade. Além disso, é uma radiação altamente ionizante,
capaz de causar danos irreversíveis a diversos tecidos. Apesar de seus perigos, a radiação gama é lar-
gamente usada na medicina nuclear, para o tratamento do câncer e também em cirurgias complexas,
como na remoção de tumores intracranianos.

PARA SABER MAIS:


Quer que eu desenhe? Espectro eletromagnético. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?-
v=3po0Ek5aPKE. Acesso em: 12 ago. 2021.
Efeitos biológicos das radiações eletromagnéticas. Disponível em: https://www.youtube.com/wat-
ch?v=VbhrvnfHXTA. Acesso em: 12 ago. 2021.

120
ATIVIDADES
Agora é a sua vez de exercitar. Releia o texto, procure outras fontes, mostre o que você aprendeu
essa semana.

1 - (Enem 2012) Nossa pele possui células que reagem à incidência de luz ultravioleta e produzem uma
substância chamada melanina, responsável pela pigmentação da pele. Pensando em se bronzear,
uma garota vestiu um biquíni, acendeu a luz de seu quarto e deitou-se exatamente abaixo da lâmpada
incandescente. Após várias horas ela percebeu que não conseguiu resultado algum. O bronzeamento
não ocorreu porque a luz emitida pela lâmpada incandescente é de:
a) baixa intensidade.
b) baixa frequência.
c) um espectro contínuo.
d) amplitude inadequada
e) curto comprimento de onda.

2 - (UFPR 2010) O primeiro forno de micro-ondas foi patenteado no início da década de 1950 nos Estados
Unidos pelo engenheiro eletrônico Percy Spence. Fornos de micro-ondas mais práticos e eficientes
foram desenvolvidos nos anos 1970 e a partir daí ganharam grande popularidade, sendo amplamente
utilizados em residências e no comércio. Em geral, a frequência das ondas eletromagnéticas geradas
em um forno de micro-ondas é de 2450 MHz. Em relação à Física de um forno de micro-ondas, considere
as seguintes afirmativas:
1) Um forno de micro-ondas transmite calor para assar e esquentar alimentos sólidos e líquidos.
2) O comprimento de onda dessas ondas é de aproximadamente 12,2 cm.
3) As ondas eletromagnéticas geradas ficam confinadas no interior do aparelho, pois sofrem refle-
xões nas paredes metálicas do forno e na grade metálica que recobre o vidro da porta.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente a afirmativa 2 é verdadeira.
c) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
d) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.

121
3 - (Unesp) Radares são emissores e receptores de ondas de rádio e têm aplicações, por exemplo, na
determinação de velocidades de veículos nas ruas e rodovias. Já os sonares são emissores e receptores
de ondas sonoras, sendo utilizados no meio aquático para determinação da profundidade dos oceanos,
localização de cardumes, dentre outras aplicações.
Comparando-se as ondas emitidas pelos radares e pelos sonares, temos que:
a) as ondas emitidas pelos radares são mecânicas e as ondas emitidas pelos sonares são eletro-
magnéticas.
b) ambas as ondas exigem um meio material para se propagarem e, quanto mais denso for esse
meio, menores serão suas velocidades de propagação.
c) as ondas de rádio têm oscilações longitudinais e as ondas sonoras têm oscilações transversais.
d) as frequências de oscilação de ambas as ondas não dependem do meio em que se propagam.
e) a velocidade de propagação das ondas dos radares pela atmosfera é menor do que a velocida-
de de propagação das ondas dos sonares pela água.

Querido (a) estudante,


O ano letivo terminou, encerra-se mais uma etapa em sua vida.
Grandes feitos o aguardam.
Parabéns pela conclusão do Ensino Médio!
Continue em busca de seus objetivos.
Sucesso! Seja feliz!

REFERÊNCIAS
BONJORNO, J. R. Temas de Física: eletricidade, introdução à física moderna. V. 3. São Paulo: FTD, 1997.
FERREIRA, N. A. Características dos ímãs. S.d. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/
fisica/caracteristicas-dos-imas.htm. Acesso em: 08 ago. 2021.
FRANCISCO, W. C. Bússola. S.d. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/bussola.
htm. Acesso em: 08 ago. 2021.
HELERBROCK, R. Espectro eletromagnético. S.d. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.
br/fisica/espectro-eletromagnetico.htm. Acesso em: 08 ago. 2021.
HEWITT, P. G. Física Conceitual. Trad. Triste Freire Ricci e Maria Helena Gravina. 9 ed. Porto Alegre:
Bookman, 2002.
KOBAYASHI, Eliza. Como funciona a comunicação por rádio. S.d. Disponível em: https://novaescola.
org.br/conteudo/1085/como-funciona-a-comunicacao-por-radio. Acesso em: 10 ago. 2021.
SILVA JR, J. S. Hans Christian Oersted.s.d. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/fisi-
ca/hans-christian-oersted.htm. Acesso em: 10 ago. 2021.
SILVA, D. C. M. Propriedades dos ímãs. s.d. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/fisi-
ca/propriedade-dos-imas.htm. Acesso em: 10 ago. 2021.
TEIXEIRA, M. M. Propriedades magnéticas dos materiais. s.d. Disponível em: https://mundoeduca-
cao.uol.com.br/fisica/propriedades-magneticas-dos-materiais.htm. Acesso em: 10 ago. 2021.

122
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: GEOGRAFIA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
As transformações no mundo rural.

TEMA/TÓPICO(S):
As transformações no mundo rural.

HABILIDADE(S):
Analisar o sistema de trabalho no campo nos países centrais e periféricos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Espaço rural, sustentabilidade, minifúndio, subsistência.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua Portuguesa, Sociologia, História, Biologia, Artes.

TEMA: Globalização e migrações


Caro (a) estudante, nesta semana você vai compreender o papel da globalização nos movimentos po-
pulacionais e explicar os movimentos migratórios e suas motivações políticas, econômicas, sociais
e ambientais.

POVOS EM MOVIMENTO
O verbo migrar, de acordo com o dicionário Aurélio, significa “mudar de país, ou região”. Além de mudar
de país ou região, a migração significa o ato de locomover-se de uma região para a outra independente-
mente se haverá mudança definitiva ou não.
Migração é o deslocamento populacional pelo espaço geográfico, de forma temporária ou permanente,
que desde o início da humanidade têm contribuído para a sobrevivência do ser humano. O homem quem
migra o faz por alguma razão e, muitas vezes, a sobrevivência de um determinado grupo social depende
de seu deslocamento pelo espaço, como, por exemplo, durante a pré-história, quando os primeiros se-
res humanos migravam em busca de alimento.

123
No decorrer da história da humanidade, os grandes
fluxos migratórios internacionais, ou seja, as prin-
cipais direções de migração, ocorreram, principal-
mente, por razões econômicas, mas nem sempre
se deslocaram para o mesmo sentido. Para se ter
uma ideia, entre o século XVI até as primeiras déca-
das do século XX, o principal movimento migratório
internacional ocorria da Europa para as outras re-
giões do globo, já que os países europeus foram os
grandes responsáveis pela colonização da América,
África e Ásia.
A locomoção de um local para o outro já pode ser
considerada um movimento migratório. Com isso,
existem vários tipos de migração, conforme tempo
de viagem, distância ou motivo. Vejamos algumas:
• Migração pendular: é uma das mais comuns,
pois diz respeito ao movimento que ocorre de um lu-
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/ gar para o outro diariamente. Ir à escola, depois vol-
geografia/o-que-e-migracao.htm. Acesso em 14 ago. 2021. tar para casa, ou ir a um supermercado e retornar ao
lar já são exemplos da migração pendular. É o movi-
mento que fazemos quando vamos a um local e retornamos para o local de origem no mesmo dia.
• Migração sazonal: ocorre apenas em algumas épocas do ano, como em estações do ano, ou em
épocas de colheitas na agricultura. Pode ocorrer em vários momentos, quando passamos alguns
meses em um local e depois retornamos.
• Migração externa ou internacional: deslocamentos entre países, chamada também de imigração.
• Migração de refúgio: ocorre por fatores inertes aos seres. Geralmente quem realiza esse tipo
de migração está fugindo de algo que ocorreu em seu lar original, sendo chamado de refugiado.
Essa fuga pode estar associada a fenômenos climáticos, guerras políticas, crises econômicas,
entre outros.
• Transumância: é bem parecida com a migração sazonal, mas ocorre em épocas específicas.
Esse movimento é comum nas plantações de cana-de-açúcar, quando os trabalhadores vão
para as fazendas apenas na época de colher a cana, retornando para suas casas quando o tra-
balho é finalizado.
• Êxodo rural: é o movimento que acontece quando a população rural deixa o campo e parte para
a cidade, seja em busca de novas oportunidades ou moradia, seja mesmo para mudar de ares.
• Êxodo urbano: é o reverso do êxodo rural, ou seja, quando a população urbana deixa a cidade e
vai para o campo.
• Diáspora: quando uma população inteira é dispersada de sua região local, seja à força (como os
negros na época da escravidão), seja de forma espontânea (como os hebreus quando saíram do
Egito antigo).
As migrações são as formas mais eficientes de conexão entre as sociedades, pois permitem trocas
de culturas, línguas, costumes e tradições. Há uma grande interação entre os povos quando ocorrem
movimentos migratórios, desde a Antiguidade até os dias atuais, quando eles são mais rápidos e in-
tensos. As principais causas da migração estão relacionadas a fatores econômicos, sociais, culturais
e ambientais.
Migração é um termo bastante amplo e que faz referência a todos os tipos de deslocamentos que acon-
tecem no espaço. Quando nos referimos aos processos de imigração e emigração, damos ênfase na di-
reção em que esse movimento ocorre. A imigração corresponde à chegada de uma pessoa ou um grupo
de pessoas em um determinado lugar. O ato de saída, por sua vez, é chamado de emigração.

124
ATIVIDADES
1 - Quais são os fatores que levam as pessoas a migrarem?

2 - Migrações pendulares são:


a) movimentos da população rural em direção aos grandes centros urbanos.
b) deslocamento maciço de populações urbanas em direção ao campo.
c) movimentos ligados a atividades pastoris.
d) movimentos diários de trabalhadores entre o local de residência e o local de trabalho.

3 - “O Ministério da Justiça brasileira, entre 2009 e o primeiro semestre de 2011, regularizou a permanência
no Brasil de 18.004 bolivianos. De acordo com as estatísticas, os bolivianos são a comunidade estrangeira
que mais cresce em São Paulo, e a principal motivação para esse deslocamento é a busca por emprego”.
Disponível em Bolivianos no Brasil. Acesso: 08 agosto 2021.

Nesse contexto, o deslocamento feito pelos bolivianos


a) coloca-os na condição de imigrantes em território brasileiro.
b) corresponde a um processo de migração pendular.
c) classifica-os como emigrantes no espaço brasileiro.
d) configura um processo de migração sazonal.

4 - O que é êxodo rural?

125
5 - Leia com atenção.
“Pau de Arara”
Luiz Gonzaga
Quando eu vim do sertão,
seu môço, do meu Bodocó
A malota era um saco
e o cadeado era um nó
Só trazia a coragem e a cara
Viajando num pau­de­arara
Eu penei, mas aqui cheguei (bis)
Trouxe um triângulo, no matolão
Trouxe um gonguê, no matolão
Trouxe um zabumba dentro do matolão
Xóte, maracatu e baião
Tudo isso eu trouxe no meu matola.
Disponível em: <https://www.letras.mus.br/luiz-gonzaga/261217/>. Acesso em: 14 ago. 2021.

A letra da música pode ser relacionada a qual fenômeno social?


a) Aglomeração.
b) Conurbação.
c) Êxodo Rural.
d) Transumância.

126
SEMANA 2
EIXO TEMÁTICO:
Os cenários da globalização e fragmentação.

TEMA/TÓPICO(S):
As novas fronteiras do capitalismo global: os territórios nas novas regionalizações/ Fronteiras.

HABILIDADE(S):
Analisar as causas e os efeitos da migração clandestina nos países centrais e periféricos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Lugar, Território, Região, Imigrantes, Emigrantes, ONU.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua Portuguesa, Arte, Sociologia, História, Filosofia.

TEMA: Globalização e migrações internacionais I


Caro (a) estudante, nesta semana você vai conscientizar-se da existência dos inúmeros casos de migra-
ção forçada, suas causas e consequências para as pessoas atingidas.

MIGRANTES E REFUGIADOS
Nos últimos anos, foi identificado o maior índice de deslocamento humano, no qual, cerca de 68,5 mi-
lhões de pessoas foram obrigadas a deixar os seus lares, desses 25,4 milhões são considerados refu-
giados. Os pedidos de asilo já chegam a mais de 3,1 milhões em todo o mundo. O monitoramento desses
emigrados é de responsabilidade do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR),
uma Agência da ONU que trata de assuntos para refugiados.
Refugiados são pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de persegui-
ção relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo
social ou opinião política, como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e
conflitos armados.
Segundo a ONU, na convenção em questão, para ser considerada refugiada, a pessoa precisa declarar
que se sente perseguida pelo Estado de sua nacionalidade por razões de raça, religião, nacionalidade,
grupo social ou opiniões políticas; que se ausentou de seu país em virtude desses termos ou que não
consegue a proteção do poder público pelas mesmas razões.

127
Disponível em: <https://oglobo.globo.com/mundo/de-onde-vem-os-refugiados-por-que-17480704>. Acesso em: 14 ago. 2021.

A origem da maior parte dos refugiados são países da África ou do Oriente Médio. Eles fogem por conta
de conflitos internos, guerras, perseguições políticas, ações de grupos terroristas e violência aos direi-
tos humanos. Metade do fluxo anual de refugiados são sírios, que deixam suas origens devido à guerra
civil em que o país está desde 2011.
Ao contrário do que muitas vezes se pensa, a maior parte dos refugiados realiza deslocamentos dentro
do seu próprio país ou para nações vizinhas. Apesar dos países desenvolvidos serem o grande chamariz
para quem deseja mudar de vida, a maioria acaba permanecendo em países próximos ao seu continen-
te. A razão para isso é a maior permissividade que os países menos desenvolvidos possuem e, também,
o elevado protecionismo dos países desenvolvidos, principalmente na União Europeia, que impõe pesa-
das medidas de restrições a imigrantes ilegais e também a refugiados.
Vimos que foi a partir do século XX que a questão dos refugiados chamou a atenção da comunidade
internacional para a necessidade de que fossem estabelecidas medidas para tratar a questão dos refu-
giados — isso devido à Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial e outros conflitos de grandes
proporções que levaram milhões de pessoas a se refugiarem.
As consequências, em geral, do refúgio são sentidas nos países que abrigam os refugiados. Geralmen-
te, quando há uma leva repentina e grande de fluxo migratório para um local, ocorre o fenômeno que a
geografia chama de “explosão demográfica”. A explosão demográfica afeta diretamente a economia e
as relações sociais, pois ela acarreta uma cadeia de eventos que podem ser desastrosos, como demos-
tramos nos tópicos seguintes:
1. Há uma grande e repentina quantidade de pessoas migrando para um mesmo local.
2. Não há infraestrutura nesse local para receber essas pessoas, fazendo com que o acesso à saú-
de, ao saneamento, à segurança e à educação fique comprometido.
3. Não há emprego e geração de renda para todos, pois o aumento populacional aconteceu de
repente.
4. A fome e a miséria instalam-se entre a população migrante e até entre a população local, pois a
falta de emprego começa a afetar os moradores locais.
5. Há o aumento da criminalidade pela falta de estrutura e de organização.

128
O sofrimento dos refugiados nunca foi tão intenso como tem sido no século XXI, pois, embora não haja
grandes conflitos em escala internacional, as tensões regionalizadas, como guerras civis, movimentos
fundamentalistas que promovem limpeza étnica, governos autoritários, entre outros, têm contribuído
para que milhões de pessoas que vivem em situação de risco se refugiem.

Disponível em: <https://exame.com/mundo/uniao-europeia-quer-novo-pacto-para-lidar-com-imigrantes-e-refugiados/>.


Acesso em: 14 ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - A tabela mostra o número total de refugiados no mundo em 2017, segundo relatório do Alto
Comissariado das Nações Unidas Para Refugiados (UNHCR ou ACNUR em português).

Responda:
a) Qual é o país que abriga o maior número de refugiados no mundo?

b) Qual é o continente de origem da maior parcela de refugiados no mundo?

129
2 - Qual é a agência especial internacional responsável para oferecer ajuda humanitária aos refugiados?

3 - Quem são os refugiados? Explique e dê exemplos.

4 - Sobre a questão dos refugiados, assinale V para as afirmativas VERDADEIRAS e F para as FALSAS:
(  ) Os refugiados procuram principalmente países considerados ricos e desenvolvidos.
(  ) Estados Unidos, Alemanha e França são os países que mais recebem refugiados.
(  ) O maior número de refugiados localiza-se em países da África e da Ásia.
(  ) Alguns dos motivos que levam uma pessoa a ser refugiada são: violação dos direitos humanos, ca-
tástrofes naturais, perseguições políticas, religiosas ou étnicas.
(  ) Todos os imigrantes são considerados refugiados, uma vez que o motivo de seus deslocamentos é
o mesmo, ou seja, a violação dos direitos humanos.

130
SEMANA 3

EIXO TEMÁTICO:
Os cenários da globalização e fragmentação.

TEMA/TÓPICO(S):
As novas fronteiras do capitalismo global: os territórios nas novas regionalizações/ Fronteiras.

HABILIDADE(S):
Analisar as causas e os efeitos da migração clandestina nos países centrais e periféricos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Lugar, Território, Região, Imigrantes, Emigrantes, ONU.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua Portuguesa, Arte, Sociologia, História, Filosofia.

TEMA: Globalização e migrações internacionais II


Caro (a) estudante, nesta semana você vai identificar as origens e os motivos que levam o continente
europeu a receber uma quantidade significativa de imigrantes e refugiados além de compreender o
crescimento do sentimento nacionalista e de grupos xenófobos nos países desenvolvidos da Europa.

OS IMIGRANTES NA EUROPA E A XENOFOBIA


Após o término da Segunda Guerra Mundial, vários países europeus se reconstruíram e se destacaram
no seguimento industrial, como a Alemanha e a França, com o crescimento econômico derivado desse
setor tais nações se tornaram áreas de atração para trabalhadores, sobretudo, imigrantes.
A Europa sempre foi um continente de migrantes, pois sempre atraiu muitas pessoas que buscam me-
lhores condições de vida. A maior parte desses migrantes vem de países do Oriente Médio, Ásia e África,
que enfrentam graves problemas sociais, econômicos e político.
Nos últimos anos, principalmente a partir de 2011, o fluxo migratório para a Europa intensificou-se dras-
ticamente, causando uma grande crise migratória no continente. Estima-se, de acordo com um levan-
tamento realizado pela ONU, que apenas no ano de 2014 a Europa tenha recebido cerca de 6,7 milhões
de migrantes.
De acordo com a ONU, os mais de 15 conflitos (8 na África, 3 no Oriente Médio, 1 na Europa e 3 na Ásia)
existentes no mundo atualmente têm sido a principal motivação para a crise migratória na Europa. Isso
ocorre porque os migrantes, em sua maioria, são refugiados (pessoas que migram para fugir de confli-
tos e perseguições políticas, guerras etc.) dessas regiões de conflito.
A maior parte dos migrantes chega à Europa de forma clandestina por meio da navegação em botes no
Mar Mediterrâneo. Como o acesso do continente por terra é controlado, é cada vez mais comum que os
migrantes se arrisquem na travessia do Mar Mediterrâneo, o que causa diversas mortes por afogamen-
to. Estima-se que mais de 2,5 mil pessoas tenham se afogado em 2014 ao realizar essa travessia.

131
Imigrante diante do símbolo da União Europeia cercado por grades.
Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/os-imigrantes-na-europa.htm>. Acesso em: 14 ago. 2021.

O problema da xenofobia na Europa vem intensificando-se ao longo do tempo. O continente, assim


como os Estados Unidos, é um dos locais do mundo que mais recebem imigrantes, além de contar com
uma elevada migração interna, graças à livre circulação de pessoas que atinge a maior parte dos paí-
ses-membros da União Europeia. Com isso, a xenofobia, que é a aversão, o preconceito ou a intolerân-
cia para com grupos estrangeiros, aumenta a cada dia.
O aumento dessas migrações internacionais estão geralmente ligadas a fatores de repulsão e de atra-
ção. Os primeiros são aqueles que contribuem para a saída rápida do migrante, seja por razões econô-
micas, por falta de recursos naturais, por crises humanitárias ou ocorrências de guerras ou guerrilhas.
Já os fatores de atração são aqueles que se relacionam às condições oferecidas pelos lugares de des-
tino, como uma economia estável ou uma grande oferta de emprego, melhor qualidade de vida, entre
outros elementos.
No caso da Europa, há a combinação de ambos os fatores. De um lado, a população de países subde-
senvolvidos busca no “velho continente”, além de emprego, melhores condições de vida, fugindo da
realidade econômica de seus locais de origem. Com isso, há uma grande quantidade de estrangeiros
vivendo na Europa, com uma estimativa de seis milhões de pessoas, entre migrantes legais e ilegais.
Os principais fatores que motivam a ocorrência e os aumentos periódicos de ondas xenofóbicas são:
• Crise de identidade que aumenta à medida em que a Europa vai gradativamente se transforman-
do em um local multimiscigenado, haja vista que a maioria dos imigrantes não costuma retornar
para os seus locais de origem, estabelecendo-se em espaço europeu e transmitindo suas heran-
ças genéticas aos seus descendentes, provocando uma transformação étnica.
• A ideia de que os imigrantes “roubam” os empregos dos europeus, pois muitos consideram que
aqueles realizam os mesmos serviços da população local, porém com salários mais baixos e con-
dições de trabalho mais degradantes. Apesar de isso ser verdade, a presença de imigrantes não
diminui o índice de emprego para a população local, haja vista que os estrangeiros costumam
atuar em áreas carentes de emprego.
• A crise econômica que atinge a Europa, de forma mais intensa desde 2011, vem contribuindo
para o crescimento de casos de xenofobia. Isso ocorre porque, com a crise econômica, parte da
população passou a responsabilizar os povos estrangeiros por meio de ideias preconceituosas
pela retração econômica,
• Na Europa, os grupos estrangeiros, cada vez maiores, mais influentes e mais organizados, arti-
culam-se no sentido de conservar suas tradições, incluindo os seus idiomas. Isso gera uma crise
social muito grande, pois os nativos europeus simplesmente não concebem essa ideia, gerando
conflitos cotidianos e sociais, o que pode, em um futuro próximo, reverberar em uma crise sem
precedentes no continente europeu.

132
Apesar de a União Europeia ter criado, já em 1997, o Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia,
ainda há muito o que se avançar no velho continente no que diz respeito à intolerância social e política
para com estrangeiros. O mesmo desafio é enfrentado por outros territórios, como os Estados Unidos
e, recentemente, países emergentes, que vêm se tornando novos vetores para a chegada de migrantes
à procura de melhores condições vida.

ATIVIDADES
1 - O que vem a ser etnocentrismo?

2 - Como a xenofobia se manifesta?

3 - Por que muitos imigrantes, mesmo que ilegais, migram para o continente europeu?

4 - O termo Xenofobia aparece frequentemente em jornais e notícias que tratam de imigrações. Você
acha que o Brasil é um país xenófobo?

133
5 - Assinale a alternativa que indica corretamente o processo que ocorre em áreas de perseguições
religiosas, políticas ou ideológicas, guerras, conflitos políticos, falta de oportunidade de trabalho no
local de origem, concentração fundiária.
a) Atração populacional.
b) Aumento das taxas de natalidade.
c) Crescimento vegetativo.
d) Migrações populacionais.

6 - Xenofobia é um termo:
a) que expressa a dificuldade da entrada dos imigrantes no mercado de trabalho.
b) usado para designar a supremacia da raça branca.
c) sinônimo de racismo, muito utilizado nos países da União Europeia.
d) de origem grega, formado a partir das palavras “ xénos” (estrangeiro) e “ phóbos” (medo), que
significa aversão a estrangeiros, repugnância a pessoas e/ou coisas provenientes de países
estrangeiros.

134
SEMANA 4

EIXO TEMÁTICO:
Os cenários da globalização e fragmentação.

TEMA/TÓPICO(S):
As novas fronteiras do capitalismo global: os territórios nas novas regionalizações/ Fronteiras.

HABILIDADE(S):
Analisar as causas e os efeitos da migração clandestina nos países centrais e periféricos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Lugar, Território, Racismo, Xenofobia, Imigrantes, Emigrantes.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua Portuguesa, Arte, Sociologia, História, Filosofia.

TEMA: Migrações Internacionais


Caro (a) estudante, nessa semana você vai analisar o fluxo migratório da África.

FLUXO MIGRATÓRIO DA ÁFRICA


A migração vinda da África Subsaariana para a Europa cresceu de maneira drástica nesta última déca-
da, com a chegada de ao menos um milhão de pessoas desde 2010, segundo um relatório publicado pelo
instituto americano Pew Research Center.
Nesse período, a tendência foi a de incrementar o fluxo ano a ano. Por exemplo, houve 58 mil novos pe-
didos de asilo de migrantes da região na Europa durante 2010 e, um ano depois, a cifra já estava em 84
mil. Foram 168 mil novos pedidos em 2017.
MAPA - PAÍSES QUE COMPÕEM A ÁFRICA SUBSAARIANA A África Subsaariana é aquela ao sul do deserto
do Saara, incluindo países como Tanzânia, Gana,
Senegal e Nigéria. Estão excluídos, portanto, os
países do norte africano, como Egito e Marrocos.
A cifra de um milhão de pessoas chegando à
Europa citada pelo Pew leva em conta os 970
mil novos pedidos de asilo e inclui também es-
tudantes e familiares de refugiados espalhados
pelo continente.
A migração da África Subsaariana para os Esta-
dos Unidos também cresceu desde 2010, com
mais de 410 mil pessoas se mudando ao país: 110
mil como refugiados, 190 mil com visto por laços
familiares e 110 mil com outros tipos de visto,
afirma o Pew.
Geralmente se imagina que os fluxos entre a Áfri-
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/as-duas-africas.htm
ca e a Europa e a América do Norte são os únicos,
ou os de maior volume, mas 75% dos indivíduos
que mudaram de ares na África Subsaariana

135
permaneceram dentro do continente, segundo o estudo África em Movimento: Dinâmica e Motores da
Migração ao Sul do Saara, publicado em novembro (2018) pela FAO (agência da ONU para alimentação
e agricultura) e o Centro de Pesquisas Agrícolas para o Desenvolvimento (CIRAD). Trata-se do primeiro
atlas a analisar a inter-relação dos fatores que levam os habitantes do continente africano a abandonar
seus lares.
Em 2015, cerca de 33 milhões de africanos viviam fora de seus países de origem, embora os que se des-
locam dentro do próprio continente respondam por quase 75% desse total. A porosidade das fronteiras
e as regras regionais destinadas a facilitar a livre circulação de pessoas favorecem esse movimento.
Os refugiados africanos são principalmente oriundos do Sudão, do Burundi, da República Democrática
do Congo, da Somália, da Libéria, do Togo, da República Centro-Africana e do Ruanda. Como referido,
9 em cada 10 refugiam-se num país fronteiriço, juntando-se, se possível, em regiões próximas, onde a
população fala a mesma língua.
A precariedade social, econômica e política com que se debatem vários Estados africanos têm concor-
rido para as deslocações forçadas ou por motivos econômicos dentro e fora do continente. O quadro
abaixo ilustra os principais países emissores, receptores e corredores migratórios na África.
África Subsaariana – Principais países emissores, receptores e corredores migratórios

Disponível em: https://www.scielo.br/j/remhu/a/SvC3Fv66p7x7dWzpcVcxk4r/?lang=pt&format=pdf. Acesso 15 de agosto de 2021

Os fluxos migratórios na região subsaariana têm aumentado progressivamente, devido a fatores repul-
sivos associados a conjunturas socioeconômicas e políticas adversas que não favorecem o bem-estar
das populações locais. Muitos destes movimentos enquadram-se no âmbito do estudo das migrações
forçadas e dos refugiados, uma vertente das migrações que tem ganho destaque recentemente.
Na última década tem-se vindo a assistir a um aumento da xenofobia e dos nacionalismos, muitas ve-
zes acompanhados por ondas de violência, em vários países africanos que acolhem um grande número
de migrantes.
O Botswana é igualmente ilustrativo deste fenômeno: os emigrantes do Zimbabwe são alvo de com-
portamentos xenófobos e de agressões. São vítimas de humilhações públicas, de condenações e
expulsões arbitrárias e, mesmo, de torturas ou assassinatos. Também são submetidos a atrasos des-
mesurados na análise dos seus pedidos de asilo, a restrições no acesso ao emprego e à ausência de
acesso a certos cuidados.

136
ATIVIDADES
1 - A maior parte dos refugiados africanos são originários de quais países do continente?

2 - No mapa abaixo estão indicados por números três países do Continente Africano. Escreva o nome
deles nos espaços correspondentes:

1 - ____________________________________________________
2 - ____________________________________________________
3 - ____________________________________________________

3 - Explique o que são países emissores populacionais. Exemplifique.

4 - Assinale a alternativa que indica corretamente o processo que ocorre em áreas de perseguições
religiosas, políticas ou ideológicas, guerras, conflitos políticos, falta de oportunidade de trabalho no
local de origem, concentração fundiária.
a) Atração populacional.
b) Aumento das taxas de natalidade.
c) Crescimento vegetativo.
d) Migrações populacionais.
e) Diminuição das taxas de mortalidade.

137
SEMANA 5

EIXO TEMÁTICO:
Os cenários da globalização e fragmentação.

TEMA/TÓPICO(S):
As novas fronteiras do capitalismo global: os territórios nas novas regionalizações/ Fronteiras.

HABILIDADE(S):
Avaliar as consequências do fechamento das fronteiras dos países de maior desenvolvimento eco-
nômico/ Analisar o deslocamento populacional no jogo das forças entre globalização e fragmenta-
ção/ Analisar as causas e os efeitos da migração clandestina nos países centrais e periféricos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Globalização, Fronteira, Território, Lugar, Imigração, Emigração.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua Portuguesa, Arte, Sociologia, História, Filosofia.

TEMA: Globalização e migrações internacionais III


Caro (a) estudante, nesta semana você vai analisar as tensões e conflitos nas regiões de fronteira do
continente latino-americano e os Estados Unidos, e compreender os impactos da ampliação do muro
nas relações diplomáticas.

AMÉRICA LATINA: IMIGRAÇÃO CLANDESTINA E O MURO DO MÉXICO


O contexto político do mundo atual impossibilita a imigração legal para a maioria dos que desejam mu-
dar para outro país, restando-lhes a opção da imigração ilegal.
Convém então que especifiquemos, para compreendermos melhor, que nesse mesmo processo migra-
tório existe diferenciações quanto ao objetivo do migrante e em qual sentido sua mudança se realiza.
Falamos em imigração quando o movimento é de pessoas que entram em um país para fixar residência,
enquanto que a emigração se refere ao processo em que as pessoas de um país deixam seu território
para se fixarem em outro.
As exigências para a imigração legal são tão rígidas e inascíveis para a maioria das pessoas que dese-
jam se deslocar para outros territórios, que a imigração ilegal acaba se tornando a única opção viável.
O exemplo mais claro está na grande quantidade de imigrantes ilegais que tentam ou que conseguem
cruzar a fronteira dos Estados Unidos com o México, que é geralmente motivada pela busca de uma
promessa de melhoria de vida. Esses imigrantes ilegais arriscam a própria vida, pagando grande quan-
tia em dinheiro para que agentes facilitadores, chamados de “coiotes”, os ajudem a atravessar a frontei-
ra. Entretanto, o risco de serem pegos, mortos ou acabarem como vítimas do tráfico de seres humanos,
que vendem homens e mulheres sequestrados como trabalhadores escravos ou para a prostituição
forçada, é grande.
A fronteira entre os dois países (mapa abaixo) é na atualidade um dos mais claros limites entre o mun-
do rico e o mundo pobre. Em quase toda essa faixa fronteiriça, existe um muro intercalado por trechos
de arame farpado, controlado diuturnamente pela guarda de fronteira norte-americana e por sofisti-
cados sistemas eletrônicos cujo objetivo é impedir a todo o custo a entrada de imigrantes ilegais nos
Estados Unidos.

138
Disponível em: <https://istoe.com.br/mexicano-que-se-suicidou-na-fronteira-tentava-voltar-aos-eua-apos-deportacao/>.
Acesso em: 14 ago. 2021.

O Muro do México – também conhecido como Muro fronteiriço Estados Unidos-México – é uma cons-
trução realizada pelo governo estadunidense com o objetivo de estabelecer uma barreira de segurança
entre os dois países. O argumento principal do governo dos Estados Unidos para a construção do muro
é a busca por um maior controle da fronteira a fim de reduzir a onda migratória do território mexicano
em direção ao norte.
O início da construção do Muro do México ocorreu no ano de 1991, mas foi em 1994 que suas obras se in-
tensificaram, durante a chamada “Operação Guardião”. Essa operação pretendia colocar um fim à onda
de imigrações ilegais que aumentava no país a cada ano. O território mexicano era considerado a prin-
cipal porta de entrada para esses imigrantes.
IMAGEM – MURO NA FRONTEIRA ENTRE O MÉXICO Atualmente a extensão do muro entre México
E OS ESTADOS UNIDOS e Estados Unidos é de aproximadamente 1.130
quilômetros, cerca de um terço da fronteira
entre os países. Em alguns pontos, ele é uma
“parede” simples, de altura não muito elevada
e com algumas proteções em seu topo. Em ou-
tros lugares, no entanto, ele é composto por
dois muros e um espaço entre eles por onde
passam veículos militares e de fiscalização,
além de contarem também com algumas tor-
res de observação e militares preparados para,
quem sabe, abater os eventuais invasores.
Muitas críticas são realizadas ao Muro do Méxi-
Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/
co, que é inevitavelmente comparado com ou-
internacional-46944513>. Acesso em: 14 ago. 2021.
tros muros que dividem ou dividiram o mundo,
como o Muro de Israel e o antigo Muro de Berlim. Muitas análises afirmam que ele divide muito mais do
que dois países, mas dois “mundos” diferentes: um moderno e desenvolvido e outro atrasado e subde-
senvolvido, apesar das melhorias econômicas e sociais das últimas décadas.
De toda forma, a fronteira entre o México e os Estados Unidos é um dos locais de maior tensão em ter-
mos políticos e também humanitários. Estima-se que mais de seis mil pessoas tenham morrido tentan-
do atravessar essa fronteira. A maior parte dessas mortes teria ocorrido em algumas áreas desérticas
existentes na região.

139
ATIVIDADES
1 - Qual a diferença entre emigração e imigração? Exemplifique.

2 - “O desenvolvimento e o maior acesso ao transporte intercontinental, somados à facilidade de obtenção


de informações sobre outros países por meio dos veículos de comunicação, impulsionaram o movimento
de pessoas que buscam melhores condições de vida – nem sempre alcançadas fora do país de origem.
Ao contrário do que se verifica com os fluxos econômicos, as fronteiras nacionais são reforçadas por
governos de muitos países, principalmente dos desenvolvidos, para a entrada de imigrantes”.
JOIA, A. L., GOETTEMS, A A. Geografia: leituras e interação. Vol. 02. 1º ed. São Paulo: Leya, 2013. p.275.

Um exemplo mundialmente reconhecido de restrição à entrada de imigrantes conforme mencionado no


trecho acima é:
a) a criação da União Europeia com número restrito de países.
b) a construção e ampliação do Muro do México.
c) a intervenção dos Estados Unidos em Cuba.
d) a deportação de estrangeiros irregulares no Brasil.

3 - Você é favorável à política de construção de muros entre fronteiras? Por quê?

140
4 - Quais os objetivos do governo estadunidense ao construir o muro?

5 - Por que os fluxos migratórios em direção aos países mais desenvolvidos se intensificaram nas
últimas décadas?

141
SEMANA 6
EIXO TEMÁTICO:
Os cenários da globalização e fragmentação.

TEMA/TÓPICO(S):
As novas fronteiras do capitalismo global: os territórios nas novas regionalizações/ Fronteiras.

HABILIDADE(S):
Avaliar as consequências do fechamento das fronteiras dos países de maior desenvolvimento eco-
nômico/ Analisar o deslocamento populacional no jogo das forças entre globalização e fragmenta-
ção/ Analisar as causas e os efeitos da migração clandestina nos países centrais e periféricos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Globalização, Fronteira, Território, Lugar, Imigração, Emigração.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua Portuguesa, Arte, Sociologia, História, Filosofia.

TEMA: Globalização e migrações internacionais IV


Caro (a) estudante, nesta semana você vai analisar os focos de tensão na região de fronteiras com o
continente europeu e conscientizar-se da necessidade de tratar a questão dos refugiados como um
problema global.

CRISE MIGRATÓRIA NA EUROPA


A crise dos refugiados tem como uma das causas o aumento dos fluxos migratórios, fenômenos que
acompanham a humanidade desde os seus primórdios e cujos motivos podem ser os mais diversos,
embora o mais comum seja a busca por melhores condições de vida, ou seja, migração econômica.
Para compreender a crise dos refugiados, é necessário entender quem são os refugiados. Trata-se de
um grupo específico de imigrantes que recebem essa denominação por conta de uma convenção feita
em 1951 que trouxe regulamentação aos diferentes tipos de imigrantes. Refugiado é uma pessoa que
sai de seu país por conta de “fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, naciona-
lidade, grupo social ou opiniões políticas”, em situações nas quais “não possa ou não queira regressar”.
A origem da maior parte dos refugiados são países da África ou do Oriente Médio. Eles fogem por conta
de conflitos internos, guerras, perseguições políticas, ações de grupos terroristas e violência aos direi-
tos humanos. Metade do fluxo anual de refugiados são sírios, que deixam suas origens devido à guerra
civil em que o país está desde 2011.
O World Migration Report 2018, levantamento realizado pela OIM (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL PARA
MIGRAÇÕES), aponta quais os conflitos que mais geram refugiados. Com base em dados de 2016, a Síria
ocupa o primeiro lugar nesse ranking, sendo seguida pelo Afeganistão – que vive em meio a violência há
30 anos, fato que já levou 2,5 milhões de cidadãos a deixarem o país. Tal número é um pouco menor do
que o de 2015, quando 2,7 milhões de afegãos fugiram do país. Essa diminuição é justificada pela volta
de diversos refugiados. Os conflitos no Sudão do Sul colocaram o país em terceiro lugar nesse ranking,
com 1,4 milhões de refugiados. Juntos, esses três países representam os locais de origem de 55% dos
refugiados no mundo inteiro.

142
MAPA – LOCALIZAÇÃO DA SÍRIA         IMAGEM – REFUGIADOS SÍRIOS

Disponível em: <https://cidadaosdomundosite.wordpress.com/2017/05/17/crise-na-siria-e-a-questao-dos-refugiados-por-gustavo-


rigonato/>. Acesso em: 14 ago 2021.

A crise dos refugiados na Europa, no primeiro semestre de 2015, tem produzido muita discussão e ge-
rado muitos problemas de ordem política e humanitária.
O comum é que inicialmente os refugiados desloquem-se dentro de seu próprio território e, quando isso
não é mais possível, cruzem as fronteiras para os países vizinhos. Os refugiados sírios, por exemplo, não
foram diretamente para a Europa quando a crise intensificou-se, mas para os países mais próximos,
como Jordânia, Líbano e Turquia.
De acordo com dados coletados do Acnur, em 2014, a chegada de migrantes na Europa quadruplicou,
com um total de 280 mil. Mais de 170 mil foram para a costa italiana e 43.500 para a costa grega. Ainda
em 2014, cerca de 144.630 sírios solicitaram refúgio no conjunto da UE (UNIÃO EUROPEIA) desde 2011,
quando começou o conflito no país. As solicitações de refúgio atingiram seu auge, com 1,26 milhão de
solicitações na UE em 2015.
Esse fluxo migratório arrefeceu-se nos anos posteriores por conta de medidas adotadas pelos países
do bloco europeu, tais como o fechamento de fronteiras, especialmente na rota dos Bálcãs, por onde
migrantes iam a pé; o acordo entre a Itália e a Guarda Costeira da Líbia, país que era o principal ponto de
embarque em viagens clandestinas à Europa; e o acordo controverso e criticado firmado em 2016 entre
a União Europeia e a Turquia, pelo qual para cada refugiado sírio que chegasse ao litoral grego e fosse
devolvido à Turquia, outro refugiado que estivesse em território turco seria levado à Europa.
Esse acordo é criticado por defensores de Direitos Humanos, que alegam ser ferida a legislação inter-
nacional de não rejeitar solicitantes de asilo. O efeito dessas medidas fez com que, em 2018, o número
de refugiados e migrantes ingressando na Europa fosse inferior a 200 mil
Em 2018, na Itália, onde chegaram 700 mil migrantes desde 2013, uma coalizão de ultradireita e os
antissistema chegou ao poder no fim de maio e decidiu, entre suas primeiras medidas, negar a auto-
rização para atracar em um porto italiano para um barco humanitário que tinha 630 migrantes proce-
dentes da África. Na Alemanha, em 18 de junho, a ala mais conservadora da coalizão do governo deu
um prazo de duas semanas a Angela Merkel para que feche as fronteiras, o que poderia provocar uma
crise política importante.
Os temores das populações locais — em perderem o emprego, terem seu acesso a serviços estatais
restringido ou redução da qualidade desses serviços e pagarem mais impostos para a rede de proteção
governamental atender a estrangeiros — acabam por gerar focos de xenofobia, isto é, aversão a estran-
geiros, o que pode resultar não só em manifestações individuais de intolerância e preconceito, mas em
organizações de promoção desse tipo de hostilidade, como grupos supremacistas.

143
ATIVIDADES
1 - Explique a relação entre a charge abaixo e a crise migratória no continente europeu.

Disponível em: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQj3OtSBpqSxqS1Yd4-zdx8MsfVFr2mEn__


nAEs85kUSFn92A4o7-4hpG-IgVRntnQ13Tg&usqp=CAU>. Acesso em: 14 ago. 2021.

2 - Sobre a temática xenofobia é CORRETO afirmar que:


a) Nos países desenvolvidos a tendência tem sido a redução desse tipo de preconceito contra
os imigrantes devido à crescente necessidade de trabalhadores menos qualificados para
as indústrias.
b) Diante da crise econômica nos países europeus tem crescido o sentimento xenofóbico
para tentar explicar os atuais problemas sociais e econômicos enfrentados na região,
como o desemprego.
c) A existência de movimentos xenofóbicos nos países europeus encontra pouco apoio políti-
co, pois não existem partidos de extrema direita que levantem essa bandeira de luta contra
os imigrantes.
d) Em momentos de crises humanitárias os movimentos xenofóbicos perdem a força, a exemplo
do que ocorre atualmente na Europa pela ampla aceitação dos refugiados provenientes da
Síria, do Iraque e do norte da África.

144
3-

País asiático em guerra civil desde 2011 e governado por Bashar al-Assad, é o que mais tem contribuído
para o aumento de refugiados na Europa. Qual é o nome desse país? ______________________________

4 - O que diferencia um migrante de um refugiado?

5 - (UERJ 2017.1) - Os refugiados são pessoas que escaparam de conflitos armados ou perseguições.
Com frequência, sua situação é tão perigosa e intolerável que devem cruzar fronteiras internacionais
para buscar segurança nos países mais próximos e então se tornar um “refugiado” reconhecido
internacionalmente, com acesso à assistência dos Estados, da ACNUR (Agência da ONU para Refugiados)
e de outras organizações.
ADRIAN EDWARDS Adaptado de acnur.org, outubro/2015.

O conceito de refugiado, apresentado no texto, está diretamente associado aos problemas políticos e
econômicos que afetam diversos países na atualidade. Nos últimos anos, a região de origem que tem
contribuído com o maior número de refugiados em direção a países da União Europeia é:
a) Leste Europeu.
b) Oriente Médio.
c) Extremo Oriente.
d) Península Balcânica.

Caro (a) estudante, espera-se que tenha tido sucesso na resolução do PET - 04 de Geografia. Saiba
que, ao longo do ano, você irá entender e compreender sobre a complexidade das paisagens, das
atividades humanas, das sociedades e do nível de desenvolvimento entre os países, as transforma-
ções tecnológicas, o modo como a sociedade se relaciona com a natureza e as formas de organização
espacial. A Geografia tem muito a contribuir para a compreensão do espaço mundial, cada vez mais
complexo, cujas transformações são cada vez mais surpreendentes.

145
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
Expansão das Fronteiras: a Guerra como Possibilidade Permanente / Mundo Contemporâneo,
República e Modernidade. Cidadania de Democracia: de 1930 aos dias atuais.

TEMA/TÓPICO(S):
Expansão e Guerra / Guerra Fria e mundo bipolar. Conflitos no Mundo Contemporâneo / Os regimes autoritá-
rios no Brasil.

HABILIDADE(S):
Situar o Golpe de 1964 e a ditadura militar no Brasil no contexto da Guerra Fria / Analisar as permanências e as
transformações nos processos históricos de constituição de governos ditatoriais no Brasil.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Modernização, ditadura civil-militar e redemocratização: o Brasil após 1946.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Filosofia e Sociologia.

TEMA: A Guerra Fria e a ditadura civil-militar no Brasil


Caro (a) estudante, nessa semana você vai compreender o processo interno e externo que resultou no
golpe civil-militar de 1964 e na instalação da ditadura (1964-1985). Além disso, você irá reconhecer a
importância da Comissão Nacional da Verdade, que investigou as violações de direitos humanos co-
metidos entre 1946 e 1988 por agentes públicos e pessoas ao seu serviço, com apoio ou no interesse do
Estado brasileiro.

146
O Brasil após 1964: A Ditadura Militar
Comissão da Verdade divulga estudos sobre mortes na Ditadura - BRASÍLIA – A Comissão Nacional da
Verdade liberou para consulta, nesta quinta-feira (22/11/2012), onze textos de autoria do coordenador
da comissão, o ex-procurador geral da república Claudio Fonteles. Dos onze textos disponíveis no site
da Comissão na Internet, sete são sobre casos de assassinatos e abordam como o Regime Militar ten-
tava dissimular a causa da morte dos opositores. Outros documentos analisados por Fonteles demons-
tram manipulações de casos judiciais durante a Ditadura.
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/pais/comissao-da-verdade-divulga-estudos-sobre-mortes-na-ditadura-
6802242?topico+comissao-da-verdade>. Acesso em: 03 ago.2021.

Após a queda de João Goulart, iniciou-se no Brasil um período de vinte e um anos de Ditadura Mili-
tar. O golpe encerrado contra Jango contou com a participação de setores civis, além dos militares.
Os governos que se seguiram acabaram sendo controlados basicamente pelas altas patentes da
Forças Armadas.
O período de domínio dos militares foi marcado pelo autoritarismo e limitações às práticas democráti-
cas. A liberdade partidária foi restrita, prisões arbitrárias ocorreram e atos de tortura eram realizados
por respresentantes do Estado contra aqueles que se opunham ao governo implantado após o gol-
pe de 1964. As marcas desse momento histórico ainda continuam presentes, e grupos organizados,
como a Comissão Nacional da Verdade, ainda lutam para investigar crimes cometidos pelos agentes
da Ditadura.
O estudo desse contexto recente da História do Brasil é essencial, pois amplia nosso olhar e possibilita
que reconheçamos muitos políticos que atuaram durante a Ditadura, na atualidade, destacando-se nos
noticiários de televisão e nos jornais. Alguns deles se posicionaram e lutaram contra, e outros apoiaram
o regime controlado pelos militares.

As ditaduras na América do Sul


Entre os anos de 1960 e 1980 proliferaram na América do Sul golpes militares que estabeleceram regi-
mes ditatoriais. Em geral, esses regimes apresentavam características semelhantes, como o autori-
tarismo e a limitação às liberdades individuais e as garantias constitucionais. Foi comum, portanto, a
violação dos direitos dos cidadãos, além de casos graves de violações aos direitos humanos em Esta-
dos como Brasil, Argentina, Uruguai e Chile.
A razão para o estabelecimento de tantos regimes autoritários pode ser explicada por fatos relaciona-
dos ao contexto da Guerra Fria. Com a Revolução Cubana e a posterior adoção do regime socialista pelo
governo comandado por Fidel Castro, a Guerra Fria chegou à América e a preocupação dos Estados
Unidos em conter o avanço do comunismo no continente se intensificou. Para evitar a formação de
regimes de esquerda na América do Sul, o governo estadunidense passou a instruir militares, financiar
e dar apoio a golpes que destituíssem políticos que supostamente estariam levando seus países para o
mesmo caminho que Cuba havia tomado.
No caso brasileiro, vários militares, desde o início da Guerra Fria, frequentaram cursos fornecidos pelas
Forças Armadas dos Estados Unidos, cujo objetivo era o de combate à ameaça comunista. Foram eles
que fundaram no Brasil a Escola Superior de Guerra (ESG), que teve participação ativa no golpe de 1964.
Esses militares defendiam a Doutrina de Segurança Nacional e Desenvolvimento, que tinha como prin-
cípio a noção de que “os canhões deveriam estar voltados para dentro”, ou seja, era sua função a defesa
da ordem interna do país contra a expansão do comunismo na América.
Para realizar tal objetivo, as ditaduras do Cone Sul (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia)
do continente americano formaram uma aliança conhecida como Operação Condor. Essa associação
entre os governos tinha como finalidade coordenar ações de repressão contra os opositores dos regi-
mes autoritários estabelecidos nesses países.

147
PARA SABER MAIS:
• Sugestão de Livro: Cidadania no Brasil – O longo caminho. Autor: José Murilo de Carvalho.
• Sugestão de Documentário: Documentário Especial - OPERAÇÃO CONDOR.
• Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BEDZvsQfLSs>. Acesso em: 03 ago.2021.
• Escola das Américas - John Smilhula. Disponível em: <https://vimeo.com/54254325>. Acesso
em: 03 ago.2021.
• Sugestão de videoaula: Golpe de 64 | Como foi? #21. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=vmH306GrIn8>. Acesso em: 03 ago.2021.
• Sugestão de Site: http://memoriasdaditadura.org.br/origens-do-golpe/>. Acesso em: 03
ago.2021.

ATIVIDADES
1 - Relacione o contexto internacional ao estabelecimento das ditaduras militares na América Latina.

2 - [...] A questão agrária foi um dos principais pontos que polarizaram o debate político durante os anos
em que João Goulart ocupou a presidência. Ela esteve no centro das preocupações dos atores políticos
em geral, do governo, dos partidos, dos movimentos sociais, da Igreja Católica e da opinião pública.
Foi, em grande parte, naquele momento que se consolidou a noção de que o Brasil necessitava de uma
reforma agrária capaz de eliminar a grande propriedade, o latifúndio, visto como obstáculo fundamental
ao desenvolvimento. [...]
[...] Uma das diferenças entre o governo Jango e os precedentes foi o envolvimento que o Poder Execu-
tivo passou a ter com a questão agrária. Esse envolvimento ficou claro em novembro de 1961, quando o
presidente compareceu ao I Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, organizado
pela União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTAB) em Belo Horizonte. Sua ação
incidiu, por um lado, no terreno da legislação sindical e trabalhista rural, e, por outro, na realização de
uma reforma agrária.
Foi no governo Jango que os trabalhadores rurais, que até então se organizavam, em função de uma
série de complicadores legais, em entidades de caráter civil, como Ligas Camponesas e associações
de lavradores, passaram a criar sindicatos e federações, desembocando, posteriormente, na criação da
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Foi no governo Jango que direitos
trabalhistas básicos, pelo menos há duas décadas existentes nas cidades, foram estendidos ao campo
por meio do Estatuto do Trabalhador Rural, aprovado em 1963. Foi também no governo Jango que foi
criada a Superintendência de Política Agrária (Supra), que tinha por incumbência implementar medidas
de reforma agrária no país. Foi ainda o governo Jango que mais efetivamente investiu na aprovação de
uma reforma agrária pelo Congresso. [...]
Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/A_questao_agraria_no_governo_Jango.
Acesso em: 03 ago. 2021.

148
Levando em consideração o contexto do populismo, conclui-se o que o fragmento apresenta
a) o descontentamento das classes médias com a aprovação da reforma agrária.
b) o descaso dos governantes com a situação dos operários e camponeses.
c) a proposta de Jango para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.
d) o amplo apoio do empresariado nacional às ideias arrojadas de Jango.
e) a recusa do presidente Jango em implementar as reformas de base.

3 - [...] As ditaduras militares do Brasil (1964-1985) e da Argentina (1976-1983) utilizaram “a prática do


desaparecimento como um dos principais meios para fomentar a ‘cultura do medo’ nessas sociedades”, diz
Caroline Bauer à IHU On-Line. Autora do livro: Brasil e Argentina: ditaduras, desaparecimentos e políticas
de memória (Ed. Medianiz, 2011), a historiadora diz que as práticas de desaparecimento contribuíram não
só para punir como também para “dissuadir outras pessoas de se oporem às ditaduras e atingir os meios
familiares e sociais das vítimas. O resultado era um efeito multiplicador do medo e do terror”.
Segundo ela, as ditaduras tratavam os desaparecidos da mesma forma: “negaram sua existência para
depois assumi-los com versões falsas e tergiversando sobre o desaparecimento”. Os governos transi-
cionais, por sua vez, tratam do tema com “políticas de esquecimento, como a destruição de documen-
tos, os perdões penais, e a própria interdição do passado, no sentido de proibir certos debates ‘para o
bem da futura democracia’”, ressalta. [...]
Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/514588-desaparecimento-nas-ditaduras-efeito-multiplicador-do-medo-
e-do-terror-entrevista-especial-com-caroline-bauer. Acesso em: 03 ago. 2021.

O fragmento apresenta uma das características dos governos militares instaurados tanto no Brasil,
quanto na Argentina:
a) A adoção de uma política externa totalmente alinhada aos interesses norte-americanos.
b) A utilização de métodos violentos para garantir o controle e desencorajar a oposição.
c) A disposição de desenvolver armamentos atômicos, objetivando dominar a América.
d) A proibição de greve e manifestações dos brasileiros contrários ao regime militar.
e) A manutenção da liberdade de expressão dos cidadãos em todas as esferas.

4 - (Unifesp) (Adaptada) – A repressão às manifestações dos trabalhadores do campo e da cidade foi


uma das consequências mais imediatas e evidentes da chegada dos militares ao Palácio do Planalto.
Houve intervenção nos sindicatos, prisão dos líderes mais destacados, fechamento – por decreto –
de sindicatos rurais, além da proibição da existência de entidades intersindicais (...). O controle sobre
a economia, a censura imposta aos meios de comunicação, a legislação antigreve, as restrições à livre
manifestação permitiram comprimir significativamente os salários.
LUCA, Tânia Regina de. Indústria e trabalho na história do Brasil. São Paulo: contexto, 2001

A partir da citação, analise a questão do trabalho no contexto da Ditadura Militar, com ênfase nas mu-
danças e permanências.

149
SEMANA 2
EIXO TEMÁTICO:
Mundo Contemporâneo, República e Modernidade. Cidadania e Democracia: de 1930 aos dias atuais.

TEMA/TÓPICO(S):
O mundo em Processo de Globalização / Abertura do mercado brasileiro para o capital estrangeiro: do nacional-
-desenvolvimentismo à implementação de políticas neoliberais.

HABILIDADE(S):
Ler e escrever textos históricos, utilizando corretamente os conceitos da disciplina em estudo nacional-de-
senvolvimentismo, neoliberalismo, etc.).

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
República Populista, Ditadura civil-militar e Nova República.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Filosofia e Sociologia.

TEMA: Nacional-desenvolvimentismo e neoliberalismo


Caro (a) estudante, nesta semana você vai compreender que o projeto nacional-desenvolvimentista
defendido por Vargas e JK carregava consigo a grande esperança de extensão ampla dos benefícios
econômicos, políticos e sociais da modernidade para a sociedade brasileira. A dualidade seria superada
pela industrialização, e esta seria consequência do desenvolvimento, isto é, da acumulação de capital e
da incorporação de progresso técnico, processo que redundaria no aumento da renda por habitante ou,
em outras palavras, na elevação sustentada dos padrões de vida da população. Por causa disso, o termo
“desenvolvimento” era entendido como industrialização; mas era bem mais do que isso: significava o
processo pelo qual o Brasil realizaria sua revolução em direção à modernidade.
Além disso, você vai compreender que a adoção do neoliberalismo não seguiu a mesma lógica em toda
a América Latina, inclusive por conta de movimentos populares que se opuseram à abertura comercial,
às privatizações e à flexibilização dos direitos trabalhistas. Alguns países adotaram medidas neode-
senvolvimentistas, que, contudo, não romperam com o neoliberalismo. Deve-se destacar que os inves-
timentos na América Latina provêm do capital financeiro internacional para exploração dos recursos
naturais, sobretudo no setor agromineral, perpetuando, dessa forma, a posição dos países latino-ame-
ricanos como fornecedores de matérias-primas.

Nacionalismo x Liberalismo
Durante o Governo Dutra, já era clara a disputa em relação aos rumos que a economia brasileira deveria
seguir. Para grupos como a UDN e alguns setores militares, a economia precisava de um padrão que
fora estabelecido desde o fim do Estado Novo, ou seja, a abertura dos mercados, a entrada do capital
estrangeiro e o alinhamento aos Estados Unidos, conforme era defendido pelos liberais.
Por outro lado, havia o grupo que defendia uma postura econômica nacionalista no campo econômi-
co. Para eles, o Estado deveria interferir de forma direta na economia, impondo limites à presença do
capital estrangeiro, nacionalizando empresas, criando estatais e investindo em setores industriais
considerados fundamentais. Desse lado, encontravam-se políticos do PTB, líderes sindicais e também
algumas alas no interior do Exército.

150
A postura de Getúlio variou ao longo do seu mandato, mas se aproximava mais daquela defendida pelos
nacionalistas. Para Vargas, o importante deveria ser a defesa dos interesses da economia brasileira
e, para tanto, precisou se aproximar de um ou outro grupo para atender aos seus objetivos. A UDN, no
entanto, nunca aceitou a aliança com o presidente e, junto com outros setores, fez oposição à política
varguista durante quase todo o seu governo.

Desenvolvimentismo
Nome dado à estratégia política de desenvolvimento adotada durante o governo de Juscelino Kubits-
chek (1956-1961), que visava acelerar o processo de industrialização e superar a condição de subde-
senvolvimento do país. O desenvolvimentismo como modelo econômico postulava que o crescimento
dependia diretamente da quantidade dos investimentos e da produtividade marginal do capital; estes
dois elementos estavam ligados ao investimento estrangeiro, que os fazia variar em função de sua pró-
pria importância. O desenvolvimentismo como ideologia de um desenvolvimento autônomo no âmbito
do sistema capitalista proclamava por sua vez a riqueza e a grandeza nacional, a igualdade social, a
ordem e a segurança.
A política adotada pelo governo Kubitschek implicou uma profunda transformação do sistema econô-
mico do país e também a consolidação da cooperação internacional no plano econômico, político e
cultural. O Programa de Metas consubstanciou a orientação política a ser dada ao desenvolvimento
brasileiro, baseada na maior intervenção do Estado na economia, no aumento da participação do capi-
tal privado nacional no processo de industrialização e na incorporação do capital estrangeiro. A política
desenvolvimentista concebia a participação do capital estrangeiro como condição essencial para que
o país superasse o subdesenvolvimento. Somente através da obtenção de recursos externos, seja sob
a forma de investimentos diretos, financiamentos ou empréstimos, seja através da técnica, seria pos-
sível acelerar o crescimento econômico.
Do ponto de vista de Kubitschek, dos intelectuais, dos políticos e técnicos da administração identifica-
dos com o desenvolvimentismo, era fundamental a aceleração do crescimento econômico para que o
Brasil atingisse a prosperidade e a paz e, como consequência, a soberania. Por sua vez, o conceito de
soberania era entendido como equivalente ao conceito de autodeterminação. Os desenvolvimentistas
afirmavam que somente os países ricos poderiam exercer plenamente a sua soberania e determinar os
rumos de seu futuro.
A concepção de prosperidade no discurso dos desenvolvimentistas vinha acompanhada da ideia de
ordem, que significava a manutenção do regime democrático. No entender de Kubitschek, o subde-
senvolvimento constituía uma porta aberta à penetração de ideologias contrárias à democracia e por
isso a luta contra o comunismo deveria ser travada eliminando-se a pobreza. Vendo o Brasil como um
país de tradição democrática e valores cristãos, integrante da comunidade dos povos ocidentais, os
desenvolvimentistas identificavam a segurança nacional com a segurança do Ocidente. O Estado de-
veria se voltar não somente para a defesa da integridade do seu território, mas, sobretudo, contra a
ação estratégica comunista, que era vista como tendente a solapar e destruir a soberania nacional.
A segurança era definida a partir da visão do caráter global da guerra, o que conduziria todos os Estados
a se aglutinarem em blocos e a unirem seus potenciais militares e econômicos na luta contra o inimigo
comum, o comunismo.
O nacionalismo para os desenvolvimentistas significava desenvolvimento econômico, ao contrário do
sentido dado pela corrente nacionalista, que considerava o nacionalismo como a luta dos países po-
bres contra a exploração dos países ricos e via no subdesenvolvimento a consequência da dominação
externa. Em seus discursos, Kubitschek dizia que o nacionalismo que convinha ao Brasil era aquele que
colocava o país em condições de falar de igual para igual com os outros países, sem nenhum receio e
sem nenhum sentimento de inferioridade. Para que isto se concretizasse, o único caminho era o de-
senvolvimento, que só seria alcançado com a colaboração do capital estrangeiro. Desse modo, se opor
a essa colaboração era se opor à emancipação nacional. A concepção de nacionalismo estava ligada à
noção de defesa da nação contra a subversão.

151
O desenvolvimentismo trazia também uma concepção de grandeza nacional como destino. O Brasil, ao
ultrapassar seu estágio de subdesenvolvimento, ocuparia uma posição de destaque no mundo, dada a
sua riqueza natural, sua extensão territorial e o valor do seu povo. O desenvolvimentismo foi retomado
e aprofundado enquanto modelo econômico e ideologia do desenvolvimento pelos governos militares
que assumiram o poder após março de 1964.
Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/desenvolvimentismo. Acesso em: 03 ago. 2021

Neoliberalismo
A partir dos anos 1990, o Estado de bem-estar social foi considerado ultrapassado por muitos políticos
ocidentais que adotaram ideias neoliberais. Segundo o neoliberalismo, o Estado deve regular apenas
a justiça e a segurança, deixando que o mercado atue livremente na economia, de forma que esta seja
regulada pelas leis da oferta e da procura.
Na maior parte do mundo, a implantação de políticas neoliberais envolveu a privatização de empresas
estatais, o fim do controle de preços e dos subsídios a determinados setores da economia, a redução
do número de funcionários públicos, a limitação dos gastos com a previdência social, a diminuição dos
encargos trabalhistas e a abertura da economia a investimentos externos. A aplicação dessa política
gerou reações da sociedade civil organizada que se viu prejudicada com essas medidas. No contexto
da globalização, tal política levou os países mais ricos a pressionar os países mais pobres para que
extinguissem as tarifas alfandegárias protecionistas e liberassem a entrada de produtos e de investi-
mentos estrangeiros.

PARA SABER MAIS:


• Sugestão de Livro: As políticas neoliberais e a crise na América do Sul. Autor: Luiz Alberto Moniz
bandeira.
• Sugestão de Documentário: Não Toque em Meu Companheiro.
• Sugestão de videoaula: Neoliberalismo – Brasil Escola. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=sGob5MEk5EM>. Acesso em: 03 ago. 2021.
• Sugestão de Site: <http://memorialdademocracia.com.br/card/nacional-desenvolvimentismo>.
Acesso em: 03 ago.2021.

ATIVIDADES
1 - Diante de tais questões surgem profundas divisões no seio das elites brasileiras, incluindo aquelas
pertencentes às Forças Armadas. De forma esquemática, é possível identificar aqueles que, de um lado,
defendem o nacionalismo econômico e a intensa participação do Estado no desenvolvimento industrial.
Na outra posição, estavam os partidários de que o segundo ciclo de nossa industrialização (o primeiro
se deu durante o Estado Novo) devia ser comandado exclusivamente pela iniciativa privada brasileira,
associada a capitais estrangeiros.
DEL PRIORI, Mary; VENÂNCIO, Renato. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010. P. 264.

Identifique os dois grupos mencionados no texto e apresente as suas propostas para a economia brasileira.

152
2 - Durante o período conhecido como Era Vargas houve a criação de uma infraestrutura para a instalação
de indústrias no Brasil. Para Vargas, era necessário proteger e desenvolver a produção nacional.
O governo de Juscelino Kubitschek também foi marcado por uma forte industrialização.
Caracterize as políticas de JK nesse setor e estabeleça as diferenças de suas medidas em relação às
varguistas.

3 - (UFC) (Adaptada) – A partir de 1989, a América Latina incorpora o neoliberalismo. Este modelo,
contestado por diferentes grupos e movimentos sociais, caracterizou-se, neste continente, por
a) instaurar um conjunto de ideias político-econômicas que defendia a redução da ingerência do
Estado na economia.
b) atenuar as diferenças sociais e a dependência em relação ao capital internacional, ofertando
o pleno emprego.
c) estimular o desenvolvimento do campo social e político e implementar uma sociedade mais
justa e igualitária.
d) diminuir o poder da iniciativa privada transnacional, mediante a intervenção do Estado a favor
da burguesia.
e) apresentar uma base econômica formada por empresas públicas que regulam a oferta e
a demanda.

4 - A China se destaca pela produção de tecidos e de produtos eletrônicos. Considerando o que você
estudou sobre as políticas neoliberais, estabeleça uma relação entre essa afirmação e a legenda da
fotografia a seguir.

Sem-teto da China encontram abrigo em restaurantes de fast food. Disponível em https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/sem-


teto-da-china-encontram-abrigo-em-restaurantes-de-fast-food-aha4m76k2xdpqke0ikg40m68v/. Acesso em: 03 ago. 2021

153
SEMANA 3

EIXO TEMÁTICO:
Mundo Contemporâneo, República e Modernidade. Cidadania e Democracia: de 1930 aos dias Atuais.

TEMA/TÓPICO(S):
3. A Construção da Cidadania Moderna / Do Estado do Bem-Estar Social ao desenvolvimento do neolibera-
lismo: as políticas de assistência e inclusão social.

HABILIDADE(S):
Analisar as revoltas populares e movimentos operários e seu papel no surgimento do Estado do Bem-Estar
Social.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Crise de 1929, Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Filosofia e Sociologia.

TEMA: O Estado de bem-estar social


Caro (a) estudante, nesta semana você vai compreender o papel do Estado de bem-estar social, ou Es-
tado-providência, ou Estado social, tipo de organização política, econômica e sociocultural que coloca
o Estado como agente da promoção social e organizador da economia. Além disso, você irá identificar
as inter-relações entre o poder, a política e o Estado, bem com suas influências no cotidiano, conside-
rando o contexto interno e externo do Brasil.

A criação do Estado de bem-Estar social. Disponível em https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/estado-bem-estar-social.htm.


Acesso em 04 ago. 2021.

[...] É recorrente na história da humanidade a preocupação de algumas pessoas com as classes des-
favorecidas. No século XIX, após a instalação do capitalismo industrial na Europa e a leva da industria-
lização para outros continentes, a população encontrou-se em um cenário caótico de miséria, fome,
alastramento de doenças, e crescimento exponencial da violência e da desigualdade social.

154
Os trabalhadores fabris do século XIX enfrentaram longas jornadas de trabalho que, muitas vezes, ul-
trapassam 12 horas diárias. Eles não tinham direito a descanso remunerado, como férias e descanso
semanal, além de não terem previdência e uma remuneração satisfatória que lhes permitisse uma vida
digna. Os trabalhadores viviam na miséria, passavam fome, e a situação ficava ainda mais grave entre
os desempregados.
Em meio à crescente onda de reivindicação de direitos e formação de sindicatos vivida, na passagem
do século XIX para o século XX, surgiram teorias que defendiam que o Estado deveria prover um bem-
-estar mínimo para a população em geral. [...]
Disponível em https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/estado-bem-estar-social.htm. Acesso em 04 ago. 2021.

O Estado de bem-estar social (Ebes), também denominado Welfare State, foi modelo adotado pelas
grandes economias liberais na primeira metade do século XX. A Crise de 1929, o desemprego, a in-
flação, o crescimento do movimento operário, a emergência dos regimes antiliberais e a competição
entre as grandes corporações monopolistas foram alguns dos fatores que contribuíram para a emer-
gência desse modelo.
A base intelectual do Ebes é a obra Teoria Geral do emprego, do juro e da moeda, publicada pelo econo-
mista britânico John Maynard Keynes em 1936. Contrariando a ortodoxia liberal, Keynes afirmava que
o Estado deveria intervir no domínio econômico para garantir o pleno emprego, estimular a produção e
o consumo, mediar as relações de trabalho e ampliar a política de assistência.
O Ebes desenvolveu uma política voltada ao atendimento dos direitos sociais básicos, como saúde,
educação e trabalho, salário, transporte e previdência social. O pilar desse Estado estaria na política
do pleno emprego: O Estado deveria enfatizar políticas de geração de emprego, com o objetivo de criar
vínculo social necessário para a estabilidade, a coesão social e a democracia.
No âmbito político, o Ebes representou uma resposta das economias capitalistas para criar uma so-
ciedade menos vulnerável às crises do sistema e aos apelos do socialismo, que passaram a crescer em
todo o mundo com o advento da Segunda Guerra Mundial. Seus defensores afirmavam que um Estado
que atendesse às reivindicações por direitos de cidadania da classe trabalhadora produziria funcioná-
rios mais dispostos e empenhados. O Ebes seria, portanto, fruto de um pacto social entre as diferentes
classes sociais e os partidos políticos para priorizar a manutenção da democracia.
No final da década de 1960, o Ebes começou a sofrer críticas diante da inadequação dos gastos públi-
cos com a previdência, causados pelo aumento do desemprego e pela recessão econômica mundial,
que culminou na crise do petróleo de 1973. Apesar das críticas, permanece como modelo de Estado em
alguns países da Europa ocidental, em especial na Dinamarca, na Noruega e na Suécia.

Estado de bem-estar social no Brasil atualmente


[...] O Brasil não é uma forte referência ao falar-se em políticas públicas, tomando por base a vivência
empírica dos brasileiros. Entretanto, no âmbito mundial, temos políticas públicas valiosas e muito ali-
nhadas à ideia de Estado de bem-estar social.
Uma dessas políticas, que se tornou uma política de Estado sancionada pela Constituição Federal de
1988, é a criação do Sistema Único de Saúde, o SUS. Apesar da falta de verba, da falta de profissionais e
da deficiente estrutura, o SUS é um dos poucos sistemas de saúde totalmente gratuito e que se propõe
a atender qualquer cidadão no mundo.
Para o SUS, não importa a nacionalidade, a condição socioeconômica, a moradia (ou a ausência dela),
enfim, independentemente de qualquer fator, a pessoa tem direito ao atendimento de saúde por esse
sistema. Essa é uma política pública brasileira que coaduna com a ideia de Estado de bem-estar social,
pois utiliza de recursos públicos para oferecer tratamento de saúde a todos os cidadãos que habitam o
território brasileiro.

155
Outro exemplo de política pública que está embasada na ideia de bem-estar social é a política de edu-
cação brasileira. O Brasil oferece, gratuitamente, a educação básica e superior a qualquer cidadão bra-
sileiro e estrangeiro naturalizado ou com visto.
A educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) deve ser garantida a todas
as crianças e adolescentes, além de haver políticas públicas para jovens e adultos que pretendam con-
cluir suas etapas. O Estado deve garantir que todas essas pessoas estejam inseridas no quadro discen-
te de escolas públicas.
No caso do ensino superior público, não há uma garantia de que haja vaga para todas as pessoas que
queiram ingressar nele, mas há a oferta de vagas totalmente gratuitas. Podemos, portanto, perceber
que há uma relação íntima entre a educação brasileira e a ideia de Estado de bem-estar social. 
Outra política pública que se aproxima da ideia de Estado de bem-estar social é o  Programa Bolsa Fa-
mília. O mecanismo criado, em 2003, e convertido em lei, em 2004, (Lei Federal n. 10.836/04), trouxe
um sistema de transferência de renda do Governo Federal para as famílias de baixa renda terem acesso
à alimentação e a uma vida mais digna. [...]
Disponível em https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/estado-bem-estar-social.htm. Acesso em 04 ago. 2021.

PARA SABER MAIS:


• Sugestão de Livro: O Estado de bem-estar social no século XXI. Autores/Organizadores: Maurí-
cio Godinho Delgado / Lorena Vasconcelos Porto.
• Sugestão de Documentário: Dedo na ferida. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=lhErYR90dCI>.
• Sugestão de videoaula: Estado de bem-estar social - Brasil Escola. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=IRAFP1cOMmE>. Acesso em 04 ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - A crise internacional do capitalismo, ainda em curso, provocada pela irresponsabilidade do sistema
financeiro norteamericano, submergiu a economia internacional e, como desastre, representa o
segundo grande marco da vitória histórica dos sistemas de interesse. O primeiro, a Queda do Muro de
Berlim, ruiu como monumento às avessas, celebrando o fracasso da ousada tentativa de construir uma
sociedade assentada sobre a solidariedade. Sem inovações institucionais [...] a futura nova sociedade
serviu-se do abastardamento das instituições políticas predominantes nas democracias capitalistas,
partidos e eleições, para ao final desvirtuar-se economicamente na contrafação do mercado negro,
e politicamente na centralização e corrupção burocráticas. [...] Antes, na sequela da crise mundial de
1929, também originada nos Estados Unidos, deu-se o início de políticas sociais mais sistemáticas e
consistentes, lá e na Europa. [...] O desastre iniciado em 2007, ao contrário, ocasionou o desmanche
mundial da rede de proteção construída no último meio século. O medo do socialismo [...] havia
desaparecido. [...] O socialismo não se manteve como opção realista ao capitalismo contemporâneo,
e o mundo presencia, pela primeira vez a sério, um capitalismo sem competidores.
Adaptado de: SANTOS, Wanderley Guilherme dos. A democracia impedida: o Brasil no século XXI, Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017,
pp 129-130

156
Nesse texto, é caracterizada uma análise
a) do Estado contemporâneo.
b) do Estado sob o capitalismo.
c) dos limites do Estado de Direito.
d) da crise do Estado de bem-estar social.
e) da sociedade e do Estado no século XXI.

2 - O chamado Estado Moderno caracteriza-se por um modelo de organização social do poder político,
pautado na centralização, racionalização/burocratização, que, por meio de leis, rege a vida em sociedade.
As formas pelas quais o Estado Moderno é gerido variam no tempo e no espaço. Assim, no século XX,
pode-se dizer que predominaram duas formas: o Estado neoliberal e o Estado de bem-estar social, que
apresentam características diferentes no que se referem, sobretudo, à oferta de serviços públicos para
seus cidadãos. O modelo de gestão estatal neoliberal encontra-se adotado em países como os Estados
Unidos e a Inglaterra, onde o ensino superior, mesmo nas universidades públicas, não é totalmente
custeado pelo Estado, enquanto que o modelo de gestão de bem-estar social permanece em alguns
países como na Dinamarca, Noruega e Suécia, onde a educação universitária é totalmente gratuita.
SILVA, A; LOUREIRO, B; MIRANDA, C. (et all). Sociologia em movimento. 1 ed. São Paulo: Moderna, 2013 (Adaptado)

A VIDA DOS ESTUDANTES AMERICANOS COM DÍVIDAS ACIMA DOS R$ 500 MIL
Segundo ONG, 20% dos americanos com mais de 50 anos ainda têm de quitar dívidas contraídas para
custear ensino; mais de 43 milhões de americanos têm dívidas do tipo, como o caso de Carolyn Chimeri,
formada e pós-graduada em duas das melhores universidades americanas, ela imaginava que teria uma
vida mais confortável que a de seus pais, que jamais foram para a faculdade. Após completar o ensino
superior, porém, ela acumulou uma dívida de US $238 mil (R $754 mil) e hoje rala para quitar as presta-
ções com um salário de professora, aos 29 anos de idade. “Eu e meu marido brigamos o tempo todo por
dinheiro, pensando em como sobreviver, pagar as contas e viver como pessoas comuns em Nova York”,
ela diz à BBC Brasil.
Joao Fellet BBC Brasil, 17/08/2016 disponível em: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2016/08/a-vida-dos-estudantes-americanos-
com-dividas. Acesso em 04 ago. 2021.

Com base no texto do Estado Moderno, explique por que os alunos universitários norte-americanos, a
exemplo da situação publicada, encontram-se endividados.

157
SEMANA 4
EIXO TEMÁTICO:
Redefinição de Fronteiras: a Questão da Alteridade no Mundo Contemporâneo e Pós-Moderno.

TEMA/TÓPICO(S):
Cidadania e Democracia / A redemocratização do Brasil.

HABILIDADE(S):
Produzir síntese histórica do processo de redemocratização do Brasil (Movimento pela Anistia, greves do
ABC, Movimento Diretas-Já, eleição indireta de Tancredo Neves, Constituição de 1988), utilizando diferentes
fontes: escrita, oral, iconográfica, artística, etc.
- Operar com o conceito de democracia no mundo atual.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Redemocratização no Brasil / Nova República / Movimentos Sociais.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Filosofia e Sociologia.

TEMA: A redemocratização do Brasil


Caro (a) estudante, nesta semana você vai reconhecer o papel da sociedade civil na luta pela democra-
tização, como, por exemplo, em manifestações estudantis, no resultado das eleições (1974), no enfren-
tamento à ordem política (greves de 1978 e saques a supermercados de 1981), na campanha pela anistia
(1978) e pelas Diretas Já (1984) e na vitória maciça dos candidatos da oposição (1988). Os fatos listados
permitem perceber que a sociedade não ficou passiva e que pressionou pela abertura política, mesmo
diante da tentativa de fechamento do regime pela “linha dura” militar.

Os movimentos sociais e a luta pela redemocratização do Brasil


Nos anos finais da ditadura civil-militar, o Brasil passou por um processo de redemocratização. Ela-
borou-se uma Constituição com ampla participação da sociedade civil, e essa nova Carta Magna, co-
nhecida como Constituição Cidadã, foi promulgada em 1988. Estabeleciam-se, assim, novos caminhos
para a liberdade e a cidadania. Desde então, o Brasil tem buscado, em meio a percalços econômicos e
sociais, consolidar a democracia e reposicionar-se no mundo globalizado.

Ditadura e Direitos sociais


[...] A liberalização do regime militar, conhecida como abertura política, teve início no Governo Geisel
(1974/78) e avançou graças à ativa participação de diferentes setores sociais. A revogação do AI5, o fim
da censura prévia, a anistia política, a possibilidade de organizar novos partidos políticos – até então vi-
gorava o bipartidarismo, com a Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido do governo, e o MDB (Movi-
mento Democrático Brasileiro), que reunia os oposicionistas, atuando num congresso que existia apenas
formalmente -, a volta das eleições direta para governadores foi acompanhada de intensa mobilização.
A partir do final da década de 1970, movimentos grevistas ressurgiram no ABC paulista, uma das re-
giões mais industrializadas do país e que abrigava fábricas grandes e modernas, produtoras de bens de
consumo duráveis e que contavam com dezenas de milhares de operários (FORD, 25 mil, e Volkswagen,

158
38 mil). Apesar da legislação antigreve, os trabalhadores passaram a desafiar o governo e sua política
salarial, realizando gigantescas paralisações que chegaram a reunir mais de 80 mil grevistas.
No campo, onde a estrutura fundiária permanecia intocada, houve o ressurgimento da luta em prol da
defesa do trabalhador rural. Data de 1975 a Comissão Pastoral da Terra, criada pela Conferência Nacio-
nal dos Bispos do Brasil (CNBB) para atuar nas questões agrárias, e de 1979 a formação do Movimento
dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). Igualmente significativo foi o surgimento dos movimentos urbanos
em prol da moradia, como o Movimento Contra os Loteamentos Clandestinos (1972), o Movimento dos
Moradores de Favelas (1979) e o Movimento dos Mutuários do BNH (1984), por sua vez, foi acompanhada
de intensa participação popular. Apesar de a proposta ter sido derrotada no Congresso, o clamor das
ruas foi fundamental para tornar irreversível a saída dos militares do poder, que se consubstanciou com
a eleição de Tancredo Neves e José Sarney (1985).
PINSKY, Jaime. PINSKY, Carla Bassanezi. Org. História da Cidadania. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2005, p. 486-487.

A música no contexto da redemocratização


A música “Que país é esse? foi composta por Renato Russo em 1978, na época do grupo Aborto Elétrico,
e lançada pelo Legião Urbana, em 1987. A letra aponta para o sentimento de revolta e indignação dos
brasileiros frente ao projeto político-econômico levado adiante pelo regime militar.
“Que país é esse? (Renato Russo)

Nas favelas, no Senado Na morte eu descanso Terceiro mundo se for


Sujeira pra todo lado Mas o sangue anda solto Piada no exterior
Ninguém respeita a Constituição Manchando os papéis Mas o Brasil vai ficar rico
Mas todos acreditam no futuro da Documentos fiéis Vamos faturar um milhão
nação Ao descanso do patrão Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão
Que país é esse? Que país é esse?
Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse?
Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse?
Que país é esse? Que país é esse?
No Amazonas, no Araguaia Que país é esse?
Na baixada fluminense
Mato Grosso, Minas Gerais
E no Nordeste tudo em paz

A poesia no contexto da redemocratização


Em 1975, o poeta maranhense, Ferreira Gullar, publica o livro Dentro da noite veloz. No texto, o autor
toca, de modo astuto, nas feridas abertas pelos anos de repressão, sem, contudo, cair no discurso pan-
fletário. No poema “Maio 64”, Gullar escreve:
Mas quantos amigos presos!
Quantos em Cárceres escuros
Onde a tarde fede a urina e terror.
Há muitas famílias sem rumo esta tarde
Nos subúrbios de ferro e gás
Onde brinca irremida a infância da classe operária.

159
A charge no contexto da redemocratização

Disponível em: http://educacao.globo.com/artigo/diretas-ja-movimento-pedia-o-voto-direto.html. Acesso em: 05 ago. 2021.

PARA SABER MAIS:


• Sugestão de Livro: O cego e a dançarina. Autor: João Gilberto Noll.
• Sugestão de Documentário: História do Brasil - Redemocratização. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=f8VJTRiiKsg>. Acesso em: 05 ago. 2021.
• Sugestão de videoaula: Redemocratização do Brasil (Anos 80) - História - ENEM. DIsponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=pFl4Kdwf2a0>. Acesso em: 05 ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - A Carta Magna do Brasil (1988) foi apelidada de “Constituição Cidadã” por representar as conquistas de
movimentos sociais organizados e permanece em vigor até hoje. Em sua opinião, qual é a importância
de a Constituição incorporar as reivindicações e as conquistas dos movimentos sociais?

160
2 - (UFSC/2008)

REZENDE, A.P.; DIDIER, M.T. Rumos da História. São Paulo: Ática, 2001. p. 624.

Voava-se o vôo 254 na noite de 27 de maio de 1984. Exatamente um mês e dois dias antes, ou seja, a 25
de abril, travou-se a penúltima batalha entre Nação e Ditadura, ocasião em que esta, uma vez mais –
a última vez –, derrotara aquela, manobrando com suspeita habilidade no Congresso Nacional para que
fosse rejeitada uma emenda à Constituição que restabeleceu o voto direto dos cidadãos para a próxima
escolha do presidente da República.
NEVES, Amilcar. Relatos de sonhos e de lutas. São Paulo: Estação Liberdade: Fundação Nestlé de Cultura, 1991. p. 62.

No final da década de 1970, o Brasil começa a viver o processo de redemocratização. Com base nessa
afirmação e no texto acima, comente sobre a Campanha Diretas-Já e sua relação com o contexto polí-
tico, social e econômico da época.

3 - (ENEM/2015) - Não nos resta a menor dúvida de que a principal contribuição dos diferentes tipos
de movimentos sociais brasileiros nos últimos vinte anos foi no plano da reconstrução do processo
de democratização do país. E não se trata apenas da reconstrução do regime político, da retomada da
democracia e do fim do Regime Militar. Trata-se da reconstrução ou construção de novos rumos para a
cultura do país, do preenchimento de vazios na condução da luta pela redemocratização, constituindo-
se como agentes interlocutores que dialogam diretamente com a população e com o Estado.
GOHN, M. G. M. Os sem-terras, ONGs e cidadania. São Paulo: Cortez, 2003 (adaptado).

No processo da redemocratização brasileira, os novos movimentos sociais contribuíram para


f) diminuir a legitimidade dos novos partidos políticos então criados.
g) fragmentar as lutas políticas dos diversos atores sociais frente ao Estado.
h) tornar a democracia um valor social que ultrapassa os momentos eleitorais.
i) difundir a democracia representativa como objetivo fundamental da luta política.
j) ampliar as disputas pela hegemonia das entidades de trabalhadores com os sindicatos.

161
SEMANA 5
EIXO TEMÁTICO:
Mundo Contemporâneo, República e Modernidade. Cidadania e Democracia: de 1930 aos dias atuais.

TEMA/TÓPICO(S):
A Construção da Cidadania Moderna / A construção dos direitos civis, políticos e sociais na República brasi-
leira: demandas sociais e legislação (Estatuto da Igualdade Racial, Políticas Afirmativas e outras).

HABILIDADE(S):
Debater a legislação atual sobre política de direitos (políticas universais e políticas afirmativas) e suas reper-
cussões no plano social operando com conceitos tais como: xenofobia, discriminação, preconceito.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Nova República: Governo Sarney - Constituição Cidadã (1988).

INTERDISCIPLINARIDADE:
Filosofia e Sociologia.

TEMA: A Constituição cidadã (1988)


Caro (a) estudante, nesa semana você vai perceber a importância dos dispositivos legais da Constitui-
ção de 1988 que se referem aos direitos e garantias fundamentais: reconhecimento dos direitos indi-
viduais e sociais das mulheres, direitos dos indígenas, direitos de não discriminação racial, direitos de
greve para os trabalhadores, proteção ao meio ambiente, incorporação das leis trabalhistas como direi-
tos essenciais, direitos sociais de saúde, educação, proteção à maternidade e à infância e assistência
aos desamparados etc.

A garantia de Direitos
Com a ampla mobilização popular e de grupos sociais organizados durante a Constituinte, a Carta de
1988 assegurou direitos a grupos historicamente marginalizados, como os de mulheres, de indígenas
e de afrodescendentes, prevendo para esses grupos medidas e tratamentos diferenciados. A pressão
pública também garantiu o avanço da pauta dos direitos humanos e também o princípio da igualdade
jurídica entre as pessoas.
Com a Constituição de 1988, o estado brasileiro passou a garantir o direito de proteção dos povos in-
dígenas e de preservação de sua cultura, assegurando-lhes os direitos básicos e prevendo a criação
de reservas indígenas. Duas inovações que merecem destaque em relação à Constituição anterior
foram o abandono do entendimento de que os indígenas seriam uma categoria social condicionada
ao desaparecimento e a garantia do respeito aos seus costumes, línguas, tradições, crenças e orga-
nizações sociais.
O movimento negro teve participação efetiva na elaboração de pontos importantes da Constituição.
Os afrodescendentes encontraram nessa Carta oportunidade de promover a igualdade e a proteção
contra o racismo – decretado crime inafiançável – e ter reconhecida a sua importância na formação da
sociedade brasileira.

162
No caso das mulheres, estabeleceram-se a ampliação da licença-maternidade para 120 dias e regras
especiais para a aposentadoria. Além disso, foi introduzido o princípio de igualdade entre homens e
mulheres em relação a direitos e deveres, o que garantiu às mulheres o reconhecimento de seu papel
como cidadãs na sociedade brasileira. A nova Constituição assegurou também a igualdade de gêneros
nas relações trabalhistas e nos assuntos familiares e conjugais.
Ações Afirmativas
As ações afirmativas são formas institucionalizadas de expressão dos conflitos existentes em uma so-
ciedade. Mas o que isso significa?
Pensemos, por exemplo, nas políticas de cotas para negros atualmente em voga no Brasil. Até o de-
senvolvimento e a implantação desse tipo de política, a população negra brasileira contou com um his-
tórico de dificuldades de inserção em nossa sociedade. Dessa forma, podemos dizer que nesta existe
um conflito, no que se refere a raça, em função da defasagem de oportunidades que uma pessoa negra
pode ter por pertencer a um grupo social que foi historicamente excluído da sociedade brasileira. As
ações afirmativas existem para institucionalizar esse conflito, ou seja, tentam corrigir tais defasagens
sociais e caráter histórico por meio de leis, programas governamentais, dentre outras ações que envol-
vem não apenas o governo, mas toda a sociedade civil.
O Brasil não é o primeiro país a adotar esse tipo de medida. O primeiro Estado a promover políticas de
igualdade de inserção de indivíduos desfavorecidos socialmente foram os Estados Unidos, ainda na dé-
cada de 1960. Durante esse período, o movimento negro estadunidense se tornou uma das forças mais
atuantes na luta pela ampliação da democracia na sociedade estadunidense.
Assim, as ações afirmativas existem para garantir a representação do maior número de segmentos
sociais possíveis, nos mais diversos âmbitos da vida social, como o acesso ao mercado de trabalho, à
educação, e também no que se refere à representação política.

Movimentos sociais, ação afirmativa e universalização dos direitos


[...]Os movimentos sociais que, historicamente, questionam, resistem, criam formas e propõem novas
relações sociais, manifestando-se contra o que é considerado injusto, incorreto e, muitas vezes, ina-
ceitável em uma dada sociedade, são, nesse sentido, ações afirmativas, pois são ações coletivas de
afirmação de identidades e direitos, práticas constituintes de autonomia.
Assim, ação afirmativa e democratização são conceitos intimamente ligados e, nas práticas de ações
contra as desigualdades; ações que devem afirmar a igualdade contra o privilégio, a multiplicidade con-
tra a uniformidade e a participação contra a partilha. É nesse sentido que ação afirmativa é política de
democratização, pois na democracia a política consiste na criação daquilo a que, necessariamente,
todos devem ter acesso, criando os meios que assegurem esse acesso. Os movimentos sociais da po-
pulação negra, das mulheres, dos indígenas, dos homossexuais, dos deficientes físicos, dos trabalha-
dores sem-terra, dos trabalhadores sem teto e dos trabalhadores em geral, os movimentos pelo direito
à educação e em defesa do ensino público, os cursos pré-vestibulares populares para negros e carentes
e outros são, com todas as suas contradições e perspectivas, ações afirmativas: afirmam o que ainda
não existe de fato, o que querem instituir.
[...] ou seja, no âmbito das políticas públicas, uma política de ação afirmativa se estabelece por meio de
leis e medidas concretas de combate aos efeitos das discriminações e das desigualdades nas relações
sociais vigentes. O objetivo geral de tais medidas é a recomposição social das instituições.
NASCIMENTO, Alexandre do. Movimentos sociais, ações afirmativas e universalização dos direitos. Lugar comum,
n. 19-20, p.173-184 (Adaptação)

163
Discriminação ou Preconceito
Inicialmente, a lei foi elaborada para a punição de crimes re-
sultantes de preconceito de raça ou de cor, e ficou conhecida
como lei do racismo, mas a lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997,
acrescentou os termos etnia, religião ou procedência nacional,
e ampliou a proteção da lei para vários tipos de intolerância.
As penas previstas podem chegar até 5 anos de reclusão e va-
riam de acordo com o tipo de conduta.
O intuito da norma é de preservar os objetivos fundamentais
descritos na Constituição Federal, mais especificamente de
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Disponível em https://twitter.com/CNJ_oficial/
Disponível em https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e- status/531582262568316928/photo/1.
produtos/direito-facil/edicao-semanal/discriminacao-ou-preconceito-1. Acesso em 06 ago. 2021
Acesso em 06 ago. 2021.

PARA SABER MAIS:


• Sugestão de Livro: A integração dos negros na sociedade de classes. Autor: Florestan Fernandes.
• Sugestão de Documentário: “Raça Humana” / “Vista minha pele”. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=y_dbLLBPXLo >. Acesso em: 06 ago. 2021 - https://www.youtube.com/
watch?v=LWBodKwuHCM>. Acesso em: 06 ago. 2021.
• Sugestão de videoaula: Políticas públicas/Ações afirmativas. Disponível em: <https://www.you-
tube.com/watch?v=TUkkd9bJoKc>. Acesso em: 06 ago. 2021.
• Sugestão de Site: http://memorialdademocracia.com.br/museu. Acesso em: 06 ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - (UNESP/2018) - No Brasil, para uma população 54% negra (incluídos os pardos), apenas 14% dos
juízes e 2% dos procuradores e promotores públicos são negros. Juízes devem ser imparciais em
relação a cor, credo, gênero, e os mais sensíveis desenvolvem empatia que lhes permite colocar-se no
lugar dos mais desfavorecidos socialmente. Nos Estados Unidos, várias ONGs dedicam-se a defender
réus já condenados. Como resultado do trabalho de apenas uma delas, 353 presos foram inocentados
em novos julgamentos desde 1989. Desses, 219 eram negros. No Brasil, é uma incógnita o avanço social
que seria obtido por uma justiça cega à cor.
Mylene Pereira Ramos. “A justiça tem cor?” Veja, 24.01.2018. Adaptado.

Sobre o funcionamento da justiça, pode-se afirmar que


a) o preconceito étnico é fenômeno exclusivamente subjetivo e sem implicações na esfera pública.
b) a neutralidade e objetividade no julgamento não estão sujeitas a fatores de natureza psicológica.
c) a disparidade da composição étnica entre réus e juízes é um fator de crítica à atuação do Judi-
ciário.
d) a isenção jurídica é garantida por critérios objetivos que independem da origem étnica ou social.
e) a imparcialidade nos julgamentos é fator que torna desnecessária a adoção de políticas afir-
mativas.

164
2 - (ENEM/2017) - Enquanto persistirem as grandes diferenças sociais e os níveis de exclusão que
conhecemos hoje no Brasil, as políticas sociais compensatórias serão indispensáveis.
SACHS, I. Inclusão social pelo trabalho decente. Revista de Estudos Avançados, n. 51, ago. 2004.

As ações referidas são legitimadas por uma concepção de política pública


a) focada no vínculo clientelista.
b) pautada na liberdade de iniciativa.
c) baseada em relações de parentesco.
d) orientada por organizações religiosas.
e) centrada na regulação de oportunidades.

3 - Observe o cartaz reproduzido abaixo. Em seguida, faça o que se pede.


a) O cartaz do movimento negro afirmava, em
1988, que a abolição era uma farsa. Em sua opinião,
por que essa afirmação foi feita?

b) A Constituição de 1988 significou algum avanço


no combate ao racismo? Justifique sua resposta.

Disponível em https://riomemorias.com.br/memoria/marcha-
contra-a-farsa-da-abolicao/. Acesso em: 06 ago. 2021

165
SEMANA 6
EIXO TEMÁTICO:
Mundo Contemporâneo, República e Modernidade. Cidadania e Democracia: de 1930 aos dias atuais.

TEMA/TÓPICO(S):
Demarcação de Territórios de Identidades Socioculturais / Fundamentalismos étnicos, religiosos e ambien-
talistas: o choque entre o multiculturalismo e a intolerância.

HABILIDADE(S):
Operar com os conceitos de etnia, cultura, fundamentalismo, multiculturalismo e alteridade / Analisar confli-
tos contemporâneos que envolvam questões de ordem étnica, cultural e religiosa.

CONTEÚDO RELACIONADO:
Nova República – Constituição Cidadã (1988) / Minorias e Preconceitos.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Filosofia e Sociologia.

TEMA: Raça, Etnia e Multiculturalismo


Caro (a) estudante, nesta semana você vai reconhecer a existência de diversos grupos identitários,
urbanos ou rurais, formados por segmentos sociais excluídos pertencentes às camadas populares
(mas não exclusivamente), que podem incluir mulheres, afrodescendentes, indígenas, grupos geracio-
nais (jovens, idosos), deficientes, seguidores de uma determinada religião etc., que lutam por direitos
sociais, culturais, melhores condições de vida, acesso à terra, moradia, serviços públicos, reconhe-
cimento e visibilidade social. A dimensão desses movimentos pode ser observada no Fórum Social
Mundial, que anualmente reúne movimentos sociais de muitos continentes com o objetivo de elaborar
alternativas para uma transformação social global.

Pluralidades e diversidades identitárias


O mundo contemporâneo trouxe à tona noções de globalização e mundialização. Com o advento da
internet, das mídias eletrônicas e do grande volume de informações que circulam a todo momento,
a instabilidade e a incerteza tornaram-se cada vez mais presentes. Além disso, processos políticos, so-
ciais e econômicos que levam pessoas a migrações forçadas e à condição de refugiadas, por exemplo,
apontam para a urgência de reforçar a importância da diversidade existente no mundo.
Nos tempos atuais, tudo é rápido, efêmero e descartável, tanto no consumo como nas comunicações
e nas formas de relacionamento. Em um contexto de profusão de informações e de convivência com
culturas diferentes, ocorrem as “crises de identidade”. Assim, a sociedade passou a debater sobre a di-
versidade de identidades que se formam no confronto e na convivência diária. Nesse sentido, torna-se
necessário praticar a convivência democrática com identidades distintas, percebendo a importância
da pluralidade social.
Falar em identidade cultural brasileira, por exemplo, significa refletir sobre os aspectos religiosos, lin-
guísticos, étnicos, raciais e regionais que nos definem como sociedade. Essas identidades estão ex-
pressas na história e na memória coletiva da população de cada país.
Se a identidade cultural é formada por múltiplos aspectos, é preciso aprender a conviver harmonio-
samente com eles, e essa questão tem sido levantada por diferentes grupos, em diversos âmbitos da
sociedade. Discute-se, por exemplo, a presença de identidades religiosas, que devem ser respeitadas.

166
As populações negras e indígenas reivindicam o reconhecimento de suas identidades próprias, funda-
mentais para a compreensão da formação e da continuidade da sociedade brasileira. Mulheres de todo
o mundo lutam pelo fim da opressão e da desigualdade que caracterizam historicamente as relações
sociais, econômicas e de trabalho. Pessoas dos mais diversos gêneros e orientações sexuais reivindi-
cam a aceitação de sua identidade.
Não basta, porém, apenas identificar a pluralidade que caracteriza as diferentes sociedades. O mundo
contemporâneo nos coloca a questão de como aprender a conviver com as diferenças e, mais do que
isso, como respeitá-las e valorizá-las. É preciso combater os discursos de ódio e prezar pelo estabele-
cimento de uma Cultura de Paz na qual o preconceito e a violência não tenham espaço.

Etnia: o reconhecimento das diferenças


[...] Um dos meios contemporâneos de abordar a dinâmica da interação entre os diferentes povos e
grupos sociais que compõem a população mundial é o conceito de etnia. Podemos defini-la como um
conjunto de seres humanos que partilham diferentes aspectos culturais, que vão da linguagem à reli-
gião. São características sociais e culturais; portanto, são aprendidas, e não inatas.
O termo “etnia” está diretamente associado à diversidade cultural, elemento mais apropriado para
identificar os diferentes grupos humanos. O uso desse termo se refere principalmente aos processos
históricos e culturais construídos por meio da interação social e enfatiza que as características biologi-
camente herdadas são pouco significativas para categorizar os grupos sociais humanos.
A etnicidade, nesse caso, é a consciência de pertencer a determinada comunidade étnica, construindo
uma identificação com grupos sociais específicos em uma dada sociedade. Diferentemente do termo
“raça”, que evoca uma distinção dada pela origem biológica, etnia e etnicidade referem-se a práticas
socioculturais e históricas de vários grupos humanos que interagem entre si. Essas práticas pressu-
põem a aceitação e a percepção da diversidade cultural humana como elementos positivos e em pro-
cesso constante de renovação.
[...] Com base na noção de etnia, estudos sobre a desigualdade social brasileira passaram a indicar
como as relações sociais historicamente construídas no Brasil foram marcadas pelas injustiças viven-
ciadas pelas vítimas do racismo, do preconceito e da discriminação, sustentadas pela ideia equivocada
de raças humanas. Isso foi um passo importante, pois, até meados do século XX, as explicações bioló-
gicas ainda eram empregadas por boa parte dos estudos sobre as desigualdades sociais. [...]
SILVA, Afrânio, et all. Sociologia em Movimento. 1ª ed. São Paulo: Ed. Moderna, 2013.p.110-111

Multiculturalismo
O conceito de multiculturalismo surge nas sociedades contemporâneas como um meio de combater, por
um lado, a ideia de homogeneidade cultural fundamentada na visão de superioridade dos povos coloni-
zadores europeus e, por outro, as desigualdades sociais e as diversas formas de racismo, de preconceito
e de discriminação social. A ideia de homogeneidades culturais afirma que a cultura, o modo de vida e a
visão de mundo dos europeus são universais e únicos, sobrepondo-se aos dos demais povos. Dissemina-
da mundialmente, essa concepção tem papel central no desenvolvimento da xenofobia, fenômeno que,
na atualidade, afeta principalmente contra imigrantes africanos, da América Latina e do Caribe.
Por ser um termo para o qual se aceitam muitas definições, o conceito de multiculturalismo não é único
nem homogêneo; varia conforme o contexto sócio histórico e compreende diferentes pontos de vista.
Segundo alguns autores, o termo multiculturalismo designa o fato de determinadas sociedades serem
formadas por culturas distintas. Para outros, esse conceito descreve uma política que visa a coexistên-
cia pacífica entre grupos étnica e culturalmente diferentes. Há ainda quem considere o multiculturalis-
mo um movimento teórico e político em defesa da pluralidade e da diversidade cultural que reivindica o
reconhecimento e a valorização da cultura das chamadas minorias.

167
Como movimento político e social, o multiculturalismo é legítimo e diz respeito às reivindicações de
grupos culturais dominados no interior dos países de capitalismo avançado (Inglaterra, Estados Uni-
dos, França, entre outros) para terem suas culturas reconhecidas e representadas na cultura nacional,
destacando a luta dos negros americanos, a partir do início dos anos 1960, pelo acesso a direitos e pelo
combate à segregação e ao racismo.
SILVA, Afrânio, et all. Sociologia em Movimento. 1ª ed. São Paulo: Ed. Moderna, 2013.p.111

Disponível em http://www.justificando.com/2017/07/27/democracia-radical-multiculturalismo-e-estado-democratico-de-direito/.
Acesso em 06 ago. 2021.

PARA SABER MAIS:


Sugestão de Livro: Trabalho, lar e botequim: O cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle
Époque. Autor: Sidney Chalhoub.
Sugestão de Documentário: Caminhos da Reportagem | Ecos da Escravidão. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=xR549adx5Go>. Acesso em: 06 ago. 2021.
Sugestão de videoaula: Pós-Abolição para o ENEM - Aula - 04. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=U_yQw7e6d_g>. Acesso em: 06 ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - O Brasil, por conter uma grande dimensão territorial e uma população numerosa e miscigenada, com
grande quantidade de descendentes de europeus, africanos, asiáticos e índios, apresenta uma vasta
diversidade cultural. Mesmo assim, o medo do diferente é alimentado por uma série de preconceitos e
pré-julgamentos que desumanizam sem, entretanto, conhecer. Hoje, notícias de violência e preconceito
são comuns na mídia. Há incontáveis casos de agressões, tanto verbais como físicas, de quem apenas
pensa ou vive “diferente”. A lista de atrocidades provocadas pela intolerância é vasta, seja ela por questões
étnicas, políticas, de gênero, de classes, religiosa, sexual, cultural ou social, causadas pela dificuldade
de entender e aceitar as diferenças. Diante disso, o grande desafio do mundo contemporâneo é o de
que todas essas identidades conseguem viver juntas e em paz.
Convido vocês a pesquisarem, conversarem com os colegas, professores, amigos e familiares e em
seguida redija texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o
tema O desafio de se conviver com a diferença, apresentando experiência ou proposta de ação social,
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argu-
mentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

168
Vamos continuar firmes no caminho que leva a aprendizagem!
A história é absolutamente fundamental para um povo. Quem não sabe de onde vem, não sabe para
onde vai.
(Dom Bertrand de Orleans e Bragança)

169
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: FILOSOFIA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
Ser humano.

TEMA/TÓPICO(S):
Corpo e Psiquismo.

HABILIDADE(S):
Compreender a questão da consciência como um aspecto fundamental do ser humano.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Consciência; Consciência e identidade.

TEMA: A Consciência
Olá, estudante!
A consciência é um tema presente ao longo de toda a história da Filosofia. Mas o que é a consciência?
Como ela funciona? Ela é inata ou adquirida? Nesta aula iremos compreender a consciência como as-
pecto fundamental do ser humano. Através da escrita didática e clara de Gilberto Cotrim e de Mirna
Fernandes acessaremos os principais conceitos que envolvem este tema.

O QUE É A CONSCIÊNCIA
Esses múltiplos aspectos já mostram um pouco da complexidade desse tema. Não é simples conhe-
cer nem explicar o que é a consciência, pois dependemos justamente dela para fazer isso. Existe uma
recursividade em saber que se sabe, em sentir que se sente – enfim, em ser consciente de que se é
consciente. É o que torna esse tema fascinante, como destaca o médico e cientista português António
Damásio (1944-):
O que pode ser mais difícil do que saber como sabemos? O que pode ser mais grandioso que
o fato de entender que ter consciência torna possível, e mesmo inevitável, nossa interroga-
ção sobre a consciência? (Sentir o que sucede, p. 20.)

170
A consciência costuma ser entendida, portanto, como um fenômeno ligado à mente, esfera em que
ocorrem diversos processos psíquicos (pensamento, imaginação, emoção, memória, entre outros), es-
pecialmente o conhecimento. Para vários estudiosos, nada caracteriza mais o ser humano do que a
consciência, pois é ela que nos permite estar no mundo com algum saber, “com-ciência”. Como assinala
o paleontólogo e filósofo francês Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955):
O animal sabe. Mas, certamente, ele não sabe que sabe: de outro modo, teria há muito multi-
plicado invenções e desenvolvido um sistema de construções internas. Consequentemente,
permanece fechado para ele todo um domínio do Real, no qual nos movemos. Em relação a
ele, por sermos reflexivos, não somos apenas diferentes, mas outros. Não só simples mu-
dança de grau, mas mudança de natureza, que resulta de uma mudança de estado. (O fenô-
meno humano, p. 187.)

UMA EXPERIÊNCIA
Façamos, então, uma experiência. Por alguns minutos, vamos tentar ser mais introspectivos, procuran-
do observar a consciência de uma maneira mais vivencial e direta, um pouco à maneira de Descartes
nas Meditações ou dos sábios do Oriente.
Primeiro busquemos o estado oposto ou a negação da consciência: quando é que não estamos cons-
cientes e o que acontece então conosco? Em condições normais, entramos nesse estado todos os dias
ao dormir, o que corresponde a cerca de um terço de nossas vidas. Enquanto dormimos, nossos sen-
tidos estão desconectados de tudo o que ocorre à nossa volta, ou dentro de nós mesmos e de nossos
corpos. Durante o sono, se não sonhamos, supõe-se que não temos nenhuma sensação, nenhum pen-
samento ou sentimento, nenhuma lembrança, imaginação ou fantasia. Não percebemos nada.
Algo semelhante parece ocorrer quando perdemos os sentidos em um desmaio. Somos então como
um quarto vazio, escuro e silencioso. Parece que nada acontece. Quando despertamos, esse “quarto”
começa de novo a encher-se de “luz” e de “objetos”.
Voltamos a sentir nossos corpos e diversas impressões e pensamentos passam a preencher nossas
mentes. Também podemos usar a imagem da escuridão para entender essa frase tão comum: “Eu não
sabia, eu não tinha consciência”. Nesse caso, não estávamos desacordados, no sentido literal da pa-
lavra, mas sim no sentido metafórico. Havia um objeto, um sentimento, um conhecimento que estava
em um canto escuro de nosso “quarto” e que, por isso, não podíamos vê-lo. De repente, foi “iluminado”,
passando a integrar a totalidade consciente de nosso ser.
Sempre me intrigou o momento específico em que, enquanto esperamos sentados na pla-
teia, percebemos um movimento e um intérprete entra em cena, ou, para adotar outra pers-
pectiva, o instante em que um intérprete, esperando na penumbra, vê abrir-se as cortinas,
que revelam as luzes, o palco, o público. Sem importar o ponto de vista que se adote, há
alguns anos entendi que a comovedora intensidade desse instante provém de que encarna
uma instância de nascimento, de passagem pelo limiar de um mundo restrito e protegido
para a possibilidade e risco de um mundo mais amplo e exterior. [...] sinto que entrar em
cena também é uma vigorosa metáfora da consciência, do desabrochar de uma mente que
sabe, da simples e significativa chegada da sensação de self [si mesmo] ao mundo mental.
[...]. Escrevo sobre a sensação de self e sobre a passagem da inocência e ignorância à sa-
piência e à individualidade. (Sentir lo que sucede, p. 19.)
Desse modo, segundo Damásio, estar consciente envolve não apenas um ato de conhecer o que acon-
tece, como geralmente se entende: implica, basicamente e como primeiro estágio, um sentir. Vejamos
o que isso significa. Enquanto você lê este texto e capta o significado dele, ocorre um processo em seu
cérebro que lhe indica que é você e não outra pessoa que está envolvido nesse ato de ler e entender o
texto. Esse processo, diz o neurocientista, configura uma “presença” – a “presença” do observador que
é você. Ela corresponde, em seu organismo, a uma sensação ou sentimento. trata-se do:

171
[...] sentir o que acontece quando o ato de apreender algo modifica seu ser [os processos
físico-químicos que ocorrem dentro de seu cérebro]. A presença jamais descansa, desde o
despertar até o dormir. A presença deve estar aí, senão você não está. (Sentir lo que sucede,
p. 26. Tradução nossa.)
Em algumas patologias mentais, por exemplo, acredita-se que a pessoa perde contato com essa “pre-
sença”. Dizemos que ela se “ausenta”, embora esteja acordada e reaja aos estímulos externos até certo
ponto de maneira normal, mas automaticamente. Essa pessoa estaria tendo, portanto, um distúrbio da
consciência. Assim, no processo de conhecer, a consciência seria o “padrão mental” unificado que se
forma quando se conjugam o sentimento de si (self) e o objeto que se percebe e se torna conhecido.
Sem sensação ou sentimento de si não há consciência.

A CONSCIÊNCIA E A IDENTIDADE
Essa sensação de self, ou sentimento de si, relaciona-se basicamente com o aqui e agora, com o pre-
sente. Não há um antes ou um depois. É, por exemplo, a experiência de ver neste instante estas letras
impressas enquanto você lê este livro, combinada com a sensação de que é você que vê, e não outro ser.
Consegue perceber isso? Menino e cão acompanham atentamente algum acontecimento. Em que se di-
ferenciam então suas consciências? Pois, então, esse é o primeiro passo do processo de estar conscien-
te. Corresponde ao nível mais básico do processo de conhecer. Como afirma Damásio, trata-se de um
fenômeno biológico simples, vinculado ao sistema nervoso, que não seria exclusivo dos seres humanos.
No entanto, essa consciência nuclear, básica, quando se insere em determinado ponto da história de
um ser que é capaz de estabelecer relações entre seu passado e seu futuro – como nós, os humanos –
em um fluxo contínuo, torna-se uma sensação de si mais elaborada. É assim que surge – em mim, em
você, em qualquer um – a consciência do eu, da própria identidade: em outras palavras, a percepção de
um conjunto de caracteres próprios que se mantêm no tempo e no espaço do corpo físico, constituindo
o si mesmo, por oposição ao outro. Trata-se de um fenômeno biológico complexo vinculado, além das
emoções, também à memória, à linguagem, à razão e que apresenta o potencial de evoluir durante a
vida inteira de um indivíduo.
Por meio desse fenômeno biológico complexo – a consciência ampliada – o ser humano também adqui-
re conhecimento de suas transformações durante sua existência, bem como do mundo que o rodeia.
Esse fenômeno teria possibilitado não apenas as inúmeras criações humanas, mas também a proble-
matização da própria existência individual – “quem sou eu?”, “para que estou aqui?”, “o que devo fazer?”
– e outras questões ligadas à angústia existencial e à filosofia.

EXPERIÊNCIA PRIVADA
Observe também que, tanto do ponto de vista biológico como psicológico, a consciência é uma expe-
riência marcadamente privada, que se vive apenas na primeira pessoa. Isso quer dizer que ela perten-
ce apenas ao organismo ou indivíduo que a tem e não pode ser compartilhada diretamente com mais
ninguém. No entanto, à consciência estão muito vinculadas às condutas – e estas sim podem ser ob-
servadas por terceiros. Em outras palavras, as condutas são experiências públicas, isto é, podem ser
percebidas por mais de um indivíduo ou organismo e potencialmente por todos. É, portanto, pelo que
dizem e fazem as outras pessoas que normalmente inferimos que elas, como nós, têm ideias, pensa-
mentos, sensações e sentimentos – tudo o que se relaciona com a consciência –, embora não possamos
conhecer diretamente o que pensam e sentem.

REFERÊNCIAS:
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ª edição. São Paulo: Sarai-
va, 2016.

172
PARA SABER MAIS:
RODRIGO PETRÔNIO EXPLICA O QUE É A CONSCIÊNCIA. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=B-fVNIiXh-0>. Acesso em: 08 ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - O item conexões do livro Fundamentos de filosofia de Cotrim e Fernandes (p. 70), propõe uma
experiência meditativa muito interessante. Experimente e relate suas sensações.
Faça a seguinte meditação para observar sua consciência:
a) Sente-se ou deite-se em um lugar cômodo e respire profundamente várias vezes, procurando
relaxar todo o corpo e a mente.
b) Observe atentamente o ar entrando e saindo pelas narinas (a inspiração e a expiração) e pro-
cure não pensar em nada.
c) Por último, ponha sua atenção sobre esse “eu” que observa o inspirar e o expirar a cada ins-
tante, repetidamente, sem cessar; fique assim durante meia hora.
d) No espaço abaixo elabore um relato sobre essa experiência de observar sua consciência, suas
dificuldades e descobertas.

173
SEMANA 2

EIXO TEMÁTICO:
Ser humano.

TEMA/TÓPICO:
Corpo e Psiquismo.

HABILIDADE(S):
Discutir a relação entre mente e cérebro.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Corpo e Mente; Mecanicismo e Determinismo; Separação Mente-corpo.

TEMA: Corpo e mente


Olá Estudante!
Você já parou para pensar sobre a natureza da sua mente? A mente e o corpo formam uma unidade
orgânica ou possuem composição diferente? E como o corpo e a mente se relacionam? Somos seres
que possuem um corpo comandado pela mente, pela consciência? Ou é impossível dissociar corpo e
mente? A Filosofia de Descartes e Thomas Hobbes oferecerão luzes para compreender estas questões.
Te guiarão neste percurso os excelentes historiadores da filosofia Gilberto Cotrim e Mirna Fernandes
no texto que segue.

Dualismo de René Descartes


Descartes separa radicalmente matéria e espírito, ou corpo e mente, esta concepção ficou conhecida
como dualismo cartesiano. O filósofo francês estava decidido a romper com a herança cultural do pas-
sado (aristotélico-tomista) e a começar tudo novamente desde os fundamentos, com o propósito de es-
tabelecer “algo de firme e de constante nas ciências. Para alcançar esse objetivo, empregou o método
da dúvida e chegou a questionar até mesmo o que parecia mais indubitável: a existência do mundo e de
si mesmo. Desse modo, ele buscava chegar a uma primeira certeza, que atuaria como um novo centro
ou ponto fixo a partir do qual construiria toda a sua filosofia.
A primeira certeza que Descartes alcançou em sua dúvida metódica foi o cogito, isto é, o “Penso, logo
existo”. Portanto, ele sabia que existia como “coisa pensante”. A partir daí, tratou de alcançar outras
certezas. Primeiro, precisou provar a existência de Deus, para depois demonstrar como se podia co-
nhecer o mundo exterior. Nessa tarefa, foi construindo sua teoria da realidade, que ficou estruturada
em três classes de substâncias ou coisas (que em latim se diz res):
1. substância infinita (res infinita) – cuja propriedade essencial é a infinitude; trata-se de Deus, ser
que criou todas as coisas;
2. substância pensante (res cogitans) – ativa, cuja propriedade essencial é o entendimento; corres-
ponde à esfera do eu (ou consciência), entendido como sujeito de toda a atividade do intelecto;
3. substância extensa (res extensa) – passiva, cuja propriedade essencial é a extensão no espaço
(comprimento, largura e profundidade), com formas e movimento; trata-se do mundo corpó-
reo, material.

174
No entanto, concordando com a doutrina católica, Descartes concebia que Deus é um ser transcenden-
te, isto é, encontra-se fora, separado de sua criação. Desse modo, no mundo em que vivemos existiriam
apenas as duas substâncias finitas (res cogitans e res extensa), que seriam essencialmente distintas e
separadas. Daí o conhecido dualismo da metafísica cartesiana.

MECANICISMO E DETERMINISMO
A res cogitans, ou substância pensante, seria exclusivamente humana. Portanto, todo o mundo exterior
ao pensamento – ou seja, os objetos corpóreos, a natureza – seria constituído apenas de substância
extensa, que é incapaz da ação. Assim, os corpos só se movem quando são acionados por outro agente
(ou causa eficiente) de forma mecânica. Isso quer dizer que, para Descartes, o mundo material é como
uma grande máquina, que recebeu seu primeiro impulso de Deus. E essa quantidade de movimento,
imprimida pela substância infinita, permaneceria indefinidamente constante. Para o filósofo, mesmo
os animais são comparáveis a máquinas. Em seu entendimento, o fato de que com frequência alguns
deles sejam capazes de ações muito especiais só prova que esses animais têm uma natureza “muito
bem-disposta”, como ocorre com um relógio.

SEPARAÇÃO MENTE-CORPO
O ser humano, por sua vez, seria composto de corpo e alma, res extensa e res cogitans. Nosso corpo,
como todos os corpos, estaria submetido às leis mecânicas naturais, de causa e efeito, predetermina-
das. Já nossa alma teria as faculdades do entendimento e da vontade, conferindo-nos a capacidade de
iniciativa própria e de liberdade, além de sermos capazes de interagir com o corpo e comandá-lo. Mas
como se dá essa interação entre alma e corpo? De que maneira a alma pode fazer o corpo realizar aquilo
que ela quer? Esse foi um dos principais problemas da doutrina dualista concebida por Descartes, já que,
segundo ela, essas duas substâncias seriam radicalmente distintas e separadas, como acabamos de ver.
Assim surgiu a seguinte questão: como se relacionaria a mente com o corpo, se a alma não é um corpo
(uma substância extensa), tendo em vista que, de acordo com a teoria cartesiana, um corpo só poderia
ser movido por outro corpo contíguo no espaço? Descartes lançou a hipótese de que a alma está sedia-
da em uma pequena glândula localizada no meio do cérebro e que, por meio dela, se comunicaria com
o corpo. Mas como se relacionaria a alma com essa glândula, se continuamos tendo res cogitans de um
lado e res extensa do outro?

THOMAS HOBBES E O MATERIALISMO MECANICISTA


Entre os que criticaram o dualismo cartesiano, encontra-se o inglês Thomas Hobbes (1588-1679). Con-
temporâneo de Descartes e leitor de suas obras, Hobbes discordava da ideia de que a realidade pudes-
se estar constituída de duas substâncias, bem como de que o pensamento fosse uma delas. Para ele,
nada era imaterial, de tal forma que desenvolveu uma concepção metafísica totalmente materialista.

TUDO É CORPO
Analisando as Meditações metafísicas de Descartes, Hobbes aceitou que da proposição “penso” se de-
via deduzir “existo”, mas discordava da concepção de que o pensar fosse evidência de uma realidade
separada e distinta do corpo, da existência de uma substância espiritual. É o que expressa a Descartes
em uma de suas objeções:
[…] não podemos conceber qualquer ato sem um sujeito, assim também não podemos con-
ceber o pensamento sem uma coisa que pense, a ciência sem uma coisa que saiba, e o pas-
seio sem uma coisa que passeie. [De onde se segue] que uma coisa que pensa é alguma
coisa de corporal. (Citado em Monteiro, Vida e obra, em Hobbes, Leviatã, p. XI.)

175
Em outras palavras, Hobbes concordava que pensar era uma evidência de que algo existia. Mas existia
como corpo, pois para ele o que se chama “espírito” não seria outra coisa senão o resultado do movi-
mento em certos órgãos corporais. Como explica em sua obra Sobre o corpo, quando os corpos exte-
riores afetam o corpo humano e agitam os sentidos, estes transmitem ao cérebro esse movimento ou
agitação, que é então enviado ao coração. A partir do coração começaria um movimento inverso, em
direção ao exterior, que produziria as sensações propriamente ditas e, delas, as ideias que constituem
o conhecimento. Note que, para Hobbes, é pela sensação que se inicia todo o processo de conheci-
mento (concepção que se denomina empirista) As ideias seriam imagens das coisas impressas na
“fantasia corporal”.

REFERÊNCIAS
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2016.

PARA SABER MAIS:


Equilíbrio mente corpo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WhnimPYyxdA>. Acesso
em: 08 ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - De um lado, dizem os materialistas, a mente é um processo material ou físico, um produto do
funcionamento cerebral. De outro lado, de acordo com as visões não materialistas, a mente é algo
diferente do cérebro, podendo existir além dele. Ambas as posições estão enraizadas em uma longa
tradição filosófica, que remonta pelo menos à Grécia Antiga. Assim, enquanto Demócrito defendia a
ideia de que tudo é composto de átomos e todo pensamento é causado por seus movimentos físicos,
Platão insistia que o intelecto humano é imaterial e que a alma sobrevive à morte do corpo.
(Alexander Moreira-Almeida e Saulo de F. Araujo. “O cérebro produz a mente?: um levantamento da opinião de psiquiatras”.
http://www.archivespsy.com, 2015.)

A partir das informações e das relações presentes no texto, conclui-se que


a) a hipótese da independência da mente em relação ao cérebro teve origem no método científico.
b) a dualidade entre mente e cérebro foi conceituada por Descartes como separação entre pen-
samento e extensão.
c) o pensamento de Santo Agostinho se baseou em hipóteses empiristas análogas às do mate-
rialismo.
d) os argumentos materialistas resgatam a metafísica platônica, favorecendo hipóteses de na-
tureza espiritualista.
e) o progresso da neurociência estabeleceu provas objetivas para resolver um debate original-
mente filosófico.

176
2 - De um lado, dizem os materialistas, a mente é um processo material ou físico, um produto do
funcionamento cerebral. De outro lado, de acordo com as visões não materialistas, a mente é algo
diferente do cérebro, podendo existir além dele. Ambas as posições estão enraizadas em uma longa
tradição filosófica, que remonta pelo menos à Grécia Antiga. Assim, enquanto Demócrito defendia a
ideia de que tudo é composto de átomos e todo pensamento é causado por seus movimentos físicos,
Platão insistia que o intelecto humano é imaterial e que a alma sobrevive à morte do corpo.
(Alexander Moreira-Almeida e Saulo de F. Araujo. “O cérebro produz a mente?: um levantamento da opinião de psiquiatras”.
www.archivespsy.com, 2015.)

A partir do trecho acima e das informações constantes nesta semana do seu PET, disserte sobre a se-
guinte questão. A mente é uma extensão do cérebro ou a mente é independente do cérebro? Justifique
sua resposta.

177
SEMANA 3

EIXO TEMÁTICO:
Ser Humano.

TEMA/TÓPICO(S):
Corpo e psiquismo.

HABILIDADE(S):
Analisar diferentes concepções filosóficas sobre a constituição do ser humano.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Baruch de Espinosa; O Paralelismo; Ética da Felicidade.

TEMA: Baruch de Espinosa


Olá, Estudante!
Você já percebeu que às vezes ficamos alegres ou tristes pelo simples fato de nos encontrarmos com
determinadas pessoas? Alguns encontros nos afetam de tal modo a produzir ou aumentar em nós a
alegria e outros encontros nos afetam de modo a produzir o oposto, a tristeza. Espinosa produz uma
filosofia que pretende superar o dualismo corpo-mente e ao mesmo tempo abre horizontes teóricos
para uma ética dos afetos. As duas historiadoras consagradas da Filosofia, Maria Lúcia Aranha e Maria
Helena Martins, te conduzirão nas próximas linhas para compreender o pensamento deste filósofo.

BARUCH DE ESPINOSA
No século XVII, Espinosa constitui uma exceção na tentativa de superar a dicotomia corpo-consciência
para restabelecer a unidade humana. Como para ele o desejo é a própria essência humana, interessa-se
por tudo o que nos dá alegria e, por consequência, aumenta nossa capacidade de pensar e de agir. Dis-
tinguindo o que nos leva à tristeza, à passividade e que atrofia nossa potência de existir.

O PARALELISMO
Ao analisar as possibilidades de expressão da liberdade, Espinosa desafia a tradição vinda dos gregos.
A novidade é a teoria do paralelismo, segundo a qual não há relação de causalidade ou de hierarquia
entre corpo e espírito: nem o espírito é superior ao corpo, como afirmam os idealistas, nem o corpo de-
termina a consciência, como dizem os materialistas. A relação entre um e outro não é de causalidade,
mas de expressão e simples correspondência, pois o que se passa em um deles exprime-se no outro:
a alma e o corpo expressam a mesma coisa, cada um a seu modo próprio.
Não convém, portanto, dizer que o corpo é passivo enquanto a alma é ativa, ou vice-versa. Quando pas-
sivos, o somos de corpo e alma; quando ativos, o somos de corpo e alma também. Somos ativos quando
autônomos, senhores de nossa ação, e passivos quando o que ocorre em nosso corpo ou alma tem uma
causa externa mais poderosa que nossa força interna. Daí decorre a heteronomia. Vejamos como Espi-
nosa concebe as paixões da alegria e da tristeza.
Qual a diferença entre elas?
1. A alegria é a passagem do ser humano de uma perfeição menor para uma maior.
2. A tristeza é a passagem do ser humano de uma perfeição maior para uma menor.

178
A paixão alegre, ao aumentar o nosso ser e a nossa potência de agir, aproxima-nos do ponto em que
nos tornaremos senhores dela e, portanto, dignos de ação. Assim, o amor é a alegria do amante, forti-
ficada pela presença do amado ou da coisa amada. Outras expressões da alegria são o contentamento,
a admiração, a estima, a misericórdia. A paixão triste afasta-nos cada vez mais da nossa potência de
agir, por ser geradora de ódio, versão, temor, desespero, indignação, inveja, crueldade, ressentimen-
to, melancolia, remorso, vingança etc. E quanto à alma: qual é sua força e sua fraqueza? A virtude da
alma, no sentido primitivo de força, de poder, consiste na atividade de pensar, conhecer. Portanto, sua
fraqueza é a ignorância. Quando a alma se reconhece capaz de produzir ideias, passa a uma perfeição
maior e é afetada pela alegria. Mas, se em alguma situação a alma não consegue entender, a descober-
ta de sua impotência provoca o sentimento de diminuição do ser e, portanto, a tristeza. Nesse caso,
a alma está passiva.

ÉTICA DA FELICIDADE
O que fazer para evitar a paixão triste e propiciar a paixão alegre? Pela teoria do paralelismo, a alma não
determina o movimento ou o repouso do corpo, nem o corpo leva a alma a pensar, por isso não cabe ao
espírito combater as paixões tristes. O que as destruirá só pode ser uma paixão alegre, nas situações
em que, de joguetes dos nossos afetos, podemos passar a ser senhores deles. Portanto, um afeto ja-
mais é vencido por uma ideia, mas um afeto forte é capaz de destruir um afeto fraco. Diferentemente de
outros filósofos que estabelecem hierarquias e subjugam as paixões à razão, para Espinosa a felicidade
- e portanto a liberdade -não está em nos livrarmos das paixões. Assim ele diz:
A felicidade não é o prêmio da virtude, mas a própria virtude; e não gozamos dela por refrearmos as
paixões, mas, ao contrário, gozamos dela por podermos refrear as paixões.
As boas paixões permitem o desenvolvimento humano, facilitam o encontro das pessoas e proporcio-
nam a alegria. As más impedem o crescimento, corrompem as relações e as orientam para as formas
de exploração e destruição.

REFERÊNCIAS
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P.. Filosofando – Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna.1993.

PARA SABER MAIS:


CONFERÊNCIA DO PROFESSOR OSWALDO GIACOIA JR SOBRE O PODER DOS AFETOS EM ESPINOSA.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uzewsSYJiVc. Acesso em: 08 ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - Espinosa parte de um conceito muito preciso, o de substância, isto é, de um ser que existe em si
e por si mesmo, que pode ser concebido em si e por si mesmo e sem o qual nada existe nem pode ser
concebido. “Toda substância é substância por ser causa de si mesma (causa de sua essência, de sua
existência e da inteligibilidade de ambas) e, ao causar-se a si mesma, causa a existência e a essência
de todos os seres do universo.” Baruch Espinosa.

179
Por fazerem parte da mesma corrente de pensamento, o racionalismo, Descartes e Espinosa tinham
ideias semelhantes quanto à importância da razão. No entanto, quanto às substâncias eles diver-
giam porque
a) Espinosa defendia a existência de 3 substâncias e Descartes apenas de uma.
b) Descartes defendia a existência de 3 substâncias e Espinosa de apenas uma.
c) Descartes afirmava que a substância extensa seria a única existente.
d) Espinosa afirmava que a substância pensante seria dependente da extensa.
e) Descartes afirmava que a substância divina dependia da substância pensante.

2 - Desde Platão há um dualismo entre material e imaterial, sensível e inteligível, mente e corpo. Descreva
as ideias de Espinosa que apresentam uma alternativa a este dualismo.

3 - O que representam a felicidade e a tristeza na ética de Espinosa?

4 - Analise o trecho da canção do músico Emicida que fala sobre a amizade.


Quem tem um amigo tem tudo
Se o poço devorar, ele busca no fundo
É tão dez que junto todo stress é miúdo
É um ponto pra escorar quando foi absurdo
Disponível em: https://www.letras.mus.br/emicida/quem-tem-um-amigo-tem-tudo-part-zeca-pagodinho-e-tokyo-ska-paradise-
orchestra/. Acesso em: 08 ago. 2021.

Relacione o trecho desta música com a causa de alegria para Espinosa e responda: Por que as relações
de amizade são bem-vindas na ética de Espinosa?

180
SEMANA 4
EIXO TEMÁTICO:
Ser humano.

TEMA/TÓPICO(S):
Corpo e Psiquismo.

HABILIDADE(S):
Discutir a relação entre mente e cérebro.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Psicanálise.

TEMA: Freud e a Psicanálise


Olá, estudante!
Você tem costume de lembrar dos sonhos que tem quando está dormindo? Às vezes eles não têm muito
sentido, não é mesmo? Mas será que eles têm significado? Freud, inventor da psicanálise, reconhece
que a razão não é tão senhora na casa que habita, em nossa mente. A teoria Freudiana revela que há
uma dimensão não consciente em nós que determina a maior parte de nossos desejos e escolhas. Esta
dimensão, conhecida como Id ou inconsciente, coloca o projeto de emancipação do homem pelo co-
nhecimento racional (empreitada iluminista) em xeque. Reconhecer os limites da consciência e com-
preender as camadas não conscientes que compõem nossa configuração psíquica se apresenta como
caminho necessário para compreendermos quem somos nós. Você contará com a boa explanação de
Gilberto Cotrim e de Mirna Fernandes para alcançar este objetivo.

INTRODUÇÃO
Para compreender a consciência, seus vínculos com a totalidade de nossas vivências e suas possibi-
lidades de expansão, é igualmente importante entender outros fenômenos que, embora ocorram no
interior de cada um de nós, escapam à nossa consciência. Esses fenômenos podem, no entanto, influir
na maneira como percebemos as coisas e em nossas condutas. Você nunca sentiu que, às vezes, sua
mente parece esconder uma parte de seu ser da outra parte de seu ser? É o que ocorre, por exemplo,
quando de repente você se recorda de algo que lhe aconteceu na infância e havia ficado esquecido du-
rante todo esse tempo. Ou quando você chora sem saber por que, diz alguma coisa sem querer ou faz
algo que não sabe justificar. Pois bem, foi a partir da observação dessas e de outras condutas “estra-
nhas” que se formularam algumas concepções importantes para a compreensão da mente e do ser hu-
mano e que marcaram profundamente a cultura ocidental contemporânea. Referimo-nos aos trabalhos
de dois pilares na área dos estudos da mente e da alma humana: Freud e Jung.
A PSICANÁLISE
A psicanálise é uma disciplina que consiste, basicamente, de uma teoria da mente e da conduta humana
vinculada a uma técnica terapêutica para ajudar as pessoas que apresentam problemas psicológicos
ou psiquiátricos. Caracteriza-se pela interpretação, por um terapeuta (psicanalista), dos conteúdos in-
conscientes encontrados em palavras, sonhos e fantasias do paciente. Para tanto, utiliza-se do método
de associação livre, em que o paciente expressa o que lhe vier à mente, falando e associando as pala-
vras e ideias livremente, sem crítica ou preocupação de ser coerente.

181
INCONSCIENTE E SEXUALIDADE
Para começar, Freud rejeitava a identificação entre consciência e psiquismo (isto é, o conjunto dos
processos psicológicos), algo bastante comum. A maioria das pessoas tende a pensar que não existe
nada mais em suas mentes além daquilo que sabe, seus pensamentos, imagens e recordações. Ou seja,
tendemos a acreditar, no fundo, que consciência e mente são a mesma coisa e que a mente pode co-
nhecer tudo se empreender o trabalho devido para tal.
Freud afirmou, no entanto, que a maior parte de nossas vidas psíquicas é dominada pelo que chamou de
inconsciente. A outra parte, o consciente, seria bastante reduzida e, em grande medida, determinada
pela primeira. Assim, o inconsciente não seria a simples negação abstrata da consciência, uma espécie
de “nada” (como na metáfora do “quarto vazio”, que usamos antes), e sim uma parte integrante de nossa
personalidade, bastante ativa e determinante, na qual “coisas” existem e acontecem sem que as perce-
bamos. As novidades lançadas por Freud não pararam por aí. Para ele, a sexualidade (a chamada libido)
constituiria o elemento fundamental do inconsciente, bem como de toda a dinâmica da vida psíquica.
Essa teoria escandalizou a sociedade de seu tempo, principalmente por enfatizar a existência de ativi-
dade sexual nas crianças, bem como a importância que vivências e traumas sexuais infantis teriam na
determinação do comportamento das pessoas durante toda a vida adulta. Para Freud, esses traumas
estariam vinculados a uma etapa do desenvolvimento infantil em que as crianças se sentiriam atraídas
pelo progenitor de sexo oposto – conceito que ficou conhecido como complexo de Édipo.

O APARELHO PSÍQUICO
De acordo com a teoria freudiana, o aparelho psíquico humano estaria estruturado em três instâncias
ou esferas: id, superego e ego. O id é a instância mais antiga do inconsciente e da psique de um indi-
víduo. Está presente desde seu nascimento. Nele dominam as pulsões, isto é, os impulsos corporais e
os desejos inconscientes mais primitivos e instintivos, basicamente relacionados com a libido. Regido
pelo princípio do prazer, o id empurra o indivíduo a buscar aquilo que lhe traz satisfação e a negar o que
lhe traz insatisfação, desconhecendo as demandas da realidade e das normas sociais. Atua de maneira
ilógica e contraditória e tem nos sonhos seu principal meio de expressão. Apesar disso, o id seria o mo-
tor oculto do pensamento e da conduta humana.
O superego é outra instância do inconsciente, mas ele se forma no processo de socialização da crian-
ça, principalmente a partir da interação com os pais e dos “nãos” que ela recebe, explícita ou implici-
tamente, durante toda a sua infância: “isso não pode”, “isso é feio”, e assim por diante. Esse conjunto
de regras de conduta que a criança absorve de seu meio social vai constituindo um núcleo de forças
inconscientes (o superego), que reprime os impulsos inaceitáveis do id. Portanto, o superego tem o “pa-
pel” de censurar e controlar nossos impulsos instintivos. Ele se expressa em nossa consciência moral e
relaciona- -se com nosso eu ideal (ou ego ideal).
O ego, por sua vez, é a instância consciente e pré-consciente (potencialmente consciente) do aparelho
psíquico. Ele interage com o mundo externo, ao mesmo tempo em que recebe as pressões das duas
esferas inconscientes (o id e o superego). É regido pelo princípio da realidade, ligado às condições
e exigências do mundo concreto. Assim, o ego precisa lidar não apenas com as dificuldades da vida
cotidiana, mas também resolver de maneira realista os conflitos entre seus desejos internos (as ne-
cessidades de prazer imediato do id) e seu senso moral (o superego). Freud também observou que,
quando não consegue enfrentar diretamente essas demandas conflitantes, o ego costuma empregar
diversos mecanismos de defesa, pelos quais os conteúdos censurados pelo superego são reprimidos
(recalcados), mas acabam expressando-se de forma indireta na vida da pessoa (como em atos falhos,
sonhos e projeções).
De acordo com a teoria freudiana, trazer à consciência esses conteúdos reprimidos e entendê-los aju-
daria o indivíduo a lidar com seus medos e inibições e a se adaptar da melhor maneira possível à sua
realidade concreta no presente.

182
REFERÊNCIAS
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

PARA SABER MAIS:


SOBRE A EXPERIÊNCIA DE SONHAR: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kcql8S-
MYF4w>. Acesso em: 08 ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - Você já experimentou uma paixão arrebatadora? Já sentiu uma profunda antipatia por alguém que
acabou de conhecer? Ou teve um sonho estranho, assustador e, aparentemente, sem pé nem cabeça?
Pois a noção teórica do inconsciente nasceu justamente da percepção de que, em alguns casos, nossas
ações e sentimentos não são guiados apenas pela razão, ou pelo consciente.
OLIVEIRA, Marina; TREVISAN, Rita. O inconsciente retém memórias que afetam nossas atitudes. 
Disponível em: <https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2013/07/29/o-inconsciente-retem-memorias-que-afetam-nossas-
atitudes-saiba-como.htm>. Acesso em: 12 dez. 2018.

O conceito de inconsciente, dentro do pensamento de Freud, pode ser entendido como


a) uma descoberta que procurou compreender a complexidade humana para além da razão.
b) um aspecto humano que deve ser rejeitado na busca pelo conhecimento.
c) o lado mais sombrio de nossa humanidade, que pode nos conduzir a erros e preconceitos.
d) a parte responsável por nossa memória, nosso acúmulo de experiências.
e) um guia alternativo para nossas ações, que deixa transparecer toda e qualquer atitude.

2 - Leia o trecho a seguir: 


“[Há] três fontes de que o nosso sofrimento provém: o poder superior da natureza, a fragilidade de
nossos próprios corpos e a inadequação das regras que procuram ajustar relacionamentos mútuos dos
seres humanos na família, no Estado e na sociedade. Quanto às duas primeiras fontes, nosso julgamen-
to não pode hesitar muito. Ele nos força a reconhecer essas fontes de sofrimento e a nos submeter ao
inevitável [...] Esse reconhecimento não possui um efeito paralisador. Pelo contrário, aponta a direção
para a nossa atividade. Se não podemos afastar todo o sofrimento, podemos afastar um pouco dele e
mitigar outro tanto [...] Quanto à terceira fonte, a fonte social de sofrimento, nossa atitude é diferente.
Não a admitimos de modo algum; não podemos perceber por que os regulamentos estabelecidos por
nós mesmos não representam, ao contrário, proteção e benefício para cada um de nós.”
FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização e outros trabalhos. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de
Sigmund Freud. v. XXI. Tradução de José Octávio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro: Imago, 1974. p.105. 

183
A partir do trecho citado e do conteúdo desta semana redija um texto, justificando a ideia, defendida
por Freud, de que a cultura não torna os seres humanos felizes.

184
SEMANA 5
EIXO TEMÁTICO:
Ser humano.

TEMA/TÓPICO(S):
Corpo e psiquismo.

HABILIDADE(S):
Analisar diferentes concepções filosóficas sobre a constituição do ser humano.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Nietzsche.

TEMA: Friedrich Nietzsche


Os valores, especialmente os valores morais, funcionam para o ser humano como uma bússola de orien-
tação da vida. Geralmente as pessoas buscam fazer o certo, valorizam o que é verdadeiro e bom e se
afastam da mentira, do errado e do ruim. Nietzsche, entre outras empreitadas, busca compreender a
gênese, a origem dos valores. Para Nietzsche os valores não são naturais. A Filosofia de Nietzsche ofe-
rece elementos para pensar ser humano numa perspectiva filosófica em que a racionalidade, a busca
pela verdade, os valores tradicionais são questionados enquanto paradigmas absolutos. Gilberto Cotrim
e de Mirna Fernandes te conduzirão na compreensão deste importante filósofo da contemporaneidade.
APOLÍNEO E DIONISÍACO
Nietzsche criticou a tradição da filosofia ocidental a partir de Sócrates, a quem acusa de ter negado a
intuição criadora da filosofia anterior, pré-socrática. Nessa análise, o filósofo alemão estabelece a dis-
tinção entre dois princípios: o apolíneo e o dionisíaco, a partir dos deuses gregos Apolo (deus da razão,
da clareza, da ordem) e Dionísio (deus da aventura, da música, da fantasia, da desordem), respectiva-
mente. Para Nietzsche, esses dois princípios ou dimensões complementares da realidade – o apolíneo
e o dionisíaco – foram separados na Grécia socrática, que, optando pelo culto à razão, secou a seiva
criadora da filosofia, contida na dimensão dionisíaca. Para o filósofo, o mundo seria o reino das mistu-
ras, das turbulências, das complexidades, razão pela qual se opôs às cisões separadoras entre alto e
baixo, superior e inferior, ideal e real, sensível e inteligível, como ocorreu a partir do período clássico do
pensamento grego antigo.

GENEALOGIA DA MORAL
Posteriormente, Nietzsche desenvolveu uma crítica intensa dos valores morais, propondo uma nova
abordagem: a genealogia da moral, isto é, o estudo da formação histórica dos valores morais. Sua con-
clusão foi de que o bem e o mal não constituem noções absolutas, no entendimento de que as con-
cepções morais são elaboradas pelos seres humanos a partir dos interesses humanos. Ou seja, são
produtos histórico-culturais. Apesar de sua origem humana, essas concepções são impostas pelas reli-
giões – o judaísmo e o cristianismo – como se fossem produtos da “vontade de deus” e, portanto, valores
absolutos. E esses valores carregaram as pessoas com as noções e os sentimentos de dever, culpa, dí-
vida e pecado. O resultado foi a configuração de indivíduos medíocres, tímidos, insossos, não criativos,
depauperados e submissos. por isso, nietzsche denunciou a existência de uma “moral de rebanho” na
civilização cristã e burguesa, pois essa moral estaria baseada na submissão irrefletida e acomodada de
grande parte das pessoas aos valores dominantes.

185
O que é tacitamente aceito por nós; o que recebemos e praticamos sem atritos internos e
externos, sem ter sido por nós conquistado, mas recebido de fora para dentro, é como algo
que nos foi dado; são dados que incorporamos à rotina, reverenciamos passivamente e se
tornam peias [amarras que prendem os pés] ao desenvolvimento pessoal e coletivo. Ora,
para que certos princípios, como a justiça e a bondade, possam atuar e enriquecer, é preciso
que surjam como algo que obtivemos ativamente a partir da superação dos dados. [...] Para
essa conquista das mais lídimas [autênticas] virtualidades do ser é que Nietzsche ensina a
combater a complacência, a mornidão das posições adquiridas, que o comodismo intitula
moral, ou outra coisa bem soante. (Candido, O portador, posfácio a Nietzsche, Obras incom-
pletas, p. 411.)
Portanto, para o filósofo, se cada pessoa compreender que os valores presentes em sua vida são cons-
truções humanas, estará no dever de refletir sobre suas concepções morais e questionar o valor de
seus valores, enfrentando o desafio de viver por sua própria conta e risco.

NIILISMO
Segundo a análise de Nietzsche, no momento em que o cristianismo deixou de ser a “única verdade”
para se tornar uma das interpretações possíveis do mundo (o que se deu a partir da Idade Moderna),
toda a civilização ocidental e seus valores absolutos também foram postos em xeque. Nesse contexto,
ocorreu uma escalada do niilismo, que “deve ser entendido como um sentimento opressivo e difuso,
próprio às fases agudas de ocaso de uma cultura. O niilismo seria a expressão afetiva e intelectual da
decadência” (GiaCoia Jr., Nietzsche, p. 64-65). De acordo com Nietzsche, o niilismo moderno assenta-
-se, em grande parte, na ideia da morte de Deus. Em sua obra A Gaia ciência, o filósofo decreta: “deus
está morto”. Mas esclarece que quem o matou fomos nós mesmos, ou seja, trata-se de um aconte-
cimento histórico-cultural, no qual destruímos os fundamentos transcendentais (assentados na ideia
de deus) dos valores mais caros de nossas vidas. [...] Por essa ótica, niilismo seria o sentimento co-
letivo de que nossos sistemas tradicionais de valoração, tanto no plano do conhecimento quanto no
ético-religioso, ou sociopolítico, ficaram sem consistência e já não podem mais atuar como instâncias
doadoras de sentido e fundamento para o conhecimento e a ação. (GiaCoia Jr., Nietzsche, p. 65.) Para
combater o niilismo, Nietzsche defendeu valores afirmativos da vida, capazes de expandir as energias
latentes em nós. “Ouse conquistar a si mesmo” talvez seja a grande indicação nietzschiana àqueles que
buscam viver de forma afirmativa, sem conformismo, resignação ou submissão.

REFERÊNCIAS
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ª edição. São Paulo: Saraiva,
2016.

PARA SABER MAIS:


VIVIANE MOSÉ SOBRE NIETZSCHE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mxoa4HMT-
3SY>. Acesso em: 08 ago. 2021.

186
ATIVIDADES

1 - Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras. Proclamou-
se uma doutrina e com ela circulou uma crença: Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho
foi inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e os corações.
Secamos de todo, e se caísse fogo em cima de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos o
próprio fogo. Todas as fontes secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas
os abismos não nos querem tragar!
NIETZSCHE. F. Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro: Ediouro.1977.

O texto exprime uma construção alegórica, que traduz um entendimento da doutrina niilista, uma vez que
a) reforça a liberdade do cidadão.
b) desvela os valores do cotidiano.
c) exorta as relações de produção.
d) destaca a decadência da cultura.
e) demonstra a alegria de existir.

2 - (Unesp-SP) “Em algum remoto rincão do sistema solar cintilante em que se derrama um sem-número
de sistemas solares, havia uma vez um astro em que animais inteligentes inventaram o conhecimento.
Foi o minuto mais soberbo e mais mentiroso da história universal: mas também foi somente um
minuto. passados poucos fôlegos da natureza congelou-se o astro, e os animais inteligentes tiveram
de morrer. – Assim poderia alguém inventar uma fábula e nem por isso teria ilustrado suficientemente
quão lamentável, quão fantasmagórico e fugaz, quão sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano
dentro da natureza. Houve eternidades em que ele não estava; quando de novo ele tiver passado,
nada terá acontecido. Ao contrário, ele é humano, e somente seu possuidor e genitor o toma tão
pateticamente, como se os gonzos do mundo girassem nele. mas se pudéssemos entender-nos com
a mosca, perceberíamos então que também ela boia no ar [...] e sente em si o centro voante deste
mundo.” (Nietzsche, O livro das citações, 2008.)
Sobre o texto, é correto afirmar que:
a) seu teor acerca do lugar da humanidade na história do universo é antropocêntrico.
b) o autor revela uma visão de mundo cristã.
c) o autor apresenta uma visão cética acerca da importância da humanidade na história do universo.
d) ao comparar a vida humana com a vida de uma mosca, nietzsche corrobora os fundamentos
de diversas teologias, não se limitando ao ponto de vista cristão.
e) para o filósofo, a vida humana é eterna.

187
3 - Para Nietzsche a tradição filosófica, a partir de Sócrates, privilegiou a razão em detrimento das
dimensões vitais-instintivas do ser humano. Qual deve ser a relação ideal entre o apolíneo e o dionisíaco
no ser humano, para Nietzsche?

188
SEMANA 6

EIXO TEMÁTICO:
Ser humano.

TEMA/TÓPICO(S):
Corpo e psiquismo.

HABILIDADE(S):
Analisar diferentes concepções filosóficas sobre a constituição do ser humano.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Karl Marx.

TEMA: Karl Marx


Olá, estudante!
Você já parou para pensar sobre as desigualdades diversas que existem entre os seres humanos? Você
acredita que é possível mudar as estruturas que promovem a desigualdade entre os homens? Nesta
aula o Filósofo Karl Marx vai oferecer perspectivas teóricas sobre como as condições de produção da
vida material são determinantes na construção da consciência do indivíduo. Este filósofo apresentará
também possibilidades de superação das condições de desigualdade que estruturam a sociedade mo-
derna. Mais uma vez contaremos com a excelente explicação de Gilberto Cotrim e de Mirna Fernandes
para alcançar uma boa compreensão sobre o pensamento de Karl Marx.

A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA DOS INDIVÍDUOS


Marx procurou, portanto, compreender a história real dos seres humanos em sociedade a partir das
condições materiais nas quais eles vivem. Essa visão da história foi chamada posteriormente por En-
gels de materialismo histórico.
De acordo com Marx, os seres humanos não podem ser pensados de forma abstrata, como na filosofia
de Hegel. Para Marx, não existe o indivíduo formado fora das relações sociais. Ele enfatiza esse ponto
ao afirmar: “A essência humana [...] é o conjunto das relações sociais”. Isso significa que a forma como
os indivíduos se comportam, agem, sentem e pensam vincula-se à forma como se dão as relações so-
ciais. Essas relações, por seu lado, são determinadas pela forma de produção da vida material, ou seja,
pela maneira como os seres humanos trabalham e produzem os meios necessários para a sustentação
material das sociedades. Em A Ideologia Alemã, escrita em conjunto com Engels, Marx desenvolve essa
reflexão dizendo:
A forma como os homens produzem esses meios depende em primeiro lugar da natureza,
isto é, dos meios de existência já elaborados e que lhes é necessário reproduzir; mas não
deveremos considerar esse modo de produção deste único ponto de vista, isto é, enquanto
mera reprodução da existência física dos indivíduos. Pelo contrário, já constitui um modo
determinado de atividade de tais indivíduos, uma forma determinada de manifestar a sua
vida, um modo de vida determinado. A forma como os indivíduos manifestam a sua vida
reflete muito exatamente aquilo que são. O que são coincide, portanto, com a sua produ-
ção, isto é, tanto com aquilo que produzem como com a forma como produzem. Aquilo que
os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais da sua produção. (Ideologia
Alemã, p. 4.)

189
Esse é um ponto fundamental da filosofia de Marx. Ao falar da produção material da vida, ele não se
refere apenas à produção das inúmeras coisas necessárias à manutenção física dos indivíduos. Consi-
dera também o fato de que, ao produzir todas essas coisas, os seres humanos constroem a si mesmos
como indivíduos. Isso ocorre porque, segundo o filósofo, “o modo de produção da vida material condi-
ciona o processo geral de vida social, política e espiritual”.

A RELAÇÃO ENTRE O CAPITAL E TRABALHO


Compreende-se aí a importância que Marx deu à análise do trabalho. Ele reconhece o trabalho como
atividade fundamental do ser humano e analisa os fatores que, no capitalismo, o tornaram uma ativi-
dade massacrante e alienada. Essa demonstração desenvolve-se em vários textos, mas de forma mais
rigorosa em O capital. Nesse livro, o filósofo expõe a lógica do modo de produção capitalista, em que a
força de trabalho é transformada em uma mercadoria com dupla face: de um lado, é uma mercadoria
como outra qualquer, paga pelo salário; de outro, é a única mercadoria que produz valor, ou seja, que
reproduz o capital.

Dialética marxista
Marx também entende o desenvolvimento histórico-social como decorrente das transformações ocor-
ridas no modo de produção (ver explicação detalhada do conceito adiante). Nessa análise, ele se vale
dos princípios da dialética, mas, como afirma no posfácio da segunda edição de O capital, “meu método
dialético não só difere do hegeliano, mas é também a sua antítese direta”.
Marx reconhece o mérito de Hegel por ter sido o primeiro a expor as formas gerais da dialética, mas ale-
ga que é preciso desmistificá-la, evidenciando seu núcleo racional. Na concepção hegeliana, conforme
vimos, a dialética torna-se instrumento de legitimação da realidade existente. No pensamento de Marx,
a dialética leva ao entendimento da possibilidade de negação dessa realidade “porque apreende cada
forma existente no fluxo do movimento, portanto também com seu lado transitório”. Ou seja, a dialética
em Marx permite compreender a história em seu movimento, em que cada etapa é vista não como algo
estático e definitivo, mas como algo transitório, que pode ser transformado pela ação humana. De acor-
do com Marx, as grandes transformações históricas deram-se primeiramente no campo da economia,
causadas por contradições geradas no interior do próprio modo de produção. Diferentemente de Hegel,
no entanto, Marx não concebe uma história que anda sozinha, guiada por uma razão ou um espírito, mas
sim uma história feita pelos seres humanos, que interferem no processo histórico e podem, dessa for-
ma, transformar a realidade social, sobretudo se alterarem seu modo de produção.

MODO DE PRODUÇÃO
Modo de produção é a maneira como se organiza a produção material em determinado estágio de de-
senvolvimento social. Essa maneira depende do desenvolvimento das forças produtivas (a força de tra-
balho humano e os meios de produção, tais como máquinas, ferramentas etc.) e da forma das relações
de produção. Embora a definição dos modos de produção seja um aspecto complexo na obra de Marx e
entre os seus comentadores, lemos em A ideologia alemã a exposição dos seguintes modos de produ-
ção dominantes em cada época: o comunismo primitivo, o escravismo na Antiguidade, o feudalismo na
Idade Média e o capitalismo na Idade Moderna. A passagem de um modo de produção a outro, segundo
o filósofo, acontece no momento em que o nível de desenvolvimento das forças produtivas entra em
contradição com as relações sociais de produção. Quando isso ocorre, há um sufocamento da produção
em virtude da inadequação das relações nas quais ela se dá. Nesse momento, surgem as possibilidades
objetivas de transformação desse modo de produção.

190
LUTA DE CLASSES
Luta de classes de acordo com Marx, cabe à classe social que possui, nesse momento, um caráter re-
volucionário intervir por meio de ações concretas, práticas, para que essas transformações ocorram.
Foi o que aconteceu, por exemplo, na passagem do feudalismo ao capitalismo, com as revoluções bur-
guesas. O filósofo sintetiza essa análise na afirmação de que a luta de classes é o motor da história, isto
é, a luta de classes faz a história se mover. Por isso, no Manifesto comunista (1848), escrito em parceria
com Engels, Marx afirma:
A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas
de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação
e aprendiz; numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa
guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por
uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes
em luta (p. 8).
De acordo com Marx, o capitalismo também criou uma classe revolucionária, a qual, em virtude de suas
condições de existência, deve se organizar para, no momento oportuno, fazer a revolução social rumo
ao socialismo. Essa classe revolucionária seria o proletariado – que, pela definição do filósofo, é a clas-
se de trabalhadores assalariados modernos que, destituídos dos meios de produção, se veem obriga-
dos a vender sua força de trabalho para poder existir. O pensamento de Marx teria um grande impacto
no mundo contemporâneo, em termos teóricos e práticos, inspirando correntes filosóficas, movimen-
tos operários e revoluções. E suas ideias, por suas implicações políticas, ainda são objeto de muitos
estudos e acaloradas discussões.

REFERÊNCIAS
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ª edição. São Paulo: Saraiva,
2016.

ATIVIDADES
1 - Leia os textos a seguir.
TEXTO 1

Disponível em: <http://www.filosofia.com.br/figuras/charge/190.JPG> Acesso em: 15 ago. 2021.

191
TEXTO 2 - Não é a consciência dos homens que determina a vida; é a vida que determina a consciência.
Karl Marx define que o desenvolvimento dessas contradições expressa-se nos processos sociais, cultu-
rais e econômicos, nas crises, nas lutas, nas mudanças do sistema para se manter e reproduzir.
BERMUDO, José Manuel. Marx Da ágora ao mercado. São Paulo: Salvat, 2015, p. 63-64. Adaptado.

O filósofo Karl Marx, na sua abordagem sobre o materialismo histórico-dialético, aponta a dimensão
significativa da consciência crítica, devendo o ser humano se ater a seu horizonte político e social. So-
bre esse assunto, assinale a alternativa CORRETA.
a) Para Marx, a ordem lógica da história social não requer que se parta da produção.
b) O filósofo Karl Marx sinaliza que, no lugar das ideias, estão os fatos materiais marcantes.
c) Na análise crítica de Karl Marx, pode-se explicar a história pela crença da intervenção divina.
d) No lugar da luta de classes, deve prevalecer o valor dos heróis como primazia na consciência
dos homens.
e) A estrutura material da sociedade é de pouca importância para a compreensão do horizonte
político e do social.

192
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: SOCIOLOGIA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
Análise Sociológica do Mundo Moderno: a Sociedade em que Vivemos.

TEMA/TÓPICO(S):
Trabalho, sociedade e classes sociais.

HABILIDADE(S):
Avaliar as transformações pelas quais passou o mundo do trabalho desde a consolidação do capitalismo
moderno.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Durkheim, Weber, Divisão Social do Trabalho, Interdependência, Coesão Social, Capitalismo, Protestantismo.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Filosofia, História, Geografia, Ensino Religioso, Língua Portuguesa (Redação).

TEMA: Mundo do trabalho


Olá estudantes! A sociedade moderna é uma coisa complexa. Quando dizemos isso queremos dizer que
ela é composta por várias partes e processos que interagem e acontecem ao mesmo tempo. Com isso, é
muito difícil ter uma visão do todo. É por isso que a sociologia estuda a sociedade por temas ou partes:
cultura, política, economia, religião, meio-ambiente e por aí vai. Cada um desses temas é um universo
em si e está tudo interligado!
Neste último bimestre vamos conhecer algumas reflexões e observações sociológicas a respeito do
mundo do trabalho. O trabalho é uma atividade que define a humanidade. É com ele que buscamos os
meios para a nossa sobrevivência. Por ser tão característico dos humanos, ele é um tema central para
a sociologia. Veremos nesta e na outra semana algumas observações que Durkheim, Weber e Marx fi-
zeram a respeito do trabalho.

193
Durkheim e a Divisão Social do Trabalho
Émile Durkheim concentra sua atenção na divisão social do trabalho. Essa divisão faz com que as
pessoas exerçam trabalhos diferentes na sociedade. Quanto mais especializado é o trabalho, mais as
pessoas se tornam interdependentes entre si. Um exemplo simples e ilustrativo: se o padeiro se es-
pecializa na arte de fazer o pão ele não tem tempo de se especializar em medicina. Da mesma forma,
a médica, especializada na saúde, não tem tempo para sempre produzir o seu pão de cada dia. Assim,
o padeiro e a médica são interdependentes. Ela depende dele para se alimentar e ele depende dela para
se manter com saúde. Essa lógica se expande para toda a sociedade moderna: somos cada vez mais
interdependentes uns dos outros.
Para Durkheim, é justamente essa interdependência que mantém a coesão social. Ou seja, é ela que man-
tém a nossa sociedade integrada e unida. Ele cunha o conceito de solidariedade para dar nome a esta
“cola” que mantém a sociedade coesa. Nesse caso, a solidariedade não é aquela em que somos bons e
generosos uns com os outros mas é essa força invisível que mantém a sociedade unida. Para ele existem
dois tipos principais de solidariedade, ou seja, duas maneiras de as sociedade se manterem unidas: a
solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica. Por que esses nomes? Eles tem a ver com analogias
que Durkheim propõe para entendermos com mais facilidade como funcionam as sociedades. Vejamos!
A solidariedade mecânica ocorre principalmente nas sociedades
pré-modernas ou tradicionais, que não se modernizaram com a in-
dustrialização (por exemplo: povos tradicionais isolados, algumas
comunidades rurais). Tanto agora como no passado essas socie-
dades são pequenas, com organização social mais simples, poucas
instituições, baixa divisão social do trabalho. Nessas sociedades
as pessoas não são tão interdependentes, ou seja, são mais autos-
suficientes. Todo mundo sabe fazer de tudo um pouco: caçar, plan-
tar, cozinhar, produzir utensílios. Mas se as pessoas não dependem
tanto umas das outras, o que as faz permanecer unidas em socie-
dade? Bom, como são sociedades pequenas as pessoas pensam e
acreditam mais ou menos nas mesmas coisas. Durkheim vai dizer
que o que as mantém unidas é a consciência coletiva expressa
nas crenças, tradições e valores morais compartilhados por toda
a comunidade. Esse tipo de sociedade pode ser comparado a um
relógio mecânico. As pessoas, como não se diferenciam tanto nas
funções e crenças, podem ser comparadas com as engrenagens
do mecanismo: todas parecidas e exercendo funções parecidas
para o funcionamento da sociedade. Daí a solidariedade mecânica.
A solidariedade orgânica, por sua vez, é o que mantém a sociedade mo-
derna unida. Quando a sociedade se industrializa e se moderniza, ela tende
a crescer e a ficar mais complexa. Como o número de pessoas cresce e
ocorrem vários processos de transformação social, cultural e política (pen-
se no impacto das Revoluções Francesa e Industrial, por exemplo) uma di-
versidade de visões de mundo, crenças e valores, muitas vezes conflitantes
passam a conviver numa mesma sociedade. A consciência coletiva passa a
não ser mais suficiente para manter a sociedade unida. Ao mesmo tempo,
ocorre a diversificação e especialização das funções tanto das pessoas
como das instituições, que se multiplicam para gerir a complexidade mo-
derna. Passa a haver uma alta divisão social do trabalho e tanto pessoas
como instituições passam a ficar, como vimos, interdependentes. Aqui a
sociedade pode ser comparada a um organismo vivo. As pessoas e ins-
tituições funcionam como os órgãos desse organismo. O que mantém o
corpo vivo é a interdependência entre as partes: o cérebro manda o cora-
ção bater e o coração alimenta o cérebro. O pulmão, por sua vez, recebe

194
comandos do cérebro, sangue do coração e manda oxigênio para ambos. Sozinhos e isolados não têm
serventia, dependem um do outro. Daí a solidariedade orgânica.
Maior ou menor, dependendo da sociedade, a divisão social do trabalho, para além de definir funções
diferenciadas entre as pessoas, divide a sociedade em grupos conforme sua função. Nas sociedades
modernas e capitalistas, o trabalho é compreendido como a função de um grupo específico: os traba-
lhadores. Durkheim entende a divisão social do trabalho entre trabalhadores e empregadores como
uma divisão funcional: entre aqueles que devem cumprir uma atividade de organização da produção
e mando (os empregadores) e os que devem desenvolver uma atividade produtiva (os trabalhadores).
Como vimos, para ele, a interdependência entre esses grupos gera a coesão social, por isso, ele defen-
de a manutenção dessa divisão.
Ao mesmo tempo, essa divisão gera problemas de convívio entre os grupos, conflitos que Durkheim
considera como doenças sociais (o que levaria o “organismo” - a sociedade - a não funcionar bem).
Não deve haver excessos por parte dos capitalistas ou trabalhadores. De um lado, o capitalista não se
deve deixar levar pelo egoísmo do lucro exacerbado, de outro, o trabalhador, não deve questionar sua
posição/função dentro da divisão do trabalho. O mais importante para Durkheim é a manutenção da
integração social. Dessa forma, o lema de Durkheim é: as partes (os indivíduos) devem submeter-se de
modo a garantir a permanência do todo (a sociedade).

Weber o Capitalismo e o Protestantismo


Enquanto Durkheim considera o trabalho como um fato social (externo, geral e coercitivo) que se im-
põe a todas as sociedades no espaço e no tempo, Max Weber vê de forma diferente. Para ele não há algo
geral e comum a todas as sociedades. Cada sociedade é influenciada por processos históricos parti-
culares de seu tempo. Assim, o valor e a compreensão do trabalho variaram muito ao longo da história.
Pense, por exemplo, na diferença entre o que era o trabalho no Brasil colônia (escravo) e no Brasil atual
(assalariado). Para Weber, apenas com a Modernidade e a consolidação do Capitalismo o trabalho se
torna uma atividade fundamental.
Em seu livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905), Weber observa que o capitalismo
moderno é resultado de um encontro bastante único do seu momento histórico. Essa especificidade
do capitalismo está no encontro entre o “espírito” capitalista, de obter sempre mais lucros, e uma ética
religiosa baseada em uma vida regrada, de autocontrole, que tem na poupança uma característica cen-
tral. Mas onde o trabalho se encaixa nisso tudo?
Nesse encontro entre a mente capitalista e a ética protestante, o trabalho ocupa um lugar central.
Para o praticante do protestantismo (sobretudo o calvinista, do século 16), o sucesso nos negócios é
uma comprovação de ter sido escolhido por Deus. O trabalho árduo e disciplinado e uma vida regrada
e sem excessos trazem o êxito profissional. Esse sucesso profissional, por sua vez, é sinal de sua fé e
salvação espiritual.
Para Weber, o encontro entre uma ética religiosa e um espírito empreendedor possibilitou a formação
histórica do capitalismo. Mas, nos tempos mais atuais, a procura da riqueza não mais estaria sendo
guiada por valores religiosos, sendo agora movida por “paixões puramente mundanas”. Ao longo do tem-
po, o encontro formador da sociedade capitalista perdeu seu sentido religioso original e o lucro capita-
lista, o “lucro pelo lucro”, o “se dar bem”, passou a dirigir as sociedades contemporâneas.

REFERÊNCIAS (adaptado de):


MACHADO, Igor José Renó et al. Sociologia Hoje. São Paulo: Editora Ática, 2014.

195
ATIVIDADES
1 - (Enem-2020) Desde o mundo antigo e sua filosofia, que o trabalho tem sido compreendido como
expressão de vida e degradação, criação e infelicidade, atividade vital e escravidão, felicidade social e
servidão. Trabalho e fadiga. Na Modernidade, sob o comando do mundo da mercadoria e do dinheiro,
a prevalência do negócio (negar o ócio) veio sepultar o império do repouso, da folga e da preguiça,
criando uma ética positiva do trabalho.
ANTUNES. R. O século XX e a era da degradação do trabalho, ln: SILVA. J. P (Org.). Por uma sociologia do século XX.
São Paulo Annablume, 2007 (adaptado).

O processo de ressignificação do trabalho nas sociedades modernas teve início a partir do surgimento
de uma nova mentalidade, influenciada pela
a) reforma higienista, que combateu o caráter excessivo e insalubre do trabalho fabril.
b) Reforma Protestante, que expressou a importância das atividades laborais no mundo secula-
rizado.
c) força sindicalismo, que emergiu no esteio do anarquismo reivindicando direitos trabalhistas.
d) participação das mulheres em movimentos sociais, defendendo o direito ao trabalho.
e) visão do catolicismo, que, desde a Idade Média, defendia a dignidade do trabalho e do lucro.

2 - (Unioeste-2012) Émile Durkheim é considerado um dos fundadores das Ciências Sociais e entre
as suas diversas obras se destacam “As Regras do Método Sociológico”, “O Suicídio” e “Da Divisão do
Trabalho Social”. Sobre este último estudo, é correto afirmar que
a) a divisão do trabalho possui um importante papel social. Muito além do aumento da produti-
vidade econômica, a divisão garante a coesão social ao possibilitar o surgimento de um tipo
específico de solidariedade.
b) a solidariedade mecânica é o resultado do desenvolvimento da industrialização, que garantiu
uma robotização dos comportamentos humanos.
c) a solidariedade orgânica refere-se às relações sociais estabelecidas nas sociedades mais tra-
dicionais. O nome remete ao entendimento da harmonia existente nas comunidades de menor
taxa demográfica.
d) indiferente dos tipos de solidariedade predominantes, o crime necessita ser punido por re-
presentar uma ofensa às liberdades e à consciência individual existente em cada ser humano.
e) a consciência coletiva está vinculada exclusivamente às ações sociais filantrópicas estabe-
lecidas pelos indivíduos na contemporaneidade, não tendo nenhuma relação com tradições e
valores morais comuns.

196
3 - (UEL-2014) A cidade desempenha papel fundamental no pensamento de Émile Durkheim, tanto por
exprimir o desenvolvimento das formas de integração quanto por intensificar a divisão do trabalho social
a ela ligada. Com base nos conhecimentos acerca da divisão do trabalho social nesse autor, assinale a
alternativa correta.
a) A crescente divisão do trabalho com o intercâmbio livre de funções no espaço urbano torna
obsoleta a presença de instituições.
b) A solidariedade orgânica é compatível com a sociedade de classes, pois a vida social necessi-
ta de trabalhos diferenciados.
c) Ao criar seres indiferenciados socialmente, o “homem massa”, as cidades recriam a solidarie-
dade mecânica em detrimento da solidariedade orgânica.
d) O efeito principal da divisão do trabalho é o aumento da desintegração social em razão de tra-
balhos parcelares e independentes.
e) O equilíbrio e a coesão social produzidos pela crescente divisão do trabalho decorrem das
vontades e das consciências individuais.

197
SEMANA 2
EIXO TEMÁTICO:
Análise Sociológica do Mundo Moderno: a Sociedade em que Vivemos.

TEMA/TÓPICO(S):
Trabalho, sociedade e classes sociais.

HABILIDADE(S):
Avaliar as transformações pelas quais passou o mundo do trabalho desde a consolidação do capitalismo
moderno.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Karl Marx, Cultura x Natureza, Materialismo, Trabalho Assalariado, Capitalismo, Classes Sociais.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Filosofia, História, Geografia, Língua Portuguesa (Redação).

TEMA: Trabalho e emprego


Olá estudantes!
Na semana anterior conversamos sobre como Émile Durkheim e Max Weber analisam a sociedade e o
trabalho. Para ambos, o trabalho é parte essencial da organização da vida social. E não seria diferente
para Karl Marx, o terceiro autor da tríade que compreende os clássicos da sociologia.
Vamos recordar um pouquinho: esses três influentes estudiosos da sociedade fizeram suas observa-
ções entre os séculos XIX e XX, período de grande transformação social capitaneada pela revolução
industrial. Tudo mudava, e mudava muito rapidamente. Entre elas, o trabalho e suas relações.
Mas você pode se perguntar: “A sociedade de hoje também muda muito. Porque estudar esses autores
antigos?”.
Essa é uma boa questão. Vamos respondê-la.
A sociedade não é a-histórica. O que isso significa? Que
as coisas que acontecem hoje, a forma que nos organi-
zamos, os problemas que possuímos e as soluções que
encontramos são consequência da maneira que foram
construídas no tempo. Isso quer dizer que as transfor-
mações que ocorriam na época desses três autores clás-
sicos, mesmo que muitos anos atrás, ainda impactam,
influenciam e explicam muito da nossa vida atual. E mui-
tos dos problemas de hoje, como desigualdades, pobreza
e violências, tem raízes históricas. Se quisermos resol-
Fonte: Pixabay. Licença Creative Commons. vê-las, precisamos entendê-las. Esses autores abordam,
de maneira crítica, algumas dessas raízes e por isso é um
bom caminho estudá-los.
Marx, por exemplo, define o trabalho como a essência do ser humano. Ou seja, é como se ele dissesse
que vivemos para isso, para trabalhar.

198
Mas espera aí: a palavra “trabalhar” talvez possa aparecer com sentidos distintos na mente de cada um
de nós. Muitos podem associar trabalho como um conceito sinônimo de emprego, por exemplo. Mas
trabalho e emprego são coisas diferentes.
Vamos lá.
Trabalho é tudo que o ser humano faz e que transforma o mundo a sua volta. Ele faz porque essencial-
mente precisa ou quer.
• Precisa: de alimentos e um abrigo.
• Quer: alimentos melhores e ter um lugar confortável para viver.
Para isso, o ser humano trabalha com o que o mundo lhe dá. E trabalhando com o que o mundo lhe dá,
ele transforma o mundo.
E olha só como tudo é consequência: quando transformamos o mundo, o mundo, agora transformado,
nos transforma. O que vivenciamos hoje é reflexo de uma sucessão de eventos históricos fruto do tra-
balho humano e as complexas relações que acontecem a partir delas.
Viu porque a sociedade em que vivemos não é a-histórica? Essa é uma das contribuições desse autor
alemão: o materialismo histórico, conceito muito presente em seus estudos sobre a sociedade.
Vamos usar a discussão que tivemos até aqui para entender a diferença entre trabalho e emprego.
Como você já deve ter entendido, o ser humano trabalha para gerar algum benefício, mesmo que apenas
para si próprio, como satisfazer suas necessidades. Claro, muitas vezes com impactos para o coletivo.
Com o passar da história e devido a inúmeros eventos e arranjos, homens e mulheres começaram a ter
problemas para trabalhar gerando benefícios para si na busca de saciar adequadamente suas neces-
sidades de abrigo e alimentação, por exemplo. Como a sociedade foi historicamente constituída por
classes antagônicas (escravizados e donos de escravos, aristocratas e servos, etc…) em que a distri-
buição de bens e poder ocorria de maneira desigual, o emprego surgiu como consequência: é o trabalho
remunerado para aquele que não tem os meios próprios para trabalhar.
-Meios? Que meios próprios são esses?
Resposta: os meios de produção.
Pense lá atrás, antes do surgimento das cida-
des, das máquinas, das indústrias, nas pessoas
que não possuíam terra para trabalhar, por
exemplo. Em um mundo basicamente agríco-
la, quem não possuía terra, não tinha meios de
produção: ou era serva, ou era escravizada, ou
trocava seu trabalho por alguma coisa. Tinha
gente que recebia pagamento em sal. Não é à
toa que a palavra salário vem daí.
Depois, com a industrialização, uma sociedade
muito mais populosa que começava concen-
trar-se em cidades, trocar a própria força de
Fonte: Domínio Público. Sem autor.
trabalho por algum dinheiro, ou seja, por em-
prego, passou a ser a forma de trabalho (de transformar o mundo e suprir as necessidades básicas)
mais comum. Tão comum, mas tão comum que hoje quando falamos em “trabalho” imaginamos imedia-
tamente “emprego”, fazendo uma associação automática.
Percebe porque é importante entender a raíz da sociedade que vivemos hoje?
Por exemplo: se certo tempo atrás já não existiam condições de trabalho para todos, podemos dizer
que hoje há empregos para todos? Se não há, por que não tem e como resolver isso?

199
Outra pergunta: todos os empregos, seja a muito tempo atrás ou seja hoje, são adequadamente remu-
nerados? Todas as condições de trabalho foram e são justas? Houve e há benefícios demais para uns e
exploração para outros?
Se trabalho é a essência do ser humano e o seu meio de viver e transformar o mundo, devemos fazer
essas perguntas.
Discuta sobre isso, pesquise, pergunte ao seu professor e professora, os adultos de sua família. E faço
um convite: nas semanas 3 e 4 deste PET serão abordados o taylorismo, fordismo e toyotismo. Modelos
de produção, de trabalho, de emprego, criados já há muito tempo, mas... Adivinhem: nos impactam até
hoje e muitas vezes repetimos esses grandes modelos de produção até em pequenos empreendimen-
tos, como uma lanchonete, por exemplo.

REFERÊNCIAS
MARX, K. O capital: crítica da economia política: Livro I; tradução de Reginaldo Santana, 18 ed. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

PARA SABER MAIS:


Portal Educa Mais Brasil. Verbete: Materialismo dialético. Disponível em: https://www.educamaisbra-
sil.com.br/enem/sociologia/materialismo-dialetico.

ATIVIDADES
1 - (IFTO-2017) As sociedades capitalistas são marcadas por relações em que o capital e o trabalho
assalariado são dominantes e a propriedade privada é o bem maior a ser cuidadosamente mantido. Dessa
realidade, houve estudos de pensadores sociais que abordaram a existência de duas classes fundamentais
na estruturação do sistema capitalista: a burguesia, que personifica o capital, e o proletariado, que vive
do trabalho assalariado. Na compreensão desse pensador, essas duas classes convivem em contínuo
conflito de interesses.
A partir da reflexão acima, o pensador em questão é:

a) Émile Durkheim. b) Max Weber. c) Pierre Bourdieu. d) Karl Marx. e) Franz Boas.

2 - (ENEM - 2014 adaptada) Analise a imagem abaixo e responda:


Imaginando um futuro como consequência do que fa-
zemos hoje e considerando a dinâmica entre tecnologia
e organização do trabalho, a representação contida no
cartum é caracterizada pelo pessimismo em relação à:
a) ideia de progresso.
b) sustentabilidade do meio ambiente.
c) organização dos sindicatos.
d) educação.
Autor: Neves, E. Engraxate. Disponível em: http://grafar. e) ociosidade.
blogspot.com/ . Acesso em: 15 set. /2021.

200
SEMANA 3
EIXO TEMÁTICO:
Análise Sociológica do Mundo Moderno: a Sociedade em que Vivemos.

TEMA/TÓPICO(S):
Trabalho, sociedade e classes sociais.

HABILIDADE(S):
Avaliar as transformações pelas quais passou o mundo do trabalho desde a consolidação do capitalismo
moderno.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Taylor-fordismo, Transformação Produtiva, Produtividade, Revolução Industrial, Linha de Montagem, Con-
sumo de Massa.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Filosofia, História, Geografia, Língua Portuguesa (Redação).

TEMA: Taylorismo e Fordismo: experiências de racionalização do trabalho.


Para entender como se dá a produção no capitalismo é necessário compreender as grandes transfor-
mações produtivas, também chamadas de reestruturação produtiva ou revolução tecnológica. Para
iniciar a discussão vamos pensar nas seguintes questões: Por que é sempre necessário desenvolver a
produção da indústria? Por que a produção sempre precisa crescer e avançar em termos tecnológicos?
A transformação industrial tem como objetivo central aumentar os lucros capitalistas. Para isso é ne-
cessário, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade e controlar o coletivo de trabalhadores. A intro-
dução de tecnologias não é um processo neutro: atende aos interesses das empresas e das indústrias.
A substituição de uma máquina ultrapassada por outra mais eficiente, ao mesmo tempo em que aumen-
ta produtividade (a quantidade de mercadorias produzidas), amplia o controle sobre os trabalhadores.
Aumentar a produtividade pode parecer positivo dada
a grande quantidade de produtos à disposição da so-
ciedade. Porém, não é isto que está em questão. Com a
introdução da máquina, após a Revolução Industrial, o
trabalhador perde o controle sobre seu trabalho. Com
isso sua capacidade política enfraquece, pois seu traba-
lho pode ser facilmente substituído. Se a importância do
trabalhador é enfraquecida, o mesmo acontece com seu
poder de resistência política. A primeira conclusão, por-
tanto, é que ao introduzir máquinas ou novas tecnologias,
o capitalista consegue que o trabalhador produza mais e
ainda tenha seu salário reduzido, já que seu poder de re-
sistência diminui, à medida em que diminui também sua
importância no processo de trabalho.
O método de controle da produção de bens materiais, passou a ser outro componente do conflito de in-
teresses entre burgueses e trabalhadores assalariados, com o crescimento da industrialização. A partir
da segunda metade do século 19, desenvolveu-se uma área do conhecimento científico fundamentada
em um conjunto de normas e funções que visavam organizar o espaço produtivo. Entre as diversas teo-
rias que surgiram, ganhou destaque a do engenheiro estadunidense Frederick W. Taylor, que propunha

201
estratégias gerenciais baseadas em um rigoroso controle de tempo e movimentos, especialização das
atividades e remuneração por desempenho. Este sistema organizacional, chamado taylorismo, busca a
padronização de todas as atividades de produção, definidas pela administração e posteriormente repas-
sadas aos trabalhadores. O objetivo do sistema é o aumento da produtividade através de mecanismos
que permitem às administrações controlarem e intensificarem o ritmo de produção e aumentar, assim,
o lucro dos donos dos meios de produção.
Um modelo prático de organização da produção baseado no taylorismo ficou conhecido como fordismo.
Seu precursor, Henry Ford, desempenhou papel fundamental na difusão do sistema de organização do
trabalho que aliou o esquema taylorista às suas próprias ideias. Proprietário da Ford Motor Company,
em Detroit, EUA, Ford inovou o cenário industrial a partir de 1914, ao produzir modelos de automóveis
padronizados e em grandes quantidades - o que barateava os custos de produção, visando o consumo
em massa. Para isso, foi criada a linha de montagem em série, na qual os trabalhadores se fixavam
em seus postos e os objetos de trabalho se deslocavam em trilhos ou esteiras. Cada trabalhador de-
veria ser especializado em uma única tarefa, com o ritmo ditado pela velocidade da linha de produção.
Ao repetir movimentos iguais incessantemente, o operário atuava como uma peça da máquina, aliena-
do do conjunto de seu trabalho.

Com isso, os ganhos de produtividade - e a exploração da força de trabalho - foram bastante signifi-
cativos. A ênfase na separação entre a concepção (gerência) e a execução (trabalho) promoveu a des-
qualificação do trabalho. Partia-se do princípio de que os trabalhadores eram pagos para executar,
e não para pensar. O modelo taylorista-fordista ocasionou alto índice de rotatividade dos trabalhadores,
sobretudo nas áreas mais próximas às linhas de produção, com baixo nível de qualificação educacional
e profissional dos operários, o que os tornava descartáveis. Esse sistema de organização do trabalho se
expandiu para o mundo e passou a ser amplamente utilizado no Século 20, sobretudo após a Segunda
Guerra Mundial, a partir do grande crescimento econômico produzido pelo consumo de massa.

REFERÊNCIAS (adaptado de):


SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. São Paulo: Moderna, 2013.
MACHADO, Igor José Renó et al. Sociologia Hoje. São Paulo: Editora Ática, 2014

202
ATIVIDADES
1 - (Enem 2011) As relações sociais, produzidas a partir da expansão do mercado capitalista – e o
sistema de fábrica é seu “estágio superior” –, tornaram possível o desenvolvimento de uma determinada
tecnologia, isto é, aquela que supõe a “priori” a expropriação dos saberes daqueles que participam do
processo de trabalho. Nesse sentido, foi no sistema de fábrica que uma dada tecnologia pôde se impor,
não apenas como instrumento para incrementar a produtividade do trabalho, mas, muito principalmente,
como instrumento para controlar, disciplinar e hierarquizar esse processo de trabalho.
(DECCA, E. S. O Nascimento das Fábricas. São Paulo: Brasiliense, 1986 - fragmento)

Mais do que trocar ferramentas pela utilização de máquinas, o capitalismo, por meio do “sistema de
fábrica”, expropriou o trabalhador do seu “saber fazer”, provocando, assim,
a) a divisão e a hierarquização do processo laboral, que ocasionaram o distanciamento do traba-
lhador do seu produto final.
b) o movimento dos trabalhadores das áreas urbanas em direção às rurais, devido à escassez de
postos de trabalho nas fábricas.
c) a associação da figura do trabalhador à do assalariado, fato que favorecia a valorização do seu
trabalho e a inserção no processo fabril.
d) a organização de grupos familiares em galpões para elaboração e execução de manufaturas
que seriam comercializadas.
e) a desestruturação de atividades lucrativas praticadas pelos artesãos ingleses desde a Baixa
Idade Média.

2 - (Enem 2012) Na imagem do início do século XX, identifica-se um


modelo produtivo cuja forma de organização fabril baseava-se na
a) autonomia do produtor direto.
b) adoção da divisão sexual do trabalho.
c) exploração do trabalho repetitivo.
d) utilização de empregados qualificados.
e) incentivo à criatividade dos funcionários.

3 - (Enem 2012) Outro importante método de racionalização do trabalho industrial foi concebido graças
aos estudos desenvolvidos pelo engenheiro norteamericano Frederick Winslow Taylor. Uma de suas
preocupações fundamentais era conceber meios para que a capacidade produtiva dos homens e das
máquinas atingisse seu patamar máximo. Para tanto, ele acreditava que estudos científicos minuciosos
deveriam combater os problemas que impediam o incremento da produção.
(Taylorismo e Fordismo. Disponível em: www.brasilescola.com. Acesso em: 28 fev. 2012)

O Taylorismo apresentou-se como um importante modelo produtivo ainda no início do século XX, pro-
duzindo transformações na organização da produção e, também, na organização da vida social. A ino-
vação técnica trazida pelo seu método foi a:
a) polivalência dos trabalhadores que passaram a realizar funções diversificadas numa mesma
jornada.
b) cronometragem e controle rigoroso do trabalho para evitar desperdícios.
c) utilização de estoques mínimos em plantas industriais de pequeno porte.
d) produção orientada pela demanda enxuta atendendo a específicos nichos de mercado.
e) flexibilização da hierarquia no interior da fábrica para estreitar a relação entre os empregados

203
SEMANA 4
EIXO TEMÁTICO:
Análise Sociológica do Mundo Moderno: a Sociedade em que Vivemos.

TEMA/TÓPICO(S):
Trabalho, sociedade e classes sociais.

HABILIDADE(S):
Avaliar as transformações pelas quais passou o mundo do trabalho desde a consolidação do capitalismo
moderno.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Toyotismo, reestruturação produtiva, Estado de Bem-Estar Social, Estado Neoliberal, Automação Produtiva.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Filosofia, História, Geografia, Língua Portuguesa (Redação).

TEMA: Toyotismo: um sistema flexível de produção


As reestruturações produtivas, podem ser consideradas, apesar dos intervalos de tempo, elementos
estruturais das sociedades capitalistas. É sempre necessário incrementar a produção para aumentar
os lucros, e esse incremento se caracteriza como uma grande transformação. Assim, as reestrutura-
ções produtivas têm papel fundamental na reprodução das sociedades capitalistas.
Vimos que no início do Século 20 o taylor-fordismo caracterizou-se como a forma de organização das
indústrias e empresas, sobretudo as de automóveis, eletrodomésticos ou de produtos duráveis e não-
-duráveis. Esse tipo de organização tinha como elementos centrais a produção em massa. O trabalho
era repetitivo, de alta intensidade, com compensações salariais (salários por peça ou por produtivida-
de) e dentro de uma cadeia produtiva marcada por um rígido controle. Esse tipo de produção vingou na
Europa, nos Estados Unidos e no Japão até meados dos anos 1960. Nas últimas décadas do século 20 e
início do século 21, foi substituído gradativamente e com variações históricas de país para país, por uma
nova forma de organização da produção: o toyotismo (às vezes referido como ohnismo).
Antes de estudar o toyotismo, é importante lembrar por que essa substituição tecnológica foi neces-
sária. Juntamente com o período taylor-fordista (aproximadamente do início do século 20 até meados
dos anos 1960) formou-se um tipo de Estado que dava suporte a esse tipo de organização das indús-
trias. Com o crescimento vertiginoso da produção, surgiram novas associações trabalhistas e empre-
sariais, novos sindicatos, novos padrões de consumo e de comportamento. Tornou-se necessário um
certo tipo de Estado para regular essas novas relações. Esse tipo de Estado conhecido como Estado de
Bem-Estar Social, estabeleceu leis trabalhistas de regulamentação da jornada de trabalho, com regras
gerais que de certa forma protegiam a classe trabalhadora. No entanto, essa mesma classe se sujei-
tava à intensidade da produção taylor-fordista, muito rígida e disciplinada, para atingir altos índices de
produtividade. Por volta do final dos anos 1960, as taxas de lucratividade começaram a cair e a classe
capitalista impôs a necessidade de restaurar as taxas de lucro perdidas.
Nesse contexto, uma forma de organização da produção da produção introduzida nos anos 1960 por
Taiichi Ohno (1912-1990), engenheiro de produção da Toyota no Japão, começou a ser implantada, nos
anos seguintes, na fábricas de automóveis dos Estado Unidos e da Europa Ocidental e, posteriormente,
na maior parte do mundo. O modelo implantado no Japão tem algumas características básicas:

204
a) Produção por demanda, com estoques mínimos.
b) Flexibilização da produção, a fim de torná-la variada, ao contrário do fordismo, que produzia
em série o mesmo tipo de produto.
c) Automação das máquinas, isto é, máquinas que desempenham várias funções e funcionam
com menor grau de intervenção do trabalhador.
d) Sistema just in time (tempo certo), no qual a matéria prima, peça ou acessório chega ao lo-
cal de produção apenas no momento em que será utilizada, evitando o acúmulo de produtos
no estoque.

O que muda do taylor-fordismo para o toyotismo é principalmente a automação da produção, isto é,


a substituição de antigas máquinas por robôs e máquinas sofisticadas, permitindo que parte do con-
tingente de trabalhadores seja dispensada. A introdução dessas novas tecnologias economiza tempo
de trabalho. Ao economizar tempo de trabalho, os capitalistas podem dispensar certo número de tra-
balhadores, poupando, assim, custos produtivos, o que eleva as taxas de lucratividade e desmobiliza as
organizações de defesa dos trabalhadores, como os sindicatos e partidos operários. As consequências
disso, para a classe trabalhadora, são o crescimento abrupto do desemprego, a diminuição do valor
dos salários, a desmobilização política e a queda de seu poder de compra.
O toyotismo concebe também um novo tipo de trabalhador. O trabalhador das indústrias taylor-for-
distas, o operário que produzia em massa (o operário-massa), foi substituído por um trabalhador poli-
valente. As novas máquinas ou robôs, com funções muito mais avançadas exigem novas qualificações
para serem operados. Enquanto o operário taylor-fordista operava uma só máquina, em uma rotina de
tarefas simplificadas, o operário polivalente toyotista opera várias máquinas. E mais: acumula as fun-
ções dos operários que foram dispensados, fica sobrecarregado e ainda passa a ser responsável pela
qualidade dos produtos, gerenciando sua própria atividade.
A implantação do toyotismo foi diferenciada em todo o mundo e dependeu das particularidades de cada
sociedade. Mas, acima de tudo, essa forma de reestruturar a produção cumpriu seu papel histórico de
reproduzir as classes sociais e a desigualdade social entre elas. Seu desenvolvimento pleno serviu-
-se de políticas macroeconômicas implantadas pelo Estado. Surgiu, assim, em paralelo a essa grande
transformação na produção e procurando regulamentá-la, um novo tipo de Estado chamado Neoliberal,
que substituiu o Estado de Bem-Estar Social da Época taylor-fordista. As características centrais do
Estado Neoliberal (neoliberalismo) são:
a) Governo Mínimo, com cortes no contingente e servidores públicos.
b) Privatizações de empresas estatais e transferência das questões econômicas para o mercado.
c) Flexibilização das leis trabalhistas, permitindo a intensificação e a maior exploração do trabalho.
d) Livre circulação de capitais internacionais, o que pressupõe a abertura dos países periféricos
às multinacionais e incentivos à política de baixos impostos.

205
O Estado Neoliberal, que se estruturou a partir do final dos anos 1970 na Inglaterra com Margareth That-
cher (1925-) e no início dos anos 1980 nos Estados Unidos com Ronald Reagan (1911-2004), foi fundamen-
tal para o desenvolvimento da reestruturação produtiva toyotista no mundo. A promoção de políticas
que desregulamentavam as leis de proteção do trabalhador foi extremamente importante para que
esse tipo de produção vingasse. Assim, superados a produção taylor-fordista e o Estado de Bem-Estar
Social, foi implantada uma nova ordem internacional baseada na relação da produção toyotista (ou fle-
xível) com o Estado Neoliberal.

PARA SABER MAIS:


Documentário: Privatizações: a distopia do capital, Brasil, 2014, de Silvio Tendler, 56 min. O diretor
Silvio Tendler ilumina e esclarece a lógica da política das privatizações em tempos marcados pelo
crescente desmonte do Estado brasileiro. A visão do Estado mínimo; a venda de ativos públicos ao
setor privado; o ônus decorrente das políticas de desestatização traduzidos em fatos e imagens que
emocionam e se constituem em uma verdadeira aula sobre a história recente do Brasil. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=xJPCKjT0XXk>. Acesso em: 27 ago. 2021.

REFERÊNCIAS (adaptado de):


SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. São Paulo: Moderna, 2013.
MACHADO, Igor José Renó et al. Sociologia Hoje. São Paulo: Editora Ática, 2014.

ATIVIDADES
1 - (Enem-2020) “O toyotismo, a partir dos anos 1970, teve grande impacto no mundo ocidental,
quando se mostrou para os países avançados como uma opção possível para a superação de uma
crise de acumulação.”
ANTUNES, R. Os sentidos do Trabalho: ensaio sobre a afirmação do trabalho. São Paulo: Boitempo. 2009. Adaptado.

A característica organizacional do modelo em questão, requerida no contexto de crise, foi o(a)


a) expansão dos grandes estoques.
b) incremento da fabricação em massa.
c) adequação da produção à demanda.
d) aumento da mecanização do trabalho.
e) centralização das etapas de planejamento.

2 - (Mackenzie) Inspirado no liberalismo clássico e em clara oposição ao Keynesianismo, o neoliberalismo


propõe, entre outras medidas:
I. a atuação do Estado como empresário, como mediador das relações capital-trabalho e como regula-
dor de taxas e tarifas.
II. o desenvolvimento de uma política de privatização das empresas estatais para reduzir o papel do
Estado na economia.
III. a minimização do poder dos sindicatos e a redução dos direitos trabalhistas.
IV. a redução das barreiras para a circulação de mercadorias e capitais entre países, promovendo, as-
sim, uma maior abertura econômica.

206
Estão corretas:
a) apenas I, II e IV.
b) apenas I, III e IV.
c) apenas I, II e III.
d) apenas II, III e IV.
e) I, II, III e IV.

3 - (UFAL-2011) O sistema organizacional do trabalho denominado de toyotismo é uma resposta à crise


do fordismo dos anos 70. É correto afirmar que o toyotismo se caracteriza
a) pela rigidez na produção, principalmente pela eliminação do desperdício de tempo e movi-
mentos, por meio do trabalho parcelar, padronizado e descontínuo.
b) por ter um trabalhador qualificado e polivalente e pela produção atender às particularidades
das demandas.
c) por ter sua origem no modo de organização do trabalho de uma indústria automobilística da
China, cujo presidente era Kiichiro Toyoda, daí a derivação da sua denominação.
d) pela produção em massa, pois o consumo condiciona toda a organização da produção.
e) pela adoção de uma organização produtiva verticalizada, voltada para produzir somente os
itens necessários na quantidade necessária, sem gerar estoque, por meio da técnica denomi-
nada de kanban, em que o trabalhador desempenha uma única tarefa.

207
SEMANA 5

EIXO TEMÁTICO:
Análise Sociológica do Mundo Moderno: a Sociedade em que Vivemos.

TEMA/TÓPICO(S):
Trabalho, sociedade e classes sociais.

HABILIDADE(S):
Avaliar o atual mundo do trabalho no Brasil.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Neoliberalismo, Relações de Trabalho, Desemprego, Tecnologia da Informação, Subproletariado, Sindicatos.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Filosofia, História, Geografia, Língua Portuguesa (Redação).

Trabalho: Cenário atual, avanços e retrocessos.


Os processos de liberalização econômica do Neoliberalismo (que possibilitaram maior participação do
capital, em especial o estrangeiro, em setores antes regulados pelo Estado), de incremento tecnoló-
gico (como a introdução da robótica) e de renovação das relações de trabalho (terceirização, trabalho
temporário, etc.) implantados a partir dos anos 1990 resultaram no aumento do desemprego, em rela-
ção às duas décadas anteriores, em diversas nações industrializadas do mundo.
Mas não é tão simples analisar os impactos do desenvolvimento da tecnologia nos processos e rela-
ções de trabalho. Se por um lado a automação (em bancos, escritórios, telecomunicações etc.) elimi-
nou empregos para trabalhadores qualificados, por outro propiciou aumento de postos de trabalho em
setores da economia antes pouco expressivos, como o de Tecnologia da Informação.
Os dois primeiros elementos, liberalização econômica e incremento tecnológico, ocasionaram o fe-
nômeno conhecido como desemprego estrutural. Essa modalidade de desemprego é resultado de
profundas transformações na estrutura do mercado laboral, que o impede de absorver a mão de obra
disponível por períodos longos, fato que o diferencia do desemprego conjuntural, provocado por fases
pontuais de recessão do ciclo econômico. Assim, tanto os trabalhadores qualificados (que perderam
funções na indústria) quanto os mais jovens – em razão de uma qualificação que ainda não possuem,
são vitimados por esse fenômeno.
Nesse sentido, o crescimento do trabalho em tempo parcial, temporário, subcontratado, terceirizado
e vinculado à economia informal, mesmo nos países industrializados ricos, parece confirmar a tese de
que o trabalho está sofrendo uma degradação ou precarização, processo chamado de informalização
do trabalho. O quadro de informalização faz emergir uma realidade em que, no quadro formal, prepon-
dera o setor de serviços, o chamado setor terciário, que consiste, em linhas gerais, na concentração
dos trabalhadores nas atividades econômicas que envolvem a comercialização de produtos em geral e
o oferecimento de serviços comerciais, pessoais, etc.
Entre os processos que influenciam esse cenário estão propostas de desregulamentação, flexibili-
zação, privatização acelerada e desindustrialização. Esses fenômenos que tiveram forte impulso nos
últimos anos são exemplificados pelo contrato por tempo determinado, pelo banco de horas, pela re-
dução de encargos sociais e de direitos trabalhistas. Esta situação cria o subproletariado, composto
por aqueles trabalhadores que, em busca da sobrevivência, em uma realidade com altos níveis de de-
semprego, topam qualquer negócio, qualquer vaga de trabalho, mesmo que sem garantias trabalhistas
e com remuneração que não assegura as suas condições básicas para a existência.

208
Mesmo no Brasil contemporâneo, é possível observar formas extremas de degradação no trabalho. Para
minimizar o desemprego, é fundamental que empresas e autoridades governamentais criem e imple-
mentem formas de qualificação profissional que garantam maior absorção de trabalhadores, com re-
muneração justa e respeito aos direitos trabalhistas.

REFERÊNCIAS (adaptado de):


SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. São Paulo: Moderna, 2013.

ATIVIDADES
1 - (UFPA-2013) Como reflexos das transformações nas políticas de gestão e de organização do trabalho
no contexto atual de globalização, tem-se o novo perfil de trabalhador ou da classe social que vive do
trabalho e uma reconfiguração no mercado de trabalho. Assim, podemos afirmar corretamente que um
dos impactos da atual globalização e da reestruturação produtiva no mundo do trabalho, na virada do
século XX para o século XXI, é o (a)
a) aumento do contingente de trabalhadores fabris.
b) redução significativa dos índices de trabalho feminino e infantil.
c) aumento da inclusão de jovens no mercado de trabalho.
d) aumento do número de trabalhadores no setor de serviços.
e) redução do número de trabalhadores no setor informal da economia.

2 - (Enem-2010) Um banco inglês decidiu cobrar de seus clientes cinco libras toda vez que recorressem
aos funcionários de suas agências. E o motivo disso é que, na verdade, não querem clientes em suas
agências; o que querem é reduzir o número de agências, fazendo com que os clientes usem as máquinas
automáticas em todo o tipo de transações. Em suma, eles querem se livrar de seus funcionários.
HOBSBAWM, E. O novo século. São Paulo: Companhia das Letras, 2000 (adaptado).

O exemplo mencionado permite identificar um aspecto da adoção de novas tecnologias na economia


capitalista contemporânea. Um argumento utilizado pelas empresas e uma consequência social de tal
aspecto estão em
a) qualidade total e estabilidade no trabalho.
b) diminuição dos custos e insegurança no emprego.
c) responsabilidade social e redução do desemprego.
d) maximização dos lucros e aparecimento de empregos.

209
3 - (FATEC-2020) O conceito de precariado se refere a uma classe emergente, definida por uma combinação
distinta de relações. As pessoas do precariado estão sendo forçadas a aceitar uma vida de empregos
instáveis, sem uma identidade ocupacional, sendo exploradas e sem horários regulares de trabalho.
Disponível em: <https://tinyurl.com/y6kgyeqz>. Acesso em: 10 out. 2019. Adaptado.

De acordo com o texto, o precariado é um grupo de pessoas que


a) não aceita a tutela do Estado e negocia sua força de trabalho diretamente com o governo, que
o repassa às empresas, conseguindo, dessa forma, remunerações acima do mercado.
b) não é explorado pelo fato de trabalhar sem folgas semanais, uma vez que possui registro na
carteira de trabalho, e aceita, voluntariamente, não tirar as férias anuais previstas em lei.
c) não possui um emprego formal e, portanto, não possui direitos trabalhistas, estando sujeito às
atividades com longas jornadas de trabalho, por prazo determinado e em condições insalubres.
d) não recebe mais que um salário mínimo, contudo, possui horários regulares de trabalho e está
amparado pelas leis trabalhistas, que permitem uma remuneração menor que a prevista na
Constituição Federal.
e) não quer ter um emprego formal, mas tem seus direitos trabalhistas legais respeitados, mes-
mo cumprindo jornadas de trabalho superiores a vinte horas diárias, e também possui estabi-
lidade no emprego de caráter oficial.

210
SEMANA 6
EIXO TEMÁTICO:
Análise Sociológica do Mundo Moderno: a Sociedade em que Vivemos.

TEMA/TÓPICO(S):
Trabalho, sociedade e classes sociais.

HABILIDADE(S):
Avaliar o atual mundo do trabalho no Brasil.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Pandemia, Precarização, Aplicativos, Crise Econômica, Neoliberalismo, Revolução Industrial, Direi-
tos Trabalhistas.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Filosofia, História, Geografia, Língua Portuguesa (Redação).

TEMA: Precarização do trabalho em tempos de Pandemia


A pandemia do novo Coronavírus se tornou um dos maiores problemas da humanidade em 2020. Uma
parcela considerável da população mundial, incluindo no Brasil, esteve de quarentena em suas casas
para evitar o risco de contaminação e expansão da doença. Governos e prefeituras fecharam escolas e
serviços não essenciais como academias, restaurantes, cinemas e salões de beleza, recomendando o
isolamento social para a população.
O fato de muitas pessoas não poderem sair de casa e terem que utilizar serviços de entrega em domicí-
lio aumentou o número de usuários e trabalhadores das gigantes empresas de aplicativos como a Uber
Eats, Rappi, Ifood e várias outras. Ao mesmo tempo, muitas pessoas que não podem simplesmente pa-
rar de trabalhar ou que estão desempregadas e não encontram empregos fixos, desde antes da pande-
mia, devido à crise econômica que assola o país, estão aderindo aos apps em busca de algum sustento
para suas famílias.
Os serviços por aplicativo foram considerados essenciais para o momento que estamos passando e por
isso são permitidos. Eles contribuem para que muitas pessoas fiquem em casa e que alguns estabeleci-
mentos continuem funcionando mesmo que de portas fechadas. Mesmo sendo essenciais, a condição
de trabalho dos trabalhadores por aplicativo têm se tornado o exemplo mais nítido da precarização que
o mundo do trabalho tem atravessado nas últimas décadas no Brasil.
Quando falamos em precarização, estamos dizendo que uma situação que já não é boa ficou ainda pior.
No caso do trabalho a precarização significa piorar as condições de trabalho, como diminuir a renda,
aumentar os riscos à saúde e à vida, aumentar a jornada de trabalho, não oferecer nenhuma garantia
ou benefício trabalhista (férias, 13º salário, folga semanal, por exemplo) e ainda aumentar a instabilida-
de no emprego.
As empresas de aplicativos de transporte de entrega intensificaram a precarização do trabalho no
Brasil. Ao serem acusadas disso elas se defendem dizendo que os motoristas e entregadores não são
funcionários, mas “parceiros”, “autônomos”, “colaboradores”, “empreendedores”, e por isso não têm
responsabilidade por suas condições de trabalho, pois legalmente não há o vínculo empregatício e nem
os direitos trabalhistas que uma tradicional carteira de trabalho garantiria. Seu papel seria apenas ser
uma ponte entre o serviço prestado pelo trabalhador e o consumidor final. Ou seja, essas plataformas
digitais se isentam de responsabilidades e custos trabalhistas.

211
A questão que se coloca é que são essas empresas que definem quanto os trabalhadores ganham por
quilômetro rodado, são elas que definem as taxas sobre o que eles ganham, são elas que têm o poder de
bloqueá-los e são elas as que mais lucram com todo o processo. Dessa forma elas têm um poder maior
sobre a vida de seus “parceiros” do que o contrário. Nesse sentido, essas empresas exercem na prática
o papel de empregadoras, mesmo que legalmente não tenham a responsabilidade pelas condições de
trabalho dos trabalhadores.
Além disso, os trabalhadores possuem uma série de gastos com equipamentos de segurança, combus-
tível e manutenção de seus veículos. Se um profissional tem um acidente, por exemplo, ela ou ele não
possui nenhuma garantia ou seguro que o ampare financeiramente no período em que estiver afastado
do trabalho, o que compromete sua sobrevivência e a de sua família. Na atual pandemia são os próprios
entregadores e motoristas que devem arcar com os gastos dos materiais de higiene e limpeza para
evitar o seu contágio pelo Covid-19. Lembremos que a alta circulação desses trabalhadores os deixam
bastante expostos ao risco de contágio. Todas essas condições levaram as trabalhadoras e trabalha-
dores de aplicativo a se organizarem e decretarem greve no dia 1° de julho de 2020, exigindo melhores
condições de trabalho das empresas de aplicativo.
A precarização do trabalho significa o desmonte dos direitos trabalhistas. O que isso quer dizer? Des-
monte significa “desmontar” mesmo todos os nossos direitos que foram construídos durante muito
tempo. Os direitos trabalhistas conquistados pelas trabalhadoras e trabalhadores ao longo de sua his-
tória não foram fruto da bondade dos empresários capitalistas, mas fruto de duras lutas. Desde a Re-
volução Industrial no Século 18, os trabalhadores vêm se organizando em sindicatos e associações e
construindo seus direitos com base em suas demandas e necessidades. A luta é principalmente contra
a exploração e pela dignidade profissional.
Com a Revolução Industrial, passa a existir a divisão entre a classe dos “proprietários dos meios de
produção” (os capitalistas) e a classe dos que só possuíam a força de trabalho (os trabalhadores).
É nessa época que o trabalho deixa de ser servil e passa a ser “livre” e assalariado. O trabalhador era
livre apenas legalmente, pois na realidade se via forçado, pela necessidade e para não passar fome,
a fazer o que lhe era imposto. Trabalhadores passam a vender a sua força de trabalho para os capitalis-
tas, donos das fábricas e negócios.
A principal meta da sociedade capitalista é a acumulação, o lucro.
Para que o proprietário capitalista aumente o seu lucro é necessá-
rio que ele aumente a produtividade de seu negócio. É necessário
que seu negócio produza o máximo possível de bens e serviços
pelo menor custo possível. Logo, é do interesse do capitalista que
os trabalhadores dediquem muitas horas, para produzir muito,
a um preço baixo, que custe pouco ao empresário.
Os conflitos entre os capitalistas e os trabalhadores aparece-
ram a partir do momento em que estes perceberam que traba-
lhavam muito e estavam cada dia mais miseráveis. Vários tipos
de enfrentamento ocorreram ao longo do desenvolvimento do
Capitalismo, desde o movimento dos destruidores de máqui-
nas nas fábricas do início do século 19, até as várias greves
ocorridas durante o século 20.
As lutas dos trabalhadores e trabalhadoras ao longo dos últimos dois séculos foi o que garantiu a cria-
ção dos direitos do trabalhador. No Brasil a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, é ain-
da uma referência importante da garantia dos direitos e deveres dos empregadores e empregados.
No entanto, a Reforma Trabalhista de 2017 e a Reforma da Previdência de 2019, aprovadas pelos últi-
mos governos, criadas para atender aos interesses dos grandes empresários capitalistas, permitem
que muitas das garantias da CLT sejam burladas e que as situações de precarização do trabalho, como
a dos motoristas e entregadores de aplicativos, sejam difíceis de combater.

212
Atualmente os trabalhadores de aplicativo dedicam mais de 12 horas por dia, inclusive aos fins de sema-
na, prejudicando-se física e mentalmente, sem descanso, para conseguirem um mínimo de renda que
em muitos casos não é o suficiente para sustentar suas famílias. Enquanto os donos e investidores de
aplicativos ficam cada vez mais ricos, a mão-de-obra está cada vez mais desprotegida e sem direitos.
Este quadro nos aproxima das condições de trabalho da época da Revolução Industrial do século 18.
Em matéria de direitos trabalhistas, estaríamos retrocedendo no tempo?

ATIVIDADES
1 - Observe as duas charges abaixo:


Relacione as charges e escreva um pequeno parágrafo sobre o que é a precarização do trabalho e como
a vida do trabalhador é afetada por ela na sociedade brasileira.

213
PARA SABER MAIS
Música: “RAP dos Informais”, da página do Treta no Trampo. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=5AxUuOxwaIM (3m22s). Acesso em: 27 ago. 2021.
Documentário: “Vidas Entregues”, de Renato P. Biar sobre a rotina precária dos entregadores de apli-
cativo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cT5iAJZ853c&t=26s (21m29s). Acesso em:
27 ago. 2021.
Humor político: episódio “Delivery” do programa Greg News da tv por assinatura, do humorista Gregó-
rio Duvivier. Aborda de forma crítica e humorada a realidade dos trabalhadores de aplicativo no Brasil
da pandemia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=v3B9w6wWNQA&t=9s (33m). Acesso
em: 27 ago. 2021.

REFERÊNCIAS
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio. 3. ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2013.
ANTUNES, Ricardo. O trabalho, sua nova morfologia e a era da precarização estrutural. Revista
THEOMAI, n.19, 2009.
BONIS, Gabriel. Pandemia precariza ainda mais o trabalho de entregadores de aplicativos. UOL, 10
de jul. de 2020. Disponivel em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/07/10/pan-
demia-precariza-ainda-mais-o-trabalho-de-entregadores-de-aplicativos.htm> Acesso em: 13 de
julho de 2020.
ARAÚJO, Carlos E. Bem-vindo ao deserto da precarização: o mundo do trabalho no séc XXI. Justifi-
cando, 27 de fev. de 2019. Disponível em: <https://www.justificando.com/2019/02/27/bem-vindo-ao-
-deserto-da-precarizacao-o-mundo-do-trabalho-no-seculo-xxi/> Acesso em: 13 de julho de 2020.
MACHADO, Leandro. Greve dos entregadores: o que querem os profissionais que fazem paralisação
inédita. BBC News Brasil, 1 de jul. de 2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/bra-
sil-53124543> Acesso em: 13 de julho de 2020.

214
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: LÍNGUA INGLESA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
Recepção e Produção de Textos Orais e Escritos de Gêneros Textuais variados em Língua Estrangeira.

TEMA/TÓPICO(S):
Compreensão escrita (leitura) / Características lexicais e sintáticas dos tipos textuais.

HABILIDADE(S):
(EM13LGG201) Utilizar as diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contextos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Adverb of Frequency.

TEMA: Horror tale, Halloween. 


Caro (a) estudante, nesta semana você vai estudar sobre o Holloween e vamos fazer interpretação do
texto.

PARA SABER MAIS:


Edward Mordrake fiction story, AHS tv show - Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=00V-
2wE83kI8> . Acesso em: 09 ago. 2021.

215
ATIVIDADES

Rich in tradition, Halloween has no shortage of symbols and customs. There are many common Halloween
traditions, and even more Halloween customs celebrated by many different cultural and ethnic groups.

1 - Do you know one important meaning about a symbol on Halloween in any culture? If yes, write it down.

2 - Have you and your family ever celebrated the date? Why?

3 - The text below is one of a variety of famous horror stories in the USA. Read the text to answer the
letter A and B.

Man With Two Faces


Edward Mordrake
Edward Mordrake, an English nobleman, was born with he face of a parasitic twin on the back of his
head. He was known as the “Man with two faces”. The face appeared to be conscious of it, ‘If Edward
screamed, it would smirk and laugh in silence.’
Often the face will quietly gibber without ceasing. Edward said it was never sleeping but kept him
awake with whispers of other things it was just thinking about.
[… ]“Man With Two Faces” demanded that the face should be destroyed before his burial’ as his awful
whisperings remain in his grave’
Edward Mordrake (or Mordake as he was originally called) was a young, wealthy, and good-looking
English nobleman who had everything from life that one might hope for. But, an awful curse came
with all those wonderful blessings. Mordake possessed a horrific disfigurement in addition to his
perfect, natural face: another face on the back of his head.
Given the elegance of the odd face, there was no question that it possessed its own intellect of a
malignant nature’. His “devil brother” constantly troubled Edward Mordrake, who held him up all night
such things as they’re just thinking about in hell. Edward wrote a note ordering the evil face to be
destroyed after his death, ‘so that it can end its awful whispering in his grave.’
Adapted from: https://nutshellschool.com/the-man-with-two-faces-edward-mordrake/. Acesso em: 09 ago. 2021.

Vocabulary:
smirk: sorriso pretensioso - ceasing: cessando - whisperings: sussurros - disfigurement: desfigura-
ção - after: depois.

216
a) Why is this story considered a horror tale?

b) According to the text match the columns:


(1) The face quietly gibbers to Ed. (  ) Constantly
(2) The face let Edward sleep without whispers. (  ) Never
(3) The evil brother was making trouble for Ed. (  ) Often

4 - Mark T true or F false. Correct the false ones.


(  ) Mordrake never had a face behind his head.
(  ) Rarely did the other face talk to Ed.
(  ) Regularly, They talked each other (Ed and the face).
(  ) Occasionally Ed tried to silence his face.

5 - Normally, horror stories are a good way to celebrate 31th October. Complete a escala de frequência
criando frases sobre seus conhecimentos sobre histórias assustadoras. Use: Never, Usually, Always,
Sometimes, Rarely para organizar a frequência, e sua imaginação para completá-la. Siga o exemplo.

Example:
I’ve never heard
any horror sto-
ries with unicor-
ns. This magic
creature is happy
and Halloween is
creepy.
0% 25% 50% 75% 100%
Referência das atividades, textos, conteúdos e imagens desta semana:
Adapted to: https://nutshellschool.com/the-man-with-two-faces-edward-mordrake/. Acesso em: 09 ago. 2021.

217
SEMANAS 2 E 3

EIXO TEMÁTICO:
Recepção e Produção de Textos Orais e Escritos de Gêneros Textuais variados em Língua Estrangeira.

TEMA/TÓPICO(S):
Aspectos léxico-sistêmicos / Funções sociocomunicativas do discurso direto e indireto.

HABILIDADE(S):
(EM13LGG101) Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes lin-
guagens, para fazer escolhas fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos.
(EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos
discursos veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e
intervenção crítica da/na realidade.
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão
e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.
(EM13LGG105) Analisar e experimentar diversos processos de remediação de produções multissemióticas,
multimídia e transmídia, desenvolvendo diferentes modos de participação e intervenção social.
(EM13LGG302) Posicionar-se criticamente diante de diversas visões de mundo presentes nos discursos em
diferentes linguagens, levando em conta seus contextos de produção e de circulação.
(EM13LGG303) Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opini-
ões, para formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Reading and Writing, Third Conditional.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Literatura. Black American Culture. Music.

TEMA: Freedom
Caro (a) estudante, nesta semana você vai analisar posicionamentos defendidos sobre temas de inte-
resse social e coletivo.

PARA SABER MAIS:


Beyonce song. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7FWF9375hUA>. Acesso em: 09
ago. 2021.
I have a dream speech: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=yz0TjhINctI>. Acesso em:
09 ago.

218
ATIVIDADES
1 - Do you know who these black icons are? If yes? Tell their names:

Fonte: https://cdn.ome.lt/ Fonte: https://upload.wikimedia.org/ Fonte: https://www.rfi.fr/br/


t1LWIx517lj5RmCMewLRvH9Jz4M=/570x0/ wikipedia/commons/0/05/Martin_Luther_ geral/20141205-ha-um-ano-morria-
smart/uploads/conteudo/fotos/beyonce_ King%2C_Jr..jpg. Acesso em 09 ago 2021. nelson-mandela. Acesso em 09 ago 2021.
xAI30E2.jpg. Acesso em 09 ago 2021.

Freedom! Freedom! I can’t move When we let freedom ring, when “Ser livre não é apenas livrar-se
Freedom, cut me loose! we let it ring from every tene- das cadeias, mas viver de uma
ment and every hamlet, from forma que respeite e aumente a
Singin’, freedom! Freedom! every state and every city, we liberdade dos outros.”
Where are you? will be able to speed up that day
Cause I need freedom too! when all of God’s children, black
men and white men, Jews and
I break chains all by myself Gentiles, Protestants and Ca-
Won’t let my freedom rot in hell tholics, will be able to join hands
Hey! I’ma keep running and sing in the words of the old
spiritual, “Free at last, free at
Cause a winner don’t quit on last. Thank God Almighty, we
themselves are free at last.

2 - In your opinion, what do these 3 leaders have in common (besides skin color)?

219
3 - Read the text below the images and tell what the word FREEDOM means, and why are the black
people looking for it?

4 - Use the if clause (third conditional) to imagine and complete these sentences, based on Black
Awareness month.
If in the Brazilian history no people had enslaved _______________________________________________

If all people had done something against injustice before ________________________________________

If the people had fought before to the equality of the civil rights besides de differences, _____________

5 - Using the if-clause, write the correct form of the verb in parenthesis
a) If Thais Araujo had not studied to be an excellent actress, she could have __________ (be)
a writer.
b) If Gloria Maria had not been a journalist, she might have ______________ (choose) to study
fashion.
c) If Gilberto Gil hadn’t been born a music star, he would have ___________ (shine) as an admi-
nistrator.
d) If Pelé hadn’t chosen to be the best football player in the world, he would have________ (be)
the best physical educator.

220
6 - After reading the text about the #BLM movement and the two story covers, write about how social
media is being politicized after the black movement on “Black Lives Matter”
(Writing proposal: Number 1 )
Black Lives Matter protests have spread around the world after the death of George Floyd, an unarmed
and handcuffed black man. Protestors in many cities around the world marched in the streets. They held
signs with the words, “Black Lives Matter” and other slogans written on them. Many people wore T-shirts
with the words “I can’t breathe,” “No justice, no peace,” and “Silence is violence”.

(Writing proposal: Number 2 )

(Writing proposal: Number 3)

221
Referência das atividades, textos, conteúdos e imagens desta semana:
Disponível em: <https://www.azlyrics.com/lyrics/beyonceknowles/freedom.html>; <https://www1.udel.edu/htr/Psc105/Texts/king.
html>; <https://tongabezi.com/blog/a-nelson-mandela-quote-for-every-year-he-spent-in-prison-in-the-name-of-freedom/>; <https://
breakingnewsenglish.com/2006/200608-black-lives-matter.html>; <https://www.rollingstone.com/politics/politics-features/black-
lives-matter-protests-new-generation-youth-activists-1099895/>. Acesso em 09 ago. 2021. 

222
SEMANA 4

EIXO TEMÁTICO:
Recepção e Produção de Textos Orais e Escritos de Gêneros Textuais variados em Língua Estrangeira.

TEMA/TÓPICO(S):
Compreensão escrita (leitura).

HABILIDADE(S):
(EM13LGG401) Analisar criticamente textos de modo a compreender e caracterizar as línguas como fenômeno
(geopolítico, histórico, social, cultural, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão
e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Reading and Writing.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Literatura.

TEMA: The real truth about being thankful on thanksgiving.


Caro (a) estudante, nesta semana você vai conhecer The real truth about being thankful on thanksgiving.

PARA SABER MAIS: 


A historia do thanksgiving. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=lslqtUMwDxA>. Acesso
em: 09 ago. 2021.

ATIVIDADES

You should be thankful!


“Gratitude helps you to grow and expand; gratitude brings joy and laughter into your life and into the lives
of all those around you.”
Eileen Caddy
After reading the famous phrase by Caddy, complete the sentence below. Find a personal reason to be
thankful and write about it.
I should be grateful because I _________________________________________________________________

223
2 - Do you know why Thanksgiving became a holiday? Organize the story cards into the correct order.
Put the number in order on the ball under the image.

224
3 - After organizing the stories, answer the questions below.
a) What do people eat on Thanksgiving day?

b) What was the season and year that pilgrims arrived in America?

c) What do pilgrims plant in autumn?

d) When is Thanksgiving?

4 - In your opinion, why is Thanksgiving a day to help others and be thankful/grateful?

Referência das atividades, textos, conteúdos e imagens desta semana: Disponível em: <https://en.islcollective.com/english-esl-
worksheets/vocabulary/thanksgiving/thanksgiving-booklet/83095>. Acesso em: 09 ago. 2021.

225
SEMANA 5

EIXO TEMÁTICO:
Recepção e Produção de Textos Orais e Escritos de Gêneros Textuais variados em Língua Estrangeira.

TEMA/TÓPICO(S):
Compreensão escrita (leitura) / Características lexicais e sintáticas dos tipos textuais.

HABILIDADE(S):
(EM13LGG101) Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes lin-
guagens, para fazer escolhas fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos.
(EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes linguagens (artís-
ticas, corporais e verbais), levando em conta suas formas e seus funcionamentos, para produzir sentidos em
diferentes contextos.
(EM13LGG402) Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de língua adequados à situação comu-
nicativa, ao(s) interlocutor(es) e ao gênero do discurso, respeitando os usos das línguas por esse(s) interlocu-
tor(es) e sem preconceito linguístico.
(EM13LGG704) Apropriar-se criticamente de processos de pesquisa e busca de informação, por meio de fer-
ramentas e dos novos formatos de produção e distribuição do conhecimento na cultura de rede.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Reading and Writing.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Poem.

TEMA: New year, new opportunities.


Caro (a) estudante, nesta semana você vai analisar um Poem.

ATIVIDADES
1 - Read the poem and answer the questions.
New Year’s Morning
Helen Hunt Jackson
Always a night from old to new!
Night and the healing balm of sleep!
Each morn is New Year’s morn come true,
Morn of a festival to keep.
All nights are sacred nights to make
Confession and resolve and prayer;
All days are sacred days to wake
New gladness in the sunny air.
Only a night from old to new;
Only a sleep from night to morn.
The new is but the old come true;
Each sunrise sees a new year born.

226
vocabulary: healing: curando - gladness: alegria - wake:acordar - old: velho - sunrise: nascer do sol.

a) Along those same lines, Hellen Hunt Jackson’s poem, “New Year’s Morning” discusses how New
Year’s only one night and that each morning can be New Year’s. Do you agree with these lines? Why?

b) Poets often relate the old year with drudgery and sorrow and the new year with hope and lifted
spirits. What is your opinion? Do you agree? Why?

2 -. Elements of a poem:
Using the word box below, match the words on the left with their definition of the right.

Wordbox:
Line, End Rhymes, Internal Rhymes, Narration, Stanza.

Word Definition
Example: End Rhymes Occur at the end of each line.
Used to describe the setting of a scene.
Occur with a single line.
A collection of lines that have a pattern and rhyme.
A group of words arranged in a row.

3 - Depois de organizar a diferentes partes de um poema e entendê-lo melhor, escreva uma poema de 4
linhas sobre o tema: “New year, new opportunities”.

Referência das atividades, textos, conteúdos e imagens desta semana:


Disponível em: <https://poets.org/poem/new-years-morning-0>. Acesso em: 09 ago. 2021.

227
SEMANA 6

EIXO TEMÁTICO:
Recepção e Produção de Textos Orais e Escritos de Gêneros Textuais variados em Língua Estrangeira.

TEMA/TÓPICO(S):
Compreensão escrita (leitura) / Características lexicais e sintáticas dos tipos textuais.

HABILIDADE(S):
(EM13LGG101) Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes lin-
guagens, para fazer escolhas fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos.
(EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes linguagens (artís-
ticas, corporais e verbais), levando em conta suas formas e seus funcionamentos, para produzir sentidos em
diferentes contextos.
(EM13LGG402) Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de língua adequados à situação comu-
nicativa, ao(s) interlocutor(es) e ao gênero do discurso, respeitando os usos das línguas por esse(s) interlocu-
tor(es) e sem preconceito linguístico.
(EM13LGG704) Apropriar-se criticamente de processos de pesquisa e busca de informação, por meio de fer-
ramentas e dos novos formatos de produção e distribuição do conhecimento na cultura de rede.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Reading and Writing.
Personal letter, Patterns Verbs.

TEMA: A letter to myself.


Caro (a) estudante, nesta semana você vai escrever uma carta. Vamos lá?

PARA SABER MAIS:


Como escrever uma carta para um amigo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3Cl-
V82aT2oA>. Acesso em: 09 ago. 2021.

ATIVIDADES

What is a letter?
A letter is a handwritten or printed message, in the simplest of meanings.

1 - Do you have Future plans, Life goals? In your opinion, is it important to write a letter to yourself? Why?

228
2 - Read the instructions on how to build a letter.

Disponível em: <https://www.papier.com/stationery/inspiration/how-to-write-a-letter-guide>. Acesso em: 09 ago. 2021.

3 - What is the main idea of this letter?

4 - Use the words in the word box to complete the correct definitions for each topic:

Address - Date - Greetings - Body of the letter - Sign off


________________________ The letter author’s address should include full address and postcode and be
placed on the top right-hand side of the page. If you already have your address printed in a letterhead,
then there’s no need to write it out.
________________________ The main and largest part of a letter.
________________________ The end of your letter is just as important as the start. Once again, think
about who you are speaking to and the content. Notes to loved ones call for a conversational round-off,
whilst formal letters should be finished with a traditional closing.
The ________________________ usually sits on the right-side of a letter, 1-2 lines beneath your address.
________________________ The beginning of your letter depends on who you’re writing to and why. Think
about how well you know the person and whether your letter is formal, informal or somewhere in bet-
ween to decide on your tone.

229
5 - Use the space below to write a letter to yourself in the future. What do you wish for? What are our
hopes? Your aspirations in life? Write a message to yourself in 2022.

Referência das atividades, textos, conteúdos e imagens desta semana:


<https://www.papier.com/stationery/inspiration/how-to-write-a-letter-guide>. Acesso em: 09 ago. 2021.

230
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: ARTE
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
Conhecimento e Expressão em Artes Audiovisuais.

TEMA/TÓPICO:
Elementos Formais das Artes Audiovisuais e seu Discurso.

HABILIDADE(S):
Identificar e dominar as possibilidades de expressão do discurso das artes audiovisuais.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Artes audiovisuais.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Física.

TEMA: Teatro e identidade


Caro (a) estudante, nesta semana você estabelecerá relações entre o teatro contemporâneo, contex-
tualização e identidade pessoal.

231
APRESENTAÇÃO

Ilustração @andre.mazio9. Acesso em: 12 ago.2021.

Uma das funções da Arte é estabelecer relações entre o ser humano e o mundo, buscando espaços para
que as experiências das pessoas possam se manifestar. Muitas das apresentações teatrais contempo-
râneas trabalham com a formação e a afirmação da identidade de um povo, carregando características
peculiares de um determinado lugar. Você já passou pela experiência de reconhecer suas origens atra-
vés de alguma apresentação teatral, um filme ou de uma novela?
Pensar em identidade é lembrar dos antepassados, é participar de crenças e costumes, é possuir tra-
ços físicos e, também, e se relacionar com o território onde vive ou viveu. Muitos desses quesitos, se-
não todos, são elementos observados pelos produtores de teatro contemporâneo. Quando uma peça
teatral fala de identidade, as narrativas empregadas levam a plateia a se enxergar em cada movimento,
em cada figurino e em cada palavra falada. Esse fato pode contribuir na reafirmação de modelos co-
muns a um determinado povo.
Em paralelo ao que foi dito, aproveitando também os assuntos raciais que ganham forças no fim do ano,
quero discutir aqui o papel das apresentações, oriundas do teatro, em nossas mídias. Para iniciar, algu-
mas perguntas precisam ser feitas: quantos personagens negros ricos foram apresentados nas novelas
brasileiras nos últimos 10 anos? Normalmente, qual é o papel dado aos negros nos filmes e novelas?
Você considera o cenário natural?
Tais questionamentos nos fazem pensar como é possível uma criança ou um adolescente afirmar sua
identidade negra quando tudo que ele (a) vê, não condiz com suas realidades.
Essa produção nos desafia a pensar no outro, nas outras culturas e nos mostra como o teatro, e suas
variações, podem ser uma porta de entrada para debates de assuntos importantes para a sociedade.
PARA SABER MAIS:
Visite os vídeos indicados nos links para saber mais sobre as possibilidades de uso das novas tecno-
logias nas produções de arte audiovisual. Eles mostram como produzir personagens de massinhas e
como produzir animações. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dTXrnOWIl7g> e <ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=_e4t_mRJyBI>. Acesso em: 12 ago. 2021.

232
ATIVIDADES
1 - Com relação aos estudos acima, podemos afirmar que:
a) A crítica feita em relação às produções de cinema, TV e teatro são fundamentais para que um
povo tenha sua identidade respeitada.
b) A narrativa teatral contemporânea sempre leva em consideração as verdades absolutas a res-
peito da cultura de um povo.
c) Sempre existiu o mesmo espaço nas apresentações teatrais, para negros e brancos.
d) Pensar em identidade e respeitar e aceitar a superioridade branca nas produções cinemato-
gráficas.

2 - Responda à pergunta: Quantos personagens negros ricos foram apresentados nas novelas brasileiras
nos últimos 10 anos?

3 - O teatro contemporâneo tem como característica:


a) A inexistente relação entre o público e a obra apresentada.
b) O forte controle emocional exercido na mente das pessoas, a fim de aliená-las.
c) A presente relação entre público e peça, muitas vezes, apresentada pelo enredo do teatro.
d) O caráter neoclássico e acadêmico.

233
SEMANA 2

EIXO TEMÁTICO:
Conhecimento e Expressão em Teatro.

TEMA/TÓPICO(S):
Movimentos Artísticos em Teatro em diferentes épocas e diferentes culturas: contextualização do Teatro na
história da humanidade. Expressão Cênica e Teatral.

HABILIDADE(S):
Abrangência do teatro em diferentes períodos na história.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
História.

TEMA: Teatro na história


Caro (a) estudante, nesta semana você irá contextualizar as produções de peças teatrais, discutindo a
importância de cada período na história. Também entenderemos como o teatro sempre foi importante
no desenvolvimento da vida humana desde a sua origem.

APRESENTAÇÃO
O teatro teve origem na Grécia, aproximadamente, no ano IV a.c. inicialmente, as peças teatrais acon-
teciam anualmente nos cultos ao deus Dionísio, deus do vinho. Nessa época, surgiram vários prédios
chamados de teatro e anfiteatro. Com o passar do tempo, o teatro grego começou a tratar a vida po-
lítica com humor e conhecimento. Isso também aconteceu no império romano, onde os atores eram
perseguidos por satirizar algumas figuras públicas.
Em toda história, a presença do teatro sempre foi fundamental na indicação dos acontecimentos e na
formação da opinião das pessoas. Vamos entender um pouco sobre alguns períodos.
“Idade Média
Período de intensa atividade católica. Durante as missas eram representadas passagens da bíblia, po-
rém as autoridades católicas, com medo da perda do caráter sagrado da missa, proibiram as exibições
e as peças foram para as praças públicas.
Também na Idade Média surgem as comédias bufas com temas políticos e sociais e a farsa com uso de
estereótipos que ironizavam acontecimentos do dia a dia. Aparecem os Saltimbancos, companhias de
teatro que iam de cidade em cidade apresentando seus espetáculos.
Renascimento
Na Itália, no final da Idade Média e início do Renascimento, surge a Commedia Dell’Arte, que se baseava
em espetáculos teatrais populares, apresentados nas ruas, com textos improvisados e personagens de
destaques como Arlequim, Pierrot, Colombina, Polichinelo, Pantaleão, Briguela.
Na Inglaterra, a rainha Elizabeth I deu proteção ao teatro da época pois apreciava muito os espetáculos
populares. Contava com a ajuda de alguns dramaturgos ingleses para contar a história de seus heróis,
reforçando o sentimento do nacionalismo. O principal deles era Sheakespeare que também idealizou e
construiu o mais famoso teatro inglês: o Globe. Também vale destacar o francês Moliére, patrono dos
atores franceses. Moliére foi um comediógrafo, ou seja, se dedicou a escrever comédias e, em suas
histórias, explorava as fraquezas do ser humano.

234
Romantismo
Nos séculos XVIII e XIX a Europa teve várias revoluções. Nesse período, a burguesia tem uma ascensão
e o teatro sofre influências, o drama substitui a tragédia e a comédia se desenvolve, o foco do teatro se
torna muito mais individual e não é mais social. No romantismo, o teatro volta-se para o ser humano,
as peças falam sobre emoção, e surge o melodrama. Liberdade, fraternidade e igualdade são os lemas
desse período.
Realismo e Naturalismo no teatro
Até o século XVIII o teatro era frequentado pelo povo e essa realidade foi se modificando, a burguesia
começou a ser maioria nas plateias e o teatro passou a mostrar as realidades burguesas com temas
como a vida social, o casamento, o dinheiro entre outros. As representações também começaram a ser
mais naturais, mostrando pessoas comuns, mais próximas da vida real.
Século XX
A partir do realismo e naturalismo o teatro evolui e se torna um instrumento de discussão e crítica da
sociedade, mesmo com a falta de preocupação da reprodução da realidade nos cenários e figurinos, os
temas tratados ilustram a realidade social. O teatro nessa época trabalha questões políticas e questões
que refletem criticamente aspectos da sociedade vigente. ”
Disponível em: <http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=179>. Acesso em: 10 ago. 2021.

No Brasil, a introdução do teatro se dá com a chegada dos Jesuítas no século XVI. Eles inseriram o tea-
tro como forma de catequese para os índios.
Podemos dizer também que, além da característica comunicativa, o Teatro tem o “poder” de dialogar
com as novas ideias, promovendo conhecimento e discutindo conceitos relevantes para a formação
das pessoas. Esse fato fica evidente quando, no século XX, as peças teatrais invadem o cinema proble-
matizando eventos inéditos para a humanidade. A crescente industrialização mundial foi retratada, em
1936, no filme Tempos Modernos, do ator Charles Chaplin.
Na atualidade, as manifestações teatrais têm ocupado não somente os palcos de grandes teatros, mas
também espaços públicos, fazendo comédias e discutindo várias questões que envolvem nosso con-
texto. Violência, política, multiculturalismo, identidade e história, são algumas dessas questões.

PARA SABER MAIS:


Acesse o link para melhores esclarecimentos, ele mostra a história do teatro. Disponível em: <https://
www.todamateria.com.br/historia-do-teatro/>. Acesso em: 10 ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - Comente, com suas palavras, sobre a importância do teatro na história da humanidade.

235
2 - Você tem o costume de assistir à peças teatrais? Onde? Você considera essa arte importante para
sua vida?

3 - Coloque V para verdadeira e F para falso.


(  ) O teatro grego sempre foi caracterizado pelas comédias que animavam os bares e casas de show.
(  ) O teatro pode ajudar na construção do pensamento crítico das pessoas, através de discussões dos
assuntos sociais.
(  ) O Romantismo marcou o período de intensa atividade católica no teatro.
a) V F F.
b) V V V.
c) F F F.
d) F V F.

236
SEMANA 3

EIXO TEMÁTICO:
Conhecimento e Expressão em Música.

TEMA/TÓPICO(S):
Os sons em fontes sonoras diversas e contextualização da música na história da humanidade.

HABILIDADE(S):
Estudo das modalidades e funções da música de diferentes épocas e culturas.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Música.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Sociologia.

TEMA: Estilos e Épocas


Caro (a) estudante, nesta semana você conhecerá as características do cenário musical dos anos 90.

APRESENTAÇÃO
Analisar a importância da música em diferentes épocas é conhecer mais sobre a história e a influência
dos estilos musicais em cada momento da humanidade. Ao pesquisar a história da música, normalmen-
te, pensamos em tempos mais distantes para discutir as épocas. Entretanto, estudaremos aqui um
período não muito distante e um estilo muito conhecido.
Após a declaração da constituição brasileira em 1988, a realidade nacional apresentou uma liberdade
maior, das expressões artísticas, que anteriormente. Além disso, havia um crescimento das gravações
independentes e uma crescente urbanização desordenada em todo país. Nesse contexto, surgiram vá-
rios grupos musicais com estilos populares que falavam de liberdade e traziam canções românticas que
marcaram os movimentos da época.
Poderíamos destacar vários grupos de samba, pagode e música pop que alimentavam as ideias dos
anos 90, contudo estudaremos o crescimento do movimento Hip Hop com as letras criadas pelo Rap
que se espalharam pelo Brasil.
Foi em um cenário econômico excludente que surgiram vários grupos de rap no país, especialmente
na cidade de São Paulo. Entre muitos grupos que marcaram a época, talvez o mais famoso foi o grupo
Racionais Mc, que despontou com o lançamento do seu primeiro disco “Holocausto urbano” em 1990.
As letras marcadas pelas situações de racismo, criminalidade, pobreza, violência e outras desigual-
dades, nas quais estão expostas grande parcela da sociedade, fizeram parte da voz do grupo racio-
nais, e de outros grupos de rap, e mostraram que a música continuava sendo uma importante arma
nas mãos de classes subjugadas.

237
ATIVIDADES
1 - Para você, qual estilo musical representa suas culturas?

2 - Como você vê o crescimento da música no Brasil? Todos os estilos falam das realidades do nosso país?

3 - Você conhece o rap? Você acredita que esse estilo musical dialoga com a sociedade brasileira?

238
SEMANA 4
EIXO TEMÁTICO:
Conhecimento e expressão em Música.

TEMA/TÓPICO(S):
Os sons em fontes sonoras diversas e contextualização da música na história da humanidade.

HABILIDADE(S):
Estudo das modalidades e funções da música de diferentes épocas e culturas.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Música.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Sociologia.

TEMA: O Blues como resistência


Caro (a) estudante, nessa semana você conhecerá um pouco mais sobre a expressão musical do Blues
e sua história.

APRESENTAÇÃO

Xilogravura ilustrativa. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/uma-introducao-a-historia-do-blues/?noamp=available&gclid=EAIa


IQobChMIz4q68q-r8gIVjISRCh0jvgqEEAAYASAAEgKjQPD_BwE>. Acesso em: 11 ago. 2021.

Podemos dizer que o Blues foi o primeiro movimento musical negro-americano. Surgido na região sul
dos Estados unidos, no século XIX, esse estilo marcou o princípio da luta dos escravizados negros contra
a dominação norte americana. O termo blues vem da palavra inglesa blue, que significa azul ou tristeza,
(I’m blue= eu estou triste).

239
Os trabalhadores das colônias americanas começaram a transformar o sofrimento em poesia, o coti-
diano sofrido em música. Assim nascia o blues, um estilo que posteriormente originaria vários outros
movimentos musicais como o rock, o jazz, a bossa, entre outros. Além disso, esse estilo se espalhou
pelo mundo atingindo lugares onde outros estilos já predominavam.
“A história do Blues, sua evolução, suas sucessivas mutações são inseparáveis da longa subida para
a superfície do povo negro americano, para quem, durante várias décadas, o Blues foi, mais que uma
música, seu principal meio de expressão, desempenhando igualmente, desde então, um papel socioló-
gico e psicológico absolutamente não-habitual na música moderna do mundo ocidental. Na realidade,
e é preciso insistir neste ponto, o Blues é uma etnomúsica mas em condições sócio-históricas tais,
que pôde ser explorada comercialmente antes de tornar-se objeto de estudos científicos! É só, por-
tanto, através de uma abordagem desse tipo etnomusicológica, sociológica e histórica – que se pode
compreender realmente o Blues e dar-lhe seu lugar exato na civilização americana.”
Disponível em: <https://www.geledes.org.br/uma-introducao-a-historia-do-blues/?noamp=available&gclid=EAIaIQobChMIz4q68q-
r8gIVjISRCh0jvgqEEAAYASAAEgKjQPD_BwE>. Acesso em: 11 ago. 2021.

PARA SABER MAIS:


Assista ao vídeo que trata sobre a história e execução do estilo musical, blues. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=jqWXvy8T1Dw>. Acesso em 11 ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - Uma das características mais marcantes do Blues original é a cadência melancólica da harmonia.
Sendo assim, podemos dizer que a melancolia encontrada no blues indica:
a) A vida agitada dos trabalhadores do sul dos Estados Unidos.
b) Os grandes movimentos festivos que aconteciam nas plantações de algodão.
c) O sofrimento dos senhores, donos de escravizados, com a desobediência dos trabalhadores.
d) As condições precárias vividas pelos escravizados que traduziam em música seus sofrimentos.

2 - Explique, com suas palavras, a expressão “etnomúsica”, linha 5 da terceira parte do texto.

3 - Na sua opinião, a música tem a capacidade de externar opiniões ou ela é somente um entretenimento?
Justifique.

240
SEMANA 5

EIXO TEMÁTICO:
Conhecimento e expressão em Música.

TEMA/TÓPICO(S):
Os sons em fontes sonoras diversas e contextualização da música na história da humanidade.

HABILIDADE(S):
Análise e crítica de obras musicais da atualidade produzidas em Minas Gerais.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Música.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Sociologia.

TEMA: Música Mineira


Caro (a) estudante, nesta semana você estudará um pouco mais sobre a criação musical mineira do
século XX e XXI.

APRESENTAÇÃO

Disponível em; <https://turismodeminas.com.br/o_que_fazer/clube-da-esquina/>. Acesso em: 11 ago. 2021.

O estado de Minas Gerais possui uma grande diversidade musical. Sua história nos mostra que seus
ritmos, musicalidade e sonoridade são também produtos das influências culturais de povos africanos,
europeus e indígenas, que contribuíram na formação cultural do estado.
Alguns dos mais renomados compositores, conhecidos em todo o mundo, são mineiros. Podemos citar
Ary Barroso, Clara Nunes, Milton Nascimento, Agnaldo Timóteo e Vander Lee.

241
Não podemos deixar de mencionar o “grandioso” movimento musical chamado Clube da Esquina. Sur-
gido na década de 60 em Belo Horizonte, o Clube da Esquina foi um dos movimentos musicais mais
importantes da história do país, ele promoveu uma renovação estética marcada por inovações harmô-
nicas e rítmicas.
“Aqui, o aspecto mediterrâneo de nossa geografia, a ausência do mar, o Jequitinhonha e o Velho Chico,
além da profusão de montanhas renderam muito mais do que a poesia de seus mestres, uma sonorida-
de própria enriquecida por versos cujo conteúdo exalta e externaliza o que de mais profundo, abissal,
há na cultura mineira, o verdadeiro sentido e sentimento da mineiridade. ”
Disponível em: <https://www.mg.gov.br/conheca-minas/musica>. Acesso em: 11 ago. 2021

Na história mais recente de Minas Gerais, devemos também nos atentar para os grupos de Pop Rock
que cresceram no cenário nacional fazendo com que tal cenário fosse conhecido e respeitado em todo
pais. Jota Quest, Skank, 14 Bis e Pato Fu, são exemplos de bandas que surgiram em terras mineiras e
cresceram nacional e mundialmente. Atualmente, a orquestra filarmônica de MG tem representado o
estado no meio erudito se tornando uma das mais respeitadas organizações musicais do Brasil.

PARA SABER MAIS:


Leia o artigo para ajudar no conhecimento. Tal artigo conta, um pouco, sobre a produção da música
mineira. Disponível em: <https://www.mg.gov.br/conheca-minas/musica>. Acesso em: 11 ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - A música mineira é caracterizada pelo:
a) Batido do Funk, original dos EUA.
b) Movimento de arte moderna iniciado em São Paulo nos anos 20.
c) Alto nível poético.
d) Surgimento de novas harmonias e melodias que contradiziam a geografia do estado.

2 - Qual das ideias abaixo não está ligada à manifestação de música mineira?
a) Elementos poéticos nas letras.
b) Características marcantes do território.
c) A vida pacata e tranquila da capital nos anos 90.
d) O avanço de grupos renomados do Pop Rock.

3 - Construa você mesmo (a) uma pequena estrofe de uma música, falando sobre sua visão a respeito
do que é ser mineiro (a).

242
SEMANA 6

EIXO TEMÁTICO:
Conhecimento e expressão em Música.

TEMA/TÓPICO(S):
Fundamentos da Expressão Musical.

HABILIDADE(S):
Estudo e prática de encadeamentos harmônicos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Música.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Sociologia.

TEMA: Músicas tradicionais e atuais


Caro (a) estudante, nesta semana dialogaremos sobre as músicas tradicionais e atuais.

APRESENTAÇÃO

Ilustração de música tradicional portuguesa. Disponível em: <https://folclore.pt/musica-tradicional-portuguesa/>.


Acesso em: 14 mai. 2021.

Músicas tradicionais, também conhecidas como folclóricas, são cânticos que descrevem a história,
cultura e crenças de um determinado povo. As músicas tradicionais possuem riquezas e carregam va-
lores que são deixados na formação das próximas gerações.
Nesse contexto é importante entender o valor do corpo e de outros instrumentos nas tradições.
A música indígena, por exemplo, valoriza muito o canto, pois, para eles, a voz tem o poder de ligar o
divino com o terreno, trazendo cura. Na música africana, os instrumentos de percussão são elemen-
tos primordiais na harmonização de tudo. O batuque dos tambores eleva seus sentimentos e os fazem
conectados com o mundo.

243
Outras curiosidades sobre o estilo tratado é que, apesar da definição acontecer somente no século XIX,
a música tradicional folclórica, normalmente, se trata de músicas mais antigas do que essa data. Elas
possuem caráter poético e místicos.
No Brasil, as tradições musicais são resultado de uma mistura cultural sofrida pelo país principalmen-
te no período da colonização. No final do século XIX e início do XX, vários povos, italianos, japoneses,
alemães, entre outros, que chegaram ao território brasileiro também contribuíram na formação cultu-
ral musical encontrada no Brasil. Apesar de cada região brasileira possuir suas tradições particulares,
existem alguns estudiosos que dividem a música tradicional brasileira em Lundu (origem africana) e
Cateretê (origem indígena).
Atualmente, existem grupos folclóricos que se apresentam em grandes espetáculos e em grandes pal-
cos, mesclando ideias com a música popular.

BRASILEIRINHOS – MÚSICA PARA OS BICHOS DO BRASIL E CONTOS TRADICIONAIS DO BRASIL. Disponível em: <https://mcb.org.br/pt/
programacao/musica/brasileirinhos-musica-para-os-bichos-do-brasil-e-contos-tradicionais-do-brasil>. Acesso em: 15 mai. 2021.

Música atual
O cenário da música brasileira no século XIX tem se mostrado efêmero e eclético, isso quer dizer que os
movimentos têm durado pouco. Muitos são os argumentos que explicam esse fato, a falta de identidade,
mudanças sociais, ascensão de grupos diversos, o avanço tecnológico, a característica da sociedade
de consumo, entre outros. Vale salientar que os estudos musicais, as produções duradouras e outros
estilos que marcaram épocas em décadas do sec. XX, ainda continuam acontecendo. No entanto, aqui
faremos uma visão crítica da pouca durabilidade de outros estilos.
Na história, é quase impossível dizer quando um evento termina e outro começa. O que entendemos é
que existem períodos nos quais as coisas existem simultaneamente. Sendo assim, não podemos dizer
que um estilo musical não existe mais, mas sim que ele perdeu forças no cenário. O pagode, o sertanejo
universitário, o funk, o eletrônico, a música melódica e o brega funk, são exemplos de gêneros que atin-
giram o ápice nos últimos vinte anos e perderam forças. Cabe a reflexão a respeito do valor histórico,
intelectual e social de um estilo. Como, quando e onde um determinado gênero tem sido apreciado?
Quais são os valores que as pessoas têm recebido?
Um olhar mais apurado para o resto dos países do mundo, sobretudo na Europa, Ásia e América do
Norte, mostrará que os estilos musicais têm se apropriado das tecnologias digitais na construção de
seus sons. As produções de videoclipes, o uso de ferramentas que acrescentam sons inusitados nas
músicas, entre outras coisas, tem transformado muitas obras.

244
PARA SABER MAIS:
Vamos ler o artigo que fala sobre a produção da música folclórica e, também, assistir ao documentário
da trata da importância da apreciação e conhecimento da música.
Leia o artigo: Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/musicas-folcloricas/>. Acesso em: 11
ago. 2021.
Assista ao vídeo: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zOPY4xDDTis>. Acesso em: 11
ago. 2021.

ATIVIDADES
1 - Indique quais são as principais diferenças entre as músicas tradicionais e as atuais.

2 - Qual das ideias abaixo não está ligada a manifestação de música indígena?
a) Manifestações culturais passadas de geração a geração.
b) b) Movimentos ligados a rituais religiosos e da natureza.
c) c) Músicas com poucas durações de estilos.
d) Valorização da voz.

3 - Como você vê o cenário musical atual, ele carrega costumes de alguma geração passada?

Querido (a), estudante. Finalizamos o PET número 4 do ano de 2021, espero que tenha gostado dos
assuntos tratados e aprendido um pouco mais sobre a arte em nossas vidas. Desejo muita força para
continuarmos e paz em tudo que for realizar. Não se esqueça de se cuidar e de cuidar das pessoas!
Grande abraço do professor de Arte, André Mázio.

245
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: EDUCAÇÃO FÍSICA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
Esportes.

TEMA/TÓPICO(S):
Futebol – Aprimoramento técnico-tático e regras.

HABILIDADE(S):
Analisar os elementos técnicos de cada modalidade, analisar táticas das modalidades em situações de jogo,
analisar regras dos diferentes esportes, alterar regras de acordo com o interesse do grupo, espaços e materiais.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
História, regras, técnicas e táticas.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua portuguesa.

TEMA: Futebol
Prezado (a) estudante, iniciaremos nosso PET 4 abordando o esporte preferido da maioria dos brasi-
leiros, o Futebol. Nesta semana de estudos aprenderemos um pouco sobre a origem, regras e algumas
curiosidades desse esporte que encanta o mundo todo e que para nosso país em época de copa do
mundo. Bons estudos!
ORIGEM DO FUTEBOL
Não se sabe ao certo como o esporte se iniciou, mas conforme registros na história antiga, existiam
vários tipos de esportes praticados com o uso da bola e muito semelhantes ao Futebol, embora não
houvesse a organização e regras atuais. O mais parecido com o Futebol atual é um jogo encontrado na
Grécia, por volta do século I a.C.. Esse jogo era praticado por soldados que se dividiam em duas equipes
de nove pessoas e jogavam com uma bola cheia de areia.

246
Durante a Idade Média, um jogo muito parecido com o futebol se manifestava, porém este fazia o uso
frequente da violência entre os jogadores. Era composto de dois times com 27 jogadores cada e era
permitido qualquer tipo de agressão física para conseguir a vitória.
Foi na Inglaterra, porém, que as regras atualmente conhecidas por nós foram implementadas. Lá o jogo
foi sistematizado, o tamanho do campo foi determinado e passou-se a usar a bola de couro cheia de
ar. Aos poucos o jogo foi se popularizando por toda a Europa e em 1848 foi publicado o primeiro livro de
regras para que o jogo pudesse ser praticado da mesma maneira em qualquer lugar do mundo.
O Futebol foi trazido ao Brasil por Charles Miller um Inglês que ao se estabelecer no Brasil em 1894,
trouxe consigo uma bola de futebol e um livro de regras. O Futebol logo se tornou uma paixão nacional,
sendo o esporte mais praticado e com maior número de espectadores em nosso país.
Adaptado de ARAUJO, Ana Paula. Futebol. Disponível em: <https://www.infoescola.com/esportes/futebol/>.
Acesso em: 05 de Julho de 2021.

REGRAS DO FUTEBOL
As regras do Futebol sofreram muitas mudanças desde a publicação do primeiro livro de regras em
1848 até os dias de hoje. Recentemente tivemos uma grande mudança que dividiu opinião, a presença
do VAR (Vídeo assistant referee) que traduzindo nada mais é do que a inclusão dos árbitros de vídeo, um
grupo de árbitros que revisam as jogadas para checar se houve alguma infração em algum lance capital
do jogo como por exemplo gols e pênaltis.
O Futebol possui 17 regras e seu livro oficial pode ser acessado na integra e gratuitamente através do
seguinte link: <https://conteudo.cbf.com.br/cdn/202008/20200818145813_835.pdf>. Acesso em: 05
jul. 2021.
Abaixo segue o resumo das principais regras que você encontrará no livro:
• O campo de jogo do Futebol deve ter entre 120m a 90m de comprimento e 90m a 45m de largura.
• A trave de jogo mede 7,32m de comprimento e 2,44m de altura.
• Cada equipe é formada por 11 jogadores sendo um goleiro.
• Os jogadores são obrigados a usar camisas numeradas e de mesma cor, exceto o goleiro que
por poder tocar a bola com as mãos, necessita atuar com camisa de cor diferente dos demais
jogadores.
• O arbitro é a autoridade máxima do jogo, entre outras funções compete a ela assinar todas as
infrações ocorridas durante a partida.
• O arbitro assistente tem como prioridade assinalar o impedimento quando este acontece, mas
pode e deve auxiliar o arbitro na marcação de outras infrações durante o jogo.
• Cada partida tem duração total de 2 tempos de 45 minutos, com intervalo máximo de 15 minutos.
• Segurar, puxar, empurrar, calçar, obstruir e tocar a bola com as mãos (exceto o goleiro em sua
área) são exemplos de faltas que podem ser cometidas durante o jogo e devem ser punidas com
um tiro livre direto.
• Caso uma das ações acima seja cometida dentro da área, um pênalti deverá ser assinalado.
• Cartão amarelo é uma fora de advertir um jogador que comete uma falta dura. O cartão vermelho
é usado para expulsar o jogador por fazer uma segunda falta mais dura que mereça um segundo
cartão amarelo ou até mesmo de forma direta quando o jogador comete uma falta violenta.
• A regra de impedimento diz que: “estará em posição de impedimento o jogador que no momento
do passe, se encontrar em seu campo de ataque, mais próximo da linha de fundo que o penúltimo
defensor ou a bola”. A regra do impedimento é um pouco complexa, por isso disponibilizamos um
link no campo “PARA SABER MAIS” que explica de forma muito didática essa regra tão polêmica.

247
PARA SABER MAIS:
O impedimento é sem dúvida a regra mais complexa do Futebol. Clique no link a seguir para entender de
uma vez por todas como essa regra é aplicada. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=J-
NA2f3l9oaE>. Acesso em: 05 jul. 2021.
CURIOSIDADES DO FUTEBOL
“FOR THE GAME, FOR THE WORLD”, esse é o lema da FIFA que traduzindo diz que o Futebol é o “jogo do
mundo”. De fato o Futebol arrasta admiradores ao redor do mundo. A última final da copa do mundo de
2018 entre França e Croácia por exemplo teve 3,572 bilhões de espectadores em todo mundo, ou seja,
mais da metade da população estava assistindo ao duelo entre Franceses e Croatas. Vejamos agora
mais algumas curiosidades do Futebol.
1. CELESTE OLÍMPICA E PRIMEIRA COPA DO MUNDO: O Uruguai era a potência do Futebol nas dé-
cadas de 20 e 30. Venceu as duas edições das olimpíadas de 1924 e 1928, período que ainda não
existia a copa do mundo. Por essa razão a primeira copa do mundo foi realizada em solo uruguaio
em 1930 e vencida pelos donos da casa. Eles voltaram a vencer a copa de 1950 contra a seleção
brasileira no que ficou conhecido como “Maracanaço” em alusão ao fracasso da seleção brasilei-
ra jogando em casa, em pleno estádio Maracanã.
2. BRASIL – ÚNICO PAÍS A DISPUTAR TODAS AS COPAS: Mesmo com o vexame do “Maracanaço” na
copa de 1950 e o 7x1 para a Alemanha em 2014, o Brasil é o único país que disputou todas as edições
da copa do mundo, sendo também o país que mais levantou a taça com cinco conquistas até agora.
3. BOLA DE COURO E BEXIGA DE BOI: Até os anos 50 era comum usar bexiga de boi como câmera
de ar e couro de boi curtido como revestimento da bola. A partir de 1958 a bexiga começou a dar
lugar a câmera de ar e o couro curtido aos materiais sintéticos. Com isso as bolas foram ficando
cada vez mais modernas e fáceis de jogar.
4. A TAÇA ROUBADA: A taça Jules Rimet, primeira taça da copa do mundo, foi roubada DUAS vezes.
A primeira foi na Inglaterra em 1966 enquanto estava exposta para visitação. A taça foi achada
7 dias depois graças a ajuda e ao faro de um cachorro de nome Pickles. Em 1970 a taça ficou de
vez com o Brasil após ter vencido a copa do mundo por três vezes antes que as demais seleções.
Porém o objeto que seria orgulho para todos os Brasileiros, foi roubado da sede da CBF em 1983.
A polícia chegou a prender os envolvidos, mas a taça nunca foi recuperada. Acredita-se que a
taça de ouro maciça tenha sido derretida e vendida clandestinamente.

Foto da seleção Brasileira de 1970 que conquistou a copa do mundo pela terceira vez garantindo a posse definitiva da taça Jules Rimet
que seria roubada em 1983. Em pé: Carlos Alberto, Brito, Piazza, Felix, Clodoaldo, Everaldo. Agachados: Jairzinho, Rivelino, Tostão, Pelé,
Paulo Cézar Caju. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Brazil_national_team_1970.jpg acesso em 08/07/2021

248
5. NÚMEROS NA CAMISA: Os números na camisa não existiam até o ano de 1933 quando dois times
ingleses resolveram numerar as camisas dos jogadores a fim de ajudar na identificação do jo-
gador pelos árbitros e locutores. A numeração das camisas só se tornou obrigatória na copa do
mundo de 1950.
6. USO DE CARTÕES: Até a copa de 1970 não existiam cartões vermelhos e amarelos como forma
de punição aos jogadores. As diferentes línguas faladas em vários países dificultavam a vida dos
árbitros na condução do jogo. Foi aí que surgiu a ideia de se usar cartões inspirados nas cores
dos semáforos (vermelho e amarelo) como linguagem universal para advertir e expulsar jogado-
res por suas condutas em campo.
7. MAIOR JOGADOR DE TODOS OS TEMPO: O brasileiro Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, é con-
siderado por vários órgãos ligados ao Futebol como o maior jogador de todos os tempos. Nas-
cido na cidade de Três Corações em Minas Gerais, Pelé é até hoje o jogador mais jovem a vencer
uma copa do mundo. Ele tinha apenas 17 anos quando ajudou o Brasil a vencer sua primeira copa
em solo Sueco no ano de 1958.

PARA SABER MAIS:


Como visto anteriormente, Pelé foi o maior nome do Futebol de todos os tempos. Porem sua trajetó-
ria não foi fácil. Pelé e outros diversos atletas negros do Futebol e de outros esportes, quase sempre
enfrentaram muito preconceito durante a carreira. Clique no link a seguir para assistir ao um docu-
mentário intitulado “O negro no Futebol Brasileiro”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?-
v=ETdOP7pajJ0>. Acesso em: 05 jul. 2021.

ATIVIDADES
1 - Descreva a origem do Futebol no Brasil. Como e quando o esporte chegou, como e por que se tornou
o esporte mais popular e mais praticado em nosso país.

2 - Assinale (V) para sentenças verdadeiras e (F) para sentenças falsas.


(  ) O Futebol foi desenvolvido pelos Ingleses em parceria com os Alemães.
(  ) C artões vermelhos e amarelos são usados desde a primeira copa do mundo para expulsar e advertir
jogadores.
(  ) As equipes são formadas por 11 jogadores mais um goleiro.
(  ) Um campo de Futebol pode ter largura máxima de 120m.
(  ) Ao arbitro assistente (bandeirinha), cabe somente a marcação do impedimento quando este acontece.
(  ) Os números nas camisas são opcionais e ajudam muito os árbitros e locutores a identificaram os
jogadores.

249
3 - “A regra é clara!” – Este é um bordão muito antigo, usado por um ex comentarista de arbitragem em
jogos de Futebol. Você acha mesmo a regra do Futebol clara? Assinale a alternativa correta em relação
às afirmações das regras do esporte.
a) Um campo de Futebol pode ser feito num quadrado gramado de 90m x 90m.
b) O cartão vermelho só pode ser aplicado se um jogador já tiver recebido cartão amarelo antes.
c) Um jogo de Futebol que começou as 21h, vai terminar exatamente as 22h e 30 minutos.
d) Os jogadores não são obrigados a usar camisas com numerações diferentes.
e) Toda falta dentro da área deve ser assinalado um pênalti.

250
SEMANA 2

EIXO TEMÁTICO:
Esportes.

TEMA/TÓPICO(S):
Futsal – Aprimoramento técnico-tático e regras.

HABILIDADE(S):
Analisar os elementos técnicos de cada modalidade, analisar táticas das modalidades em situações de jogo,
analisar regras dos diferentes esportes, alterar regras de acordo com o interesse do grupo, espaços e mate-
riais.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
História, regras e técnicas.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua portuguesa.

TEMA: Futsal
Prezado (a) estudante, nesta semana estudaremos o Futsal, um esporte derivado do Futebol que surgiu
no início dos anos 30 como uma alternativa à falta de espaços para campos de Futebol e que hoje é o
esporte mais praticado nas escolas brasileiras. Bons estudos!

ORIGEM DO FUTSAL
O futsal teve origem em Montevidéu, no Uruguai, em 1934 com o nome de “Indoor Football”. O esporte
surgiu da necessidade de criar uma alternativa para a falta de campos de futebol na capital Uruguaia.
Vale lembrar que na década de 1930 o Uruguai é que era o país do Futebol, vencedor das olimpíadas
de 1924 e 1928 além da copa do mundo de 1930, o país vizinho respirava futebol e muitas vezes faltava
campos para o número de pessoas que queriam jogar. Assim o professor, Juan Carlos Ceriani Gravier
idealizou o jogo e adaptou sua prática a locais fechados. Dai o nome “Indoor Football”.
A modalidade chegou ao Brasil no ano seguinte, em 1935, através dos professores João Lotufo e As-
drubal Monteiro que a batizaram de “Futebol de salão” devido a mesma ser jogada em local fechado.
Durante a década de 1950 surgiram várias federações estaduais de Futebol de salão por todo o Brasil.
O primeiro livro de regras foi publicado em 1957 e em 1971 surgiu a FIFUSA (federação internacional de
futebol de salão).
A FIFUSA organizou as três primeiras edições da copa do mundo de Futebol de salão, em 1982, 1985 e
1988. A FIFA que até então administrava apenas o Futebol de campo, resolveu organizar sua primeira
copa do mundo 1989. Como os direitos ao nome “Futebol de salão” pertenciam a FIFUSA, a FIFA resolveu
rabatizar o esporte como FUTSAL, nome que prevalece até hoje. Somados os mundiais organizados
pela FIFUSA e pela FIFA, a seleção brasileira é a maior vencedora do torneio com sete conquistas no
total, sendo duas pela FIFUSA e cinco pela FIFA.
Adaptado de CUISCA, Alana. Futsal. Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/educacao-fisica/futsal.
Acesso em: 05 de Julho de 2021.

251
REGRAS DO FUTSAL
As regras do Futsal são muito semelhantes às do Futebol, haja visto que um esporte teve inspiração
no outro. Basicamente o livro de regras do Futsal é composto pelas mesmas regras do Futebol com
exceção do impedimento. Conheça abaixo as principais diferenças que o Futsal apresenta em relação
ao Futebol.
• A quadra de jogo deverá ter entre 38m e 42m de comprimento e 18m e 25m de largura.
• Cada equipe é formada por 5 jogadores, sendo 4 na linha mais um goleiro.
• A partida é dirigida por 4 árbitros. Dois atuando em quadra, sendo um o árbitro principal e outro
o árbitro auxiliar e outros dois atuando fora de quadra, sendo um o “anotador” que é responsável
por fazer as anotações do jogo (gols, cartões, etc.) e o outro o “cronometrista” responsável por
marcar o tempo de jogo.
• Uma partida oficial tem duração de dois tempos de 20 minutos “parados”. Diferentemente do
Futebol, toda vez que o jogo de Futsal é parado por uma falta ou por saída da bola de quadra,
o relógio é parado pelo cronometrista e só volta a ser acionado quando a bola volta a ser dispu-
tada em jogo.
• Limite de faltas: No Futsal cada equipe pode cometer no máximo 5 faltas durante cada tempo
de jogo. Se por acaso cometer uma 6ª falta, essa e todas as demais serão cobradas a 10m do gol
sem barreira.
• Arremesso de meta: Diferente do “tiro de meta” do Futebol que é cobrado com os pés, no Futsal
essa cobrança é feita pelo goleiro e com as mãos.
• Lateral: No Futebol o “arremesso lateral” é cobrado com as mãos. No Futsal essa cobrança é feita
com os pés.
• Limite de recuos de bola para o goleiro: No Futebol o time pode recuar a bola para o goleiro
quantas vezes quiser, desde que este jogue com os pés. No Futsal é permitido recuar a bola para
o goleiro, que também deve jogar com os pés, porém é válido apenas um recuo a cada posse de
bola do time.
• Cartão vermelho: No Futebol se um jogador recebe cartão vermelho ele está expulso e seu time
ficará com um jogador a menos até o fim do jogo. No Futsal se o jogador receber cartão verme-
lho, estará expulso, porém seu time ficará com um jogador a menos somente durante 2 minutos
ou se seu time levar um gol. Após acontecer um ou outro, o time pode colocar um jogador reser-
va no lugar do jogador expulso.

FUNDAMENTOS DO FUTSAL
O Futsal assim como o Futebol classificado como esporte de invasão territorial são aqueles em que uma
equipe deve invadir o território do adversário para acertar a bola num alvo (gol, cesta, etc) e ao mesmo
tempo proteger o seu alvo, evitando que o adversário o conquiste.
Todos os esportes de invasão territorial possuem fundamentos, que são os movimentos básicos ne-
cessários para invadir o território do adversário e defender o próprio território. Todos os fundamentos
possuem uma técnica, que nada mais é do que a maneira mais eficaz que este fundamento é executado.
Vamos conhecer agora os principais fundamentos do Futsal.
• PASSE: É o ato de passar a bola para um companheiro de equipe. Geralmente o passe é feito com
a parte interna do pé, entretanto é possível usar qualquer parte do pé ou do corpo para passar
a bola, como o calcanhar, joelho, coxa, peito e cabeça. O importante é a bola chegar ao jogador
melhor colocado.
• RECEPÇÃO: Também conhecida como domínio, é o ato de receber e dominar a bola que foi pas-
sada por um companheiro. Geralmente é feita com a sola dos pés, pisando e dominando a bola.
Entretanto pode ser feita com qualquer parte do corpo como peito, cabeça, coxa. O importante
é ter o domínio da bola.

252
• CONDUÇÃO: Consiste em deslocar com a bola pela quadra, dando pequenos toques na mesma,
sempre mantendo o domínio e controle. Geralmente é feita com a parte de dentro, de fora ou até
sola dos pés. No Futsal os toques costumam ser curtos, já que o espaço é bem menor que no
Futebol de campo.
• CHUTE: Também conhecido como finalização, é a forma mais eficaz de marcar gols. Geralmente
é feito com o dorso (peito) do pé, mas pode ser feito também com a parte interna, externa ou até
de “bico”.
• CABECEIO: É usado para dominar, passar ou até finalizar a jogada. Também é muito usado para
defender e afastar a bola da meta defendida. Para se ter um bom cabeceio é necessário estar de
olhos abertos e fazer o movimento correto, sempre tocando com a testa na bola.
• DRIBLE: É o ato de passar pelo adversário, na direção da meta atacada, conduzindo a bola.
Ao adversário cabe tentar uma roubada de bola ou uma antecipação para evitar o drible. Existem
desde dribles simples como somente passar pelo adversário conduzindo a bola, como os dribles
plásticos como caneta e chapéu.
• FINTA: Semelhante ao drible, porém consiste em passar ou se livrar do adversário sem a posse
de bola. Por exemplo fingindo que vai para a esquerda e mudando de direção para a direita, a fim
que o adversário se confunda, deixando o jogador livre para receber um passe.


O brasileiro Alessandro Rosa Vieira, mais conhecido como Falcão executava os fundamentos do Futsal com maestria, feito que lhe
rendeu o título de melhor jogador do mundo da FIFA em 4 oportunidades. Ao lado dele, a rainha do Futsal Brasileiro, Amanda Lyssa de
Oliveira, também conhecida como “Amandinha” que também foi eleita melhor jogadora do mundo por 7 vezes consecutivas. Disponivel
em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Amandinha_(jogadora_de_futsal)> e <https://pt.wikipedia.org/wiki/Falc%C3%A3o_(jogador_de_
futsal)> Acesso em: 08 jul. 2021.

PARA SABER MAIS:


Clique no link a seguir para conhecer um pouco mais sobre os fundamentos do Futsal. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=7iCYuoABks0>. Acesso em: 08 jul. 2021.

ATIVIDADES
1 - Cite e explique 3 regras do Futsal que são diferentes do Futebol de campo.

253
2 - Numere a segunda coluna de acordo com o fundamento do Futsal retratado na primeira.

1. Passe (  ) Forma de tocar a bola para um companheiro mais bem posicionado.


2. Chute (  ) Forma de “carregar” a bola por toda extensão da quadra.
3. Finta (  ) Forma de se finalizar a jogada tentando marcar um gol.
4. Condução (  ) Forma de se livrar do adversário sem a posse de bola.
5. Drible (  ) Forma de passar pelo adversário com a posse de bola.

3 - Sobre a história do Futsal podemos afirmar que:


a) Assim como o Futebol, surgiu na Inglaterra como uma variação da modalidade praticado no
campo.
b) A modalidade foi criada em clubes brasileiros como forma de contornar a falta de espaço para
construção de campos de Futebol.
c) O primeiro livro de regras foi publicado ainda na década de 1930, tão logo que a modalidade
surgiu.
d) O nome original da modalidade no Uruguai era indoor football, no Brasil ficou conhecido como
Futebol de salão e posteriormente teve o nome alterado pela FIFA para Futsal.
e) O Brasil tem 7 títulos mundiais de Futsal da FIFA, sem contar o títulos de mundiais organizados
pela FIFUSA.

254
SEMANA 3

EIXO TEMÁTICO:
Esportes.

TEMA/TÓPICO:
Hóquei – Aprimoramento técnico-tático e regras.

HABILIDADE(S):
Analisar os elementos técnicos de cada modalidade, analisar táticas das modalidades em situações de jogo,
analisar regras dos diferentes esportes, alterar regras de acordo com o interesse do grupo, espaços e materiais.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
História, regras, técnicas e táticas.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua portuguesa.

TEMA: Hóquei
Prezado (a) estudante, nesta semana estudaremos acerca do Hóquei, uma modalidade muito seme-
lhante ao Futebol que também teve sua origem na Inglaterra e que posteriormente ganhou uma versão
mais popular em pistas de gelo. Bons estudos!
CONHECENDO O HÓQUEI
O hóquei é um esporte praticado em pistas de gelo, ou na grama, no qual os jogadores carregam um
taco, com o qual conduzem um disco ou uma bola na direção do gol. Existem dois tipos principais de
hóquei: o hóquei no gelo e o hóquei no campo.
HÓQUEI NO GELO
O hóquei no gelo é praticado em pistas de gelo com temperatura de menos 10°C ou com gelo especial.
Nessa modalidade cada time tem 6 jogadores, e o objetivo é levar o disco até o gol. Para levar o disco
(puck) até o gol utiliza-se um taco em forma de L, com o segurador e a lâmina (que são feitos de madeira).
Cada partida tem 3 tempos de 20 minutos, com intervalos de 15 minutos. Porém, o cronômetro para
quando o disco não está em jogo, nos casos de cobrança de faltas, nas discussões, comemorações
após cada gol ou outro imprevisto qualquer. O hóquei no gelo teve início no Canadá, e atualmente é o
esporte oficial do país. É praticado na Finlândia, Suíça, Rússia e também nos Estados Unidos.


Imagens de dois jogos de Hóquei de gelo e grama respectivamente, disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:14T9529_
(10388391404).jpg> e <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:HOCKEY_ARGENTINA_PAKISTAN.jpg>. Acesso em 12 jul. 2021.

255
HÓQUEI DE CAMPO
É um esporte praticado por dois times de 11 jogadores. Uma partida é dividida em dois tempos de 35
minutos, com intervalo de 10 minutos entre elas.
O jogo é praticado em um campo de grama. Conduzindo a bola com o taco, o objetivo do hóquei no cam-
po é tentar marcar o maior número de gols possíveis. A bola utilizada é feita de plástico (PVC) e cortiça,
pesa 170 gramas e tem 7 centímetros de diâmetro.
O hóquei de campo tem origem na Inglaterra, sendo que é um esporte olímpico desde 1908. Algumas na-
ções são destaque nesse estilo de hóquei: Austrália, Argentina, Países Baixos, China, Alemanha, Índia
e Paquistão.
Adaptado de PACIEVITCH, Thais. HÓQUEI. Disponível em: <https://www.infoescola.com/esportes/hoquei/>. Acesso em: 12 jul. 2021.

OUTRAS MODALIDADES DO HÓQUEI


Há diversas outras modalidades do Hóquei além dessas duas principais. Vamos conhecer algumas delas.
• HÓQUEI INDOOR OU DE “SALÃO” – Muito semelhante a relação FUTEBOL/FUTSAL. Trata-se de
um Hóquei praticado sem patins, numa quadra reduzida e com menor número de jogadores em
relação a versão de grama.
• HÓQUEI SOBRE PATINS – Versão na qual os jogadores usam um patins quad, com duas rodas no
eixo da frente e duas rodas no eixo de trás. Nessa modalidade usa-se uma bola de borracha e um
stick é semelhante ao do Hóquei de grama, em formato de “J”. Porém os gols são pequenos, do
mesmo tamanho da versão gelo.
• HÓQUEI IN LINE – Versão praticada também sobre patins roller (rodas em linha). Essa modalidade
se aproxima mais da versão no gelo, pois os sticks usados têm de “L”, além de se usar um puck
(disco) no lugar da bola.
• HÓQUEI SUBAQUÁTICO – Nessa modalidade o jogo se desenvolve de forma submersa em uma
piscina. O objetivo é tocar a bola de chumbo com um pequeno stick levando a mesma ao gol do
adversário. Os times fazem trocas regulares entre titulares e reservas para que os atletas pos-
sam respirar.
• HÓQUEI DE RUA – Modalidade semelhante à relação FUTEBOL/FUTEBOL DE RUA. Trata-se de
uma versão recreativa que pode ser jogada em qualquer lugar com regras improvisadas como no
Futebol de rua.

PARA SABER MAIS:


Clique nos links a seguir para conhecer um pouco mais das regras e curiosidades das principais mo-
dalidades de Hóquei (gelo e grama) que estão presentes nas olimpíadas. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=Et78 ED_LnCo> e <https://www.youtube.com/watch?v=vxuou5_bZZo>. Acesso
em: 12 jul. 2021.

256
ATIVIDADES
1 - O Hóquei na grama está presente nos jogos olímpicos desde 1908. O Hóquei no gelo fez sua estreia
nas olimpíadas de 1920, despertando nos organizadores a criar uma versão de jogos olímpicos para
esportes de gelo e neve. Assim as olimpíadas foram divididas a partir de 1924 em olimpíadas de verão e
olimpíadas de inverno. Cite e explique as principais semelhanças e diferenças entre essas duas versões
principais do Hóquei.

2 - Associe a modalidade de Hóquei com sua respectiva característica ou equipamento.

1. Hóquei no gelo (  ) Bola de chumbo, troca constante entre jogadores titulares e reservas.
2. Hóquei de grama (  ) Uso de patins quad, gols pequenos, taco formato “J” e bola de borracha.
3. Hóquei indoor (  ) Uso de patins com laminas, puck (disco) e tacos em formato de “L”.
4. Hóquei subaquático (  ) Ausência de patins, gols grandes e campo de jogo amplo.
5. Hóquei in-line (  ) Ausência de patins, gols grandes e campo de jogo reduzido.
6. Hóquei sobre patins (  ) Uso de patins “roller”, puck (disco) e taco com formato em “L”.

3 - “O jogo é disputado em dois tempos de 35 minutos por duas equipes com 11 jogadores cada. Vence
quem conseguir fazer o maior número de gols possíveis. Para marcar gol é necessário que o toque final
para o gol seja feito dentro da área de ataque”. Ao ler o trecho podemos concluir que a modalidade
descrita é:
a) Futebol.
b) Rugby.
c) Hóquei no gelo.
d) Hóquei na grama.
e) Futebol Americano.

257
SEMANA 4

EIXO TEMÁTICO:
Dança e expressões rítmicas.

TEMA/TÓPICO(S):
A diversidade cultural das danças brasileiras.

HABILIDADE(S):
Reconhecer a pluralidade das manifestações culturais na dança em nosso país. Vivenciar diferentes
manifestações culturais da dança.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Dança criativa, improvisação, pantomina.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua portuguesa, história.

TEMA: Dança Folclórica


Prezado (a) estudante! Nesta semana abordaremos a riqueza cultural de algumas danças folclóricas e
regionais espalhadas pelos quatro cantos deste nosso belíssimo país. Bons estudos.

DANÇAS FOLCLÓRICAS
As danças folclóricas representam um conjunto de danças sociais, peculiares de cada estado brasilei-
ro, oriundas de antigos rituais mágicos e religiosos. As danças folclóricas possuem diversas funções
como a comemoração de datas religiosas, homenagens, agradecimentos, saudações às forças espiri-
tuais, etc.
No Brasil, o folclore possui muitas danças que representam as tradições e as culturas de determina-
da região.
No país, as danças folclóricas surgiram da fusão das culturas europeia, indígena e africana. Elas são
celebradas em festas populares caracterizadas por músicas, figurinos e cenários representativos.
Confira abaixo algumas das principais danças folclóricas brasileiras:
Bumba meu boi
Esta dança folclórica, conhecida em outras regiões brasileiras como o boi-bumbá, é típica do norte e
do nordeste. O Bumba meu boi possui uma origem diversificada, pois apresenta traços das culturas
espanhola, portuguesa, africana e indígena. Trata-se de uma dança na qual a representação teatral é
um fator marcante. Assim, a história da vida e da morte do boi é declamada enquanto os personagens
realizam suas danças.
Samba de roda
O samba de roda surgiu no estado da Bahia no século XIX e representa uma dança associada à capoeira
e ao culto dos orixás. Surgiu como forma de preservação da cultura dos escravos africanos. O samba de
roda é uma variante do samba, que embora tenha se disseminado por várias partes do Brasil, é tradicio-
nal da região do Recôncavo Baiano.

258
Frevo
O frevo é uma dança típica do carnaval pernambucano surgida no século XIX. Diferente de outras mar-
chinhas carnavalescas, ele é caracterizado pela ausência de letras onde os dançarinos seguram pe-
quenos guarda-chuvas coloridos como elemento coreográfico. A palavra “frevo” é originária do verbo
“ferver”, representando, desta maneira, particularidades desta dança demasiadamente frenética.
Maracatu
O maracatu, termo africano que significa “dança” ou “batuque”, é uma dança típica da região nordeste
com grande destaque para a região de Pernambuco. Esse ritmo e dança apresentam fortes caracterís-
ticas religiosas, composto por uma mistura de elementos indígenas, europeus e afro-brasileiros.

Imagens de danças folclóricas típicas do Brasil. Respectivamente; Bumba meu boi, frevo e quadrilha, Disponível em: <https://commons.
wikimedia.org/wiki/ File:Bumba-meu-boi_em_Santo_Amaro_-_Bahia.jpg> , <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:No_compasso_
do_frevo.jpg> e <https://commons.wikimedia.org /wiki/File:Quadrilha_junina_na_Bahia.jpg>. Acesso em: 15 jul. 2021.

Baião
O baião é uma dança e canto típicos do nordeste brasileiro que recebeu, em suas origens, influências
das danças indígenas e da música caipira. Com movimentos que se aproximam do forró, o baião é dan-
çado em pares e sua temática é baseada no cotidiano e nas dificuldades da vida dos nordestinos.
Quadrilha
A quadrilha foi popularizada no Brasil a partir do Século XIX mediante influência da Corte Portuguesa.
É uma dança típica das festas juninas, bailada em duplas de casais caracterizados com vestimenta tipi-
camente caipira. Atualmente, a quadrilha abrange todas as regiões do Brasil.
Catira
A catira ou cateretê é uma dança folclórica presente em vários estados brasileiros. Há controvérsias
em relação à sua origem, entretanto, acredita-se que ela contém influências indígena, africana, espa-
nhola e portuguesa. A catira apresenta muitos elementos ligados à cultura caipira caracterizada pelo
figurino dos dançarinos acompanhados ao som das violas.
O Brasil é um país riquíssimo em diversidade de danças folclóricas. Abaixo temos uma lista com outras
danças um pouco menos populares. Circule as danças que você conhece ou já ouviu falar.
Dança da Fita Bate Coxa Congada
Pastoris Carimbó Batuque
Reisado Marujada Ticumbi
Fandango Xaxado Chula
Adaptado de DIANA, Daniela. Danças folclóricas. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/dancas-folcloricas/>.
Acesso em: 12 de Julho de 2021.

259
PARA SABER MAIS:
Clique no link a seguir para conhecer um pouco mais sobre as diversas danças folclóricas brasileiras.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FJVj1kT0G_E>. Acesso em: 12 jul. 2021.

ATIVIDADES

1 - O Frevo e o Samba são danças e ritmos tradicionais e presentes na tradicional festa de carnaval
brasileira. Descreva as principais semelhanças e diferenças entre esses dois ritmos do carnaval.

2 - Associe a dança típica às suas respectivas características.

1. Bumba meu boi 2. Quadrilha 3. Samba 4. Baião 5. Frevo


(  ) Representação teatral de morte e renascimento de um animal.
(  ) Roupas coloridas, ritmo intenso uso de uma sombrinha como acessório.
(  ) Uso de pandeiros, tambores e outros instrumentos de percussão.
(  ) Vestimentas com remendos, dança típica das festas juninas.
(  ) Dança típica do nordeste brasileiro que inspirou a criação do forró.

3 - ENEM 2013: Própria dos festejos juninos, a quadrilha nasceu como dança aristocrática. oriunda
dos salões franceses, depois difundida por toda a Europa. No Brasil, foi introduzida como dança de
salão e, por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto popular. Para sua ocorrência, é importante a
presença de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois é quem determina as figurações diversas que
os dançadores desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: “Tour”, “En avant”,
“Chez des dames”, “Chez des cheveliê”, “Cestinha de flor”, “Balancê”, “Caminho da roça”, “Olha a chuva”,
“Garranchê”, “Passeio”, “Coroa de flores”, “Coroa de espinhos” etc.
No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações: surgem novas figurações, o francês
aportuguesado inexiste, o uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição,
que sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo.
CASCUDO. L.C. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Melhoramentos. 1976.

As diversas formas de dança são demonstrações da diversidade cultural do nosso país. Entre elas,
a quadrilha é considerada uma dança folclórica por
a) possuir como característica principal os atributos divinos e religiosos e, por isso, identificar
uma região.
b) abordar as tradições e costumes de determinados povos ou regiões distintas de uma mesma nação.
c) apresentar cunho artístico e técnicas apuradas, sendo também, considerada dança-espetáculo.
d) necessitar de vestuário específico para a sua prática, o qual define seu país de origem.
e) acontecer em salões e festas e ser influenciada por diversos gêneros musicais.

260
SEMANA 5

EIXO TEMÁTICO:
Esporte.

TEMA/TÓPICO(S):
Esportes lazer e sociedade.

HABILIDADE(S):
Analisar limites e possibilidades para a prática esportiva de lazer. Compreender o esporte como direito social.
Analisar o esporte na perspectiva da inclusão /exclusão de sujeitos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Esportes adaptados e paralímpicos.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua portuguesa.

TEMA: Esportes Adaptados


Prezado (a) estudante, nesta semana de estudos abordaremos os esportes adaptados e os jogos pa-
ralímpicos que buscam incluir e levar a prática esportiva também para as pessoas com deficiência.
Bons estudos!
OS JOGOS PARALÍMPICOS
Os Jogos Paraolímpicos consistem em um evento desportivo, que é constituído por competições entre
atletas de alto nível, desde portadores de algum tipo de deficiência, sejam elas sensoriais ou físicas.
Em poucas palavras, trata-se dos Jogos Olímpicos tradicionais, cuja disputa é feita apenas com espor-
tes adaptados. A semelhança com as Olimpíadas não terminam por aí: Desde 1988 os Jogos ocorrem no
mesmo local que as Olimpíadas tradicionais, porém são iniciados logo após o seu encerramento.
Historicamente, acredita-se que a origem de competições esportivas entre pessoas portadoras de
deficiências tenha ocorrido nos Estados Unidos e na Inglaterra, devido ao grande número de homens
que lutaram na Segunda Guerra Mundial e perderam algum membro ou sofreram algum tipo de trauma
grave. Essas competições tinham como objetivo principal reabilitar os ex-combatentes, além de esti-
mulá-los fisicamente e emocionalmente. Os primeiros jogos dessa natureza foram organizados num
hospital londrino, no ano de 1948, voltado à recuperação de pessoas com lesões na medula óssea. Esse
é considerado um marco do desporto adaptado. Após esse período, outros jogos foram organizados no
mesmo local, porém, começava a reunir atletas de outros lugares para também participarem.
Foi apenas em 1960 que ocorreu a primeira edição dos Jogos Paraolímpicos, na cidade italiana de Roma.
Esse evento chegou a reunir 400 atletas, de 23 países diferentes, para disputar as competições. Desde
então, o esporte adaptado vem ganhando a profissionalização: ele deixou de ser um esporte amador e
de reabilitação para atingir o alto nível. Além disso, o número de atletas que esses jogos vêm agregando
aumentou significativamente: os Jogos de Atenas, em 2004, contemplaram 143 países e mais de 4000
atletas participantes.
Ao iniciar a sua condição de atleta profissional, o interessado deve passar por uma avaliação condicio-
nal que o classificará em alguma das categorias estipuladas pelo Movimento Paraolímpico Internacio-
nal. São elas: amputados, paralisados cerebrais, deficientes visuais, lesionados na medula espinhal,
deficientes mentais e categoria constituída por indivíduos com falta de mobilidade que não se encai-
xam nas categorias anteriormente citadas.

261
   
Exemplos de esportes paralímpicos. Temos, respectivamente, basquete em cadeira de rodas, goalball e atletismo para amputados de
pernas. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rio_2016-_basquete_feminino_em_cadeira_de_rodas_(28921117184).
jpg, https://commons.wikimedia.org/wiki/File: Brasil_vence_Canad%C3%A1_no_Goalball_paral%C3%ADmpico._(29568716835).jpg
e https://commons.wikimedia.org/wiki/File:070912_-_Michelle_Errichiello_-_3b_-_2012_Summer_Paralympics_(01).jpg.
Acesso em: 15 jul. 2021.
Conheça os principais esportes que fazem parte do programa dos jogos paralímpicos.
• Atletismo: composto por provas de corridas, saltos, lançamentos e arremessos, cujos atletas
participantes possuem deficiências físicas ou visuais.
• Basquetebol em cadeira de rodas: esporte disputado nas categorias feminino e masculino.
É disputado desde a primeira Paraolimpíada. A cadeira de rodas é adaptada, a altura da cesta é a
mesma do basquete normal.
• Bocha: É disputado por pessoas com paralisia cerebral severa, dependentes de cadeira de ro-
das. As competições ocorrem segmentadas entre os sexos, e nas categorias individual e dupla.
• Ciclismo: Disputado por pessoas de ambos os sexos com paralisia cerebral, deficiência visual, am-
putados e lesionados medulares. As bicicletas são adaptadas em triciclos e com “pedal manual”.
• Esgrima: Esporte restrito apenas às pessoas com dificuldade de locomoção com ou sem cadeira
de rodas. As regras de pontuação são praticamente as mesmas da esgrima condicional.
• Futebol de 5: Disputado por homens deficientes visuais. A bola tem um “guizo” que faz barulho e
orientar os jogadores. Um “chamador” bate uma moeda na trave a se fazer o gol para orientar a
direção do chute.
• Futebol de 7: Restrito a homens paralisados cerebrais. As regras são bem semelhantes ao do
Futebol convencional.
• Goalball: Esporte desenvolvido especialmente para pessoas com deficiência visual. Consiste em
fazer um arremesso de uma bola com “guizo” para que a mesma entre no gol do adversário.
• Halterofilismo: Mulheres e homens amputados, paralisados cerebrais e lesionados de medula
espinhal competem nessa modalidade. O levantamento geralmente é feito com um supino.
• Hipismo: É praticado por pessoas de ambos os sexos e abarca diversos tipos de deficiência.
As regras são bem semelhantes a do esporte convencional.
• Judô: Com disputas masculinas e femininas, esse esporte também é restrito aos deficientes
visuais. As regras são praticamente as mesmas do judô convencional.
• Natação: Os nadadores que podem participar das provas são aqueles com limitações motoras e
físicas, com deficiência visual e deficiência mental.
• Remo: Contempla diferentes tipos de deficiência. As embarcações são adaptadas segundo a
necessidade de cada atleta.
• Rugby de cadeira de rodas: Modalidade praticada por equipes masculinas e femininas. O objetivo
é chegar ao fundo da quadra do adversário com a posse de bola na cadeira de rodas.
• Tênis de Mesa: As disputas são feitas de modo individual e por equipe. Participam atletas cadei-
rantes, andantes e portadores de deficiência mental.
• Vôlei sentado: Disputado por equipes com 6 jogadores cada. A regra é praticamente a mesma do
vôlei convencional. As adaptações mais evidentes são as reduções da altura da rede e do tama-
nho da quadra.
Adaptado de RONDINELLI, Paula. “Jogos Paraolímpicos”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/
jogos-paraolimpicos.htm. Acesso em: 13 de julho de 2021.

262
PARA SABER MAIS:
Clique no link a seguir para conhecer um pouco melhor a história dos jogos paralímpicos. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=d0P1OTHyFIw>. Acesso em: 15 jul. 2021.
Neste outro link você poderá ver os atletas paralímpicos em ação nas principais provas. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=x-wG3MJ_WTs>. Acesso em: 15 jul. 2021.

ATIVIDADES
1 - Descreva como aconteceu o processo de adaptação de esportes para pessoas com deficiência.
Qual era o contexto histórico e como os jogos evoluíram até chegar a este mega evento dos “jogos
paralímpicos”.

2 - Assinale (V) para afirmativas verdadeiras e (F) para afirmativas falsas.


(  ) O Basquete em cadeira de rodas é um esporte exclusivo para cadeirantes e deficientes visuais.
(  ) O Futebol de 5 é uma adaptação para deficientes visuais, enquanto o Futebol de 7 é adaptado para
pessoas com paralisia cerebral.
(  ) No Vôlei sentado as medidas da bola, dimensões da quadra e altura da rede são as mesmas do Vôlei
convencional.
(  ) O Atletismo e a natação paralímpica incluem praticamente todas as deficiências; físicas, visuais,
auditivas e até cognitivas.
(  ) O levantamento de peso paralímpico é feito com um supino de academia, no qual o atleta deve ten-
tar levantar a barra tirando a mesma do apoio, esticar os braços e colocá-la de volta sobre o apoio.

3 - Assinale a modalidade esportiva paralímpica em que não temos um esporte convencional adaptado
para pessoas com deficiência e sim um esporte criado especificamente para atender uma determinada
deficiência.
a) Bocha.
b) Goalball.
c) Remo.
d) Esgrima.
e) Rugby em cadeira de rodas.

263
SEMANA 6
EIXO TEMÁTICO:
Ginástica.
TEMA/TÓPICO(S):
Ginástica, consumo e mídia.
HABILIDADE(S):
Analisar os padrões de corpo impostos pela cultura.
Analisar as implicações do consumismo nas práticas das modalidades da ginástica.
CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Os perigos da imposição dos padrões estéticos.
INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua portuguesa, Biologia, Sociologia.

TEMA: Padrões Estéticos


Prezado (a) estudante! Nesta semana abordaremos a questão dos padrões de estética e beleza, asso-
ciadas ao exercício físico. Neste estudo descobriremos que exercício físico e saúde nem sempre está
associado a exercício físico e estética. Bons estudos!

MÍDIA E O CULTO À BELEZA DO CORPO


Há nas sociedades contemporâneas uma intensificação do culto ao corpo, onde os indivíduos experi-
mentam uma crescente preocupação com a imagem e a estética. Entendida como consumo cultural,
a prática do culto ao corpo coloca-se hoje como preocupação geral, que perpassa todas as classes so-
ciais e faixas etárias, apoiada num discurso que ora lança mão da questão estética, ora da preocupação
com a saúde.
Segundo Pierre Bourdieu, sociólogo francês, a linguagem corporal é marcada pela distinção social, que
coloca o consumo alimentar, cultural e forma de apresentação – como o vestuário, higiene, cuidados
com a beleza etc. – como os mais importantes modos de se distinguir dos demais indivíduos.
Nas sociedades modernas há uma crescente preocupação com o corpo, com a dieta alimentar e o con-
sumo excessivo de cosméticos, impulsionados basicamente pelo processo de massificação das mídias
a partir dos anos 1980, onde o corpo ganha mais espaço, principalmente nos meios midiáticos. Não é
por acaso que foi nesse período que surgiram as duas maiores revistas brasileiras voltadas para o tema:
“Boa Forma” (1984) e “Corpo a Corpo” (1987).
Contudo, foi o cinema de Hollywood que ajudou a criar novos padrões de aparência e beleza, difundin-
do novos valores da cultura de consumo e projetando imagens de estilos de vida glamorosos para o
mundo inteiro.
Da mesma forma, podemos pensar em relação à televisão, que veicula imagens de corpos perfeitos
através dos mais variados formatos de programas, peças publicitárias, novelas, filmes etc. Isso nos
leva a pensar que a imagem da “eterna” juventude, associada ao corpo perfeito e ideal, atravessa todas
as faixas etárias e classes sociais, compondo de maneiras diferentes diversos estilos de vida. Nesse
sentido, as fábricas de imagens como o cinema, televisão, publicidade, revistas etc., têm contribuído
para isso.

264
Os programas de televisão, revistas e jornais têm dedicado espaços em suas programações cada vez
maiores para apresentar novidades em setores de cosméticos, de alimentação e vestuário. Propagan-
das veiculadas nessas mídias estão o tempo todo tentando vender o que não está disponível nas prate-
leiras: sucesso e felicidade.
O consumismo desenfreado gerado pela mídia em geral foca principalmente adolescentes como alvos
principais para as vendas, desenvolvendo modelos de roupas estereotipados, a indústria de cosméti-
cos lançando a cada dia novos cremes e géis redutores para eliminar as “formas indesejáveis” do corpo
e a indústria farmacêutica faturando alto com medicamentos que inibem o apetite.
Preocupados com a busca desenfreada da “beleza perfeita” e pela vaidade excessiva, sob influência dos
mais variados meios de comunicação, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica apresenta uma estima-
tiva de que cerca de 130 mil crianças e adolescentes submeteram-se a operações plásticas todos os anos.
Evidentemente a existência de cuidados com o corpo não é exclusividade das sociedades contempo-
râneas e que devemos ter uma especial atenção para uma boa saúde. No entanto, os cuidados com o
corpo não devem ser de forma tão intensa e ditatorial como se tem apresentado nas últimas décadas.
Devemos sempre respeitar os limites do nosso corpo e a nós mesmos.
CAMARGO, Orson. “Mídia e o culto à beleza do corpo”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/a-
influencia-midia-sobre-os-padroes-beleza.htm. Acesso em 13 de julho de 2021.

EXERCÍCIO FÍSICO: SAÚDE X ESTÉTICA


É comum associar a prática regular de exercícios físicos a busca ou manutenção do “corpo perfeito”.
Há quem condene esta relação dizendo que ela é prejudicial à saúde, mas o fato é que ela existe, prin-
cipalmente entre grandes celebridades que usam o exercício físico como forma de manter o corpo per-
feito para divulgá-lo nas mídias sociais. Não há nenhum problema em usar o exercício para “modelar” o
corpo, mas, contudo, é importante lembrar que a função predominante do exercício físico é a manuten-
ção da saúde. Portanto saiba o limite! A partir do momento que o exercício associado a outras práticas
estiver prejudicando a sua saúde ao invés de melhora-la, é sinal de que essa busca incessante pelo “cor-
po perfeito” não vale tal sacrifício. Fiquem atentos! Conheça agora as principais atitudes prejudiciais na
busca pelo “corpo ideal”.
• Uso de anabolizantes e esteróides: O uso de anabolizantes e esteroides prometem resultados
rápidos, porém podem causar sobrecarga e até sérios danos irreversíveis ao fígado, rins e outros
órgãos vitais.
• Uso de suplementos milagrosos: Não existe nenhum suplemento milagroso que faz, por exem-
plo, emagrecer ou ganhar massa muscular e mesmo que houvesse ele seria muito caro. Mante-
nha o treino regular e a boa alimentação
• Dietas “mirabolantes”: “Se alimentar apenas de suco de limão”, “tomar 4 litros de café”, “Comer
apenas ovos e queijo” são algumas das diversas dietas mirabolantes que prometem resultados
rápidos. Nenhuma delas funciona. Lembre-se que você demorou a chegar ao peso que está e
certamente o resultado que você quer também será demorado. Continue com treino regular,
alimentação balanceada e muita disciplina.
• Treinos de “blogueiros fitness”: Muito cuidado com o mundo das redes sociais. Durante a pan-
demia vimos surgir diversos “digitais influencer” com treinos milagrosos em redes sociais. Lem-
brem-se o treino é algo pessoal que deve respeitar os limites e individualidades biológicas de
cada um. Não faça treino de blogueiros, procure sempre a orientação de um profissional de edu-
cação física com formação acadêmica adequada. Caso não tem acesso à orientação profissio-
nal, dê preferência a exercícios de pouca intensidade como caminhadas.

265
Exemplos de exercícios físicos que podem ajudar a melhorar e manter a saúde, e consequentemente a estética corporal. Na primeira
imagem temos exemplos de exercícios que podem ser praticados ao ar livre (corrida, caminhada, ciclismo) A vantagem destes exercícios
é que podem ser praticados de forma gratuita em espaços públicos. Na segunda imagem temos uma academia de ginástica que tem
como desvantagem o fato de não ser gratuita, mas em contrapartida oferece muito mais opções de exercícios físicos além a orientação
e acompanhamento de um profissional de Educação Física. Disponível em: https://pxhere.com/pt/photo/1054702 e https://pxhere.
com/pt/photo/715253. Acesso em: 15 jul. 2021.

PARA SABER MAIS


Clique no link a seguir para conhecer a linha do tempo da ginástica de academia no Brasil, bem como
quais são as modalidades existentes. Quem sabe você não descobre o tipo de exercício físico ideal para
você. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=w2WomTOT0is>. Acesso em: 15 jul. 2021.

ATIVIDADES
1 - Descreva como a mídia influencia o padrão de beleza e estética. Essa influência ajuda a formar hábitos
saudáveis ou simplesmente influencia na busca pelo corpo perfeito?

2 - Assinale (S) para atitudes que tem predominância da SAÚDE e (E) para práticas que têm a
predominância da ESTÉTICA.
(  ) Cirurgia plástica.
(  ) Alimentação orgânica.
(  ) Corrida / caminhada.
(  ) Suplementação alimentar.
(  ) Drenagem linfática.
(  ) Meditação.

266
3 - ENEM 2011: Na modernidade, o corpo foi descoberto, despido e modelado pelos exercícios físicos da
moda. Novos espaços e práticas esportivas e de ginástica passaram a convocar as pessoas a modelarem
seus corpos. Multiplicaram-se as academias de ginástica, as salas de musculação e o número de
pessoas correndo pelas ruas.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Caderno do professor: educação física. São Paulo, 2008.

Diante do exposto, é possível perceber que houve um aumento da procura por:


a) exercícios físicos aquáticos (natação/hidroginástica), que são exercícios de baixo impacto,
evitando o atrito (não prejudicando as articulações), e que previnem o envelhecimento preco-
ce e melhoram a qualidade de vida.
b) mecanismos que permitem combinar alimentação e exercício físico, que permitem a aquisi-
ção e manutenção de níveis adequados de saúde, sem a preocupação com padrões de beleza
instituídos socialmente.
c) Programas saudáveis de emagrecimento, que evitam os prejuízos causados na regulação me-
tabólica, função imunológica, integridade óssea e manutenção da capacidade funcional ao
longo do envelhecimento.
d) exercícios de relaxamento, reeducação postural e alongamentos, que permitem um melhor
funcionamento do organismo como um todo, bem como uma dieta alimentar e hábitos saudá-
veis com base em produtos naturais.
e) dietas que preconizam a ingestão excessiva ou restrita de um ou mais macronutrientes (car-
boidratos, gorduras ou proteínas), bem como exercícios que permitem um aumento de massa
muscular e/ou modelar o corpo.

Prezado estudante! Chegamos ao final deste PET 4! Caso tenha ficado alguma dúvida, entre em con-
tato com seu professor pelo CONEXÃO ESCOLA ou mande sua pergunta para TIRA DÚVIDAS AO VIVO
na Rede Minas e Youtube. Continue firme nos estudos e com as práticas regulares de exercícios fí-
sicos, sempre respeitando os protocolos de segurança. Mantenha uma alimentação saudável e uma
hidratação regular. Em breve estaremos vacinados e juntos em nossas quadras. Um forte abraço da
equipe de Educação Física!

267

Você também pode gostar