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Diferencas Nutricionais Caes e Gatos
Diferencas Nutricionais Caes e Gatos
SÃO PAULO
2009
Centro Universitário FMU
Roberta Assalim Fernandes
SÃO PAULO
2009
Fernandes, Roberta Assalim
Diferenças nutricionais entre cães e gatos/Roberta Assalim
Fernandes/São Paulo: Centro Universitário FMU, 2009
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Profa. Dra. Ana Claudia Balda
FMU
_____________________________________________________________________
Prof. Ms. Arnaldo Rocha
FMU
_____________________________________________________________________
Profa. Dra Andréia Maria Martarelo Gonçalves
FMU
Resumo
1. INTRODUÇÃO
Essas diferenças, para Case (1995), incluem a habilidade dos gatos no metabolismo
de energia e glicose, alto índice de necessidade de proteína e nas necessidades de aminoácidos
como a taurina, arginina, sua inabilidade de converter beta-caroteno para a vitamina A ativa, e
a inabilidade na conversão do aminoácido triptofano em niacina.
De acordo com Dyce (1996) o aparelho digestório é formado por órgãos que estão
relacionados recepção e digestão dos alimentos, bem como sua passagem pelo corpo e sua
expulsão. Os órgãos que o compõem são: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado,
intestino grosso e glândulas anexas (fígado e pâncreas).
Quanto ao estômago, a mucosa gástrica nos gatos, é mais uniforme do que nos cães, e
é dividida em duas áreas: uma chamada de glandular, onde está situado mais proximal e com
maior número de glândulas e a região aglandular, onde possui uma quantidade menor de
glândulas, de acordo com Maskell e Johnson (1993).
Para Maskell e Johnson (1993), a diferença anatômica mais importante entre cães e
gatos está no ceco; onde nos cães, ele existe como um divertículo e é conhecido com saco
cego, que está proximal ao cólon sendo mais desenvolvido que no gato, parecendo ser um
pouco mais que um apêndice vestigial.
2.1.1 Boca
Segundo Laflamme (2005), a partir do momento em que o animal percebe que será
alimentado, através de estímulos visuais, sonoros e olfativos, por exemplo, é iniciada a
produção de saliva, isto é conhecido como resposta gustativa, que é aumentada no momento
que o animal apreende e mastiga o alimento.
A digestão na boca é considerada em sua grande parte mais mecânica do que química,
isso porque Laflamme (2005) nos diz que a maior parte da saliva é constituída por água e
apenas uma pequena parte, de muco sais inorgânicos e enzimas como a amilase (ptialina), sua
função é lubrificar o alimento degradado, facilitando a deglutição sentido ao esôfago.
Para a liberação e produção de saliva, ainda na cavidade oral existem quatro pares de
glândulas que executam esta função, que são as parótidas, que estão localizadas próximo às
orelhas, a mandibular ou submandibular, localizadas uma de cada lado do maxilar inferior,
glândula sublingual, localizada abaixo da língua e a glândula zigomática, localizada no
maxilar superior, mas um pouco abaixo dos olhos, segundo Blaza (1987). De acordo com a
figura 4.
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2.2 Esôfago
Nesse momento não tem a ação de enzimas, mas sim, de mais muco liberado pelas
suas células, para lubrificar, facilitando ainda mais a passagem do alimento para o estômago,
de acordo com Blaza (1987).
Contudo, de acordo com Getty (1981), cães possuem uma espessa camada de
glândulas mucosas, quanto que em gatos, elas não existem.
O esôfago entra no estômago, através de uma via formada por células musculares
especializadas, chamada de esfíncter cardíaco, geralmente fica contraído, mas relaxa de
acordo com a aproximação da onda de peristaltismo, que permite a passagem do bolo
alimentar para o estômago; o estômago, por sua vez estimula a manter esse esfíncter contraído
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para evitar que ocorra refluxo do alimento, contudo em alguns casos específico, como no caso
de vômito, ocorre o seu relaxamento para que algo seja expelido, quando causar desconforto
ou apresentar certa toxicidade, segundo Maskell e Johnson (1993).
2.3 Estômago
Para Blaza (1987), o propósito da digestão é retirar as ligações dos grandes compostos,
liberando pequenas unidades, através da água, processo denominado hidrólise, sendo
acelerados pelas enzimas digestivas, que são produzidas e reguladas pelo próprio organismo;
cada enzima tem uma função específica e está envolvida em uma determinada fase e
decomposição de um composto em particular.
Existem três grandes classes alimentos que necessitam de digestão, segundo Blaza
(1987) que são: carboidratos, lipídeos e proteínas.
Segundo Maskell e Johnson (1993), o estômago pode ser dividido em cinco regiões,
cárdia, fundo, corpo, antro e piloro. Mas funcionalmente são consideradas duas dessas
regiões, que são o corpo (proximal) e o antro (distal) (figura 5).
Essa secreção produzida no antro forma o quimo, quando bem misturada ao alimento
no estômago forma um líquido espesso e leitoso, e está pronto para passar para o duodeno
através do esfíncter pilórico, segundo Maskell e Johnson (1993).
Antes de dar início à digestão de proteínas, para Blaza (1987), o estômago tem
algumas funções, tais como, ser um reservatório de alimento, permitindo assim, a ingestão de
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alimento ser mais espaçada, regulação do fluxo de materiais para o intestino delgado e a
digestão.
2.4.1. Digestão
De acordo com Laflamme (2005), é constituído por três partes: duodeno, jejuno e íleo,
sendo que o jejuno ocupa maior parte do comprimento total.
Assim que o quimo chega ao duodeno, são adicionadas mais enzimas, estas se
originam da própria mucosa ou do pâncreas, de acordo com Blaza (1987).
De acordo com Dyce (1996), o pâncreas é uma glândula, que está relacionada com o
duodeno, e possui duas funções, que são: a endócrina, secretando hormônios na circulação,
como insulina, glucagon e gastrina, produzidas das ilhotas pancreáticas; e exócrina, liberando
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suco digestivo, que contém enzimas que decompõem proteínas, carboidratos e gordura; todas
essas substâncias são levadas até o duodeno através de ductos pancreático.
Para Dyce (1996), o fígado é considerada a maior glândula do corpo, sendo dotada por
5 lobos, e uma vesícula para o armazenamento da bile durante o períodos de repouso; tem
como função secreção da bile, armazenamento de amido e glicogênio, gordura e proteína, e
também de forma excretora; a bile chega até o duodeno através de ductos biliares.
2.4.2. Absorção
A absorção pode ser passiva ou ativa, sendo a maior proporção da absorção ocorra no
intestino através de sua mucosa, devido aos vilos existentes na região, que asseguram um bom
suprimento de materiais para as superfícies epiteliais, devido à sua densa rede de capilares,
garantindo que não aja acúmulo de nutrientes absorvidos, de acordo com Blaza (1987).
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Estende-se desde o término do íleo até o ânus, sendo constituído basicamente por
ceco, cólon e reto, não possui vilosidades, sendo um tubo curto com um diâmetro maior que o
delgado, de acordo com Getty (1981).
Segundo Getty (1981), o ceco nos cães possui um tamanho moderado, tendo uma
forma parecida com um espiral enquanto que nos gatos, é uma estrutura extremamente
pequena, aparentando um formato de vírgula; quanto ao conteúdo provindo do intestino
delgado, entra no intestino grosso pela válvula íleo-cecal.
A absorção de água neste local ocorre de maneira diferente, sendo, passando pelos
espaços intercelulares dependendo do gradiente, o grau de absorção, segundo Blaza (1987),
pode ser alterado pelo estado do fluido do organismo, através da presença ou ausência de
hormônios como a aldosterona e a angiotensina, sendo o íleo e o cólon sensíveis a eles,
podendo ocorrer também, discreta ação inibitória da secretina, gastrina e pancrozimina sobre
a captação de água.
No intestino dos animais, existe a microbiota bacteriana, que são responsáveis pela
digestão parcial de proteínas e resíduos de fibras, e ajudam a prevenir a proliferação de
bactérias potencialmente patogênicas, segundo Laflamme (2005).
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Quanto à absorção, Blaza (1987), diz que os aminoácidos são absorvidos ativamente
para as células da mucosa e depois se difundem para a corrente sanguínea.
Entretanto, como não consegue quebrar em regiões de ramificação, essa enzima deixa
em pequenos complexos de dois ou três açúcares, ligados em ramificações, chamados de
dextrinas-limite. A digestão final ocorre na borda em escova e as enzimas incluem: sacarase,
maltase, isomaltase, alfa-dextrinase, de acordo com Laflamme (2005).
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Segundo Laflamme (2005), esses elementos não são solúveis em água, portanto, não são
facilmente transportados para dentro do lúmen do intestino. Contudo uma combinação entre
sais biliares, lecitina e colesterol de bile, faz com que corra a formação de micelas com as
gorduras parcialmente digeridas, estas são solúveis em água facilitando a transferência de
ácidos graxos livres solúveis por lipídios e monoglicerídeos para a borda em escova, local
onde é absorvida.
Para Blaza (1987), em relação à absorção, os ácidos graxos e o glicerol, são raramente
absorvidos para os capilares dos vilos, sendo assim, sua maior parte são absorvidos pelo
sistema linfático.
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Minerais
Os meios em que são absorvidos variam de acordo com o local, como por exemplo, no
jejuno, a captação do sódio está ligada á captação de ativa de glicose; no íleo, é um processo
ativo, e no intestino grosso, é muito ativo, e dependente do movimento de glicose. A absorção
depende também, dos níveis no sangue e de fatores hormonais, de acordo com Blaza (1987).
Vitaminas
Blaza (1987, p. 13) “Onde houver digestão e absorção normal de lipídios, deveria
haver uma captação normal das vitaminas lipossolúveis”.
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Todos os animais necessitam dos alimentos para manterem-se saudáveis, sendo assim,
Burger (1988), define como alimento toda substância que pode nutrir os seres vivos, e essa
substância podem ser sólida ou líquida que uma vez ingerida, pode aportar materiais
produtores de energia, para o crescimento e para iniciar e regular dois processos
anteriormente citados.
Para Burger (1988), são raros os alimentos, que oferecem apenas um nutriente, em
grande parte, eles são uma mistura, incluindo os nutrientes necessários para o animal, a ração
é um exemplo dessa mistura. Proporcionalmente, os minerais e vitaminas, são encontradas em
menor quantidade, em relação aos outros elementos.
4.1 Energia
A energia é essencial na vida dos animais e tem como função gerar a força necessária
para que as células tenham um bom funcionamento, a energia é proveniente da alimentação,
através de nutrientes, como o carboidrato, a gordura e a proteína. Contudo, a gordura tem
aproximadamente o dobro de energia em relação à proteína ou ao carboidrato, sendo uma
fonte muito mais eficiente para o metabolismo, porém, deve-se controlar a ingestão desse
nutriente para não ocorrer desequilíbrio e causar obesidade no animal. Quanto à água, ela não
possui valor energético, então, a concentração energética dos alimentos varia em relação à
quantidade de água, segundo Blaza (1987).
A energia pode ser expressa em calorias (cal), onde 1 (uma) caloria é definida como a
quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um grama de água em um grau
Celsius, mas, atualmente, é expressa em Joules (J), onde 1 (uma) cal é igual a 4,184J de
acordo com a Waltham Centre for Pet Nutrition (WCPN 2006).
Para Burger (1988), a obtenção de energia pelo organismo dá-se através da oxidação
dos alimentos, com a liberação gradual por uma série de reações químicas complexas, sendo
cada uma regulada por uma enzima, e muitas dessas enzimas dependem da presença de outros
nutrientes, com as vitaminas e os minerais para seu funcionamento.
Dificilmente será encontrado um alimento em que o animal seja capaz de utilizar toda
a sua energia, por isso a ingestão de energia pode ser classificada em três formas: energia
bruta (EB), energia digestiva (ED) e energia metabolizável (EM), de acordo com Burger
(1988).
Energia Metabolizável, é aquela que é utilizada pelos tecidos, podendo ser determinada pelo
cálculo de ED menos as perdas urinárias, segundo as definições da Waltham Centre for Pet
Nutrition (2006).
4.2. Água
A água possui muitas funções, tais como, ser um excelente solvente, ser o principal
constituinte do sangue, transporte, levando oxigênio e nutrientes, remover o dióxido de
carbono e metabólitos, regulação de temperatura, na digestão, devido à hidrólise, eliminação
de metabólitos tóxicos pelo rim, de acordo com Blaza (1987).
A sua eliminação ocorre através das fezes, na urina, através da respiração, e também
durante a lactação em animais saudáveis, segundo Maskell e Johnson (1993); em animais
debilitados, essa eliminação pode ser por hemorragias, vômitos e diarréias.
Nas fezes, de acordo com Blaza, o conteúdo perdido é muito pouco devido aos
mecanismos serem muito eficientes na reabsorção de água.
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Quanto à perda via urina, Maskell e Johnson (1993), dizem que o rim é o único órgão que
pode controlar a perda de água, e regular o equilíbrio ácido-básico e a concentração de muitos
eletrólitos. O rim consiste em uma rede de milhares de túbulos e cada túbulo tem um fundo
cego ou “cápsula glomerular”, que envolve uma série de capilares sanguíneos, denominado de
glomérulo. À medida que o fluido passa pelo túbulo, muito dele é absorvido, retornando para
o sangue, e outra parte que não é reabsorvida é excretada na forma de urina.
As vias de ingestão de água são, de acordo com Blaza (1987), beber a água, o conteúdo
dela no alimento e provindo de reações metabólicas.
4.3. MACRONUTRIENTES
Proteínas e aminoácidos
Quanto aos aminoácidos, são subunidades que formam as proteínas, e podem ser
encontradas 20 formas diferentes na natureza, conferindo uma variedade quase que infinita de
proteína, segundo Ferreira (2003).
Para Case (1995), são 10 os aminoácidos essenciais e para os gatos, deve ser incluída a
taurina. (tabela 3)
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Para Case (1995), os gatos necessitam de uma maior quantidade de proteína do que os
cães, devido à sua elevada demanda por proteína total ou nitrogênio protéico e não por uma
elevada demanda de aminoácidos essenciais.
Isso pode ser, de acordo com a Waltham (2006), a limitada capacidade de regulação
através de enzimas hepáticas no catabolismo de aminoácidos, portanto, esses animais não
conseguem se adaptar a uma dieta com baixos níveis de proteína, e quando recebem uma dieta
por um período prolongado, a tendência é iniciar o consumo de proteína endógena.
Arginina
De acordo com Burger (1987), a deficiência de arginina causa grave transtornos nos
gatos, como a hiperamonenia, isso porque ocorre a impossibilidade de metabolizar compostos
de nitrogênio através do ciclo da uréia, causando acúmulo no sistema circulatório.segundo
case (1995), existem dois motivos básicos para a sensibilidade do gato em relação à arginina,
que é a incapacidade de sintetizar ornitina, que é um precursor da arginina no ciclo da uréia.
Portanto, segundo Burger (1987), deve-se fornecer na dieta a arginina, como uma
fonte de ornitina, já que o gato não consegue sintetizar; ou a ornitina ou citrulina a uma dieta
livre de arginina com a finalidade de evitar a toxicidade produzida pela amônia.
Taurina
Segundo Case (1995) os gatos são os únicos que apresentam deficiência, isso ocorre,
porque só utilizam a taurina na conjugação de ácidos biliares, enquanto que em outras
espécies, utilizam também a glicina; portanto esses animais apresentam uma necessidade
contínua de taurina para substituir as perdas fecais produzidas pela recuperação incompleta na
circulação entero-hepática.
Esse nutriente está presente somente em tecidos animais, como carnes, aves e peixes;
os mariscos constituem uma fonte extremamente rica de taurina. Ao contrário do gato, o cão
não necessita de taurina dietética, portanto os gatos não devem ser alimentados com alimentos
destinados para cães, de acordo com Case (1995).
Quanto a DRFC, Case (1995), relata que foi a primeira doença a ser descrita; a função
da taurina nesse local é manter o funcionamento correto da retina, que envolve células
fotorreceptoras, onde é regulado o fluxo de íons de cálcio e potássio através da barreira de
pigmento fotorreceptor-célula epitelial. Na ausência, as membranas dessas células perdem sua
integridade, tornando-se afuncionais, ocasionando a morte celular, podendo ocorrer, também
a degeneração concomitante do tapetum lucidum subjacente. A deterioração só é observada
clinicamente nas fases finais de degeneração retiniana, e neste ponto é gerada a cegueira
irreversível.
Lisina
Metionina e cisteína
4.3.2. Lipídios
Segundo Burger (1988), esse nutriente constitui a fonte mais concentrada de energia e
confere certa palatabilidade e textura adequada para os alimentos de cães e gatos.
Para Case (1995), esse nutriente possui muitas funções, tais como, fonte de energia,
devido sua forma de armazenamento, proteção contra a perda de temperatura, proteção de
órgãos contra choques mecânicos, são componentes que formam a membrana celular
(fosfolipídios e glicolipídios), precursor de hormônios esteróides.
Também conhecidos como gordura, são assim classificados devido á sua solubilidade
em solventes orgânicos e insolúveis em água, segundo Case (1995).
Esses nutrientes são compostos por carbono, hidrogênio e oxigênio, assim os lipídios
são compostos por mesclas de triglicerídeos, sendo combinações de três ácidos graxos unidos
a uma molécula de glicerol. De acordo com o número de carbonos na estrutura e de duplas
ligações, ocorrem as variações de ácidos graxos, segundo Burger (1988).
Os ácidos graxos podem ser saturados, que são de cadeia simples, ou seja, sem dupla
ligação, ou insaturados, existindo uma ou mais duplas ligações (poliinsaturados). Quanto às
necessidades dos lipídios, está relacionada com a capacidade de prover ácidos graxos
essenciais e com o transporte de vitaminas lipossolúveis, de acordo com Burger (1988).
Burger (1987, p. 17) “Os ácidos linoléicos e linolênicos são compostos primários, a
partir dos quais podem ser sintetizados no organismo compostos mais complexos de cadeias
mais longas”.
Existe diferença na síntese dos ácidos graxos, para Burger (1988), os gatos têm sua
capacidade limitada para a conversão de ácidos graxos primários em derivados de cadeia mais
longa. Isso porque para cães, Case (1995) diz que estes possuem duas enzimas que são a
delta-6-desnaturase e a delta-5-desnaturase, que a partir do ácido linoléico sintetizam o ácido
araquidônico e o gama – linolênico; e nos gatos, essas enzimas possuem pouca atividade no
fígado e possuem também, baixa quantidade de outras duas enzimas delta-8-desnaturase e
delta-4-desnaturase.
4.3.3. Carboidratos
Esse nutriente é o que possui maior quantidade de energia, e são formados por
carbono, hidrogênio e oxigênio; e podem ser classificados em três grupos: mossacarídeos,
dissacarídeos e polissacarídeos, de acordo com Case (1995).
por exemplo, a sacarose e a maltose; já os polissacarídeos, são aqueles que possuem várias
unidades de monossacarídeos, por exemplo, o amido, glicogênio e fibra dietética.
Cães e gatos adultos possuem uma tolerância muito baixa à lactose, isso devido à
diminuição ao longo do seu desenvolvimento, ocorre a diminuição das enzimas beta-
frutofuronidase (sacarose) e beta-galactosidase (lactose), e quando são alimentados com altos
níveis desses nutrientes, por exemplo, o leite, podem apresentar diarréria, devido a um
desequilíbrio osmótico e na fermentação bacteriana no intestino grosso, de acordo com Burger
(1987).
Quanto à fibra dietética, segundo Carciofi (2005), são os polissacarídeos, que não são
digeríveis, e podem ser encontradas nos vegetais constituindo sua parede celular, que são a
lignina, celulose, hemicelulose e pectina, presentes nos tomates, citrus, beterrabas, soja.
Contudo uma quantidade limitada pode formar o bolo fecal, regularizar o movimento
intestinal, ajudando a evitar constipações e diarréias; algumas dessas fibras podem ser
moderadamente fermentáveis, e que através da atividade da microflora do cólon podem ser
utilizadas formando ácidos graxos de cadeia curto como o acetato, ácido butírico e
propionato, de acordo com Case (1995), essa é uma fonte importante de energia para as
células de revestimento do trato gastrointestinal de cães e gatos.
Os carboidratos exercem funções importantes, tais como ser fonte de energia para
células, manter o funcionamento adequado do sistema nervoso central; atua na formação da
molécula dos aminoácidos não-essenciais e é necessário na síntese de ácido glicurônico,
heparina, sulfato de condroitina, imunopolissacarídeos, DNA e RNA.
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Segundo Case (1995), a necessidade de glicose pode ser suprida por síntese endógena,
através da gliconeogênese, que ocorre no fígado e rins usando ácido propiônico, ácido lático,
glicerol, e certos aminoácidos. Em cães os principais aminoácidos são a alanina, glicina e
serina.
4.4. MICRONUTRIENTES
4.4.1. Minerais
Esses nutrientes não podem ser sintetizados pelo organismo, portanto devem ser
obtidos na alimentação, não fornecem calorias, contudo alguns desses nutrientes
desempenham funções essenciais, como é o caso do cálcio e fósforo, que será descrito, de
acordo com Loiola (2007).
Os minerais ao contrário das vitaminas, segundo Loiola (2007), não são perecíveis e
persistem até após a morte do animal, onde volta para a terra e continua o seu ciclo.
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Cálcio e Fósforo
O cálcio tem como função a manutenção da rigidez estrutural dos ossos e dentes, é
essencial para a coagulação sanguínea e o funcionamento dos nervos e músculos. Quanto ao
fósforo está envolvido com muitos sistemas enzimáticos, é componente de compostos fosfatos
orgânicos de alta energia, de acordo com Burger (1988).
Um aspecto importante é a relação Cálcio/ Fósforo, para a AAFCO (2008), deve ser de
1,2 parte de cálcio para 1 parte de fósforo, e sua recomendação diária mínima é de 0,5% a
0,9% de cálcio na dieta, e 0,4% a 0,8% de fósforo na dieta.
Segundo Case (1995) pode ser encontrado em legumes, mas em cereais, carnes e
vísceras, contém muito pouco desses nutrientes, e por outro lado peixes, carnes, aves e
vísceras, são boas fontes de fósforos, mas não de cálcio.
Magnésio
Elemento necessário para ossos e músculos, segundo Case (1995), sendo essencial
para o funcionamento normal dos músculos, tecido nervoso, para a metabolização de sódio e
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Esse nutriente pode ser encontrado no leite, peixes, soja, gérmen de trigo e cereais
integrais, de acordo com a AAFCO (2008), indica também, que a quantidade mínima deve ser
de 0,04% na dieta de cães e gatos.
Nos processos de distúrbio, é mais provável que ocorra por toxicidade e não por
deficiência, mas caso ocorra uma deficiência os sinais são fraqueza muscular, ataxia, e
eventualmente convulsões; quanto à toxicidade, pode ser associada à urolitíase estruvita em
gatos, segundo a WCPN (2006).
Potássio
São encontrados dentro das células do organismo, sendo necessária para a transmissão
nervosa, manutenção do balanço hídrico e pelo metabolismo celular, segundo Burger (1988).
Esse elemento está bem difundido pela natureza, de acordo com Grandjean (2003).
Quanto à ingestão diária, para cães e gatos, segundo a AAFO (2008), deve ser de no mínimo
0,6% na sua dieta.
Em relação à deficiência caracteriza pela fraqueza muscular, lesões nos rins e coração,
e crescimento lento, isso pode ocorrer através de diarréia crônica, uso de diuréticos, animais
que já tenha algum problema renal, de acordo com Burger (1988); quanto à toxicidade, pode
ocorrer o hipoadrenocorticismo ou doença de Addison.
Sódio e Cloreto
Em relação aos distúrbios, de acordo com a WCPN (2006), a sua deficiência causa
fadiga, exaustão, inabilidade para manter o equilíbrio de água, redução no consumo de água,
retardamento no crescimento, pele seca e perda de pelo. Seu excesso causa uma maior
ingestão de fluidos, entretanto, a hipertensão não é um problema nessas espécies.
4.4.2. Vitaminas
De acordo com Ferreira (2003), essas substâncias não são sintetizadas pelo organismo,
devendo ser fornecida pela dieta, mas às vezes um organismo é capaz de sintetizar essas
substâncias em pequenas quantidades, porém não são suficientes para suas necessidades
diárias.
Está associada aos lipídios, e sua absorção depende da presença destes. Sua absorção
ocorre no intestino com a facilitação pela ação emulsificante da bile e após serem absorvidas
são transportadas para a circulação e distribuídas para os tecidos sob a forma de um complexo
protéico. Não são facilmente excretadas pela urina, devido a sua insolubilidade, sendo assim,
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são armazenadas no fígado e tecido adiposo, portanto a ingestão excessiva dessas vitaminas
pode levar a efeitos indesejáveis no organismo, segundo Ferreira (2003).
As vitaminas que fazem parte desse grupo são: vitamina A ou retinol, vitamina D ou
D2 - Ergocalciferol ou D3 – Colecalciferol, e vitamina E ou Tocoferóis, segundo Ferreira
(2003).
Vitamina A ou Retinol
De acordo com Case (1995), o beta-caroteno é clivado pela enzima dioxigenase, que
está presente na mucosa intestinal, e o converte para retinal, depois esse retinal é reduzido por
outra enzima para retinol (forma ativa da vitamina A).
Contudo os gatos são deficientes nessa enzima e não conseguem converter o beta-
caroteno em retinol, fazendo com que seja necessária a ingestão de vitamina A pré-formada.
Esta é encontrada em produtos de origem animal, tais como: fígado, carne, peixe, ovos e
produtos lácteos de acordo com Grandjean (2003).
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O desequilíbrio pode causar efeitos indesejáveis nos animais, nas deficiências, geram
anomalias no epitélio escamoso; xeroftalmia; cegueira noturna; maior susceptibilidade a
infecções; cascas nas narinas e descarga nasal; infertilidade em cães adultos. Quanto à
toxicidade (excesso), danos no fígado; doenças ósseas dolorosas resultando em formações de
exocitose óssea e ancilose, principalmente em vértebras cervicais e ossos longos das patas
dianteiras (Burger, 1988).
Vitamina D
Para Burger (1988), existem vários compostos que possuem atividade vitamínica D,
mas os mais importantes são: o ergocalciferol (D2) forma sintetizada a partir dos vegetais
através da irradiação do ergosterol; e o Colecalciferol (D3) extraída naturalmente do óleo de
fígado de peixe, ou a partir da irradiação ultravioleta do 7-deidro-colesterol, presente na pele e
sintetizado a partir do colesterol. Segundo Grandjean (2003) as fontes naturais são os óleos de
fígado de peixe, peixes gordos como a sardinha e o atum, gema de ovo e o leite e seus
derivados, sendo assim, carnes e vegetais praticamente não contem vitamina D.
Quanto a sua toxicidade, pode levar a hipercalemia e como conseqüência, se for por
um período prolongado, causar a deposição de cálcio em tecidos moles, pulmões, rins e
estômago, além de deformações ósseas como a mandíbula, nos dentes, podendo levar o
animal a morte. Em gatos deve-se ter cautela na suplementação dessa vitamina, devido sua
necessidade ser baixas. Burger (1988).
Vitamina E ou Tocoferol
Conhecida como tocoferol, que significa parto, sendo assim denominada devido à sua
capacidade de evitar a reabsorção fetal nos animais; e outra função importante é a de atuar
como antioxidante e mantém a membrana celular estável, e sua função está intimamente
ligada ao selênio, de acordo com Case (1995).
O desequilíbrio não é um processo comum em cães e gatos, mas pode ocorrer. Caso
aja deficiência, em cães, causa distrofia musculatura esquelética, degeneração do epitélio
germinativo dos testículos e problemas na gestação, também pode ocorrer problemas de pele,
como a dermodicose, devido a uma possível supressão do sistema imune, segundo Case
(1995). Em gatos ocorre a panesteatite, ou doença da gordura amarela, trata-se de um
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Vitamina K
Pertencente ao grupo das quinonas, que regulam a formação dos fatores de coagulação
do sangue como a protrombina (fator II). Essa vitamina é importante para ambas as espécies,
e dificilmente ocorre um desequilíbrio desse nutriente, isso porque, suas necessidades podem
ser supridas através da síntese bacteriana intestinal, e somente em condições anormais, como
a redução dessa síntese, ou pela má absorção dessa vitamina por utilização de drogas que
interfiram na absorção intestinal, sendo, nesses casos, necessária a sua suplementação
(Burger, 1988).
Para a WCPN (2006) em relação ao desequilíbrio, caso seja por deficiência, podem
ocasionar hipoprotrombinemia e hemorragias; já a sua toxicidade pode gerar anemia ou outras
anomalias em animais jovens (baixos níveis de protrombina no sangue).
Ácido Ascórbico
Essa vitamina está bem disseminada na natureza, podendo ser encontrada, por
exemplo, nos cítricos (limão e laranja), morango, kiwi e nas bagas, em vegetais verdes, o
fígado em relação aos produtos de origem animal, são os que possuem maio quantidade dessa
vitamina.
Vitamina B1 ou Tiamina
Na forma de pirofosfato de tiamina (TPP) tem como função atuar como coenzima na
carboxilação e descarboxilação do ácido pirúvico e este é um composto chave no
metabolismo dos carboidratos, interligando esse metabolismo a proteína de acordo com
Ferreira (2003).
Na ração o processo de cocção pode inativar essa vitamina e por ação de enzimas
(tiaminases), na preparação da ração, devem ser colocadas quantidades muito altas para que
assegure as necessidades diárias, segundo Burger (1988).
Vitamina B2 ou Riboflavina
Para Burger (1988) suas necessidades podem ser supridas através da síntese
bacteriana, mas na ração deve conter alto teor de hidratos de carbono e baixo conteúdo de
gordura.
Esse nutriente pode ser encontrado em: leveduras, fígado, queijo, ovos e derivados
lácteos, segundo Grandjean (2003).
Em relação ao desequilíbrio, Burger (1988) acredita que sua deficiência está relacionada com
a falta de crescimento celular, gerando lesões oculares, problemas de pele e hipoplasia
testicular; quanto à toxicidade, não há relatos.
Ácido pantatênico
Pode ser encontrado na maioria dos alimentos, segundo Grandjean (2003), mas em
maior quantidade em carnes ovos e produtos lácteos.
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Niacina
Niacina ou ácido nicotínico é componente de duas coenzimas ativas, que são: NAD
(nicotinamida dinucleotídeo) e NADP (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato), que
participam do transporte de elétrons nas reações de óxido-redução da cadeia respiratória,
metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas Ferreira (2003).
Vitamina B6 ou Piridoxina
Essa vitamina inclui três formas, que são a piridoxina, piridoxal e a pirirdoxamina.
Produz a coenzima piridoxal e piridoxamina-fosfato, que participam de quase todos os
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Grandjean (2003), diz que podem ser encontrados em vários tipos de alimentos, como
o gérmen de trigo, carnes e leveduras.
Em caso de deficiência, para Burger (1988) em gatos, pode ocorrer à destruição
irreversível dos rins, com depósito de oxalato de cálcio nos túbulos renais, isso porque a
piridoxina é necessária para a conversão do oxalato em glicina; em cães são observada apenas
dermatites e alopecias; mas para ambos pode ocorrer a perda de peso e anemia. Não é
considerada tóxica.
Biotina
Essa vitamina pode ser encontrada em alimentos como leveduras, fígado, rins e ovos
cozidos, segundo Grandjean (2003).
Quanto ao desequilíbrio, em relação a sua toxicidade, parece não ter relatos; entretanto
a sua deficiência, apesar de não serem comuns, devido à capacidade de síntese das bactérias
intestinais, os animais apresentam: pele seca, escamosa, pelos opacos e quebradiços,
hiperqueratose, prurido e úlceras de pele. A deficiência pode ocorrer por dois motivos, ou pela
utilização de antibióticos ou pela ingestão de clara de ovo crua, que possui uma proteína
chamada avidina, que se liga à biotina tornando-a inativa, essa proteína inativa tanto a biotina
produzida pelas bactérias intestinais, como a dos alimentos, segundo Burger (1988).
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Ácido fólico
Para Ferreira (2003), a forma ativa é o ácido tetraidrofólico que é a forma ativa do
ácido fólico. Tem como função atuar como aceptor de unidades monocarbônica do
metabolismo; e é indispensável em reações metabólicas, tais como: transportador dos radicais
metil e formil; e coenzima fundamental na transferência e síntese de diversos aminoácidos.
Podem ser produzidas através das bactérias existentes no intestino, vísceras e vegetais
verdes, segundo Grandjean (2003).
O distúrbio, em relação à deficiência tem como causa a anemia e leucopenia, devido à
falta de aporte adequado de DNA, impedindo a maturação normal das células vermelhas, de
acordo com a WCPN (2006).
Vitamina B12
Pode ser sintetizada pelas bactérias intestinais quando houver a presença de cobalto,
mas sua absorção somente é possível se houver uma mucoproteína (fator intrínseco)
sintetizada pela mucosa gástrica, quando ocorre à falta desse fator ocorre à chamada de
anemia perniciosa acompanhada pela degeneração neurológica. Segundo Burger (1988) esse
fator ajuda a passagem de vitamina B12 através da mucosa intestinal.
De acordo com Grandjean (2003), esse nutriente pode ser encontrado em produtos de
origem animal, tais como fígado, rins, peixes e carne, quanto aos vegetais, não a possuem.
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Colina
5. CONCLUSÃO
Esse trabalho procurou apontar as principais diferenças entre esses animais de acordo
com pesquisas realizadas nessa área.
Foi observado que gatos possuem maiores necessidades do que os cães, devido a sua
alimentação ser estritamente carnívora.
Pro fim gatos estão num estado constante de gliconeogênese, sendo incapazes de
tolerar uma dieta rica nesses nutrientes.
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6. REFERÊNCIAS
CARCIOFI, A. C. Emprego de fibras em alimentos para cães e gatos. In:V Simpósio sobre
nutrição de animais de estimação, 2005, Campinas, Colégio brasileiro de nutrição animal,
2005. p. 95-108.