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Unidade II
3 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
A confirmação diagnóstica deve ser feita com a análise gasométrica do sangue arterial, que inclui
os valores de PaO2, PaCO2 e pH, que devem ser cuidadosamente interpretados à luz dos achados
clínicos. Dessa forma, o encontro de valores de PaO2 menores do que 60 mmHg ou saturação arterial
de hemoglobina menor do que 90% ou queda nos valores de PaO2 maior ou igual a 10 a 15 mmHg em
relação aos valores de base ou valor de pH menor do que 7,30, associado a um valor de PaCO2 acima
de 50 mmHg, são diagnósticos de insuficiência respiratória.
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Unidade II
CO2
O2
Alvéolo
pulmonar
pO2
pCO2 (104 mmHg)
(45 mmHg)
pCO2
pCO2 (45 mmHg)
(45 mmHg)
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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
• Insuficiência respiratória hipoxêmica (tipo I), na qual existe alteração nas trocas gasosas pulmonares
na região da barreira alvéolo arterial, acarretando hipoxemia.
• Insuficiência respiratória ventilatória (tipo II), em que existe diminuição da ventilação alveolar e
consequente hipercapnia.
A insuficiência respiratória hipoxêmica ocorre quando uma determinada alteração das trocas gasosas
pulmonares, ou mesmo uma associação delas, é suficiente para causar hipoxemia (quadro a seguir).
A hipoxemia decorre dos seguintes mecanismos:
Desequilíbrio V/Q representa distribuição não coincidente entre a perfusão sanguínea capilar e a
ventilação nas unidades pulmonares, estando algumas dessas unidades recebendo desproporcionalmente
alta ventilação (alta V/Q) e outras recebendo desproporcionalmente alta perfusão (baixa V/Q). Nas
unidades de baixa relação V/Q, o O2 alveolar é extraído em alta taxa pelo fluxo sanguíneo capilar, motivo
para diminuição da pressão alveolar de O2. Ocorre, então, uma mistura shunt like entre o sangue pouco
oxigenado, proveniente das unidades de baixa V/Q, com o sangue adequadamente oxigenado das
unidades com V/Q normal, situação conhecida como mistura venosa. O resultado é a hipoxemia.
O desequilíbrio V/Q é a principal causa de hipoxemia na insuficiência respiratória aguda, podendo ser o
fator determinante ou coadjuvante dela. Pacientes portadores de DPOC, asma, doença intersticial/inflamatória
pulmonar, tromboembolismo pulmonar, congestão pulmonar, hipovolemia e hipertensão pulmonar são os
que têm maior possibilidade de desenvolver insuficiência respiratória hipoxêmica por desequilíbrio V/Q.
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Unidade II
Pacientes com edema pulmonar cardiogênico, pneumonia ou atelectasia extensa são os mais
suscetíveis a desenvolver shunt pulmonar direito-esquerdo.
A inalação de alta fração inspirada de O2 (FiO2) não é capaz de corrigir completamente a hipoxemia,
pois a porção do sangue desviado permanecerá sem entrar em contato com o gás alveolar enriquecido
de O2. O encontro desse padrão (pequeno aumento da SaO2 apesar de alta FiO2) aponta fortemente para
a presença de shunt.
Existe uma enorme reserva funcional em relação à difusão, de modo que, em geral, em situação
de cuidados intensivos, esse mecanismo não é isoladamente responsável por hipoxemias graves. A
hipoxemia gerada nos distúrbios de difusão é passível de correção com a suplementação de O2.
Esse fator contribuinte para hipoxemia pode ser revertido com o aumento da oferta de O2 para os
tecidos ou a diminuição do consumo nos estados patológicos.
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3.1.1.5 Atelectasia
Atelectasia pulmonar não é uma doença, mas uma síndrome que pode ocorrer em várias
doenças e que consiste na falta de aeração e consequente colapso de parte ou da totalidade de um
pulmão, devido a um bloqueio dos brônquios ou bronquíolos. O pulmão, ou parte dele, “murcha”.
Além do prejuízo respiratório, também ocorrem diminuição da oxigenação e outros distúrbios
cardiovasculares.
• acúmulo de secreções espessas, formando uma “rolha” que obstrui os brônquios ou bronquíolos;
• a atelectasia também ocorre em seguida a uma anestesia geral, sobretudo depois de cirurgias
efetuadas no tórax ou no abdome superior.
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Unidade II
muitas vezes, confundidos com os da doença causal. As atelectasias demoradas podem acabar gerando
complicações como infecções, dilatações brônquicas e fibrose pulmonar.
O tratamento da atelectasia pulmonar depende da sua causa e tem como objetivo reexpandir o pulmão
colabado. Se houver infecção bacteriana, deve-se usar antibióticos. Os mucolíticos (medicamentos que
facilitam a expectoração) poderão ajudar na eliminação das secreções. A fisioterapia pulmonar pode
contribuir com a mobilização das secreções, e a broncoscopia pode ser usada para a aspiração dessas
secreções. Se a obstrução dos brônquios for motivada pela aspiração de um corpo estranho para as vias
aéreas, a broncoscopia pode ser usada para removê-lo, mas se isso não for suficiente, tem-se de apelar
para a cirurgia. Ela também, em geral, será necessária para a remoção de tumores.
3.1.1.6 Pneumonia
A pneumonia é uma doença na qual os sacos pequenos cheios de ar nos pulmões (alvéolos),
responsáveis por absorver oxigênio da atmosfera, ficam inflamados e inundados com fluido. Pneumonia
é uma doença comum, que afeta todas as faixas etárias, e é uma das principais causas de morte entre
idosos e pessoas cronicamente doentes. Existem vacinas para prevenir alguns tipos de pneumonia.
Pneumonia pode ter várias causas, incluindo infecção por bactérias, vírus, fungos ou parasitas.
Pneumonia também pode resultar de irritação química ou física nos pulmões. Abuso de álcool e outras
doenças médicas, como câncer no pulmão, podem ocasionar pneumonia. A pneumonia ainda pode ter
causa desconhecida, porém o mais comum é que ela seja provocada por invasão de micro-organismo,
geralmente vírus ou bactéria, nos pulmões, que provoca resposta do sistema imunológico à infecção.
Os sintomas associados à pneumonia incluem tosse, dor no peito, febre e dificuldade de respirar. As
pessoas com pneumonia geralmente têm uma tosse que produz catarro esverdeado ou amarelo. Febre
alta pode vir acompanhada de tremores. A falta de ar também é comum, assim como dor no peito
durante respiração profunda ou tosse.
Pessoas com pneumonia podem tossir sangue e experimentar dor de cabeça. Outros sintomas possíveis
são perda de apetite, fadiga, pele azulada, náusea, vômito, alterações de humor, dor nas articulações ou
dores musculares. Em idosos, as manifestações dos sintomas da pneumonia podem não ser típicos. Eles
podem desenvolver confusão ou experimentar falta de equilíbrio, que pode ocasionar quedas. Crianças
pequenas podem ter muitos dos sintomas descritos, contudo, em muitos casos, ficam simplesmente
sonolentas e com menos apetite. Os sintomas de pneumonia requerem avaliação médica imediata.
Se há suspeita de pneumonia baseada nos sintomas e achados encontrados no exame físico feito
pelo médico, mais investigações são necessárias para confirmar o diagnóstico. As ferramentas para
diagnóstico incluem exame do catarro e raios X. Os raios X são geralmente usados para diagnóstico em
hospitais e algumas clínicas com esse instrumento. Ocasionalmente, tomografia computadorizada do
peito ou outros testes podem ser necessários para distinguir pneumonia de outras doenças.
geral. A maioria dos casos de pneumonia pode ser tratada sem hospitalização. Geralmente, antibióticos
orais, descanso e fluidos são suficientes. Entretanto, pessoas com pneumonia que têm problema para
respirar, idosos e aqueles com outros problemas médicos, podem necessitar de tratamento mais avançado.
O edema pulmonar agudo, também chamado de edema agudo do pulmão (EAP), é uma emergência
médica causada pelo extravasamento de água dos vasos sanguíneos para o tecido pulmonar, tornando
a respiração difícil. Na prática, um paciente com EAP comporta-se como se estivesse se afogando.
Ao contrário do que se possa imaginar, os nossos vasos sanguíneos não são tubos impermeáveis, eles
apresentam poros que permitem a saída e entrada de células, bactérias, proteínas e água.
• Aumento da pressão dentro dos vasos sanguíneos: quando a pressão fica muito elevada dentro
dos vasos do pulmão, a água do sangue tende a “sorar” através dos poros, indo se acumular
dentro do tecido pulmonar, principalmente nos alvéolos, que são as estruturas que realizam as
trocas gasosas.
• Aumento da permeabilidade dos vasos: algumas doenças, que serão explicadas a seguir, causam
um aumento nos poros dos vasos sanguíneos, tornando-os mais permeáveis, o que facilita o
extravasamento de água.
A causa mais comum de edema pulmonar é a insuficiência cardíaca. Vamos descrever simplificadamente
a circulação cardiopulmonar para que esse mecanismo fique facilmente compreensível.
O lado esquerdo do coração é o responsável por bombear o sangue rico em oxigênio em direção ao
corpo. Depois de nutrir todos os tecidos, o sangue, agora pobre em oxigênio e rico em gás carbônico,
retorna ao lado direito do coração, sendo imediatamente bombeado em direção aos pulmões. Nos
pulmões, o sangue é novamente oxigenado e retorna para o lado esquerdo do coração, onde será
bombeado em direção ao resto do corpo, reiniciando o processo.
Quando o lado esquerdo do coração se torna fraco, ele passa a ter dificuldade para bombear
adequadamente o sangue para o resto do corpo. Como é o lado esquerdo do coração o responsável
por bombear o sangue vindo dos pulmões, quando a bomba cardíaca falha, há um congestionamento,
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Unidade II
provocando um acúmulo de sangue nos vasos pulmonares. Essa congestão causa um aumento da
pressão sanguínea dentro dos vasos pulmonares, favorecendo o extravasamento de água.
Na insuficiência cardíaca, o edema pulmonar se desenvolve lentamente, a não ser que haja algum
fator que desencadeie uma piora aguda da função do coração.
A Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (Sara) pode ser definida como uma insuficiência
respiratória aguda grave, caracterizada por infiltrado pulmonar bilateral à radiografia de tórax,
compatível com edema pulmonar, hipoxemia grave, pressão de oclusão da artéria pulmonar ou
ausência de sinais clínicos ou ecocardiográficos de hipertensão atrial à esquerda e presença de um
fator de risco para lesão pulmonar.
São considerados critérios para diagnóstico de Sara: pressão arterial pulmonar menor ou igual a 18
mmHg, sem doenças cardíacas pré-existentes e quociente entre a pressão arterial de oxigênio e a fração
inspirada de oxigênio (PaO2/FiO2) menor ou igual a 200.
Além disso, o diagnóstico da Sara pode ser dado por diferentes doenças pulmonares agudas
que não necessariamente apresentam alterações anatomopatológicas. A lesão primária da Sara
está localizada na membrana alvéolo-capilar; as células endoteliais realizam a produção e a
degradação de prostaglandinas, que metabolizam as aminas vasoativas. Essas aminas fazem a
conversão da angiotensina I em angiotensina II. Com a conversão enzimática, o pneumócito tipo
I forra a parede dos alvéolos e altera a troca gasosa. O pneumócito II é caracterizado por produzir
o surfactante. Devido à lesão, teremos uma série de eventos fisiopatológicos que irão resultar no
quadro de insuficiência respiratória aguda.
A fase inicial desse estágio é o período exsudativo, com presença de taquicardia, taquipneia e alcalose
respiratória, seguida por um período de latência. Na fase 2, que tem duração de 6-48 horas após a
lesão, o paciente está clinicamente estável, com presença da hiperventilação, progressão da queda da
PaO2, hipocapnia e aumento do trabalho respiratório. A fase 3 é caracterizada por intensa taquipneia e
dispneia, diminuição da complacência pulmonar, shunt pulmonar elevado e a PaCO2 começa a elevar-se.
Por último, ocorre a fase 4, fase de hipoxemia grave que não responde ao tratamento, lesão pulmonar
gravemente comprometida, com presença de acidose respiratória e metabólica.
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O sintoma inicial é a dispneia, quase sempre acompanhada por uma respiração artificial e rápida e
aumento do trabalho respiratório. Na ausculta, há presença de sons crepitantes ou sibilos nos pulmões.
Devido aos baixos níveis de oxigênio no sangue, a pele pode tornar-se cianótica, característica da
fase aguda da hipoxemia. O achado radiológico é evidenciado por um infiltrado alveolar ou alvéolo
intersticial bilateral.
Os pacientes com síndrome da angústia respiratória aguda são tratados na unidade de terapia
intensiva. Para tanto, há o cuidado para o desenvolvimento da sepse, pneumonia e infecções abdominais.
Para compensação hemodinâmica, existe uma tendência à restrição de volume nos pacientes com Sara,
visando reduzir edema pulmonar.
A utilização da ventilação mecânica na Sara tem como objetivo promover adequada troca gasosa, ao
mesmo tempo em que se evitam a lesão pulmonar associada à ventilação mecânica e o comprometimento
hemodinâmico decorrente do aumento das pressões intratorácicas.
Observação
Fibrose pulmonar (Doença Intersticial Pulmonar – DIP) é uma condição em que gradualmente
o tecido pulmonar, especificamente os alvéolos pulmonares (“sacos” onde se realizam as trocas
de gases nos pulmões), é substituído por uma fibrose cicatricial. Dessa forma, os alvéolos
deixam de funcionar, levando a uma perda irreversível na capacidade dos pulmões. Contudo,
nem toda DIP leva necessariamente à fibrose pulmonar.
Na maioria das vezes, a fibrose pulmonar é causada por uma Doença Intersticial Pulmonar (DIP),
entre as quais se incluem dezenas de doenças que causam inflamação na parte terminal dos pulmões
(alvéolos) e ocasionam cicatrização e fibrose progressivas.
• várias infecções;
• uso de drogas;
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Há também, além dessas, uma fibrose pulmonar idiopática de causa desconhecida, que pode
acometer os dois pulmões. Em alguns raros casos, a fibrose pulmonar idiopática pode ocorrer em vários
membros de uma mesma família e passar de uma geração para a outra.
Observação
Os sinais e sintomas da fibrose pulmonar dependem da extensão das lesões, do ritmo de progressão
da doença e da incidência ou não de complicações (infecções e insuficiência cardíaca, por exemplo). Os
sintomas são de início insidioso, com progressiva dificuldade respiratória durante o esforço e diminuição
da força.
Os outros sintomas mais comuns incluem tosse, perda de apetite e peso, fraqueza e dores
vagas no tórax. Mais tarde, à medida que a concentração de oxigênio no sangue diminui, a pele
pode tornar-se azulada e as pontas dos dedos podem tomar a forma de baqueta de tambor.
O aumento da resistência à circulação pulmonar pode levar a uma insuficiência cardíaca,
determinando o que se denomina cor pulmonale . O baixo suprimento de oxigênio faz acentuar
os sintomas com o esforço, causando falta de ar mais intensa. O estado ofegante, diante de
pequenos esforços, torna-se logo o sintoma mais chamativo. A falta de ar, que inicialmente
é pouco intensa, pode ir se agravando com o passar dos meses, podendo ao fim ocorrer para
atividades mínimas, como vestir-se.
Em alguns casos, a tosse intensa e permanente é outro sintoma chamativo. Como dito, um
abaulamento e aumento de volume das pontas dos dedos (que adquirem a forma de baqueta de
tambor) podem surgir em casos de maior duração. À ausculta pulmonar, pode-se perceber estertores
parecidos com aqueles gerados nas pneumonias ou insuficiências cardíacas e que podem ser
confundidos com eles.
A insuficiência respiratória ventilatória ocorre quando a ventilação alveolar não pode ser mantida
em valores satisfatórios para determinada demanda metabólica, havendo, então, aumento da PaCO2
(quadro a seguir).
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O SNC (drive respiratório) ativa a musculatura respiratória, levando à insuflação pulmonar. A pressão
gerada pela musculatura inspiratória (competência neuromuscular) deve ser suficiente para vencer a
elasticidade do pulmão e da parede torácica (carga elástica), assim como a resistência de via aérea
(carga resistiva). A insuficiência respiratória tipo II pode ocorrer por alterações em três mecanismos
básicos da ventilação, isoladamente ou associados:
• Depressão do drive respiratório, que pode ocorrer na vigência de doenças do SNC (acidente vascular
cerebral, hipertensão intracraniana, meningoencefalites), distúrbios metabólicos (hiponatremia,
hipocalemia, hipo ou hiperglicemia), e por efeito de drogas (opioides, benzodiazepínicos,
barbitúricos, bloqueadores neuromusculares, anestésicos, intoxicações exógenas).
• Aumento da carga ventilatória, ocasionada por distúrbios da caixa torácica, como cifoescoliose,
derrame pleural volumoso e politrauma, associado ou não a pneumotórax, e por alterações das
vias aéreas: asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), queda da língua, corpo estranho,
estenose traqueal, bócio, tumores, edema de glote, traqueomalácia.
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Unidade II
Fatores que podem contribuir para retenção de CO2 na presença de falência ventilatória: aumento
da produção de CO2; shunt direito-esquerdo e ventilação de espaço morto.
A seguir, vamos descrever algumas patologias da insuficiência respiratória ventilatória (tipo II).
Asma
A asma brônquica é uma doença pulmonar frequente e que está aumentando em todo o mundo. Ela
se caracteriza pela inflamação crônica das vias aéreas, o que determina o seu estreitamento, causando
dificuldade respiratória.
As vias aéreas são tubos que dão passagem ao ar. Elas começam no nariz, continuam como
nasofaringe e laringe (cordas vocais) e, no pescoço, tornam-se um tubo largo e único chamado traqueia.
Já no tórax, a traqueia divide-se em dois tubos (brônquios), direito e esquerdo, levando o ar para os
respectivos pulmões. Dentro dos pulmões, os brônquios vão se ramificando e tornam-se cada vez
menores, espalhando o ar.
As pessoas asmáticas reagem demais e facilmente ao contato com qualquer “gatilho” (estímulo). Os
mais comuns são: alterações climáticas, poeira doméstica, mofo, pólen, cheiros fortes, pelos de animais,
gripes ou resfriados, fumaça, ingestão de alguns alimentos ou medicamentos.
A mucosa brônquica, que é o revestimento interno das vias aéreas, está constantemente inflamada
por causa da hiper-reatividade brônquica (sensibilidade aumentada dos brônquios).
Nas crises de asma, a hiper-reatividade brônquica aumenta ainda mais e determina o estreitamento
das vias aéreas. Esse fenômeno leva à tosse, chiado no peito e falta de ar.
De qualquer forma, cerca de um terço de todos os asmáticos possui um familiar (pais, avós, irmãos
ou filhos) com asma ou com outra doença alérgica.
Alguns asmáticos têm como “gatilho” o exercício. Ao se exercitarem, entram em uma crise asmática
com tosse, chiado no peito (sibilância) ou encurtamento da respiração.
Alguns vírus e bactérias causadoras de infecções respiratórias também podem estar implicadas em
alguns casos de asma que se iniciam na vida adulta. A asma brônquica pode iniciar em qualquer etapa
da vida.
Na maioria das vezes, começa na infância e poderá ou não durar por toda a vida.
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Caracteristicamente, nessa doença, os sintomas aparecem de forma cíclica, com períodos de piora.
Dentre os sinais e sintomas principais estão: tosse, que pode ou não estar acompanhada de alguma
expectoração (catarro). Na maioria das vezes, não tem expectoração ou, se tem, é tipo “clara de ovo”;
falta de ar, chiado no peito (sibilância), dor ou “aperto” no peito.
Os sintomas podem aparecer a qualquer momento do dia, mas tendem a predominar pela manhã
ou à noite.
lembrete
A doença pulmonar obstrutiva crônica, ou simplesmente DPOC, é termo usado para um grupo de
doenças pulmonares marcado por obstrução crônica das vias aéreas dentro dos pulmões. Nesse grupo,
duas doenças se destacam por serem responsáveis por quase todos os casos de DPOC na prática médica:
• bronquite crônica;
• enfisema pulmonar.
A doença pulmonar obstrutiva crônica caracteriza-se por uma limitação da passagem de ar pelas vias
respiratórias dentro dos pulmões, principalmente durante a expiração. O ar consegue entrar, mas apresenta
dificuldade para sair, ficando preso dentro dos pulmões. Esse aprisionamento do ar ocorre pela destruição
do tecido pulmonar e perda da elasticidade dos bronquíolos e alvéolos, que acabam por colapsar durante
a fase expiratória do ciclo respiratório. A destruição dos bronquíolos e alvéolos também é responsável pela
perda de capacidade do pulmão em realizar as trocas gasosas, fazendo com que o paciente não consiga
aproveitar o oxigênio respirado, nem expelir adequadamente o gás carbônico (CO2) produzido.
A DPOC costuma ser uma doença progressiva causada por uma resposta inflamatória anormal dos
tecidos pulmonares após exposição crônica a partículas ou gases nocivos, como o fumo. Cerca de 20%
dos fumantes desenvolvem DPOC. Outras causas mais raras de DPOC incluem doenças genéticas, como
deficiência de alfa-1-antitripsina, ou exposição crônica à poeira tóxica, como nos casos de mineração
de carvão, fumaça de soldagem ou fumaça de fogo.
Ao contrário dos quadros de asma comum cuja obstrução só existe durante os períodos de crise,
a obstrução do DPOC é constante e irreversível. Bronquite é um termo que significa inflamação dos
brônquios. Na asma, a bronquite é aguda e reversível. Na DPOC, ela é crônica e permanente. Porém, é
muito comum esses doentes apresentarem episódios de asma sobrepostos a sua doença, ou seja, uma
bronquite aguda em um quadro de bronquite crônica.
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Unidade II
Como a DPOC acomete pessoas mais velhas, o cansaço e a falta de ar ocasionados por esforços são
normalmente atribuídos ao envelhecimento ou ao cigarro, não despertando muita atenção inicialmente.
Conforme a doença progride, a tosse e a expectoração começam a ficar cada vez mais frequentes.
A falta de ar torna-se limitante. A produção de muco e a destruição dos tecidos pulmonares favorecem
o aparecimento de infecções, como pneumonia. O broncoespasmo (chiado no peito) começa a ocorrer
com frequência.
É sabido que a DPOC destrói o tecido pulmonar e dificulta a eliminação do ar respirado, além
da hiperinsuflação, bolhas de ar começam a se formar dentro dos pulmões, podendo ser facilmente
identificados na radiografia de tórax ou tomografia computadorizada (TC) do pulmão.
A DPOC não tem cura, costuma ser uma doença progressiva e é fatal em casos avançados. Portanto,
ainda que haja tratamento visando retardar sua progressão, a única atitude realmente eficaz é a prevenção.
Estenose traqueal
A estenose é a obstrução (fechamento) da região interna da traqueia. Pode ser benigna quando ocorre
devido à formação de um processo cicatricial para dentro da traqueia e que evolui para o fechamento
(oclusão) parcial ou total de sua luz (orifício interno), impedindo que o ar consiga passar através do
local. Uma estenose também pode ocorrer por causa de um tumor benigno ou maligno (câncer).
A estenose de traqueia ocorre, geralmente, após a pessoa ter sido intubada. Por exemplo, quando
alguém, por algum motivo (pneumonia grave, insuficiência respiratória, trauma automobilístico, AVC,
inconsciência e até durante cirurgias com anestesia geral), precisa ser colocado em ventilação invasiva.
O diagnóstico é feito através do exame físico e é confirmado com a endoscopia respiratória. Outro
exame que pode auxiliar no diagnóstico é a tomografia helicoidal.
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A intervenção que atinge os melhores resultados é a cirurgia. O que se faz é a ressecção (retirada)
do tecido estenosado. Para esse procedimento, existem muitas técnicas e táticas complexas, mas que
possibilitam a resolução de 97 a 100% das estenoses de traqueia.
• inspeção e ausculta pulmonar criteriosa; identificar sons anormais, BAN, uso de musculatura
acessória, coloração;
• notificar ao médico.
A seguir algumas intervenções de enfermagem que podem ser aplicadas aos pacientes com
insuficiência respiratória aguda:
• usar luvas para manter a assepsia, quando estiver prestando assistência direta ao paciente;
• usar técnicas assépticas rigorosas ao aspirar as vias respiratórias inferiores, introduzir cateter
urinário de demora, instalar cateter intravenoso e cuidar das feridas;
• colocar o paciente em posição Fowler elevada para reduzir a dificuldade de deglutir e facilitar a digestão;
• sempre que possível, sentar o paciente por um tempo determinado durante as refeições;
A respiração é a principal necessidade do ser humano, pois é nesse momento que ocorrem as trocas
gasosas; sem oxigênio, o corpo não realiza suas funções normais. Quando há a necessidade da ventilação
mecânica, ela é utilizada como suporte de vida. É um dispositivo tecnológico, presente nos hospitais do
mundo, mas que nem todos os profissionais sabem como lidar ou manusear corretamente.
A ventilação mecânica (VM) é um método muito utilizado em unidade de terapia intensiva (UTI). É aplicada
em pacientes com insuficiência respiratória ou qualquer etiologia, ofertando o tratamento da doença de base
pelo tempo necessário para reversão do quadro; portanto, não constitui um procedimento curativo.
O uso da ventilação mecânica teve início com ventiladores por pressão negativa, conhecidos por
“pulmão de aço”. A tecnologia de ventiladores por pressão positiva se deu em 1955, em meio a uma
epidemia de poliomielite.
Temos duas modalidades de ventilação mecânica: a invasiva, que se dá através do TOT, traqueostomia
e cricotomia, e a não invasiva, que faz uso de máscara facial ou máscara nasal.
Os profissionais de enfermagem têm a responsabilidade na atenção aos pacientes que estão sob uso
de ventilação mecânica. Os cuidados contínuos por esses profissionais fornecem subsídios suficientes
para prevenção e identificação dos problemas que estão associados diretamente a essa terapêutica.
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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
Tal responsabilidade se dá pelos cuidados com qualidade e, para isso, é necessário que os enfermeiros
tenham uma ampla compreensão dos princípios da ventilação mecânica, reconhecendo a tolerância
fisiológica específica e as limitações de cada paciente.
Por fim, a insuficiência respiratória leva à necessidade da ventilação mecânica, seja devido a uma
DPOC ou trauma múltiplo (principalmente trauma craniano grave e/ou com secção da medula cervical)
e outros fatores como anestesia geral, cirurgias cardíacas e torapulmonares, em pacientes com aumento
da pressão intracraniana (PIC) ou com disfunções cardíacas, quando há uma exigência funcional da
assistência ventilatória. A finalidade da ventilação mecânica consiste em otimizar alguns aspectos
fisiológicos e clínicos dos pacientes.
• reverter a hipoxemia;
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Unidade II
Os ventiladores mecânicos são classificados em ventiladores por pressão negativa e por pressão
positiva, sendo este último o mais utilizado.
Na ventilação por pressão positiva, a pressão positiva exercida pelo ventilador nas vias aéreas do
paciente tem a função de ampliar a inspiração. Uma das maiores vantagens da ventilação mecânica por
pressão positiva, além da substituição da atividade mecânica da respiração espontânea, é a possibilidade
de permitir uma oxigenoterapia com frações de O2 que podem ser variáveis à necessidade do paciente,
ou seja, uma mistura de gases inalados que atenda às necessidades do paciente e que mais se adeque
às condições terapêuticas.
Os ventiladores ciclados por pressão, tempo, volume e fluxo são os tipos de ventiladores por pressão
positiva. Eles diferem um do outro pela forma como finalizam a etapa de inspiração da respiração.
A ventilação por pressão positiva pode ser invasiva e não invasiva. A opção de cada modalidade
dependerá das necessidades do paciente. A ventilação invasiva fornece oxigênio através de intubação ou
traqueostomia e destina-se a pacientes graves, enquanto a ventilação não invasiva é uma modalidade
que não oferece uma adequação de oxigênio igual à invasiva. Sua utilização se dá, principalmente, em
pacientes que tiveram ou que correm risco de uma lesão neurológica.
A ventilação não invasiva pode ser aplicada por máscaras faciais, nasais ou por formas que
proporcionem a ventilação, sem que haja algum procedimento invasivo. Ela é indicada para pacientes
que não precisem de uma assistência ventilatória intermitente ou por um período superior a vinte horas.
É indicada em especial na insuficiência respiratória aguda ou crônica, hipoventilação devido a uma
obesidade extrema, DPOC e distúrbios respiratórios associados ao sono.
A ventilação não invasiva, além de excluir a necessidade de procedimentos invasivos, evita a sedação,
os riscos de infecção, reduz o tempo da ventilação artificial e oferece mais conforto ao paciente e
melhora as trocas gasosas.
Com a tecnologia na área de ventilação mecânica, há várias modalidades para adequar o ventilador,
dependendo da necessidade do paciente e da interação com o equipamento. Vejamos a descrição das
mais utilizadas:
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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
• Ventilação com pressão de suporte ou PSV (Pressure Support Ventilation): a pressão positiva
das vias aéreas é sincronizada com os esforços inspiratórios espontâneos do paciente. O fluxo
de gás é livre durante toda a fase inspiratória, que termina quando o fluxo inspiratório diminui,
atingindo 25% do valor inicial. O paciente controla a FR, o fluxo, o tempo inspiratório e a
relação I: E. O paciente deve ter um estímulo respiratório íntegro e necessidades ventilatórias
relativamente estáveis.
• Pressão positiva contínua nas vias aéreas ou CPAP (Continuous Positive Airway Pression): o
paciente respira espontaneamente dentro do circuito pressurizado por um ventilador mecânico. A
pressão positiva do aparelho é mantida praticamente constante durante o ciclo respiratório.
A avaliação do enfermeiro é de suma importância, considerando que ele deve saber como monitorar
os diversos ventiladores antes de fornecer o suporte ventilatório mecânico para um paciente. Os
fisioterapeutas são profissionais que compartilham desse conhecimento e, em muitas instituições,
possuem a responsabilidade de controlar o ventilador, mas o enfermeiro precisa saber das implicações
para o paciente do modo e nível do suporte mecânico, fazendo assim uma assistência multiprofissional
com qualidade.
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Unidade II
• Volume corrente (VC): volume de gás fornecido ao doente em cada ciclo respiratório (10-15 ml/
kg peso). Neste modo, evita-se o uso de volumes correntes elevados devido ao grande risco de
lesões pulmonares. Com isso, consegue-se manter pressões médias nas vias aéreas mais baixas,
diminuindo o risco de barotrauma. Manter as pressões de pico maiores de 35 cm H2O aumentam
o risco de barotrauma e de lesão pulmonar relacionada com VM.
• Frequência respiratória (FR): para adultos, utiliza-se uma frequência de 10 a 14 ciclos por
minuto. Mantendo um determinado volume corrente, geralmente a frequência respiratória
do ventilador é ajustada após o controle da PaCO2, por gasometria arterial. Para todos os
fatores, é de bom tom considerar idade, altura e sexo dos doentes e coincidir com a frequência
respiratória normal do doente.
• Relação inspiração/expiração: normalmente 1:2, ou seja, um segundo de inspiração para dois segundos
de expiração. Nos pacientes com obstrução aérea, instabilidade hemodinâmica ou hipertensão
intracraniana, usa-se 1:3. O tempo inspiratório usual para adultos é de um segundo. A inspiração não
deve ser mais longa que a expiração, pois acarretará possíveis defeitos secundários cardiovasculares
prejudiciais, além da dificuldade de retorno venoso e comprometimento hemodinâmico.
• Fluxo máximo: é a velocidade de fluxo do gás por unidade de tempo e expresso em litros por
minuto (40 l/min). Quando a auto-Peep (devido ao tempo inspiratório inadequado) está presente,
o fluxo máximo é aumentado para encurtar o tempo inspiratório, de modo que o paciente possa
expirar totalmente. Contudo, o aumento do fluxo máximo eleva a turbulência, o que se reflete em
pressões crescentes nas vias aéreas.
• Limite de pressão: nos ventiladores ciclados por volume, o mostrador do limite de pressão limita
a pressão mais elevada permitida no circuito do ventilador (3 a 5 cm H2O). Quando o limite
superior da pressão é alcançado, a inspiração se encerra. Portanto, quando o limite de pressão
está sendo constantemente alcançado, o volume corrente determinado não está sendo liberado
para o paciente. Alguns fatores podem estar associados ao limite de pressão aumentado: tosse,
acúmulo de secreções, equipo de ventilador dobrado, pneumotórax, complacência diminuída ou
uma definição de limite de pressão muito baixa.
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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
• Peep (Pressão Expiratória Final Positiva): a Peep foi concebida para melhorar a oxigenação arterial,
mantendo alvéolos abertos durante todo o ciclo respiratório, com poucos efeitos sobre as trocas de
CO2. Ocorre pela manutenção de pressões positivas nas vias aéreas ao fim da expiração, após a fase
inspiratória ter ocorrido a cargo de um ventilador mecânico. Deve ser substituída por uma Peep de
3 cm a 5 cm, salvo contraindicações. Valores maiores de Peep são utilizados na Sara, por exemplo.
• Quando ocorre alarme de volume ou pressão (baixo), ele pode estar relacionado com paciente ou
paciente desconectado do ventilador.
• Diminuição nas respirações iniciadas pelo paciente pode ocorrer por extravasamento. Desse modo,
é de suma importância auscultar o pescoço quanto a possível extravasamento ao redor do balão
do TOT; verificar frequência respiratória, gasometria arterial, última sedação e a perda de conexão
referente ao aparelho ou ao paciente.
• Caso haja alterações no ventilador e o problema não seja solucionado imediatamente, é necessário
ventilar o paciente no reanimador manual (Ambu) até o problema ser resolvido ou substituir o aparelho.
• Para alarme de alta pressão ou de pressão máxima, verificar se há alguma relação com o paciente,
complacência diminuída, equipo cheio de água ou excesso de secreção no paciente.
• A ventilação mecânica invasiva, como o próprio nome diz, é um procedimento invasivo que
traz significativas repercussões sobre os vários órgãos e sistemas do paciente submetidos à
ela, bem como está diretamente relacionada a complicações frequentes, algumas podendo ser
potencialmente fatais.
47
Unidade II
• Na via aérea artificial: extubação acidental; intubação seletiva; edema de glote; hemorragia;
pneumotórax; trauma (no ato da intubação e/ou pela pressão exercida pelo balonete; dobra;
estenose; paralisia das cordas vocais; traqueomalácia (flacidez no tecido cartilaginoso traqueal,
distensão da parede membranosa posterior e redução do calibre anteroposterior das vias aéreas).
Como salientado anteriormente o paciente que precisa de suporte respiratório também necessita
de cuidados de enfermagem fundamentais. O enfermeiro tem conhecimento suficiente para contribuir
em vários fatores, como redução de custos hospitalares, duração da internação e mortalidade nos
pacientes com problemas respiratórios. Para isso, é preciso que o enfermeiro implemente intervenções
que impeçam ou minimizem as complicações.
A seguir, apontamos algumas intervenções que podem colaborar para a assistência com qualidade
do paciente em ventilação mecânica:
• Verificar e controlar a existência de conexão entre o ventilador e a rede de gás, bem como os
pontos do circuito e tubo endotraqueal ou cânulas de traqueostomia.
• Atentar-se no momento de mobilizar o paciente, não realizando manobras bruscas para evitar
obstrução do circuito e desconexões do ventilador, causando danos ao estado clínico do doente.
• Atentar-se ao circuito, que deve estar livre de água, ou qualquer outra substância para evitar
infecções respiratórias.
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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
• Estar atento aos alarmes sempre que ocorram. Manter ajustados os limites máximo e mínimo
programados para os alarmes.
• Realizar aspiração do paciente toda vez que houver necessidade e que essa aspiração seja efetiva.
• Controlar a oxigenação (PaCO2 e SaO2); os valores mínimos considerados para a PaO2 e SaO2 são,
respectivamente, 60 mmHg de 90 a 92%.
• Identificar a umidificação dos gases, pois eles corroboram para a diminuição dos eventos de hipotermia
e melhoram a viscosidade das secreções, colaborando na expectoração. Quando a umidificação não
é controlada adequadamente, há destruição do epitélio das vias aéreas e atelectasias. A temperatura
das misturas gasosas deve ser de aproximadamente 33°C. Os níveis de água, máximos e mínimos,
devem ser respeitados, além da limpeza dos umidificadores diariamente.
• Avaliar a pressão do balonete. Uma pressão elevada do balonete pode provocar lesões na laringe e na
traqueia. Sua pressão baixa causa a ventilação inadequada ao paciente, podendo trazer problemas
irreversíveis, como lesões neurológicas por hipoxemia severa. O enfermeiro é o responsável por evitar
tal ocorrência. A pressão do balonete deve ser inferior a 30 mmHg, devendo ser verificada, por, no
mínimo, a cada 6 horas. O vazamento é detectado pela ausculta da região cervical.
Com o advento de novas e mais acuradas técnicas diagnósticas, de modo notório as troponinas, e
um melhor conhecimento do processo fisiopatológico que leva à isquemia miocárdica aguda, o IAM
com supradesnível do segmento ST deixou de ser a apresentação clínica mais comum, cedendo espaço
às outras duas, agrupadas sob o nome de SCA sem supradesnível do segmento ST.
Apesar da diferenciação da SCA em três formas clínicas, todas dividem, na maioria dos casos,
o mesmo substrato fisiopatológico da ruptura da placa aterosclerótica e consequente trombose
superposta, produzindo isquemia miocárdica aguda. Entretanto, em alguns pacientes, o fenômeno
isquêmico decorre de prolongada redução do fluxo coronário por vasoespasmo arterial localizado
ou difuso ou por trombose aguda, na ausência de substrato aterosclerótico angiograficamente
visível. O conhecimento desses processos é importante não só para o adequado tratamento da
SCA como também para sua prevenção.
A placa aterosclerótica é formada de maneira básica por um lago lipídico na camada íntima da
artéria. A integridade da capa fibrosa é mantida por meio da síntese contínua de colágeno e elastina,
que fortalecem a capa contra a tensão gerada na luz da artéria coronária pela pressão arterial e o shear
stress (estresse gerado pelo fluxo sanguíneo sobre o endotélio).
O processo inflamatório é tão importante na SCA que a proteína C reativa, uma citocina
pró‑inflamatória produzida pelo fígado, prediz maior gravidade ao paciente quando aumentada em sua
concentração plasmática, ao contrário da interleucina-10, uma citocina anti-inflamatória que, quando
elevada, indica melhor prognóstico.
O tempo entre o início dos sintomas e a chegada ao hospital é uma variável relacionada de modo
direto à morbimortalidade de pacientes com SCA, principalmente naqueles com IAM com supra de ST.
Diversos estudos mostraram que, quanto mais precoce for o diagnóstico e instituído o tratamento, melhor
será o prognóstico dos pacientes. A mortalidade pode ser reduzida em até 50% se o tratamento com
fibrinolíticos for iniciado em até 1 hora após o início dos sintomas em pacientes com IAM com supra de
ST. Nos pacientes com SCA sem supra de ST, a rapidez no diagnóstico e, por consequência, no tratamento,
favorece a contenção do processo trombóticoisquêmico e a sua evolução para IAM com supra de ST e/ou
morte súbita.
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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
4.1.2 Tratamento
Embora inúmeros avanços na terapêutica da SCA tenham ocorrido nas últimas duas décadas,
resultando em importante impacto na morbimortalidade, o atraso no início do tratamento ainda é um
grande obstáculo para o aproveitamento desses ganhos.
O manejo do paciente com SCA deve ter como enfoque os seguintes itens:
• fornecer atenção integral ao paciente em local apropriado para responder às possíveis complicações.
51
Unidade II
Visto que aproximadamente a metade das mortes no IAM ocorre na primeira hora após o início
dos sintomas e que estas se devem à fibrilação ventricular, torna-se imperativo acoplar o paciente de
imediato ao monitor de ECG, obter um acesso venoso periférico e dispor de um desfibrilador.
A oxigenioterapia suplementar (2 a 4 l/min) deve ser ofertada por meio de máscara ou cateter
nasal aos pacientes com dispneia ou queda da saturação de oxigênio. Nos pacientes sem alterações
respiratórias ou sinais de hipoxemia, a oferta de oxigenoterapia pode ser opcional.
A utilização imediata da terapia de recanalização coronária só tem sido demonstrada como eficaz
em termos de redução da mortalidade nos pacientes com IAM com supra de ST.
A angioplastia primária continua a oferecer melhores resultados do que os fibrinolíticos, mesmo nas
situações em que o paciente precisa ser transferido de hospital para a realização do procedimento, desde
que o tempo para o transporte até o laboratório de intervenção coronária que fará o procedimento não
ultrapasse 90 minutos.
4.1.2.2 Antiplaquetários
Dessa forma, a aspirina deve ser dada precocemente a todo paciente com suspeita de SCA que
não tenha qualquer contraindicação maior ao seu uso (hipersensibilidade, discrasia sanguínea, úlcera
péptica em atividade).
52
ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
4.1.2.3 Antitrombínicos
As heparinas são os mais antigos e mais utilizados antitrombínicos na prática clínica e, por seu efeito
de inibir a formação e evolução de trombos, reduz a chance de oclusão (nos casos em que a artéria
coronária não está completamente obstruída) ou reoclusão (quando ocorre recanalização coronária
espontânea ou produzida por fibrinolítico ou angioplastia). Por isso, seu uso é recomendado tanto para
os pacientes com IAM com supra de ST (com ou sem terapia de recanalização coronária) como para
aqueles com SCA sem supra de ST.
A heparina não fracionada é a mais barata, porém exige uso de equipamentos para administração
endovenosa – incluindo a bomba infusora – e requer controle da anticoagulação por meio da medida
periódica do tempo de tromboplastina parcial, que deve ser mantido entre 1,5-2,5 vezes o valor basal.
As heparinas de baixo peso molecular possuem particularidades favoráveis a seu uso, como fácil
administração, excelente biodisponibilidade por via subcutânea, efeito farmacocinético previsível e
meia-vida prolongada, o que torna desnecessária a monitorização laboratorial da anticoagulação pelo
tempo de tromboplastina parcial. Além disso, apresenta baixíssima taxa de plaquetopenia, complicação
relativamente comum observada com o uso da heparina não fracionada.
A utilização das heparinas está indicada em todos os pacientes com SCA sem supra de ST, desde
que não haja contraindicação (sangramento ativo, úlcera péptica ativa ou recente, acidente vascular
cerebral recente, trauma craniano recente e discrasias sanguíneas).
4.1.2.4 Betabloqueadores
Durante a evolução do processo de necrose e fibrose miocárdica no IAM com supra de ST, inicia‑se
o fenômeno deletério de remodelamento ventricular. Os Ieca têm a propriedade de intervir no
desenvolvimento das alterações estruturais que levam à dilatação ventricular e remodelamento da
cavidade. Além disso, seu uso em pacientes com IAM causou redução da mortalidade e de desenvolvimento
de insuficiência cardíaca a médio prazo nesses pacientes.
53
Unidade II
4.1.2.6 Nitratos
Os nitratos agem tanto no leito arterial quanto no venoso. Ao realizar vasodilatação arterial,
reduzem a pós-carga, enquanto no leito venoso diminuem a pré-carga. Consequentemente,
também reduzem o trabalho cardíaco, diminuindo o consumo miocárdico de oxigênio. Ao promover
vasodilatação coronariana, também aumentam a oferta de oxigênio ao músculo isquêmico, de
modo particular naqueles pacientes nos quais o processo vasoespástico coronário tem um papel
fisiopatológico preponderante. Essas ações, além de minimizarem o processo isquêmico, produzem
melhora da dor anginosa.
Deve ser usado de maneira cautelosa em pacientes com bradicardia abaixo de 50 bpm e
pacientes taquicárdicos.
4.1.2.7 Estatinas
As estatinas, por meio da sua ação inibitória da enzima HMGCoA redutase que causa diminuição da
concentração plasmática de LDL-colesterol, são comumente usadas para o tratamento das dislipidemias.
Esses fármacos exercem efeitos anti-inflamatórios, na função endotelial e na coagulação (efeitos
pleiotrópicos), sugerindo possível ação favorável na estabilização das placas ateroscleróticas, no
processo trombótico e na disfunção endotelial. Visto que o processo inflamatório que gera instabilidade
e ruptura da placa aterosclerótica culpada ocorre também de forma simultânea em diversas outras
placas presentes na circulação arterial, sugere-se que as estatinas possam ser benéficas na estabilização
desse processo inflamatório difuso.
4.2 Arritmias
Uma arritmia é um distúrbio do batimento ou ritmo cardíaco, como batimento muito rápido, muito
lento ou irregular. Quando o coração bate mais rápido que o normal, o paciente tem aquilo que os
médicos chamam de taquicardia. Quando acontece o contrário, ou seja, quando os batimentos são mais
lentos do que deveriam, o caso é de bradicardia.
Muitas vezes, o paciente pode ter batimentos cardíacos irregulares, sem representar necessariamente
um padrão, seja ele mais rápido, seja mais lento que o normal.
• Fibrilação atrial ou palpitação: o ritmo dos batimentos cardíacos é, em geral, rápido e irregular.
• Taquicardia atrial multifocal: forma rara de arritmia que acomete pacientes com DPOC, diabetes,
insuficiência cardíaca e pós-operatório com anestesia geral.
• Fibrilação ventricular: arritmia grave, os ventrículos apenas tremulam e não se contraem de forma
adequada, fazendo com que o sangue não bombeie para fora do coração.
As arritmias são causadas, basicamente, por problemas com o sistema elétrico de condução do
coração. Outras áreas do sistema elétrico também podem enviar sinais. No entanto, em algumas ocasiões,
esses sinais não são capazes de se mover tão facilmente ou, até mesmo, completamente.
Diversas razões podem levar à arritmia cardíaca: ataque cardíaco (infarto); desgaste do tecido do coração
decorrente de um infarto anterior; cardiomiopatia e outros distúrbios do coração; artérias bloqueadas
(doença da artéria coronária); hipertensão; diabetes; hipertireoidismo; fumo; alcoolismo; consumo
exacerbado de cafeína; uso de drogas; estresse; alguns medicamentos; choque elétrico e poluição do ar.
55
Unidade II
Muitas vezes, a arritmia não manifesta nenhum sintoma. Acontece muito, por exemplo, de o médico
descobrir a arritmia antes mesmo do paciente, durante exames de rotina.
• falta de ar;
• tontura;
• desmaio;
• palidez;
• sudorese.
Se o diagnóstico não for possível por meio desses exames, o médico poderá pedir outros: exame de
estresse (o teste ergométrico ou de esteira); tilt teste; estudo eletrofisiológico.
56
ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
Quando a arritmia é grave, é necessário tratamento urgente para restaurar o ritmo normal do
coração. Isso pode ser:
• medicações intravenosas;
• podem ser utilizados medicamentos para evitar a recorrência de uma arritmia ou interromper
uma arritmia. Esses medicamentos são denominados drogas antiarrítmicas.
Algumas delas têm efeitos colaterais e nem todas as arritmias respondem bem à medicação.
Em último caso, o paciente poderá ser submetido à cirurgia. Há dois procedimentos cirúrgicos
disponíveis para tratar arritmia. Um deles ocorre por meio de cirurgia cardíaca aberta (embora seja
muito raramente utilizado hoje em dia). O outro, mais comum, é a ablação por cateter. Neste, a arritmia
pode ser corrigida por meio de uma microcirurgia, por meio da qual são realizados dois furos de agulha
na perna e são introduzidos cateteres muito finos que vão até o coração para curar a arritmia.
Lembrete
• minimizar a ansiedade;
• realizar ECG;
57
Unidade II
A parada cardiorrespiratória (PCR), situação inesperada que acontece de forma súbita, ocorre por
deficiência absoluta de oxigenação tissular, por ineficácia circulatória ou cessação da função respiratória.
De acordo com Bellan e Araujo (1999), a parada cardíaca súbita é o acontecimento com maior
índice de mortalidade na Europa, nos Estados Unidos da América (EUA) e no Canadá. No solo brasileiro,
as doenças relacionadas ao aparelho circulatório são as principais causas de mortes, somando (32%),
seguidas de causas externas (15%) e de neoplasias (15%).
Os sintomas mais comuns são: a perda da consciência, apneia, ausência de pulso e dos batimentos
cardíacos e midríase. O paciente em PCR pode aguardar até 5 minutos e ser revertido sem maiores
danos. Porém, a demora no atendimento em um tempo superior a este poderá acarretar lesões cerebrais
irreversíveis e/ou a morte. As intervenções durante a ressuscitação devem ser realizadas, não apenas
rapidamente, mas eficientemente.
• níveis muito baixos de potássio e magnésio no sangue. Esses minerais desempenham papel
importante para os sinais elétricos do coração;
58
ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
• processos infecciosos;
• trauma.
Fibrilação Ventricular (FV) e Taquicardia Ventricular (TV) sem pulso: principais causas de PCR
no adulto. Esse distúrbio do ritmo cardíaco é ocasionado por contrações desordenadas e inefetivas
das células cardíacas. É o distúrbio do ritmo cardíaco mais comum nos primeiros dois minutos de PCR
no adulto.
Evolui, rapidamente, para assistolia caso não sejam estabelecidas medidas de RCP. O único tratamento
disponível para o controle desse distúrbio do ritmo cardíaco é a desfibrilação.
Não existe base científica que comprove a eficácia de qualquer medicação antiarrítmica em reverter
a FV/TV sem pulso. As medicações podem ser utilizadas como auxiliares, facilitadoras, para que o estímulo
elétrico possa reverter o ritmo para sinusal.
Atividade Elétrica sem Pulso (Aesp): nesse ritmo existe a presença de atividade elétrica no músculo
cardíaco, porém os batimentos não são eficazes e não há circulação sanguínea.
Assistolia: corresponde à ausência total de qualquer ritmo cardíaco. É a situação terminal, não
sendo indicada a desfibrilação.
A principal causa de assistolia é a hipóxia, o que justifica as ofertas de oxigênio e ventilação efetivas
como prioritárias no atendimento.
Evidências cada vez mais contundentes apontam que a identificação de assistolia deva corresponder
ao término dos esforços.
59
Unidade II
4.3.3 Desfibrilação
É constituída pela aplicação de corrente elétrica contínua, no tórax, através do coração, em seu
maior eixo, cuja finalidade é promover a despolarização simultânea do maior número possível de células
cardíacas. Espera-se que, como o nó sinusal é o primeiro a se despolarizar, ele assuma o comando quando
as células se repolarizarem após a desfibrilação. A desfibrilação só deve ser utilizada na FV/TV sem pulso.
O diagnóstico deve ser feito com a maior rapidez possível e compreende a avaliação de três
parâmetros: responsividade, circulação e respiração.
• responsividade: deve ser investigada com estímulo verbal e tátil. O estímulo verbal deve ser
efetuado com voz firme e em tom alto, que garanta que a vítima seja capaz de escutar o socorrista.
O estímulo tátil deve ser firme.
• circulação: deve ser investigada no sítio carotídeo por ser o último a desaparecer e o primeiro a
ser restabelecido em uma situação de instalação e reversão de PCR.
• respiração: realiza-se a manobra de desobstrução das vias aéreas. Existem duas manobras básicas
para isso: hiperextensão da cabeça e elevação da mandíbula. Ambas são eficazes, embora a
primeira seja proibitiva na possibilidade de trauma cervical.
Lembrete
De acordo com as novas diretrizes no atendimento da PCR de 2015, elaboradas pela Sociedade
Americana do Coração (AHA – American Heart Association), durante a compressão torácica deve ser
aplicada uma pressão suficiente para deprimir o esterno em cerca de 5 cm e retirar subitamente a
compressão, permitindo o retorno da parede torácica. Manter uma frequência mínima de 100 compressões
por minuto. Iniciar a RCP com 30 compressões e 2 ventilações. Após 5 ciclos de compressão-ventilação,
verificar a presença de pulso.
Nas novas diretrizes de RCP 2015, A Sociedade Americana do Coração (AHA – American Heart
Association) eliminou do procedimento “ver, ouvir e sentir se há respiração”. A respiração será verificada
quando o socorrista examinar a responsividade do paciente.
Esse choque é a incapacidade do miocárdio em realizar o débito cardíaco eficaz para proporcionar a
demanda metabólica do organismo, caracterizando uma situação de hipoperfusão tecidual.
Para que o choque cardiogênico seja clinicamente evidente, como reforçam alguns estudos,
é necessário que ocorra perda de 40% da massa ventricular, podendo ser por IAM ou eventos
crônicos que se perpetuem ao longo do desenvolvimento da insuficiência cardíaca. A incidência
do choque cardiogênico, no IAM, atinge cerca de 5 a 10% da população e a mortalidade é
superior a 70%.
• IAM.
• Lesões valvares.
• Miocardites.
• Contusão miocárdica.
• Rejeição ao transplante.
coronariana e orgânica. A queda do fluxo coronariano acomete ainda mais a função cardíaca,
que contribui para a diminuição do DC, agravando a lesão isquêmica e consequentemente as
necessidades metabólicas do organismo. Instala-se um ciclo vicioso grave que leva à perda de
mais massa muscular cardíaca.
Ocorre descarga simpática, elevada à medida que os baroceptores (seio carotídeo e arco aórtico)
são estimulados pela queda da pressão arterial. Na tentativa de aumentar o DC, FC e contratilidade
miocárdica, ocorre a liberação da epinefrina e norepinefrina (mecanismo compensatório) e a presença
de vasoconstrição, além da ativação do sistema renina-angiotensina e aldosterona, com aumento da
retenção de água e sal.
O baixo fluxo sanguíneo tecidual traz a hipoxemia acentuada, com dano celular e tecidual irreversível;
os mecanismos compensatórios tornam-se ineficazes, levando à falência múltipla dos órgãos.
Reperfusão
• Trombólise
• Angioplastia
Obstrução
coronária
• Cirurgia
Inotrópicos
Perda de massa
contrátil
Suporte
circulatório Transplante Choque
mecânico Vasopressores
S.D.M.O.
SDMO – síndrome da disfunção de múltiplos órgãos AVP – arginina vasopressina – mecanismos fisiopatológicos
RAA – retina angiotensina aldosterona ECA – enzina conversora de angiotensina – abordagem terapêutica
62
ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
• Pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou 30 mmHg abaixo do nível normal do paciente em repouso.
• Taquicardia.
• Pele fria, pálida e pegajosa.
• Taquipneia.
• Estase jugular.
• Pulso filiforme.
• Creptações pulmonares.
• Presença de terceira e quarta bulha na ausculta cardíaca.
• Cianose.
• Alteração do estado mental.
4.4.2 Tratamento
O uso de fármacos vasoativos tem o intuito de restaurar e manter o DC, melhorar a contratilidade
cardíaca e diminuir o trabalho do coração.
Outra forma de tratamento é a assistência circulatória mecânica cardíaca; sua indicação é para as situações
em que não é possível a manutenção do DC eficaz para atender às necessidades metabólicas do organismo.
Um balão-cateter (balão intra-aórtico – BIA, como vemos na figura a seguir) é inserido na artéria aorta torácica
descendente, através da artéria femural. Esse procedimento poderá ser realizado na beira do leito.
Alguns pacientes são submetidos à reperfusão coronária por meio da administração de trombolíticos
ou por reperfusão mecânica, a angioplastia coronária. Ambos os tratamentos requerem a limitação do
63
Unidade II
dano miocárdio através da recanalização da artéria coronária acometida, o que ocasiona melhora da
função ventricular, estabilização elétrica e contribui para a queda da taxa de mortalidade, desde que
sejam instituídos esses procedimentos precocemente.
Sístole
Diástole
• monitorização hemodinâmica;
• controle hídrico;
64
ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
Chamamos de insuficiência renal a condição na qual os rins perdem a capacidade de efetuar suas
funções básicas. A insuficiência renal pode ser aguda (IRA), quando ocorre súbita e rápida perda da
função renal, ou crônica (IRC), quando a perda é lenta, progressiva e irreversível.
Insuficiência renal aguda é a perda súbita da capacidade dos rins filtrarem resíduos, sais e líquidos
do sangue. Quando isso acontece, os resíduos podem chegar a níveis perigosos, afetando a composição
química do sangue, que pode ficar fora de equilíbrio.
Também chamada de lesão renal aguda, a insuficiência é comum em pacientes que já estão no
hospital com alguma outra condição. Pode desenvolver-se rapidamente ao longo de algumas horas ou
mais lentamente, durante alguns dias. Pessoas que estão gravemente doentes e necessitam de cuidados
intensivos estão em maior risco de desenvolverem insuficiência renal aguda.
Insuficiência renal aguda pode ser fatal e requer tratamento intensivo. No entanto, pode ser
reversível. Tudo depende do estado de saúde do paciente.
• sonolência;
• falta de fome;
• falta de ar;
• fadiga;
• confusão;
65
Unidade II
• náusea e vômitos;
Às vezes, insuficiência renal aguda não causa sinais ou sintomas e é detectada através de testes de
laboratório realizados por outra razão.
O tratamento provavelmente será focado naquilo que está causando a insuficiência renal e, por isso,
poderá variar. Por exemplo, o paciente pode precisar restaurar o fluxo de sangue para os rins, parar todos
os medicamentos que estão causando o problema ou remover uma obstrução no trato urinário.
No entanto, existem algumas recomendações que são gerais para o tratamento da insuficiência
renal aguda.
Mudanças na dieta
Deverá ser feita uma restrição alimentar e de líquidos. O objetivo é reduzir a acumulação de toxinas
que são normalmente eliminadas pelos rins. Uma dieta rica em carboidratos e pobre em proteínas, sal e
potássio é geralmente recomendada.
Medicamentos
Antibióticos podem ser prescritos para tratar ou prevenir todas as infecções que podem estar
causando ou agravando a insuficiência renal. É possível usar diuréticos para ajudar os rins a eliminar
líquidos. Cálcio e insulina podem ser receitados para ajudar a evitar uma acumulação perigosa de
potássio no sangue.
Diálise
Esse procedimento envolve o desvio de sangue para fora do corpo em uma máquina que filtra os
resíduos. O sangue limpo é então devolvido ao corpo. Se os níveis de potássio são perigosamente altos,
a diálise pode salvar vidas. A diálise pode ser necessária, mas não é sempre necessária. É usada se houver
mudanças em seu estado mental ou se o paciente parar de urinar. A diálise também pode ser exigida
em casos de pericardite, uma inflamação do coração, e pode ajudar a eliminar resíduos de produtos de
nitrogênio do corpo.
A insuficiência renal crônica é uma doença caracterizada pela perda lenta e continuada da função
dos rins, provocando progressivo acúmulo de toxinas no sangue.
66
ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
Os rins são órgãos responsáveis por diversas funções no nosso organismo, entre as principais
podemos citar:
• Eliminação de toxinas.
• Controle do pH do sangue.
• Produção de vitamina D.
O paciente com insuficiência renal crônica apresenta deficiências em cada uma dessas funções, o
que ocasiona sérios problemas de saúde em fases avançadas da doença.
Como a instalação da insuficiência renal crônica costuma se dar de forma lenta, o nosso organismo
tem tempo para ir se adaptando ao mau funcionamento dos rins, fazendo com que não tenhamos
sinais ou sintomas até fases bem tardias da doença. A principal característica da IRC é que ela é uma
doença silenciosa.
Muitas pessoas acham que podem identificar um rim doente pela dor ou pela diminuição do volume
de urina. Nada mais falso. O rim apresenta pouca inervação para dor e por isso só dói quando está
inflamado ou dilatado. Como na maioria dos casos de insuficiência renal crônica nem um nem outro
ocorrem, o paciente pode muito bem descobrir que precisa de diálise sem nem sequer ter sentido uma
única dor renal na vida.
O volume de urina também não é um bom indicador da saúde dos rins. Ao contrário da insuficiência
renal aguda (IRA), na qual a redução da produção de urina é um fator quase sempre presente, na
insuficiência renal crônica, como a perda de função é lenta, o rim adapta-se bem, e a capacidade de
eliminar água mantém-se estável até fases bem avançadas da doença. Na verdade, a maioria dos
pacientes que precisam entrar em diálise ainda urina pelo menos 1 litro por dia. Portanto, na maioria
dos casos, até fases bem avançadas da doença, a insuficiência renal crônica não causa nenhum
sintoma ou sinal.
67
Unidade II
Os pacientes com IRC em fases avançadas podem apresentar anemia e agravamento dos valores da
pressão arterial e edemas dos membros inferiores. Quando o rim entra em fase terminal, os sintomas
que surgem são cansaço aos esforços, náuseas e vômitos, perda do apetite, emagrecimento, falta de ar,
hálito forte (com cheiro de urina) e edemas generalizados.
Como não há sintomas até fases avançadas da doença, a insuficiência renal crônica só pode ser
detectada precocemente através de análises laboratoriais.
O exame utilizado para tal fim é a dosagem sanguínea da ureia e da creatinina. A creatinina é o
melhor marcador da função renal. Quando os rins começam a perder função, seus valores sanguíneos
se elevam (creatinina e ureia).
Exames de urina também são úteis, pois é muito comum pacientes com doença renal apresentarem
perdas de proteínas ou sangramento na urina.
A ultrassonografia dos rins também é um exame importante, pois ela mostra a morfologia renal,
podendo indicar se os rins já têm sinais de atrofia. Todavia, é vital ressaltar que uma ultrassonografia
renal sem alterações de modo algum é suficiente para se descartar a hipótese de IRC. Sem o valor da
creatinina não se pode afirmar nada.
Os dois rins filtram, em média, 180 litros de sangue por dia, mais ou menos 90 a 125 ml por minuto.
Essa é a chamada taxa de filtração glomerular, ou clearance de creatinina.
Os estágios da insuficiência renal crônica são divididos de acordo com a taxa de filtração glomerular,
que pode ser estimada por meio dos valores da creatinina sanguínea. Existem diversas fórmulas
matemáticas para se estimar o grau de funcionamento dos rins a partir dos valores da creatinina. Hoje
em dia, a maioria dos laboratórios já fazem esse cálculo automaticamente quando se solicita a dosagem
da creatinina.
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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
A insuficiência renal é muitas vezes uma doença progressiva, com piora da função ao longo dos
anos. Alguns fatores como diabetes e hipertensão mal controlados aumentam o risco de rápida perda
de função dos rins.
• IRC estágio I – pacientes com clearance de creatinina maiores que 90 ml/min, porém com alguma
das doenças descritas (diabetes, hipertensão, rins policísticos etc.)
Os pacientes que possuem uma ou mais dessas doenças têm sempre algum grau de lesão renal,
que, no entanto, podem ainda não se refletir na capacidade de filtração do sangue. São pacientes com
função renal normal, sem nenhum tipo de sintoma, mas sob alto risco de deterioração da função renal
a longo prazo.
Pacientes com creatinina normal, mas com alterações no exame de urina, com sinais de sangramento
ou perda de proteínas na urina, também entram nesse estágio.
• IRC estágio II – pacientes com clearance de creatinina entre 60 e 89 ml/min. Esta pode ser chamada
de fase de pré-insuficiência renal. São pessoas com pequenas perdas da função dos rins, sendo o
estágio mais precoce de insuficiência renal.
Como os rins vão perdendo função naturalmente com a idade, muitos idosos podem ter função
renal um pouco reduzida. Essa queda de função é simplesmente um sinal de envelhecimento dos rins.
Portanto, encontrar idosos com critérios para IRC estágio II é extremamente comum.
Se o paciente não tiver nenhuma doença que ataque os rins, como diabetes ou hipertensão, essa
ligeira perda de função renal não acarreta maiores problemas a médio/longo prazo.
No estágio II, o rim ainda consegue manter suas funções básicas, e a creatinina sanguínea ainda se
encontra muito próxima da faixa de normalidade. Contudo, é importante ressaltar que esses pacientes
correm maior risco de agravamento da função renal se expostos, por exemplo, a drogas tóxicas aos rins,
como anti-inflamatórios ou contrastes para exames radiológicos.
• IRC estágio III – pacientes com clearance de creatinina entre 30 e 59 ml/min. Esta é a fase de
insuficiência renal crônica declarada. A creatinina já se encontra acima dos valores de referência,
e as primeiras complicações da doença começam a se desenvolver. O rim já tem reduzida a sua
capacidade de produzir a eritropoetina, hormônio que controla a produção de hemácias (glóbulos
vermelhos) pela medula óssea, levando o paciente a apresentar anemia progressiva.
Outro problema que começa a surgir é a lesão óssea. Os pacientes insuficientes renais apresentam
uma doença chamada osteodistrofia renal, que ocorre pela elevação do PTH e pela queda na produção
de vitamina D, hormônios que controlam a quantidade de cálcio nos ossos e no sangue. O resultado final
é uma desmineralização dos ossos, que começam a ficar fracos e doentes.
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Unidade II
O estágio III é a fase na qual os pacientes devem iniciar tratamento e ser acompanhados por um
nefrologista, pois, a partir deste ponto, costuma haver progressão relativamente rápida da insuficiência
renal se não houver tratamento adequado.
• IRC estágio IV – pacientes com clearance de creatinina entre 15 e 29 ml/min. Esta é a fase pré-
diálise, momento em que os primeiros sintomas começam a aparecer e as análises laboratoriais
evidenciam várias alterações.
O paciente apresenta níveis elevados de fósforo e PTH, anemia estabelecida, pH sanguíneo baixo
(aumento da acidez no sangue), elevação do potássio, emagrecimento e sinais de desnutrição, piora
da hipertensão, enfraquecimento ósseo, aumento do risco de doenças cardíacas, diminuição da libido,
diminuição do apetite, cansaço etc.
Devido à retenção de líquidos, o paciente pode não notar o emagrecimento, já que o peso pode se
manter igual ou até mesmo aumentar. O paciente perde massa muscular e gordura, mas retém líquidos,
podendo desenvolver pequenos edemas nas pernas.
Nessa fase, o paciente já deve começar a ser preparado para entrar em hemodiálise, sendo indicada
a construção da fístula arteriovenosa.
• IRC estágio V – pacientes com clearance de creatinina menor que 15 ml/min. Esta é a chamada
fase de insuficiência renal terminal. Abaixo dos 15-10 ml/min, o rim já não desempenha funções
básicas e o início da diálise está indicado. Neste momento é que os pacientes começam a sentir
os sintomas da insuficiência renal, chamados sintomas de uremia.
Apesar de ainda conseguirem urinar, o volume já não é tão grande e o paciente começa a desenvolver
grandes edemas. A pressão arterial fica descontrolada e os níveis de potássio no sangue ficam elevados, a
ponto de poderem causar arritmias cardíacas e morte. O paciente já emagreceu bastante e não consegue
comer bem. Sente náuseas e vômitos, principalmente na parte da manhã. Cansa-se com facilidade, e a
anemia, se já não estiver sendo tratada, costuma estar em níveis perigosos.
Se a diálise não for iniciada, o quadro progride; aqueles que não vão a óbito por arritmias cardíacas
podem evoluir com edema pulmonar ou alterações mentais, como desorientação, crise convulsiva e
até coma.
Quando realizado ultrassom dos rins, estes normalmente já se apresentam atrofiados, com
tamanhos reduzidos.
Lembrete
Alguns pacientes conseguem chegar até o estágio V com poucos sinais e sintomas. Muitas vezes, o
primeiro e único sintoma da insuficiência renal terminal é a morte súbita.
70
ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
Para o paciente com afecções do sistema renal com ou sem estado dialítico, seguem alguns cuidados
de enfermagem:
• Evitar a constipação.
• Estimular dieta rica em fibras, lembrando-se do teor de potássio de algumas frutas e vegetais.
71
Unidade II
• Ajustar o esquema de tal modo que se possa conseguir o repouso após a diálise.
• Oferecer pequenas refeições a cada 3 horas com a finalidade de reduzir as náuseas e facilitar a
administração de medicamentos.
• Estimular o reforço para o sistema de apoio social e mecanismos de adaptação para diminuir o
impacto do estresse da doença renal crônica.
O tratamento da insuficiência renal em cuidados intensivos tem mudado muito nos últimos anos. As
técnicas são variadas e as opiniões divergem. Os métodos contínuos representam um grande avanço no
tratamento dos doentes, sobretudo pela grande vantagem da possibilidade de uma maior estabilidade
hemodinâmica e um aporte nutricional eficaz.
• Hemofiltração contínua.
• Diálise peritoneal.
Considera-se a hemodiálise intermitente como um método que utiliza o transporte baseado na difusão
de solutos e fluidos através de membranas de cuprofano e de celulose acetato. As novas membranas
que usam polisulfonas, poliacrilonitrito ou poliamido como material básico são mais permeáveis que
as antigas membranas da HD intermitente e têm maior possibilidade de tirar moléculas de maior peso
molecular, aumentando a clearance de moléculas de peso molecular médio.
O tratamento convencional com diálise (hemodiálise intermitente e diálise peritoneal) é cada vez
menos usado nos doentes de cuidados intensivos com IRA. Pelo contrário, cada vez mais são usadas as
técnicas contínuas de substituição da função renal, baseadas na hemofiltração e que oferecem vantagens:
72
ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
O tratamento com hemofiltração leva a um grau de purificação do sangue muito útil em doentes
com sepses e com mediadores humorais em circulação, havendo quem defenda que eles são retirados
da circulação sanguínea com esses métodos.
Qualquer dos mecanismos permite a remoção de água, eletrólitos e outros solutos de baixo peso
molecular pelo princípio de convecção (CAVH e CVVH); adicionalmente, a utilização de infusão de líquido
de diálise confere o componente dialítico à técnica (CAVHD/CAVHDF e CVVHD/CVVHDF).
Ultrafiltração contínua lenta (SLUF) é o processo contínuo de remoção de fluidos através de uma
membrana semipermeável. Habitualmente executa-se com graus de ultrafiltração (UFR) menores que 8
ml/min. Não se usa líquido de substituição.
73
Unidade II
Hemofiltração venovenosa contínua (CVVH) é a hemofiltração contínua com a ajuda de uma bomba
de sangue. Essa bomba garante adequado fluxo de sangue para manter graus de ultrafiltração (UFR)
adequados. O acesso venoso é usualmente a veia subclávia, jugular ou femoral, usando um cateter de
duplo lúmen.
Hemodiálise arteriovenosa contínua (CAVHD) é a remoção contínua de fluidos com difusão de toxinas
urémicas para um dialisador estéril. O fluxo de sangue é espontâneo, através de um shunt AV ou de um
cateterismo femoral de uma artéria e de uma veia. O fluxo do fluido de diálise (QD) é habitualmente
mantido entre 15-35 ml/min. O fluxo de sangue e o fluxo do fluido de diálise são em contracorrente
para maximizar a difusão.
Hemodiálise venovenosa contínua (CVVHD) é hemodiálise contínua com a ajuda de uma bomba de
sangue e utilizando acesso venoso.
Hemodiafiltração arteriovenosa contínua (CAVHDF) é o mesmo que CAVHD, mas com maiores UFR,
em que é colocada no pós-filtro uma bomba que infunde soluto de hemofiltração, de modo a compensar
as perdas excessivas de fluidos no UF.
Hemodiafiltração venovenosa contínua (CVVHDF) é o mesmo que CVVHD, mas com maiores UFR,
utilizando uma bomba para infusão de soluto de hemofiltração de modo a compensar as perdas
excessivas de fluidos. Método de escolha em doentes críticos e hemodinamicamente instáveis.
Anastomose
arteriovenosa
Veia Artéria
Veia Artéria cefálica braquial
Veia
basílica
Veia
Artéria Veia
Prótese
Anastomose
com prótese
Artéria
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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
Líquido de diálise
cheio de toxinas
Líquido de
diálise limpo
Sangue
concentrado
de toxinas
Figura 18 – Processo de saída do sangue, passagem no dialisador (filtro) e retorno do sangue filtrado
A proporção de água na constituição dos diferentes órgãos e tecidos varia amplamente, desde 3%
no esmalte dentário até mais de 73% nos músculos estriados e tecido nervoso central.
75
Unidade II
Fala-se em terceiro espaço quando a água, eletrólitos e proteínas são deslocados para locais que
normalmente não estariam, como acontece no edema e na ascite.
Existem inúmeras substâncias envolvidas na água. Entre elas estão os eletrólitos, que são substâncias
quimicamente ativas, com cargas positivas (cátions) ou negativas (ânions), com papel fundamental para
o funcionamento das células e condutividade elétrica celular.
Água e eletrólitos estão em equilíbrio dinâmico entre os vários compartimentos separados entre si
por membranas semipermeáveis, o que significa que permitem o transporte da água (osmose) entre os
compartimentos.
Os eletrólitos também se movimentam através das membranas, seja de forma passiva, como acontece
nos canais de sódio e hidrogênio, seja de forma ativa (com gasto de energia – ATP), como acontece na
bomba de sódio e potássio.
Dentro das células, os eletrólitos predominantes são: potássio e fosfato. Fora das células, os eletrólitos
predominantes são: sódio e cloro.
Para manter a composição ideal para o bom funcionamento do organismo, o corpo conta com os
mecanismos dos rins, pulmões, glândulas paratireoides e hipófise.
• Coração: é responsável por bombear o sangue em pressão suficiente para que haja perfusão renal
adequada e formação de urina.
• Pulmões: mantêm o equilíbrio através da perda de água e de CO2 que acontece com a respiração.
• Rins: responsáveis por filtrar 180 litros de plasma por dia e produzirem 1 a 2 litros de urina.
Contribuem significativamente para o equilíbrio através da excreção ou retenção seletiva de
líquidos e de eletrólitos.
• Glândula suprarrenal: produz aldosterona, que provoca perda de sódio e água e retenção de potássio.
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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
4.8.2.1 Hiponatremia
É definida como a concentração de sódio, no soro, inferior a 136 mEq/l. Pode ser resultado da
deficiência corpórea do sódio, diluição por excesso de água ou uma combinação dos dois fatores. A
causa mais comum é a excreção ineficiente de água frente ao excesso de administração (frequentemente
induzida iatrogenicamente). Se a capacidade renal de excretar água é menor do que a ingestão, ocorre
diluição dos solutos no organismo, provocando hiposmolalidade e hipotonicidade.
A hiponatremia é causada pela hiperlipidemia ou pela hiperproteinemia, fazendo com que os níveis
séricos de sódio diminuam; a osmolalidade é normal. A verdadeira hiponatremia é hipotônica, podendo
existir volume diminuído, normal e aumentado. Se existir hipovolemia e a correção for feita por solução
hipotônica, ocorrerá hiponatremia. A hiponatremia com hipovolemia ocorre nos estados edematosos.
4.8.2.2 Hipernatremia
É definida quando o sódio plasmático ultrapassa 145 mEq/l. A concentração sérica de sódio e,
consequentemente, a osmolalidade sérica são controladas pela homeostase da água, que é mediada
pela sede, vasopressina e rins. A causa mais comum é a restrição de água ou o diabetes insipidus, em
muitas ocasiões de origem desconhecida, levando à perda de 10 litros de água livre por dia (poliúria).
77
Unidade II
Concentração plasmática do íon potássio em excesso – acima de 5,0 mEq/l. É menos frequente que
a hipocalemia, sendo mais danosa, pois a parada cardíaca está ligada aos níveis elevados de potássio. A
causa principal é a insuficiência renal não tratada, resultando em uma menor excreção renal de potássio
seguida de hipoaldosteronismo e doença de Addison. Classifica-se como leve (5,5 a 6 mEq/l), moderada
(6,1 a 6,9 mEq/l) e grave (7 mEq/l).
As causas mais comuns para esse distúrbio são: insuficiência renal aguda, doença de Addison,
acidose, transfusões e hemólise, lesões por esmagamento de membros e outras causas de degradação
de proteínas, grande ingestão de K+ frente à insuficiência renal, entre outras.
A causa mais comum da distribuição ineficaz do potássio intracelular é a alcalose, seja ela respiratória,
seja metabólica. Os verdadeiros déficits de potássio resultam de perdas gastrointestinais ou renais,
raramente de perdas pelo suor.
4.8.2.5 Hipocalcemia
Refere-se à concentração sérica de cálcio abaixo do normal. Há múltiplos fatores para que isso
ocorra: perda de tecido da paratireoide após tireoidectomia; hipoparatireoidismo idiopático; insuficiência
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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
4.8.2.6 Hipercalcemia
Esse distúrbio é marcado por níveis de cálcio elevados no plasma. É um desequilíbrio perigoso,
com índice de mortalidade de 50% se não for corrigido prontamente. As causas mais comuns para
esse distúrbio são: hiperparatireoidismo; neoplasias (carcinoma, leucemia, linfoma, mieloma múltiplo);
sarcoidose; intoxicação por Vitamina D e A; hipo e hipertireoidismo; insuficiência adrenal; repouso
prolongado no leito e uso de lítio.
A crise hipercalcêmica ocorre quando o cálcio está acima de 17mg/dl. É caracterizada por sede
intensa e poliúria, fraqueza muscular, náusea incontrolável, cólicas abdominais, obstipação ou diarreia,
úlcera péptica e dor óssea. Pode ocorrer letargia, confusão mental e coma, que pode resultar em parada
cardíaca.
4.8.2.7 Hipofosfatemia
A concentração sérica de fosfato abaixo do normal (2,5 md/dl) pode ser causada em pacientes
desnutridos para os quais é reiniciada a terapia alimentar após um longo tempo de jejum; mas acontece,
principalmente, em pacientes de terapia intensiva que fazem uso constante de nutrição parenteral.
4.8.2.8 Hiperfosfatemia
É caracterizada por níveis sanguíneos de fosfato maiores que 4,5 md/dl. Tem como causas principais
o aumento ou desvio de fosfato para o espaço extracelular e diminuição da excreção desse íon.
4.8.2.9 Hipermagnesemia
Ocorre quando há níveis elevados de magnésio (acima de 2,5 mEq/l), comumente em pacientes com
insuficiência renal, cetoacidose diabética não tratada, insuficiência adrenocortical, doença de Addison,
hipotermia. Essa elevação deprime o sistema nervoso central e a junção neuromuscular periférica. A
maioria dos casos de hipermagnesemia é decorrente de iatrogenias; sem a presença de insuficiência
renal, ela raramente aparece. Algumas dessas iatrogenias advêm do tratamento com sulfato de magnésio,
intoxicação com o lítio, entre outras.
79
Unidade II
4.8.2.10 Hipomagnesemia
Ocorre quando o magnésio fica com valor abaixo do normal (<1,5 mEq/l). Está associado a
hipocalcemia e hipocalemia. Os pacientes gravemente enfermos, como os de terapia intensiva, com
muita frequência apresentam esse tipo de distúrbio.
Suas causas são as mais diversas, como desnutrição e suprimento parenteral reduzido, perdas
gastrointestinais como em fístulas, queimaduras, hipotermia, sepse. Pode ser encontrado no alcoolismo
crônico em associação com delirium, cirrose, pancreatite, acidose diabética, jejum prolongado, diarreia,
má absorção, aspiração gastrintestinal prolongada, diurese exagerada, hiperaldosteronismo primário e
hiperparatireoidismo, particularmente depois de paratireoidectomia e quando largas doses de vitamina
D e cálcio são consumidas.
É a concentração de íons de hidrogênio (H+), que determina se a solução é ácida, básica ou neutra.
A escala de pH mede a quantidade de acidez ou alcalinidade de fluídos. Numa escala de 1 a 14, um
pH de 7 é neutro. Qualquer nível abaixo de 7 é considerado ácido; acima de 7, alcalino. O pH normal do
fluído extracelular varia de 7,35 a 7,45, sendo considerado, então, levemente alcalino. A variação normal
que dará apoio à vida é de 6,8 a 7,8.
A acidose metabólica pode resultar tanto do acúmulo de muitos subprodutos ácidos do metabolismo
quanto da perda do bicarbonato. Processos metabólicos anormais como diabetes, insuficiência ou
deficiência renal e o choque produzem acidose metabólica através do acúmulo de ácidos no corpo.
A perda de bicarbonato em excesso se dá na insuficiência renal, diarreia grave através das ileostomia,
fístulas intestinais ou biliares e outros estados críticos.
É causada, basicamente, por hiperventilação, que pode ser consequência de estados de ansiedade,
febre e falta de O2. Algumas drogas podem estimular o centro respiratório e ocasionar a hiperventilação.
Os sintomas comuns incluem dor de cabeça, tontura, parestesia, formigamento das pontas dos
dedos e ao redor da boca e tetania; estão relacionados com o aumento da irritabilidade neuromuscular.
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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
É causada por qualquer condição que interfira na liberação normal de dióxido de carbono dos
pulmões. Enfisema, bronquite, pneumonia e asma são condições que interferem no transporte normal
de gases através da membrana pulmonar. Sedativos, narcóticos (morfina) ou trauma cerebral podem
afetar o centro respiratório na medula de modo a interferir na respiração.
• pH – 7,35 a 7,45
• pCO2 – 35 a 45 mmHg
• HCO3 – 22 a 26 mEq/1
• BE – aproximadamente 3 mEq/1
Um dos cuidados que a equipe de enfermagem deve atentar-se ao paciente com alteração da função
renal é o equilíbrio hídrico eletrolítico. Para tal, vejamos algumas orientações:
81
Unidade II
• Pesar diariamente.
Resumo
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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA E FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
Exercícios
Questão 1. (Enade 2010) Um paciente com infarto agudo do miocárdio, também portador de
DPOC, foi internado em clínica médica com história de pneumonia, apresentando hipertermia (38 ºC),
taquipneico e sinais de insuficiência respiratória. Considerando-se esse caso, avalie os procedimentos
listados a seguir:
I – A remoção de secreção das vias aéreas é importante, pois secreções retidas interferem com a
troca gasosa.
II – A frequência cardíaca do paciente com pneumonia diminui devido à sobrecarga imposta pelo
trabalho ventilatório e pela hipertermia.
IV – Se o paciente com pneumonia não conseguir tossir para eliminar secreções, ele deve ser
encorajado a repousar, até que se sinta em condições de mudar de decúbito e tossir.
V – A oxigenoterapia em baixo fluxo é fundamental para o paciente com DPOC, pois aumenta o nível
de PO2.
A) II e V.
B) I, II, e V.
C) I, III e V.
E) I, III, IV e V.
I) Afirmativa correta.
Justificativa: as secreções retidas interferem com a troca gasosa e geralmente provocam a resolução
lenta da doença, portanto, dois dos cuidados a serem realizados são a umidificação e a fluidificação da árvore
brônquica por meio das nebulizações para liquefazer as secreções e melhorar a ventilação.
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Unidade II
Justificativa: a frequência cardíaca do paciente com pneumonia é reduzida. Paciente com DPOC na
fase mais avançada da doença, além da hipoxemia, pode não conseguir mais eliminar adequadamente o
gás carbônico, condição chamada de hipercapnia. Associadas, elas pioram a falta de ar e podem causar
diminuição do nível de consciência e confusão mental.
Justificativa: a ingesta hídrica deve ser encorajada de 2 a 3 litros por dia, pois a hidratação adequada
solubiliza e liquefaz as secreções pulmonares e repõe as perdas hídricas que resultam da febre, diaforese
e dispneia. Esses pacientes deveriam ser encorajados a manter atividade física regular e um estilo de
vida saudável. A atividade física poderá impedir que secreções pulmonares fiquem retidas.
Justificativa: se o paciente com pneumonia não conseguir tossir para eliminar secreções, ele deve
ser encorajado a repousar para conservar energia, até que se sinta em condições de mudar de decúbito
e tossir, de modo a evitar o esforço excessivo e a possível exacerbação dos sintomas. O paciente deve
ser colocado em posição semi-Fowler e encorajado a mudar de decúbito, o que evitará o acúmulo de
secreção no pulmão.
V) Afirmativa correta.
Questão 2. (AL-SP 2010) A insuficiência renal crônica (IRC) é uma doença de elevada morbidade e
mortalidade. Para minimizar a progressão da IRC nos indivíduos portadores, recomenda-se:
A) Controlar níveis séricos de ácido úrico, evitar uso de anti-inflamatórios não hormonais e manter
dieta hipoproteica.
B) Realizar exercícios físicos regulares, controlar pressão arterial em níveis de até 145/80 mmHg e
utilizar somente anti-inflamatórios não hormonais.
C) Manter dieta hipossódica, evitar os exames radiológicos com contrastes iodados e o uso de
inibidores de enzima de conversão de angiotensina.
D) Combater a obesidade, a hiperglicemia em indivíduos diabéticos e manter dieta hiperproteica.
E) Controlar níveis séricos de colesterol, evitar uso de anti-inflamatórios hormonais e proibir a
utilização de estatinas.