Você está na página 1de 20

F UNDAMENTOS S ÓCIO-H ISTÓRICOS

DA É TICA P ROFISSIONAL S ERVIÇO


Cristiane Gonçalves de Souza
Flavio José Souza Silva
Leandro Rocha da Silva
Mariana Souza Campos
Samya Katiane Martins Pinheiro
CAPÍTULO 5 - ÉTICA DO SERVIÇO SOCIAL NA
ATUALIDADE
Samya Katiane Martins Pinheiro
Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Explicar o código de ética profissional vigente, destacando as principais diferenças em relação aos códigos
anteriores.
• Explicar o processo de construção de um ethos profissional e o significado de seus valores, evidenciando as
implicações ético-políticas no exercício profissional.

Tópicos de estudo
• Ética do Serviço Social na atualidade.
• O código de ética de 1993.
• Fundamentos filosóficos e ontológicos do ser social.
• Princípios fundamentais.
• Sigilo profissional.
• A regulamentação do exercício profissional.
• Lei de Regulamentação do Serviço Social – Lei nº 8.662, de 1993.
• Atribuições privativas do/a assistente social.

Contextualizando o cenário
A partir da década de 1960, o Serviço Social latino-americano repensou as bases de constituição da profissão por
meio do movimento de reconceituação. Apesar de suas diversas vertentes, partiu-se da perspectiva crítica que
propunha questionamento ao conservadorismo e à pretensão da “neutralidade” política, em articulação com os
interesses das classes subalternas.

Todo o processo que culminou na ruptura do serviço social com o conservadorismo não se esgotou no atual código
de ética profissional, haja vista que tal processo é constituído por um vasto contexto de construção coletiva,
imbricado de determinações históricas e políticas. Diante desse cenário, cabe o seguinte questionamento: quais
são os avanços contidos no atual Código de Ética do Serviço Social e por que ele é tão emblemático para a
profissão?

5.1 O código de ética de 1993


A intenção de ruptura do serviço social com o conservadorismo, no Brasil, contextualizava-se no processo de
democratização da sociedade e do Estado. Pela primeira vez, a profissão se conectava às projeções societárias
pertinentes às classes subalternas e exploradas, em meio ao processo de afirmação protagonista da classe
trabalhadora sob a ditadura.
ASSISTA
Assista ao vídeo Projeto Serviço social: memórias e resistências contra a ditadura (CFESS
VIDEOS, 2014), que reúne alguns depoimentos de assistentes sociais que tiveram seus direitos
violados pelo Estado brasileiro no período da ditadura militar.

Contudo, foi no cenário de abertura política e de efervescência das lutas sociais, após o fim da ditadura militar e
durante a abertura democrática advinda da promulgação da Constituição Federal de 1988, que se pôdeidentificar
no Serviço Social a gênese da construção de um projeto profissional comprometido com os interesses das classes
trabalhadoras. A natureza relacional do ser social deixava de ser percebida em sua imediaticidade com a
apreensão dialética da realidade.

Fonte: © YuliyaChsherbakova / / Shutterstock.

Esse foi o momento de consolidação do projeto ético-político do serviço social, quando a profissão passou a
propor o estabelecimento de estratégias de enfrentamento e de questionamento ao projeto vigente. Foram
construídos novos referenciais teórico-metodológicos a partir da teoria social de Marx e um dos resultados desse
processo foi o Código de Ética do Serviço Social, em 1993.
5.1.1 Fundamentos filosóficos e ontológicos do ser social

A ruptura do serviço social com o pensamento conservador na década de 1980 proporcionou “[...] um novo ethos,
marcado pelo posicionamento de negação do conservadorismo e de afirmação da liberdade” (BARROCO, 2009, p.
209). Assim, os princípios e valores expressos atualmente no código de ética dos assistentes sociais se
consolidaram gradativamente no cotidiano profissional, por meio da recusa ao tradicionalismo e da incorporação
dos novos referenciais éticos.

O compromisso com as classes trabalhadoras como valor ético traz a afirmação do trabalho enquanto categoria
central na formação do homem. Segundo Barroco (2010, p. 200), esse recurso à ontologia do ser social aponta o
compromisso do serviço social com os “[...] valores ético-políticos emancipadores referidos à conquista da
liberdade”. O diagrama a seguir ilustra que essa liberdade se difere da liberdade burguesa, que “[...] supõe a
desigualdade; vincula a posse de bens materiais à felicidade, numa sociedade fundada na propriedade privada dos
meios de produção e do trabalho” (BARROCO, 2010, p. 203).

Liberdade defendida pelo serviço social

A ética profissional pós-ruptura com o conservadorismo, tem como aparato a ontologia do ser social, cujo trabalho
é fundante das relações sociais. “É mediante o processo de trabalho que o ser social se constitui, se instaura como
distinto do ser natural, dispondo de capacidade teleológica, projetiva, consciente; é por esta socialização que ele
se põe como ser capaz de liberdade” (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012b, p. 22). A esse respeito,
Barroco (2010, p. 201) ressalta que:

Ao indicar a centralidade do trabalho na (re)produção da vida social, o Código revela a base objetiva de
constituição das ações ético-morais: as capacidades que, desenvolvidas a partir da práxis, objetivam a
sociabilidade, a consciência, a liberdade e a universalidade do ser humano-genérico.

A partir disso, os princípios fundamentais estabelecidos no código de ética profissional, como a liberdade como
valor ético central e capacidade humano-genérica, visam à superação dos limites impostos pela sociedade
capitalista, bem como, a equidade e a justiça social, que são princípios relacionados à democracia e à cidadania
em uma perspectiva de transformação social. Logo, esse código se vincula uma perspectiva que vai de encontro à
hegemonia da ordem vigente, visando a uma nova ordem societária.
5.1.2 Princípios fundamentais

A ética no serviço social está articulada a valores éticopolíticos, como a liberdade, a justiça social e a democracia, e
ao conjunto dos direitos humanos das classes trabalhadoras, assim como aos direitos inerentes aos segmentos
sociais que sofrem discriminação, como o segmento LGBTQ+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros,
transexuais, queer e intersexuais).

Um dos princípios fundamentais do código de ética da profissão é o “[...] reconhecimento da liberdade como valor
ético central e das demandas políticas a ela inerentes – autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos
sociais” (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012b, p. 23, grifos nossos).

PAUSA PARA REFLETIR


O que é a liberdade à qual o código de ética se refere?

Essa liberdade tem como horizonte a emancipação plena dos sujeitos sociais. Ou seja, a elevação dos indivíduos à
sua dimensão humano-genérica, reconhecendo-se que a liberdade e emancipação pressupõem a realização das
potencialidades e da capacidade humana, em que o ser humano tenha possibilidades concretas de escolha. Esse
aspecto, muitas vezes, não é perceptível no contexto das classes subalternizadas em decorrência da privação de
acesso aos bens materiais que poderiam satisfazer a suas necessidades básicas.

Outro princípio é a “[...] defesa intransigente dos direitos humanos e a recusa do arbítrio e do autoritarismo”
(CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012, p. 23, grifos nossos). Esse aspecto demanda que os assistentes
sociais estabeleçam estratégias de enfrentamento às múltiplas expressões da questão social, independentemente
de religião, etnia, gênero, orientação sexual etc. Assim, todo e qualquer ser humano tem direito de ser atendido na
lógica da equidade.

Os princípios seguintes tratam da “[...] ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de
toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras” e da “[...]
defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza
socialmente produzida” (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012b, p. 23, grifos nossos).

Assim como a liberdade, a cidadania e a democracia também são valores conectados ao capitalismo, contudo,
nesse código, a democracia aparece como a organização política que permite o acesso aos direitos individuais e
coletivos essenciais e para o exercício da cidadania, entendida a partir do pressuposto de que o indivíduo possa
exercer os direitos civis e políticos e se expressar livremente, desde que não interfira nos direitos da coletividade.
Fonte: © KC Jan / / Shutterstock.

Por sua vez, o princípio que remete à equidade se posiciona a favor da justiça social, em uma perspectiva “[...] que
assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua
gestão democrática” (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012b, p. 23). Barroco (2010) destaca que essa
equidade pressupõe coerência no que se refere ao acesso aos direitos sociais, de forma que sejam observadas as
necessidades de cada indivíduo, considerando que, embora iguais, cada sujeito tem particularidades específicas
em relação a suas demandas.

O princípio seguinte defende o “[...] empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o
respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças”
(CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012b. p. 23, grifos nossos).

DICA
Leia a série de cadernos Assistente Social no Combate ao Preconceito do Conselho Federal de
Serviço Social (2016), que orienta os profissionais a compreenderem criticamente as variadas
situações de preconceito que podem se apresentar em seu cotidiano.

Nesse sentido, a não discriminação contra os segmentos sociais excluídos da sociedade, como a população
LGBTQI+, negros, índios e demais grupos, é um dever dos assistentes sociais. Isso implica dizer que a defesa dos
direitos inerentes a essa população deve estar imbricada ao exercício profissional.

Outro princípio é a “[...] garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas
existentes e suas expressões teóricas, e o compromisso com o constante aprimoramento intelectual” (CONSELHO
FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012b, p. 24, grifos nossos). Esse princípio rompe com o passado da profissão e sua
lógica da ética da neutralidade. Conforme Barroco (2010), desse modo, a profissão se posiciona, no campo das
forças sociais, em defesa da democracia e da liberdade.

O princípio seguinte determina a “[...] opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de
uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero” (CONSELHO FEDERAL DE
SERVIÇO SOCIAL, 2012b, p. 24, grifos nossos).
Na perspectiva contra-hegemônica à ordem vigente, é necessária a “[...] articulação com os movimentos de outras
categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos/as trabalhadores/as”
(CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012b, p. 24), principalmente quando a compreensão de democracia do
código prevê a ultrapassagem da sociedade burguesa. O código de ética constitui uma articulação entre os
projetos societários e profissionais. Segundo Barroco e Terra (2014), o estabelecimento das mediações entre
projetos societários e o projeto profissional oferece respostas objetivas ao exercício profissional, ainda que no
limite do sistema capitalista.

Fonte: © Juliana F Rodrigues / / Shutterstock.

Outro princípio se refere ao “compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o
aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional” (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO
SOCIAL, 2012b, p. 24, grifos nossos). Por fim, o código estabelece o “[...] exercício do Serviço Social sem ser
discriminado/a, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião,
nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, idade e condição física” (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO
SOCIAL, 2012b, p. 24, grifos nossos).

Fonte: © Gustavo Frazao / / Shutterstock.


Em suma, o código de ética profissional do serviço social vincula a profissão a um projeto societário de ruptura
com a ordem social capitalista e estabelece elementos norteadores para um exercício profissional pautado na
defesa da liberdade enquanto valor ético central. Isso supõe uma intervenção profissional baseada nos
fundamentos éticos para superar os juízos de valor presentes nos mais diversos espaços sócio ocupacionais.

5.1.3. Sigilo profissional

O sigilo profissional envolve não só os assistentes sociais, como também os usuários dos espaços socio-
ocupacionais em que esses profissionais estão inseridos. Barroco e Terra (2014, p. 91) afirmam que "[...] é parte da
ética profissional a preservação do usuário de todas as informações que lhe digam respeito, mesmo que elas não
lhe tenham sido reveladas diretamente". Nesse sentido, é direito do usuário participar ativamente das decisões
que dizem respeito a sua vida, seja em um simples encaminhamento ou em outras intervenções afins.

AFIRMAÇÃO
"[...] o sigilo protegerá o/a usuário/a em tudo aquilo de que o/a assistente social tome
conhecimento, como decorrência do exercício da atividade profissional” (CONSELHO FEDERAL
DE SERVIÇO SOCIAL, 2012b, p. 35).

No caso de trabalho multidisciplinar, as informações a serem prestadas devem observar os limites necessários. O
diagrama a seguir ilustra que tanto o assistente social quanto a equipe multidisciplinar que atua com ele devem
atuar em consonância com o sigilo profissional.

Sigilo profissional dos profissionais do serviço social


Os assistentes sociais podem usar meios de comunicação, como telefones, e-mails, aplicativos de mensagens e
outras ferramentas para repasse de dados entre as equipes de profissionais ou na articulação com a rede de
serviços, mas sempre cuidando para não incorrer em quebra do sigilo.

Fonte: © Starostov / / Shutterstock.

O código de ética veda aos assistentes sociais a quebra do sigilo profissional, sendo admissível apenas em
situações cuja gravidade envolva fato delituoso ou traga "[...] prejuízo aos interesses do/a usuário/a, de terceiros
/as e da coletividade" (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012b, p. 35). É pertinente salientar que, caso
necessária alguma revelação, ela deverá ser feita somente dentro do que for estritamente necessário.

5.2 A regulamentação do exercício profissional


A Lei n. 8.662/1993 dispõe sobre a profissão de assistente social e, em articulação com o Código de Ética e com as
Diretrizes de Bases Curriculares (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL), orienta o
exercício profissional. Trata-se de um marco legal, em consonância com o pensamento crítico e com a ruptura ao
tradicionalismo.

5.2.1 Lei de Regulamentação do Serviço Social – Lei n. 8.662, de 1993

A Lei n. 8.662/1993 é uma ferramenta de regulamentação do exercício profissional e de orientação da sociedade


acerca das competências e das atribuições dos assistentes sociais. Em seu 1.º artigo, reconhece que é livre o
exercício da profissão em todo o território brasileiro, desde que observadas as condições dessa lei.

Além do diploma do curso de graduação em Serviço Social, é necessário o registro no Conselho Regional de Serviço
Social (CRSS) com jurisdição sobre a área de atuação do profissional.
Fonte: © ktsdesign / / Shutterstock.

Conforme a lei, os CRESS são entidades representativas da categoria de assistentes sociais com o objetivo de
disciplinar e defender o exercício da profissão em todo o território nacional. Em todas as capitais e no Distrito
Federal há um CRESS, denominado segundo sua jurisdição, o que aproxima as entidades representativas do
conjunto da categoria de assistentes sociais (BRASIL, 1993).

A lei estabelece as competências e as atribuições privativas dos assistentes sociais. As competências estão
expostas no quadro a seguir.
Competências dos assistentes sociais
Fonte: BRASIL, 1993. (Adaptado).
PAUSA PARA REFLETIR
Quais são as competências e as atribuições privativas do/a assistente social?

As competências são atividades inerentes à profissão, que, embora sejam parte de suas atribuições, não são
tarefas exclusivas ou privativas. Ou seja, outros profissionais devidamente habilitados também podem cumprir tais
funções.

Competências e atribuições privativas


Já as atribuições privativas são atividades inerentes aos assistentes sociais, que apenas os profissionais habilitados
podem exercer. Aqueles que as realizarem sem a devida habilitação estão sujeitos a punições.

Apesar de semelhantes às competências profissionais, as atribuições privativas fazem uma delimitação acerca do
que é matéria exclusiva do serviço social.

Diferença entre competências profissionais e atribuições privativas

Nesse sentido, embora as competências expressem a “[...] capacidade para apreciar ou dar resolutividade a
determinado assunto” (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012a, p. 37), não sendo matéria exclusiva do
serviço social ou de uma única especialidade profissional, dão base para a intervenção profissional em função da
capacitação dos sujeitos profissionais, enquanto as atribuições privativas elencam as prerrogativas exclusivas dos
assistentes sociais.

5.2.2 Atribuições privativas do/a assistente social

A Lei n. 8.662/1993 traz uma articulação dos princípios ético-políticos e técnico-operativos que fazem parte das
dimensões do exercício profissional. Em consonância com o Conselho Federal de Serviço Social (2012b), o texto
expressa um rol de conhecimentos particulares e especializados que dão base à elaboração de respostas con­
cretas às demandas sociais.
Fonte: © Monkey Business Images / / Shutterstock.

Considerando que “[...] a predefinição das atribuições privativas e competências, como uma exigência jurídica
/legal, não as garante na prática, posto estarem, também, condicionadas à lógica do mercado capitalista”
(CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2012a, p. 30), é fundamental avaliar a realidade e as especificidades de
cada espaço sócio ocupacional e a totalidade das relações sociais na sociedade capitalista.

Além disso, não se pode esquecer dos elementos fundamentais que integram o cotidiano profissional. Clique nos
ícones e confira esses elementos.

O conflito entre o trabalho controlado e submetido ao poder do empregador.

Às necessidades e demandas dos sujeitos de direito.

E à relativa autonomia do profissional para perfilar o seu trabalho.

Nesse contexto, os assistentes sociais ingressam nas instituições empregadoras como parte de um coletivo de
trabalhadores que assume perfis diferenciados nos mais variados espaços sócio ocupacionais (IAMAMOTO, 2008).
Entre suas atribuições privativas, previstas na lei, estão as dispostas no quadro a seguir.
Atribuições privativas dos assistentes sociais
Fonte: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012a. (Adaptado).

O que é de atribuição privativa exige conhecimento especializado na área do serviço social. A legitimidade social de
uma profissão se encontra nas respostas que ela dá às necessidades histórico-sociais, em um determinado tempo e
espaço, por meio dos serviços sociais.

Segundo Iamamoto (2008), realizar a reflexão crítica no cotidiano a fim de romper com o conformismo e às
tendências de manutenção do status quo ainda é um dos maiores desafios postos ao serviço social. Portanto, é
necessário travar uma luta diária na perspectiva de fortalecimento do projeto profissional que atue na defesa
intransigente dos interesses das classes subalternizadas.
Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore um mapa conceitual com entre 20
e 25 conceitos abordando as competências e as atribuições privativas dos assistentes sociais. Ao produzir seu
mapa, considere as leituras básicas e complementares realizadas.

Recapitulando
Na década de 1980, o serviço social iniciou a construção de um projeto profissional comprometido com os
interesses das classes trabalhadoras. Nesse sentido, a natureza relacional do ser social deixava de ser percebida
em sua imediaticidade e passava a ser entendida com a apreensão dialética da realidade. Esse momento é
caracterizado como o período de consolidação do projeto ético-político do serviço social, em que a profissão
passou a ter uma proposta de questionamento e de enfrentamento do projeto societário do sistema capitalista,
construindo novos referenciais teórico-metodológicos a partir da teoria social crítica. Como resultados desse
processo, surgiram o código de ética e a lei de regulamentação da profissão de 1993.

Nesse contexto, os fundamentos filosóficos e ontológicos do ser social a partir do novo ethos da profissão negam o
conservadorismo e pressupõem a liberdade, a justiça social, a democracia e o conjunto dos direitos humanos das
classes trabalhadoras e dos segmentos sociais que sofrem discriminação.

Outro elemento importante é o sigilo profissional, previsto no código de ética, que envolvem tanto os assistentes
sociais quanto os usuários dos espaços sócio ocupacionais em que esses profissionais estão inseridos.

Concluímos que a legitimidade social de uma profissão se encontra nas respostas que ela dá às necessidades
histórico-sociais, em um determinado tempo e espaço, por meio dos serviços sociais.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL. Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço
Social . Rio de Janeiro: ABEPSS, 1996. Disponível em: < www.abepss.org.br/arquivos/textos
/documento_201603311138166377210.pdf>. Acesso em: 05/09/2019.

BARROCO, M. L. S. Fundamentos éticos do Serviço Social. In: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL. Serviço Social: direitos e competências
profissionais. Brasília: CFESS/ABEPPS, 2009.

______. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

______.; TERRA, S. H. Código de Ética do/a Assistente Social: comentado. São Paulo: Cortez, 2014.

CFESS VÍDEOS. Projeto Serviço Social: memórias e resistências contra a ditadura [vídeo]. 2014. 8 min. Disponível
em: <www.youtube.com/watch?v=yFEo29Aqcn8>. Acesso em: 05/09/2019.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Atribuições Privativas do Assistente Social em Questão. Brasília:
CFESS, 2012a.

______. Código de Ética do/a Assistente Social. Brasília: CFESS, 2012b.


______. Assistente Social no Combate ao Preconceito. Brasília: CFESS, 2016. Disponível em: <www.cfess.org.br
/visualizar/livros> Acesso em: 26 /08/2019.

IAMAMOTO, M. V. Serviço Social em Tempo de Capital Fetiche: capital financeiro, trabalho e questão Social. 2. ed.
São Paulo: Cortez, 2008.

Você também pode gostar