Você está na página 1de 8

Paixão pela Presença de Deus

Salmos 42:1-2a

1. “Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti,
ó Deus.
2. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo.”

O livro de Salmos
O livro de Salmos era o hinário do segundo templo de Israel e é nosso
hinário básico. O uso dos Salmos foi importante desde o começo. E isso
teve prosseguimento na Igreja cristã, onde muitos salmos foram
musicados e usados no culto de adoração. Os autores do Novo
Testamento fizeram mais citações dos Salmos do que de qualquer outro
livro do Antigo Testamento. O próprio Senhor Jesus utilizou muito os
Salmos. Ele e Seus discípulos entoaram o Hallel (Salmo 113-118), por
ocasião da Última Ceia.

Os Salmos orientam o homem em relação à expressão de seus


sentimentos a Deus.

O Salmo 42 é de autoria dos filhos de Corá. Trata-se de uma família de


levitas cantores.

1. “Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia


por ti, ó Deus.”

Esse versículo expressa o desejo ardente do salmista, um homem


aparentemente solitário que buscava uma comunhão com Deus que vai
muito além do que possamos imaginar... Compara seu desejo por estar
na presença de Deus com o desejo que a corsa tem de água.
A figura nos apresenta um animal selvagem que vive nos semidesertos
correndo para salvar a própria vida, tentando evitar os caçadores e seus
cães, e que, em sua sede extrema, encontra água para beber. O salmista
foi capaz de dizer que sua alma buscava a Deus com essa intensidade,
ou seja, com todo seu ser.

Quando a corça fica exausta de tanto correr, seu último refúgio é uma
poça de água, sua sobrevivência depende disso, tanto pela sede que
sente, quanto pelo refúgio que encontra na água... o que expressa o
desejo ardente do coração do salmista.

2. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo.

Esse versículo expande o anelo expresso no vs. 1. A alma do homem


tem sede do Deus vivo, em contaste com os ídolos mortos. Esta
comparação expressa que a sua nefex (vida, garganta) tem sede de
Deus.

* a importância do conhecimento de termos essenciais à interpretação de


alguns termos bíblicos na língua original

Hebraico: Antigo Testamento

Aramaico: alguns trechos do Antigo Testamento foram escritos em


aramaico, e inclusive Jesus falava aramaico, porque era a língua popular
da época

Grego: Novo Testamento

Esta comparação expressa que a sua nefex (vida, garganta) tem sede de


Deus.
Observamos que a água é tanto essencial à vida, como também passa
pela garganta.

Ele queria a real experiência da presença de Deus, e não um mero


aprendizado sobre a pessoa de Deus.

A meditação é uma das mais úteis disciplinas na vida espiritual, e com


exceção a ênfase recebida na Igreja Ortodoxa Oriental, esse tema
essencialmente perdeu-se na igreja moderna. Mas na prática da
meditação encontramos uma maneira de buscar a presença de Deus.
Nossa vida espiritual na maioria das vezes encontra-se muito barulhenta
e atarefada para desenvolver essa prática.

Uma pessoa pode viver bastante tempo sem alimentos, mas sem água
logo morre. A água é vital para a vida. Assim, o salmista expressa o
quanto anseia pela presença de Deus, considerando-a como essencial à
sua existência.

Refletindo acerca do anseio que o salmista tinha por Deus, somos


levados a alguns questionamentos:

 Por que muitos crentes têm um relacionamento superficial com


Deus?
 Por que eles não procuram um relacionamento mais profundo com
Ele?
 O que os está impedindo?
 O que iria atraí-los a presença de Deus?
A resposta não é complexa: É a nossa fome e sede de conhecê-lo.

Muitas vezes oramos pedindo a Deus que gere em nós sede e fome
(anseio) por Sua presença. Hoje vivemos na era do entretenimento, do
hedonismo (a busca pelo prazer), das fórmulas prontas para alcançar o
sucesso... mas perceberemos que o único jeito que temos para criar e
manter a fome por Deus é protegendo nossa alma e escolhendo do que
queremos ser cheios.

Provérbios 27:7

“A alma farta pisa o favo de mel, mas à faminta todo amargo é doce. ”

Vamos interpretar assim: se sua alma estiver farta de cuidados, prazeres,


amor pelas riquezas ou os desejos deste mundo, você estará cheio e
verdadeiramente irá desprezar o doce favo da amizade de Deus.

Exemplo do natal.

Depois que tudo termina nós lamentamos porque comemos demais. Nós
estamos cheios! Depois de algumas horas vamos para a casa de algum
parente. A comida vem novamente. Imagine que desta vez os pratos
sejam ainda mais elaborados, mas ao invés de apreciar toda esta
excelente refeição, nós a repugnamos. Ainda estamos tão satisfeitos com
a última refeição que fizemos, que não importa o quanto a refeição que
está diante dos nossos olhos seja superior... nós a rejeitamos! É isto que
o Provérbio está nos relatando.

Para levar essa verdade um passo adiante, nós precisamos entender


que isso é proporcional.
Se oferecermos uma refeição como a que citamos para alguém que não
come há horas, certamente teríamos uma resposta diferente. A pessoa
até conseguiria provar alguma coisa. Mas se os mesmos pratos fossem
oferecidos a alguém que não come há um dia ou mais, tal pessoa iria
desejar intensamente a comida que vimos com indiferença.

Sendo assim, a verdade é que o grau que estamos cheios das coisas do
mundo irá determinar a nossa resposta à busca pela presença de Deus.

Infelizmente muitas pessoas são indiferentes ao desejo pelas coisas de


Deus. Muitos não desprezam Sua presença, mas se comparados ao
homem faminto, são indiferentes. É esse tipo de fome e sede que
precisamos desenvolver por Deus.

Nós temos fome do que nos alimenta

Que alimentos constituem nossa dieta cotidiana? Muitos são viciados em


fast food, apreciam doces e outros alimentos que são agradáveis ao
paladar, mas sem valor nutricional e que ainda trazem prejuízos à saúde
a longo prazo.

Outros conseguem ter uma dieta equilibrada... por exemplo, alguns


homens exigem feijão até quando tem lasanha, etc)

Mas tanto um grupo de pessoas quanto o outro, no momento em que têm


fome desejam se alimentar daquilo que comem normalmente O mesmo
acontece com nossas almas, que precisam e desejam ser alimentadas.
Se temos uma dieta regular de esportes, vamos ansiar pelos
campeonatos, noticiários, canais e sites esportivos.
Se temos uma dieta regular de filmes e séries, vamos ansiar por cinema,
canais de filmes e lançamentos da Netflix.

Jogos...

Se nos alimentamos de novelas e fofocas, vamos desejar revistas e


programas de tv que apelem para esse apetite. Se nossa satisfação está
em nossas casas, carros, roupas, e assim por diante, então iremos
acender nossa paixão quando falarmos em fazer compras, decoração,
etc...

A fome é um termômetro. Quando estamos doentes, a primeira coisa que


vai embora é a fome. O enfermo tem pouca ou nenhuma vontade de
comer. Muitos doentes terminais precisam ser alimentados por via
intravenosa.

Espiritualmente não é diferente. Falta de apetite pela Palavra e pelas


coisas de Deus é sinônimo de enfermidade espiritual.

O maior de todos os ladrões que nos rouba a fome por Deus é o nosso
agitado estilo de vida. Muitos crentes verdadeiramente piedosos e
sinceros caíram nessa armadilha e trocaram o tempo com Deus por um
agitado estilo de vida cristão.

 Pastor Jose Rodrigues (obreiros com 3 horas de altar para atuar no


ministério)

Por que nos alimentamos fisicamente? Para recebermos os nutrientes


necessários para dar força a nossos corpos físicos. Se nos abstivermos
do alimento físico durante algum tempo, nosso estomago começa a
roncar e clamar por alimento.
Por outro lado, nosso espírito não clama assim, o oposto parece
acontecer; nossa voz interior se aquieta com o passar do tempo. Mesmo
assim, a razão é que não damos ouvidos.

Nosso espírito está enfraquecido e nossa carne se torna mais dominante.

A fome é o nosso termômetro espiritual. Mas Deus está nos atraindo à


Sua presença...

Isaías 42:3

“Não esmagará a cana quebrada, nem apagará o pavio que fumega...”

O versículo se refere literalmente ao pavio que está se apagando da


lâmpada, quando o óleo já foi quase totalmente consumido, e a chama
dá lugar a um fraco e quase extinto vapor de fumaça.

Ele está identificando o que é fraco, pequeno, magro, ineficaz e frágil. Ele
não apagará, mas soprará até que a chama se acenda de novo.

E nos orienta a guardar nosso coração:

Provérbios 4:23

“Sobre tudo que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele
procedem as saídas da vida.”

Não há nada mais importante para se guardar, prestar atenção e


proteger. Quando refletimos nessas palavras, observamos como os
homens protegem o que tem valor para eles.

Todos já vimos amostras de pedras preciosas protegidas por vidros


inquebráveis. Ficam em ambientes monitorados, sensíveis a qualquer
mudança de peso ou temperatura e à menor infração os alarmes soarão
e as portas se fecharão. Quantias vultuosas são gastas para protegerem
esses itens 24 horas por dia, sete dias por semana.

Deus nos diz que o que temos de mais precioso na Terra é o nosso
coração. Ainda assim, crentes entregam seus corações ao que não tem
valor algum e até os prejudicam.

Nós assistiremos e visualizaremos qualquer coisa que não fale palavrões


ou tenha nudez excessiva. Nós falhamos em reconhecer o espírito do
mundo que está em inimizade contra o Espírito de Deus.

Mesmo assim, os homens deste mundo são mais sábios, pois guardam
aquilo a que atribuem valor, enquanto os crentes não dão atenção
durante sua caminhada pela vida, fracassando em guardar seus
corações das luxúrias e desejos que roubam a fome deles pelo Único
que realmente pode satisfazê-los.

Para finalizar:

Salmo 107:9

“Porque ele sacia o sedento e satisfaz plenamente o faminto. ”

Deus está esperando para saciar a nossa alma, mas isso não pode
acontecer enquanto estivermos cheios de outras coisas.

Vamos manter nosso coração mais faminto e dar atenção ao Seu


chamado.

Você também pode gostar