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Maçã e mel !

/ Maçã e mel

" Mário Moreno / # agosto 17, 2017 / $ Rosh Hashaná

Maçã e mel

“Que seja Tua vontade, Hashem nosso D’us, que nos inaugures para um ano bom e
doce”

Esta oração é recitada tradicionalmente na véspera de Rosh Hashaná enquanto


comemos uma maçã mergulhada em mel, um símbolo da doçura do ano pelo qual
oramos.

Na oração pedimos um ano “bom e doce”. Pedir simplesmente um ano bom não é
suIciente, porque sabemos que muitas coisas que atualmente nos perturbam são na
verdade bênçãos disfarçadas, portanto “bom” pode também ser sofrido. Portanto,
especiIcamos “bom e doce”, um tipo de bem que pode ser facilmente apreciado.
O “bom” pode ser entendido intelectualmente, mas “doce” é uma sensação que até as
:
crianças podem entender. Pedimos a D’us pela bondade sem complicações e não muito
soIsticada, o tipo de coisa doce que pode ser apreciada por todos, em vez daquilo que é
compreendido apenas por pessoas de profunda fé. “Dê-nos o bem simples, doce como
o mel”.

O Eterno se relaciona conosco da mesma forma que nos relacionamos com Ele. Se
aceitamos Sua palavra com fé simples e sem questionamentos, então Ele responderá
com o bem simples e sem complicações. Se complicamos a fé, aceitando apenas aquilo
que podemos compreender intelectualmente, então D’us nos dá o tipo de “bem” que
exige grande esforço intelectual para aceitar.

Na verdade, vemos que enquanto os judeus celebram feriados com comidas, a maneira
pela qual comer tem sido enfatizado às custas daquilo que é realmente importante, é
um grande problema. Se é que aprendemos alguma coisa, é que o tsadic, o justo, come
para saciar sua alma. Não seu corpo, mas sua alma.

Segundo a Torah, cada pessoa é formada de corpo e alma, ambos sagrados, ambos
INÍCIO MINISTÉRIO ISRAEL ARTIGOS
Divinos. Nossa alma%é uma “Chelek
% Eloka M’mal Mamash” (Tanya, cap. 2, baseado em

Iob), uma parte do próprio Criador. Nosso corpo é um veículo através do qual a Divindade
“Mi’basari Echeze Eloka”, “Com minha carne eu visualizo o Criador” (Iob,
pode ser%vista,CONTATO
MULTIMÍDIA
19:26).

É por isso que os Sábios nos ensinam que se a cabeça de alguém dói, ele deve
mergulhar na Torah, e mais ainda, se o corpo inteiro dói, ele deve mergulhar na Torah,
pois a luz da Torah lhe dá vida. E o Autor da Torah, nosso Criador, é também nosso
Médico, pois somos ensinados: “Ani Hashem Rofecha” – “Eu sou D’us, aquele que te
cura.”

Isso é para nos mostrar que tentar curar e fortalecer nossa alma sempre terá um efeito
positivo sobre o nosso corpo. E mesmo quando não estamos doentes, é como uma
medida preventiva, elevando nossa imunidade espiritual e nos mantendo sadios, para
Icarmos muito mais fortes se enfrentarmos um desaIo físico. E vemos claramente
também por outro lado: quando estamos cuidando de nós mesmos, quando nos
sentimos sadios e fortes, estamos muito mais preparados para enfrentar diIculdades
emocionais ou espirituais do que quando nos sentimos fracos e desmoronando.

A maçã e o mel são usados assim:


:
Maçã – Mergulhamos uma fatia de maçã doce no mel, recitamos a bênção da fruta (Borê
&
Peri Haêts) e falamos: “Yehi ratson milefanêcha shetechedêsh alênu shaná tová
umetucá“. “Possa ser Tua vontade renovar para nós um ano bom e doce“.

Mel – O valor numérico da palavra “dvash” (mel) equivale ao valor de “Av Ha’Rachamim”
(Pai Misericordioso): assim o mel representa a esperança de que a sentença decretada
pelo Supremo Juiz seja amenizada pela Sua compaixão.

Existem três versos com a palavra


“MAÇÃS” nas Escrituras.

“Como maçãs de ouro em salvas de


prata, assim é a palavra dita a seu
tempo” Pv 25:11.

“Sustentai-me com passas, confortai-


me com maçãs, porque desfaleço de
amor” Ct 2:5.

“Dizia eu: Subirei à palmeira, pegarei em seus ramos; e então os teus peitos serão como
os cachos na vide, e o cheiro da tua respiração como o das maçãs” Ct 7:8.

Se tomarmos o signiIcado atribuído pelo judaísmo à maçã, teremos então no lugar da


palavra maçã: “recordação do momento de revelação no Sinai” e também “lembrar o
povo judeu de sua escravização e libertação no Egito”. Quando comemos a mação
lembramos primeiro da escravidão e da libertação de nosso povo do Egito, para
posteriormente receberem a revelação do Eterno e de Sua Palavra no Sinai.

A palavra quando dita de forma certa traz libertação do cativeiro e funciona como a
revelação do Eterno para a vida dos ouvintes! Uma outra faceta da fruta é que a amada
pede para ser confortada com a lembrança da escravidão seguida da libertação e
também da posterior revelação do Eterno para a sua vida! O amado declara depois que a
respiração de sua amada é como as maçãs; ela respira as lembranças do passado de
lutas, de sua libertação e também do momento em que o Eterno amorosamente se
revelou a ela!

A fruta da afeição
:
O povo judeu é comparado, no Cântico dos Cânticos, à maçã. “Assim como a maçã é
única e rara entre as árvores da ooresta, assim é meu querido e amado – Israel – entre as
nações do mundo”. O Midrash nos conta que a macieira lança um pedaço de sua fruta
mesmo antes da folhagem que cercará e protegerá o fruto em sua fase de crescimento
e desenvolvimento. O povo judeu, ao aceitar a Torah, com a declaração: “Faremos e
ouviremos”, colocando a ação antes da compreensão e observância racional dos
mandamentos da Torah, está, então, imitando a maça. Por isso, a maça se tornou um
símbolo judaico, uma recordação do momento de revelação no Sinai. A maçã também
serve para lembrar o povo judeu de sua escravização e libertação no Egito. Novamente,
de acordo com o Midrash, a maçã era a fruta de afeto entre marido e mulher durante o
longo e doloroso período de escravidão. Os provia de esperança no futuro e
determinação para trazer uma geração futura no mundo, apesar da desolada situação
dos judeus naquele tempo. A maçã então se tornou o símbolo da casa e família judaica,
do otimismo por um futuro judaico mais glorioso, da tenacidade do espírito e
determinação judaica.

O mel!

Outra comida favorita nas casas judaicas durante os dias santos é o mel.
Tradicionalmente, de Rosh Hashaná até depois de Sucot, o mel é servido com toda
comida importante. É costume molhar o pão no mel ao recitarmos o “Hamotzi”, a maçã
também é mergulhada no mel na noite de Rosh Hashaná, algumas comidas são assadas
com mel, e o mel é usado na preparação de comidas como cenouras e sobremesas
doces.

Apesar do desastre calórico que o mel pode causar, é difícil encontrar alguma coisa que
não seja boa nele.

O costume do mel na mesa judaica durante o período dos feriados mais importantes é
antigo e universal. Está até escrito nos trabalhos dos Geonim (sábios) babilônicos no
século 7, e provavelmente datada de muitos anos.

A razão lógica para o uso de mel em nossa mesa neste momento do ano é o simbolismo
de nosso desejo por um “ano novo doce“. Doce signiIca bom, precioso, agradável,
satisfatório, sereno, seguro e que traga coisas prazerosas. Isto resume nossas esperanças
e orações pelo ano novo e então o mel serve como nosso representante para expressar
estas esperanças e orações.
:
Porém, o mel representa mais do que
doçura por si só. É um dos atributos da
terra de Israel que é descrita na Bíblia
como: “a terra do leite e mel”. Deste
modo, o mel na mesa sempre lembra
os judeus, onde quer que eles morem,
de sua pátria antiga de Israel e ao seu
apego com a história e a terra santa.

Entretanto, o mel a que nos referimos


na “terra do leite e mel” não é o mel de
abelha comum que usamos hoje, e
sim o mel dos tempos bíblicos que era
produzido pelas tâmaras maduras. Até
hoje, em Israel, este mel é produzido e vendido, entretanto, a grande maioria do mel no
mercado vem das abelhas. O mel das tâmaras está relacionado não somente à doçura,
mas também à multiplicação, pois um cacho de tâmaras pode ter entre 300 e 2000
tâmaras! Isso signiIca que esperamos além de um ano doce, um ano repleto de muitos
frutos doces!

Que o ano de 5778 traga para você a benção da terra de Israel e sua doçura esteja em
teus lábios durante todo o ano vindouro!

Baruch há Shem!

Mário Moreno
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