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PIO, BISPO,
SERVO DOS SERVOS DE DEUS,
PARA PERPÉTUA MEMÓRIA DA COISA
CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA
DIVINI CULTUS SANCTITATEM
A.A.S., vol. XXI (1929), n. 2, pp. 33-41
SOBRE LITURGIA, CANTO GREGORIANO E MÚSICA SACRA, A CADA DIA QUE PASSA
MAIS PROMOVIDOS
Veneráveis Irmãos,
Saudação e Benção Apostólica.
As normas de PIO X
Fere-Nos, todavia, advertir que as sábias disposições do Nosso antecessor não obtiveram em
todas as partes a aplicação devida, e por isso não se obtiveram as melhoras esperadas. Sabemos,
com efeito, que alguns pretenderam não estar obrigados à observância daquelas disposições e
leis, não obstante a solemnidade com que foram promulgadas; que outros, depois dos primeiros
anos de feliz emenda, voltaram insensivelmente a permitir certo género de música que deve ser
totalmente desterrado do templo; e, finalmente, que em alguns sítios, por ocasião
principalmente de comemorações centenárias de ilustres músicos, procuraram pretextos para
interpretar composições que, ainda sendo formosas em si mesmas, não correspondem nem à
majestade do lugar sagrado, nem à santidade das normas litúrgicas, e por tanto não devem ser
interpretadas nas Igreja.
A PARTE DISPOSlTIVA
O OFÍCIO CORAL
III. Todos aqueles que estejam à frente de Basílicas, Igrejas Catedrais, Colegiatas e Conventos de
religiosos, ou que de qualquer modo pertençam a elas, devem empregar todo o seu esforço a fim
de que se restaure o chorale officium segundo as prescripções da Igreja; não só em quanto é de
preceito genérico, como rezar sempre o oficio divino com dignidade, atenção e devoção [digne,
atente et devote], mas também em quanto concerne à arte do canto: posto que na salmódia se
deve atender ora à precisão dos tons com as suas próprias cadências médias e finais, ora à pausa
conveniente do asterisco, ora, por fim, à plena concórdia na recitação dos versículos salmódicos
e das estrofes dos hinos. Porque, se tudo isso se cumprir nos seus mínimos pontos, salmodiando
todos perfeitamente, não só demonstrarão a unidade dos seus espíritos, aplicados aos louvores
de Deus, mas também no equilibrado alternar de ambas as alas do coro parecerão emular a
laude eterna dos Serafins, que em voz alta cantam alternadamente: "Santo, Santo, Santo"
[Sanctus, Sanctus, Sanctus].
Capelas musicais
V. Também nos queremos dirigir aqui a todos aqueles a quem as Capelas musicais [Capellas
musicorum] concernem, como sendo aquelas que sucedendo no decurso dos tempos às
antigas scholae se instituiram para este fim em Basílicas e nas Igrejas maiores, e as quais se
ajustaram especialmente à polifonia sacra, que, a este propósito, costuma com toda a razão
merecer a preferência depois das venerandas melodias gregorianas sobre todo e qualquer outro
género de música eclesiástica. Por isso, desejamos Nós ardentemente que tais Capelas, tal como
floresceram desde o século XIV ao XVI, assim também se restaurem, especialmente onde quer
que a maior frequência e esplendor do culto divino exijam maior número e mais requintada
selecção de cantores.
A PARTICIPAÇÃO DO POVO
Decreto
Tudo isto Nós proclamamos, declaramos e sancionamos, decretando que esta Constituição
Apostólica seja e permaneça sendo sempre de pleno valor e eficácia, obtenha o seu efeito pleno,
sem que obste nada em contrário. A nenhum homem, pois, lhe será lícito infringir esta
Constituição por Nós promulgada, nem contradizê-la com temerária audácia.
"Obra de Deus" e "Ofício Divino" são termos que se empregam para significar as orações
(3)
obrigatórias que o sacerdote deve elevar diariamente a Deus. São Bento, o patriarca
dos monges do Ocidente, consagrou esses termos na sua Regra.
(4)Guido De Arezzo, italiano (991-1033?), Teórico da música. Conhecido também com o nome de
Guido Aretinus, foi um monge benedictino que ficou na história da música como um dos mais
importantes reformadores do sistema de notação musical. Depois de ter terminado os estudos
na abadia benedictina de Pomposa, em Ferrara, em cerca de 1025 ingressou como maestro na
escola catedralícia de Arezzo, onde sobressaiu no ensino da arte vocal e escreveu o seu tratado
principal, o Micrologus de disciplina artis musicae. Em 1029 retirou-se para o convento de
Avellana, no qual possivelmente terá morrido em data imprecisa. A Guido De Arezzo se deve a
fórmula que permite memorizar a entoação precisa das notas do hexacordo maior, cuja
nomenclatura (Ut ou Do, Re, Mi, Fa, Sol, La) extraído das sílabas iniciais de cada hemistíquio
do hino de São João Ut queant laxis. A nota Si formou-se quase um século e meio mais tarde
com as maiúsculas do último verso. Ut foi sustituída no século XVII por Do, mais fácil de
pronunciar (ainda que em França se continue a chamar por igual nome).
(6)A Escola Superior de Música Sacra foi fundada sob esta denominação em 1910 pela
Associação Italiana de Santa Cecília. Abriu a 3 de Janeiro e S. S. Pío X aprovou-a com o Breve
"Expleverunt" de 4 de Novembro de 1911. A 10 de Julho de 1914, com Rescrito da Secretaria de
Estado, S. S. declarou-a "Pontifícia" e outorgou-lhe a faculdade de conferir os graus. O Sumo
Pontífice Bento XV outorgou-lhe como residência o Palácio do "Apollinare". S. S. Pío XI
confirmou a faculdade de conferir os graus académicos, com o Motu Proprio de 22 de
Novembro de 1922. Hoje intitula-se Instituto Pontifício de Música Sacra. Pio X dirigiu a
"Epístola" Expleverunt desiderii Nostri, 4-XI-1911 ao Cardeal Rampolla um ano depois da
fundação da Escola Superior de Música Sagrada; AAS. 3 (1911) 654-655; o Motu Proprio de Pio
XI Ad musicae sacrae, de 22-XI-1922 acha-se na AAS. (1920) 623-626; a faculdade de conferir
títulos académicos vai no núm. V das disposições. AAS. 14, 625.