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ARTROSES

A
by Pedro Santos e Guilherme Marques

OSTEOARTROSE

Fisiopatologia [MD]

Desequilíbrio entre síntese e degradação da matriz óssea, o que origina uma destruição progressiva da
articulação com perda de cartilagem hialina e remodeling do osso subcondral. Há ainda formação de
osteófitos na margem articular.

Fatores de risco
Idade > 50, afroamericanos, mulheres, obesidade, hemocromatose, história de trauma articular, doenças
inflamatórias.

[D]
Clínica
A dor é o sintoma mais típico e usualmente é crónica, com início insidioso, melhora com repouso e
agrava com carga.
Pode haver rigidez matinal, mas geralmente é inferior a 30 minutos.
Não há sintomas sistémicos como febre.

Exame físico
As articulações mais afetadas são os joelhos, ancas, IFD, coluna cervical/lombar.
Dor à palpação, crepitações e limitação da amplitude de movimentos podem estar presentes. Geralmente
não há sinais inflamatórios como calor, eritema ou derrame articular.
OA nodal das mãos: IFD (nódulos de Heberden ), IFP (nódulos de Bouchard ).
Pode estar presente um quisto de Baker na fossa poplítea.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico! Apesar de


existirem alterações radiográficas típicas
não são necessárias para o diagnóstico.

Raio-X: LOS → Loss do espaço articular;


Osteófitos; eSclerose subcondral
D, T

Tratamento [T]
O principal objetivo é a melhoria da dor e da função e redução da incapacidade.
O tratamento pode incluir uma combinação de tratamento não farmacológico, farmacológico e cirúrgico.
O tratamento não farmacológico (incluí exercício aeróbico, perda de peso, fisioterapia, ortóteses e
bengalas/muletas) é a 1º linha do tratamento da OA.
O tratamento farmacológico tem como principal objetivo o alívio sintomático; não altera a progressão da
doença!
Paracetamol pode ser utilizado para dor leve a moderada, até 3g/dia.

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ARTROSES
A
by Pedro Santos e Guilherme Marques

AINEs são os fármacos de eleição, na dose eficaz mais baixa e evitar uso a longo prazo. A toxicidade GI
[T]
é um efeito adverso muito frequente, cerca de 30-40% têm de parar a medicação por esse motivo.
Se há risco GI utilizar Inibidores da COX-2 ou AINES+ IBP.
A toxicidade renal é outro efeito lateral frequente. Pode originar uma IR reversível. Os AINEs são CI na
IRC a partir do grau 3.

AINEs tópicos
Podem ser alternativas na OA mão e joelho. Sem efeitos sistémicos.
Analgésicos opióides
Não são 1ª linha, apenas usados em casos refratários

Corticóide injetáveis intra-articular


Pode ser utilizado com resposta variável; sem toxicidade sistémica.

Tratamento cirúrgico
Artroplastia total joelho/anca são muito eficazes na sintomatologia. Última linha quando os restantes
tratamentos não são eficazes no controlo dos sintomas.

Num caso clínico, o importante é diferenciar OA de artropatias inflamatórias e artropatias por deposição
de cristais.

Osteoartrite Artrite reumatóide Gota Pseudogota


++ idosos ++ mulheres > 45 anos ++ homens, consumo álcool Associado a condições
Dor que agrava com a Dor agrava com repouso e Dor de início agudo com como hemocromatose
carga e melhora com melhora com movimento sinais inflamatórios ou hiperPTH
repouso Rigidez matinal > 60 min
Rigidez matinal < 30 min

++ IFD, joelho e anca ++ metacarpo falângicas ++ 1º articulação MTF ++ joelho


simetricamente (podagra)

Raio-X: LOS Raio-X: diminuição do espaço Artrocentese com critais de Artrocentese com
articular; osteopenia urato de monosódio; cristais cristais de pirofosfato
periarticular; erosões ósseas com forma de agulha de cálcio; cristais
rombóides

Sem marcadores (não FR positivo; Anti-CCP positivo Birrefringência negativa Birrefringência positiva
D, T

esquecer que o FR pode


ser positivo)

OSTEOMIELITE

Fisiopatologia
80% por propagação direta de infeção de tecidos moles.
20% por propagação hematogénica: ++ crianças e utilizadores drogas IV.

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Microrganismos de osteomielite
Sem fx risco S. aureus
Anemia células falciformes Salmonela
Ferida penetrante no pé Pseudomonas
Pé diabético Polimicrobiano
Drogas IV S. aureus
Ostras Vibreo vulnificus
P. aeroginosa
Instrumentação do trato urinário Klebsiella
E.coli

Fatores de risco [D]


DAP, Diabetes, lesões penetrantes dos tecidos moles, trauma com fratura exposta, úlceras
cronicas de decúbito, uso de drogas IV.

História Clínica/Exame físico


• Dor óssea localizada e dor à palpação
• Sintomas sistémicos como febre e arrepios
• Sinais inflamatórios e limitação da mobilidade articular

Diagnóstico
Analiticamente → leucocitose, aumento da VS e PCR
Imagem → Raio-X é normal inicialmente, só ao fim de 2 semanas mostra alterações
RMN é o teste de escolha
Biópsia óssea aspirativa para Gram e culturas

Tratamento
[T]
Osteomielite aguda: ATB IV 4-6 semanas +/- Desbridamento cirúrgico dos tecidos infetados e necróticos
Osteomielite crónica: ATB prolongada >3 meses + cirurgia
ATB deve ser dirigida de acordo com cultura óssea!

Complicações
Osteomielite crónica, sépsis, artrite sética
D, T

Osteomielite crónica pode levar a carcinoma escamoso

ARTRITE SÉPTICA

Artrite séptica não gonocócica

Fisiopatolgia
Infeção do espaço articular. Ocorre por via hematogénea, trauma direto ou extensão de infeção
contígua. S. aureus é o + frequente.

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Fatores de risco
Articulação anormal: OA, AR, Articulação protésica, artropatia por cristais. Diabéticos, utilização de
drogas IV

Clínica
[D]
Mais frequentemente no joelho. Geralmente monoartrite aguda com sinais inflamatórios. Pode haver
sintomas sistémicos como febre.

Analiticamente
Leucocitose, elevação da PCR e VS

Diagnóstico
Hemoculturas; Artrocentese: >50000 leucócitos, Gram + e culturas + (presença de cristais
não exclui infeção!).

Tratamento
[T]
Inicialmente ATB empírica com agentes de largo espetro para cobrir agentes Gram- e MRSA (β-
lactâmicos e vancomicina) e lavagem cirúrgica urgente.
Depois ajustar ATB de longa duração consoante cultura.

Artrite séptica gonocócica


Fisiopatologia
Artrite sética em jovem adulto sexualmente ativo
Fatores de risco
Hx de DST, HIV, cervicite, uretrite

Clínica
Tríade de tenossinovite, dermatite (pústulas, máculas, pápulas) e poliartralgias migratórias assimétricas
ou Artrite purulenta sem lesões na pele

Diagnóstico [D]

Hemoculturas; Artrocentese: >50000 leucócitos, não cora no Gram


TAAN uretral/faríngeo
D, T

[T]
Tratamento
Ceftriaxone + Azitromicina 7-14 dias

Follow up
Deve-se fazer screening HIV e sífilis

Artrite viral
Clínica
Pode apresentar-se de forma semelhante à AR como uma artrite inflamatória simétrica que resolve em
dois meses.
++ causada por Parvovírus.

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ARTROSES
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Devemos suspeitar da possibilidade de artrite viral se profissão em que haja contacto


habitual com crianças ou se tiver filhos com síndrome viral.

D, T

REFERÊNCIAS
Brunicardi, F. and Schwartz, S., 2005. Schwartz's Principles Of Surgery. New York: McGraw-Hill, Health Pub. Division.

LEGENDA DE SÍMBOLOS

Ideia-chave ou nota importante a reter.

Mnemónica ou nota que ajuda a memorizar o conteúdo.

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