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FICHA DE TRABALHO

BIOLOGIA E GEOLOGIA
10.º OU 11.º ANOS DE ESCOLARIDADE

Nome:____________________________ N.:_____
Turma:_____

PRÉMIO NOBEL DA FISIOLOGIA OU MEDICINA 2016 – YOSHIRI OHSUMI

A descoberta de mecanismos que estão na base da autofagia, um processo fundamental para a


degradação e reciclagem de componentes celulares, valeu a Yoshiri Ohsumi a atribuição do Prémio Nobel
da Fisiologia ou Medicina em 2016.

Em meados da década de 1950, cientistas observaram um


novo compartimento celular que continha enzimas capazes
de digerir proteínas, glícidos e lípidos. Este novo organelo
passou a designar-se lisossoma.
Estudos levados a cabo na década seguinte revelaram que
grandes quantidades de componentes celulares, e mesmo
organelos inteiros, podiam ser encontrados no interior dos
lisossomas. Dados bioquímicos e de microscopia
permitiram identificar um novo tipo de vesículas – os
autofagossomas - capazes de transportar conteúdos
celulares de grandes dimensões para serem degradados
pelos lisossomas.

Fig. 1 – Yoshiri Ohsumi.

Fig. 2 – Os autofagossomas englobam componentes celulares deteriorados, como proteínas e organelos. De


seguida, fundem-se com lisossomas, permitindo a degradação destes constituintes em moléculas mais simples.

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No final da década de 1980, Y. Ohsumi concentrou os seus esforços no estudo da degradação das proteínas no
interior dos vacúolos de leveduras. As leveduras são relativamente fáceis de estudar e, por isso, são
frequentemente usadas como modelo para as células humanas. O vacúolo das leveduras desempenha funções
idênticas às dos lisossomas das células humanas.

Contudo, dadas as reduzidas dimensões destes seres, era difícil observar ao microscópio algumas das estruturas
celulares. Assim, inicialmente, Y. Ohsumi não conseguiu saber se existiam processos de autofagia nas
leveduras.
Na tentativa de contornar este problema, Y. Ohsumi pensou que se interrompesse o processo de degradação, que
estaria a ocorrer nos vacúolos, enquanto o processo de autofagia estava ativo, os autofagossomas deveriam
acumular-se no interior do vacúolo, tornando-se visíveis ao microscópio.
Para testar a sua hipótese cultivou leveduras com mutações, às quais faltavam enzimas degradativas vacuolares.
Paralelamente, estimulou autofagia não fornecendo alimento às leveduras.
Ao fim de algumas horas, os vacúolos apresentavam-se preenchidos por pequenas vesículas que não tinham
sofrido degradação. (Fig. 3)

Fig. 3 – Nas leveduras, os vacúolos correspondem aos lisossomas


presentes nas células dos mamíferos. Y. Ohsumi criou leveduras
mutantes que eram incapazes de produzir enzimas degradativas
vacuolares. Quando estas leveduras eram sujeitas a stresse
alimentar, rapidamente acumulavam autofagossomas no interior do
vacúolo.

Estas vesículas eram autofagossomas e Y. Ohsumi pôde concluir


que a autofagia ocorria em leveduras. No passo seguinte, Ohsumi estudou centenas de leveduras mutantes, o que
lhe permitiu identificar 15 genes que são essenciais ao processo de autofagia.

Após a descoberta dos genes envolvidos na autofagia, Y. Ohsumi caracterizou a funcionalidade das proteínas
por eles codificadas.
Os resultados permitiram-lhe concluir que a autofagia é controlada por uma cascata de reações que envolvem
proteínas e complexos proteicos, sendo cada um responsável pela regulação das diferentes etapas de formação
do fagossoma. (Fig. 4)

Fig. 4 – Os trabalhos de Ohsumi permitiram conhecer a função das proteínas codificadas pelos genes envolvidos
no processo de autofagia. Sinais de stresse desencadeiam a autofagia, para os quais é necessária a intervenção de
proteínas e complexos proteicos que promovem as diferentes etapas necessárias à formação dos
autofagossomas.
Graças ao trabalho de Ohsumi e de outros que o seguiram, sabe-se que a autofagia está envolvida no controlo de
importantes funções fisiológicas, nas quais é necessário degradar e reciclar componentes celulares. A autofagia
pode fornecer, de forma rápida, substâncias que permitem a obtenção de energia ou que são usadas para a

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renovação dos componentes das células, sendo assim essencial para a resposta das células à falta de nutrientes e
outras situações de stresse.
Na sequência de uma infeção, a autofagia permite eliminar bactérias e vírus que tenham invadido as células. A
autofagia está envolvida no desenvolvimento embrionário e na diferenciação celular.
As células recorrem à autofagia para eliminar proteínas e organelos danificados, constituindo um mecanismo de
controlo de qualidade crucial para contrariar as consequências do envelhecimento.

Alterações nos processos autofágicos têm sido relacionados com a doença de Parkinson, diabetes tipo 2, cancro
e outras doenças que surgem com o envelhecimento.
Uma intensa pesquisa tem vindo a ser realizada no sentido de desenvolver fármacos que interfiram com os
processos autofágicos associados a diversas doenças.

Fonte: www.nobelprize.org
Questões de exploração

1. Um autofagossoma é…
(A) formado no interior dos lisossomas.
(B) o mesmo que lisossoma.
(C) sempre formado no interior de vacúolos.
(D) uma vesícula transportadora.

2. Num processo de autofagia, a lise dos componentes celulares…


(A) precede a formação do fagossoma.
(B) sucede à fusão do fagossoma com o lisossoma.
(C) precede a fusão do fagossoma com o lisossoma.
(D) sucede à exocitose.

3. Os trabalhos de Y. Ohsumi permitiram-lhe…


(A) descobrir os processos de autofagia.
(B) compreender mecanismos da autofagia.
(C) descobrir os autofagossomas.
(D) descobrir os lisossomas.

4. Nas leveduras mutantes incapazes de produzir enzimas degradativas…


(A) não ocorre a formação de autofagossomas.
(B) não ocorre a formação de vacúolos.
(C) ocorre a formação autofagossomas mas não ocorre lise do seu conteúdo.
(D) ocorre a formação de vacúolos, mas não ocorre a formação de autofagossomas.

5. Os resultados dos trabalhos de Y. Ohsumi permitem concluir que as leveduras sujeitas a stresse
nutritivo…
(A) incrementam a autofagia.
(B) produzem mais lisossomas.
(C) degradam os seus vacúolos.
(D) deixam de produzir enzimas degradativas.

6. Explique em que medida a indução de mutações nas leveduras permitiu a Y. Ohsumi testar a sua
hipótese, contornando a dificuldade em observar a formação de autofagossomas.

7. A diabetes tipo 2 é uma doença que se caracteriza pela elevada concentração de glicose no sangue,
resultante da dificuldade deste glícido atravessar as membranas celulares.
Uma das formas da glicose entrar nas células musculares é através de uma proteína transmembranar
denominada GLUT4. Na ausência da insulina, estes transportadores são removidos da membrana,
sendo incorporados em vesículas de endocitose que se deslocam para o citoplasma. Na presença de

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insulina estas vesículas fundem-se com a membrana citoplasmática, permitindo a incorporação de
GLUT4 no plasmalema.
Por outro lado, o elevado consumo de ATP também desencadeia a fusão destas vesículas com a
membrana citoplasmática.

Explique em que medida o exercício físico regular pode contribuir para a diminuição da incidência da
diabetes tipo 2.

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