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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2020.0000840513

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1011753-25.2014.8.26.0008 e código 12DA50A9.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº

1011753-25.2014.8.26.0008, da Comarca de São Paulo, em que é apelante FLÁVIO
NASCIMENTO DA COSTA, é apelada CLARICE DA COSTA.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 6ª Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso.
V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA MARIA ALONSO BALDY, liberado nos autos em 14/10/2020 às 14:12 .
O julgamento teve a participação dos Desembargadores PAULO ALCIDES
(Presidente sem voto), RODOLFO PELLIZARI E VITO GUGLIELMI.

São Paulo, 14 de outubro de 2020.

ANA MARIA BALDY

Relatora
Assinatura Eletrônica
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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1011753-25.2014.8.26.0008 e código 12DA50A9.
Apelação Cível nº 1011753-25.2014.8.26.0008

Apelante : FLÁVIO NASCIMENTO DA COSTA

Advogado : Eloi Santos da Silva
Apelada : CLARICE DA COSTA
Advogada : Maria Celeste Ruivo Franco
Interessado : Armando da Costa (Espólio)
Comarca: São Paulo
Voto nº 10236
gdv

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA MARIA ALONSO BALDY, liberado nos autos em 14/10/2020 às 14:12 .
AÇÃO DE NULIDADE DE TESTAMENTO. Ação proposta pelo
sobrinho contra a tia, visando à anulação do testamento deixado pelo
tio, irmão do seu pai e irmão da ré. Sentença de improcedência.
Inconformismo do autor. 'De cujus' que não deixou herdeiros
necessários e firmou testamento deixando todos os seus bens à ré.
Autor que não se qualifica como herdeiro necessário do tio, nos
termos do artigo 1.845 do CC. Tio que optou em não incluir o
apelante como seu herdeiro, nos termos do artigo 1.850 do mesmo
Diploma. Possibilidade do 'de cujus' testar sobre eventuais bens e
direitos que poderão ser recebidos em razão do inventário de seus
pais. Inexistência de impedimentos. Ausência de vícios que poderiam
macular a validade do ato. Vontade do testador que deve prevalecer.
Sentença mantida. RECURSO NÃO PROVIDO.

Cuida-se de ação de nulidade de testamento que FLÁVIO

NASCIMENTO DA COSTA move contra sua tia CLARICE DA COSTA.

Sustenta o autor que é filho de Orlando Costa, falecido em

31/12/2008, e sobrinho da ré. Afirma que, junto com seus pais, vivia em um imóvel
construído na Rua Dr. Horácio da Costa, Jardim Vila Formosa, São Paulo/SP, no mesmo
endereço e terreno que também viviam e residiam Armando da Costa (seu outro tio), falecido
em 29/07/2013, e a ré, cada um em seu imóvel, construído em razão da herança deixada pelos
avós, já falecidos. Narra que o tio Armando, quando faleceu, deixou a totalidade de seus bens
para sua irmã, ora ré, conforme disposto em seu testamento, já que não possuía herdeiros
necessários. Todavia, defende que o tio não poderia testar que todo seu patrimônio seria
atribuído única e exclusivamente a ré, sem reservar o direito dos demais herdeiros na mesma

Apelação Cível nº 1011753-25.2014.8.26.0008 -Voto nº 10236 2

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linha de sucessão. Alega, ainda, que o tio não poderia doar bem que lhe foi transferido de fato,
e não de direito, destacando que o terreno ainda não foi regularizado. Requer que seja

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declarada nula a cláusula do testamento do seu tio Armando, que dispõe a totalidade de seus
bens, ainda não recebidos de direito, para a ré.

Foi informado a propositura e o julgamento do Procedimento de

Abertura, Registro e Cumprimento de Testamento Público deixado por Armando da Costa,
processo nº 1072102-04.2017.8.26.0100 (fls. 77/282).

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA MARIA ALONSO BALDY, liberado nos autos em 14/10/2020 às 14:12 .
Contestação às fls. 293/294.

Réplica às fls. 303/307.

Sobreveio a r. sentença (fls. 315/316), julgando a ação

improcedente, condenando o réu ao pagamento de custas, despesas processuais e honorários
advocatícios, arbitrados em R$1.000,00, ressalvada a gratuidade.

Inconformado, o autor interpôs apelação (fls. 321/328),

aduzindo que o seu tio paterno, já falecido, não poderia ter transferido todos os seus bens,
recebidos de herança dos pais, à ré, tendo em vista que as disposições patrimoniais ainda não
foram deliberadas, já que não houve partilha legal do terreno. Defende que é necessário
observar a linha sucessória, alegando ser, assim como a ré, herdeiro necessário do falecido,
também tendo direito à herança. Pede a reforma da r. sentença.

Contrarrazões às fls. 332/334.

Parecer do Douto Procurador de Justiça, pelo não provimento do

recurso (fls. 349/352).

É o relatório.

O recurso não merece provimento.

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Trata-se de ação anulação de testamento proposta pelo autor,

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visando anular o testamento deixado por seu tio, irmão da ré, também sua tia.

Sobre o assunto, dispõem os artigos 1.845, 1.846 e 1.850, todos

do Código Civil:

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o

cônjuge.

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Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade
dos bens da herança, constituindo a legítima.

Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o

testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar.

In casu, o autor é sobrinho do 'de cujus', ou seja, colateral de 3º

Grau, de modo que não se qualifica como herdeiro necessário do tio, nos termos do artigo
1.845, do Código Civil, acima citado.

Além do mais, não há notícias de que o tio tenha deixado

herdeiros necessários, de modo que ele era livre para dispor dos seus bens, como bem
entendera. Nesse sentido, como bem pontuado pela r. sentença:

“No presente caso, observa-se que o de cujus faleceu em 29/07/2013, na

qualidade de divorciado, não tendo deixado filhos. Ademais, não há notícia
de ascendentes vivos. Assim sendo, não há herdeiros necessários, nem
legítima, podendo o de cujus dispor da totalidade de seus bens, inclusive
excluindo herdeiro colateral da sucessão.
Não há, portanto, qualquer impedimento legal para que o de cujus deixasse
a totalidade de seu patrimônio em favor de sua irmã, excluindo-se o
requerente, que se trata de herdeiro colateral, enquanto sobrinho do
falecido. Dessa forma, de rigor seja a ação julgada improcedente, não
havendo que se falar em nulidade do testamento.” (fls. 316).

No mais, também não há que se falar em nulidade de cláusula

testamentária, tendo em vista que não há nenhum impedimento em relação ao testador
transmitir eventuais direitos, que poderá receber em razão do inventário dos pais.

Portanto, não havendo nenhum vício que possa macular a

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validade do ato, de fato, não há que se falar em anulação do testamento, devendo prevalecer a
vontade do testador.

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Para viabilizar eventual acesso às vias extraordinária e especial,
considero prequestionada toda matéria infraconstitucional e constitucional, observando o
pacífico entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que é desnecessária a
citação numérica dos dispositivos legais, bastando que a questão posta tenha sido decidida
(EDROMS 18205 / SP, Ministro FELIX FISCHER, DJ 08.05.2006 p. 240).

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA MARIA ALONSO BALDY, liberado nos autos em 14/10/2020 às 14:12 .
Por fim, em face do artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil
de 2015, ficam os honorários advocatícios majorados para R$ 1.500,00, observados os
critérios do § 2º do sobredito artigo, mormente o trabalho realizado pelo profissional e o
tempo decorrido desde o ajuizamento, ressalvada a gratuidade.

Do exposto, pelo meu voto, NEGO PROVIMENTO ao

recurso.

ANA MARIA BALDY

Relatora

Apelação Cível nº 1011753-25.2014.8.26.0008 -Voto nº 10236 5