Desde o nascimento, nós seres humanos, estamos em constante
transformação, pois desde a infância até a vida adulta, assumimos diferentes papéis na sociedade. Esses papéis são ditos como os ciclos de vida, onde podemos citar o ciclo da propriedade, do indivíduo, da família, da organização e da indústria. Quando falamos no ciclo da propriedade, nos referimos com o início da empresa familiar, a partir da iniciativa de um empreendedor e à medida que a empresa se desenvolve, esse crescimento afeta também a família, pois aumenta as exigências da família e da organização em relação à disposição e ao recurso financeiro. Com as renovações da empresa, chegará o momento em que filhos e primos irão herdar as ações e responsabilidades dos pais. Quando falamos no ciclo da propriedade, nos referimos à mudança da propriedade familiar, que antes era focada em apenas um proprietário, passando a ter parceria entre irmãos. O ciclo do indivíduo refere-se ao desenvolvimento pessoal, em que o mesmo vive a fase adulto-jovem, meia- idade e a velhice. O ciclo da família inicia-se com o nascimento dos filhos, em que estes irão tornar-se adultos objetivando a velhice. Por fim, o ciclo da organização e da indústria, incluindo desde o surgimento, o crescimento, renovação ou até mesmo o declínio. Podemos observar que todos os ciclos citados anteriormente acontecem devido o surgimento da empresa familiar. É importante ressaltar que nem sempre esses ciclos acontecem de forma similar ao que foi citado, pois as empresas poderão passar por ciclos de estagnação ou até mesmo crescimento. Modelos básicos do desenvolvimento psicológico humano
Através da compreensão do ciclo de vida, compreendemos como a
família e os indivíduos se desenvolvem. Para entendermos melhor acerca do desenvolvimento humano, é importante ressaltarmos algumas teorias, em especial a de Freud. Freud acreditava no desenvolvimento do sujeito ao longo de seis fases, que iria da primeira infância até a infância e caso algumas dessas fases seja interrompida, o sujeito poderá apresentar comportamento disfuncional no futuro. Quando nos referimos às seis fases, nos referimos à fase Oral, Anal, Uretal, Fálica, Latente e Genital. A fase Oral inicia desde o nascimento da criança até os dezoito meses de vida, caracterizando-se como a necessidade e o prazer ligado a estímulo da boca. A fase Anal pode ser vista quando a criança possui um ano de vida até os três anos, que é quando existe a aquisição do controle do esfíncter. A fase Uretal é a transição entre a fase Anal e a fase Fálica, que é o desenvolvimento da identidade e identificação do gênero. A fase Fálica tem período entre três a cinco anos de idade, com foco nos órgãos genitais, ocorrendo o desenvolvimento da identidade sexual, seguida de curiosidades, iniciativas e resolução do conflito edipiano. Já a fase Latente é compreendida entre cinco a onze anos de idade, que é a consolidação do desenvolvimento psicossocial dito anteriormente. Por fim, a fase Genital inicia aos onze anos de idade até o início da puberdade, podendo ser vistas a manutenção das características sexuais, aumento dos desejos libidinais, produzindo conflitos geradores dos problemas não resolvidos nas fases anteriores. Erik Erikson também apresentou um modelo de desenvolvimento humano que se diferenciava da de Freud, pois acreditava no desenvolvimento humano iniciando desde o nascimento até a morte, confiado que as etapas eram dependentes umas das outras, pois o progresso em cada etapa é determinado pelo sucesso ou não em lidar com os desafios da etapa anterior. Além disso, Erikson acreditava na interação mantida pelas gerações. Nos oitos estágios de desenvolvimento segundo Erikson, podemos citar o estágio um que compreende o primeiro ano de vida da criança. Nesse estágio, a criança busca a confiança entre mãe e filho, onde através do amor repassado pelos pais à criança, a mesma sentirá o sentimento de viver em um mundo confiável. No segundo estágio, onde a criança tem entre dois e três anos de idade, ela aprende a explorar e a desenvolver certa independência em relação aos pais. É de fundamental importância o apoio dos filhos para que nesse momento a criança possa sentir controle de si e do mundo. No terceiro estágio a criança encontra-se em idade pré-escolar, entre três a seis anos. Nesse momento a criança é movida pela curiosidade, iniciando o aprendizado e conseqüentemente desenvolvendo as interações sociais com outras crianças e adultos. No quarto estágio, a criança já está na idade escolar, tendo entre seis a onze anos de idade, onde a criança passa a ter contato direto com as influências externas, começando a fazer uso da linguagem, da razão para que assim possa construir e criar. No quinto estágio, período em que a criança inicia na adolescência, tendo entre doze e dezoito anos de idade. Aqui, a criança irá construir uma identidade pessoal, seguida de mudanças relacionadas aos aspectos físicos, emocionais e sociais. No sexto estágio, o sujeito possui idade entre dezoito a vinte anos de idade, ou seja, inicia a vida adulta. Assim, o mesmo busca enfrentar o desafio dos relacionamentos interpessoais, dentre eles os colegas de trabalho, amigos adultos e companheiros românticos. No sétimo estágio, fase compreendida entre os trinta a sessenta anos, o adulto vai buscar o equilíbrio entre as necessidades dos outros e as próprias, surgindo situações difíceis, tais como estabelecer uma carreira, casamento, divórcio, criar e educar os filhos, doença, morte. Por fim, oitavo e ultimo estágio abrange o fim da carreira profissional, chegando à aposentadoria, no qual o sujeito encontra-se com idade acima dos sessenta anos. Nesse estágio existem diversos fatores que agem contra o equilíbrio, pois a carreira perde o ritmo, surge à debilidade física, amigos e familiares morrem, tornando o sujeito consciente da própria morte.
O Ciclo de Vida Familiar
Entender os ciclos da vida humana nos permite compreender acerca
dos ciclos de vida em outros contextos. Conforme Erikson, cada etapa vivenciada nos ciclos da vida humana têm forte ligação com elementos de nossa sociedade pelo fato de que estes ciclos relacionam-se de forma eficaz com as instituições criadas pelo homem. No caso da família, pode-se dizer que a mesma é um sistema social único estabelecendo entre suas partes grande vínculo emocional dificilmente de ser quebrado. Atualmente o modelo de família passou por uma redefinição em seu conceito quebrando paradigmas diante do que era considerado tradicional. Devem-se incluir neste novo modelo casais do mesmo sexo, famílias formadas a partir do segundo casamento, diferentes estruturas financeiras, psicológicas, e de relações flexíveis, etc. Todo modelo familiar passa por desafios em cada nova etapa, porém o principal objetivo é refletir diante dessas mudanças nas condições e nos novos papéis, pois as famílias que são incapazes de enfrentar tais mudanças conseqüentemente serão cercadas por conflitos.
Carter e McGoldrick e o Modelo de Ciclo de Vida com base na Família
Elizabeth Carter e Monica McGoldrick criaram um modelo de ciclo de
vida familiar que pode ser dividido em seis etapas. O primeiro diz respeito à fase do nascimento dos filhos até a sua adolescência. Neste período as crianças são atingidas por suas experiências na família de origem, interação com os pais, e de sua própria interação entre as partes, além da escola e da comunidade. A segunda etapa diz respeito ao momento que o sujeito afastar- se de suas casas para seguir oportunidades de crescimento. Há criação de relações novas, de adulto para adulto, com os pais, e relação ao trabalho e independência financeira. A terceira etapa abrange os anos pré-nupciais. O jovem procura parceiros passando por experiências íntimas chegando assim a tomar decisões sobre comprometimento. Na quarta etapa já é a união deste relacionamento. Neste período o jovem casal procura alinhar seu relacionamento com as respectivas famílias de origem (e vice-versa) com o objetivo de acomodar o novo parceiro. As duas famílias se combinam. A quinta etapa trata-se das famílias com filhos pequenos, assim ocorre à aceitação destes novos membros passando a serem incluídos no sistema familiar. A sexta etapa é quando o casal, já no período da meia-idade, encaminha seus filhos para o mundo afora. Vale salientar que neste período ocorre uma renegociação de um novo relacionamento para ambos, e que novos integrantes na família surgirão passando também a serem incluídos no ciclo familiar. Por fim, podemos entender que o modelo do ciclo de vida com base na família de Elizabeth Carter e Monica McGoldrick apresenta a relação familiar com os indivíduos, trata-se de um importante fator para facilitar ou dificultar a conquistas das tarefas do sujeito e também o seu desenvolvimento psicológico. Conforme as pesquisas, tal modelo é útil, pois facilita a análise do desenvolvimento dos sujeitos no contexto do sistema familiar.
Aplicando o ciclo de vida às empresas familiares
Neste ponto do texto é apresentado um caso ilustrativo dos efeitos dos
ciclos citados anteriormente diante de uma empresa familiar. Com isso, conclui- se que ao ser compreendido o que se entende por empresas familiares, é preciso encontrar temas, significados, questões, que explore as causas de certas atividades e comportamentos para ser interpretado o que acontece dentro destas empresas.