Você está na página 1de 6

13 Experimente Premium

Pesquisar
grátis por 1 mês

Medição de Produtividade da
Manutenção: Lições Aprendidas
Publicado em 30 de janeiro de 2018
Mensagens
Fabrício Hupp Seguir
11 artigos Experimente Premium
13
Pesquisar Engenheiro de Manutenção | Samarco grátis por 1 mês

Em essência, as gerências de manutenção prestam um serviço para as organizações a que


pertencem. A despeito das evoluções tecnológicas, este serviço consome grande quantidade
de mão de obra, que por sua vez tem um custo elevado, principalmente no Brasil.

Portanto, uma das maiores preocupações do gerente de manutenção é executar a maior


quantidade possível de trabalho correto para cada real gasto. A ferramenta natural para
mensurar esta relação entre o que se gasta e o que se entrega é a medição de produtividade
da mão de obra.

Muitos demonizam o método por fazer o paralelo com a administração científica de Taylor e
os therbligs de Gilbreth, que são conceitos que se tornaram obsoletos perante o "trabalhador
do conhecimento" definido por Drucker. Um exemplo é o consultor Torbjörn Idhammar, no
seu artigo "Let´s Kill Wrench Time Studies!". Seu principal argumento é que tempos
"ociosos" podem dar retornos altos, como aqueles gastos com grupos de melhoria contínua.

As críticas são plenamente justificadas, se as medições forem feitas com base em tais
conceitos obsoletos. Porém, estamos falando de manutenção, e existe uma teoria específica
desenvolvida para medir sua produtividade, postulada por Richard Palmer, em seu bíblico
"Maintenance Planning and Schedulling Handbook":

O planejamento da manutenção existe para


evitar perdas de tempo dos executantes. Logo,
Mensagens
Pesquisar as medições de wrench time medem
13 a Experimente Premium
grátis por 1 mês
eficiência da equipe de planejamento

O wrench time a que ele se refere é o indicador fornecido pela medição de produtividade,
definido como o tempo diretamente gasto no equipamento. A partir de suas observações
empíricas, "Doc" Palmer afirma que uma equipe de planejamento de alto nível pode elevar o
wrench time de 30% (o que se espera da manutenção puramente reativa) para um máximo
de 55%. Trocando em miúdos, é como se uma equipe equivalente a 1/4 do seu time
aparecesse do nada pra trabalhar, sem cobrar nada.

Não tenho vergonha nenhuma em usar o clichê "na prática, a teoria é outra", porque ele é
verdade. Gostaria de compartilhar alguns duros aprendizados, após mais de 10 anos
realizando medições de produtividade da manutenção.

As pessoas vão aprender a enganar a medição

É natural, aceite, não critique. Os observados vão pegar uma marreta e acertar qualquer
coisa para não ficar parados na presença do observador. Enquanto houver um observador
perto, o observado jamais irá ao almoxarifado, ou esperará por transporte.

O método "sombra" gera danos que não compensam o benefício

Eu chamo de "sombra" o método de medição em que o observador passa o dia do lado do


observado. Isso é extremamente invasivo, e o estudo sempre estará a um passo de cruzar a
fronteira ética. Quando se usa este método, as pessoas vão executar as práticas do parágrafo
acima com mais afinco. No fim das contas, não vale a pena. Para estes dois primeiros
Mensagens
Pesquisar
problemas, recomendo fortemente usar um método baseado em observações
13 aleatórias
Experimente Premium
grátis por 1 mês
instantâneas. Palmer propôs um em seu livro, mas você pode desenvolver o seu. Eu tive
bons resultados adaptando um método aplicado em hospitais para medir a produtividade de
enfermeiros.

Não culpe o cafezinho

A primeira tentação dos líderes é pegar o "nó cego", aquele que está "empurrando com a
barriga". Cafezinho, telefone e cigarro são demonizados, mesmo consumindo um percentual
de tempo muito menor que o deslocamento e a fila do almoxarifado. A medição de
produtividade não é pra isso: é função dos supervisores identificar pessoas que não querem
ser produtivas e tomar as providências necessárias.

Medições de wrench time são esforços estratégicos

O próprio Palmer sugeriu tratar o wrench time como um indicador. Minha experiência
prática revelou o contrário: as medições são caras, estressantes e os observadores são
extremamente suscetíveis a vícios de repetição. Portanto, é melhor realizar uma grande
medição diagnóstica, criar um bom plano de ação para melhorar o planejamento e
programação da manutenção, e, só após perceber uma melhora, realizar outra medição para
mensurá-la.

Há muitos, muitos vieses...

Pela manhã, todo mundo está no DDS, e o observador pode aproveitar para realizar o
máximo de medições num curto espaço de tempo. Isso vai colocar mais observações num

Mensagens
Pesquisar
momento em que a produtividade é zero, e vai distorcer todo seu estudo.
13 Este é Experimente
só um Premium
grátis por 1 mês
exemplo dos muitos vieses que existem.

Não use estagiários para as medições


Gostei Comentar Compartilhar 153 · 21 comments
Eu já fui estagiário, eu já tive estagiários, é óbvio que não tenho nada contra eles. Porém,
eles são as pessoas menos indicadas para este tipo de serviço, pois sua inexperiência os torna
presas fáceis para os vieses descritos acima. Use recursos nobres. Se for preciso, use menos
recursos em um período de medição mais longo, para diluir os custos. Isso nos leva ao
próximo aprendizado.

Uma semana não é nada

Um dos vieses mais certos é o da sazonalidade. Como saber, por exemplo, em qual dia da
semana a produtividade é menor, se o estudo for feito em apenas 5 dias úteis? Concordo com
a recomendação de Palmer: medições precisam ter de 5 a 7 semanas.

Seja rígido com a definição de ociosidade

Dois mecânicos não conseguiram soltar os parafusos da base de um motor, e estão


aguardando um soldador cortá-los com maçarico. Um eletricista está consultado um
diagrama elétrico antes abrir o painel. Um instrumentista está ajudando a descer uma válvula
da caminhonete. Estas pessoas estão ociosas? Com certeza! Ociosidade não é crime, e o
máximo de produtividade que se espera de humanos é 55%. Isso é natural, as pessoas não
são máquinas. Não trate atividades de apoio como produtivas, pois vai apenas gastar
recursos preciosos gerando um número de wrench time artificialmente alto.

Mensagens
Pesquisar
Você programa mal (desculpe) 13 Experimente Premium
grátis por 1 mês

A maioria dos estudos leva a planos de ação com foco em melhorar a qualidade das ordens
de manutenção. Isso é bom, mas insuficiente: a maior parte das perdas ocorre por um
compartilhamento ineficiente de recursos como guindastes, andaimes e veículos. Não omita
de seu plano de ação a necessidade de melhorar suas técnicas de programação.

Espero realmente ter ajudado, mas quero deixar claro que ainda estou aprendendo a medir
produtividade da manutenção. Gostaria muito de ouvir suas experiências. Se você discordou
de algum ponto, gostaria de ouvir mais ainda.

Até a próxima.

Denunciar

Publicado por
Fabrício Hupp 11 artigos Seguir
Engenheiro de Manutenção | Samarco
Publicado • 2 a

Oi pessoal. Vejo muitas pessoas curiosas sobre este assunto, então decidi compartilhar um pouco do que aprendi
"quebrando a cara" várias vezes.

Reações


Mensagens

Você também pode gostar