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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

ANÁLISE DE IMAGENS DE SATÉLITE PARA CARACTERIZAÇÃO


FOTOGEOLÓGICA DA REGIÃO DE CODAJÁS-RIO SOLIMÕES-AM.

MANAUS
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA

ANÁLISE DE IMAGENS DE SATÉLITE PARA CARACTERIZAÇÃO


FOTOGEOLÓGICA DA REGIÃO DE CODAJÁS-RIO SOLIMÕES-AM.

DISCENTE: RAUL OLIVEIRA ALVES

ORIENTADOR: ALBERTINO DE SOUZA CARVALHO

Trabalho final de graduação, apresentado ao


Departamento de Geociências como requisito para
conclusão do Curso de Bacharelado em Geologia
pelo Instituto de Ciências Exatas da Universidade
Federal do Amazonas.

MANAUS
2017
RAUL OLIVEIRA ALVES

ANÁLISE DE IMAGENS DE SATÉLITE PARA CARACTERIZAÇÃO


FOTOGEOLÓGICA DA REGIÃO DE CODAJÁS-RIO SOLIMÕES-AM

Manaus, Fevereiro de 2017

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Emilio Alberto Soares do Amaral

____________________________________

Roberto Cesar de Mendonça

____________________________________

Dr. Albertino de Souza Carvalho – Orientador


DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, posteriormente a todos que me


ajudaram e deram forças para concluir com êxito e dedicação.

Aos meus pais Rômulo e Clarice, minhas irmãs Carine e Tatyane, meus cunhados
Alberto e Charles, meu orientador Albertino Carvalho, ao professor e amigo Humberto Lima
e a todos os meus amigos e colegas de curso.
EPÍGRAFE

“Um futuro sustentável começa pelo conhecimento do solo”

Autor desconhecido
Indice
RESUMO ................................................................................................................................ 1

CAPITULO I ............................................................................................................................ 1

I.1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

I.2 - JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 2

I.3 - OBJETIVO ....................................................................................................................... 4

I.4 - LOCALIZAÇÃO E ACESSO A ÁREA DE ESTUDO ......................................................... 5

CAPITULO II ........................................................................................................................... 7

II.1 - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL E LOCAL .......................................................... 7

II.2 - ABORDAGEM METODOLÓGICA DO TRABALHO - MATERIAIS E MÉTODOS ......... 17

CAPITULO III ........................................................................................................................ 21

III.1 - RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 21

III.1.1 – Analise Multitemporal ............................................................................................ 21

III.1.2 – Processo de Fotointerpretação ............................................................................. 27

III.1.3 – Dados topográficos da missão SRTM ................................................................... 31

III.1.4 – Confecção do Mapa Fotogeológico....................................................................... 33

CAPITULO IV ........................................................................................................................ 39

IV.1 - CONCLUSÕES............................................................................................................ 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 43

LISTA DE FIGURAS, TABELAS E ANEXO

Figura I.1: Mapa de localização feito com base na Folha SA-20-Z-C-V originalmente na
escala de 1:100.000 ................................................................................................................ 6
Figura II.1: Mapa Geológico com a delimitação das unidades geológicas aflorantes e a
separação dos três níveis de terraços nas regiões do Careiro-da-várzea, Careiro-Castanho,
Manaquiri e Autazes (Amazônia Central). Fonte: Gonçalves Júnior. (2013). ........................ 11
Figura III.1: Mapa resultante da análise temporal (1988-2008) das imagens Landsat 5/ETM
para área de estudo. ............................................................................................................. 23
Figura III.2: A) Base cartográfica (escala 1:100.000) mostrando o traçado dos limites da ilha
no ano de 1980; B) Recorte da imagem Landsat 5 (banda 4) do ano de 1988 e C) Recorte
da imagem Landsat 8 (banda 5) do ano de 2015. ................................................................. 26
Figura III.3: Mapa fotointerpretativo elaborado a partir da imagem TM/Landsat 5 com a
delimitação das zonas homologas. ....................................................................................... 30
Figura III.4: A) Imagem SRTM rasterizada com visão regional em destaque a área de
estudo. B) Imagem rasterizada da área teste de Codajás-AM. As áreas destacadas em
vermelho são ilhas fluviais. (Fonte: Alfaya, 2012, figura 5.7, pagina 44)............................... 32
Figura III.5: Mapa fotogeológico elaborado a partir da imagem ETM+/Landsat 8 com a
delimitação dos terraços superior, intermediário e inferior (VIDE ANEXO I NA ESCALA
ORIGINAL). ........................................................................................................................... 38

Fluxograma II.1: Abordagem Metodológica deste trabalho. .................................................. 20

Tabela III.1: Tabela de comparação das cotas das estações de Codajás e Itapéua-AM. ..... 22
Tabela III.2: Cálculo de áreas de deposição e de erosão para o período de 20 anos (1988 e
2008). .................................................................................................................................... 25
Tabela III.3: Definição das zonas homólogas finais da área de estudo e suas principais
características. ...................................................................................................................... 29
Tabela III.4: Tabela contendo as informações dos dados da missão SRTM ......................... 31

Anexo I – Mapa fotogeológico impresso na escala 1:100.000, referente a área estudada.


RESUMO
Devido a grande extensão da região amazônica (500.000km²) e sua grande
dificuldade de acesso por estradas e outras vias, as geotecnologias são usadas como
ferramentas de estudos geológicos. Os estudos de sensoriamento remoto na região
amazonica são em escala regional, não havendo um detalhamento mais preciso. Com isso
este trabalho se propôs a elaborar um mapa fotogelógico de detalhe da área de estudo,
localizada no entorno da sede municipal de Codajás-AM, compreendendo 3071km²,
caracterizada por uma topografia entre 16 ~ 70m. O trabalho se baseou no uso integrado da
fotointerpretação sistemática de imagens do satélite Landsat e em dados topográficos do
SRTM. Com base nas imagens Landsat 5 foi realizada a análise multitemporal para um
período de 20 anos onde se calculou as taxas de erosão/deposição que mostrou
modificações no sistema fluvial. Sobre a composição colorida 543(RGB) da imagem Landsat
8 aplicou-se a técnica de interpretação logica e sistemática. O resultado obtido foi o Mapa
fotogeológico, no qual foram reconhecidos os três (03) níveis de terraços fluviais do
Quaternário. A grande maioria das feições morfoestratigráficas descrita nos trabalhos
anteriores encontra correspondência com os elementos de drenagem, relevo, vegetação e
solos estabelecidos para cada uma das zonas fotogeológicas estabelecidas neste trabalho.
Este trabalho avalia ainda dois outros elementos para a caracterização das zonas
homólogas, ou seja, feições de ocupação antrópica e a análise tonal. Com estes elementos
é possível acrescentar novas características fotointerpretativas visando a delimitação das
zonas e possivelmente utilizar esta informação para orientar e subsidiar os levantamentos
de campo. Os dados topográficos do SRTM permitiram, de forma complementar delimitar a
extensão da planície aluvionar e diferenciar os terraços que a constituem. A utilização de
imagens orbitais e demais procedimentos metodológicos comprovou ser ferramenta
importante para nortear trabalhos de geológicos de campo, principalmente em áreas de
difícil acesso e com expressiva cobertura vegetal.

Palavra chave: Sensoriamento remoto, depósitos sedimentares, geologia da Amazônia.


CAPITULO I

I.1 - INTRODUÇÃO

Devido a grande extensão da região amazônica (500.000km²) e sua grande dificuldade


de acesso por estradas e outras vias, as geotecnologias são usadas como ferramentas de
estudos geológicos, análises multitemporais para verificação de taxas de erosão/deposição,
delimitação dos terraços aluvionares, assim como estudos estratigráficos nesses locais.
Muitos trabalhos já foram publicados sobre este tema, como o de Mertes (1996), Rozo
(2004), Rozo et al. (2005), Carvalho (2005), Rozo et al. (2012), Passos et al. (2013), entre
outros. Da mesma forma, vários outros trabalhos abordaram a estratigrafia de subsuperfície
da sequência sedimentar cretácea-neógena (Soares et al., 2016); dados palinológicos e
sedimentológicos de estratos miocênicos (Soares et al. 2015); caracterização
palinoestratigráfica de depósitos miocênicos (Dino et al. 2006); uso de dados topográficos
orbitais (Alfaya, 2012).

Estes estudos são importantes, pois contribuem para a melhoria do conhecimento


geológico da vasta planície dos rios amazônicos. Outros estudos (Silva, 2016, inédito e
Porto, inédito) desenvolveram trabalhos de caracterização fotogeológica para o suporte ao
poder público e as populações ribeirinhas em relação a determinação de áreas de risco,
devido ao processo das enchentes provocadas pelos processos erosivos e deposicionais
nas margens e leitos dos rios.

Apesar de existirem alguns trabalhos de cunho geológico regional, na região de


Codajás/AM ainda há muito que ser estudado sobre este trecho do rio Solimões e seu
comportamento dinâmico. Com este trabalho, através da utilização de imagens de satélite,
foi feita a caracterização fotogeológica extremamente detalhada no entorno da sede deste
município, apresentando ao final o correspondente mapa fotogeológico. Este produto foi
obtido com base na interpretação sistemática de imagens de satélite da área de estudo, na
sua integração com dados topográficos e a sua correlação geológica com as unidades que
vem sendo localmente reconhecidas em trabalhos similares ao longo das calhas dos rios
Solimões e Amazonas.

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I.2 - JUSTIFICATIVA
Existem vários estudos de sensoriamento remoto voltados à caracterização da dinâmica
fluvial dos rios amazônicos, porém estes são sempre em escala regional, a exemplo
daqueles realizados no entorno de Manaus, Iranduba, Itacoatiara, etc. Faltam, entretanto,
trabalhos detalhados em quase toda a extensão do médio e alto trechos do rio Solimões.
Recentemente trabalhos mais localizados têm sido desenvolvidos no entrono dos municípios
de Iranduba e Anamã. Estes trabalhos além de apresentar a caracterização fotogeológica
das áreas estudadas, mostram também como municípios ribeirinhos, com suas orlas
urbanas localizadas em áreas sobre influência direta de processos erosivos ou
deposicionais (sedimentação), têm sofrido com recorrentes inundações e
desbarrancamentos.

Um exemplo deste tipo de estudo é o desenvolvido na orla convexa de Iranduba e suas


ilhas (Porto, inédito), onde bancos de areias, lagos e áreas de inundação são caracterizados
e mostram a intensa dinâmica de sedimentação e erosão e sua correspondente
susceptibilidade a erosão. Outro exemplo é o estudo de trecho do rio Solimões no entorno
da sede municipal de Anamã (Silva, 2016, inédito), que historicamente tem mais de 90% de
sua área urbana inundada. Nestes estudos além da caracterização fotogeológica das áreas
estudadas, foi possível caracterizar a dinâmica de erosão; identificadas através de suas
escarpas, blocos rolados e o desmoronamento das margens, inclusive arrastando parte da
vegetação.

Segundo aqueles autores estes fatos são causados pelo solapamento natural da parte
baixa da margem, resultante da corrosão hidráulica entre as cheias e vazantes, associado
ao fluxo hidrodinâmico que se diferencia ao longo dos canais principais dos rios. Ambos os
processos podem acarretar consideráveis prejuízos ao poder público municipal, que
poderiam ser minimizados considerando os trabalhos e análises realizados para se
determinar as áreas susceptíveis a estes processos. A forma de contribuir para este tipo de
estudos é a elaboração de mapas fotogeológicos, que acabam por contribuir para o
planejamento da expansão urbana e também para o conhecimento da distribuição e das
relações entre as unidades geológicas que se distribuem ao longo da planície dos rios
Solimões e Amazonas.

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Neste contexto, há ainda muito a ser estudado principalmente sobre os processos
deposicionais e a dinâmica fluvial ao longo do tempo, justificando a escolha desta área de
estudo, visando inicialmente a sua caracterização fotogeológica e estabelecer correlações
com os estudos já realizados em áreas adjacentes, ampliando o grau de conhecimento
geológico desta extensa planície deposicional amazônica.

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I.3 - OBJETIVO
O objetivo desse trabalho foi, portanto, elaborar o Mapa Fotogeológico da área de
Codajás-AM, na escala 1:100.000, mostrando a caracterização fotogeológica detalhada dos
diferentes tipos de depósitos aluvionares, por meio de imagens dos satélites Landsat 5/TM
(Thematic Mapper), Landsat 8/ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus) e com auxílio de
dados topográficos da missão SRTM (Shuttle Radar Topographic Mission), visando a sua
correlação com as unidades regional e localmente reconhecidas.

E como objetivos específicos pode-se enumerar:

- Calcular e apresentar as taxas de deposição e erosão observadas na área estudada, com


base nas imagens do satélite Landsat 5/TM (Thematic Mapper) para um período de 20 anos
(1988-2008).

- Contribuir para o conhecimento geológico dos depósitos aluvionares distribuídos ao longo


dos rios e subsidiar os futuros estudos sobre as recorrentes enchentes nas sedes municipais
localizadas nas calhas dos rios amazônicos.

- Elaborar o mapa fotogeológico da área de estudo a partir das imagens do satélite Landsat
8/ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus) com as delimitações dos seus respectivos
terraços aluvionares.

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I.4 - LOCALIZAÇÃO E ACESSO A ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo está localizada no município de Codajás-Am, situada, em linha reta, a
aproximadamente 240 km a sudoeste de Manaus e a 308 km ao longo do canal do rio
Solimões, em direção a montante, com duração de cerca de 2 dias e 12 horas a viagem de
barco. Para servir de base cartográfica para este trabalho foi selecionada e adquirida no site
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a Folha Codajás SA-20-Z-C-V, na
escala 1:100.000, impressa em 1987. A partir desta base foi delimitada a área de estudo,
compreendendo a sede municipal de Codajás-AM, os paranás do Corós, Rebeldes, Badajós,
Miranha e Jurupari, no rio Solimões e a ilhas dos Coros, do Matrinxão e a de Codajás. A
área está delimitada pelos paralelos e meridianos de 04° 00”S e 04° 30”S, 62° 00” W e 62°
30” W, respectivamente, compreendendo cerca de 3.070,9km2(Figura I.1).

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Figura I.1: Mapa de localização feito com base na Folha SA-20-Z-C-V originalmente na escala de 1:100.000
6
CAPITULO II

II.1 - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL E LOCAL


A revisão apresentada a seguir é uma síntese dos estudos geológicos de escala regional
e alguns trabalhos locais de importância para o entendimento da geologia local, além de
fundamentar e permitir as possíveis correlações geológicas entre os depósitos
individualizados na área de estudo com as unidades regionalmente reconhecidas,
contribuindo, desta forma, para a melhoria no nível de conhecimento geológico da evolução
cenozóica da região Amazônica.
A Bacia Amazonas, cuja instalação se processou ao longo do Paleozóico, recobre área
de aproximadamente de 500.000km2, situando-se entre os escudos Guianas e Brasil Central
que integram o Cráton Amazônico (Almeida, 1989). Os principais cursos fluviais nascem nos
Andes peruanos, transitam pela Amazônia brasileira e deságuam no Oceano Atlântico.
Para Ferreira (2009) o rio Negro caracteriza se como um sistema fluvial bem menos
intenso quando comparado ao rio Solimões e rio Madeira, não apresentando alterações
significativas de erosão e sedimentação que venham ou que mereçam destaque, pois, não
oferecem nenhum risco às comunidades devido suas águas transportarem poucos
sedimentos em suspensão; entretanto, analisando o sistema de drenagens do baixo rio
Negro na área do maior arquipélago fluvial do mundo, as Anavilhanas, e deste até o
encontro com o rio Solimões, verifica se dois sistema de drenagens: anastomosado e
retilíneo respectivamente o que reflete em dinâmica fluvial distinta ao longo do tempo.
A pequena quantidade de trabalhos e obtenção de dados estratigráficos sobre a
Bacia do Amazonas associada à escassez de afloramentos, a intensa cobertura de floresta
e as dificuldades de acesso tem dificultado a delimitação destas megasequências, tanto as
do Paleozóico quanto do Mesozóico-Cenozóico. Enquanto a sequência Paleozóica tem sido
objeto de vários estudos em função da sua melhor exposição e também pelo seu potencial
petrolífero, a sequência Mesozóica-Cenozóica ainda permanece com lacunas de dados
litoestratigráficos e geocronológicos para apoiar a identificação, delimitação e
individualização de suas unidades constituintes, em especial das unidades pós-cretácicas.
Entretanto, estes estudos têm evoluído muito nos últimos anos, tanto pela utilização
da interpretação de imagens de sensores remotos quanto de trabalhos de geomorfológicos

7
sedimentológicos (Latrubesse e Franzinelli, 2002), além de mapeamento geológico campo e
datações fossilíferas. Segundo estes autores os depósitos aluvionares podem ser divididos,
considerando suas feições geomorfológicas e sedimentológicas, em três (03) unidades
distintas: (i) depósitos de areias e argilas em scroll bars, supostamente do Pleistoceno
Superior; (ii) depósitos de argilas cinza esverdeadas, com lagos arredondados
representando a planície de inundação; (iii) depósitos de canal, areno-siltosos das barras
atuais (scroll bars, channel bars).
Na década 2000-2010 por meio de estudos estratigráficos, sedimentológicos e de
fácies sedimentares resultantes de mapeamentos detalhados de áreas no entorno de
Manaus e municípios vizinhos, foi possível e inicialmente proposto pelo trabalho de Rozo et
al. (2005) e de Soares (2007), a individualização de delgado pacote de sedimentos pós-
cretáceos que ocorrem discordantemente sobre os sedimentos da Formação Alter do Chão,
a Formação Novo Remanso, informalmente proposta por Rozo et al. (op. cit.), após a
identificação de delgadas coberturas pós-cretáceas sobrepostas discordantemente aos
sedimentos da Formação Alter do Chão nas regiões de Novo Remanso e Itacoatiara-AM.
Esses depósitos foram posicionados entre o Mioceno Médio a Superior com base em
análises de dados palinológicos de Dino et al. (2006) e de Dino et al. (2012). Segundo o
autor a formação é composta por arenitos ferruginosos friáveis, moderadamente
selecionados com granulometria variando entre média e grossa, apresentando estratificação
acamadada, e contendo argilitos subordinados representando depósitos de planícies de
inundação e de canais abandonados em paleossistema fluvial meandrante Rozo (2004) e
Rozo et al. (2005).
Passos et. al. (2013) analisam imagens multiespectrais da região entre Manaus e
Manacapuru, em um período de 18 anos (1991-2009), indicando que o rio Solimões está
orientado segundo lineamentos estruturais determinantes para os processos de erosão e
deposição. Além disso, os autores demonstram que o canal, no trecho estudado, apresenta
elevada estabilidade, corroborando com os dados de Mertes et al.(1996), Rozo et al. (2005),
Teixeira & Soares (2010) e Nobre (2010), sobre a dinâmica fluvial quaternária do Rio
Solimões. Afirmam ainda que no trecho analisado, o sistema fluvial do Rio Solimões pode
ser considerado marginal anastomosado com algumas ilhas e anabranching, embora a
sinuosidade média do canal principal permaneça perto de 1,0. O estilo anabranching se

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caracteriza por uma rede interconectada de canais, separados por regiões de planície de
inundação (Smith & Smith, 1980; Makaske, 2001). Segundo Latrubesse et al. (2009) o
padrão anabranching se caracteriza pela presença de ilhas vegetadas que atuam como
verdadeiros “separadores” entre o canal principal de primeira ordem e braços secundários
de distintas hierarquias. Embora possam ser cobertas pelas águas de inundação, as ilhas
separam canais que mantém uma independência ou identidade hidráulico-hidrológica. Os
múltiplos canais, característicos deste estilo fluvial, induzem aos inúmeros processos de
erosão de deposição observados ao longo do Rio Solimões e pequenos tributários.
Concluem os autores que a morfologia deposicional de barras em pontal com estratificação
heterolítica inclinada dos terraços fluviais é indicativa de um estilo fluvial meandrante que o
rio apresentou durante o Pleistoceno e parte do Holoceno, diferente do atual estilo fluvial
anastomosado (anabranching).
Abinader et al. (2007) e Abinader (2008, inédito) em estudos mais detalhados
subdividiu esses depósitos em duas porções distintas, separadas por uma superfície de
descontinuidade denominada S2 e marcada por paleossolo laterítico ferruginoso. Para este
autor somente a porção superior é considerada como a Formação Novo Remanso. Essa
porção é constituída por arenitos caulínicos maciços e depósitos psâmo-pelíticos formando
estratificação heterolítica inclinada de ambiente deposicional fluvial meandrante. A porção
inferior foi denominada pelo autor de Formação Iranduba, com ocorrência restrita à região
entre Manacapuru e Iranduba, composta por arenitos grossos estratificados, arenitos médios
maciços e siltitos laminados atribuídos a ambiente deposicional fluvial meandrante.
Em contraposição, Dino et al. (2012) propõem a subdivisão da Formação Novo
Remanso em dois membros, limitados por três superfícies erosivas marcadas por
paleossolos lateríticos ferruginosos imaturos, maciços a colunares, posicionados
estratigraficamente na base, no meio e no topo dos depósitos miocênicos, denominados
SD1, SD2 e SD3, respectivamente. O membro inferior é descrito como sequência de
arenitos médios a grossos, amarelados a avermelhados, apresentando estratificações
cruzadas tabulares, acanaladas e pares de estratificação heterolítica inclinada, formados
pela intercalação de camadas de arenito e pelitos. O membro superior corresponde a
arenitos caulínicos finos a médios, de coloração branca a amarelada, predominantemente

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maciços, podendo apresentar estratificação cruzada e contendo fragmentos preservados e
moldes de madeira fossilizada.
Soares et al. (2015) apresentaram novos dados sedimentológicos e palinológicos dos
depósitos miocénicos da bacia do Amazonas representados pela formação Novo Remanso.
Os autores caracterizam a unidade com distribuição geográfica e esparsa e irregular,
afirmando o seu raro conteúdo fóssil. Entretanto estudos litoestratigráficos e palinológicos
realizados em afloramentos no rio Uatumã permitiram identificar a ocorrência dessa
formação em outros municípios da região. A palinoflora recuperada de cinco (05) amostras,
segundo os autores, é composta exclusivamente de palinomorfos de origem continental. O
predomínio é de espécies afins a angiospermas e a presença de algumas espécies
assegura que esses depósitos se enquadram em palinozonas de idade do Mioceno médio.
Os autores afirmam ainda que esses dados ampliam as informações de Dino et al. (2012)
sobre a formação Novo Remanso e ratificam que as camadas miocênicas cobrem uma área
bem maior que a previamente considerada por Rozo et al. (2005).
Gonçalves Júnior (2013) e Gonçalves Júnior et al. (2016) com estudos ainda mais
atuais indica que o embasamento geológico de sua área de estudo é formado pelas
formações Alter do Chão e Novo Remanso, circundado por três níveis distintos de terraços
fluviais quaternários (Figura II.1). O embasamento local apresenta relevo dissecado formado
por colinas e platôs sustentados por níveis de paleossolos lateríticos ferruginosos recobertos
por latossolos amarelos. O autor reconheceu ainda três níveis de paleossolos distintos, no
topo da unidade cretácea (Formação Alter do Chão), na porção intermediária e no topo da
unidade miocena (Formação Novo Remanso), que definem superfícies de descontinuidade.
Esses paleossolos apresentam espessuras variando desde algumas dezenas de
centímetros até poucos metros e foram denominados informalmente de superfícies S1, S2 e
S3, da base para o topo, respectivamente. As descontinuidades e a frequente ausência
desses níveis de paleossolos dificultam a correlação e o empilhamento estratigráfico em
campo. Assim, as formações Alter do Chão e Novo Remanso foram agrupadas por este
autor, em uma única unidade, denominada de embasamento geológico Cretáceo-Neógeno.

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Figura II.1: Mapa Geológico com a delimitação das unidades geológicas aflorantes e a separação dos três níveis de terraços nas regiões do
Careiro-da-várzea, Careiro-Castanho, Manaquiri e Autazes (Amazônia Central). Fonte: Gonçalves Júnior. (2013).

11
Para Gonçalves Júnior (op. cit.) a Formação Alter do Chão é constituída
principalmente de arenitos ferruginizados, finos a médios, de coloração variando de
amarelada a avermelhada, enriquecidos em óxidos e/ou hidróxidos de ferro. Internamente,
esses arenitos apresentam estratificação plano-paralela, cruzada tabular e cruzada
acanalada. Em menores proporções, essa unidade exibe fácies siltosas e argilosas,
caulínicas, de aspecto maciço, com cores variando de branco a creme.
A Formação Novo Remanso apresenta-se recobrindo a superfície S1 ou
diretamente a Formação Alter do Chão. Apresenta espessura aflorante de aproximadamente
3 metros e foi dividida em duas partes distintas, denominadas informalmente de superior e
inferior, separadas pelo paleossolo laterítico S2 e diferenciadas pela variação
granulométrica, definindo sequência deposicional granodecrescente ascendente. A unidade
inferior é predominantemente arenosa com granulometria entre fina a média, coloração
amarelada e avermelhada, por vezes, intensamente ferruginizada, litificada e com
estratificação plano-paralela. A unidade superior é representada por rochas sedimentares
psâmo-pelíticas maciças e friáveis de coloração esbranquiçada.
A superfície S1 é representada por um nível de paleossolo laterítico ferruginoso de
espessura métrica, estruturação colunar e aspecto cavernoso pronunciados, ocorrendo in
situ sobre a Formação Alter do Chão e ocasionalmente na forma de blocos rolados nas
encostas das escarpas. Esta superfície é facilmente reconhecida na região de Autazes, às
margens do rio Madeirinha, sendo responsável pela sustentação do relevo da região.
Localmente este paleossolo pode ocorrer com estruturação colunar ou apresentando pouca
estruturação interna. Nas cotas mais altas evolui para níveis pisolítico que são sucedidos por
espessos perfis de latossolo amarelo.
A superfície S2 ocorre na porção intermediária da Formação Novo Remanso, com
afloramentos ao longo da BR-319 e das margens do rio Castanho. É representada por uma
crosta laterítica ferruginosa com espessura métrica, contendo da base para o topo níveis
com: (a) feições de retrabalhamento de clastos de arenito e crostas laterítica, ambos
ferruginosos, imersos em uma matriz avermelhada sem estruturação; (b) crosta de aspecto
botrioidal a maciço e, (c) crosta de nível pisolítico (0,5 - 2,5 cm) a maciço.
A superfície S3 ocorre no topo da Formação Novo Remanso, sendo recoberta por
depósitos fluviais quaternários. Apresenta espessura média variando de 2 a 3 metros,

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sustenta o relevo e registra boas exposições nas margens do rio Castanho, do lago Mamori
e na BR-319. Ocorre sob a forma de uma crosta laterítica ferruginosa bem desenvolvida,
com estruturação colunar incipiente e textura variando de cavernosa a porosa.
Em concordância com os estudos de Soares (2007), Gonçalves Júnior (op. cit.)
propõe ainda que os Depósitos da planície aluvial do sistema Solimões-Amazonas, no
trecho entre os municípios de Careiro-Castanho e Autazes, englobam três (03) níveis de
terraços fluviais denominados informalmente de superior, intermediário e inferior. Os
terraços possuem declive geral de direção sul para norte e comportam-se como faixas
alongadas paralelas e assimétricas em relação ao eixo principal do sistema fluvial Solimões-
Amazonas.
Para o autor, o Terraço Superior seria a unidade quaternária mais antiga da planície
aluvial do sistema Solimões-Amazonas, localiza-se mais afastada dos canais atuais e
corresponde à planície de inundação inativa destes rios. Esta unidade apresenta suas
melhores exposições nos cortes da BR-319 nas proximidades de Careiro-Castanho, na
estrada de Manaquiri e nas margens dos rios Castanho e Mamori. O topo desta unidade
apresenta cota máxima em torno de 80 metros na porção sul da área e mínima de 30 metros
nas proximidades do contato com o Terraço Inferior, ao norte. O padrão geomorfológico é
caracteristicamente marcado pela dissecação moderada do relevo, que se relaciona à
predominância do padrão subretangular a subdendrítico da rede de drenagem,
apresentando resquícios da morfologia deposicional na forma de linhas de acresção de
antigas barras de pontal que propiciaram o desenvolvimento de uma sucessão de colinas
arredondadas e vales com declividade suave. Desenvolvem-se sobre esta unidade, lagos
retilíneos e ramificados, os quais constituem antigas drenagens represadas, classificadas
por Dumont (1993) como lagos represados. Esta unidade é recoberta por solo
predominantemente argiloso, de coloração amarelo alaranjada, com espessura variando de
alguns centímetros até aproximadamente um (01) metro em alguns locais, que serve de
suporte ao desenvolvimento de uma vegetação de grande porte.
Internamente, os depósitos relacionados ao Terraço Superior seriam
predominantemente constituídos por camadas de lama (silte e argila) de coloração variando
de branco a avermelhada que se intercalam com camadas arenosas subordinadas,
compondo pares de estratificações heterolíticas inclinadas (EHI) nas feições de barra de

13
pontal observadas. Os pares estratificados apresentam inclinações que variam da ordem de
10° a 45°, observado próximo a Careiro-Castanho. As camadas de areia apresentam
granulação fina a média, coloração variando de amarelada a avermelhada e espessura
variando desde poucos centímetros até alguns metros.
O Terraço Intermediário dispõe-se como faixa contínua assimétrica e alongada
paralela a faixa atual do Sistema Fluvial Solimões-Amazonas, cuja largura média
aproximada é da ordem de 10 km compondo parte de sua planície aluvial ativa, portanto,
estando sujeito às inundações periódicas anuais. Seus depósitos recobrem
aproximadamente 15% do total da área de estudo e situam-se em cotas variando entre 30 e
25 metros, apontando suave declividade de sul para norte. Esta unidade apresenta relevo
predominantemente plano, contendo poucas ondulações e feições deposicionais de linhas
de acreção lateral.
Esta unidade se caracteriza por comportar baixa densidade de canais fluviais quando
comparada ao Terraço Superior. Seu sistema de drenagens corresponde basicamente a
sistemas de lagos de formas predominantemente arredondadas ou elípticas com eixo maior
nas direções E-W e NE-SW e comprimento variando (eixo maior) entre 2 e 8 km. Essas
massas d’água são associadas à distributários meandrantes abandonados (oxbow lakes) e
colmatados, podendo apresentar-se isolados ou interligados por sistemas de pequenos
canais, paranás e furos, eventualmente secos no período de vazante. Esta unidade exibe
laminação incipiente e coloração marrom-acinzentada. Internamente é constituída
predominantemente por lama (silte e argila), com esparsas intercalações de camadas de
areia de granulometria fina a média, com espessura de até um metro e coloração que varia
de cinza a alaranjado.
O Terraço Inferior corresponde à maior parte da planície de inundação ativa do
Sistema Fluvial Solimões-Amazonas-Madeira, ocorrendo como faixas delgadas e alongadas,
formando a maioria de suas ilhas. Apresenta relevo relativamente plano com suaves
ondulações desenvolvido em cotas que variam de 25 e 10 metros. As ondulações são
formadas por cristas e depressões que representam linhas de acreção lateral, com formas
arqueadas e de comprimento quilométrico, desenvolvidas em direções variadas, entre as
quais se instalaram lagos estreitos e alongados. Atualmente, esta unidade é seccionada por
canais secundários (furos e paranás) com largura em torno de 200 metros. A superfície é

14
livre de processos pedogenéticos, sendo recoberta por vegetação predominantemente
formada por campos de gramíneas e arbustos, além de árvores de pequeno porte típicas de
várzeas. Os depósitos desse nível de terraço são compostos internamente por intercalações
de espessas camadas de lama (silte e argila) de coloração marrom e camadas arenosas de
cor cinza escura, que juntas compõem pares de EHI. As camadas apresentam espessuras
que variam de 50 centímetros a 1,5 metros.
As camadas que compõem os pares de EHI podem apresentar aspecto maciço ou
conter estruturas sedimentares sin-deposicionais, como estratificações plano-paralelas,
cruzadas e acamamento flaser e pós-deposicionais, como marcas de bioturbação. Por
vezes, intercalados as camadas lamosas ocorrem níveis ricos em matéria orgânica (acúmulo
de galhos, raízes e folhas parcialmente decompostos) de espessura centimétrica e
coloração cinza escura.
Finalizando esta sequência sedimentar têm-se os depósitos aluvionares recentes,
que são constituídos de sedimentos arenosos e/ou lamosos (silte e argila) inconsolidados,
depositados principalmente como barras marginais e ilhas ao longo dos canais dos rios
Solimões, Amazonas, Madeira e canais secundários. São constituídos principalmente de
areia quartzosa, que nos períodos de vazante dos rios, formam praias cuja extensão
máxima é da ordem de centenas de metros. Intercalados as barras arenosas ocorrem
acúmulos de matéria orgânica (galhos e folhas) de até 1 metro de espessura, bastante
comuns nas margens do Rio Castanho.
Estas subdivisões dos depósitos aluvionares tem sido objeto também de estudos
geocronológicos para sustentar as suas distinções. Rossetti et al. (2006) por meio de
datações C14 propuseram a subdivisão dos depósitos aluvionares em quatro (04) níveis,
dispostos ao longo dos canais dos rios, lateralmente descontínuos, os quais foram datados e
denominados de: Q1, com idades entre 43.700-37.400 anos; Q2, com aproximadamente
27.200 anos; Q3 entre 6.730-2480 anos e Q4 entre 280 e 130 anos.
Soares et al. (2010) utilizando dados TL/OSL encontraram idades para estes
depósitos variando entre 65.220 a 7.500 anos para terraços distribuídos ao longo do rio
Solimões entre Manaus e Manacapuru. Segundo os autores estes depósitos estão dispostos
em faixas alongadas e paralelas ao canal principal e se estendem por dezenas de metros.

15
Fiori et al. (2014) também determinaram idades entre 205.000 a 83.000 anos para os
depósitos fluviais encontrados na confluência dos rios Solimões e Purus.
Rozo et al. (2012) baseados em dados TL/OSL individualizaram quatro (04) diferentes
unidades morfoestratigráficas na planície aluvionar do rio Amazonas no trecho entre os rios
Negro e Madeira. Os autores Incluem então: (i) depósitos mais antigos, representado pelas
formações Alter do Chão e Novo Remanso, com presença de característicos lagos
ramificados e de foz afogada, em relevo moderadamente dissecado; (ii) depósitos
aluvionares com idades entre 7.500 a 3.400 anos, com característicos depósitos de areais
finas e camadas de argilas cinzentas formando pares de estratificação heterolítica
inclinadas; (iii) depósitos de planície de inundação com idades entre 1.100-900 anos
compostos de argilas maciças e laminadas ricas em matéria orgânica de coloração marrom
a esverdeadas onde são frequentes lagos arredondados e irregulares (oxbow lakes); (iv)
depósitos de barras de canal, constituídas de areias finas, distribuídas ao longo dos canais
atuais.
Em trabalho ainda inédito, Gonçalves Junior e outros interpretando imagens e radar
de alta resolução (6m) realizaram análises geomorfológicas, nas quais identificaram grandes
lineamentos estruturais e caracterizaram as principais feições morfológicas dos terraços,
assim como o estabelecimento de limites geológicos das unidades estudadas. Os autores,
com base em estudos de 23 amostras por meio de datação OSL, chegaram a definição de
três (03) distintos terraços quaternários, bordejando os poucos núcleos mais antigos dos
terrenos das formações Alter do Chão e Novo Remanso: (i) Terraço Superior, com idades
variando entre 240.000±16.000 anos e 51.000±5.000, apresentando relevo moderadamente
dissecado, drenagem sub dendritica, sub retangular, com altitudes variando entre 80 e 30m;
(ii) Terraço Intermediário, com idades variando entre 30.900±5.000 e 19.100±6.300 anos,
com terrenos sujeitos a inundações anuais, com relevo plano, com raras linhas de acresção
de barras, elevação entre 3 a 25m, constituído de lamas siltosas com intercalações métricas
de areias e frequente associação com furos, paranás e lagos arredondados (oxbow lakes).e
(iii) Terraço Inferior, com idades entre 18.300±4.000 a 2.000±1.000 anos, constituído de
pacotes métricos de silte marrom escuro e intercalações sub métricas de areais finas bem
selecionadas, apresentando relevo muito plano entre 25-10m de altitude, com forte
influência das inundações anuais, lagos estreitos e alongados, onde a vegetação é baixa.

16
II.2 - ABORDAGEM METODOLÓGICA DO TRABALHO - MATERIAIS E MÉTODOS
De um modo geral o trabalho se desenvolveu em quatro etapas sucessivas, seguindo
uma metodologia integrada de interpretação dos resultados (Fluxograma II.1).

Primeira Etapa - Levantamento bibliográfico sobre as áreas de estudo: relatórios


técnicos, artigos, capítulos de livros, livros, dissertações de mestrado e teses de doutorado
que tratem do estágio de conhecimento geológico, estrutural e fluvial da região em estudo.

Segunda Etapa - A partir da carta base da Folha Codajás SA-20-Z-C-V na escala


1:100.000 obtida no site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
confeccionou-se o mapa de localização da área de estudo e o mapa base para a confecção
do mapa fotogeológico. A partir disso foram obtidas no site do INPE (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais) as imagens multiespectrais do sensor TM (Thematic Mapper) do
Landsat 5 e do sensor ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus) a bordo do satélite Landsat
8. Adicionalmente foi utilizado para a escolha destas imagens os dados e datas de períodos
de seca, obtidos no site da ANA (Agência Nacional de Águas) e dando preferência as cenas
obtidas com pouca cobertura de nuvens, e no site da EMBRAPA (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária) foram selecionados os dados topográficos da missão SRTM
(Shuttle Radar Topographic Mission).

Terceira Etapa – As imagens do Landsat 5/TM (Thematic Mapper) utilizadas foram


referentes a cena da órbita 262, ponto 63, obtidas nas seguintes datas 07/09/1988,
05/10/1998 e 30/09/2008. Sobre estas cenas completas efetuou-se o recorte da imagem da
área de estudo, na qual foram aplicadas técnicas de realce radiométrico como a Correção
Atmosférica, Equalização Histogrâmica, Ampliação Linear de Contraste (ALC) e a obtenção
da composição colorida 435 (RGB). Em seguida foram aplicados processamentos mais
complexos como a Decorrelação, Transformação IHS e por Componentes Principais, para
se realizar a análise quantitativa da erosão e ou de sedimentação através da superposição
de dados vetoriais e temporais extraídos das imagens de diferentes datas, objetivando o
cálculo da taxa de migração do rio no trecho estudado.

17
Já sobre a imagem do Landsat 8/ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus), da
mesma cena datada de 20/10/2015, foi aplicada as técnicas de realce e processamento:
ampliação linear de contraste, decorrelação, IHS e componentes principais visando a
obtenção de produtos com excelente qualidade interpretativa para confecção do Mapa
fotogeológico. Estes processamentos indicaram que a composição colorida 543 (RGB)
somente com a Ampliação Linear de Contraste (ALC) nas bandas individuais mostrou-se
excelente produto para a interpretação e para a extração das zonas homólogas que
serviram de base para a elaboração do mapa fotogeológico da área de estudo. Os demais
produtos obtidos pelos realces indicados foram descartados para este fim.

O método de interpretação lógica e sistemática (Soares e Fiori, 1976 e Veneziani e


Anjos, 1982) consiste do desenvolvimento de três fases consecutivas de fotoleitura,
fotoanálise e fotointerpretação propriamente dita. Podem-se conceituar, assim, estes três
processos: - fotoleitura: reconhecimento e identificação dos elementos das imagens com os
objetos correspondentes e sua repartição; - fotoanálise: estudo das relações entre as
imagens, associação e ordenação das partes de imagens; - fotointerpretação: estudo da
imagem fotográfica visando à descoberta e avaliação, por métodos indutivos, dedutivos e
comparativos do significado, função e relação dos objetos correspondentes às imagens.

Quarta Etapa - Nesta etapa, aos produtos do processamento das imagens foram
associados os dados topográficos da missão SRTM (Shuttle Radar Topographic Mission,
2000), tratados para confecção da imagem rasterizada da área de estudo e do perfil
topográfico ilustrativo do mapa Fotogeológico. Ressalte-se que o perfil foi elaborado com
base nas médias de altitudes extraídas do produto original, visando a suavização dos picos
altimétricos.

Por último foi feita a interpretação dos resultados e a elaboração do texto explicativo,
a finalização do mapa fotointerpretativo, apresentação dos resultados e confrontação dos
dados obtidos com o conhecimento geológico regional, para elaboração do mapa
fotogeológico final da área de estudo.

18
Na execução do trabalho foram utilizados vários programas de leitura, transferência,
processamento, como o ArcGis, ArcView, Spring, ENVI, CorelDraw entre outros que foram
necessários para execução do trabalho.

19
Fluxograma II.1: Abordagem Metodológica deste trabalho.

20
CAPITULO III
III.1 - RESULTADOS E DISCUSSÕES
Depois de aplicadas as etapas previstas na abordagem metodológica, vários produtos
foram alcançados, atendendo aos objetivos deste trabalho, que incluem dados relativos a
taxas de deposição e erosão observadas na área estudada, a geração do mapa
fotointerpretativo e por último o mapa fotogeológico. Adicionalmente também foi gerada a
imagem rasterizada dos dados topográficos visando a sua correlação com as unidades
identificadas na área de estudo com os terraços propostos por Gonçalves Júnior. (2013) e
Gonçalves Júnior et al. (2016).

A escolha das imagens multiespectrais do sensor TM (Thematic Mapper) a bordo do


satélite Landsat 5 e ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus) do Landsat 8, baseou-se nos
dados de cotas mínimas da estação Itapéua - AM (código 13150000) localizada à 150km
sentido montante do local de trabalho, pela falta de dados da estação de Codajás – AM
(código 13155000). Na comparação feita nas datas em que as duas estações trabalharam
concomitantemente foi verificada a variação média de 6,5 metros nas cotas mínimas entre
elas (Tabela III.1).

III.1.1 – Analise Multitemporal


A partir das cenas do satélite TM (Thematic Mapper) Landsat 5, foi obtido excelente
produto para fins de análise multitemporal. Essa composição foi utilizada para extração de
dados vetoriais e sua comparação em duas distintas datas: 07/09/1988 e 10/09/2008 (Figura
III.1).

21
Tabela III.1: Tabela de comparação das cotas das estações de Codajás e Itapéua-AM.

Comparação das Estações

Estação Codajás (cm) Estação Itapéua (cm)


Data
Mínima Media Mínima Media

01/10/1996 625 677 627 716

01/11/1997 293 403 298 464

01/10/1998 158 302 231 332

01/11/1999 467 507 536 574

01/12/2000 612 673 580 729

01/10/2001 496 607 530 624

01/10/2002 578 780 594 720

01/10/2003 722 749 704 750

01/11/2004 791 823 848 893

01/10/2005 463 493 277 338

01/10/2006 428 474 458 513

01/10/2007 486 510 512 553

01/10/2008 596 715 617 674

01/11/2009 396 508 460 563

01/11/2010 247 345 217 324

01/11/2011 448 525 540 602

01/09/2012 660 902 549 749

22
Figura III.1: Mapa resultante da análise temporal (1988-2008) das imagens Landsat 5/ETM para área de estudo.

23
Assim, puderam ser calculadas as taxas de deposição e de erosão, tanto na margem
do rio e seus paranás, como também das barras arenosas ao longo do rio.

Ao longo das margens do rio Solimões e seus paranás foi calculada a taxa de -2,03%
para o período estudado, equivalente a uma taxa anual média de -0,101%, indicando que
nos últimos 20 anos houve maior taxa de erosão (valores negativos) do que de deposição
(valores positivos) neste trecho do rio (Tabela III.2). Por outro lado, no contexto das barras
arenosas nota-se que houve grandes variações destas taxas ao longo do período analisado,
ocorrendo locais onde barras que existiam foram totalmente erodidas e locais onde houve
índice de +14.859,28% de deposição, formando grandes bancos em sua porção central. De
um modo geral a média da variação da taxa de deposição (valores positivos) ocorrida nas
barras arenosas é maior do que a taxa de erosão (valores negativos).

A Figura III.2 mostra a região do extremo noroeste da ilha do Corós. Na Figura III.2.A
tem-se a base cartográfica (escala 1:100.000) mostrando o traçado dos limites da ilha no
ano de 1980, a Figura III.2.B mostra recorte da imagem Landsat 5 (banda 4) do ano de 1988
e a Figura III.2.C mostra recorte da imagem Landsat 8 (banda 5) do ano de 2015, para a
mesma área.

Numa simples comparação visual percebe-se que houve intensa modificação do


traçado dos limites desta porção da ilha situada na entrada do paraná do Corós. Estas fortes
modificações ocorreram no intervalo de tempo de apenas trinta e cinco (35) anos,
demonstrando que o contorno das atuais ilhas engloba materiais sedimentares de diferentes
e recentes idades. Provavelmente esta constatação pode orientar a correta coleta de
material para fins de datação que subsidiarão os estudos sobre a evolução dos processos
deposicionais dos terraços regionalmente e localmente reconhecidos.

24
Tabela 21III.212: Cálculo de áreas de deposição e de erosão para o período de 20 anos (1988 e 2008).

Área (km²) Δ (%) / 20 = Δ Anual


Δ Área (km²) Δ (%) = Δ em 20 anos
1988 2008 Média

Margem

268,028 262,59 -5,438 -2,03% -0,101%

Barras

1,23518 7,68442 6,44924 522,13% 26,106%

0,016614 0,280661 0,264047 1589,30% 79,465%

0,069557 10,3989 10,329343 14850,18% 742,509%

8,83122 0,885044 -7,946176 -89,98% -4,499%

0,185279 0,072482 -0,112797 -60,88% -3,044%

0,017981 0,33923 0,321249 1786,60% 89,330%

0,008175 0,417861 0,409686 5011,45% 250,572%

0,0272 0 -0,0272 -100,00% -5,000%

0,011435 0 -0,011435 -100,00% -5,000%

0,310778 0 -0,310778 -100,00% -5,000%

0,406697 0 -0,406697 -100,00% -5,000%

Δ = Variação

25
Figura III.2: A) Base cartográfica (escala 1:100.000) mostrando o traçado dos limites da ilha no ano de 1980; B) Recorte da imagem Landsat 5
(banda 4) do ano de 1988 e C) Recorte da imagem Landsat 8 (banda 5) do ano de 2015.

26
III.1.2 – Processo de Fotointerpretação
A definição e a delimitação das zonas homólogas estão baseadas nas características
mostradas na Tabela III.3, feita a partir das feições encontradas e extraídas da imagem e
segundo seus padrões de elementos de drenagem (densidade, sinuosidade, angularidade,
tropia, assimetria, formas anômalas), elementos dos padrões de relevo (lineações, simetria,
densidade, alinhamentos, quebras positivas e negativas, além da forma das encostas), além
de feições de ocupação antrópica, características da vegetação e solos e por último a
análise dos tons de cinza (análise tonal) de cada zona homóloga calculada a partir da banda
5, com resolução radiométrica de 16 bits.

Assim, foram caracterizadas primeiramente quatro (04) zonas homólogas distintas,


com a distribuição geográfica mostrada na Figura III.3 (Mapa Fotointerpretativo), sendo que
a Zona Homóloga 2 foi subdividida nas subzonas a e b, devido principalmente as diferenças
marcantes na densidade da drenagem, textura geral e na forma dos lagos presentes. Essas
quatro (04) zonas apresentam as seguintes feições e características fotogeológicas:

Zona Homóloga 1 (ZH1) – Distribui-se tanto na porção sudoeste quanto nordeste da área
de estudo. Nesta zona homóloga há frequentes lineamentos de drenagem com densidade
relativa média, sinuosidade retilínea e tropia multidirecional, sendo marcada pela presença
de lagos de forma arborescente, retilíneos e de foz afogada apresentando relação
comprimento/largura da ordem de 5/1, obtida através da medição estatística dos lagos
presentes, o relevo é pediplanizado e distribuídos em platôs, a vegetação característica é de
floresta densa de terra firme. Nesta zona há evidências de ocupação antrópica permanente,
por vezes intensa, como nos arredores da cidade de Codajás/AM, e significativa ao longo da
estrada que interliga Codajás-Anori, além de ocupação temporária nas margens das
drenagens. Sendo essa ocupação presente somente na porção nordeste da zona que
também está mais dissecada que a porção sudoeste. As medidas dos níveis de cinza
associados a esta zona indicam os valores mais baixos da área de estudo, sendo um valor
médio de 10371,875.

Zona Homóloga 2 (ZH2) – Esta zona ocupa a maior parte da área de estudo. Como
mencionado anteriormente esta zona homóloga foi dividida em duas (02) subzonas: ZH2a –
Esta subzona está caracterizada pela presença marcante de fortes lineações de relevo e de

27
alta densidade de drenagem, tropia bidirecional, as quais truncam a direção da drenagem
principal (rio Solimões), nesta zona são comuns lagos alongados com relação média de
comprimento/largura de 12/1 (relação obtida através da medição de oito lagos selecionados
aleatoriamente), seu relevo é rebaixado e macro ondulado, tendo vegetação de várzea
desenvolvida em cordões, provavelmente com solos pouco desenvolvidos, não mostra
evidencias de ocupação antrópica;. ZH2b – Nesta subzona há pouca presença de
lineamentos de drenagem, sendo ela de densidade baixa, com alta angulosidade e tropia
multidirecional, tendo seu relevo plano com vegetação rasteira, flutuantes e campinaranas,
seu solo também é pouco desenvolvido. É marcante a presença de lagos de forma
arredondada com relação média de comprimento/largura de 2,5/1 (relação obtida pela
medição de sete lagos aleatoriamente selecionados), caracteristicamente sem sinais de
ocupação antrópica. A medida de seu nível de cinza médio é de 14197,00.

Zona Homóloga 3 (ZH3) – Esta zona se distribui basicamente ao longo do canal atual do rio
Solimões. Nesta zona nota-se a presença de lineamentos de drenagem com baixa
densidade e sinuosidade retilínea, sendo elas paralelas ou concordantes com o curso atual
do canal da drenagem principal (rio Solimões), com disposição ao longo de ilhas alongadas
localizadas principalmente nas margens e ao longo da calha do rio. Seu relevo é plano com
vegetação menos densa, e geralmente sob a forma de cordões alongados, não
apresentando solos e nem ocupações antrópicas. A medida de seu nível de cinza médio é
de 17508,00.

Zona Homóloga 4 (ZH4) – Esta zona é marcada nas imagens pelos tons de cinza muito
claros a brancos e por sua localização nas margens e no leito do canal principal do rio
Solimões; geralmente possui corpos de formas alongadas e são encontrados principalmente
no trecho a oeste da drenagem principal e ao longo do paraná de Corós. Tratam-se
provavelmente de bancos de areia e praias com relevo plano resultantes do processo atual
de deposição sedimentar. Não mostra ocupação antrópica, nitidamente desprovida de
cobertura vegetal e solos. A medida de seu nível de cinza médio é de 19734,00, sendo o
mais alto da área de estudo.

28
Tabela III.3: Definição das zonas homólogas finais da área de estudo e suas principais características.

Ocupação Análise tonal e Observações


Zonas/Características Da Drenagem Do Relevo Vegetação Solos
Antrópica textual * /interpretação
Intensa na cidade
de Codajás e
significativa ao
Densidade média, com sinuosidade
Pediplanizado, Floresta de terra Presença provável longo da estrada Valor médio de NC
ZH1 retilínea em alguns trechos, tropia
platôs firme. de solos que liga Codajás - 10371,875
Região de Platôs
multidirecional e lagos arborescentes.
Anori e nas
margens das
drenagens
Lagos Alongados
Floresta de várzea, Solos pouco (Comprimento/largura de
Densidade alta, com tropia bidirecional Rebaixado macro Valor médio de NC
A e lagos alongados ondulado
desenvolvida em devolvidos de Ausente
14197
12/1) e lineamento de
cordões várzea drenagem truncando a
ZH2 drenagem atual
Dominam Lagos Arredondados e
Densidade baixa, com alta Solos pouco
campinaranas e Valor médio de NC Isolados
B angulosidade, tropia multidirecional e Plano
vegetação rasteira
desenvolvidos de Ausente
13526,875 (Comprimento/largura de
lagos arredondados várzea
e flutuante. 2,5/1.
Densidade Baixa, com sinuosidade Incipiente, Valor médio de NC Lineamentos de drenagem
ZH3 retilínea
Plano
pioneiras.
Sem solos Ausente
17508,00 paralela a drenagem atual.
Valor médio de NC Barras arenosas de
ZH4 Ausente Plano Sem vegetação Sem solos Ausente
19734 deposição atual
*Análise Tonal realizada na banda 5 original, com resolução radiométrica de 16 bits.

29
Figura III.3: Mapa fotointerpretativo elaborado a partir da imagem TM/Landsat 5 com a delimitação das zonas homologas.
30
III.1.3 – Dados topográficos da missão SRTM
Os dados topográficos da missão SRTM (Shuttle Radar Topographic Mission, 2000),
Tabela III.4, obtidos foram tratados para confecção da imagem rasterizada de área regional
(maior que a área de estudo), Figura III.4. O perfil topográfico esquemático da área de
estudo está ilustrado na porção inferior do Mapa Fotogeológico. Ressalte-se que o perfil foi
elaborado com base nas médias de altitudes extraídas do produto original, visando a
suavização dos picos altimétricos.
A Imagem rasterizada SRTM, Figura III.4 A, mostra as áreas alagáveis da planície de
inundação do rio Solimões, obtido a partir dos dados e técnicas utilizados neste trabalho.
Trabalho bastante semelhante foi apresentado por Alfaya (2012), no qual o autor destaca
para a área-teste de Codajás, mostrada na Figura III.4 B, onde foram obtidos valores com
um intervalo de credibilidade de 95%. Esse resultado pode ser explicado pela grande
concentração de pequenos afluentes nessa área; pela pequena diferença de altura (cerca
de 5 m) em grande parte da fronteira Terra Firme/Planície de Inundação. Segundo este
autor o MDE-SRTM da área-teste de Codajás tem ruídos e ilhas não representadas, e neste
caso seria necessário utilizar dados de outras fontes, por exemplo, um MDE criado a partir
de imagens do sensor ASTER. Comparativamente, portanto, os dados utilizados neste
trabalho apresentam boa qualidade para auxiliar na interpretação fotogeológica da área de
estudo, inclusive permitindo o traçado dos grandes alinhamentos estruturais regionais, os
quais foram incorporados ao produto final deste trabalho.

Tabela III.4: Tabela contendo as informações dos dados da missão SRTM

Informações dos dados SRTM


Longitude Oeste 66° 38' 45.6619" W
Latitude Norte 2° 36' 51.6719" S
Longitude Leste 58° 57' 33.3362" W
Latitude Sul 5° 44' 7.2050" S
Tamanho do Pixel X 90 m
Tamanho do Pixel Y 90 m
Escala 1:237.4500
Área 296495km²

31
Figura III.4: A) Imagem SRTM rasterizada com visão regional em destaque a área de estudo. B) Imagem rasterizada da área teste de Codajás-
AM. As áreas destacadas em vermelho são ilhas fluviais. (Fonte: Alfaya, 2012, figura 5.7, pagina 44).

32
III.1.4 – Confecção do Mapa Fotogeológico

A etapa de fotointerpretação possibilitou, portanto, o reconhecimento de quatro (04)


grandes zonas homólogas e correspondentes subzonas, que geraram o mapa fotogeológico
da área de estudo. Estas zonas fotogeológicas podem ser correlacionadas com as unidades
geológicas regionalmente reconhecidas (Tabela III.5).

Para efeito de correlação será utilizado o trabalho recente de Gonçalves Júnior.


(2013) e Gonçalves Júnior et al. (2016). Estas correlações permitiram a finalização do Mapa
Fotogeológico mostrado na Figura III.5 (vide Anexo I, na escala 1:100.000l). De acordo com
estes dados, as zonas homólogas individualizadas e caracterizadas neste trabalho com
base nas suas características fotogeológicas, morfológicas e nas diferenças de altitudes
podem ser correlacionadas aos três níveis de terraços identificados pelos autores, o inferior,
o intermediário e o superior, assim como correlacionar as idades de cada uma dessas
zonas.

Terraço Superior – A zona homóloga ZH1 representaria este terraço, situada nas porções
sudoeste e nordeste da área de estudo, mais longe do canal principal e livre de inundação
anual, tendo feições morfológicas moderadamente dissecadas, associadas com padrões de
drenagem subretangular e dendrítico. Processos pedogenéticos podem ocorrer, pois a
vegetação existente é de árvore de grande porte. Apresentando altitude média de 53 metros
(70 ~ 36 m), com amplos lagos arborescentes e de foz afogada. Sua idade correlata varia de
240.000 ± 16.000 a 51.000 ± 5.000 anos, estando posicionada cronologicamente na carta
estratigráfica internacional no Pleistoceno Médio (Quaternário). Gonçalves Júnior et al.
(2016)

Terraço intermediário – As subzonas ZH2a e ZH2b constituem este terraço que está
disposto de forma contínua e paralela ao canal principal do rio Solimões e está sujeito a
inundações anuais. Esta unidade apresenta relevo muito rebaixado e é marcada sua
elevação tem média de 37 metros (53 ~ 21 m). Na área de estudo, ele se distribui a sul do
canal principal do rio Solimões que está muito próximo do limite do terraço superior. É
também se encontra os furos e paranás; caracteristicamente exibe fortes lineações de relevo

33
associadas ao desenvolvimento das linhas das barras de drenagem, geralmente truncando a
direção da drenagem principal. O seu padrão de drenagem é caracterizado pela presença
de lagos isolados, estreitos e alongados, formados entre as linhas de acresção e
apresentam uma relação 12/1 (comprimento x largura) (ZH2a). Adicionalmente neste terraço
são encontrados grandes lagos elípticos ou arredondados interconectados com relação
2,5/1 (comprimento x largura) (ZH2b). Sua idade correlata varia entre 30.900 ± 5.000 ~
19.100 ± 6.300 anos, estando posicionada cronologicamente na carta estratigráfica
internacional no Pleistoceno Superior (Quaternário), Gonçalves Júnior et al. (2016).

Terraço Inferior – Este terraço engloba as zonas homólogas ZH3 e ZH4, posicionadas de
forma estreitas e alongadas ao longo da margem e bancos de areia no leito da drenagem
principal. Tendo altitude média de 33 metros (50 ~ 16 m), totalmente submetida a
inundações anuais e o padrão de drenagem também é marcados pela presença de lagos
estreitos e alongados. Com vegetação pioneira e aparentemente sem desenvolvimento de
solos. Os depósitos aluvionares mais recentes estão posicionados também neste terraço.
Sua idade correlata vária de 18.300 ± 4.000 ~ 2.000 ±1.000 anos, estando posicionada
cronologicamente na carta estratigráfica internacional no Holoceno (Quaternário), Gonçalves
Júnior et al. (2016).

Na área têm-se dois conjuntos de alinhamentos estruturais que se orientam


preferencialmente nas direções NE-SW e NW-SE. Estes alinhamentos desempenham um
fator relevante para a transformação da paisagem e da evolução geomorfológica dos
depósitos aluvionares. Os alinhamentos de direção NE-SW possuem dezenas de
quilômetros de extensão e provavelmente tem continuidade para fora da área de estudo. De
um modo geral essas estruturas controlam o traçado do atual leito do rio Solimões e também
delimitam as partes topográficas mais elevadas, sustentadas provavelmente por níveis de
paleossolos e crostas lateríticas, sobrepostas as litologias da formação Alter do Chão e
Novo Remanso. O segundo conjunto de alinhamentos com trend dominante NW-SE também
controla trecho do rio Solimões e a maioria das drenagens secundárias da área de estudo,
sendo compatíveis com a estruturação proposta por Costa et al. (1996) que controlam o
canal do rio Madeira, e aqueles indicados por Franzinelli e Igreja (2011) ao longo do sistema
Solimões-Amazonas. Observa-se ainda que a intersecção desses alinhamentos pode criar

34
bacias romboedrais, semelhantes aos grabens da Paciência e Careiro descritos por
Franzinelli e Igreja (op. cit.) e Igreja (2012), as quais acomodam parte dos sedimentos
holocênicos do rio Solimões.

35
Tabela III.5: Correlação das Zonas Homologas individualizadas na área de estudo com os níveis de terraço dos depósitos aluvionares identificados por Gonçalves Júnior et al. (2016) *1.

Zona
Elementos Contexto
Homóloga Principais Características fotogeológicas Altitude* Descrição da unidade*1 Altitude* Idades*
Representativos Geológico
(ZH)
Situada nas porções sudoeste e nordeste da área de estudo, nas porções mais
Em geral possui camadas de lama (silte e argila) de
afastadas do atual canal principal e livre de inundação anual. Apresenta feições Terraço Superior
coloração variando de branco a avermelhada que se
240.000 ± 16.000
morfológicas de relevo moderadamente dissecadas, associadas com padrões de intercalam com camadas arenosas subordinadas com
ZH1 53 m (70 ~ 36 m) Qts granulação fina a média. 80 ~ 30m a 51.000 ± 5.000
drenagem subretangular e dendrítico. Processos pedogenéticos podem ocorrer, anos
Pleistoceno Médio
pois a vegetação existente é de floresta de grande porte.

Disposta de forma continua e paralela ao canal principal do rio Solimões e está


sujeito a inundações anuais. Na área de estudo, ele se distribui a sul do canal
principal do rio Solimões que está muito próximo do limite do terraço superior,
onde se encontra os furos e paranás. Caracteristicamente exibe fortes lineações
de relevo associadas ao desenvolvimento das linhas das barras de drenagem, Terraço
Constituída predominantemente por lama (silte e
Intermediário
geralmente truncando a direção da drenagem principal. O sistema de drenagem argila), com esparsas intercalações de camadas de
30.900 ± 5.000 ~
areia de granulometria fina a média, com espessura
ZH2 é evidenciado pela presença de lagos isolados, estreitos, curvilíneos e 37 m (53 ~ 21 m) Qtm poucos centímetros até alguns metros. 30 ~ 25m 19.100 ± 6.300
anos
alongados, formados entre as linhas de acresção das barras arenosas e Pleistoceno
apresentam uma relação 12/1 (comprimento x largura) (ZH2a). Adicionalmente Superior

neste terraço é encontrada grande quantidade de lagos de forma elíptica ou


arredondada interconectados por furos e paranás, e que possuem relação
comprimento x largura de 2,5/1 (ZH2b).

Apresenta-se em porções de formas estreitas e alongadas ao longo da margem


e também ao longo do canal da drenagem principal. Possui altitude média de 33
Composto internamente por intercalações de espessas
ZH3 metros (50 ~ 16 m), totalmente submetida a inundações anuais e o padrão de camadas de lama (silte e argila) de coloração marrom e
camadas arenosas de cor cinza escura, por vezes,
drenagem também é marcado pela presença de lagos estreitos e alongados, Terraço Inferior
intercalados as camadas lamosas ocorrem níveis ricos
porém com ligação ao canal principal. A vegetação é pioneira de pequeno porte, em matéria orgânica (acúmulo de galhos, raízes e 18.300 ± 4.000 ~
33 m (50 ~ 16 m) Qti folhas parcialmente decompostos) de espessura 25 ~ 10m 2.000 ±1.000 anos
típica da várzea, onde provavelmente não há desenvolvimento de solos. As
centimétrica e coloração cinza escura. As camadas
Holoceno
porções desprovidas e vegetação provavelmente representam os depósitos apresentam espessuras que variam de 50cm a 1,5m.
ZH4 aluvionares mais recentes (praias e bancos de areia) também estão inclusas
nesta zona.

*Altitude calculada a partir do perfil topográfico da área de estudo dos dados SRTM.

36
Considerando os dados constantes da Tabela III.5 é possível afirmar que existe
franca correlação entre as unidades delimitadas no Mapa Fotogeológico gerado e os
dados apresentados por Gonçalves Jr. (2016). A grande maioria das feições
morfoestratigráficas descrita pelos autores encontra correspondência com os elementos
de drenagem, relevo, vegetação e solos estabelecidos para cada uma das zonas
fotogeológicas estabelecidas neste trabalho.

Entretanto, cabe ressaltar que os autores estimam intervalos de altitude para cada
um dos terraços que difere parcialmente com os dados altimétricos extraídos dos dados
topográficos do SRTM, a exemplo da altitude calculada neste trabalho para o Terraço
Inferior, entre 50-16m e o Intermediário entre 53-21m. Já aqueles autores admitem
altitudes entre 25-10m para o Terraço Inferior e 30-25m para o Terraço Intermediário.
Supõe-se que estas diferenças estejam possivelmente relacionadas com movimentos de
soerguimento e rebaixamento de blocos, associados a neotectônica.

Por outro lado, este trabalho avalia ainda dois outros elementos para a
caracterização das zonas homólogas, ou seja, feições de ocupação antrópica e a análise
tonal, conforme exposto na Tabela II.3. Fica claro, portanto, que é possível acrescentar
novas características fotointerpretativas visando a delimitação das zonas e possivelmente
utilizar esta informação para orientar e subsidiar os levantamentos de campo. As feições
de ocupação antrópica (estradas, desmatamentos, solo exposto em áreas de cultura,
etc.) e de análise tonal (banda5/16bits) enumeradas na Tabela III.5 revelam intervalos
bem marcantes e definidores que reforçam a delimitação/separação das zonas por meio
da fotointerpretação.

Outra observação importante refere-se às características fotogeológicas


observadas para o Terraço Intermediário, evidenciada pela forte presença de lineações
(feixes curvilíneos) de drenagem e relevo e evidenciada pelo crescimento diferenciado da
vegetação (cordões), que podem ser associados a um sistema fluvial meandrante (mais
antigo), característico dos terraços Intermediário e Superior, que gradou para um regime
anastomosado (mais atual) característico do Terraço Inferior.

37
Figura III.5: Mapa fotogeológico elaborado a partir da imagem ETM+/Landsat 8 com a delimitação dos terraços superior, intermediário e inferior (VIDE ANEXO I NA ESCALA ORIGINAL).

38
CAPITULO IV

IV.1 - CONCLUSÕES
Os resultados e as discussões apresentados nos capítulos precedentes atestam que
novos dados foram incorporados ao conhecimento geológico a partir da metodologia de
processamento de imagens de satélite, da sua fotointerpretação sistemática, da análise
multitemporal e o uso de dados topográficos. Apesar de cada um dos conjuntos de dados
utilizados apresentarem vantagens e limitações à interpretação geológica, somados eles
permitiram a determinação e caracterização dos domínios fisiográficos, das unidades
fotolitológicas e dos lineamentos estruturais presentes na área de estudo, através da
aplicação de diversas técnicas de processamento digital. A abordagem metodológica
desenvolvida permitiu, adicionalmente, o estabelecimento de critérios para a individualização
e caracterização de conjuntos fotogeológicos identificados na área de estudo e que podem
ser extrapolados para áreas adjacentes.

Numa análise crítica, pode-se afirmar que os dados, técnicas e metodologias


empregadas nesta pesquisa são ferramentas consistentes para demonstrar o potencial de
sua aplicação nos trabalhos de mapeamento geológico, visando a preparação de mapas
fotogeológicos preliminares, os quais servirão de base às fases operacionais de trabalhos de
mapeamento e até mesmo na reinterpretação geológica de áreas já mapeadas.

Os fatores que mais influenciam na obtenção do produto final (Mapa Fotogeológico)


passam pela disponibilidade de dados, técnicas e equipamentos, além do uso de hardwares
e softwares dedicados ao processamento de imagens digitais, garantindo, desta forma, o
avanço no diagnóstico de áreas com comportamento anômalo, no mapeamento faciológico,
na delimitação de unidades fotolitológicas, etc.

Todo o processo metodológico utilizado para a obtenção do mapa fotogeológico da área


de estudo, objetivo maior deste trabalho, e dos demais produtos permitiu que se chegasse a
algumas conclusões:

1) A abordagem metodológica proposta e utilizada foi adequada para a realização deste


trabalho, onde todo o acervo bibliográfico auxiliou nos estudos prévios da área de

39
interesse e serviram como base na fase de interpretação dos dados obtidos. Os produtos
preliminares gerados a partir das imagens do TM/Landsat 5 e ETM+/Landsat 8, assim
como os resultados do processamento e realce realizados no SPRING/DPI/INPE
apresentaram boa qualidade para a identificação e extração das feições fotogeológicas
da área de estudo.
2) A maior dificuldade encontrada no trabalho de interpretação fotogeológica da área de
estudo está relacionada as restrições consequentes da expressiva cobertura florestal a
qual obviamente mascara ou oblitera as possíveis feições fotogeológicas necessárias a
definição, delimitação de zonas homologas e também da extração de alinhamentos
estruturais e lineamentos de drenagem. Entretanto, a utilização de imagens orbitais
processadas e usando de procedimento metodológico e sistemático comprovou ser uma
ferramenta importante para estudos geológicos principalmente em áreas de difícil acesso
e com expressiva cobertura vegetal, pois a visão sinóptica da área permite a extração
precisa de elementos do relevo e da drenagem, os quais caracterizam as diferentes
zonas homólogas e por consequência a sua correlação com as unidades geológicas
reconhecidas regionalmente.
3) Os estudos multitemporais qualitativos mostram, para o trecho estudado, a
predominância nos processos deposicionais sobre os erosivos ao longo do canal
principal com aumento de até +14.859,28%, formando grandes bancos de areia. Em
relação a sua margem há predominância da erosão com taxa de -0,101%, como bem
documentados quantitativamente nos recentes estudos de outros autores em outras
áreas adjacentes, e aqui comprovada pela análise temporal de imagens num intervalo de
20 anos (entre 1988 e 2008) mostrando a intensa dinâmica fluvial nas últimas décadas
alterando a fisiografia do traçado do leito do rio Solimões. De forma complementar, a
simples comparação entre o traçado dos limites das ilhas presentes na base cartográfica
no ano de 1980 e nas imagens (banda 5) dos anos de 1988 e 2015 indicam fortes
modificações nestes limites, indicando que nos tempos atuais e em intervalo curto de
tempo (de trinta e cinco anos) o processo de deposição alterou sensivelmente o formato
da ilhas, como pode ser observado na área do igarapé Corós.

40
4) Neste trabalho foram identificadas 4 Zonas Homólogas (ZH), sendo uma delas subdivida
em 2 subzonas, com nítidas diferenças vistas nas imagens, dentre as quais pode se
destacar:
 ZH1 – Caracteriza-se por região pediplanizada mais elevada, com relevo
parcialmente dissecado em direção ao atual canal do rio Solimões e de seus
afluentes. Ë clara a presença de linhas de acresção reliquiais de antigas barras
arenosas, A vegetação é de terra firme, tendo uma drenagem contendo lagos com
forma arborescente, de foz afogada e com maior grau de ocupação antrópica.
 ZH2a – Subzona de relevo plano, marcada por drenagem com tropia bidirecional,
lagos alongados e curvilíneos com relação comprimento/largura de 12/1.
 ZH2b – Subzona de relevo bastante rebaixado, contendo drenagem com tropia
multidirecional, lagos arredondados e isolados com relação comprimento/largura de
2,5/1, geralmente com vegetação rasteira e flutuante ( nos lagos). Nas imagens estas
porções podem ser caracterizadas por uma textura mais lisa, bastante diferenciada
da subzona 2a.
 ZH3 – Nesta zona a vegetação é de pequeno porte e pioneira, e apresenta
característicos lineamentos de drenagem, porém paralelos a drenagem atual.
 ZH4 – Zona caracterizada por relevo muito baixo, nas imagens possuem coloração
branca, desprovidas de vegetação.
5) A descrição das zonas e de suas feições características somadas aos dados
topográficos da Missão SRTM permitiu diferenciá-las e correlacioná-las
estratigraficamente aos terrenos semelhantes descritos em trabalhos realizados em
outras regiões e também no entorno de Manaus. Com isso correlacionou-se as zonas
ZH4 e ZH3 ao Terraço Inferior, a zona 2 (ZH2a e ZH2b) ao Terraço Intermediário e a
Zona ZH1) ao Terraço Superior. Os dados fotogeológicos obtidos neste trabalho são
compatíveis com as observações de Gonçalves Júnior (2013), Gonçalves Júnior. et al.
(2016) e de Soares et al. (2016). Existem feições fotogeológicas que indicam que as
Zonas ZH1 e ZH2 (mais antigas) evoluíram em ambiente de sistema meandrante,
enquanto que as Zonas ZH3 e ZH4 (mais recentes) desenvolveram-se em sistema
dominantemente anastomosado.

41
6) O trabalho realizado permitiu ainda o estabelecimento da melhoria no traçado dos limites
de ocorrência dos terrenos considerados regionalmente pela CPRM (2006 e 2010), que
apresenta terraços aluvionares indiferenciados. Ou seja, a fotointerpretação
fotogeológica criteriosa e em escala de semi-detalhe podem contribuir para a elaboração
de mapas geológicos prévios mais precisos.
7) O Mapa fotogeológico resultante deste trabalho pode contribuir ainda de forma decisiva
para futuros estudos de avaliação da extensão das inundações na parte urbana de
Codajás, bem como para comprovar que estas possíveis áreas inundações estariam
associadas ao posicionamento da ocupação urbana municipal em direção a zona
equivalente ao Terração Inferior, ou seja, dentro da planície rebaixada e, portanto,
passível de inundações. Por fim, fica clara a contribuição deste tipo de trabalho para
apontar soluções locacionais das zonas urbanas e de planejamento para sua expansão
municipal, principalmente daquelas sedes localizadas ao longo das margens do rio
Solimões e minimizar o impacto negativo que estas inundações provocam no seio das
comunidades ribeirinhas, seja do ponto de vista humano ou material.

42
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