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Naum (Na)

Como acontece com todos os livros proféticos do AT, este também leva ao nome de seu autor.
A natureza do conteúdo da profecia está indicada na primeira palavra do primeiro versículo:
“sentença” (ou peso tento visto o caráter pesado da mensagem). Quando usado tecnicamente
entre os profetas, significa aquilo que é um peso no coração de Deus e também no coração do
profeta; isto é uma mensagem ameaçadora ou de juízo.
Nínive já tinha uma vez respondido à pregação de Jonas e abandonado seus maus caminhos para
servir ao Senhor Deus Jeová. Entretanto, 150 anos depois, Nínive retornou à idolatria, violência
e arrogância. Mais uma vez Deus envia um de seus profetas para Nínive para pregar julgamento
na destruição da cidade e exortá-los ao arrependimento. Infelizmente, os ninivitas não prestaram
atenção à advertência de Naum e a cidade ficou sob domínio da Babilônia.
Autor
Naum, cujo nome significa “confortador” ou “cheio de conforto”, é desconhecido, a não ser
pelo breve título que inicia sua profecia. Em nenhuma outra porção das Escrituras ele é
mencionado, excetuando possivelmente a tabela genealógica de Lucas (Lc 3.25). Não há
evidência válida que declare que outro autor escreveu tal livro.
É considerado o maior dos poetas entre os profetas do AT. Sua identificação como um
“elcosita” não ajuda muito, visto que a localização de Elcose é incerta. Como sua localização
não pode ser determinada com certeza existem três sugestões principais quanto a sua identidade.
(1) Era uma cidade ao norte de Nínive. (2) Uma pequena vila na Galiléia. (3) Ou estaria
localizada ao sul de Judá. É bem possível que Naum tenha nascido na Galiléia e mais tarde
exercido o seu ministério no sul.
Carfanaum, uma cidade da Galiléia, tão proeminente no ministério de Jesus, significa “Aldeia
de Naum”, e alguns têm especulado, mas sem prova concreta, que seu nome deriva do profeta.
Ele profetizou a Judá, durante os reinados de Manassés, Amom e Josias. Seus contemporâneos
foram Sofonias, Habacuque e Jeremias.
Data
Em Na 3.8-10, o profeta narra o destino da cidade egípcia de Tebes (Nô-Amom, a capital do
Egito superior), que foi destruída (tomada pelos assírios) em 663 aC. A queda de Nínive, ao
redor da qual todo o livro gira, aconteceu em 612 aC. A profecia de Naum deve ser datada entre
esses dois acontecimentos, visto que ele olha para trás para um e à frente para outro. É mais
provável que sua mensagem tenha sido entregue pouco antes da destruição de Nínive, talvez
quando os inimigos da Assíria estavam colocando suas forças em ordem de batalha para o
ataque final. Logo Pouco antes de 612 aC (mais precisamente em 620 aC)
Contexto Histórico
Nínive era a capital assíria, e quando Naum escreveu esta profecia, era a maior do mundo. Seu
território, se mudou com o passar dos anos por causa das conquistas e derrotas dos seus
governantes, localiza-se ao norte da Babilônia, entre e além dos rios Tigre e Eufrates. Os
assírios foram o povo mais poderoso entre os povos semitas e os primeiros conquistadores do
mundo.
Os muros ao redor da cidade tinham 30m de altura e eram tão espessos que três carruagens
podiam correr lado a lado sobre eles. Estes muros eram fortificados com 1500 torres de 60m de
altura. Era uma cidade vil. Documentos antigos atestam a crueldade dos assírios contra outras
nações. Os reis assírios vangloriam-se de sua brutalidade, celebrando o abuso e a tortura que
eles impuseram sobre os povos conquistados.
A queda do império Assírio, cujo clímax foi a destruição da cidade de Nínive, em 612 aC pela
Babilônia e os medos, é o assunto da profecia de Naum. O juízo que cai sobre o grande opressor
do mundo é o único motivo para o pronunciamento de Naum. Consequentemente, o profeta é
judicial em seu estilo, incorporando antigos “oráculos de julgamento”. A linguagem é poética,
vigorosa e figurada, sublinhando a intensidade do tema com o qual Naum luta.
Conteúdo
O livro de Naum focaliza-se num único interesse: a queda da cidade de Nínive. Três seções
principais, correspondentes aos três capítulos, abrangem a profecia. A primeira descreve o
grande poder de Deus e como aquele poder opera na forma de proteção pra o justo, mas de
julgamento para o ímpio. Embora Deus nunca seja rápido em julgar, sua paciência não pode ser
admitida sempre. Toda a Terra está sob o seu controle; e, quando ele aparece em poder, até
mesmo a natureza treme diante dele (1.1-8). Na sua condição de miséria e aflição (1.12), Judá
podia facilmente duvidar da bondade de Deus e até mesmo questionar os inimigos de seu povo
(1.13-15) e remover a ameaça de uma nova angústia (1.9). A predição do juízo sobre Nínive
forma uma mensagem de consolação para Judá (1.15)
A segunda seção principal, descreve a ida da destruição para Nínive (2.1-3). Tentativas de
defender a cidade contra seus atacantes serão em vão, porque o Senhor já decretou a queda de
Nínive e a ascensão de Judá (2.1-7). As portas do rio se abrirão, inundando a cidade e varrendo
todos os poderosos, e o palácio se derreterá (2.6). O povo de Nínive será levado cativo (2.7);
outros fugirão com terror (2.8). Os tesouros preciosos serão saqueados (2.9); toda a força e
autoconfiança se consumirão (2.10). O covil do leão poderoso será desolado, porque “Eis que eu
estou contra ti, diz o Senhor dos exércitos” (2.11-13).
O terceiro capítulo forma a seção final do livro. O julgamento de Deus parece excessivamente
cruel, mas ele é justificado em sua condenação. Nínive era uma “cidade ensangüentada” (3.1),
uma cidade culpada por espalhar o sangue inocente de outras pessoas. Ele era uma cidade
conhecida pela mentira, falsidade rapina e devassidão (3.1,4). Tal vício era uma ofensa a Deus;
portanto, seu veredicto de julgamento era inevitável (3.2-3, 5-7). Semelhante a Nô-Amom, uma
cidade egípcia que sofreu queda, apesar de numerosos aliados e fortes defesas. Nínive não pode
escapar do julgamento divino (3.14-15). Tropas se espalharão, os líderes sucumbirão e o povo
se derramará pelos montes (3.16-18). O julgamento de Deus sobreveio, e os povos que a Assíria
fez outrora vítimas tão impiedosamente batem palmas e celebram em resposta às boas-novas
(3.19).
A profecia de Naum tanto é um complemento quanto uma contraparte do livro de Jonas. Os três
capítulos do livro de Naum podem ser vistos como um único poema; mas cada capítulo, mesmo
considerado separadamente, é digno de atenção.
O primeiro capítulo tem sido chamado por alguns autores de ade à majestade de Deus. Pode ser
dividido em três porções:
1 Subtítulo: (1.1). O autor fala sobre a sua sentença , que era o mesmo tempo sua visão. Isso
revela o caráter sobrenatural do livro. Podemos supor algum tipo de inspiração por trás de uma
composição antiga em forma de poema. Aliás, largos segmentos do AT foram compostos como
poemas, como os Salmos e muitas passagens de Isaías, Jeremias, Oséias, Joel, etc.
2 A Descrição da Majestade de Deus (1.2-8). Nesses versículos, o poeta profeta enfatiza os
poderes e a resolução de Deus, mediante os quais Ele efetua os seus desígnios. O autor usou
descrições alicerçadas sobre a natureza , a fim de adornar seus palavras. A mensagem é: A
majestade de Deus, sua exaltada posição, requer que o mal seja julgado.
3 A Descrição da Confusão da Assíria e a Restauração de Judá (1.9-11, 3.19). Deus dirige-se
aos assírios e promete que seu povo será vingado com toda a certeza. Os vss. 12 e 13 incluem
uma promessa de descanso e alívio futuro da opressão.
O segundo capítulo é homogêneo descrevendo o cerco e o saque de Nínive. As qualidades do
autor sagrado, como poeta, tornam-se especialmente patentes neste trecho.
O terceiro capítulo caracteriza longamente a maldade de Nínive, salientando certo número de
causas de sua queda final. O trecho de 3.19 serve de poderoso clímax, porquanto este versículo
afirma que não há cura para a ferida da Assíria.
Por todo o livro há um tema moral que se repete: Deus, por ser santo, deve julgar o pecado. Esse
tema torna-se ainda mais solene quando consideramos que a cidade de Nínive, que finalmente
caiu, gerações atrás se entregara ao arrependimento.
O Espírito Santo em Ação
Nenhuma referência especifica acerca do ES ocorre no Livro de Naum. Todavia, a obra do
Espírito na produção da profecia e na direção dos acontecimentos descritos no livro deve ser
admitida.
O cabeçalho do livro descreve-o como “visão de Naum “ (1.1). O ES funciona aqui como o
Revelador, Aquele que abre pra Naum o drama que revela diante e comunica a mensagem do
Senhor que ele está encarregado de entregar.
O ES também deve funcionar como o Grande Instigador na queda de Nínive. Os inimigos,
dentre eles os filhos da Babilônia, os medos e os citas, juntam suas forças contra os assírios e
saqueiam a cidade. Deus usa agentes humanos para executar seu julgamento, mas atrás disso
tudo está a obra do seu Espírito, instigando, impelindo e punido de acordo com a vontade de
Deus. Pela obra do Espírito, o Senhor convocou suas tropas e as levou para a batalha vitoriosa.
Esboço
I Título na 1.1 e breve relevância ao autor.
1.2-8. Estes versículos iniciais são uma introdução na qual o autor sagrado descreveu alguns dos
atributos de Deus:
1 Paciência – em 1.3 Deus é descrito como um Ser tardio em irar-se
2 Justiça – paralelamente à sua paciência, Deus também é descrito um Ser dotado de justiça
divina. Por um lado, a ira vingadora contra os ímpios (1.2); por outro lado, uma fortaleza onde
os piedosos podem refugiar-se (1.7).
3 Poder – tanto os homens quanto a natureza prostram-se diante do poder de Deus. O mar
resseca-se (1.4); os rios extravasam (1.8); as montanas estremecem diante de Deus (1.5); as
rochas partem-se sob o furor de sua ira (1.6); mas acima de tudo, quem pode resistir à sua
indignação? (1.6)
II 1. 9-15 O retrato de opressor de Judá e a promessa de que o jugo seria quebrado. Nessa seção
é enforcada “a expedição malsucedida de Senaqueribe”, como também é prometida a remoção
da opressão de Judá.
O veredicto de Deus 1.1-1. (A destruição de Nínive é decretada cap 1)
O zelo de Deus 1.2-6
A bondade de Deus 1.7
O julgamento de Nínive 1.8-14
A alegria de Judá 1.15
III 2.1-13 Vívida descrição da queda de Nínive.
2.1. Uma irônica conclamação para que os ninivitas se fortalecessem. Soldados e armamentos
parecem ser descritos em Na 2.3 como se preparando para uma parada militar, e não para uma
batalha. Logo a parada se transformaria em um tropel de cavalos e carros de guerra (2.4).
O Senhor dos Exércitos julgou a cidade de Nínive que foi inundada, saqueada e deixada em
desolação. As servas da cidades gemem tristemente, pois o covil dos leões foi destruído (2.7-
13).
A vingança de Deus 2.1-13(A destruição de Nínive é descrita cap 2)
A destruição de Nínive 2.1-12
A declaração do Senhor 2.13
IV 3.1-19. Nínive é comparada a Nô-Amom, ou seja, Tebas (3.8), visto que a destruição foi
completa.
Látegos (açoite, chicote), pranto e rodas – os látegos para cortar as rodas para trilhar. Mas por
que tanto choro? A sentença é anunciada em 3.8.
Essas palavras foram proferidas como uma profecia pelo profeta. O povo assírio já havia
provado um pouco do poder das nações opressoras em 3.13; e, em breve, estas palavras também
teriam cumprimento.
A vitória de Deus 3.1-19 (A destruição de Nínive é merecida cap 3)
Os pecados de Nínive 3.1-4
O cerco de Nínive 3.5-18
A celebração sobre Nínive 3.19
Propósito
O livro de Naum tem, basicamente, duplo propósito. O primeiro é profetizar sobre o julgamento
de Nínive mediante a providência vingadora de Deus; e o segundo é um poderoso alento
consolador à nação de Judá, que seria tirada de sob o tacão (sola do sapato) assírio.
A razão desse julgamento aparece em Na 3.4,5. Por semelhante modo, da mesma maneira que
Nínive seria destruída, Judá seria liberada do domínio assírio. (1.13)
Conclusão
Naum, um livro repleto de contrastes, descreve o poderoso imperialismo de uma despótica
nação pagã e declara o triunfo final e certo da justiça e da soberania de Deus.
O motivo imediato dessa profecia foi a pressão da questão da justiça de Deus e de Sua
fidelidade às Suas promessas. Uma poderosa nação, dotada com largas forças militares e
riquezas econômicas, a Assíria, havia dominado os destinos das nações circunvizinhas,
incluindo Judá. Cobrando um tributo opressivo e infligindo pesada escravidão, ela transformara
Judá, quase num estado vassalo (súdito de um soberano). A fim de proteger-se, Judá havia
entrado numa aliança com outras nações, abandonando a promessa de Deus de sustentar e
proteger o Seu povo.
A vida nacional de Judá, por conseguinte, tornou-se tênue. Sua vida espiritual definhava, e sua
segurança era constantemente posta em perigo pelas hordas assaltantes de Nínive. Levantou-se
assim a questão: “Teria Deus se esquecido de Judá? Por que a ímpia Assíria prospera, enquanto
nós sofremos? As promessas de Deus são inúteis? ” Judá sentia falta de uma resposta segura
para essas perguntas, e grande desespero prevalecia na terra.
Subitamente a voz de Naum trovejou: “Nínive cairá. Deus preservará o seu povo”. Sua profecia
parecia incrível para aqueles dotados de limitada compreensão espiritual. Seu propósito era
duplo: predizer a destruição de Nínive por causa do pecado; e mitigar (ou seja, diminuir) a
lastimável falta de esperança de Judá, assegurando-lhe que as promessas de Deus são verídicas.
A profecia de Naum tem apenas um tema: Nínive cairá, Judá será vindicada (ou seja, exigida).
Quanto ao estilo literário, o livro é, ao mesmo tempo, poético e profético, combinado uma
vívida descrição simbólica com a direta franqueza da afirmação profética. O capítulo primeiro é,
antes de tudo, um salmo, enquanto os capítulos dois e três são proféticos.
A mensagem da Naum tem início com uma ousada declaração da natureza de Deus, a premissa
na qual a profecia é baseada, como está descrito em (Na 1,2). Esse tema atravessa o livro. Visto
que a Assíria havia pecado desconsiderando a Deus, seria completamente destruída. Judá
mostrara-se infiel ao desconfiar de Deus e entrara em aliança com nações estrangeiras. Ficando
avisada pela condenação de Nínive.
A mensagem de Naum é pertinente para todas as eras. Aqueles que arrogantemente resistem a
Deus e não confiam humildemente Nele, de que Ele proverá e cuidará deles, inevitavelmente
experimentarão a Sua ira; mas aqueles que Nele depositam a sua confiança serão preservados
em Seu amor.

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