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Campus Tom Jobim

Licenciatura em Teatro

Matéria: Filosofia da Educação


Profª: Ana Mônica
Aluno: Daniel Santos Gondim
Matrícula: 201601343787
O Mito da Caverna

De acordo com a história formulada por Platão, existia um grupo de pessoas que viviam
numa grande caverna, com seus braços, pernas e pescoços presos por correntes,
forçando-os a fixarem-se unicamente para a parede que ficava no fundo da caverna.

Atrás dessas pessoas existia uma fogueira e outros indivíduos que transportavam ao
redor da luz do fogo imagens de objetos e seres, que tinham as suas sombras projetadas
na parede da caverna, onde os prisioneiros ficavam observando.

Como estavam presos, os prisioneiros podiam enxergar apenas as sombras das imagens,
julgando serem aquelas projeções a realidade.

Certa vez, uma das pessoas presas nesta caverna conseguiu se libertar das correntes e
saiu para o mundo exterior. A princípio, a luz do sol e a diversidade de cores e formas
assustou o ex-prisioneiro, fazendo-o querer voltar para a caverna.

No entanto, com o tempo, ele acabou por se admirar com as inúmeras novidades e
descobertas que fez. Assim, quis voltar para a caverna e compartilhar com os outros
prisioneiros todas as informações e experiências que existiam no mundo exterior.

As pessoas que estavam na caverna, porém, não acreditaram naquilo que o ex-
prisioneiro contava e chamaram-no de louco. Para evitar que suas ideias atraíssem
outras pessoas para os “perigos da insanidade”, os prisioneiros mataram o fugitivo.

Explanação:
Engraçado falar sobre o Mito da Caverna no momento político em que estamos
vivendo. Se a caverna é um texto que fala sobre educação, não é qualquer educação. É
uma educação filosófica. A rejeição do governo atual quanto a filosofia é quase uma
profecia autorrealizável no Mito da Caverna. Quando os prisioneiros não querem sair da
caverna, significa que eles estão confortáveis com a própria ignorância e eles se tornam
hostis as pessoas que querem dar mais informação que eles não querem. O que fica bem
claro é que qualquer pessoa que embarque numa jornada filosófica pode sofrer o “efeito
colateral” de ter seu pensamento modificado em direções que a sociedade não apoia.

Claramente, as formas não físicas (sombras), é o ideal Platônico. Porque, para Platão,
tudo que é não físico é uma realidade mais correta, mais alta. Os nossos sentidos são
capazes somente de pegar apenas sombras da realidade verdadeira e somente a razão é
capaz de perceber a verdadeira realidade. Platão fala de uma forma muito clara sobre o
triunfo da razão sobre os sentidos.

Então nós temos o processo de libertação, a razão triunfando, como uma analogia ao
processo educativo. É um processo difícil e que necessita de uma ajuda externa
(raramente um prisioneiro consegue fazer isso sozinho). É necessário um conflito e se
formos “rimar” com a razão, temos o pensamento crítico. As pessoas que estão na
caverna são ignorantes e estão “felizes”. Temos a dualidade onde “a ignorância é uma
benção” versus o conflito do pensamento crítico onde vemos a importância disso numa
era de “Fake News” e “maiorias confortáveis”. Temos a observação passiva da
realidade (os prisioneiros) contra o pensamento crítico individual (aquele que saiu e
depois voltou).

A obra de Platão deixa bem claro que a educação ela não passa verdades, ela “não dá
peixe”. Ela nos coloca dispostos em direção a verdade. E não só sobre verdades, mas
sim, por que não falar sobre psicologia moderna, sobre consciência e percepções. Sair
da consciência oriunda dos sentidos em direção a um conhecimento racional das formas
abstratas e o conhecimento daquilo que é bom. Até porque aquilo que é bom é um valor
muito mais social enquanto que aquilo que é verdade é um valor profundamente
individual e subjetivo. O que é verdade pra mim pode não ser pro meu irmão.

Então, a essência da educação é ver as coisas de forma diferentes. Se nossa concepção


da verdade muda, nossa educação muda junto. Para Platão, todos tem a capacidade de
aprender mas, nem todos tem o desejo de aprender. Desejo e resistência são valores
importantes na educação porque, se você não tem desejo de aprender, não adianta o
quanto for exposto na direção da verdade porque a vontade ainda é maior e soberana. A
verdade pressupõe vontade de mudar.

As pessoas que carregam as sombras para a caverna pode-se fazer um paralelo com
governo, religião, mídias sociais... enfim, figuras de autoridade. Até mesmo a arte,
porque não podemos esquecer que a “projeta sombras” bem grandes na parede. Ela fala
de formas, emoções, aspirações. A influência da sombra na opinião é imensa e o papel
do educador é, primeiro, conscientizar a pessoa da falácia dos sentidos, mostrar a
verdade superior e a beleza da busca pelo que é bom e “virar a cabeça da pessoa pra
entrada da caverna”, esse é o papel principal do professor.

Aí entra um outro paralelo interessante. A educação não é um produto que alguém te dá


ou te submete. A educação é um processo. O que vai de encontro com a visão de “a
educação é só mais um produto”. Ninguém te educa, você se educa. A educação é um
processo que depende absurdamente da vontade.

A mudança da educação é uma transformação pessoal. De mudanças de pontos de


vistas, de caminhadas. Não é passiva, é dinâmica. É um conflito. O que torna tudo
muito mais dependente da vontade. Se o prisioneiro que fugiu não tivesse voltado e
tentado mostrar pros outros, o que seria do pensamento crítico do próprio prisioneiro?
Ele tentou ser educador, mostrando a verdade difícil de engolir. O papel do educador é
esse, mostrar as verdades, mesmo que o interlocutor não queira recebe-la. Mas isso
passa pelo processo dele próprio. Assim como a Maiêutica sugere que o interlocutor
deve ”parir” o conhecimento, é necessário que haja alguém que liberte essa mente para
que ela possa ir atrás de suas verdades e da verdade do mundo.

Os métodos de ensino hoje em dia, em sua maioria, são presos em métodos formatados
onde podemos fazer um paralelo com a caverna. Normalmente se pensaria que alguém
que nasceu em comunidade dificilmente vai fugir daquela realidade assim como quem
nasce na Zona Sul e em hospital particular também. Eles vivem presos em suas cavernas
sem muitas vezes perceberem a verdade do mundo “lá fora”. O papel da escola é
mostrar a “porta da caverna” para esses estudantes mas também fazer florescer a
vontade de buscar conhecimentos diversos para assim, “parirem” seus próprios
conhecimentos de si mesmos e do mundo lá fora.
O que é Maiêutica:
Maiêutica ou Método Socrático consiste numa prática filosófica desenvolvida por
Sócrates onde, através de perguntas sobre determinado assunto, o interlocutor é levado a
descobrir a verdade sobre algo.

Para este filósofo grego, todo o conhecimento é latente na mente humana, podendo ser
estimulado por meio de respostas a perguntas feitas de modo perspicaz.

A arte de "parir" o conhecimento


A maiêutica é associada com a técnica de "parir o conhecimento", visto que este está
presente em todo o ser humano. O conhecimento deve apenas ser aflorado aos poucos
com a ajuda de alguns estímulos de orientação.

Uma das frases mais icônicas deste filósofo simplifica a ideia do que seria a maiêutica
de Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo". Ora, de acordo com a dialética socrática, a
verdade está dentro do Homem, cabendo a ele refletir e atingir as chamadas "verdades
universais".

Etimologicamente, maiêutica se originou a partir do termo grego maieutike, que


significa "arte de partejar". Sócrates usou essa expressão em associação ao trabalho das
parteiras - profissão de sua mãe - visto que para o filósofo, o seu método proporcionava
o "parto intelectual" dos indivíduos.

A maiêutica é apresentada por Sócrates no diálogo com o jovem Teeteto, que foi escrito
por Platão. Sócrates não deixou nada escrito e a maior parte do que se conhece sobre a
filosofia socrática foi escrita por seu discípulo Platão.

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