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Instituto Superior Politécnico e Universitário de Nacala

Universidade Politécnica – A politécnica

Módulo de Comunicação Oral e Escrita (COE)

Curso de Enfermagem - 1ºAno

Exame Normal de Comunicação Oral e Escrita – Data: 10 / 08 / 2020


TEXTO

F ALAR EM PUBLICO

Seduzir uma plateia, prender a atenção dos ouvintes, fazer um discurso assertivo,
encontrar as palavras certas, ter a noção do tempo e atender à qualidade dos interlocutores,
para não falar nem acima nem a baixo das suas expectativas, é uma arte.

Num pais tomado pela mania das conferencias, debates, encontros, seminários e
colóquios mais ou menos substantivos, é arrepiante assistir a certas prelecções de certos
oradores. Alongam-se sempre mais do que devem, perdem-se no raciocínio, usam palavras
caras, abusam de uma suposta erudição própria, intelectualizam o discurso e conseguem
enfadar todos os presentes. Pior do que o bocejo que provocam é a nulidade da sua presença,
tantas vezes preparada ao detalhe.

Muitas vezes o investimento que este tipo de oradores faz na preparação da sua
intervenção revela-se completamente desproporcionado e desajustado. Escrupulosos, dão-se
ao trabalho de organizar o discurso, de o escrever, de juntar acetatos, vídeos e outro material
de apoio, numa tentativa genuína de fazer passar a mensagem e serem eficazes. Na teoria está
tudo certo, mas a pratica nem sempre confere com aquilo que pretendem.

Um discurso lido perante uma plateia torna-se facilmente maçador; uma intervenção
feita com base em acetatos onde está escrito exactamente aquilo que o orador vai dizendo é
impossível de acompanhar, pois a atenção divide-se entre o que é dito e aquilo que é
mostrado; uma elaboração demasiada conceptualizada e centrada na ciência do próprio
orador pode revelar-se perversa, na medida em que soa a presunção de superioridade, e uma
teoria apresentada com excessivo pormenor é ineficaz porque os ouvintes não têm capacidade
para reter tanta informação.
Assim sendo, por mais eloquente que seja o conteúdo ou a forma das intervenções
públicas, elas só serão efectivas se forem “traduzidas” e simplificadas em função das
características da plateia. Com simplificação não quero dizer banalização ou superficialidade,
muito pelo contrário, trata-se de ser incisivo e de tentar centrar o discurso no essencial,
poupar os ouvintes a longos e fastidiosos monólogos e perceber que tudo se perde quando o
orador passa a ser ouvinte de si próprio e se deixa encantar com aquilo que vai dizendo.

Tenho participado e assistido a muitas palestras e conferencias nos últimos dez anos e
verifico que os verdadeiros conferencistas são aqueles que conseguem ser simples e
articulados, que mantem um discurso claro e uma pose atenta a quem os ouve. Falam em vez
de ler e abstêm-se de enunciar a informação que vai aparecendo reflectida atrás, em ecrãs
gigantes. Mas os bons oradores são capazes de improvisar sobre o momento, e, até, de serem
divertidos, tudo em função da atenção e expectativas dos presentes. Em resumo, são
especialistas que conseguem passar a sua mensagem de forma mais afectiva e menos
cerebral, que fazem questão de adequar o discurso à realidade real, e, por isso mesmo,
deixam sempre boas ideias para pensar. Felizmente conheço vários.

Alves, Laurinda, “À luz do dia”, in revista Xis, 23 de Novembro de 2002

Vocabulário: Prelecção = conferencia, discurso didáctico; fastidioso = enfadonho

Questionário
I

Lido o texto atentamente, responda o questionário que se segue.


1. O texto acima quanto ao tipo é expositivo-argumentativo.

1.1. Qual é a função do último parágrafo do texto em relação ao primeiro? (2.0)

1.2. Retire do texto o parágrafo que indica a existência de contra-argumentos. (2.0)

1.3. Divida o texto de acordo com Aristóteles, não se esqueça de especificar cada uma das
partes. (3.0)

1.4. De certeza que os autores dos textos expositivos-argumentativos usam as atitudes de


ignorância da mente humana face ao conhecimento do tema. Em que consiste este aspecto?
(2.0)

2. “É um recurso fundamental para exprimir ligações lógicas, o uso de articuladores”.

2.1. Indique do texto os articuladores para provar. (1.5)

3. “Na teoria está tudo certo, mas a prática nem sempre confere com aquilo que pretendem”.

3.1. Explique a teoria exposta pela autora na frase anterior. (2.0)


II

1. “...tudo se perde quando o orador ...”

a) Classifique a conjugação verbal quanto a colocação do pronome clítico, justificando a sua


resposta. (1,5)

2. “Comprei ele para você”.

a) Corrija se necessário a frase, reescrevendo-a. (2.0)

3. “Senhora professora disse:

—A porca da minha filha vai ser morta na 4ª feira, por isso, não pode ir à escola”.

In H. I. Heringer e J. Pinto de Lima

a) Não existe nenhuma receita mágica que ensina a escrever com propriedade e com
correcção. Escrever bem é o resultado de pensar bem. Nisso, identifique o problema de
expressão, presente na frase acima, indicando as suas várias leituras. (2.0)

b) Como reescreveria a frase de modo a evitar os tais problemas? (2.0)

Boa sorte!

O docente: Lic. José Hussene Chirongo

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