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THIAGO AUGUSTO DA SILVA

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COM ABELHAS SEM FERRÃO EM


JANUÁRIA, MG

INCONFIDENTES
2008
THIAGO AUGUSTO DA SILVA

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COM ABELHAS SEM FERRÃO EM


JANUÁRIA, MG

Relatório apresentado como pré-requisito de


conclusão do curso de Tecnologia em Gestão
Ambiental, da Escola Agrotécnica Federal de
Inconfidentes, MG, para a obtenção do título de
Tecnólogo em Gestão Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Dias Rocha

INCONFIDENTES
2008
THIAGO AUGUSTO DA SILVA

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COM ABELHAS SEM FERRÃO EM


JANUÁRIA, MG

DATA DE APROVAÇÃO: 11 de novembro de 2008.

_________________________________
ORIENTADOR: Dr. Luiz Carlos Dias Rocha

_______________________________
Dr. Bruno Senna Corrêa

______________________________
Dr. Rodrigo Palomo de Oliveira
“Considere o vôo da abelha. Segundo
todas as leis razoáveis da física, a abelha não
devia voar. A relação asa-peso corporal devia
impedi-la de deixar o chão. Mas ninguém contou
isso para abelha. Seja como ela. Faça seja lá o
que for que as pessoas menos esperam, e faça
tudo o que for necessário para realizar uma
tarefa.”

Bill Rancic
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado primeiramente a oportunidade de realizar este


estágio e depois, ânimo em continuar e terminá-lo com êxito. Também pelas experiências
vividas, pois com elas tenho certeza que cresci e amadureci muito.
Em todo período do estágio, estive em contato com diversas pessoas de personalidades
e visões diferentes, as quais me trouxeram a sabedoria que não teria se esta oportunidade me
escapasse, por isso agradeço de todo coração a todos, sem distinção, que estiveram comigo
desde a viagem à Januária até os estudos realizados em Inconfidentes.
Ao professor Luizinho, que com tanta paciência soube me ajudar com os
procedimentos, e como meu orientador, soube me dar o valor necessário, deixando claro que
seria um bom trabalho.
Ao meu grande amigo Carlos, que em todos os momentos esteve presente, tanto nas
comunidades de Januária como no laboratório da EAFI na classificação das abelhas, na
formatação do Relatório e pela casa emprestada, meu muito obrigado e que esta vitória sirva
como incentivo.
Ao meu xará Thiago Meireles, estudante da UFLA e membro do PPJ, que esteve
comigo na busca dos enxames de abelhas sem ferrão e na aplicação dos questionários aos
moradores das comunidades januarenses.
Ao Wellington, membro da CÁRITAS e do Projeto Revitalização do Rio dos Cochos
ao qual o projeto que faço parte está incluído, a ajuda no transporte e o zelo para que nos
acomodássemos da melhor maneira.
Com muita satisfação agradeço aos moradores das comunidades de Sambaíba,
Mamede, Roda-d’água, São Bento, Cabeceira dos Cochos e Sumidouro pela constante alegria
e presteza em nos poder ajudar nas caminhadas, mostrando onde seria possível encontrar uma
colméia. Agradeço pelo sorriso no rosto de todas as pessoas em todas as casas que batemos à
porta, às conversas e causos contados, ao café e à “dipirona” oferecida. Saibam que apenas de
tê-los conhecido já me valeu ter deslocado a lugar tão distante. À senhora Cercina, senhor
Lourival, Geraldinho, Augustinho, Valdir e outros que me ajudaram.
A meus pais Maria do Carmo e Gabriel, que por várias vezes souberam me aturar e
segurar a barra quando eu não soube ser um bom filho e me apoiaram mesmo não sabendo
muito bem o que eu estava fazendo, mas sempre confiaram em mim. Ao Matheus e Filipe,
meus queridos irmãos, desejando-lhes sempre lutar por suas realizações.
A meus colegas de curso desejo que se sintam como me sinto hoje: feliz por ter
vencido uma batalha!
Aos meus queridos amigos Mirela, Erika, Lívia, Alberto, Celiani, Ana e Bruna pela
família que encontrei em Inconfidentes.
Ao Vanderlei Chefe, responsável pelo Laboratório de Biotecnologia, por permitir o
seu uso.
Aos professores Rodrigo Palomo e Bruno Corrêa na participação da banca
examinadora e pela correção do Relatório e a todos os professores do curso de Tecnologia em
Gestão Ambiental da Escola Agrotécnica Federal de Inconfidentes pelos conhecimentos e
amizade dispensados a todos nós, alunos.
Todos vocês foram muito importantes!

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................1
2. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................................3
2.1 Januária e seus aspectos sócio-econômicos ..........................................................................3
2.2 Abelhas sem ferrão ...............................................................................................................6
2.2.1 Produção de mel .................................................................................................................8
2.3 Polinização ............................................................................................................................8
2.4 Criação de meliponíneos na questão econômico-social .....................................................10
3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................12
3.1 Atividades desenvolvidas ...................................................................................................12
3.1.1 Levantamento de espécies de abelhas sem ferrão ............................................................12
3.1.2 Aplicação de questionário ................................................................................................13
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................................14
4.1 Levantamento das colméias ................................................................................................14
4.2 Espécies encontradas ..........................................................................................................16
4.2.1 Jataí (Tetragonisca angustula) .........................................................................................16
4.2.2 Borá (Tetragona sp.) ........................................................................................................16
4.3 Conhecimento popular sobre as abelhas .............................................................................16
4.4 Atividades previstas ............................................................................................................17
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................18
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................19
7. ANEXOS ..............................................................................................................................21
RESUMO

A cidade de Januária, localizada no norte de Minas Gerais, local do Projeto do referido Estágio
Supervisionado, inserida no semi-árido, conta com um Projeto de revitalização de uma de suas sub-
bacias chamada Rio dos Cochos, afluente do Rio São Francisco, que dentre as suas atividades, se
realizará a meliponicultura, criação de abelhas indígenas sem ferrão. O projeto visa à preservação
destas espécies, pois trazem muitos benefícios, tanto ao homem como ao meio ambiente. Ao meio
ambiente, pois são polinizadoras eficientes de espécies vegetais, que inclusive algumas delas, são
polinizadas apenas por esse tipo de inseto. Ao homem, contribuirá com a geração de renda extra,
com a produção de mel, cera e própolis. Este trabalho levantou as espécies de abelhas sem ferrão
encontradas na região em estudo e as caracterizou através de questionários aplicados aos
moradores do local para a verificação de quais seriam as espécies mais encontradas na região e de
maior interesse para a comunidade. Através da coleta de alguns indivíduos, pôde-se identificar as
diferentes espécies encontradas na região.

Palavras-chave: meliponicultura, polinização, sub-bacia Rio dos Cochos.


1. INTRODUÇÃO

O projeto “Desenvolvimento Sustentável com Abelhas Sem Ferrão”, foco de estudos


durante este período de estágio, acontece no município de Januária, Minas Gerais. Seus
idealizadores foram os membros da ASSUSBAC (Associação dos Usuários da Sub-bacia do
Rio dos Cochos) rio que é afluente do rio São Francisco. O referido projeto tem como
financiador o PPP-ECOS (Programa de Pequenos Projetos Ecossociais), pertencente ao Fundo
para o Meio Ambiente Mundial (GEF), por meio do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), que apóia projetos de organizações não governamentais e de base
comunitária que promovam meios de vida sustentáveis no Cerrado.
O projeto visa à identificação e preservação das abelhas nativas indígenas da sub-bacia
do Rio dos Cochos, o que desencadeará diretamente projetos produtivos que serão garantias
de segurança alimentar e o excedente comercializado no mercado local, em convênios com
cooperativas, associações, etc.
A sub-bacia hidrográfica em que o projeto atua, no norte do estado de Minas Gerais,
apresenta várias dificuldades de ordem econômica e social, sendo um dos principais o êxodo
de moradores, principalmente jovens, para cidades maiores em busca de uma vida melhor
para suas famílias, assim, várias atividades vêm sendo realizadas na região visando a melhoria
da qualidade de vida da população local.
O meio ambiente também é um dos alvos do projeto, visando a preservação das várias
espécies de abelhas sem ferrão existentes na região, para que se conservem e aumentem suas
populações, que conseqüentemente trarão inúmeros benefícios, já que as referidas abelhas
contribuem para a polinização de várias espécies de plantas, sendo algumas polinizadas
apenas por este tipo de inseto.
A região enfrenta grandes problemas ambientais, que merecem atenção. Atualmente a
sub-bacia do rio dos Cochos, apresenta como características:
Vegetação: alto grau de degradação, com pequeno índice de vegetação ainda em
estado primário;
Solo: alto índice de desgaste por erosão laminar, com presença de voçorocas;
Rio: bastante assoreado. Em grandes trechos já se encontra sem movimentação
hídrica, sem presença de mata ciliar;
Produção agrícola: indica decrescente índice de produtividade nas culturas
exploradas, método tradicional de plantio, com culturas de subsistência;
Disponibilidade hídrica: o rio não apresenta possibilidade de abastecimento agrícola
e minimamente para dessedentação de animais (ASSUSBAC, 2007).
Já que um ambiente sadio acarreta conseqüências positivas para o bem estar de
populações locais, este cenário mostra que é necessário o início de projetos de auxílio ao povo
desta região de Minas Gerais, para que possibilite melhorias em vários aspectos de suas vidas.
O presente estágio, realizado no referido Projeto vem como um instrumento de apoio
às famílias, sendo possível estar próximo e conviver com a realidade sócio-econômica dos
residentes da região.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Januária e seus aspectos sócio-econômicos

A cidade de Januária situa-se na região do Médio São Francisco, localizada ao lado


esquerdo do Rio São Francisco (Figura 1). Conta com uma população de 67.206 habitantes
(IBGE, 2008), área de 7.299, 48 Km2 e altitude média de 434 metros com clima Tropical Aw
(KÖPPEN, 1931).

FIGURA 1. Município de Januária em destaque.

Esta região, inclusa no semi-árido brasileiro caracteriza-se como uma das mais pobres
do Estado de Minas Gerais e do país. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), segundo
dados do IBGE (2000) do município de Januária corresponde a 0,699, sendo que este varia de
0 a 1.

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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de
25,5% da população de Januária é analfabeta, a sede municipal e as comunidades rurais são
deficientes em saneamento básico e nas questões relativas à saúde da população. As redes
coletoras de esgoto e de distribuição de água tratada atingem apenas a uma pequena parte das
casas. Essa situação é mais evidente na zona rural, onde a população normalmente serve-se de
água fora dos padrões de potabilidade, sendo às vezes, muito aquém dos índices estabelecidos
pelos órgãos de saneamento.
As comunidades rurais de Januária estão inseridas na sub-bacia do Rio dos Cochos
(90%), e Cônego Marinho, uma cidade limítrofe (10% da sub-bacia) com IDH de 0,639
(IBGE, 2000), ocupando a sub-bacia uma área total de 159km2, com extensão de 38 km. O rio
dos Cochos é afluente do Rio Ipueiras, que por sua vez é afluente do Rio São Francisco.
Estima-se, segundo levantamento do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), realizado pela
EMATER em 1999, que há por volta de 1.500 habitantes (300 famílias), considerando a
média de cinco moradores por família. A maioria é formada por agricultores familiares, sendo
que em várias comunidades encontram-se ainda agregados e posseiros.
O semi-árido mineiro, sobre tudo a sub-bacia do Rio dos Cochos, é historicamente
marcado pelo desrespeito ao meio ambiente, através de práticas antiecológicas e predatórias
que deram a esta região o legado de uma terra com elevado contingente humano obrigado a
conviver com o desequilíbrio da natureza e as nefastas conseqüências dele para a vida e a
sobrevivência humana. As políticas públicas da região, deixando as Comunidades, inseridas
no polígono das secas, desprovidas de qualquer apoio e incentivo ao desenvolvimento local,
tanto para os adultos como para os jovens que desencantados com as condições de
miserabilidade e restrições que são impostas a seus pais, buscam na cidade a alternativa de
sobrevivência, aumentando o êxodo rural (ASSUSBAC, 2007).
A partir da década de 70 e se aprofundando nas décadas subseqüentes, a região dos
Cochos, sofreu inúmeros financiamentos para transformar-se em um centro de agricultura de
ponta, inclusive com o plantio de eucalipto. O crescimento desta atividade econômica fez com
que mais da metade das áreas de Cerrado sejam consideradas como “altamente modificadas”,
e as matas, que serviam dentre outras coisas para alimentar o gado, hoje, quase não existem
(ASSUSBAC, 2007).
A pecuária extensiva, no passado, foi outra atividade muito praticada, gerando muitos
impactos negativos. O gado era criado solto e o meio ambiente cuidava de sua alimentação,
pois encontrava-se muitos alimentos “no mato”. A partir daí foram desencadeados processos

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de degradação, pois o número de animais se fazia muitas vezes superior à capacidade de
suporte dos pastos, ocasionando compactação dos solos, erosão, perda de fertilidade,
assoreamento do curso d’água e, por conseqüência, descapitalização, migração e êxodo rural.
Verifica-se que a ação de sensibilização sobre a magnitude destas questões tem sido
motivada a partir da crescente preocupação da população local e instituições diversas quanto
ao problema do acesso à água, principalmente para o plantio e criação de animais.
Um importante passo foi dado com a implementação do Programa de Recuperação e
Preservação da sub-bacia do Rio dos Cochos – desenvolvido pela Cáritas Diocesana de
Januária com financiamento da Misereor (entidade da Igreja Católica na Alemanha) e em
parceria com a ASSUSBAC - com as linhas de ação: Capacitação para educação ambiental,
Recuperação e preservação das nascentes, recuperação e preservação das matas ciliares,
combate a erosão e voçorocas, gestão de recursos hídricos, implantação de kits pedagógicos
de manejo de água, criação e cultivo apropriado para o semi-árido, aproveitamento de frutos
do cerrado, cursos, seminários e encontros para troca de experiência. Outro projeto bastante
significativo foi um projeto de construção de barraginhas para captação de água de chuvas
superficiais, financiado pela Fundação Banco do Brasil e executado pelo CAA – Centro de
Agricultura Alternativa do Norte de Minas em parceria com a ASSUSBAC (2007).
As Comunidades da sub-bacia do Rio dos Cochos estão inseridas no Cerrado que é o
segundo maior Bioma do Brasil, cobrindo 20% do território nacional e 57% do território
mineiro, com uma flora considerada entre as mais ricas das savanas tropicais. No cerrado
encontramos mais de 11.000 espécies de plantas. A fauna do Cerrado é composta por uma
diversidade enorme de espécies, incluindo répteis, mamíferos, anfíbios, insetos, peixes e aves.
Com relação à mastofauna, ela apresenta cerca de 194 espécies sendo 18 endêmicas, ou seja,
aquelas espécies que são encontradas apenas ali, como exemplo o tatu canastra, cachorro
vinagre, tamanduá bandeira e outros que também estão na lista de animais ameaçados de
extinção devido ao desmatamento para a produção de grãos. Por apresentar diferentes
fitofisionomias o Cerrado possui uma grande diversidade de anfíbios e répteis. Estudos já
realizados em diversos pontos do bioma já registraram aproximadamente 113 espécies de
anfíbios sendo 32 endêmicas. No caso dos répteis já foram catalogadas 115 espécies de
serpentes sendo, 59 lagartos e 25 anfisbenas. Cerca de 856 espécies de aves ocorrem no bioma
Cerrado. Algumas são bem conhecidas como o soldadinho (Antilophia galeata), encontrado
em mata de galeria, o tiziu (Volatina jacarina), a seriema (Cariama cristata), a gralha-do-
campo (Cyanocorax cristatellus), o papagaio-galego (Amazona xanthops), a ema (Rhea

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americana), o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), a corruíra (Troglodytes aedon), sem falar na
grande diversidade de insetos, inclusive abelhas indígenas sem ferrão (INSTITUTO
CERRADO, 2008).

2.2 Abelhas sem ferrão

As abelhas compõem um dos maiores clados da ordem Hymenoptera, com cerca de


16.000 espécies, agrupadas em gêneros e subgêneros, porém estima-se que existam no mundo
mais de 20 mil espécies, sendo que pelo menos 3000 ocorrem no Brasil (OLIVEIRA &
KERR, 2000). A maioria delas não formam colônias e são conhecidas como abelhas
solitárias. As que formam colônias são chamadas de "abelhas sociais". Destas, de 300 a 400
não possuem ferrão (CARVALHO-ZILSE et al., 2005).
As abelhas indígenas sem ferrão pertencem à subfamília Meliponíneos que pertence à
família Apidae. A sua criação constitui a Meliponicultura, palavra usada pela primeira vez em
1953 no livro de Paulo NOGUEIRA-NETO, um estudioso e pesquisador destas espécies.
Alguns exemplos de abelhas sem ferrão encontradas no Brasil: jataí (Tetragonisca angustula),
mandaçaia (Melipona quadrifasciata), uruçu (Melipona sp), borá (Tetragona sp) e tataíra ou
caga-fogo (Oxytrigona sp).
A família Apidae ainda se divide em mais três subfamílias: Apíneos, onde se encontra
a Apis mellifera, abelha com ferrão bastante conhecida no Brasil como abelha Africanizada e
teve sua introdução no Brasil no ano de 1839 trazidas de Portugal por padres jesuítas.
Bombíneos, popularmente conhecidas como mamangavas ou mamangabas e os Euglossíneos,
abelhas das orquídeas (NOGUEIRA-NETO, 1997).
As abelhas sem ferrão podem ser divididas em duas tribos:
Meliponini: são abelhas grandes, que chegam a medir 1,5 cm. Usam barro e própolis
para construir a entrada dos seus ninhos. As mais conhecidas são a jupará (Melipona
compressipes manaosensis), a uruçu (M. scutellaris), a uruçu-boca-de-renda (M. seminigra
merrilae), a uruçu-boi (M. nebulosa), a uruçu-mirim (M. cesiboi), a jandaíra (M. fulva) e a
mandaçaia (M. quadrifasciata);
Trigonini: são abelhas pequenas, conhecidas como abelhas enrola-cabelo, canudo ou
arapuá. A mais conhecidas são a jataí (T. angustula), arapuá (Trigona spinipes), borá
(Tetragona sp.) etc. Como não têm ferrão, estas abelhas se defendem enrolando-se nos
cabelos e pêlos, entram nos ouvidos, nariz e olhos. A entrada de seus ninhos tem formato de
tubo e é construída com cera (IBAMA, 2005).

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Os Meliponini se caracterizam por não construírem células reais, dessa forma, rainhas,
operárias e machos nascem e desenvolvem-se até o estágio adulto em células de cria de igual
tamanho. Os Trigonini constituem um grupo muito diversificado, com dezenas de gêneros e
constróem quase sempre células reais, maiores que as outras, de onde emergem as futuras
rainhas (NOGUEIRA-NETO, 1997).
Nas fêmeas dessas 4 subfamílias que constituem os Apídeos, somente as dos
Meliponíneos não têm ferrão. Com algumas exceções, a característica comum desses 4 grupos
é ter, nas patas traseiras das fêmeas, uma concavidade onde elas carregam o pólen das flores
ou outras substâncias para os seus ninhos (NOGUEIRA-NETO, 1997).
As operárias de meliponíneos vivem em média de 30 a 40 dias e são quase brancas ao
saírem dos favos, escurecendo com o passar do tempo. Na vida adulta, desempenham diversas
funções no ninho, seguindo normalmente a seguinte ordem: faxineiras - nutrizes - arquitetas -
ventiladoras - guardas - campeiras. Dependendo de cada espécie, os ninhos contêm de 500 a
80 mil indivíduos (NOGUEIRA-NETO, 1997).
Os Meliponíneos ocupam grande parte das regiões de clima tropical do planeta,
ocupando também, algumas importantes regiões de clima temperado subtropical. Assim, essas
abelhas são encontradas na maior parte da América Neotropical, ou seja, na maioria do
território Latino-Americano. Os pontos mais ao Sul estão numa área central da Argentina
(Arizona, Província de San Luis). Na Federação Brasileira, o limite austral está no Rio Grande
do Sul, nas proximidades do Uruguai. Também nas Américas, os pontos mais ao Norte estão
no Estado Mexicano de Sonora, próximos dos USA. Nas ilhas do Caribe, ocorrem em Cuba,
Jamaica, Guadalupe, Montserrat, Dominica, Trinidad. Na África, vão dos países do Sul do
Sahara, até o Transvaal, na África do Sul. Na Federação Australiana vivem na sua metade
Norte, aproximadamente. Do Sul da Índia se estendem ao Estado de Uttar Pradesh, no sopé do
Himalaia, no Norte da Federação Indiana. Habitam a ilha de Taiwan (NOGUEIRA-NETO,
1997).
As abelhas indígenas constroem os seus ninhos com materiais diversos, que encontram
na natureza, e também com outro material secretado por elas: a cera. Para ficar completa, é
preciso ainda considerar também o cerume. Este é, basicamente, uma mistura de cera com a
resina (própolis) que as abelhas recolhem de árvores ou arbustos feridos. A cera é secretada
pelos Meliponíneos jovens em glândulas existentes no dorso do abdômen, entre os segmentos
abdominais. A própolis é usada para calafetar as fendas da colméia e, sobretudo, para uma
defesa mais direta da colônia (MARINHO et al., 2005).

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2.2.1 Produção de mel

Do néctar é fabricado o mel, guardado em potes (saborás) e não em favos como nas
Apis mellifera (NOGUEIRA-NETO, 1997), mel este muito apreciado pelos agricultores, por
ser tido como medicinal, utilizado em chás na cura de resfriados, tosses, gripes, bronquite etc.
Ele contém inúmeros nutrientes como açúcares, proteínas, vitaminas, gorduras e até
antibióticos (EMBRAPA, 2001), sendo menos viscoso e “enjoativo” em relação ao mel da
abelha africanizada.
Algumas espécies têm a fama de serem “sujas” por visitarem fezes, inclusive
humanas, para fazerem seus ninhos. Com destaque para a arapuá, que constantemente é visto
se utilizando destes materiais. Assim, faz-se necessário a pasteurização do mel antes de
comercializado quando se detecta que a abelha visita fezes de vertebrados (NOGUEIRA-
NETO, 1997).
A produção varia entre as espécies, mas é certo que produzem menos mel que a Apis.
Elas dependem da flora meliponícola, sendo a produção maior quando a florada da espécie
visada está no auge, caindo quando ela cessa (YAMAMOTO et al., 2007; BASTOS, 1995).
Mesmo sendo menor a produção do mel destas abelhas, em que alguns
meliponicultores conseguem coletar de 5 a 8 litros de mel/colônia/ano, o retorno econômico é
alto, pois o preço final que pode chegar a R$ 100,00 o litro no Sudeste (EMBRAPA, 2001).

2.3 Polinização

As abelhas têm sido criadas para produção de mel, cera, pólen e própolis. Entretanto,
muito mais importante que esses produtos é a polinização de plantas úteis propiciada por
esses insetos (MARINHO et al., 2005). As flores possuem odor e cores chamativas, assim
como oferecem pólen e néctar como atrativo para que estes animais possam realizar suas
atividades (EDWARDS, 1981 apud MARINHO et al., 2005).
Normalmente, o néctar é aproveitado como fonte de água e carboidratos, e estes
insetos procuram as plantas nectaríferas e poliníferas para sua alimentação. Em contrapartida,
muitas espécies vegetais apresentam glândulas de néctar (nectários) nas suas flores, de
maneira que, ao visitar esta fonte de néctar, o animal fatalmente irá esbarrar nas anteras e
carregar o pólen para outras flores, efetuando assim a polinização. Esta relação entre plantas e
animais intermediada pelo néctar tem evoluído mutuamente, e uma miríade de espécies
vegetais e animais, com as mais variadas adaptações morfológicas, surgiram sobre a Terra
desde então (WIKIPEDIA, 2008).
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Há uma fidelidade muito alta nas abelhas campeiras quando se trata de visita aos
mesmos tipos de flores, durante cada incursão forrageira. Assim, há uma tendência a não
misturar pólens diferentes, tendência que é eficiente para fins de polinização. Abelhas de uma
mesma colméia se mostram fiéis a flores da mesma espécie vegetal enquanto esta se mostra
atraente a ela (NOGUEIRA-NETO, 1997).
Um trabalho, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
intitulado “Uso de abelhas sem ferrão na polinização e estudo da entomofauna associada ao
camu-camu (Myrciaria dubia) na Amazônia Central”, teve como objetivo manejar abelhas
provenientes de um meliponário em áreas de plantio do camu-camu, um fruto rico em
vitamina C, visando o aumento da produtividade, já que segundo o Instituto, essas abelhas são
responsáveis por 30 a 90% da polinização das árvores, dependendo do bioma considerado e
por 38% da polinização da flora mundial. Inclusive, são realizados testes de polinização por
meliponíneos sob sistema de cultivo em estufas em vários países como Japão, México e Costa
Rica (COLLETO-SILVA & LIMA, 2007).
Certas características dos meliponíneos, quando comparadas à Apis mellifera, os
tornam particularmente adequados para a polinização de plantas em estufas, principalmente
em espaço reduzido: a ausência de um ferrão funcional, a baixa agressividade das espécies, a
menor amplitude de vôo de forrageamento e o menor tamanho populacional de suas colônias
(MALAGODI-BRAGA, 2004).
No Brasil, foram feitos testes de polinização no morangueiro com várias espécies de
abelhas-sem-ferrão, dentre as quais a jataí (T. angustula) se mostrou a mais eficiente.
MALAGODI-BRAGA et al. (2004) encontraram diferença significativa na produção de
morangos sob efeito da polinização por esta abelha, apresentando frutos com maior peso.
Outras culturas também vêm sendo testadas no Brasil, como o pimentão, tomate e
umbu (SOLANGE et al., 2004 apud MALAGODI-BRAGA et al., 2004), entre outras.
A meliponicultura tem fundamentação na resolução CONAMA nº 346, de 17 de
agosto de 2004, que disciplina a proteção e a utilização das abelhas silvestres nativas, bem
como a implantação de meliponários. Um ponto que a resolução destaca é a utilização da
atividade como conservadora da biodiversidade, dizendo: “Considerando que o Brasil,
signatário da Convenção sobre a Diversidade Biológica - CDB, propôs a ‘Iniciativa
Internacional para a Conservação e Uso Sustentável de Polinizadores’, aprovada na Decisão
V/5 da Conferência das Partes da CDB em 2000 e cujo Plano de Ação foi aprovado pela
Decisão VI/5 da Conferência das Partes da CDB em 2002...”

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2.4 Criação de meliponíneos na questão econômico-social

O projeto “Desenvolvimento Sustentável com Abelhas Sem Ferrão” tem como uma de
suas metas constituir uma nova opção de renda aos moradores das comunidades rurais
carentes da sub-bacia do Rio dos Cochos, oferecendo subsídios para que continuem a viver
em suas terras de origem: o campo, já que muitas vezes são obrigados a deixá-las em busca de
uma vida melhor na zona urbana de outras cidades como São Paulo, Brasília ou cidades
próximas. Isto implica em afastamentos e separações de muitas famílias, que são obrigadas a
se distanciarem, pois anseiam por maior estabilidade financeira, o que não alcançam se
continuarem ali da forma como é hoje.
As oportunidades são diversas, principalmente em relação aos recursos naturais locais,
mas, com a falta de estímulo e apoio eles são ora subaproveitados, ora super aproveitados,
causando degradações ao meio. O baixo nível tecnológico empregado também é causa de
baixo crescimento econômico-social da população (ASSUSBAC, 2007).
A meliponicultura tem grande aceitamento em regiões áridas e semi-áridas brasileiras
(CASTRO, 2007). O projeto a se desenvolver, implementa ações de melhoria tecnológica para
implantação de criatórios de abelhas sem ferrão, considerada animal tradicional de
convivência nas propriedades destas e demais regiões do estado. Além disso, proporcionar a
preservação de espécies, já que muitas plantas são polinizadas exclusivamente por estas
abelhas.
Muitas famílias na região da sub-bacia do Rio dos Cochos têm interesse em criar
abelhas sem ferrão, mas não possuem o conhecimento necessário para iniciar o meliponário.
Neste contexto, esse projeto poderá garantir as condições de uso das abelhas através da
informação, na auto-sustentação de uma comunidade. Sem contar os ganhos em uma
alimentação saudável da população criadora e dos futuros compradores do mel das abelhas
indígenas, já que é um dos melhores para a saúde, com destaque para a saúde das crianças,
melhorando inclusive, o rendimento escolar.
O mel produzido pela abelha Jataí, segundo FABICHAK (1989), é composto
essencialmente de levulose, uma substância mais doce que a sacarose, numa concentração de
45%; de dextrose menos doce que a sacarose, com uma média de 25%; contém ainda pequena
porcentagem de outras substâncias e muita água. O mel puro de Apis contém menos de 25%
de água.
O mercado para este tipo de mel é garantido, pois mesmo com o preço mais elevado
quando comparado ao mel da abelha Apis, as pessoas, sabendo das propriedades

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farmacológicas e do sabor deste, tendem a procurá-lo (JATI, 2007; SOUZA et al., 2004). Nos
dias atuais, quase não se encontram comerciantes que vendem o mel verdadeiro de abelhas
sem ferrão, muitas vezes, como nos foi dito por moradores, os vendedores colocam pequena
parte deste mel e completam com mel normal, quando não depositam outras substâncias
piores (JATI, 2007).
As vantagens da criação de meliponíneos não param aí, ainda podem ser
comercializados a cera e o própolis, além da gratificação que é dada ao produtor pela beleza
dos insetos, por conhecer seu comportamento na colônia e nas flores e pelo prazer que se tem
contribuindo para sua conservação (ALONSO, 1998).

11
3. MATERIAL E MÉTODOS

O estágio foi desenvolvido no Projeto “Desenvolvimento Sustentável com Abelhas


Sem Ferrão” na cidade de Januária, Minas Gerais, no período de 13 de julho a 19 de julho de
2008 com duração de 56 horas. Além disso, cumpriu-se um período complementar de estágio
no referido projeto, visando a triagem, fixação e identificação dos espécimes de abelhas sem
ferrão coletados no Norte de Minas, com duração de 36 horas. Totalizando 92 horas.

3.1 Atividades desenvolvidas

3.1.1 Levantamento de espécies de abelhas sem ferrão

O trabalho de campo, destinado à busca das colméias com auxílio dos moradores foi
realizado em seis comunidades rurais, anteriormente já descritas. Cada colméia localizada foi
georreferenciada por meio de um GPS (Global Position System) modelo Garmin®. Os pontos
foram nomeados de acordo com o nome da comunidade (Sam, Bar, Rod etc.) e um número.
Inicialmente, as abelhas foram localizadas e, em seguida coletou-se, em recipientes
plásticos, algumas abelhas para posterior identificação da espécie. Os indivíduos foram
conservados em álcool a concentração de 70%.
Espécies notadamente já coletadas, tiveram apenas a marcação da sua localização
georreferenciada. Os frascos foram identificados com etiquetas de acordo com o nome do
ponto.
As coordenadas geográficas dos pontos de interesse colhidas com o GPS foram
transferidas ao computador com auxílio do software Trackmaker® (Anexo II).
As abelhas foram transportadas até a Escola Agrotécnica Federal de Inconfidentes,
Minas Gerais, onde foram triadas, fixadas em triângulos e identificadas. As espécies
desconhecidas serão encaminhadas a especialistas para identificação.

12
3.1.2 Aplicação de questionário

Foi aplicado um questionário (Anexo I) para os proprietários de residências nas


localidades visitadas com o objetivo, dentre outros, de conhecer as experiências dos
agricultores na lida e “ciência” na criação de abelhas ou ainda, se há algum interesse em
começar um trabalho do tipo. Questionou-se também sobre a produção de mel (quando
meliponicultor), as espécies de abelhas sem ferrão conhecidas etc.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Levantamento das colméias

Foram encontradas 117 colméias de abelhas sem ferrão de diferentes espécies, onde,
23 destas não foram identificadas. Todos os nomes populares das abelhas utilizados na
pesquisa foram citados pelos moradores de acordo com seus conhecimentos.
Com a tabulação dos dados das colméias encontradas, notou-se que a espécie Jataí (T.
angustula) é a mais freqüente nas comunidades de Januária visitadas, com um total de 34
colméias georreferenciadas, seguido pelo borá bravo, com 15 colméias. O número de ninhos
encontrados segue na Tabela 1.

TABELA 1. Principais espécies de abelhas sem ferrão notificadas e o respectivo número de


colméias encontradas e georreferenciadas nas comunidades dos Cochos. Januária, 2008.
ESPÉCIE NÚMERO DE COLMÉIAS
jataí (Tetragonisca angustula) 34
borá bravo (Tetragona sp.) 15
moça preta/marmelada preta (Frieseomelitta silvestrii) 6
mirim-preguiça (Friesella schrottkyi) 6
arapuá (Trigona spinipes) 5
sete-portas/abelha-limão (Lestrimelitta limao) 5
tataíra (Oxytrigona tataíra) 4
mandaçaia (Melipona quadrifasciata) 3
boca-de-sapo (Partamona helleri) 3
marmelada/moça branca (Frieseomelitta varia) 3
borá manso (Tetragona sp.) 2
cupinheira (Partamona sp.) 2
tubi (Scaptotrigona xanthotricha) 2
xupé (Trigona hyalinata) 2
14
uruçu (Melipona sp.) 2
Abelha mosquito/mirim (Plebeia droryana) 1
Desconhecidas 23
TOTAL 117

As espécies Melipona sp. (uruçu), Plebeia droryana (mirim ou mosquito), Tetragona


sp. (borá manso), Partamona sp. (cupinheira), Scaptotrigona xanthotricha (tubi) e Trigona
hyalinata (xupé) merecem atenção pelo baixo número de colméias encontradas, dando
atenção para sua preservação para que não ocorra a sua extinção na região.
Os valores da tabela 1 encontram-se dispostos no gráfico 1.

15
4.2 Espécies encontradas

Abaixo relacionadas as duas espécies mais encontradas. Nota-se que a literatura é


deficiente em dados sobre as espécies, principalmente quanto à produção de mel.

4.2.1 Jataí (Tetragonisca angustula)

A abelha jataí é das espécies mais adaptáveis em relação ao hábito de nidificação.


Vive nas grandes e pequenas cidades, nas florestas virgens e capoeiras, nos cerrados, nos
moirões de cerca, nos ocos dos paredões de pedra, etc. (NOGUEIRA-NETO, 1970 apud
CORTOPASSI-LAURINO, 2005).
A morfologia da entrada do ninho é típica: um tubo com 3 a 4 centímetros de
comprimento, com abertura que permite passagem de várias abelhas, construído de cera ou
cerume. A entrada é fechada à noite e só reaberta pela manhã (CORTOPASSI-LAURINO,
2005).
Segundo NOGUEIRA-NETO (1997), a jataí é uma das abelhas mais higiênicas e
produz um mel de excelente qualidade. O autor dá ênfase na criação desta espécie no Brasil
por ser resistente e de fácil multiplicação e manutenção.

4.2.2 Borá (Tetragona sp.)

São relatadas duas espécies distintas: o borá bravo e o manso, sendo que a ocorrência
em Januária é bem maior de borás bravos. A única diferença seria a agressividade das
espécies.
Segundo moradores, seu mel não é apreciado por ser “azedo”.

4.3 Conhecimento popular sobre as abelhas

Foram feitas 19 entrevistas com moradores das comunidades sobre o conhecimento


das espécies, utilização de seus produtos e espécies vegetais preferidas pelas abelhas. Os
moradores apresentaram algum grau de conhecimento sobre as abelhas nativas ou já ouviram
a respeito. As espécies conhecidas pouco diferiram de uma pessoa para outra. A maioria não
sabia ao certo quais plantas são preferidas pelas abelhas. Foram citados alguns nomes como o
assa-peixe, flor de laranjeira, pau-d’oinho etc.
4.4 Atividades previstas

O projeto pretende, por meio de suas metas, desencadear um processo de formação em


cursos, seminários, dias de campo e visitas, na instalação dos meliponários, junto aos(as)
agricultores(as).
O primeiro passo será o de produzir uma cartilha educativa para os moradores das
regiões-alvo sobre a importância das abelhas sem ferrão para o meio ambiente e as atividades
que serão iniciadas.
A partir daí, com os dados das pesquisas e dependendo do retorno dos agricultores, as
ações se encaminharão para a efetiva atividade de criação de abelhas sem ferrão.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há necessidade urgente de ações para melhoria na preservação das abelhas da


subfamília Meliponinae, as quais possuem uma diversidade genética, morfológica e
comportamental enorme. O referido Projeto vem como um instrumento para tal, atuando em
todas as esferas: Ambiental, Social, Econômica e Cultural.
Algumas famílias visitadas têm o interesse em possuir um meliponário, mas falta
apoio e incentivo, o que acontecerá no decorrer do Projeto.
As ações realizadas até agora: conhecimento das espécies e o despertar do interesse
dos moradores das comunidades em exercer a atividade da meliponicultura através das visitas,
são atividades que terão continuidade e o sucesso dependerá do empenho dos envolvidos.
Como estagiário, houve desenvolvimento no conhecimento das espécies de abelhas
sem ferrão e de espécies arbóreas onde elas fazem seus ninhos, percepção da importância de
tais insetos e na abordagem e discussão com os moradores.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALONSO, W. J. As Abelhas sem Ferrão: Centenas de espécies para polinização, produção de


mel, lazer e educação. Revista A LAVOURA, set/1998, número 629, p. 30-33. Disponível
em: <http://www.unifap.br/arley/abelhas>. Acessado dia 23 de novembro de 2008.

ASSUSBAC. Associação dos usuários da Sub-bacia do Rio dos Cochos. Desenvolvimento


Sustentável com abelhas sem ferrão, Projeto aprovado pelo PPP-ecos em 2007.

BASTOS, E. M. Espectro polínico do mel produzido em algumas áreas antrópicas de Minas


Gerais. Revista Brasileira de Biologia, 55(4): 789-799, 1995.

CARVALHO-ZILSE, G. A.; SILVA, C. G. N.; ZILSE, N.; VILAS BOAS, H. C.; SILVA, A.
C.; LARAY, J. P.; FREIRE, D. C. B.; KERR, W. E.. Criação de abelhas sem ferrão. 1. ed.
Brasília: Edições IBAMA, 2005. v. 1. 27 p.

CASTRO, M. S. Meleiros e conservação das Abelhas. 2007. Disponível em:


<http://www.apacame.org.br/mensagemdoce/80/abelhas1.htm>. Acessado dia 23 de outubro
de 2008.

COLETTO-SILVA, A.; LIMA, C. G. B. Pesquisa utilizará abelhas na polinização do


camu-camu. SITE DO INPA, Manaus - AM, 15 fev. 2007.

CORTOPASSI-LAURINO, M. A Abelha Jataí: Uma espécie Bandeira? (Tetragonisca


angustula Latreille 1811). Mensagem Doce, São Paulo, p. 34 - 38, 10 mar. 2005.

EMBRAPA ACRE. Abelhas indígenas sem ferrão. 2001. Disponível em:


<http://www.cpafac.embrapa.br/chefias/cna/artigos/abelhas.htm.>. Acessado em 11 de
setembro de 2008.

FABICHAK, Irineu. Abelhas indígenas sem ferrão Jataí. Nobel, 1989.

IBAMA, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais. Criação de abelhas


sem ferrão. Brasília: Edições IBAMA, 2005.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População das cidades brasileiras em


2007. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/contagem2007/default.shtm>. Acessado
dia 24 de novembro de 2008.

19
INSTITUTO CERRADO. Disponível em <http://www.institutocerrado.org.br/OBioma.aspx>.
Acessado dia 09 de setembro de 2008.

JATI, S. R. Qualidade do mel de abelha no estado de Roraima, Brasil. 2007. Revista


eletrônica do Mestrado da UERR. Disponível em:
<http://www.uerr.edu.br/revistas/remgads/uploads/c881ba81-a1cf-85ca.pdf>. Acessado dia 23
de novembro de 2008.

KÖEPPEN, W. Grundriss der Klimakunde. Zweite verbesserte auflage der “Klimate der
Erde”. Berlin: Walter De Gruite Co, 1931.

MALAGODI-BRAGA, K. S.; KLEINERT, A. M. P.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.


Abelhas sem ferrão e polinização. 2002. II Encuentro Colombiano de Abejas Silvestres.
Departamento de Biología, Universidad Nacional de Colombia, 2004, Bogotá D. C. Colombia
2004.

MARINHO, I. V.; FREITAS, M. F.; ZANELLA, F. C. V.; CALDAS, A. L. Espécies


vegetais da caatinga utilizadas pelas abelhas indígenas sem ferrão como fonte de
recursos e local de nidificação. 2005.

NOGUEIRA-NETO, Paulo. 1997. Vida e Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão. São
Paulo: Editora Nogueirapis.

OLIVEIRA, F.; KERR, W. E. Divisão de uma colônia de japurá (Melipona compressipes


manaosensis) usando-se uma colméia e o método de Fernando Oliveira. Manaus: Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia, 2000. 10 p.

SOUZA, R. C. S.; YUYAMA, L. K. O.; AGUIAR, J. P. L.; OLIVEIRA, F. P. M. Valor


nutricional do mel e pólen de abelhas sem ferrão da região amazônica. Acta Amazônica,
Manaus, v. 34, n. 2, p. 333-336, 2004.

WIKIPEDIA. Polinização por abelhas. Disponível em:


<http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%A9ctar>. Acessado em 12 de setembro de 2008.

YAMAMOTO, D.Y.; AKATSU, I. P.; SOARES, A. E. E. Quantificação da produção de


mel de Scaptotrigona aff. depilis (Hymenoptera, Apidae, Apinae) do Município de Luiz
Antônio, São Paulo. Bioscience Journal (UFU), v. 23, p. 89-93, 2007.

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7. ANEXOS

ANEXO I. Questionário aplicado aos agricultores da sub-bacia do Rio dos Cochos:

PROJETO ABELHAS SEM FERRÃO


Comunidade:
Data:
Entrevistador(es):

Entrevistado:

1. Para meliponicultores:
a) Quantos enxames possui?
b) Há quanto tempo cria abelhas sem ferrão?
c) Por que cria abelhas sem ferrão?
d) Como captura os enxames?
e) Qual o tipo de abelha sem ferrão acha mais indicada/apropriada para criação? Por
quê?
f) Com que freqüência colhe o mel?
g) Qual a produção por enxame?
h) Quanto produz por ano?
i) Qual o destino da produção?
j) Quais plantas essas espécies de abelhas preferem visitar?

2. Para não meliponicultores:


a) Por que não cria?
b) Quais os tipos de abelhas sem ferrão conhece?
c) Qual o tipo de abelha sem ferrão o senhor acha mais indicada/apropriada para
criação? Por quê?
d) Quais plantas essas espécies de abelhas preferem visitar?
e) Por que o senhor acredita que vem diminuindo a quantidade de abelhas sem ferrão na
região?

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ANEXO II. Pontos e rotas georreferenciadas das colméias encontradas.

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