Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
400
200
DmisH / J mol-1
-200
-400
-600
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
x1
Figura 4-1. Δ𝑚𝑖𝑠 𝐻 da mistura binária líquida formada por acetona (1) e água em
308,15 K. Dados experimentais: Belousov & Sokolova, Vestn. Leningr. Univ. Fiz.
Khim., 1966, 16, 90-93. Curva contínua: modelagem (equação de Redlich-Kister).
Igualando ambas:
𝑐
𝜕𝑓
𝐹 = ∑ 𝑛𝑗 ( ) ( 4-13 )
𝜕𝜆𝑛𝑗 𝑇,𝑃,𝜆𝑛
𝑗=1 𝑘,𝑘≠𝑗
𝐹 = ∑ 𝑛𝑗 𝐹𝑗 [𝑇, 𝑃, 𝒙] ( 4-15 )
𝑗=1
observamos que:
𝜕𝐹
𝐹𝑖 [𝑇, 𝑃, 𝒙] = ( ) ( 4-16 )
𝜕𝑛𝑖 𝑇,𝑃,𝑛
𝑗,𝑗≠𝑖
resulta:
𝑐 𝑐 𝑐
Também:
𝑐 𝑐 𝑐
∑ 𝑥𝑗 𝑑𝐹𝑗 = 0 ( 4-25 )
𝑗=1
Com isso, existem c-1 equações para c incógnitas (as c propriedades parciais).
A equação restante é aquela que dá o valor de 𝛥𝑚𝑖𝑠 𝐹.
Multiplicando cada derivada pelo valor de 𝑥𝑖 correspondente, e somando-se
todas as expressões, vem que:
𝑐−1 𝑐−1 𝑐−1
𝜕𝛥𝑚𝑖𝑠 𝐹
∑ 𝑥𝑗 ( ) = ∑ 𝑥𝑗 (𝐹𝑗 − 𝐹𝑗 ) − (𝐹𝑐 − 𝐹𝑐 ) ∑ 𝑥𝑗 ( 4-30 )
𝜕𝑥𝑗
𝑗=1 𝑥 𝑘,𝑘≠𝑗,𝑐 𝑗=1 𝑗=1
∑ 𝑥𝑗 = 1 − 𝑥𝑐 ( 4-31 )
𝑗=1
do que resulta:
Com isso, pode-se obter o valor das outras propriedades parciais a partir das
expressões das derivadas. De modo geral, entretanto, pode-se generalizar a equação
acima (uma vez que ela deve ser verdadeira para qualquer composto – não importa
a ordem em que se escrevam as equações), obtendo-se simplesmente:
𝑐
𝜕𝛥𝑚𝑖𝑠 𝐹
𝐹𝑖 − 𝐹𝑖 = 𝛥𝑚𝑖𝑠 𝐹 − ∑ 𝑥𝑗 ( ) ( 4-34 )
𝜕𝑥𝑗
𝑗≠𝑖,𝑗=1 𝑥 𝑘,𝑘≠𝑗,𝑖
Para um sistema binário (que muitas vezes nos interessa), essa equação tem
uma forma bastante simples. Para uma mistura de dois compostos (1) e (2), por
exemplo:
𝜕𝛥𝑚𝑖𝑠 𝐹
𝐹1 − 𝐹1 = 𝛥𝑚𝑖𝑠 𝐹 + (1 − 𝑥1 ) ( ) ( 4-35 )
𝜕𝑥1
𝜕𝛥𝑚𝑖𝑠 𝐹
𝐹2 − 𝐹2 = 𝛥𝑚𝑖𝑠 𝐹 − 𝑥1 ( ) ( 4-36 )
𝜕𝑥1
A interpretação gráfica dessas equações é apresentada na figura seguinte. Ela
é geral, no sentido de que representa uma função F qualquer – não há valores no
eixo y justamente para não criar nenhuma restrição ilusória. A única informação
clara é que nos extremos do diagrama, o valor de 𝛥𝑚𝑖𝑠 𝐹 tende a zero.
Arbitrariamente escolhemos, como ponto de cálculo, o valor de 𝑥1 = 0,4; qualquer
outro valor seria possível. Observamos, nesse caso, que traçando a reta tangente em
𝑥1 = 0,4, os valores das propriedades parciais são diretamente obtidos pelo valor
de y na reta tangente para 𝑥1 = 0 e 𝑥1 = 1.
x1
𝑀𝐺𝐼 𝜕𝑉 𝑀𝐺𝐼 𝑅𝑇
𝑉𝑖 [𝑇, 𝑃, 𝒙] = ( ) = = 𝑉𝑖𝐺𝐼 [𝑇, 𝑃] ( 4-42 )
𝜕𝑛𝑖 𝑇,𝑃,𝑛 𝑃
𝑗,𝑗≠𝑖
𝑐
𝑅𝑇 𝑅𝑇 1
𝑆𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑆𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 = 𝑛𝑖 𝑅𝑙𝑛 (( ∑ 𝑛𝑗 )⁄( 𝑛𝑖 )) = 𝑛𝑖 𝑅𝑙𝑛 ( 4-47 )
𝑃 𝑃 𝑥𝑖
𝑗=1
𝛥𝑀𝐺𝐼
𝑚𝑖𝑠 𝑆 = −𝑅 ∑ 𝑥𝑗 𝑙𝑛𝑥𝑗 ( 4-49 )
𝑗=1
𝛥𝑀𝐺𝐼
𝑚𝑖𝑠 𝐺 = 𝑅𝑇 ∑ 𝑥𝑗 𝑙𝑛𝑥𝑗 ( 4-52 )
𝑗=1
𝑐
𝛥𝑀𝐺𝐼
𝑚𝑖𝑠 𝐴 = 𝑅𝑇 ∑ 𝑥𝑗 𝑙𝑛𝑥𝑗 ( 4-53 )
𝑗=1
Deve-se notar que essa definição nada diz sobre o estado de agregação da
mistura – ela pode ser líquida, por exemplo. Na prática, comportam-se como
misturas líquidas aproximadamente ideais as misturas de compostos cuja forma e
tamanho sejam semelhantes, e tais que as moléculas de um composto interagem
com as moléculas de outro de maneira semelhante à que interagem entre si. Por
exemplo, pode-se esperar que uma mistura de n-pentano e n-hexano se comporte
como uma mistura ideal, e isso efetivamente ocorre. O que é importante para que a
mistura seja ideal é que as interações entre os compostos sejam semelhantes. Desse
modo, não haverá variação de entalpia, energia interna ou volume; por outro lado, a
variação de entropia existirá naturalmente, mas não haverá mudanças nessa
variação que sejam devidas às diferentes interações.
a) 1,0 mol de etanol é misturado a 3,0 mol de água. Qual o calor que deve ser trocado
para que a mistura seja feita isotermicamente a 298,15 K?
Resolução. Como o processo é isotérmico e isobárico (fase líquida), podemos
aplicar a primeira lei da Termodinâmica:
𝑛1 𝐻1 [𝑇, 𝑃] + 𝑛2 𝐻2 [𝑇, 𝑃] + 𝑄 = 𝐻[𝑇, 𝑃, 𝑛1 , 𝑛2 ] ( 4-63 )
𝑄 = 𝛥𝑚𝑖𝑠 𝐻[𝑇, 𝑃, 𝒏] = 𝑛𝛥𝑚𝑖𝑠 𝐻[𝑇, 𝑃, 𝒙] ( 4-64 )
Nessas condições (𝑥1 = 0,25):
𝛥𝑚𝑖𝑠 𝐻 = −747 𝐽 ∙ 𝑚𝑜𝑙 −1 ( 4-65 )
𝑄 = −2982 𝐽 ( 4-66 )
O que significa o sinal negativo? Significa que é necessário retirar calor da
mistura para que ela permaneça em temperatura constante. Se a mistura fosse feita
adiabaticamente, teríamos um aumento de temperatura correspondente.
Exemplo 4-2. A mistura do item anterior é misturada a 6,0 mol de outra mistura
com 𝑥1 = 0,5. Qual o calor que deve ser trocado para que a mistura seja feita
isotermicamente a 298,15 K?
Resolução. O exercício é um pouco mais sofisticado, mas o raciocínio é semelhante.
Chamando-se A à mistura do item anterior, B à mistura com 𝑥1 = 0,5 e C à mistura
resultante final, a aplicação da primeira lei resulta em:
𝐻𝐴 + 𝐻𝐵 + 𝑄 = 𝐻𝐶 ⇒ 𝑄 = 𝐻𝐶 − 𝐻𝐴 − 𝐻𝐵 ( 4-67 )
Como não conhecemos o valor absoluto da entalpia, famos relacioná-la, em
cada caso, ao que conhecemos: as variações devidas à mistura. Desse modo, como
para a mistura A tem-se:
Δ𝑚𝑖𝑠 𝐻𝐴 = 𝐻𝐴 − 𝑛1𝐴 𝐻1 − 𝑛2𝐴 𝐻2 ⇒ 𝐻𝐴 = Δ𝑚𝑖𝑠 𝐻𝐴 + 𝑛1𝐴 𝐻1 + 𝑛2𝐴 𝐻2 ( 4-68 )
Relações análogas valem para as misturas B e C. Desse modo:
𝑄 = Δ𝑚𝑖𝑠 𝐻𝐶 − Δ𝑚𝑖𝑠 𝐻𝐴 − Δ𝑚𝑖𝑠 𝐻𝐵
( 4-69 )
+(𝑛1𝐶 − 𝑛1𝐴 − 𝑛1𝐵 )𝐻1 + (𝑛2𝐶 − 𝑛2𝐴 − 𝑛2𝐵 )𝐻2
Pela conservação de massa, os termos entre parênteses são nulos, ou seja:
𝑛1𝐶 − 𝑛1𝐴 − 𝑛1𝐵 = 0 ( 4-70 )
Exemplo 4-3. Quanto variaria a temperatura se a mistura do exemplo 4-1 fosse feita
adiabaticamente? Considere que Δ𝑚𝑖𝑠 𝐻 não depende da temperatura (o que é uma
aproximação forte), e considere que os valores de 𝐶𝑃 dos compostos puros também
não dependem da temperatura.
Resolução. Se Δ𝑚𝑖𝑠 𝐻 não depende da temperatura, o valor de Δ𝑚𝑖𝑠 𝐶𝑃 será nulo, pois
por definição:
𝜕Δ𝑚𝑖𝑠 𝐻
Δ𝑚𝑖𝑠 𝐶𝑃 = ( ) ( 4-74 )
𝜕𝑇 𝑃,𝒙
Isso significa que o valor de 𝐶𝑃 para a mistura será a média ponderada dos
valores para os componentes.
𝐶𝑃𝑚 = 𝑥1 𝐶𝑃1 + 𝑥2 𝐶𝑃2 ( 4-75 )
Se o processo é feito adiabaticamente, desconhece-se a temperatura final,
mas se sabe que a entalpia final da mistura é igual à entalpia inicial:
𝑛1 𝐻1 [𝑇′, 𝑃] + 𝑛2 𝐻2 [𝑇′𝑃] = 𝐻[𝑇′′, 𝑃, 𝑛1 , 𝑛2 ] ( 4-76 )
em que 𝑇 ′ é a tempepratura inicial, e 𝑇 ′′ é a temperatura final. Há duas formas
diferentes, mas equivalentes, de resolver a equação anterior. Basta que criemos uma
etapa intermediária no cálculo. Por exemplo:
𝑛1 𝐻1 [𝑇 ′ , 𝑃] + 𝑛2 𝐻2 [𝑇 ′ 𝑃] − 𝐻[𝑇′, 𝑃, 𝑛1 , 𝑛2 ]
( 4-77 )
= 𝐻[𝑇′′, 𝑃, 𝑛1 , 𝑛2 ] − 𝐻[𝑇′, 𝑃, 𝑛1 , 𝑛2 ]
Note-se que subtraímos dos dois lados o termo 𝐻[𝑇′, 𝑃, 𝑛1 , 𝑛2 ]. O primeiro
termo é o negativo do valor de Δ𝑚𝑖𝑠 𝐻. Desse modo:
−Δ𝑚𝑖𝑠 𝐻[𝑇′, 𝑃, 𝑛1 , 𝑛2 ] = 𝑛𝐶𝑃𝑚 (𝑇 ′′ − 𝑇 ′ ) ( 4-78 )
que resulta em 𝑇 ′′ = 307,0 𝐾. Um resultado assim (aumento de temperatura) era
Exemplo 4-4. A variação de volume devida à mistura para o binário etanol (1) e
água (2) a 298,15 K pode ser dada por:
∆𝑚𝑖𝑠 𝑉 𝐴𝑥1 𝑥2
3 −1
= ( 4-79 )
𝑐𝑚 𝑚𝑜𝑙 𝑥1 + 𝐵𝑥2
em que 𝐴 = −3,28 e 𝐵 = 0,54. Considerando que nessa temperatura o volume molar
da água pura seja de 18,0 cm3·mol-1, e o volume molar do álcool puro seja de 58,7
cm3·mol-1, obtenha expressões para 𝑉1 e 𝑉2 , e calcule os limites para 𝑥𝑖 → 1 e 𝑥𝑖 → 0.
Resolução. Há várias maneiras de fazer o cálculo. Vamos fazê-lo considerando para
o etanol (composto 1):
𝜕∆𝑚𝑖𝑠 𝑉
𝑉1 − 𝑉1 = ( ) ( 4-80 )
𝜕𝑛1 𝑇,𝑃,𝑛2