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Talvez o fato mais instigante sobre as tantas línguas faladas ao redor do mundo

seja a enorme diversidade existente entre elas. Seus detalhes lexicais, morfossintáticos e
fonológicos são ricos e diversos, tendo sido o foco da atenção de diversos linguistas. Os
gerativistas, entretanto, têm outro objeto de estudo: as semelhanças entre os idiomas.
Existem vários elementos comuns a todas as línguas. Frases compostas de sujeito e
predicado, por exemplo, fazem parte dessas características universais.
Tais semelhanças, todavia, não são aleatórias, assim como as diferenças também
são ditadas de forma previsível. Os universais linguísticos existem pois todas as línguas
partilham do mesmo estágio inicial de aquisição da linguagem: a Gramática Universal
(GU). Entendida pela linguística Gerativa como uma propriedade do cérebro humano, a
GU é a concretização biológica da faculdade da linguagem, a forma como a disposição
para a linguagem se faz no genoma da espécie humana (Kennedy, 2013, p. 94). Assim,
ao falar de uma propriedade cognitiva e biológica para explicar a linguagem, a síntese
de Chomsky foi determinada biolinguística – o conjunto das ciências biológicas e
cognitivas que buscam desvendar as especificações genéticas da linguagem humana
(Kennedy, 2013, p. 95).
Enquanto estágio inicial da aquisição da linguagem, a GU funciona através de
estimulação de uma língua ambiente (Língua-E). Dessa forma, seu trabalho é o de filtrar
os dados da experiência de um indivíduo particular de modo a gerar conhecimento
linguístico em sua mente. Partindo desse princípio, a Língua-I emerge na mente do
indivíduo apenas no reconhecido por “estágio estável”. Ele é chegado quando a GU
retira informações o suficiente do ambiente para a formatação da gramática de uma
língua específica. Depois disso, essa gramática não será mais alterada de forma
significativa, contando apenas com fatores como a ampliação do léxico (Kennedy, 2013,
p. 96).
Ademais, é impossível não ressaltar que a GU é composta por dois elementos:
princípios – as características universais, comuns a todas as línguas e ativos desde o
início da vida de um indivíduo (Kennedy, 2013, p. 97) – e parâmetros – as
especificidades de cada língua particular adquiridas a partir do input de uma Língua-E.
No entanto, como citado anteriormente, os parâmetros variam de forma previsível, visto
que são binários. Por exemplo, a GU estabelece o princípio de que todas as línguas
possuem sujeito, mas os parâmetros em relação a como se o sujeito se apresenta em
cada língua são binários, sendo representados por + ou – (sim ou não). Para ilustrar,
tomemos o sujeito nulo. No Português, ele é gramatical, enquanto, no Inglês, ele é
agramatical. Assim, o Português é [+ sujeito nulo] e o Inglês é [- sujeito nulo]
(Kennedy, 2013, p.98-99).
Em síntese, a Gramática Universal é composta por princípios e parâmetros não
formatados. Os parâmetros são determinados a partir do estímulo de uma língua
ambiente e marcados binariamente (Kennedy, 2013, p. 99), enquanto os princípios
tratam-se de propriedades comuns a todas as línguas e estão presentes desde o princípio
da vida do ser humano. Assim, entende-se que, para o linguista Gerativo, pesquisar as
diversas línguas existentes e identificar nelas os princípios e parâmetros da linguagem é
uma das tarefas de maior importância.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
1. KENNEDY, E. Curso Básico de Linguística Gerativa. 2013. Editora Contexto.

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