Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Exame Unificado
das Pós-graduações em Fı́sica
Para o primeiro semestre de 2017
Gabarito
Parte 1
• Estas são sugestões de possı́veis respostas.
Outras possibilidades também podem ser consideradas corretas, desde que equivalentes às res-
postas sugeridas abaixo.
Q1. (a) Da componente da segunda lei de Newton na direção vertical (orientada para cima), a
queda é descrita por
Z v Z t
dv dv dv 0
F = m = −mg − kmv ⇒ = −(g + kv) ⇒ 0
=− dt0 , (1)
dt dt 0 g + kv 0
onde usamos a condição inicial de que o corpo parte do repouso. Usando
Z
dx 1
= ln(ax + b),
ax + b a
segue que
Z v Z t
dv 0
0 g + kv
0
=− dt ⇒ ln = −kt. (2)
0 g + kv 0 g
Invertendo a última relação
g −kt
v(t) = e −1 . (3)
k
Como v(t) < 0 (corpo em queda), o módulo da velocidade é
g g
|v(t)| = − e−kt − 1 = 1 − e−kt .
k k
(b) A velocidade terminal vterm é obtida tomando-se o limite t → ∞ na Eq. (3)
g −kt g g
vterm = lim e − 1 = − ⇒ |vterm | = .
t→∞ k k k
(c) A posição vertical do corpo é obtida integrando mais uma vez a Eq. (3)
k z 0
Z t
e−kt 1
Z
dz g −kt −kt0
0 kz
v= = e −1 ⇒ dz = e − 1 dt ⇒ =− + − t,
dt k g 0 0 g k k
donde
g gt
z(t) = 2 1 − e−kt − . (4)
k k
(d) Das Eqs. (3) e (4),
v g
z = − − t.
k k
Eliminando t usando a Eq. (2), encontramos a expressão procurada
g kv v
z(v) = 2 ln 1 + − .
k g k
Alternativamente, da Eq. (1)
dv
a= = −(g + kv).
dt
Mas
dv dv dt a
= = ⇒ v dv = a dz = −(g + kv)dz.
dz dt dz v
Logo
v Z z v z
v0 g ln(g + kv) − kv
Z
0 0
− 0
dv = dz ⇒ 2
= z ,
0 g + kv 0 k
0
0
R x bx−a ln(a+bx)
onde usamos o resultado a+bx dx = b2
. Segue que
g kv v
z(v) = 2 ln 1 + − .
k g k
1
Q2. (a) Seja um sistema cartesiano de coordenadas com x na horizontal orientada para a direita
e y na vertical orientada para baixo e com a origem no ponto de sustentação do pêndulo
superior. Sejam (x1 ,y1 ) e (x2 ,y2 ) as coordenadas cartesianas das partı́culas de massas m1 e m2 ,
respectivamente. Então,
donde
ẋ22 = l12 θ̇12 cos2 θ1 + l22 θ̇22 cos2 θ2 + 2l1 l2 θ̇1 θ̇2 cos θ1 cos θ2 ,
ẏ22 = l12 θ̇12 sin2 θ1 + l22 θ̇22 sin2 θ2 + 2l1 l2 θ̇1 θ̇2 sin θ1 sin θ2 ,
donde
m2 2 m2 h 2 2 i
T2 = ẋ2 + ẏ22 = l1 θ̇1 + l22 θ̇22 + 2l1 l2 θ̇1 θ̇2 cos(θ1 − θ2 )
2 2
A energia cinética total é
m1 2 2 m2 h 2 2 i
T = T1 + T2 = l1 θ̇1 + l1 θ̇1 + l22 θ̇22 + 2l1 l2 θ̇1 θ̇2 cos(θ1 − θ2 ) .
2 2
(c) A Lagrangiana é L = T − V
m1 2 2
L = l1 θ̇1 + 2gl1 cos θ1
2
m2 h 2 2 2 2
i
+ l θ̇ + l2 θ̇2 + 2l1 l2 θ̇1 θ̇2 cos(θ1 − θ2 ) + 2g (l1 cos θ1 + l2 cos θ2 ) .
2 1 1
Temos para i = 1
∂L
= −(m1 + m2 )gl1 sin θ1 − m2 l1 l2 θ̇1 θ̇2 sin (θ1 − θ2 ),
∂θ1
∂L
= (m1 + m2 )l12 θ̇1 + m2 l1 l2 θ̇2 cos(θ1 − θ2 ),
∂ θ̇1
2
e
d ∂L
= (m1 + m2 )l12 θ̈1 + m2 l1 l2 θ̈2 cos(θ1 − θ2 ) − m2 l1 l2 θ̇2 sin (θ1 − θ2 )(θ̇1 − θ̇2 ),
dt ∂ θ̇1
e para i = 2
∂L
= −m2 gl2 sin θ2 + m2 l1 l2 θ̇1 θ̇2 sin (θ1 − θ2 ),
∂θ2
∂L
= m2 l22 θ̇2 + m2 l1 l2 θ̇1 cos(θ1 − θ2 ),
∂ θ̇2
e
d ∂L
= m2 l22 θ̈2 − m2 l1 l2 θ̇1 sin (θ1 − θ2 )(θ̇1 − θ̇2 ) + m2 l1 l2 θ̈1 cos(θ1 − θ2 ).
dt ∂ θ̇2
As equações procuradas são, portanto,
(m1 + m2 )(l12 θ̈1 + gl1 sin θ1 ) + m2 l1 l2 [θ̈2 cos(θ1 − θ2 ) + θ̇22 sin (θ1 − θ2 )] = 0,
m2 [l22 θ̈2 + gl2 sin θ2 ] + m2 l1 l2 [θ̈1 cos(θ1 − θ2 ) − θ̇12 sin (θ1 − θ2 )] = 0.
3
Q3. a) A Hamiltoniana do oscilador isotrópico é
1 mω 2 2
p2x + p2y + p2z + x + y2 + z2 ,
H=
2m 2
que corresponde à soma de 3 osciladores unidimensionais independentes, um para cada direção
cartesiana. Como os osciladores são independentes, os auto-estados do sistema são dados pelo
produto tensorial (ou Kronecker, ou externo) dos auto-estados de cada oscilador
Os únicos valores com probabilidade não nula de serem medidos nesse caso são
3 5
0+0+1+ ~ω = ~ω = E1
2 2
3 5
0+1+0+ ~ω = ~ω = E1
2 2
3 7
0+1+1+ ~ω = ~ω = E2 .
2 2
A probabilidade de se medir E1 = (5/2)~ω é
|h0,1,1|ψi|2 = 1/4.
d) O resultado da medida foi E1 . O estado logo após a medida é a projeção do estado |ψi no
auto-sub-espaço de E1 , ou seja,
1 1
|ψ(t > 0)i = α √ |0,0,1i + |0,1,0i ,
2 2
2
√ constante de normalização. Normalizando o estado, acha-se |α| (1/2 + 1/4) =
onde α é uma
1 ⇒ α = 2/ 3. Assim, r
2 1
|ψ(t > 0)i = |0,0,1i + √ |0,1,0i.
3 3
4
Q4. (a) Fazendo a mudança de variáveis ν = xT , na expressão para a densidade de energia, fornecida
no enunciado, obtém-se Z ∞
4
u(T ) = T x3 f (x)dx. ≡ KT 4 ,
0
onde K é uma constante independente da temperatura. Como u tem dimensão de energia
por unidade de volume, segue que K tem dimensão de energia por unidade por unidade de
temperatura absoluta à quarta potência ou
[E] m
[K] = 3 4
= 2 4,
l k lt k
onde m tem dimensão de massa, l tem dimensão de comprimento, t tem dimensão de tempo e
k tem dimensão de temperatura absoluta e usamos que [E] = ml2 /t2 .
(b)
2
(i) O fator 8πν
c3
dν é número de modos normais de vibração do campo eletromagnético, por
unidade de volume, com frequência no intervalo [ν,ν + dν].
(ii) Se hν kB T , exp(hν/kB T ) ≈ 1 + hν/kB T e a distribuição de energia é
hν hν
≈ hν
= kB T.
e(hν/kB T ) −1 kB T
(iii) O resultado obtido no item anterior é o que seria obtido utilizando um tratamento clássico,
via o teorema de equipartição para osciladores clássicos: kB T /2 para cada termo quadrático na
energia, termo cinético e potencial harmônico.
(c) Determinamos primeiramente tP . Escrevendo, de maneira geral,
tP = Gα hβ cγ
obtém-se
l3α+2β+γ m−α+β t−2α−β−γ = t.
Logo, α = β = 1/2 e γ = −5/2. Portanto,
r
~G
tP = .
c5
A distância de Planck é r
~G
lP = ctP = .
c3
De maneira similar, para a massa de Planck
5
A temperatura de Planck pode ser determinada fazendo a razão entre a energia de Planck,
mP c2 , e a constante de Boltzmann
s
mp c2 ~c5
TP = = 2
.
kB GkB
6
Q5. (a) A conservação de energia interna leva a
(K + mH2 O cH2 O )(Teq − Tamb )
mx cx (Tx − Teq ) = (K + mH2 O cH2 O )(Teq − Tamb ) ⇒ cx = .
mx (Tx − Teq )
= 0,28 ± 0,014.
Finalmente,
7
EUF
Exame Unificado
das Pós-graduações em Fı́sica
Para o primeiro semestre de 2017
Gabarito
Parte 2
• Estas são sugestões de possı́veis respostas.
Outras possibilidades também podem ser consideradas corretas, desde que equivalentes às res-
postas sugeridas abaixo.
Q6. a) O elemento de carga dQ do anel produzirá um campo dE~ no ponto P , como mostrado na
figura. O módulo deste elemento de campo elétrico é
dQ
dE = .
4π0 r2
z
dE
P
θ
r
z
y
R
O dQ x
~ = ẑ Qz = ẑ
E
Qz
.
4π0 r 3 4π0 (R2 + z 2 )3/2
dQ
dV (z) = .
4π0 r
O potencial devido a todas as contribuições dos elementos de carga do anel é obtido somando
todas as contribuições, donde se obtém
Q Q
V (z) = = √ .
4π0 r 4π0 R2 + z 2
c) A energia cinética inicial da partı́cula é nula, porque ela parte do repouso. A energia
potencial elétrica inicial da partı́cula é nula também, porque −qV (z0 ) ≈ 0 se z0 R. A
conservação da energia mecânica (cinética mais potencial elétrica) nos dá a velocidade v no
centro do anel via
mv 2 mv 2 Q
0+0= + (−q)V (0) = −q ,
2 2 4π0 R
donde r
qQ
v= .
2π0 mR
1
Q7. a) Como o aro é quadrado, a área da região interna ao aro e contida no retângulo sombreado
é um triângulo isósceles de altura s e ângulos internos 45◦ ,90◦ e 45◦ . Portanto, o tamanho da
base do triângulo é 2s e sua área é
1
A = s(2s) = s2 .
2
O fluxo do campo magnético através do aro é
Z
Φ= B ~ · dS
~ = BA = Bs2 ,
onde usamos o fato de que o campo magnético é constante na região sombreada e normal ao
plano da figura.
y
v
x
L
s
B R
dΦ ds
ε=− = −B2s = −2Bsv ,
∂t dt
e o valor da corrente elétrica é
2Bsv
I= . (5)
R
A área sombreada diminui com o movimento do aro e, portanto, o fluxo do campo magnético
também diminui. O sentido da força eletromotriz, pela lei de Lenz, é anti-horário para se
~ Segue que a corrente fluirá também no sentido anti-
contrapor à diminuição do fluxo de B.
horário.
c) A força magnética sobre um elemento do aro é
dF~m = Id~l × B
~.
√
Os elementos do √aro dentro da região sombreada são: d~l = − 22 (x̂dl + ŷdl) (lado superior
esquerdo) e d~l = 22 (x̂dl − ŷdl) (lado inferior esquerdo). A força magnética é, então,
√ √
2 2
dF~m = I[− (x̂dl + ŷdl) × B ẑ + (x̂dl − ŷdl) × B ẑ] ,
2 2
ou
√
dF~m = − 2IBdlx̂ ,
2
√
e integrando em dl de 0 a 2s (lembrando que as contribuições dos dois segmentos já foram
somadas) obtemos
4B 2 s2 v
F~m = −x̂ .
R
Para que o quadrado se mova com velocidade constante, temos que aplicar uma força de mesmo
módulo que F~m , mas de sentido oposto, isto é para a direita (sentido positivo de x).
3
Q8. a) A parte da Hamiltoniana devida ao campo elétrico é
V̂E = (−e)(−E x̂) = eE x̂,
4
Q9. (a) Denotemos quantidades no referencial da Terra sem “linha” e no referencial da nave com
“linha”. O intervalo de tempo próprio medido pelos astronautas para a viagem de ida é
∆t0 = 3T /4 anos. O intervalo de tempo medido na Terra, por outro lado, é ∆t = cT /V , onde
V é a velocidade da nave. Da fórmula de dilatação temporal
∆t 3 c/V
∆t0 = γ(V )∆t = q ⇒ =q ,
1− V2 4 V2
1 − c2
c2
5
Q10. (a) Podemos escrever
1 3
En = ~ω0 2n + 1 + = ~ω0 2n + n = 0,1,2, . . .
2 2
12
10
8
U(hω0)
0
0 2 4 6 8 10
T
Figura 1: Esboço de u x T .
6
(b) A entropia por oscilador é
S U −F u kB ln Z u
s = = = + = + kB ln Z1
N NT T N T
~ω0 3 2 3 −2β~ω0
= + − kB β~ω0 + ln(1 − e )
T 2 e2β~ω0 − 1 2
2~ω0 /T
= 2β~ω0 − kB ln(1 − e−2β~ω0 ),
e −1
onde usamos alguns resultados do item (a). No limite clássico
2~ω0 /T kB T
s≈ − kB ln(2β~ω0 ) = kB 1 + ln .
2β~ω0 2~ω0
2
s
0
0 2 4 6 8 10
T
Figura 2: Esboço de s x T .