Você está na página 1de 23

Livro base: Senhora – José Alencar.

Capítulos (e partes) utilizadas: Parte I: XII, XIII; Parte II: I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX.
Outras referências: Filme “Senhora”, encontrado no youtube.

Primeira Cena: Casamento de Aurélia Camargo e Fernando Seixas.


Cenário: Casa de Aurélia (oratório?)(ou igreja?).
Personagens: Aurélia Camargo, Fernando Seixas, Padre, Lemos, Dona Firmina Mascarenhas.
{
Vestimentas de cada personagem:

}
Segunda Cena: Diálogo de Aurélia e Seixas no quarto nupcial.
Cenário: Quarto nupcial (um quarto normal).
Personagens: Aurélia Camargo, Fernando Seixas.
{
Vestimentas de cada personagem:

}
Terceira Cena (Flashback): Pós-Casamento de Emília e Pedro.
Cenário: Casa.
Personagens: Emília Lemos, Pedro Camargo.
{
Vestimentas de cada personagem:

}
Quarta Cena (Flashback): Apresentação da Aurélia, Emília e Emílio (narrado) + morte do
Pedro.
Cenário: Casa.
Personagens: Emília Lemos, Aurélia Camargo, Emílio Camargo.
{
Vestimentas de cada personagem:

}
Quinta Cena (Flashback): Emílio trabalhando + Morte, Aurélia na janela.
Cenário: Casa.
Personagens: Emília Lemos, Aurélia Camargo, Emílio Camargo.
{
Vestimentas de cada personagem:
}
Sexta Cena (Flashback): Aurélia encontra seu tio + Lemos e Emília fazendo as pazes.
Cenário: Casa (e janela).
Personagens:Aurélia Camargo, Lemos (tio), Emília.
{
Vestimentas de cada personagem:

}
Sétima Cena (Flashback): Aurélia conhece Seixas + paxão.
Cenário: Casa (e janela).
Personagens:Aurélia Camargo, Fernando Seixas.
{
Vestimentas de cada personagem:

}
Oitava Cena (Flashback): Seixas pede a mão de Aurélia.
Cenário: Casa.
Personagens: Aurélia Camargo, Fernando Seixas.
{
Vestimentas de cada personagem:

}
XXXXXXXXXX
XXXXXXXXXX
XXXXXXXXXX
{
XXXXXXXXXX

}
Nona Cena (Flashback): Seixas trai Aurélia com Adelaide + Aurélia triste lá
Cenário: Rua.
Personagens: Fernando Seixas, Adelaide, Aurélia.
{
Vestimentas de cada personagem:

}
Décima Cena (Flashback): Vô visita + Mãe da Aurélia morre.
Cenário: Casa.
Personagens: Aurélia, Dona Firmina
{
Vestimentas de cada personagem:

}
Décima Primeira Cena (Flashback): Aurélia recebe notícias da morte do veio e obtém a
herança do véio.
Cenário: Casa.
Personagens: Aurélia, Correspondente do véio
{
Vestimentas de cada personagem:

}
Décima Segunda Cena (Flashback): Aurélia vira burguesinha
Cenário: Rua
Personagens:
{
Vestimentas de cada personagem:

}
Décima Terceira Cena (Flashback): Aurélia, junta de Dr. Toquarto Ribeiro e Lemos se vingam
contra Seixas.
Cenário: Casa.
Personagens: Aurélia, Lemos, Dr. Toquarto Ribeiro, Lemos
{
Vestimentas de cada personagem:

}
Décima Quarta Cena (Flashback): Lemos conversa com Seixas, convencendo-o de deixar
Adelaide + um diálogo entre Adelaide e Torquato
Cenário: Rua.
Personagens: Lemos, Fernando Seixas.
{
Vestimentas de cada personagem:

}
Décima Quinta Cena: Sai do flashback e rola uma discussão de casal
Cenário: Quarto Nupcial.
Personagens: Aurélia, Fernando Seixas.
{
Vestimentas de cada personagem:

}
FIM
SENHORA
Escrito por: Bernardo James, Samuel Almeida e Vithória Leite.
FADE IN:
1 INT. CASA CHIQUE DE RICO, IGREJA, OU JARDIM - NOITE
Casamento de Aurélia com Seixas
A cena começa no auge do casamento, o noivo e a noiva declarando seus votos para o
outro. Uma quantidade de pessoas não muito numerosa comparecem ao local, e o
padre começa a falar.

PADRE
Fernando Seixas, você aceita Aurélia Camargo como
sua legítima esposa, prometendo ser fiel, amá-la
e respeitá-la. Na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias
das suas vidas. Até que a morte os separe?

SEIXAS
Aceito.

PADRE
Então pode beijar a moça.

Aurélia e Seixas se inclinam para se beijarem, mas a câmera corta para o resto das
pessoas aplaudindo.
CUT TO:

2 INT. QUARTO - NOITE


Depois do casamento Aurélia se dirige para o quarto nupcial, onde aguardará por
Seixas, onde terão uma discussão. Lemos fala com Seixas para acompanhá-lo até o
quarto, tirando de seu bolso uma argola de chaves.

LEMOS
Terei a satisfação de mostrar-lhe seus novos aposentos,
Sr. Seixas, tenha a honra de acompanhar-me.

Seixas o acompanha.

LEMOS
Terminamos. Agora devo lhe informar que deve esperar
minha sobrinha neste quarto. E como um aviso vindo total-
mente de minha pessoa: após passar por aquela porta, e
quando Aurélia chegar, maganão mais feliz no mundo não
haverá!
SEIXAS
Obrigado, Sr. Lemos, vou agora entrar no quarto.

CUT TO:

Aurélia se encontra a caminho do quarto nupcial.


Aurélia atravessa o aposento e, chegando à porta, tenta ouvir o que está por detrás
dela. Ela não ouve nada. Ela cai, então, numa poltrona ao lado e dialoga consigo
mesma:

AURÉLIA
Deus, por que me deste esse coração exigente, soberbo e
egoísta? Posso beber na taça do amor, tal qual talvez nunca
mais toquem esses lábios? Não é o néctar divino que eu so-
nhei, não; mas dizem que embriaga a alma, e a faz esquecer!...

Ela se arrepende, claramente, e exclama para si, como se estivesse blasfemando


sobre si mesma.

AURÉLIA
Não! Seria uma profanação deste amor que foi e será toda a
minha vida!

Aurélia ergueu-se e caminhou em círculos pela sala. Hesitando entrar no quarto. Ela,
fim, decide entrar. Seixas, ao avistar ela, serve-lhe uma cadeira. E falou meio
impaciente.

SEIXAS
Qual o motivo de seu atraso, Aurélia?

AURÉLIA
Tinha um voto a comprir, quis livrar-me logo de meus afazeres
para pertencer toda e unicamente ao meu senhor.

SEIXAS
Não me mate de felicidade, Aurélia! O que eu mais posso dese-
jar é viver a teus pés, adorando-te!

Seixas ajoelhou-se aos pés de Aurélia, tomando suas mãos e as enchendo de beijos. A
moça direciona a ele um olhar repulsivo, e recheado de desprezo, semelhante ao olhar
esnobe de um membro da alta burguesia direcionado ao proletário. E, ainda com esse
olhar e com um tom de desprezo, direciona-lhe uma pergunta:
AURÉLIA
Então é verdade que me ama?

SEIXAS
Pois tens dúvida, Aurélia?

AURÉLIA
Amou-me sempre? Desde o primeiro dia que nos vimos?

SEIXAS
Já não lhe disse?

AURÉLIA
E nunca amou outra?

SEIXAS
Eu lhe juro, Aurélia, esses lábios nunca tocaram a face de
outra que não fosse minha mãe. O meu primeiro beijo de
amor guardei para a minha esposa… Para você.

Ele ergueu-se para beijar sua face, mas Aurélia o impede e continua a conversa, com
um tom de voz indignado.

AURÉLIA
Ou de outra mais rica!...

SEIXAS
Aurélia! O que significa isso?

AURÉLIA
Nós fazemos parte de uma comédia, onde desem-
penhamos os nossos respectivos papéis. E
entremos na realidade, por mais triste que ela
seja; e interpretemos nossos papéis: eu o de uma
mulher traída, e o senhor, de um homem vendido.

SEIXAS
VENDIDO?!?

Aurélia saca de seu bolso um papel, e começa a desdobrá-lo enquanto profere estas
palavras:
AURÉLIA
Vendido, sim! Não há outro nome. Sou rica, (CONTINUA)
milionária, precisava de um marido; traste
indispensável às mulheres honestas. O senhor
estava no mercado; comprei-o. Custou-me
barato, não se fez valer. Daria toda a minha
riqueza por este momento.

Seixas sentiu-se bastante ofendido com o insulto, como se fosse arremessado do


êxtase da felicidade para o abismo profundo da humilhação.

AURÉLIA
Agora, meu marido, se quer saber por que o
comprei de preferência a qualquer outro, vou
dizê-la; e peço que não me interrompa.

Apontou uma cadeira e disse

AURÉLIA
Sente-se, meu marido.

CUT TO:

3 & 4 EXT.//INT PRAÇA//CASA


Aurélia começa a narrar o começo da sua história. Enquanto ela narra, cenas dos
acontecimentos passam na tela.

AURÉLIA (V.O.)
Minha mãe e meu pai casaram-se às escondidas.
E decidiram assim viver. Mas, pela infelicidade de
minha mãe, Pedro Camargo, meu pai, teve que
retornar para casa, pois deveria contar a seu pai
que havia se casado. Embora nunca tenha contado.
Doze anos se passaram. Eu e meu irmão, Emílio,
fomos criados por minha mãe, Emília Camargo, que
nos deu boa educação e cuidou de nós sozinha. Foi
quando bateu à nossa porta um moço que trazia a
notícia de que nosso pai havia morrido. E como seu
último desejo, pediu-lhe para avisar e dar o dinheiro
que juntara para minha mãe...
CUT TO:

5 INT. SALA DA CASA


Emília encontrava-se desolada, recatando-se ainda mais do exterior, sendo julgada
ainda mais como louca pela sociedade e pela vizinhança.

AURÉLIA (V.O.)
Minha mãe estava perdida, agora que seu marido
havia morrido. Ela tentou escrever para meu avô,
Sr. Lourenço Camargo, revelando que Pedro havia
se casado com ela, mas ele não acreditou que
houvesse um casamento oculto até aquela época.
Porém, ainda sim ele foi generoso, mandando que
entregassem uma quantia crua e seca de dinheiro
para tentar, ao menos, ajudar minha mãe.
Emílio que, apesar de frequentar os melhores
colégios, quase nada havia aprendido, havia
conseguido um emprego como caixeiro de um
corretor de fundos…

CUT TO:
Emílio chega em casa com uma papelada cheia de números e cálculos que tentava
resolver. Mas nunca conseguia, e quando não aguentava mais chorava de raiva. E
quando isso acontecia, Aurélia chegava para lhe ajudar.

AURÉLIA
Emílio, o que lhe aflige, meu querido irmão?

EMÍLIO
Esses cálculos, irmã. Eles são impossíveis!

AURÉLIA
Como assim impossível, Emílio? Esse cálculo é simples!
Deixe-me ajudar.

EMÍLIO
Muito obrigado, Aurélia, mas duvido que consiga.

CUT TO:
Aurélia narra a morte do irmão.

AURÉLIA (V.O.)
Mas numa tarde muito quente, meu irmão cometeu
a imprudência de tomar um banho frio. O que
acarretou numa febre terrível que o levou em poucos
dias. Minha mãe que ainda estava coberta pelo luto
ao marido, ficou totalmente abalada. Tendo apenas
à minha pessoa para lhe ajudar.
Ela, já havia pedido para que eu ficasse na janela,
para mostrar-me ao mundo. Me rendi a sua insistência,
e comecei a passar as tardes na janela.

CUT TO:

6 INT. JANELA E SALA DA CASA - DIA


No primeiro mês a investida dos pretendentes não passavam de falácias. Breve, porém,
começou a formação de filas para vê-la.
Aurélia, que estava lá apenas para exibir sua beleza, encontra-se na janela, olhando
com um olhar morto para a grande fila de homens que se formava em frente à sua casa.
Lemos, que estava metido na roda dos rapazes, passava pela rua. Viu a fila de homens
e notou que era a sua sobrinha o motivo da visita de vários homens.
Aurélia se alegrou ao ver o tio, mas ocultou dela essa ocorrência.
Mas um dia, Lemos, que passava como de costume pela rua de Santa Teresa, bateu à
porta de Aurélia.
(enquanto ele espera ele cantarola uma música)
Aurélia abre a porta.

AURÉLIA
Meu tio! Mas que surpresa vê-lo por aqui. Sente-se.
Chamarei minha mãe para que possam conversar.

Lemos tenta falar enquanto ergue uma carta. Ele, vendo que não poderia pará-la,
guardou no bolso sua carta.

LEMOS
E-espere, Aurélia!

Aurélia chama dona Emília e vai à sua máquina de costura.


Emília e Lemos conversam enquanto uma música toca de fundo.
(não se preocupar com o diálogo deles)

7 EXT. JANELA E RUA - DIA


Não demora muito para Seixas ouvir falar da moça de Santa Teresa, e, por curiosidade,
foi até lá com amigos. Chegando lá eles a avistaram, e Seixas começou a analisá-la
como um artista estuda seu modelo, com um olhar frio. Ao analisar murmurou:

SEIXAS
Realmente... Não nego; é bonita.
CUT TO:
Após uma semana, Fernando passou lá pela noite. Logo antes de Aurélia se retirar.
Aurélia o viu e desceu a seu encontro. Ele apertou a suas mãos e disse:

SEIXAS
Há uns dias te vi em frente à sua casa, e
observei-a; a princípio, com frieza, mas
teus olhos encontraram os meus, e a partir
daí não pude negar — és sim atraente,
mas antes mesmo de afirmar a respeito
de sua beleza, não consigo achar outra forma
de expressar-me senão precocemente
declarando que eu te amo. E a senhora, dona
Aurélia, ama-me?”

AURÉLIA
Eu?... Não sei, você é quem pode saber…

Seixas não compreendeu o que ela queria dizer com isso, mas passou a frequentar
diariamente Aurélia a noite.
Aurélia estava feliz com ele.

CUT TO:
8 INT. SALA DE JANTAR - NOITE

Mas um dia, Eduardo Abreu, um de seus pretendentes, pediu a mão de Aurélia à dona
Emília. Quando Aurélia chegou, dona Emília lhe falou:

EMÍLIA
Minha filha, um de seus pretendentes é Eduardo
Abreu, um bom rapaz, rico e de uma família
excelente, que me pediu a sua mão ontem. Se
casar com ele, vai ser uma chance de subir na
vida.

AURÉLIA
Mãe, acabou a época em que eu tinha resolvido
casar com a primeira pessoa que te agrade.
Agora tudo mudou, e não posso dar o que não
me pertence. Amo outro.

EMÍLIA
Sei, aquele Seixas, mas tens certeza de que ele
é o homem certo?

AURÉLIA
Nunca lhe perguntei sobre casamento ainda.

EMÍLIA
É preciso saber.

AURÉLIA
Disso eu não falo com ele.

EMÍLIA
Pois então falo eu!
CUT TO:

Quando anoiteceu, Fernando chegou e foi chamado para dentro. Dona Emília logo o
chamou na conversa.

EMÍLIA
Mas, então, Senhor Seixas… Quais são suas intenções
com minha filha? Saiba que não quero que ofusque o
brilho de Aurélia! (CONTINUA)

Seixas incomodou-se com a pergunta. Mas, com sua esperteza, soube contornar a
situação, encontrando uma fresta para arrastar-se como um réptil; serpenteando entre o
amor e o discreto interesse.

SEIXAS
Dona Emília, asseguro-lhe que minhas intenções são
das mais puras, pois amo, sinceramente, sua filha. Eu
preferiria perdê-la a sacrificá-la. A minha carreira
depende de acontecimentos que devem se suceder
neste próximo ano. Então poderei garantir um futuro
digno à Aurélia.

EMÍLIA
Muito nobre de sua parte, Sr. Seixas. Não posso dar
maior prova a Aurélia que és o homem certo.

CUT TO:

No dia seguinte:
EMÍLIA
Pois bem, concordo que Fernando é um bom homem.
Mas retomo a dizer que, minha filha, não deixe que ele
ofusque sua luz.

AURÉLIA
Se eu tivesse a desgraça de perdê-la, minha mãe, já
não ficaria só.

Emília deixa escobar um gesto de dúvida.

AURÉLIA
Acredite, mãe, o desejo de conservar-me para o homem
que amo me protegeria melhor do que um marido do
acaso.

Seixas, quando soube que Aurélia havia rejeitado, sem ostentação, um partido que era
cobiçado pelas fidalgas moças da corte, não pôde conter-se e foi à noite pedir a mão de
Aurélia, que lhe foi concedida.
CUT TO:

9 EXT. PRAÇA/RUA/CASA DO AMARAL - FINAL DE TARDE/NOITE


(Cena do Seixas, a caminho da casa de Aurélia, encontrando Adelaide na janela e
sorrindo para comprimentá-la. Enquanto Lemos observa na espreita)
Lemos, sabendo que sua sobrinha arranjara um casamento, decide acabar com esse
festejo.

LEMOS
Pois bem, Aurélia, já que me trocaste por esse maltrapilho,
você verá o que a minha influência pode ocasionar. (rsrs)

CUT TO:
Lemos se dirige para a casa de Tavares do Amaral, que se encontra na rua, prestes a
entrar em sua casa.

LEMOS
Bom dia, Sr. Amaral, a quanto tempo não?

AMARAL
Sr. Lemos, que surpresa vê-lo por aqui! O que lhe trás até
minha casa?
LEMOS
Apenas uma vontade de conversar com velhos amigos.

O diálogo corta
CUT TO:

Aurélia nota que Seixas mudou. E questiona-o sobre isso.

AURÉLIA
Fernando, tenho notado que estás mudando. Tem
algum motivo para isto?

SEIXAS
Eu? Não estou mudando, Aurélia. Deve estar vendo
coisas.

AURÉLIA
Ah, deve ser a promessa de casamento que o está
incomodando. Eu a restituo se for o caso. A mim
basta o teu amor, já lhe disse uma vez: desde que
me deu não lhe pedi mais nada.

SEIXAS
Você acha, Aurélia, que uma moça pode amar a um
homem a quem não espera se casar?

AURÉLIA
A prova é que o amo.

O diálogo corta.
CUT TO:

A cena volta para Lemos e Amaral conversando.

LEMOS
Mas então, vi que aquele rapazola… o Seixas, anda
falando com Adelaide, não? Suponho que essa união
seria de seu interesse, ou Adelaide já possui homem
melhor?

AMARAL
(risada irônica) Quem dera! Ao invés de escolher à um
homem rico, bem sucedido, um nobre, um homem que
lhe dê a vida que merece, ela prefere escolher um
desempregado, maltrapilho e pobretão.

LEMOS
Sei, aquele tal de Torquato Ribeiro, certo?

AMARAL
Exatamente. Mas esqueçamos dele. Fale-me mais do
Sr. Seixas.
LEMOS
Vejo que se interessou nele. Pois bem, ele é jornalista
e vem de família pobre, mas é uma promessa grande
no mundo jornalístico...

O diálogo corta
CUT TO:

Retoma a cena do diálogo entre Aurélia e Seixas. (retoma da última fala da aurélia)

-----------------------------------------------------
| Nota para a edição (pra mim no caso):
| A cena do diálogo vai ser gravada no
| mesmo dia (lógico né), então é só
| realocar na edição.
-----------------------------------------------------

AURÉLIA
A prova é que o amo.

SEIXAS
E o mundo?...

AURÉLIA
O mundo pode exigir de mim a dignidade da mulher.
Já meu amor não tenho dívidas, senão a Deus que me
deu uma alma e ao senhor a quem entreguei.

Fernando se retirou ainda mais aborrecido.


CUT TO:

Fernando Seixas, enquanto estava voltando da casa de Aurélia, foi parado por Tavares
do Amaral.

AMARAL
Sr. Seixas, presumo.
SEIXAS
Eu mesmo, e quem seria o senhor?

AMARAL
Tavares do Amaral, sou pai de Adelaide, e tenho uma
proposta a lhe fazer. Que tal vir jantar em minha casa
amanhã? Então podemos conversar mais tranquilamente.

Seixas pensa por poucos segundos, mas levado pela recordação do dia anterior e pela
fala de Aurélia, que o desprendeu do amor dela, ele aceitou.
CUT TO:

Seixas encontrava-se, na noite de domingo, na casa de Amaral, jantando. Ao terminar o


jantar, ele sentou-se no sofá e descansou enquanto Adelaide tocava piano.
Sentou-se ao seu lado o Amaral, fazendo-lhe uma oferta :

AMARAL
Então, Sr. Seixas, o que acha?

SEIXAS
De quê?

AMARAL
Ora, minha filha, é claro.

SEIXAS
Ela deve atrair vários olhares, não?

AMARAL
Sim, mas o que você acha de tê-la para você? Digo,
o que você acha de seiscentos mil para se casar
com ela?

A cena não revela a resposta de Seixas, e a cena vai se afastando com uma música no
piano.
CUT TO:

Nota pra Aurélia:


“Aurélia amava mais seu amor do
que seu amante; era mais poeta do
que mulher; preferia o ideal ao homem”
— José de Alencar
A cena volta, depois de um close na lua com a música, para Aurélia e Seixas
conversando.
Aurélia está inquieta, pois percebe a mudança de Seixas, que está totalmente distraído
e constrangido por ainda manter, mesmo que por um finíssimo fio, esse relacionamento.
Aurélia, não aguentando mais essa inquietude e questiona Seixas:

AURÉLIA
O senhor quer me dizer alguma coisa, mas teme que
me magoe.

SEIXAS
O que mais desejo, Aurélia, é conquistar uma posição
brilhante para viver nela com a única mulher que amei
neste mundo. Mas o desastre que pesa sobre mim destruiu
todas as minhas esperanças. Eu seria egoísta se,
continuando com teu amor, fizesse mal uso dele. Pois disse
à sua mãe que: sou menos infeliz pedindo à sua mão do
que seria aceitando-a para fazê-la desgraçada e condená-la
às humilhações da pobreza.

AURÉLIA (com ironia)


Essas já conheço, e não me dão desgraça. Nasci com elas e
têm sido as companheiras de minha vida.

SEIXAS
Não me compreendeu, Aurélia. Refiro-me a um partido vantajoso
que aparecerá logo que estiver livre.

AURÉLIA
Pensa que basta apenas uma palavra tua para voltar a minha
liberdade?

SEIXAS
Compreendo que a fatalidade que nos separa não pode romper
o elo que une nossas almas. Mas Deus nos deu uma missão
nesse mundo, e devemos cumpri-la.

AURÉLIA
A minha é amá-lo! A promessa que o aflige, o senhor pode
retirá-la a qualquer momento.

SEIXAS
Entenda, Aurélia! Lembre-se de sua reputação. O que diriam
se soubessem que ama um homem sem esperança de ligar-se
a ele pelo casamento?

AURÉLIA
Diriam talvez que eu sacrificava a um amor desdenhado, o que é uma...

Aurélia corta a ironia e recua.

AURÉLIA
Sr. Seixas, sejamos francos: o senhor já não me ama. Não o culpo,
e nem me queixo.

Seixas desculpa-se gaguejando e se retira.


A cena acaba com um zoom out na cena.
CUT TO:

10 INT. CASA DE AURÉLIA


Uma semana se passa desde o término de Seixas e Aurélia. Num dia como outro
qualquer, um velho senhor bate à porta de Aurélia. Ela o atende.
Lourenço Camargo, com lágrimas nos olhos, se lança para abraçar Aurélia, que abriu a
porta. Aurélia recua e Dona Emília levanta-se para proteger a filha.

EMÍLIA
Que é isto, senhor!? Está louco?

LOURENÇO
Não me reconhece, minha filha? Sou o pai de seu marido!

EMÍLIA
O Sr. Lourenço Camargo?

LOURENÇO
O próprio. Não permite que eu abrace minha neta?

Aurélia se joga para abraçar o vô.

LOURENÇO
Antes que eu me vá, devo entregar-lhe isto.

Ele tira do bolso uma carta.

LOURENÇO
Não vá pensando que é presente, isso é apenas um
documento que não quero perder na viagem, por isso
deixo em suas mãos.

O velho se retira.
O som do ambiente some. A música vai aumentando e Dona Emília desmaia.
CUT TO:

Aurélia encontra-se chorando com as mãos cobrindo seu rosto. Ela está trajada de preto
(para dar-se a entender que ela está de luto).
CUT TO:

11 INT. SALA CASA


Aurélia encontra-se de luto em casa, ao lado de Torquato Ribeiro e Dona Firmina.

MENSAGERO
Dona Aurélia, presumo. Fui encaminhado até aqui para
informar-lhe uma notícia triste: Lourenço Camargo morreu.
Vim também para relembrar-lhe que estás em posse de um
documento importantíssimo. Abra-o e verá o que nele tem.

O mensageiro, sem ter mais o que dizer, saiu.


Aurélia vira-se e vê os olhares curiosos de seus companheiros.

AURÉLIA
Qual o motivo de tanta curiosidade?

TORQUATO
Ora! O papel, Aurélia. Se ele veio aqui para lhe lembrar
significa que a carta possui algo de extrema importância!

FIRMINA
Vamos, Aurélia! Não me mate de curiosidade!

AURÉLIA
Aquietem-se. Vou pegar a carta e o abriremos juntos.

Aurélia abre o documento e fica chocada.


Nele está o testamento de Lourenço, falando que Aurélia é sua legítima herdeira.
TORQUATO
Rápido, Aurélia! Nos diga o que tem aí!

AURÉLIA
A herança… ela é toda minha… eu… estou rica.
FIRMINA
V-você está rica!?

AURÉLIA
Não é possível… Essa nomenclatura deve estar errada.

Torquato intervém pegando gentilmente o papel das mãos de Aurélia.

TORQUATO
Aurélia. Isso está correto. Aceite sua riqueza.

A cena acaba com Dona Firmina eufórica de felicidade, Torquato feliz pela amiga, e
Aurélia pensando (sem falar nada).
CUT TO:

12 EXT. VIZINHANÇA
Cenas de Aurélia falando e pagando dívidas e pessoas que ajudaram ela e sua mãe,
enquanto Aurélia narra o que ela fazia ali.

AURÉLIA
Ao ganhar aquela enorme quantia de dinheiro eu decidi
que iria dar pequena, mas significativa, quantia às pessoas
que ajudaram à mim e a minha mãe quando mais precisamos,
além de pagar as dívidas deixadas por minha mãe.
CUT TO:

13 EXT. PRAÇA/RESTAURANTE (banquinho/cadeira)


Aurélia, junta de Lemos e Dr. Torquato Ribeiro começa a planejar a vingança.

AURÉLIA
Pois bem senhores, creio que possam imaginar o motivo
de vocês estarem aqui.

TORQUATO
Imagino que seja uma vingança, não?

AURÉLIA
Exatamente. E não conseguirei fazer isso sozinha. Para
começo de conversa, gostaria de falar que o senhor,
Doutor Torquato Ribeiro, me acompanhará quando eu
estiver na sociedade. E você, caro tio, assumirá um
grande papel nessa curiosa trama. Agora, comecemos
a mapear o plano.
A cena termina com eles conversando.
CUT TO:

14 EXT. PORTA DA CASA DE SEIXAS/BANCO DE PRAÇA


Lemos bate à porta de Seixas, e é atendido pelo mesmo.

LEMOS
Sr. Fernando Rodrigues Seixas?

SEIXAS
O próprio. E você, quem é?

Lemos, ao invés de responder, tira do seu bolso uma carta e a entrega a Seixas.

SEIXAS
Ah, Sr. Ramos! Tenho muito a agradecer a quem me
apresentou o senhor.

Lemos o interrompe.

LEMOS
Ramos não, pode me chamar de Lemos.

Eles saem da porta e começam a passear.

LEMOS
Desculpe-me, Vossa Senhoria, venho a ti por um motivo
extremamente urgente.

SEIXAS
Estou pronto para ouvi-lo.

LEMOS
Trata-se de uma moça podre de rica, lindíssima, a quem
a família deseja casar o quanto antes. E, com a preocupação
de afastar interesseiros, procuraram um rapaz de boa
posição, embora pobre.
Fui encarregado por essa família de encontrar a pessoa
certa, e se estou aqui significa que eu encontrei.

SEIXAS
Agradeço a oferta, mas temo que tenha que recusar…
LEMOS
Mas ainda não disse o que você ganha com isso. A
moça dota o marido com uma enorme fortuna de
mais de quinhentos mil!

Seixas calou-se.

LEMOS
Então, Sr. Seixas, qual sua decisão?

SEIXAS
Nenhuma.

LEMOS
Então nem recusa e nem aceita?

SEIXAS
Exato. Deixo isso em aberto.

LEMOS
Então, caso mude de ideia, pode me procurar.

CUT TO:

Cena de Lemos e Amaral conversando (sem som).

CUT TO:

Seixas procura Lemos.

SEIXAS
Senhor Lemos!

LEMOS
Ah, Sr. Seixas. O que te traz a minha procura?

SEIXAS
Sobre aquela oferta, ainda está aberta?

A cena termina sem resposta, dando a entender que Seixas aceitou a proposta.

Você também pode gostar