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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DE PERNAMBUCO
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COORDENAÇÃO DE ELETROTÉCNICA

NOTAS DE AULA: ENSAIOS DE MÁQUINAS

1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS DIELÉTRICOS


Os dielétricos são materiais que se caracterizam por apresentar uma considerável
resistência à passagem da corrente elétrica, comparativamente ao valor intrínseco
dos materiais condutores. Na prática, nas instalações elétricas é necessário isolar as
partes condutoras de corrente das conectadas à terra, assim como isolá-las entre si.
Isto é indispensável para dirigir a corrente.
Todo o dielétrico possui, entretanto, um valor limite de solicitação elétrica, sob
condições específicas (característico de cada material) que, após ultrapassado,
provoca uma modificação do mesmo. Entre os tipos de fenômenos mais conhecidos,
citamos: ruptura dielétrica, deformação permanente e modificação estrutural.
Assim, quanto ao comportamento da isolação, formada por material dielétrico,
podemos classificar os isolamentos em duas categorias: regenerativos e não
regenerativos.
regenerativos: São os isolamentos que, após a ocorrência da descarga, retornam
ao seu papel isolante.
não regenerativos: São os isolamentos que se rompem com as descargas, não
retornando à sua condição isolante.
Aplicações
Os tipos de isolamentos usualmente empregados em sistemas elétricos
(eletrotécnica) são os seguintes:
isolante ⇒ aplicação
ar ⇒ linhas de transmissão e subestações
vácuo ⇒ disjuntores e chaves
gás ⇒ disjuntores e subestações blindadas
óleo ⇒ disjuntores e capacitores
sólido ⇒ máquinas girantes
óleo+sólido⇒ transformadores e reatores

Podem-se citar mais de vinte propriedades que deveriam ter os materiais isolantes,
para que atendessem a todas as exigências impostas pelas máquinas elétricas.
Nenhum dos materiais conhecidos até o momento é capaz de reunir todas as
exigências elétricas e mecânicas necessárias. No entanto, com o estágio atual das
resinas, juntamente com fibra de vidro e a mica, têm-se conseguido materiais
isolantes de alta qualidade que conseguem conciliar, razoavelmente, as
propriedades dielétricas, mecânicas, térmicas e químicas para a maior parte das
aplicações práticas. A seguir, faremos um breve estudo das propriedades dos

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materiais dielétricos e do seu circuito equivalente, apresentando o comportamento


deste quando submetido a solicitações de tensão de ca e cc.

Constante Dielétrica
Qualquer dielétrico, quando empregado em um sistema de isolação, ficará
submetido a uma diferença de potencial entre as suas faces, de forma que o sistema
pode ser considerado como um capacitor, onde:
Q = C.V
Q⇒ carga do capacitor ( acumulada entre as faces )
C⇒ capacitância do capacitor
V⇒ diferença de potencial ( entre as faces )

Da definição da carga Q, resulta a propriedade dielétrica conhecida por constante


dielétrica “k”, dada por:
Q
k=
Qo
Qo⇒ carga de um capacitor idêntico, cujo dielétrico seja o vácuo

Considerando o caso mais simples, para facilitar o entendimento, de um capacitor de


placas paralelas (com tensão constante), temos:

C ξ×Ad ξ
k= = =
Co ξo × A ξo
d
Co⇒ capacitância do capacitor a vácuo
ξ⇒ cte de permissividade do material dielétrico
ξo⇒ cte de permissividade do vácuo
A⇒ área da face da placa
d⇒ distância entre as placas

Obs.: Se considerarmos a constante de permissividade do vácuo como referência,


teremos que a constante dielétrica será numericamente igual à constante de
permissividade relativa do material dielétrico:

k = ξr para ξr = ξ / ξo
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ξr⇒ permissividade relativa do material


Fisicamente, a constante dielétrica representa o nível de moléculas polares na
constituição do dielétrico. Assim, um material isolante que apresente a cte dielétrica
alta, tem um grande número de moléculas polares.
O campo elétrico se distribui no interior dos isolamentos compostos de acordo com a
permissividade dos dielétricos (isolantes) que compõem o mesmo:
E 1 / E 2 = k2 / k1
Onde: E1= campo elétrico no interior do isolante 1
E2= campo elétrico no interior do isolante 2
k1=constante dielétrica do isolante 1
k2= constante dielétrica do isolante 2

No caso geral, para n isolantes associados em série, temos a seguinte fórmula:

V V V
Ei = ; E2 = ; ... ; E3 = ;
d d d  d d d  d d d 
k i. 1 + 2 + ... + n  k 2 . 1 + 2 + ... + n  k 3 . 1 + 2 + ... + n 
 k1 k 2 kn   k1 k 2 kn   k1 k 2 kn 
V
En = ;
 d1 d2 dn 
k n . + + ... + 
 k1 k 2 kn 

Um material dielétrico ideal é o que não contém cargas livres. Contudo, todos os
meios materiais se compõem de moléculas, que, por sua vez, se constituem de
entidades carregadas (núcleos atômicos e elétrons); as moléculas dos dielétricos
são certamente afetadas pela presença de um campo elétrico. Este produz uma
força que, exercida sobre cada partícula carregada, empurra as cargas positivas no
sentido do campo e as partículas negativas no sentido inverso, de forma que as
partes positivas e negativas de cada molécula sejam deslocadas de suas posições
de equilíbrio em sentidos opostos.

+
_ E

O termo "carga ligada", em contraste com a expressão "carga livre" de um condutor,


serve para enfatizar que estas cargas moleculares não estão livres para se
movimentarem demasiadamente ou para serem extraídas do material dielétrico. O
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efeito total, do ponto de vista macroscópico, é mais facilmente visualizado como um


deslocamento no dielétrico de toda a carga positiva em relação à carga negativa.
Diz-se então que o dielétrico está polarizado.

_ + E

Um dielétrico polarizado, mesmo eletricamente neutro, produz em média um campo


elétrico, tanto em pontos exteriores, como no interior do dielétrico. Como resultado,
defrontamo-nos com o que parece ser uma situação complexa: a polarização do
dielétrico depende do campo elétrico total do meio, porém uma parte do campo
elétrico é produzido pelo próprio dielétrico. Além disso, o campo elétrico distante do
dielétrico pode modificar a distribuição de cargas livres nos corpos condutores e isto,
por sua vez alterará o campo elétrico dentro do dielétrico.

EI
- + E
ER

ER = E - EI

A fim de produzir um campo elétrico uniforme Ei, vamos usar um capacitor carregado
com uma carga constante q, onde introduziremos uma placa de material dielétrico.
Há um acúmulo de cargas positivas em uma das faces do dielétrico e de cargas
negativas na outra face. Uma vez que a placa permanece nula, a carga superficial
induzida positiva deve ser em módulo igual à negativa.

O campo resultante no interior do dielétrico, que é a soma vetorial de E e EI (campo


produzido pelas cargas superficiais), aponta então no mesmo sentido de E, mas tem
módulo menor.

A relação V = Ed, para um capacitor de armaduras paralelas, é válida


independentemente da presença do dielétrico, e mostra que a diminuição de V está
diretamente ligada à redução de E pelo fator κ, isso se a bateria que carregou o
capacitor não estiver ligada ao circuito, onde: κ = C / Co.

A constante dielétrica κ é uma propriedade fundamental do material dielétrico. Por


exemplo, se quisermos diminuir o campo elétrico no interior de um condutor
podemos introduzir tanto a mica de constante igual a 5,4 quanto a porcelana de
constante 6,5. Depende de quanto queremos diminuir o campo.

A tabela abaixo apresenta valores de referência de k para diversos dielétricos:

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MATERIAL DIELETRICO CONSTANTE DIELETRICA (k)


HELIO 1,000072
OXIGENIO 1,000027
HIDROGENIO 1,00055
NITROGENIO 1,0006
GAS CARBONICO 1,00096
BENZOL 2,218
OLEO MINERAL 2,2
OLEO SILICONE 2,1-2,8
ASKAREL 5,2
60%ASKAREL + 40%BENZOL 3,2
PARAFINA 1,9 - 2,2
POLISTIROL 2,4-2,6
PAPEL IMPREGNADO 4
PAPEL P/ CAPACITORES 3,7
PAPEL P/ CABOS 3-3,5
PE (Polietileno) 2,2
EPR (Etileno Propileno) 2,6
XLPE (Polietileno Reticulado) 2,3
PVC 3-4
VIDRO 5-8

Polarização dielétrica
Sabe-se que todos os dielétricos de uso industrial apresentam certo volume de
portadores de carga (mensurado pela constante dielétrica). Define-se por
polarização dielétrica um deslocamento reversível dos centros de carga na direção
do campo elétrico externo aplicado.
Os tipos de polarização mais comuns são os seguintes
a- polarização eletrônica⇒ dielétricos sólidos, líquidos e gasosos
b- polarização iônica⇒ dielétricos sólidos
c- polarização dipolar⇒ dielétricos gasosos

Além dos tipos citados, existem ainda a polarização estrutural que é comum aos
sólidos amorfos e a polarização espontânea, cujo mecanismo ainda se encontra em
estudos.
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A seguir são apresentadas figuras ilustrativas dos tipos de polarização dielétrica


mais comumente encontradas nos materiais isolantes.

Eletrônica
Consiste no deslocamento da nuvem eletrônica com relação ao núcleo de um
átomo. Aparece num tempo extremamente curto, da ordem de 10-15 segundos.
Este tipo de polarização ocorre em praticamente todos os materiais isolantes. A
posição das cargas se restabelece após a remoção do campo (comportamento
elástico). Os materiais que possuem predominantemente este tipo de polarização
são os amorfos e cristalinos sólidos como: enxofre, parafina, polistirol, bem como os
líquidos e gases como o benzol e hidrogênio.

Iônica ou Molecular
Resulta de um deslocamento mútuo entre os íons constituintes da molécula. Ocorre
em tempos maiores que 10-13 segundos. A Polarização Iônica é típica dos materiais
sólidos como NaCl, vidros e cerâmicas.

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Dipolar ou Orientacional
Consiste na orientação das moléculas dipolares sob a ação de um campo elétrico.
Depende da temperatura e da freqüência, e aparece em gases, líquidos e corpos
amorfos com certa viscosidade. Exemplos: Água, PVC, Álcool polivinílico.
Em corpos como a celulose, mesmo que a molécula esteja fixa, certos grupos
moleculares podem orientar-se. A polarização dipolar possui grande correlação com
a movimentação de partículas, devido ao efeito da temperatura. Só é possível nos
casos em que já existe a orientação prévia natural dos dipolos. Observando-se que
quando se aumenta a temperatura existem dois efeitos que se manifestam: aumento
da desordenação dos elétrons e dilatação do material. A Polarização Dipolar
provoca uma dissipação de energia.

TIPO DE POLARIZAÇÃO
MATERIAIS DIELETRICOS
PREDOMINANTE
Parafina, enxofre polistirol, benzol, hidrogênio, celulose, resinas
ELETRONICA
sintéticas, vidros, porcelanas, Gases ( Hélio, Oxigênio, etc)
IONICA Quartzo, mica, sal, óxido de alumínio
DIPOLAR Ascarel, óleo, Água, PVC, Álcool polivinílico

A constante dielétrica varia em função da polarização.

No caso dos Gases que apresentam pequena densidade a polarização é pequena


e a constante dielétrica é praticamente igual a 1. O aumento da umidade e da
temperatura implica no aumento da constante dielétrica.

No caso dos Líquidos: o valor numérico da constante dielétrica é geralmente


inferior a 2,5 e sua variação em função da temperatura, nos líquidos polares
apresentam grande irregularidade, conforme gráfico do material Ascarel:

No caso dos Sólidos: como neste grupo temos diversos tipos de materiais com
matérias primas diferentes, o comportamento da constante dielétrica é também
bastante diversificado, pois normalmente neste caso têm-se os vários tipos de
polarização agindo simultaneamente.
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Perante a ação de campos gerados por correntes alternadas, ε se reduz com o


aumento da freqüência.

Constante Dieletrica x Temperatura


ε
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0
-30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60
Temperatura (ºC)

Absorção dielétrica
Os materiais isolantes são constituídos de matérias orgânicas que contem
impurezas, as quais podem ser ionizáveis e os íons decorrentes, conduzir corrente
elétrica (polarização iônica). Existem também moléculas polarizadas, cujos átomos
têm uma afinidade polar. Por influência de um campo elétrico externo, as moléculas
(dipolos) giram orientando-se de acordo com o sentido do campo (polarização
dipolar).
Por outro lado, com a penetração de umidade na superfície do material isolante, as
impurezas ionizáveis, as moléculas polares e as interfaces heterogêneas do isolante
conduzem a uma condição propícia para a passagem da corrente elétrica. Isto é, há
um aumento da condutividade do isolante. Tal fenômeno, na prática, é conhecido
por absorção dielétrica.
Um exemplo prático muito comum da manifestação do fenômeno de absorção
dielétrica consiste na absorção de umidade pela borracha, a qual tende a reduzir
suas características dielétricas, passando a conduzir os portadores de carga com
mais intensidade.

Rigidez dielétrica
Segundo as normas técnicas nacionais (ABNT), a rigidez dielétrica é a propriedade
de um dielétrico de se opor a uma descarga disruptiva, medida pelo gradiente de
potencial, sob o qual se produz essa descarga.

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Na prática, dizemos que é o valor da tensão alternada, na qual ocorre a descarga


(arco elétrico) com ruptura do dielétrico situado entre dois eletrodos e em condições
perfeitamente determinadas.
Exemplo: À pressão atmosférica de 760 mmHg (1atm) e a 20°C, o gradiente crítico
disruptivo do ar atmosférico é da ordem de 30,5 kV/cm (valor de pico).
Ao aumentar progressivamente a diferença de potencial V entre as placas de um
capacitor, aumenta a quantidade de eletricidade Q recebida pelo mesmo, de acordo
com a relação Q=C*V. Atingido certo valor de V, o dielétrico deixa bruscamente de
funcionar como isolante, sendo atravessado por uma corrente elétrica. O valor da
diferença de potencial correspondente, referido à unidade de espessura do dielétrico
(kV/mm) é a resistência dielétrica ou rigidez dielétrica.
Todo material dielétrico tem uma rigidez dielétrica, que é o limiar de valor do campo
elétrico a partir do qual ele perde suas características dielétricas (isolantes),
ocorrendo o fenômeno da ruptura dielétrica de natureza reversível ou não.

O valor da rigidez dielétrica de certa substancia isolante depende de vários fatores,


entre os quais:
• Espessura do dielétrico e forma dos corpos de prova;
• Temperatura;
• Umidade;
• Forma dos eletrodos;
• Duração da aplicação da d.d.p. V;
• Rapidez do crescimento de V
• Frequência (no caso de d.d.p. alternada)

A tabela a seguir apresenta os valores de rigidez dielétrica para diversos materiais


isolantes empregados na eletrotécnica:
MATERIAL DIELETRICO RIGIDEZ DIELETRICA (kV/cm)
AR 30
OLEO MINERAL 80-200
CERAMICA 100 - 300
MICA 100-150
TERFLON 800
OLEO TRANSFORMADOR PURO 250
OLEO TRANSFORMADOR IMPURO 40-50
ASKAREL 140-200
OLEO DE SILICONE 150-200
SF6 (1 atm) 100
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Mecanismos de ruptura elétrica em dielétricos

GASES Ionização por colisão é iniciada por poucos elétrons livres sempre presentes
em um gás, seguida por uma avalanche elétrica; a tensão atravessa o espaço
ionizado alcançando um máximo valor; e então diminui como uma descarga e
finalmente tornando-se um arco de corrente.

LÍQUIDOS Em óleos ultra puros, os portadores iniciais são os poucos íons e elétrons
livres presentes. Em bons óleos, portadores adicionais consistem em impurezas
como partículas de matéria sólida e umidade. Uma ionização em alta tensão por
colisão desenvolve, seguida por avalanches elétricas, arco piloto, faixas de alta
tensão, e então rompe. A tensão de ruptura é conhecida como tensão crítica.

O óleo mineral com impureza apresenta rigidez dielétrica de 30 kV/cm, enquanto


que sem impureza a rigidez pode chegar a 200 kV/cm.

SÓLIDOS Os mecanismos de ruptura são os seguintes:

Descargas Parciais: Ionização superficial e interna do isolante que é destruído


internamente, normalmente devagar, por descargas ionizadas na superfície e dentro
das lacunas internas.

Ruptura Elétrica Intrínseca: As altas solicitações no interior do sistema isolante


separam elétrons externos dos átomos e esses se tornam cargas - portadoras. A
corrente crítica acontece repentinamente resultando uma alta descarga de arco -
corrente e ruptura.

Ruptura Térmica Ocorre quando um pequeno elemento não homogêneo do sistema


isolante tiver uma resistividade menor que o restante do sistema. O aumento
localizado da corrente é acentuado pela alta temperatura e do coeficiente da
resistência, e baixa condutividade térmica. A energia de aquecimento desenvolve-se
rapidamente causando a degradação térmica.

O quadro seguinte apresenta a ordem de grandeza para a constante dielétrica e a


rigidez dielétrica de alguns isolantes:

Constante dielétrica Rigidez dielétrica


Material
(k) (kV/cm)
Ar 1,0 30
Óleo mineral 2,1 80 a 200
Água 80,0 -
Quartzo fundido 3,9 600
Mica 5,4 600
vidro 4 a 10 75 a 300
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A seguir, são discutidos alguns dos fatores que exercem influência sobre a
capacidade do dielétrico de suportar os esforços elétricos, ou seja, sobre a sua
rigidez dielétrica:

a) Característica da tensão aplicada


Ensaios em amostras de diversos materiais têm mostrado que a curva de
envelhecimento acelerado por tensão Vcc em função do tempo é relativamente
horizontal, se comparada com a de Vca. Isto significa que um ensaio com tensão
Vcc é menos prejudicial que outro realizado com o mesmo nível de tensão em Vca.
Algumas normas americanas (ANSI, IEEE) e alguns fabricantes têm estipulado um
fator de equivalência entre as tensões Vca e Vcc para isolantes sólidos de 1,7 ( Vcc
= 1,7Vca). Para os gases e os líquidos a relação coincide com o valor de pico (Vcc =
1,42Vca).

b) Tempo de duração do ensaio


Os ensaios de tensão aplicada submetem os dielétricos a esforços consideráveis de
fadiga, de forma que, se forem muito prolongados, o dielétrico poderá ser perfurado.
Quanto maior for a tensão aplicada menor será o tempo que o material a suporta até
perfurar. Os isolantes de papel Kraft, algodão e prespan, imersos em óleo, têm uma
rigidez dielétrica em 1 segundo da ordem de 50% superior, e em 1h de 25% inferior
a que teriam em 1 minuto.

c) Espessura do material
A rigidez dielétrica não é proporcional à espessura do material; à medida que a
espessura aumenta, a rigidez dielétrica média se reduz. Isto é um inconveniente
principalmente para as altas tensões onde são requeridas grandes espessuras de
material.

d) Influência da temperatura
A rigidez dielétrica para a maior parte dos dielétricos diminui à medida que a
temperatura aumenta. Em termos práticos pode ser estimada uma perda de 15 a
20% para variações de temperatura de 20 a 100°C.

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Exercícios sugeridos

1°) Explique o que ocorre com um capacitor de placas paralelas a ar submetido a


uma tensão externa de valor conhecido ao se introduzir outro material dielétrico
entre as placas, nas seguintes condições:
a- Mantendo-se a fonte de tensão nos terminais.
b- Retirando-se a fonte de tensão e conectando um voltímetro.
Sugestão: Considere o novo material com constante dielétrica maior que a do ar.

2°) O que podemos afirmar sobre o valor resultante do campo elétrico no interior de
um material dielétrico, em relação à sua intensidade se o meio fosse o vácuo.
Sugestão: Considere a existência de dipolos no interior do material.

3°) Um isolamento é composto de dois isolantes dispostos conforme a figura abaixo.


Considerando que o isolante A apresenta uma cte dielétrica 3 e rigidez dielétrica de
20kV/mm e o isolante B tem cte dielétrica 5 e rigidez dielétrica de 15kV/mm.
Determine o maior valor de tensão suportável pelo isolamento.

v
A B dA = 2mm Vmáx = ?
dB = 4mm

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Circuito Equivalente do Dielétrico


É comum encontrarmos, em textos da área, a representação do dielétrico através de
um modelo de circuito equivalente, onde são associados, em série ou em paralelo,
um capacitor (responsável pela energia acumulada no interior do material) e um
resistor (representativo das perdas dielétricas que ocorrem durante os processos de
polarização).
Assim, temos:

Circuito equivalente série Circuito equivalente paralelo


Cs= capacitância série equivalente Cp= capacitância shunt equivalente
Rs= resistência série equivalente Rp= resistência shunt equivalente
G = condutância shunt equivalente
Onde:
Rs e Rp representam as perdas dielétricas, ou seja a parcela de energia dissipada
no dielétrico sob forma de calor
Cs e Cp representam o carregamento do dielétrico, ou seja a parcela de energia
acumulada no campo elétrico que é devolvida ao sistema quando a fonte é retirada.
Comportamento do dielétrico em CC
Ao se aplicar uma tensão contínua sobre o isolante, temos, como resposta, o
surgimento de três espécies de corrente:
a- corrente de carga (Ic): É a componente responsável pelo carregamento da
capacitância natural (depende da forma e das dimensões do espécime) do material.
Em geral, essa corrente decresce rapidamente com o tempo.
b- corrente de absorção (Ia): É a componente atribuída ao fenômeno de
polarização das interfaces heterogêneas do material (está associada à presença de
umidade na superfície do espécime). No início da aplicação da tensão, seu valor é
elevado e decresce lentamente com o decorrer do tempo.
c- corrente de dispersão (Id): É a componente que representa a fuga pelo interior e
superfície do material, sendo responsável pelas perdas dielétricas (por efeito joule).
Em geral, permanece constante ao longo do tempo, mas, se houver um acréscimo
de valor, é sinal de que o isolante está comprometido.
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Representação Gráfica das componentes


corrente

Id

Ia

Ic

tempo

Representação das componentes no Circuito Equivalente paralelo

Id
I

(Ia+Ic)

I = Ic + Ia + Id
I ⇒ corrente resultante
Ic+Ia ⇒ componentes pelo ramo capacitivo
Id ⇒ componente pelo ramo resistivo

No circuito equivalente acima foi omitido o parâmetro que representa as perdas por
absorção dielétrica do isolante. Não obstante, deve-se observar que as
componentes de corrente foram representadas nos ramos correspondentes e as
perdas por absorção podem ser incluídas, acrescentando um elemento resistivo ao
ramo do capacitor, conforme é mostrado na figura a seguir:

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Circuito Equivalente

Onde:
R1 representa as perdas devidas à
componente de dispersão
R2 representa as perdas devidas à
componente de absorção

Comportamento do dielétrico em CA
A seguir, analisaremos o comportamento do dielétrico submetido a uma tensão
alternada de valor eficaz V, mediante o estudo do circuito equivalente shunt e, do
diagrama fasorial correspondente às grandezas elétricas associadas.

Ic I

‘1’ Ir V
Circuito equivalente Representação fasorial

Para a análise em pauta, considere as seguintes relações entre as grandezas


fasoriais envolvidas:
I = Ic + Ir ⇒ I = Ic + Ir e δ = 90°- θ
I ⇒ corrente resultante do circuito
Ic⇒ corrente pelo ramo capacitivo
Ir⇒ corrente pelo ramo resistivo
θ⇒ ângulo de fase (entre a tensão aplicada e a corrente resultante)
δ⇒ ângulo de perdas (complemento do ângulo de fase)

Note que, pelas características de um dielétrico, como mostrado no diagrama


fasorial, podem ser feitas as seguintes observações:
I - Ic >> Ir ⇒ I ≅ Ic
II - θ >> δ ⇒ θ ≅ 90°
E, considerando as relações entre as grandezas envolvidas, temos:
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Ic = V / Xp = V.ωCp (ωCp = 1/Xp e ω = 2Πf)


Ir = V / Rp = V.G (G = 1/Rp)
Xp⇒ reatância capacitiva equivalente
f ⇒ freqüência da tensão aplicada
G⇒ condutância shunt equivalente

Fator de Dissipação (D)


Ir V×G G 1 Xp
D = tang δ ⇒ D= = = = =
Ic V × ωCp ωCp ωCp × Rp Rp
D = Xp / Rp

Fator de Potência (FP)


Ir V ×G G G 1 Xp
FP = cos θ ⇒ FP = = = ≅ = = =D
I V × G + (ωCp) G + (ωCp) ωCp ωCp × Rp Rp

( G<<ωCp ) Logo: D ≅ FP

As perdas dielétricas em CA são devidas, em sua maioria, ao fenômeno da


absorção dielétrica e variam, em função de diversas grandezas como: tensão
aplicada, freqüência, etc, dependendo das condições estruturais do dielétrico.
Os fatores de perdas (D) e de potência (FP) medem o grau de deterioração do
dielétrico, a partir do conhecimento do percentual relativo de perdas, obtido através
de instrumentos de testes/ensaios apropriados.

FATOR DE PERDAS DIELÉTRICAS (Tgδ)


As perdas dielétricas no isolante ocorrem devido ao trabalho realizado por um
campo elétrico externo de certa orientação, sobre a estrutura do material, com
orientação diferente. Esse consumo de energia se apresenta sob forma de calor,
que aparece em CC ou CA.
As perdas são medidas através da Tgδ, o cálculo de δ é efetuado considerando
que se temos um dielétrico ideal entre dois pólos submetidos a um campo elétrico o
ângulo entre a tensão e a corrente deve ser de 90o, sem perdas. Na realidade estas
perdas existem e são caracterizadas pelo ângulo δ = 90-φ, onde φ é o ângulo
tensão/corrente.
As perdas dielétricas se ultrapassarem de valores admissíveis alem do
superaquecimento podem destruir um determinado material, uma vez que a
elevação de temperatura afeta as propriedades isolantes e cada material tem o seu
limite.
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As perdas elétricas são influenciadas por diversos fatores:


• Tensão aplicada
• Freqüência
• Condições estruturais do material

Fator de perdas X Temperatura

0,3

0,25
fator de perdas

0,2

0,15 F100khz

0,1 F1khz

0,05

-0,05

-250 -200 -150 -100 -50 0 50 100 150

temperatura

Comportamento das perdas dielétricas com a variação de temperatura

A tabela abaixo apresenta valores de referência para perdas dielétricas de alguns


isolantes:
6 0
MATERIAL FATOR DE PERDA DIELÉTRICA (f =10 , t =20 C)
Plástico úmido 0,660
Papel úmido para cabos 0,350
Óleo mineral 0,0002
Enxofre, parafina, sal. 0,0001
Papel seco, Vidro alcalino 0,01
Ceras 0,004 – 0,015

As perdas que ocorrem no dielétrico devido à tensão aplicada podem ser calculadas
por:
P = 2πfCV0 tgδ ∝ ktgδ
2

Onde:
P= perdas (W)
f = freqüência (Hz)
V0 = tensão fase-terra (V)
tgδ = fator de perdas
k = constante dielétrica
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As perdas dielétricas em CA são devidas, em sua maioria, ao fenômeno da


absorção dielétrica e variam, em função de diversas grandezas como: tensão
aplicada, freqüência, etc, dependendo das condições estruturais do dielétrico.
Os fatores de perdas (D) e de potência (FP) medem o grau de deterioração do
dielétrico, a partir do conhecimento do percentual relativo de perdas, obtido através
de instrumentos de testes apropriados.
Assim, ocorrem perdas de energia num isolante, chamadas de perdas dielétricas,
devido ao trabalho realizado por um campo elétrico externo sobre a estrutura do
material. Esse consumo de energia se apresenta sob forma de calor, e aparece
tanto em corrente contínua, quanto em corrente alternada, pois, em ambos os casos,
vai circular uma corrente pelo isolante.
Perdas dielétricas acima das admissíveis levam a um aquecimento do isolante,
podendo atingir a sua destruição, uma vez que todas as propriedades isolantes são
praticamente afetadas pela elevação de temperatura, e cada isolante tem, assim,
uma temperatura limite, acima da qual o material não deve mais ser utilizado até
seus valores plenos. Essas temperaturas são a base da “classificação térmica dos
materiais isolantes” contida na norma PB-130 da ABNT.
Além das perdas devidas à circulação de corrente e de consumo de energia no
trabalho de polarização do dielétrico, outros agentes redutores das características
isolantes, como a umidade, presença de carbono e de óxidos (particularmente do
óxido de ferro) e outros, elevam as perdas dielétricas.

Conclusão

Quando do uso em CC, onde não se apresenta uma polarização periódica, a


qualidade de um isolante é caracterizada pelo valor da resistência superficial e
resistividade transversal.
No caso do uso em CA, a caracterização deve levar em conta outros fatores
representativos das perdas dielétricas.
De qualquer modo, independente da forma da tensão aplicada ao isolante, agentes
externos podem afetar as características dielétricas do material. Entre outros,
podemos destacar:

a temperatura,
umidade superficial e
o estado de sujidade do espécime.

Não obstante, deve-se ter em mente que os valores obtidos dos ensaios e testes de
resistência do isolamento e fator de potência ou de perdas do isolamento devem
compor um histórico que permita um diagnóstico do estado do isolamento ou da
condição de isolação, com base em uma análise de tendência do comportamento
desses parâmetros de interesse ao longo do tempo.

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Exercícios sugeridos

1°) Como se explica a tensão que aparece nos terminais de um capacitor , logo após
a remoção do curto-circuito para descarregá-lo.

2°) Quando aplicamos uma tensão contínua a um espécime dielétrico, com umidade
superficial em nível elevado, que tipo de componente de corrente é mais afetado?

3°) Com relação ao ensaio de resistência do isolamento, responda as seguintes


questões:
a- Por que o ensaio deve ser realizado com uma tensão aplicada de corrente
contínua?
b- Obtenha as expressões para as componentes de corrente obtidas no ensaio.
c- Mostre que, após decorrido o tempo suficiente de ensaio, a resistência de
isolamento tende para o valor da resistência do circuito equivalente shunt.
d- Qual o significado dos índices de absorção e polarização?

4°) Represente o circuito equivalente série de um dielétrico e o correspondente


diagrama fasorial representativo das grandezas envolvidas quando da aplicação de
uma tensão alternada..

5°) No exercício anterior, obtenha as expressões para os fatores de perdas e de


potência em função dos parâmetros do circuito equivalente

6º) Obtenha a expressão para as perdas dielétricas de um imaterial isolante em


função da freqüência da fonte de tensão c.a..

7º) O que representa um isolamento com baixo fator de potência e qual o valor
ideal?

8º) Através do modelo de circuito equivalente shunt, mostre que uma redução da
resistência de isolamento acarreta num aumento do fator de potência do isolamento.

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PRINCIPAIS MATERIAIS ISOLANTES

GASES
ar, hidrogênio, SF6, etc
LÍQUIDOS
óleos minerais, askarel, óleos vegetais, álcoois, nafta, benzeno, etc
SÓLIDOS
Pastosos: resinas, ceras, vernizes, laca, plásticos
Duros: porcelana, vidro, borracha, papel, madeira, etc.

Aspectos tecnológicos dos Dielétricos


Os materiais isolantes mais encontrados obedecem evidentemente ao avanço
tecnológico da época em que são relacionados. É sem dúvida, a área dos materiais
isolantes a que mais desenvolvimento apresentou, destacando-se por um grande
número de produtos e de permanentes novidades de aplicação.
Conforme a aplicação, alguns isolantes apresentam, em certos casos, nítida
superioridade sobre outros, sendo inteiramente inadequados em casos diferentes.
Portanto, nenhum material é superior a todos em todos os sentidos; mesmo no
aparecimento de novos produtos, estes geralmente também apresentam certos
pontos negativos em relação aos que estão substituindo.

O exemplo da porcelana é bastante didático, pois sendo um material excelente para


o isolamento de linhas aéreas, pelas suas propriedades dielétricas, químicas e
mecânicas, é inteiramente inadequado aos cabos isolados, pela falta de flexibilidade;
A borracha, por sua vez apresenta excelentes qualidade químicas, mecânicas e
elétricas; de modo que é geralmente utilizada nos fios e cabos, porém não é
completamente impermeável (a prova de água); não resiste a temperatura elevada e
não é inerte, sendo atacada pelos óleos e pelo ozona.

ISOLANTES LÍQUIDOS

Os isolantes líquidos atuam geralmente em duas áreas, ou seja, a refrigeração e a


isolação. Seu efeito refrigerante é o de retirar o calor gerado internamente ao
elemento condutor, transferindo-o aos radiadores de calor, mantendo, assim, dentro
de níveis admissíveis, o aquecimento no equipamento.

A CONSTANTE DIELÉTRICA DOS LÍQUIDOS

Isolantes líquidos podem ser constituídos de moléculas polares ou não-polares.


Como nos isolantes não-polares apenas é admissível a existência de uma
polarização eletrônica. Nos líquidos polares, a polarização é determinada por um
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deslocamento nas camadas eletrônicas das partículas elementares (polarização


eletrônica) e orientação dos dipolos na direção do campo aplicado (polarização
dipolar).

ASKAREL
(C6H2Cl3-C6H2Cl3) que se destaca, sobretudo pelo fato de não ser inflamável,
apresentando, porém uma série de outros problemas e cuidados, que fazem com
que hoje já se esteja a substituí-lo, provavelmente por um óleo à base de silicone. O
uso do askarel já é proibido, por ser tóxico e não-biodegradável.

Os askaréis, apesar de não serem inflamáveis, não eram muito usados em países
de inverno mais intenso, pois, nas temperaturas que aí ocorrem, o askarel
geralmente se encontra no estado sólido, perdendo sua função de elemento
transmissor de calor. O askarel também não pode ser usado em aplicações onde se
apresentam arcos voltaicos expostos, pois nessas condições de temperatura, haverá
rompimento da cadeia de HCl e desprendimento do cloro. Seu emprego era mais
recomendado em cabos e capacitores com isolamento em papel, pois o askarel
confere ao papel uma característica mais homogênea e, conseqüentemente, uma
distribuição de campo elétrico mais uniforme, se comparado ao impregnante óleo
mineral. Com isto, a capacitância dos capacitores pode ser elevada em até 40%.

Os askaréis se caracterizam ainda pela ausência de envelhecimento e da formação


de subprodutos durante seu uso. Com isso, varia pouco o valor da rigidez dielétrica
de askaréis novos e em uso, não havendo a necessidade de sistemas de
purificação. Os askaréis se distinguem também pelo seu manuseio. Devido à
presença de cloro, eles são quimicamente ativos, atacando o sistema respiratório e
visual dos que o manuseiam, ataque que se estende a alguns produtos dos
componentes.

Alguns nomes comerciais do askarel são Clophen, Inerteen, aroclor. O preço do


askarel é geralmente dez vezes superior ao do óleo mineral.de

O ÓLEO MINERAL
Obtém-se a partir do petróleo e, eventualmente, de outros produtos sedimentares,
sendo constituído basicamente de misturas de hidrocarbonatos, gorduras e outras
deposições. Seu cheiro é desagradável, de coloração preto-azulada ou marrom, com
uma composição dependente do local em que é encontrado. Fundamentalmente, se
compõe de:
metana, ou óleos parafinados do qual se extrai 3 a 8% de parafina sólida;
nafta;
mistura dos dois anteriores.

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O petróleo é decomposto (cracking), por destilação, em diversos subprodutos, de


acordo com o grau de aquecimento. De 40 a 150ºC, resulta a benzina; de 15 a
300ºC, os óleos leves e combustíveis; de 300 a 350ºC, o óleo diesel, e, acima de
350ºC, os óleos para aquecimento, a matéria-prima para óleos lubrificantes, óleos
isolantes, permanecendo como resíduo o asfalto. Uma vez obtido o subproduto, é
feita a refinação ou purificação, o que vale em particular para os óleos lubrificantes e
óleos isolantes, em que devem ser eliminados hidrocarbonatos não-saturados, que
são focos de formação de subprodutos contaminadores, além de ácidos e impurezas
contendo enxofre e outros. Na purificação são usados o dióxido de enxofre, o
benzol, o ferro e o nitrobenzol. Nessa purificação, deve-se atentar particularmente
para a eliminação dos resíduos e ligações de enxofre, pois este ataca metais e
materiais isolantes. Óleos parafinados são purificados para eliminar a parafina,
porque esta se torna cristalina a baixas temperaturas. O produto daí resultante é
classificado segundo sua viscosidade (resistência existente entre duas camadas
adjacentes de um líquido), ponto de chama (Temperatura à qual os vapores do
líquido formam uma chama, se desses vapores aproximarmos uma chama de
ignição), características elétricas, etc., dando origem aos óleos leves e pesados para
máquinas, óleos lubrificantes, óleos isolantes, etc. A viscosidade depende
acentuadamente da temperatura.

Outras características:
Ponto de queima: 30 a 50ºC superior ao ponto de chama; valor no qual a chama
não se extingue mais;
Ponto de ignição: valor no qual os vapores se incandescem por si mesmos;
Ponto de solidificação: temperatura na qual o óleo deixa de escorrer sob a ação
de seu próprio peso, tornado-se denso. Ocorre em baixas temperaturas;
Coeficiente de acidez e neutralização: indica a quantidade de KOH por mg
(miligrama) que é necessária para neutralizar a acidez de 1g de óleo;
Coeficiente de oxidação: valor indicativo de envelhecimento. Seu valor não deve
ultrapassar 0,1%.

ÓLEOS MINERAIS ISOLANTES


São processados através de uma rigorosa purificação. Seu uso está concentrado
nos transformadores, cabos, capacitores e chaves a óleo, sendo, porém, em muitas
aplicações gradativamente substituídos, face ao desenvolvimento de novos produtos
com melhores características. Estes óleos devem ser altamente estáveis, ter baixa
viscosidade, pois, além de sua função dielétrica de impregnação, devem também
transmitir o calor. Este é um dos problemas típicos do transformador, onde o óleo
transfere para as paredes do tanque, o calor gerado nos enrolamentos. No caso de
dispositivos de comando, o óleo deve fluir rapidamente entre os contatos, para
extinguir rapidamente o arco voltaico. Em cabos e capacitores, o óleo também deve
fluir com facilidade, para impregnar totalmente o papel isolante empregado,
deslocando e eliminando assim a presença de bolsas de ar em produtos fibrosos,
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como é o caso dos papéis. O ponto de chama varia de 130 a 145ºC. No caso de
óleos para cabos, distinguem-se os papéis impregnados com óleo (óleos grossos) e
os cabos em óleo fluído (O.F. - óleos finos).
Ao lado do fator de perdas, também a rigidez dielétrica ou a tensão de ruptura obtida
em um equipamento de ensaio padronizado, são fatores importantes. Esse valor é
de aproximadamente 200kV/cm para óleos secos e novos, na faixa de temperatura
de -40oC a +50oC, destinados a transformadores, e de 120kV/cm para óleo de
disjuntores.
No uso de equipamentos possuidores de óleo mineral, uma das providências de
rotina é uma sistemática verificação da tensão de ruptura ou da rigidez dielétrica,
face à constatação de um envelhecimento relativamente rápido. Os próprios
sistemas de manutenção prevêem a retirada periódica de amostras de óleo, e a
verificação de suas características isolantes. Dependendo do valor obtido, é
necessário aplicar processos de purificação ou filtragem ou, em caso extremo, fazer
a substituição do óleo.

A oxidação do óleo é um dos fatores que sempre estão presentes, e que se fazem
sentir devido à presença do oxigênio do ar e da elevação de temperatura. Um óleo
novo não deve apresentar um coeficiente de acidez superior a 0,05mg de KOH por
grama, enquanto usados poderão apresentar até 1mg por grama. O início de
envelhecimento do óleo é sempre caracterizado pelo aumento do coeficiente de
acidez.

A eliminação de impurezas é realizada, de modo mais simples, pelo filtro-prensa,


formado de uma seqüência de papéis de filtro através dos quais o óleo impuro é
passado, ficando nele retidas as partes sólidas. Para a mesma finalidade, pode-se
usar também um sistema centrífugo, que separa partes líquidas das partes sólidas,
pela diferença dos pesos específicos entre estas.

Outro problema apresentado pelos óleos minerais é a sua inflamabilidade, motivado


não pelo contato direto com uma chama, assim devido à combustão espontânea
quando sobreaquecido, colocando em risco o pessoal e os equipamentos próximos.
Por essa razão, equipamentos que usam óleos minerais são dotados de
controladores de temperatura, que, numa primeira etapa, acionam um alarme e, se
nenhuma providência for tomada, o equipamento é desligado por meio de disjuntor.

ÓLEOS DE SILICONE
Os óleos de silicone (cadeias Si-O-Si associado a grupos metílicos e fenólicos) são
líquidos incolores e transparentes com uma gama bastante ampla de viscosidades e
pontos de ebulição, caracterizando-se por um ponto de chama bastante elevado
(300oC acima) e baixo ponto de solidificação (-100oC); como conseqüência, sua
faixa de emprego se situa entre 200oC e -60oC, faixa essa que ainda pode ser

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ampliada, sob certas condições. São recomendados como lubrificantes em


máquinas que trabalham a temperaturas muito altas ou baixas.

Os silicones são polímeros, quimicamente inertes, permanecem neutros perante a


grande maioria dos elementos, o que lhes confere uma elevada estabilidade química
e conseqüente ausência de envelhecimento, resistentes à decomposição pelo calor,
água ou agentes oxidantes, além de serem bons isolantes elétricos. Resistentes ao
calor e à intempérie, os silicones são apresentados nas formas fluida, resina ou de
elastômeros (borrachas sintéticas), sempre com inúmeras aplicações. Servem, por
exemplo, como agentes de polimento, vedação e proteção.
Suportando temperaturas que podem variar de –65ºC a 400ºC, o silicone é usado
em inúmeros segmentos industriais sem perder suas características de
permeabilidade, elasticidade e brilho. Quando incinerado, não provoca reações
químicas que possam gerar gases e poluir a atmosfera.

Uma das características do silicone é sua longevidade e compatibilidade com os


meios de aplicação. Por ser inerte, não traz malefícios para o meio ambiente, não
contamina o solo, nem a água nem o ar. Não existe na literatura especializada
nenhum registro de que o silicone tenha causado algum tipo de problema para o
meio ambiente. Além dessas propriedades, também não há registro de que tenha
provocado algum tipo de reação alérgica no ser humano. Com essas características,
o silicone pode ser manipulado com segurança, sem o risco de provocar poluição ou
danos à saúde humana. Muitos tipos de silicone são recicláveis e outros são de
simples disposição, sem agressão ao meio ambiente.

Descoberto por volta de 1900 pelo cientista alemão Wöhler, o silicone é produzido a
partir do silício metálico e começou a ser explorado industrialmente a partir da 2ª
Guerra Mundial, quando foram construídas as primeiras fábricas, tanto na Alemanha
como nos Estados Unidos. No Brasil, o silicone começou a ser usado a partir da
década de 50 e a primeira fábrica, que foi de mistura, foi construída em Duque de
Caxias – RJ, na década de 60.

Silicone no setor eletro-eletrônico


A indústria eletroeletrônica consome 10% de todo o silicone produzido no Brasil.
Com o desenvolvimento da tecnologia, peças e componentes eletrônicos tornaram-
se cada vez menores e mais delicados. O silicone veio para ser um grande aliado da
indústria quando o assunto é a proteção destes componentes. Através de
encapsulamento transparente e preenchimento, utilizando resinas, géis e
elastômeros do produto, pode-se evitar o desgaste e o atrito das peças, circuitos e
conexões, aumentando a vida útil do equipamento.

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Os silicones desempenham um papel importante na proteção e no isolamento de


equipamentos eletrotécnicos. Os óleos são usados como fluidos dielétricos para
dissipar o calor produzido dentro de transformadores e para isolá-los.

Pastas de Silicone protegem os isoladores das linhas de transmissão de alta tensão


contra incrustações. Os elastômeros de silicone curados a quente revestem os
cabos de força e os chicotes do sistema de ignição. São também usados para
produzir conectores de alto desempenho e autolubrificantes para terminais de cabos
de transmissão eletrônica na indústria automobilística. Os elastômeros de silicone
vulcanizados a temperatura ambiente são usados para preencher peças as mais
diversas. Malhas de vidro e placas impregnadas com resinas de silicone são bons
materiais isolantes.

Para proteger componentes cada vez menores e mais delicados, circuitos impressos
e conexões, recorre-se ao encapsulamento transparente e preenchimento utilizando
elastômeros, géis ou elastômeros monocomponentes. Podemos ainda usar resinas
como verniz protetor.

Os conectores de cabos de alta tensão precisam ter uma voltagem de ruptura


elevada para evitar curtos-circuitos. Os elastômeros curados a quente e os curados
a temperatura ambiente, com alta capacidade dielétrica, são materiais ideais para
produzir estas conexões. Quanto aos isoladores de linhas de alta tensão, devem ter
alta resistividade superficial em qualquer circunstância, para evitar correntes de fuga
superficiais.

Resinas
São substâncias orgânicas sólidas ou semi-sólidas, amorfas, de origem animal,
vegetal, mineral ou sintética. São solúveis no éter e no álcool, mas não na água. Na
indústria elétrica, o maior emprego das resinas é na impregnação de materiais
fibrosos, ou na preparação de materiais moldados.

Solventes
São empregados na preparação de vernizes, dentre os mais utilizados estão o
benzeno, tolueno, terebentina, benzina, álcool, acetona, clorofórmio, tetracloreto de
carbono etc.

Vernizes
São obtidos pela dissolução de resinas ou gomas, principalmente em álcool ou óleo.
Os vernizes mantêm na forma final as propriedades das resinas, classificando-se em
três grupos:
a) Vernizes de impregnação;
b) Vernizes de colagem;

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c) Vernizes de recobrimento.

Compostos impregnantes
Na impregnação de materiais fibrosos, além das resinas e vernizes, são
empregados certos compostos ou massas isolantes, resistentes a água, as quais
são também utilizadas na vedação de algumas peças (muflas de cabos isolados
com papel impregnado de óleo). são na maioria betuminosas, havendo todavia
algumas à base de parafina, cera de abelhas e outras substâncias. Massas
compostas (compound), devido a sua consistência, são praticamente inadequadas
quando precisamos de filmes ou películas isolantes.

ISOLANTES SÓLIDOS

Os isolantes líquidos são aplicados em praticamente todos os equipamentos e


dispositivos elétricos, devido a esta generalização de seu uso é que são
desenvolvidas pesquisas permanentes para obtenção de novos isolamentos que
proporcionem um melhor desempenho em relação às características físicas,
químicas e dielétricas desejadas para o uso na indústria e nos sistemas elétricos em
geral.

A CONSTANTE DIELÉTRICA DOS SÓLIDOS


A diversidade estrutural e as variações de matérias-primas conferem aos dielétricos
sólidos valores bastante diferenciados de constante dielétrica. Assim, os sólidos
podem apresentar polarizações eletrônicas, iônicas, estruturais ou espontâneas
bem definidas. A menor cte dielétrica é encontrada nos sólidos constituídos de
moléculas não-polares, e que assim apresentam uma polarização eletrônica pura. A
temperatura influencia no valor de k, devido à variação do número de moléculas por
unidade de volume.

NOMEX®
Compostos por 100% de poliamida, os isolantes elétricos Nomex®, da DuPont, são
ideais para motores elétricos, geradores, transformadores a óleo mineral e
transformadores secos. Além de otimizar a atividade das máquinas e aumentar sua
vida útil, são resistentes às altas temperaturas e possuem elevada resistência
mecânica e elétrica.

Os isolantes Nomex® absorvem pouca umidade e são classificados segundo normas


elétricas internacionais como materiais isolantes classe 220o. Além disso, seu uso é
recomendado tanto para novos equipamentos quanto nos processos de reparo ou
repotencialização.

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Mica
Apesar do aparecimento de um sem-número de novos materiais, a mica continua
sendo um dos melhores isolantes conhecidos porque: não funde, é quimicamente
inerte, é incompressível, pode ser delaminada em espessuras finíssimas, tem perdas
dielétricas baixas e constante dielétrica e rigidez excelentes.
Em eletrotécnica tem importância especial a moscovita e a flogopita. A moscovita é
um silicato duplo de potássio e alumínio; é transparente como o vidro e incolor e
pode ser encontrada algumas vezes nas cores: roxa, esverdeada ou com manchas
negras. A flogopita é um silicato de ferro, magnésio alumínio e potássio, de
coloração similar ao âmbar.

Vidro
Os vidros são obtidos da fundição entre 1.300°C e 1 .400°C numa mistura de ácido
de silício com óxido de cálcio, sódio, bário, alumínio e boro, assim como, potássio,
soda e sal de Glaubero. Segundo a sua composição, os vidros têm propriedades
mecânicas, elétricas, ópticas e químicas diferentes.

Papéis isolantes fibrosos


As matérias primas do papel de classe B para isolamento de transformadores são
procedentes de fibras vegetais, obtidas do algodão, cânhamo, linho e especialmente
da madeira de pinho.
Modernamente se fabricam papéis sintéticos com classes de temperatura que
podem chegar a 250°C.

a) Cartão prensado: Fabrica-se com a mesma matéria prima do papel, apenas


com espessuras ou pressões maiores. Conhecido comercialmente como
“pressboard” ou “pressphan” , utiliza-se principalmente na indústria de
transformadores, para a execução de cilindros de isolamento, flanges,
colarinhos, barreiras, separadores etc.

Papel neutro kraft: É usado quase exclusivamente na indústria de transformadores


imersos em óleos, como isolantes dos condutores. Freqüentemente é usado em

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combinação com filmes de poliéster, na fabricação de papéis isolantes na classe de


temperatura B, e utilizados na isolação de ranhuras nas máquinas rotativas

Borracha
Na indústria elétrica, a maior aplicação da borracha natural consiste no isolamento
de fios e cabos. Há três tipos principais, conforme a resistência à temperatura:
borracha de 50ºC (a mais comum) de 60ºC e de 75ºC.
O isolamento comum de borracha natural não é a prova d’água, resiste bem a
diversos ácidos e bases, sendo, porém facilmente deteriorável pelos óleos, exceto
algumas borrachas especiais (artificiais), como o neoprene, que é quimicamente
inerte e resistente à umidade.

MATERIAIS POLIMÉRICOS
Existem também materiais poliméricos com propriedades físicas e químicas que os
transformam em eficientes isolantes elétricos. Por razões econômicas, as redes de
distribuição de energia elétrica no Brasil são predominantemente aéreas. Poucas
possuem cabos protegidos e, portanto, são menos eficientes que as subterrâneas.
Em áreas urbanas arborizadas, as redes aéreas apresentam maior risco de
acidentes provocados por raios, o que significa não apenas falta de segurança como
também possibilidade de prejuízos por perda de energia e, ainda, insatisfação da
população que tem o fornecimento interrompido.

Um estudo realizado por pesquisadores da Escola Politécnica da USP, do Lactec e


do IFSC constatou que a ocorrência de perdas energéticas em redes aéreas de
distribuição de eletricidade é causada devido ao mau uso e à degradação dos
isolantes poliméricos utilizados em cabos e acessórios. É preciso adequar cada tipo
de material isolante às condições climáticas e ambientais do local onde vão ser
instalados os cabos, levando em consideração variáveis como insolação, umidade,
salinidade, água, poluentes, entre outros. Fazendo o levantamento prévio das
condições locais é possível estabelecer qual o melhor material a ser empregado.

Compreendendo o comportamento dos polímeros sujeitos a intensos campos


elétricos, será possível estabelecer uma projeção do tempo de vida dos cabos e
isoladores, colaborando com o planejamento do setor energético. O resultado desse
empreendimento científico será refletido na distribuição mais eficiente, na redução
de perdas energéticas e de acidentes.

ISOLANTES GASOSOS

O isolante gasoso de maior uso é, sem dúvida, o ar atmosférico, com diversas


aplicações graças à sua abundância e baixo custo. Além do ar algumas aplicações
são encontradas para gases especiais, notadamente, o SF6, hexafluoreto de
enxofre.
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A CONSTANTE DIELÉTRICA DOS GASES


Como foi visto anteriormente, a cte dielétrica varia em função da polarização. Como
os gases têm um afastamento intermolecular bastante grande, e assim apresentam
pequena densidade, a sua polarização é pequena e a constante dielétrica é,
praticamente, igual à unidade. Os gases apresentam pura polarização eletrônica ou
uma combinação de polarização eletrônica e dipolar.

O AR
O ar, como isolante, é amplamente usado entre todos os condutores sem isolamento
sólido ou líquido, como, por exemplo, nas redes de distribuição de energia elétrica
ou em linhas de transmissão, onde os condutores são fixados através de cruzetas
ou braços em postes ou torres equipados com isoladores (de porcelana, vidro ou
resina com borracha). Entre os condutores nus, o isolamento é constituído somente
por ar, de tal modo que o afastamento entre os fios ou cabos é, entre outros fatores,
conseqüência da rigidez dielétrica do ar. Esse valor varia acentuadamente com as
condições do ambiente em função de umidade, impurezas e temperatura.

SF6
O hexafluoreto de enxofre (SF6) é um gás com uso crescente em equipamentos
elétricos. É transparente, inodoro, não inflamável e quimicamente estável. Isto
significa que à temperatura ambiente não reage com qualquer outra substância. A
estabilidade vem do arranjo simétrico dos seis átomos de fluoreto em torno do átomo
central de enxofre. É esta estabilidade que faz este gás útil em equipamentos
elétricos. O SF6 é um dielétrico muito bom e pode efetivamente extinguir arcos
elétricos nos aparelhos de alta e media tensão.

O SF6 é formado por uma reação química entre enxofre fundido e fluoreto. O
fluoreto é obtido pela eletrólise de ácido de fluorídrico (HF).
Há duas razões para usar o SF6 em equipamento elétrico:

O SF6 garante uma isolação elétrica extremamente boa e;


Uma boa extinção do arco elétrico.

Estas propriedades do SF6 tornam possível construir equipamentos elétricos e


aparelhos que são compactos, usam uma quantidade pequena de material, estão
seguros e duram muitos anos.

À pressão atmosférica normal, o SF6 têm uma rigidez dielétrica que é 2.5 vezes
melhor que a do ar. Normalmente, o gás é usado a 3-5 vezes a pressão atmosférica
e então as propriedades dielétricas são dez vezes melhores que as do ar.

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O SF6 é usado como um gás isolante em subestações, como um meio refrigerante


em transformadores e como um isolante e extintor de arco elétrico em interruptores
para aplicações de alta e média tensão. Estes são sistemas fechados que estão
extremamente seguros e livres de improváveis fugas.

As subestações isoladas com gás encontram-se principalmente em áreas urbanas e


freqüentemente instaladas em edifícios em pequenos locais. Estas subestações
reduzem o campo magnético e removem completamente o campo elétrico. Esta é
uma real vantagem para os instaladores, pessoal de manutenção e as pessoas que
vivem na redondeza de subestações.

Portanto, o SF6 é um dielétrico gasoso excelente para aplicações de alta tensão. É


extensivamente usado em interruptores e disjuntores de circuito de alta tensão pela
indústria de eletricidade. As aplicações para o gás SF6 incluem linhas de
transmissão isoladas a gás e subestações de distribuição isoladas a gás. A
combinação de suas propriedades elétricas, físicas, químicas e térmicas oferece
muitas vantagens quando usadas com interruptores de eletricidade.
Algumas das principais propriedades do gás SF6, que fazem seu uso em aplicações
em eletricidade desejável, são:

• força dielétrica elevada


• habilidade extintora única
• excelente estabilidade térmica
• boa condutividade térmica

Por mais vantajosas que as propriedades acima sejam, o Hexafluoreto de Enxofre é


considerado um composto FFC. Desde que os FFC tem vidas atmosféricas de até
50.000 anos, esses potentes gases estufa podem contribuir significantemente, e de
forma permanente, com o aquecimento global, se as emissões continuarem a
crescer.
Como o SF6 puro não é venenoso, o gás não é perigoso ao inalar, uma vez que o
conteúdo de oxigênio é bastante alto. Em princípio, pode-se inalar sem perigo uma
mistura de 80% de oxigênio e 20% de SF6. Porém, o SF6 é aproximadamente 6
vezes mais pesado do que o ar. Isso significa que pode concentrar-se em
canalizações de cabos ou no fundo de depósitos. Por isso, ao ser inalado, em
ambiente fechado onde há uma grande concentração do gás, há risco de sufocação,
devido à falta de oxigênio. Também a de se considerar o aumento do preço do gás
SF6 novo nos últimos anos.

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2. CARACTERÍSTICA RESISTÊNCIA X TEMPERATURA DO ISOLAMENTO

A resistência do isolamento, na prática, é a medida da oposição que o conjunto de


materiais isolantes, que constituem um sistema de isolação, apresenta à passagem
da corrente de fuga (componente de dispersão), quando submetido a uma tensão
contínua.
Ao contrário dos materiais condutores, a resistência de isolamento apresenta uma
curva característica decrescente em função da temperatura do isolamento, como
pode ser visto pelo gráfico abaixo:

R R= resistência do isolamento
T= temperatura do isolamento

0 T

Existe uma equação, obtida empiricamente, que relaciona a resistência do


isolamento, em equipamentos de transformação, com a temperatura, de modo a
converter os valores para uma temperatura padrão de 75°C, a qual é mostrada a
seguir:
Rt = R p × 2 a

onde: Rt⇒ resistência do isolamento à temperatura “t”


Rp⇒ resistência do isolamento à temperatura padrão de 75°C
2 ª ⇒ Fator de Correção de Temperatura (FCT)

Exemplo: O valor da resistência de isolamento de um equipamento, medida a 40°C,


foi de 2000MΩ. Qual seria o valor corrigido para 75°C?
Solução:
Dados: Cálculos:
t = 40°C Rp = Rt / FCT ∴ FCT = (2)a
Rt= 2000MΩ a = (75 - 40) / 10 = 3,5 ∴ FCT = (2)3,5 = 11,3
Rp= ? Rp = 2000 / 11,3 = 177 MΩ

Na prática utilizam-se tabelas de correção da temperatura para uma temperatura


padrão de 20ºC.
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Exercícios Sugeridos

1º) Mostre que o aumento de 10ºC na temperatura do isolamento de um


transformador produz uma redução de 50% no valor de sua resistência de
isolamento.

2º) Qual a variação de temperatura do isolamento de um transformador capaz de


provocar uma redução de 25% no valor da resistência de isolamento?

3º) Um transformador A apresentou um valor de resistência de isolamento, medida a


entre AT e BT a 25ºC, de 5000MΩ; um transformador B apresentou um valor de
3500MΩ a 30ºC para a mesma ligação GLM. Qual dos dois transformadores
apresentou um melhor valor de resistência de isolamento?

4º) Obtenha os valores dos fatores de correção de temperatura (FCT) para as


temperaturas entre 20ºC e 40ºC com degraus de 1ºC. Tomar como base a
temperatura padrão de 75ºC.

5º) Demonstre a expressão para a correção de temperatura do isolamento da


temperatura T1 para T2.
T 1−T 2
( )
RT 2 = RT 1 x 2 10

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Influência da umidade e da sujeira superficial


Quando o dielétrico estiver a uma temperatura inferior à de orvalho, se formará um
filme de umidade condensada sobre a superfície; esta será absorvida pelos
materiais isolantes, devido a higroscopia dos mesmos. A condensação será mais
agressiva no caso em que os materiais se encontrem com a superfície suja. Neste
caso, o valor da resistência de isolamento será afetado.
Materiais condutores estranhos quando depositados sobre a superfície dos isolantes
também reduzem a resistência de isolamento superficial. Mesmo materiais não
condutores podem fazer-se condutores quando misturados com óleos e graxas. Por
esta razão, o dielétrico deve estar perfeitamente limpo antes da realização dos
testes.
A penetração de água no isolante resulta na dissociação de suas impurezas
ionizáveis dando origem a íons, que criam uma condição favorável para a passagem
de corrente elétrica, em outras palavras há um aumento na sua condutividade.
As isolações elétricas dos transformadores não são homogêneas por serem
formadas de materiais com diferentes características dielétricas que se sobrepõem
em camadas e, em cujas interfaces podem se localizar moléculas ionizáveis. Com o
umedecimento da massa isolante, essas moléculas se dissociam formando íons que
se orientam e se deslocam na direção do campo elétrico. Este fenômeno já foi
apresentado, trata-se da absorção dielétrica.

Classes de isolamento
As propriedades elétricas, mecânicas, e físicas dos isolantes usados em eletricidade
dependem acentuadamente da temperatura. Como os dielétricos ficam
freqüentemente sujeitos, em serviço, a acentuadas variações de temperatura, é
imprescindível conhecer os limites térmicos de um material.
A elevação de temperatura traz consigo a queda da resistência elétrica de
isolamento, do valor do campo elétrico de ruptura (rigidez dielétrica) e da resistência
mecânica, eleva-se o ângulo de perdas e a deformação do material. Fica assim,
bastante clara a importância de se conhecer a temperatura máxima admissível de
um material, sem que as desvantagens mencionadas adquiram valores indesejáveis.

Por essas razões, uma das informações normalizadas de maior utilização prática é a
classificação térmica dos materiais isolantes, que indica, para cada material de maior
uso, a temperatura limite admissível. Resultam, assim, diversos ensaios em
materiais isolantes destinados ao levantamento das temperaturas críticas, quais
sejam as de amolecimento e de inflamabilidade, e a conseqüente análise do
fenômeno do envelhecimento sobre esses materiais.

A classificação dos materiais isolantes, de acordo com a temperatura limite


suportável, ou seja, temperatura máxima de trabalho contínua, foi inicialmente
elaborada pela norma AIEE n° 1, de 1922:

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Temperatura
Classe Tipos de materiais
máxima
Algodão, seda, papel e materiais similares, não impregnados nem
O 90°°C
imersos em óleo.
Algodão, seda, papel e materiais similares, tratados ou
A impregnados de modo a elevar o limite de temperatura, ou quando 105°°C
imersos em óleo permanentemente; e também esmaltes de fios.
Mica, asbesto e outros materiais capazes de resistir a
temperaturas elevadas, formando peças nas quais sejam
B empregados materiais da Classe A ou aglutinantes para fins 125°°C
estruturais somente, os quais possam ser destruídos sem
prejudicar o isolamento ou as qualidades mecânicas deste.
Materiais capazes de resistir a temperaturas mais altas que os da Sem limite
C
Classe B, como mica, porcelana e quartzo. estabelecido

A introdução dos silicones na indústria levou à criação de uma nova classe (H), com
temperatura máxima permissível de 180ºC. Em seguida, a publicação de n°85 do
IEC, em 1957, estabeleceu os seguintes limites de temperatura para trabalho
contínuo do isolamento:
Classe Y (antiga “O”)⇒ 90°C ; Classe A ⇒ 105°C ; Classe E⇒ 120°C ; Classe B⇒
130°C ; Classe F⇒ 155°C ; Classe H⇒ 180°C e Classe C⇒ >180°C
Temperatura máxima
Classe Tipos de materiais
admissível em serviço
Y Isolamento composto de materiais ou associações de
90ºC
(antiga O) materiais como algodão, seda, papel sem impregnação.
Isolamento composto de materiais ou associações de
A materiais como algodão, seda e papel adequadamente 105°C
impregnados ou imersos em dielétricos líquidos.
Isolamento composto de materiais ou associações de
E materiais que a experiência ou ensaios mostrarem poder 120°C
funcionar nas temperaturas desta classe.
Isolamento composto de materiais ou associações como
B 130°C
mica, fibra de vidro, asbesto com aglutinantes adequados.
Isolamento composto de materiais ou associações como
mica, fibra de vidro, asbesto, com aglutinantes
F adequados, bem como outros materiais que a experiência 155°C
ou ensaios mostrarem poder funcionar nas temperaturas
desta classe.
Isolamento composto de materiais elastômeros de
silicone ou associações de materiais como mica, vidro,
H 180°C
asbesto etc., com aglutinantes adequados como resinas
de silicone.
Isolamento composto de materiais ou associações de
C materiais como mica, porcelana, vidro e quartzo, com ou >180°C
sem aglutinantes inorgânicos.

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A designação das classes de materiais isolantes, de acordo com a revisão de abril


de 1969, da norma n°1 do IEEE, não utiliza mais letras, passou-se a caracterizá-los
por índices preferenciais de temperatura, que são os seguintes:
90 - 105 - 130 - 155 - 180 - 200°C - não estabelecido

Observações:
1- A vida útil dos materiais utilizados para isolamento (isolantes) de equipamentos e
máquinas elétricas depende de vários fatores, tais como: a temperatura, os
esforços elétricos e mecânicos, as vibrações, a exposição a atmosferas deletérias e
a produtos químicos, a umidade e a sujeira de qualquer espécie;
2- As normas especificam, geralmente, a elevação da temperatura permissível,
acima da do ar ambiente ou de outro meio refrigerante;
3- A temperatura limite de serviço contínuo de um isolamento depende da
intensidade e da intermitência da carga a que estiver sujeito o equipamento
associado.

Envelhecimento
Em uma grande série de materiais, um ensaio com elevação de temperatura, pro
curta duração, fornece um quadro bastante diferente do real, onde um certo material
fica por longo tempo em serviço perante certas condições térmicas. Isso porque,
certas modificações ocorrem no isolante apenas após prolongada permanência de
uma dada temperatura. Essas modificações, que limitam o uso dos dielétricos para
um certo tempo de uso, são designadas por envelhecimento.
A razão do aparecimento de um envelhecimento é geralmente encontrada numa
modificação química do material, resultante do calor presente. Assim, por exemplo,
certos plásticos ou resinas perdem sua flexibilidade, colocando em risco o seu
adequado uso como capa envolvente de fios, por quebra da camada protetora; o
óleo mineral, perante certas temperaturas inadmissíveis, dá rigem a subprodutos
(lamas) de baixa capacidade de isolação.
A temperatura não é o único fator que leva ao envelhecimento. Influi também a
composição do ambiente envolvente do material, seu grau de oxigênio ou a
presença de ozona, o grau de pureza e o tipo de impureza presente ou, ainda, a
exposição do material a radiações que podem levar a modificações estruturais, tais
como radiações ultravioletas, um campo elétrico excessivo ou um esforço mecânico
acima do admissível.

Estabilidade química
Como capa ou camada envolvente do condutor, o isolante fica praticamente sempre
sujeito às características químicas do ambiente, representados pelo ar, água,
ácidos, sais, bases etc. Assim, quando da escolha de um certo isolante, além dos
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dimensionamentos elétrico, mecânico e térmico, o aspecto químico não pode ser


deixado de lado. Uma escolha inadequada nesse sentido pode levar à danificação
ou mesmo destruição do isolamento, e conseqüente eliminação de suas funções
elétricas, expondo partes condutoras e colocando em perigo a instalação.
Por essa razão, os fabricantes de material elétrico informam o comportamento dos
materiais usados perante as condições mais comumente encontradas em serviço,
para permitir ao usuário uma escolha adequada.

3. DESCARGAS PARCIAIS

O estudo do fenômeno das descargas parciais é de particular interesse no


comportamento dos dielétricos. Neste aspecto, vale salientar que os ensaios de
descargas parciais constituem o método mais aplicado de ensaios não destrutivos
para o controle de qualidade dos materiais isolantes elétricos.
O termo descarga parcial é empregado para designar todos os tipos de descargas
elétricas, nas quais não haja a formação de arco elétrico entre condutores. Os tipos
mais comuns de descargas parciais são:
a - descargas parciais externas
b - descargas parciais superficiais
c - descargas parciais internas

Descargas externas (corona)


São as descargas que se formam ao redor de um condutor energizado, quando o
campo elétrico supera a rigidez dielétrica do material que constitui o meio ambiente
em volta do condutor (normalmente o ar atmosférico).
Nas linhas de transmissão, notadamente naquelas de classe de tensão mais
elevadas, o “efeito corona” é devido à ionização do ar na vizinhança do condutor e
diminui com o aumento do diâmetro dos condutores e do espaçamento entre eles.
Outro tipo de manifestação do corona é encontrado no óleo isolante do sistema de
isolação dos transformadores, em torno das partes energizadas que formam ângulos
agudos, produzindo os gases hidrogênio e metano.

Descargas superficiais (flash-over)


São as descargas que ocorrem na superfície de um dielétrico ou entre dois
dielétricos diferentes submetido(s) a uma diferença de potencial, e que não chegam
a se transformar em descarga disruptiva plena. As descargas deste tipo dependem
da forma e da distância entre os dielétricos.

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As descargas superficiais acontecem em isoladores, buchas de equipamentos, etc e


dependem da geometria do isolante (linha de escoamento), do estado de sua
superfície e das condições do ambiente (poluição, umidade relativa, altitude,
temperatura, etc). O flash-over deixa um “traço carbonizado” que constitui um
caminho de menor resistência superficial.

Trilhamento (Tracking)
Degradação irreversível pela formação de caminhos que se iniciam e se
desenvolvem na superfície de um material isolante. Estes caminhos são condutivos
mesmo quando secos. O trilhamento pode ocorrer em superfícies em contato com ar
e também nas interfaces entre diferentes materiais isolantes.
Além das descargas superficiais propriamente ditas, algumas degradações
superficiais em isoladores devem ser destacadas, tendo em vista sua importância
para o comprometimento operacional do isolamento.
A erosão é uma degradação irreversível e não condutiva da superfície do isolador
que ocorre por perda de material, podendo ser uniforme, localizada ou ramificada.
Fissura (Crazing) consiste de micro fraturas na superfície com profundidade entre
0,01 mm a 0,1 mm.
Rachadura (Crack) é qualquer fratura superficial de profundidade superior a 0,1mm.
Esfarinhamento (Chalking) consiste no aparecimento de algumas partículas do
enchimento do material do revestimento formando uma superfície rugosa ou coberta
de pó.

Descargas internas
São as de maior interesse, por se tratarem do mais grave tipo de descargas parciais,
ou seja, são as que provocam a perfuração do dielétrico e, conseqüentemente, a
falha do sistema de isolação.
As descargas parciais internas serão consideradas em duas categorias:
a - Arvorejamento
b - Descargas em cavidades

Arvorejamento (treeing)
São as descargas localizadas ou disrupções nos dielétricos sólidos. Quando
envolvem alta densidade de energia podem provocar a perfuração do dielétrico.
As ramificações ou treeing constituem uma degradação irreversível, consistindo na
formação de microcanais dentro do material que podem ser condutivos ou não.
Estes microcanais podem estender-se progressivamente através do material, até
que ocorra a falha elétrica.
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O arvorejamento se manifesta, por exemplo: na isolação sólida (papel celulósico)


dos transformadores, gerando gases como o hidrogênio e o metano, entre outros e
nos revestimentos dos condutores elétricos.

Descargas em cavidades
São aquelas confinadas ao interior das cavidades que existem nas massas isolantes
líquidas e sólidas. As descargas em cavidades são reproduzidas nos laboratórios
para fins de pesquisa e detecção de falhas.
Características das descargas em cavidades:
a - As descargas se extinguem em cerca de milionésimos de segundo;
b - A cavidade pode estar cheia de gás ou líquido;
c - Se a cavidade estiver cheia de ar atmosférico a ionização poderá ocorrer sob um
gradiente de cerca de 100 kV/cm;
d - Pela degradação do ar atmosférico no interior da cavidade formam-se ozona e
dióxido de Nitrogênio, que aumentam as perdas dielétricas;
e - As paredes das cavidades podem ser desgastadas continuamente pelas
descargas, até haver a falha por completo do dielétrico;
f - A falha, por erosão da cavidade, pode ocorrer entre alguns dias e muitos anos;
g - A vida de muitas espécies de isolação é considerada proporcional a:
υ = (Vi / Va)n
υ ⇒ vida da isolação
Vi⇒ tensão de início das descargas
Va⇒ tensão aplicada
n ⇒ varia de 3 a 10 conforme o tipo de isolação e as condições ambientais.

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Bibliografia

1. Ernani da Mota Rezende – Materiais Usados em Eletrotécnica. Editora:


Livraria Interciências, Rio de Janeiro, 1977.

2. Benedetto Falcone – Curso de Eletrotécnica Para Escolas Técnicas


Profissionalizantes Volume 1. Editora: Hemus, São Paulo, 1977

3. Walfredo Schimidt – Materiais Elétricos Volume 1. Editora: Edgard Blücher


LTDA, São Paulo, 1979.

4. Ademaro Alberto Machado Bittencourt Cotrim – Instalações Elétricas. Editora:


McGraw-Hill do Brasil, São Paulo, 1982.

5. Milan Milasch – Manutenção de transformadores em líquido isolante. Editora:


Edgard Blücher Ltda, São Paulo, 1984.

6. Angel Vázquez Morán – Manutenção Elétrica Industrial. Editora: Ícone, São


Paulo, 1996.

7. João Mamede Filho – Instalações Elétricas Industriais. Editora: LTC, Rio de


Janeiro, 2001.

8. José Carlos de Oliveira, João Roberto Cogo e José Policarpo G. de Abreu –


Transformadores Teoria e Ensaios. Editora: Edgard Blücher LTDA, São
Paulo, 1984.

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