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DE PERNAMBUCO
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COORDENAÇÃO DE ELETROTÉCNICA
Podem-se citar mais de vinte propriedades que deveriam ter os materiais isolantes,
para que atendessem a todas as exigências impostas pelas máquinas elétricas.
Nenhum dos materiais conhecidos até o momento é capaz de reunir todas as
exigências elétricas e mecânicas necessárias. No entanto, com o estágio atual das
resinas, juntamente com fibra de vidro e a mica, têm-se conseguido materiais
isolantes de alta qualidade que conseguem conciliar, razoavelmente, as
propriedades dielétricas, mecânicas, térmicas e químicas para a maior parte das
aplicações práticas. A seguir, faremos um breve estudo das propriedades dos
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Constante Dielétrica
Qualquer dielétrico, quando empregado em um sistema de isolação, ficará
submetido a uma diferença de potencial entre as suas faces, de forma que o sistema
pode ser considerado como um capacitor, onde:
Q = C.V
Q⇒ carga do capacitor ( acumulada entre as faces )
C⇒ capacitância do capacitor
V⇒ diferença de potencial ( entre as faces )
C ξ×Ad ξ
k= = =
Co ξo × A ξo
d
Co⇒ capacitância do capacitor a vácuo
ξ⇒ cte de permissividade do material dielétrico
ξo⇒ cte de permissividade do vácuo
A⇒ área da face da placa
d⇒ distância entre as placas
k = ξr para ξr = ξ / ξo
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V V V
Ei = ; E2 = ; ... ; E3 = ;
d d d d d d d d d
k i. 1 + 2 + ... + n k 2 . 1 + 2 + ... + n k 3 . 1 + 2 + ... + n
k1 k 2 kn k1 k 2 kn k1 k 2 kn
V
En = ;
d1 d2 dn
k n . + + ... +
k1 k 2 kn
Um material dielétrico ideal é o que não contém cargas livres. Contudo, todos os
meios materiais se compõem de moléculas, que, por sua vez, se constituem de
entidades carregadas (núcleos atômicos e elétrons); as moléculas dos dielétricos
são certamente afetadas pela presença de um campo elétrico. Este produz uma
força que, exercida sobre cada partícula carregada, empurra as cargas positivas no
sentido do campo e as partículas negativas no sentido inverso, de forma que as
partes positivas e negativas de cada molécula sejam deslocadas de suas posições
de equilíbrio em sentidos opostos.
+
_ E
_ + E
EI
- + E
ER
ER = E - EI
A fim de produzir um campo elétrico uniforme Ei, vamos usar um capacitor carregado
com uma carga constante q, onde introduziremos uma placa de material dielétrico.
Há um acúmulo de cargas positivas em uma das faces do dielétrico e de cargas
negativas na outra face. Uma vez que a placa permanece nula, a carga superficial
induzida positiva deve ser em módulo igual à negativa.
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Polarização dielétrica
Sabe-se que todos os dielétricos de uso industrial apresentam certo volume de
portadores de carga (mensurado pela constante dielétrica). Define-se por
polarização dielétrica um deslocamento reversível dos centros de carga na direção
do campo elétrico externo aplicado.
Os tipos de polarização mais comuns são os seguintes
a- polarização eletrônica⇒ dielétricos sólidos, líquidos e gasosos
b- polarização iônica⇒ dielétricos sólidos
c- polarização dipolar⇒ dielétricos gasosos
Além dos tipos citados, existem ainda a polarização estrutural que é comum aos
sólidos amorfos e a polarização espontânea, cujo mecanismo ainda se encontra em
estudos.
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Eletrônica
Consiste no deslocamento da nuvem eletrônica com relação ao núcleo de um
átomo. Aparece num tempo extremamente curto, da ordem de 10-15 segundos.
Este tipo de polarização ocorre em praticamente todos os materiais isolantes. A
posição das cargas se restabelece após a remoção do campo (comportamento
elástico). Os materiais que possuem predominantemente este tipo de polarização
são os amorfos e cristalinos sólidos como: enxofre, parafina, polistirol, bem como os
líquidos e gases como o benzol e hidrogênio.
Iônica ou Molecular
Resulta de um deslocamento mútuo entre os íons constituintes da molécula. Ocorre
em tempos maiores que 10-13 segundos. A Polarização Iônica é típica dos materiais
sólidos como NaCl, vidros e cerâmicas.
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Dipolar ou Orientacional
Consiste na orientação das moléculas dipolares sob a ação de um campo elétrico.
Depende da temperatura e da freqüência, e aparece em gases, líquidos e corpos
amorfos com certa viscosidade. Exemplos: Água, PVC, Álcool polivinílico.
Em corpos como a celulose, mesmo que a molécula esteja fixa, certos grupos
moleculares podem orientar-se. A polarização dipolar possui grande correlação com
a movimentação de partículas, devido ao efeito da temperatura. Só é possível nos
casos em que já existe a orientação prévia natural dos dipolos. Observando-se que
quando se aumenta a temperatura existem dois efeitos que se manifestam: aumento
da desordenação dos elétrons e dilatação do material. A Polarização Dipolar
provoca uma dissipação de energia.
TIPO DE POLARIZAÇÃO
MATERIAIS DIELETRICOS
PREDOMINANTE
Parafina, enxofre polistirol, benzol, hidrogênio, celulose, resinas
ELETRONICA
sintéticas, vidros, porcelanas, Gases ( Hélio, Oxigênio, etc)
IONICA Quartzo, mica, sal, óxido de alumínio
DIPOLAR Ascarel, óleo, Água, PVC, Álcool polivinílico
No caso dos Sólidos: como neste grupo temos diversos tipos de materiais com
matérias primas diferentes, o comportamento da constante dielétrica é também
bastante diversificado, pois normalmente neste caso têm-se os vários tipos de
polarização agindo simultaneamente.
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0
-30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60
Temperatura (ºC)
Absorção dielétrica
Os materiais isolantes são constituídos de matérias orgânicas que contem
impurezas, as quais podem ser ionizáveis e os íons decorrentes, conduzir corrente
elétrica (polarização iônica). Existem também moléculas polarizadas, cujos átomos
têm uma afinidade polar. Por influência de um campo elétrico externo, as moléculas
(dipolos) giram orientando-se de acordo com o sentido do campo (polarização
dipolar).
Por outro lado, com a penetração de umidade na superfície do material isolante, as
impurezas ionizáveis, as moléculas polares e as interfaces heterogêneas do isolante
conduzem a uma condição propícia para a passagem da corrente elétrica. Isto é, há
um aumento da condutividade do isolante. Tal fenômeno, na prática, é conhecido
por absorção dielétrica.
Um exemplo prático muito comum da manifestação do fenômeno de absorção
dielétrica consiste na absorção de umidade pela borracha, a qual tende a reduzir
suas características dielétricas, passando a conduzir os portadores de carga com
mais intensidade.
Rigidez dielétrica
Segundo as normas técnicas nacionais (ABNT), a rigidez dielétrica é a propriedade
de um dielétrico de se opor a uma descarga disruptiva, medida pelo gradiente de
potencial, sob o qual se produz essa descarga.
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GASES Ionização por colisão é iniciada por poucos elétrons livres sempre presentes
em um gás, seguida por uma avalanche elétrica; a tensão atravessa o espaço
ionizado alcançando um máximo valor; e então diminui como uma descarga e
finalmente tornando-se um arco de corrente.
LÍQUIDOS Em óleos ultra puros, os portadores iniciais são os poucos íons e elétrons
livres presentes. Em bons óleos, portadores adicionais consistem em impurezas
como partículas de matéria sólida e umidade. Uma ionização em alta tensão por
colisão desenvolve, seguida por avalanches elétricas, arco piloto, faixas de alta
tensão, e então rompe. A tensão de ruptura é conhecida como tensão crítica.
A seguir, são discutidos alguns dos fatores que exercem influência sobre a
capacidade do dielétrico de suportar os esforços elétricos, ou seja, sobre a sua
rigidez dielétrica:
c) Espessura do material
A rigidez dielétrica não é proporcional à espessura do material; à medida que a
espessura aumenta, a rigidez dielétrica média se reduz. Isto é um inconveniente
principalmente para as altas tensões onde são requeridas grandes espessuras de
material.
d) Influência da temperatura
A rigidez dielétrica para a maior parte dos dielétricos diminui à medida que a
temperatura aumenta. Em termos práticos pode ser estimada uma perda de 15 a
20% para variações de temperatura de 20 a 100°C.
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Exercícios sugeridos
2°) O que podemos afirmar sobre o valor resultante do campo elétrico no interior de
um material dielétrico, em relação à sua intensidade se o meio fosse o vácuo.
Sugestão: Considere a existência de dipolos no interior do material.
v
A B dA = 2mm Vmáx = ?
dB = 4mm
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Id
Ia
Ic
tempo
Id
I
(Ia+Ic)
I = Ic + Ia + Id
I ⇒ corrente resultante
Ic+Ia ⇒ componentes pelo ramo capacitivo
Id ⇒ componente pelo ramo resistivo
No circuito equivalente acima foi omitido o parâmetro que representa as perdas por
absorção dielétrica do isolante. Não obstante, deve-se observar que as
componentes de corrente foram representadas nos ramos correspondentes e as
perdas por absorção podem ser incluídas, acrescentando um elemento resistivo ao
ramo do capacitor, conforme é mostrado na figura a seguir:
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Circuito Equivalente
Onde:
R1 representa as perdas devidas à
componente de dispersão
R2 representa as perdas devidas à
componente de absorção
Comportamento do dielétrico em CA
A seguir, analisaremos o comportamento do dielétrico submetido a uma tensão
alternada de valor eficaz V, mediante o estudo do circuito equivalente shunt e, do
diagrama fasorial correspondente às grandezas elétricas associadas.
Ic I
‘1’ Ir V
Circuito equivalente Representação fasorial
( G<<ωCp ) Logo: D ≅ FP
0,3
0,25
fator de perdas
0,2
0,15 F100khz
0,1 F1khz
0,05
-0,05
temperatura
As perdas que ocorrem no dielétrico devido à tensão aplicada podem ser calculadas
por:
P = 2πfCV0 tgδ ∝ ktgδ
2
Onde:
P= perdas (W)
f = freqüência (Hz)
V0 = tensão fase-terra (V)
tgδ = fator de perdas
k = constante dielétrica
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Conclusão
a temperatura,
umidade superficial e
o estado de sujidade do espécime.
Não obstante, deve-se ter em mente que os valores obtidos dos ensaios e testes de
resistência do isolamento e fator de potência ou de perdas do isolamento devem
compor um histórico que permita um diagnóstico do estado do isolamento ou da
condição de isolação, com base em uma análise de tendência do comportamento
desses parâmetros de interesse ao longo do tempo.
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Exercícios sugeridos
1°) Como se explica a tensão que aparece nos terminais de um capacitor , logo após
a remoção do curto-circuito para descarregá-lo.
2°) Quando aplicamos uma tensão contínua a um espécime dielétrico, com umidade
superficial em nível elevado, que tipo de componente de corrente é mais afetado?
7º) O que representa um isolamento com baixo fator de potência e qual o valor
ideal?
8º) Através do modelo de circuito equivalente shunt, mostre que uma redução da
resistência de isolamento acarreta num aumento do fator de potência do isolamento.
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GASES
ar, hidrogênio, SF6, etc
LÍQUIDOS
óleos minerais, askarel, óleos vegetais, álcoois, nafta, benzeno, etc
SÓLIDOS
Pastosos: resinas, ceras, vernizes, laca, plásticos
Duros: porcelana, vidro, borracha, papel, madeira, etc.
ISOLANTES LÍQUIDOS
ASKAREL
(C6H2Cl3-C6H2Cl3) que se destaca, sobretudo pelo fato de não ser inflamável,
apresentando, porém uma série de outros problemas e cuidados, que fazem com
que hoje já se esteja a substituí-lo, provavelmente por um óleo à base de silicone. O
uso do askarel já é proibido, por ser tóxico e não-biodegradável.
Os askaréis, apesar de não serem inflamáveis, não eram muito usados em países
de inverno mais intenso, pois, nas temperaturas que aí ocorrem, o askarel
geralmente se encontra no estado sólido, perdendo sua função de elemento
transmissor de calor. O askarel também não pode ser usado em aplicações onde se
apresentam arcos voltaicos expostos, pois nessas condições de temperatura, haverá
rompimento da cadeia de HCl e desprendimento do cloro. Seu emprego era mais
recomendado em cabos e capacitores com isolamento em papel, pois o askarel
confere ao papel uma característica mais homogênea e, conseqüentemente, uma
distribuição de campo elétrico mais uniforme, se comparado ao impregnante óleo
mineral. Com isto, a capacitância dos capacitores pode ser elevada em até 40%.
O ÓLEO MINERAL
Obtém-se a partir do petróleo e, eventualmente, de outros produtos sedimentares,
sendo constituído basicamente de misturas de hidrocarbonatos, gorduras e outras
deposições. Seu cheiro é desagradável, de coloração preto-azulada ou marrom, com
uma composição dependente do local em que é encontrado. Fundamentalmente, se
compõe de:
metana, ou óleos parafinados do qual se extrai 3 a 8% de parafina sólida;
nafta;
mistura dos dois anteriores.
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Outras características:
Ponto de queima: 30 a 50ºC superior ao ponto de chama; valor no qual a chama
não se extingue mais;
Ponto de ignição: valor no qual os vapores se incandescem por si mesmos;
Ponto de solidificação: temperatura na qual o óleo deixa de escorrer sob a ação
de seu próprio peso, tornado-se denso. Ocorre em baixas temperaturas;
Coeficiente de acidez e neutralização: indica a quantidade de KOH por mg
(miligrama) que é necessária para neutralizar a acidez de 1g de óleo;
Coeficiente de oxidação: valor indicativo de envelhecimento. Seu valor não deve
ultrapassar 0,1%.
como é o caso dos papéis. O ponto de chama varia de 130 a 145ºC. No caso de
óleos para cabos, distinguem-se os papéis impregnados com óleo (óleos grossos) e
os cabos em óleo fluído (O.F. - óleos finos).
Ao lado do fator de perdas, também a rigidez dielétrica ou a tensão de ruptura obtida
em um equipamento de ensaio padronizado, são fatores importantes. Esse valor é
de aproximadamente 200kV/cm para óleos secos e novos, na faixa de temperatura
de -40oC a +50oC, destinados a transformadores, e de 120kV/cm para óleo de
disjuntores.
No uso de equipamentos possuidores de óleo mineral, uma das providências de
rotina é uma sistemática verificação da tensão de ruptura ou da rigidez dielétrica,
face à constatação de um envelhecimento relativamente rápido. Os próprios
sistemas de manutenção prevêem a retirada periódica de amostras de óleo, e a
verificação de suas características isolantes. Dependendo do valor obtido, é
necessário aplicar processos de purificação ou filtragem ou, em caso extremo, fazer
a substituição do óleo.
A oxidação do óleo é um dos fatores que sempre estão presentes, e que se fazem
sentir devido à presença do oxigênio do ar e da elevação de temperatura. Um óleo
novo não deve apresentar um coeficiente de acidez superior a 0,05mg de KOH por
grama, enquanto usados poderão apresentar até 1mg por grama. O início de
envelhecimento do óleo é sempre caracterizado pelo aumento do coeficiente de
acidez.
ÓLEOS DE SILICONE
Os óleos de silicone (cadeias Si-O-Si associado a grupos metílicos e fenólicos) são
líquidos incolores e transparentes com uma gama bastante ampla de viscosidades e
pontos de ebulição, caracterizando-se por um ponto de chama bastante elevado
(300oC acima) e baixo ponto de solidificação (-100oC); como conseqüência, sua
faixa de emprego se situa entre 200oC e -60oC, faixa essa que ainda pode ser
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Descoberto por volta de 1900 pelo cientista alemão Wöhler, o silicone é produzido a
partir do silício metálico e começou a ser explorado industrialmente a partir da 2ª
Guerra Mundial, quando foram construídas as primeiras fábricas, tanto na Alemanha
como nos Estados Unidos. No Brasil, o silicone começou a ser usado a partir da
década de 50 e a primeira fábrica, que foi de mistura, foi construída em Duque de
Caxias – RJ, na década de 60.
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Para proteger componentes cada vez menores e mais delicados, circuitos impressos
e conexões, recorre-se ao encapsulamento transparente e preenchimento utilizando
elastômeros, géis ou elastômeros monocomponentes. Podemos ainda usar resinas
como verniz protetor.
Resinas
São substâncias orgânicas sólidas ou semi-sólidas, amorfas, de origem animal,
vegetal, mineral ou sintética. São solúveis no éter e no álcool, mas não na água. Na
indústria elétrica, o maior emprego das resinas é na impregnação de materiais
fibrosos, ou na preparação de materiais moldados.
Solventes
São empregados na preparação de vernizes, dentre os mais utilizados estão o
benzeno, tolueno, terebentina, benzina, álcool, acetona, clorofórmio, tetracloreto de
carbono etc.
Vernizes
São obtidos pela dissolução de resinas ou gomas, principalmente em álcool ou óleo.
Os vernizes mantêm na forma final as propriedades das resinas, classificando-se em
três grupos:
a) Vernizes de impregnação;
b) Vernizes de colagem;
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c) Vernizes de recobrimento.
Compostos impregnantes
Na impregnação de materiais fibrosos, além das resinas e vernizes, são
empregados certos compostos ou massas isolantes, resistentes a água, as quais
são também utilizadas na vedação de algumas peças (muflas de cabos isolados
com papel impregnado de óleo). são na maioria betuminosas, havendo todavia
algumas à base de parafina, cera de abelhas e outras substâncias. Massas
compostas (compound), devido a sua consistência, são praticamente inadequadas
quando precisamos de filmes ou películas isolantes.
ISOLANTES SÓLIDOS
NOMEX®
Compostos por 100% de poliamida, os isolantes elétricos Nomex®, da DuPont, são
ideais para motores elétricos, geradores, transformadores a óleo mineral e
transformadores secos. Além de otimizar a atividade das máquinas e aumentar sua
vida útil, são resistentes às altas temperaturas e possuem elevada resistência
mecânica e elétrica.
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Mica
Apesar do aparecimento de um sem-número de novos materiais, a mica continua
sendo um dos melhores isolantes conhecidos porque: não funde, é quimicamente
inerte, é incompressível, pode ser delaminada em espessuras finíssimas, tem perdas
dielétricas baixas e constante dielétrica e rigidez excelentes.
Em eletrotécnica tem importância especial a moscovita e a flogopita. A moscovita é
um silicato duplo de potássio e alumínio; é transparente como o vidro e incolor e
pode ser encontrada algumas vezes nas cores: roxa, esverdeada ou com manchas
negras. A flogopita é um silicato de ferro, magnésio alumínio e potássio, de
coloração similar ao âmbar.
Vidro
Os vidros são obtidos da fundição entre 1.300°C e 1 .400°C numa mistura de ácido
de silício com óxido de cálcio, sódio, bário, alumínio e boro, assim como, potássio,
soda e sal de Glaubero. Segundo a sua composição, os vidros têm propriedades
mecânicas, elétricas, ópticas e químicas diferentes.
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Borracha
Na indústria elétrica, a maior aplicação da borracha natural consiste no isolamento
de fios e cabos. Há três tipos principais, conforme a resistência à temperatura:
borracha de 50ºC (a mais comum) de 60ºC e de 75ºC.
O isolamento comum de borracha natural não é a prova d’água, resiste bem a
diversos ácidos e bases, sendo, porém facilmente deteriorável pelos óleos, exceto
algumas borrachas especiais (artificiais), como o neoprene, que é quimicamente
inerte e resistente à umidade.
MATERIAIS POLIMÉRICOS
Existem também materiais poliméricos com propriedades físicas e químicas que os
transformam em eficientes isolantes elétricos. Por razões econômicas, as redes de
distribuição de energia elétrica no Brasil são predominantemente aéreas. Poucas
possuem cabos protegidos e, portanto, são menos eficientes que as subterrâneas.
Em áreas urbanas arborizadas, as redes aéreas apresentam maior risco de
acidentes provocados por raios, o que significa não apenas falta de segurança como
também possibilidade de prejuízos por perda de energia e, ainda, insatisfação da
população que tem o fornecimento interrompido.
ISOLANTES GASOSOS
O AR
O ar, como isolante, é amplamente usado entre todos os condutores sem isolamento
sólido ou líquido, como, por exemplo, nas redes de distribuição de energia elétrica
ou em linhas de transmissão, onde os condutores são fixados através de cruzetas
ou braços em postes ou torres equipados com isoladores (de porcelana, vidro ou
resina com borracha). Entre os condutores nus, o isolamento é constituído somente
por ar, de tal modo que o afastamento entre os fios ou cabos é, entre outros fatores,
conseqüência da rigidez dielétrica do ar. Esse valor varia acentuadamente com as
condições do ambiente em função de umidade, impurezas e temperatura.
SF6
O hexafluoreto de enxofre (SF6) é um gás com uso crescente em equipamentos
elétricos. É transparente, inodoro, não inflamável e quimicamente estável. Isto
significa que à temperatura ambiente não reage com qualquer outra substância. A
estabilidade vem do arranjo simétrico dos seis átomos de fluoreto em torno do átomo
central de enxofre. É esta estabilidade que faz este gás útil em equipamentos
elétricos. O SF6 é um dielétrico muito bom e pode efetivamente extinguir arcos
elétricos nos aparelhos de alta e media tensão.
O SF6 é formado por uma reação química entre enxofre fundido e fluoreto. O
fluoreto é obtido pela eletrólise de ácido de fluorídrico (HF).
Há duas razões para usar o SF6 em equipamento elétrico:
À pressão atmosférica normal, o SF6 têm uma rigidez dielétrica que é 2.5 vezes
melhor que a do ar. Normalmente, o gás é usado a 3-5 vezes a pressão atmosférica
e então as propriedades dielétricas são dez vezes melhores que as do ar.
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R R= resistência do isolamento
T= temperatura do isolamento
0 T
Exercícios Sugeridos
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Classes de isolamento
As propriedades elétricas, mecânicas, e físicas dos isolantes usados em eletricidade
dependem acentuadamente da temperatura. Como os dielétricos ficam
freqüentemente sujeitos, em serviço, a acentuadas variações de temperatura, é
imprescindível conhecer os limites térmicos de um material.
A elevação de temperatura traz consigo a queda da resistência elétrica de
isolamento, do valor do campo elétrico de ruptura (rigidez dielétrica) e da resistência
mecânica, eleva-se o ângulo de perdas e a deformação do material. Fica assim,
bastante clara a importância de se conhecer a temperatura máxima admissível de
um material, sem que as desvantagens mencionadas adquiram valores indesejáveis.
Por essas razões, uma das informações normalizadas de maior utilização prática é a
classificação térmica dos materiais isolantes, que indica, para cada material de maior
uso, a temperatura limite admissível. Resultam, assim, diversos ensaios em
materiais isolantes destinados ao levantamento das temperaturas críticas, quais
sejam as de amolecimento e de inflamabilidade, e a conseqüente análise do
fenômeno do envelhecimento sobre esses materiais.
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Temperatura
Classe Tipos de materiais
máxima
Algodão, seda, papel e materiais similares, não impregnados nem
O 90°°C
imersos em óleo.
Algodão, seda, papel e materiais similares, tratados ou
A impregnados de modo a elevar o limite de temperatura, ou quando 105°°C
imersos em óleo permanentemente; e também esmaltes de fios.
Mica, asbesto e outros materiais capazes de resistir a
temperaturas elevadas, formando peças nas quais sejam
B empregados materiais da Classe A ou aglutinantes para fins 125°°C
estruturais somente, os quais possam ser destruídos sem
prejudicar o isolamento ou as qualidades mecânicas deste.
Materiais capazes de resistir a temperaturas mais altas que os da Sem limite
C
Classe B, como mica, porcelana e quartzo. estabelecido
A introdução dos silicones na indústria levou à criação de uma nova classe (H), com
temperatura máxima permissível de 180ºC. Em seguida, a publicação de n°85 do
IEC, em 1957, estabeleceu os seguintes limites de temperatura para trabalho
contínuo do isolamento:
Classe Y (antiga “O”)⇒ 90°C ; Classe A ⇒ 105°C ; Classe E⇒ 120°C ; Classe B⇒
130°C ; Classe F⇒ 155°C ; Classe H⇒ 180°C e Classe C⇒ >180°C
Temperatura máxima
Classe Tipos de materiais
admissível em serviço
Y Isolamento composto de materiais ou associações de
90ºC
(antiga O) materiais como algodão, seda, papel sem impregnação.
Isolamento composto de materiais ou associações de
A materiais como algodão, seda e papel adequadamente 105°C
impregnados ou imersos em dielétricos líquidos.
Isolamento composto de materiais ou associações de
E materiais que a experiência ou ensaios mostrarem poder 120°C
funcionar nas temperaturas desta classe.
Isolamento composto de materiais ou associações como
B 130°C
mica, fibra de vidro, asbesto com aglutinantes adequados.
Isolamento composto de materiais ou associações como
mica, fibra de vidro, asbesto, com aglutinantes
F adequados, bem como outros materiais que a experiência 155°C
ou ensaios mostrarem poder funcionar nas temperaturas
desta classe.
Isolamento composto de materiais elastômeros de
silicone ou associações de materiais como mica, vidro,
H 180°C
asbesto etc., com aglutinantes adequados como resinas
de silicone.
Isolamento composto de materiais ou associações de
C materiais como mica, porcelana, vidro e quartzo, com ou >180°C
sem aglutinantes inorgânicos.
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Observações:
1- A vida útil dos materiais utilizados para isolamento (isolantes) de equipamentos e
máquinas elétricas depende de vários fatores, tais como: a temperatura, os
esforços elétricos e mecânicos, as vibrações, a exposição a atmosferas deletérias e
a produtos químicos, a umidade e a sujeira de qualquer espécie;
2- As normas especificam, geralmente, a elevação da temperatura permissível,
acima da do ar ambiente ou de outro meio refrigerante;
3- A temperatura limite de serviço contínuo de um isolamento depende da
intensidade e da intermitência da carga a que estiver sujeito o equipamento
associado.
Envelhecimento
Em uma grande série de materiais, um ensaio com elevação de temperatura, pro
curta duração, fornece um quadro bastante diferente do real, onde um certo material
fica por longo tempo em serviço perante certas condições térmicas. Isso porque,
certas modificações ocorrem no isolante apenas após prolongada permanência de
uma dada temperatura. Essas modificações, que limitam o uso dos dielétricos para
um certo tempo de uso, são designadas por envelhecimento.
A razão do aparecimento de um envelhecimento é geralmente encontrada numa
modificação química do material, resultante do calor presente. Assim, por exemplo,
certos plásticos ou resinas perdem sua flexibilidade, colocando em risco o seu
adequado uso como capa envolvente de fios, por quebra da camada protetora; o
óleo mineral, perante certas temperaturas inadmissíveis, dá rigem a subprodutos
(lamas) de baixa capacidade de isolação.
A temperatura não é o único fator que leva ao envelhecimento. Influi também a
composição do ambiente envolvente do material, seu grau de oxigênio ou a
presença de ozona, o grau de pureza e o tipo de impureza presente ou, ainda, a
exposição do material a radiações que podem levar a modificações estruturais, tais
como radiações ultravioletas, um campo elétrico excessivo ou um esforço mecânico
acima do admissível.
Estabilidade química
Como capa ou camada envolvente do condutor, o isolante fica praticamente sempre
sujeito às características químicas do ambiente, representados pelo ar, água,
ácidos, sais, bases etc. Assim, quando da escolha de um certo isolante, além dos
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3. DESCARGAS PARCIAIS
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Trilhamento (Tracking)
Degradação irreversível pela formação de caminhos que se iniciam e se
desenvolvem na superfície de um material isolante. Estes caminhos são condutivos
mesmo quando secos. O trilhamento pode ocorrer em superfícies em contato com ar
e também nas interfaces entre diferentes materiais isolantes.
Além das descargas superficiais propriamente ditas, algumas degradações
superficiais em isoladores devem ser destacadas, tendo em vista sua importância
para o comprometimento operacional do isolamento.
A erosão é uma degradação irreversível e não condutiva da superfície do isolador
que ocorre por perda de material, podendo ser uniforme, localizada ou ramificada.
Fissura (Crazing) consiste de micro fraturas na superfície com profundidade entre
0,01 mm a 0,1 mm.
Rachadura (Crack) é qualquer fratura superficial de profundidade superior a 0,1mm.
Esfarinhamento (Chalking) consiste no aparecimento de algumas partículas do
enchimento do material do revestimento formando uma superfície rugosa ou coberta
de pó.
Descargas internas
São as de maior interesse, por se tratarem do mais grave tipo de descargas parciais,
ou seja, são as que provocam a perfuração do dielétrico e, conseqüentemente, a
falha do sistema de isolação.
As descargas parciais internas serão consideradas em duas categorias:
a - Arvorejamento
b - Descargas em cavidades
Arvorejamento (treeing)
São as descargas localizadas ou disrupções nos dielétricos sólidos. Quando
envolvem alta densidade de energia podem provocar a perfuração do dielétrico.
As ramificações ou treeing constituem uma degradação irreversível, consistindo na
formação de microcanais dentro do material que podem ser condutivos ou não.
Estes microcanais podem estender-se progressivamente através do material, até
que ocorra a falha elétrica.
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Descargas em cavidades
São aquelas confinadas ao interior das cavidades que existem nas massas isolantes
líquidas e sólidas. As descargas em cavidades são reproduzidas nos laboratórios
para fins de pesquisa e detecção de falhas.
Características das descargas em cavidades:
a - As descargas se extinguem em cerca de milionésimos de segundo;
b - A cavidade pode estar cheia de gás ou líquido;
c - Se a cavidade estiver cheia de ar atmosférico a ionização poderá ocorrer sob um
gradiente de cerca de 100 kV/cm;
d - Pela degradação do ar atmosférico no interior da cavidade formam-se ozona e
dióxido de Nitrogênio, que aumentam as perdas dielétricas;
e - As paredes das cavidades podem ser desgastadas continuamente pelas
descargas, até haver a falha por completo do dielétrico;
f - A falha, por erosão da cavidade, pode ocorrer entre alguns dias e muitos anos;
g - A vida de muitas espécies de isolação é considerada proporcional a:
υ = (Vi / Va)n
υ ⇒ vida da isolação
Vi⇒ tensão de início das descargas
Va⇒ tensão aplicada
n ⇒ varia de 3 a 10 conforme o tipo de isolação e as condições ambientais.
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Bibliografia
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