Você está na página 1de 59

ENSAIOS DE

MÁQUINAS ELÉTRICAS
AULA DIELÉTRICOS (PARTE 1)

Recife, março de 2017.


Introdução ao Estudo dos Dielétricos 2

MATERIAIS NA ELETROTÉCNICA
 Quais são os principais materiais utilizados em
Eletrotécnica?
 Condutores
 Semicondutores
 Magnéticos
 Isolantes
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 3

ISOLANTES
PRINCIPAIS MATERIAIS ISOLANTES

 Gasosos: ar, hidrogênio, hexafluoreto de


enxofre (SF6), etc.
 Líquidos: óleos minerais, askarel, óleos
vegetais, álcoois, nafta, benzeno, etc.
 Sólidos:
pastoso – resinas, ceras, vernizes, laca, plásticos;
 duros – porcelana, vidro, borracha, papel,
madeira, etc.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 4

DIELÉTRICOS
 O que caracteriza um material dielétrico?
 A sua capacidade de resistir à passagem de corrente
elétrica.
E se o material Alterações no dielétrico:
dielétrico for • Ruptura dielétrica;
submetido a uma • Deformação
solicitação elétrica permanente;
elevada? • Modificação
estrutural.

Uma vez que ocorre uma


descarga:
• Isolamento
regenerativo;
• Isolamento não
regenerativo.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 5

DIELÉTRICOS
 O comportamento do dielétrico está atrelado às
condições específicas de cada material.

 Na Eletrotécnica, os materiais dielétricos têm papéis


fundamentais:
 Promover a isolação entre condutores, e entre
condutor e a terra;
 Alterar o campo elétrico num determinado local.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 6

DIELÉTRICOS
Exemplos de aplicação de dielétricos em
Sistemas Elétricos
Isolante Aplicação
Ar Linhas de transmissão e
subestações
Vácuo Disjuntores e chaves

Gás Disjuntores e subestações


blindadas
Óleo Disjuntores e capacitores
Sólido Máquinas girantes
Óleo + Sólido Transformadores e reatores
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 7

DIELÉTRICOS
CONSTANTE DIELÉTRICA

 O dielétrico, quando submetido a uma diferença de potencial,


pode ser considerado como um capacitor. Logo:

𝑄=𝐶∙𝑉

em que:
Q: carga do capacitor (acumulada entre as faces);
C: capacitância do capacitor;
V: diferença de potencial (entre as faces).
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 8

DIELÉTRICOS
CONSTANTE DIELÉTRICA

 Em função da carga, a constante dielétrica é dada por:

𝑄
𝑘=
𝑄0

em que:
𝑄0 : carga no capacitor quando o dielétrico é o vácuo.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 9

DIELÉTRICOS
CONSTANTE DIELÉTRICA

 Consideremos o caso mais simples: um capacitor de placas


planas paralelas.

 A capacitância é dada em função da área das placas, da distância


entre as placas e da permissividade do dielétrico entre as placas.
𝐴
𝐶=𝜀
𝑑
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 10

DIELÉTRICOS
Então:

𝑄 𝐶∙𝑉 𝜀∙𝐴 𝑑 𝜀
𝑘= = = =
𝑄0 𝐶0 ∙ 𝑉 𝜀0 ∙ 𝐴 𝜀0
𝑑

𝜀0 : constante de permissividade do vácuo


A constante da permissividade do vácuo é considerada a
referência:
𝜀
𝑘 = ε𝑟 = 𝜀0
ε𝑟 : permissividade relativa do material
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 11

DIELÉTRICOS
 O que representa a constante dielétrica de um material?

 O nível de moléculas polares na constituição do dielétrico.

 Constante dielétrica elevada  grande número de


moléculas polares.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 12

DIELÉTRICOS
 Em um material dielétrico IDEAL:
 Não haveria “cargas livres”.
 “Cargas ligadas”: cargas moleculares que não estão
livres para se movimentarem demasiadamente ou para
serem extraídas do material dielétrico.
 O que ocorre quando um campo elétrico é aplicado no
material dielétrico? Deslocamento
reversível dos centros
de carga do dielétrico!

Cargas positivas:
sentido do campo;
Cargas negativas:
sentido oposto ao
do campo
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 13

DIELÉTRICOS
 Dielétrico polarizado

 Apesar do dielétrico polarizado estar eletricamente


NEUTRO, é produzido um campo elétrico interno.

𝐸𝑟 = 𝐸 − 𝐸𝑖
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 14

DIELÉTRICOS
 E o que acontece no interior de um composto formado
por dois dielétricos distintos?
 O campo elétrico se distribui no interior dos isolamentos
compostos de acordo com a permissividade dos dielétricos
que compõem o mesmo:

𝐸1 𝑘2
=
𝐸2 𝑘1
em que:
𝐸1 : campo elétrico no interior do
isolante 1
𝐸2 : campo elétrico no interior do
isolante 2
𝑘1 : constante dielétrica do isolante 1
𝑘2 : constante dielétrica do isolante 2
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 15

DIELÉTRICOS
 No caso geral, para n isolantes associados em série,
temos a seguinte fórmula:
𝑉
𝐸1 =
𝑑1 𝑑2 𝑑𝑛
𝑘1 + + ⋯+
𝑘1 𝑘2 𝑘𝑛
𝑉 𝑉
𝐸2 = 𝑑 𝑑 𝑑 ; 𝐸3 = 𝑑 𝑑 𝑑 ; ...
𝑘2 1 + 2 +⋯+ 𝑛 𝑘3 1 + 2 +⋯+ 𝑛
𝑘1 𝑘2 𝑘𝑛 𝑘1 𝑘2 𝑘𝑛

𝑉
𝐸𝑛 =
𝑑1 𝑑2 𝑑
𝑘𝑛 + + ⋯+ 𝑛
𝑘1 𝑘2 𝑘𝑛
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 16

DIELÉTRICOS
 Conclusão:
 A introdução de um dielétrico em um condutor DIMINUI o
campo elétrico. A escolha do dielétrico é feita em função
de quanto se deseja reduzir o campo elétrico.
Material Dielétrico Constante Dielétrica
(k)
Hélio 1,000072

Óleo mineral 2,2

Ascarel 5,2
Papel impregnado 4,0
PE (Polietileno) 2,2
Vidro 5-8
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 17

DIELÉTRICOS
POLARIZAÇÃO

 Polarização eletrônica: dielétricos sólidos, líquidos e gasosos.

 Polarização iônica: dielétricos sólidos.

 Polarização dipolar: dielétricos gasosos.


Introdução ao Estudo dos Dielétricos 18

DIELÉTRICOS
POLARIZAÇÃO ELETRÔNICA

 Deslocamento elástico dos elétrons ligados ao núcleo de um


átomo devido à presença de um campo elétrico.
 É totalmente reversível.
 Independe da temperatura*.
• Ocorre num tempo
extremamente curto:
10−15 s;
• Removendo o campo
elétrico: a posição das
cargas é restabelecida
(comportamento
elástico).
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 19

DIELÉTRICOS
POLARIZAÇÃO IÔNICA OU MOLECULAR
 Deslocamento mútuo entre os íons constituintes da molécula;
 Ocorre em tempos maiores que 10−13 s.
 É típica de materiais sólidos como NaCl, vidros e cerâmicas.
 Depende da temperatura.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 20

DIELÉTRICOS
POLARIZAÇÃO DIPOLAR OU ORIENTACIONAL
 Orientação das moléculas dipolares;
 Depende da temperatura e da frequência;
 É típica de gases, líquidos, e corpos amorfos;
 Ocorre apenas para dipolos permanentes.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 21

DIELÉTRICOS
Resumo dos materiais dielétricos e as
polarizações típicas
Tipo de Polarização Materiais Dielétricos
Predominante
Eletrônica Parafina, enxofre, polistirol, benzol,
hidrogênio, celulose, resinas
sintéticas, vidros, porcelanas,
gases (hélio, oxigênio, etc)
Iônica Quartzo, mica, sal, óxido de
alumínio
Dipolar Ascarel, óleo, água, PVC, álcool
polivinílico
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 22

DIELÉTRICOS
 A constante dielétrica varia em função da polarização.
 Para os gases: devido à pequena densidade, a
polarização é pequena e a constante dielétrica é
praticamente igual a 1.
 Para os líquidos: a constante dielétrica é geralmente
menor que 2,5, variando em função da temperatura.

Curva do material
dielétrico Ascarel.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 23

DIELÉTRICOS
 Para os sólidos: devido à diversidade de sólidos, o
comportamento da constante dielétrica também é
diversificada, pois normalmente há diferentes tipos de
polarização atuando simultaneamente.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 24

DIELÉTRICOS
ABSORÇÃO DIELÉTRICA

 Os materiais dielétricos são constituídos de matérias orgânicas que


contêm impurezas, as quais podem ser ionizáveis, de modo a conduzir
corrente (polarização iônica).

 Há também as moléculas polares, que sob influência de um campo


elétrico, os dipolos se orientam no sentido do campo (polarização
dipolar).

 Com a penetração de umidade na superfície de um material isolante,


cria-se uma condição favorável para a passagem de corrente elétrica.
Este fenômeno é conhecido como absorção dielétrica.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 25

DIELÉTRICOS
RIGIDEZ DIELÉTRICA

 Segundo as normas da ABNT, é a propriedade de um dielétrico de


se opor a uma descarga disruptiva, medida pelo gradiente de
potencial, sob o qual se produz essa descarga.
 Na prática, corresponde ao valor da tensão alternada na qual
ocorre a descarga (arco elétrico) com ruptura do dielétrico situado
entre dois eletrodos e em condições perfeitamente determinadas.
 Exemplo: à pressão atmosférica de 1 atm e a 20° C, o gradiente
crítico disruptivo do ar atmosférico é da ordem de 30,5 kV/cm (valor de
pico).
 Ao aumentar progressivamente a diferença de potencial V entre as
placas de um capacitor  aumento da quantidade de carga Q recebida
pelo mesmo.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 26

DIELÉTRICOS
RIGIDEZ DIELÉTRICA

 O que acontece quando se aumenta progressivamente a tensão


aplicada?
 Aumento da quantidade de carga.
 Quando é atingido certo valor de V, o dielétrico deixa bruscamente de
funcionar como isolante.
 A diferença de potencial que leva a isto é dada em função da
espessura do dielétrico (kV/mm), e corresponde à resistência dielétrica
ou rigidez dielétrica.
 Todo material dielétrico tem uma rigidez dielétrica , a qual é o limiar do
valor do campo elétrico a partir do qual ele perde suas características
dielétricas (isolantes), ocorrendo o fenômeno de RUPTURA DIELÉTRICA
de natureza reversível ou não.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 27

DIELÉTRICOS
RIGIDEZ DIELÉTRICA

 O valor da rigidez dielétrica depende de alguns fatores:


 Espessura do dielétrico e formas dos corpos de prova.
 Temperatura.
 Umidade.
 Forma dos eletrodos.
 Duração da aplicação da tensão.
 Rapidez do crescimento da tensão aplicada.
 Frequência (casos em CA).
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 28

DIELÉTRICOS
RIGIDEZ DIELÉTRICA

Valores de rigidez dielétrica para diversos materiais isolantes


empregados na Eletrotécnica.
Material Dielétrico Rigidez Dielétrica (kV/cm)
Ar 30
Óleo Mineral 80 – 200
Cerâmica 100 – 300
Mica 100 – 150
Óleo de transformador puro 250
Óleo de transformador 40 – 50
impuro
SF6 (1 atm) 100
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 29

DIELÉTRICOS
MECANISMOS DE RUPTURA DIELÉTRICA

 GASES: a ionização por colisão é iniciada por elétrons


livres presentes no gás, seguida por uma avalanche
elétrica.

 LÍQUIDOS: em óleos ultra puros, íons e elétrons livres é


que iniciam o processo de ionização. Em óleos bons, as
impurezas contribuem para o processo de ionização.
 Óleo com impureza: 30 kV/cm.
 Óleo sem impureza: 200 kV/cm.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 30

DIELÉTRICOS
MECANISMOS DE RUPTURA DIELÉTRICA

 SÓLIDOS: podemos citar alguns mecanismo de ruptura.


 Descargas parciais: ionização superficial e interna do isolante que é
destruído internamente por descargas ionizadas na superfície e
dentro das lacunas internas.
 Ruptura elétrica intrínseca: as altas solicitações no interior do sistema
isolante separam elétrons externos dos átomos. A corrente crítica
acontece repentinamente, resultando em uma alta descarga de arco.
 Ruptura térmica: ocorre quando um pequeno elemento não
homogêneo do sistema isolante tiver uma resistividade menor que o
restante do sistema. O aumento local da corrente é acentuado pela
temperatura alta e pelo coeficiente de resistência, e baixa
condutividade térmica. A energia de aquecimento desenvolve-se
rapidamente causando a degradação térmica.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 31

DIELÉTRICOS

Alguns materiais dielétricos: constante dielétrica e rigidez dielétrica.

Material Dielétrico Constante Rigidez


Dielétrica (k) dielétrica
(kV/cm)
Ar 1,0 30

Óleo mineral 2,1 80-200

Água 80,0 -
Quartzo fundido 3,9 600
Mica 5,4 600
Vidro 4-10 75-300
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 32

DIELÉTRICOS
FATORES QUE INFLUENCIAM A RIGIDEZ DIELÉTRICA

 Característica da tensão aplicada


 Ensaios em amostras de diversos materiais têm mostrado que a
curva de envelhecimento acelerado por tensão em CC em função
do tempo é relativamente horizontal quando comparada com a de
tensão em CA.
 Conclusão: Ensaio com CC é menos prejudicial que o mesmo
realizado com a tensão em CA.
 Fator de equivalência para sólidos: Vcc = 1,7 Vca.
 Fator de equivalência para gases e líquidos: Vcc = 1,42 Vca.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 33

DIELÉTRICOS
FATORES QUE INFLUENCIAM A RIGIDEZ DIELÉTRICA

 Tempo de duração do ensaio


 Ensaios de tensão aplicada submetem os dielétricos a esforços
significativos de fadiga.
 Se o tempo for prologando, pode ocorrer perfuração.
 Quanto maior for a tensão aplicada, menor será o tempo suportado
pelo dielétrico sem que ele sofra perfuração.
 Espessura do material
 A rigidez não é proporcional à espessura do material.
 À medida que a espessura aumenta, a rigidez dielétrica média é
reduzida.
 Temperatura
 Em geral, a rigidez diminui com o aumento da temperatura.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 34

DIELÉTRICOS
EXERCÍCIOS – PARTE I

1) Explique o que ocorre com um capacitor de placas paralelas a ar


submetido a uma tensão externa de valor conhecido ao se
introduzir outro material dielétrico entre as placas, nas seguintes
condições:
a) Mantendo-se a fonte de tensão nos terminais.
b) Retirando-se a fonte de tensão e conectando um voltímetro.
Sugestão: Considere o novo material com constante dielétrica
maior que a do ar.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 35

DIELÉTRICOS
EXERCÍCIOS – PARTE I

2) O que podemos afirmar sobre o valor resultante do campo elétrico


no interior de um material dielétrico em relação a sua intensidade
se o meio fosse o vácuo.

Sugestão: Considere a existência de dipolos no interior do material.


Introdução ao Estudo dos Dielétricos 36

DIELÉTRICOS
EXERCÍCIOS – PARTE I

3) Um isolamento é composto de dois isolantes dispostos conforme


apresentado no figura abaixo. Considerando que o isolante A
apresenta uma constante dielétrica 3 e rigidez dielétrica de 20
kV/mm e o isolante B tem constante 5 e rigidez dielétrica de 15
kV/mm. Determine o maior valor de tensão suportável pelo
isolamento.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 37

DIELÉTRICOS
CIRCUITO EQUIVALENTE DO DIELÉTRICO

Rp
Rs Cs

Circuito equivalente Cp
série
Rs: resistência série equivalente Circuito equivalente
Cs: capacitância série paralelo
Rp: resistência shunt equivalente
equivalente
Cp: capacitância shunt
equivalente
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 38

DIELÉTRICOS
CIRCUITO EQUIVALENTE DO DIELÉTRICO

 O que a capacitância representa?


 Energia acumulada no interior do material.
 O que a resistência representa?
 As perdas dielétricas que ocorrem durante os processos de
polarização.
 Então:
 Rs e Rp: representam as perdas dielétricas, ou seja, a parcela de
energia dissipada no dielétrico sob forma de calor.
 Cs e Cp: representam o carregamento do dielétrico, ou seja, a
parcela de energia acumulada no campo elétrico que é devolvida
ao sistema quando a fonte é retirada.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 39

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CC

O que acontece quando é aplicada uma tensão


contínua sobre o dielétrico?
 Surgem 3 correntes.

Corrente de carga (Ic): componente


responsável pelo carregamento da
capacitância natural do material (depende da
forma e das dimensões do espécime). Em geral,
essa corrente decresce rapidamente com o
tempo.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 40

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CC

 Surgem 3 correntes.

Corrente de absorção (Ia): componente


atribuída ao fenômeno de polarização das
interfaces heterogêneas do material (está
associada à presença de umidade na superfície
do espécime). Inicialmente seu valor é elevado e
decresce lentamente com o decorrer do tempo.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 41

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CC

 Surgem 3 correntes.

Corrente de dispersão (Id): componente que


representa a fuga pelo interior e superfície do
material, responsável pelas perdas dielétricas
(efeito Joule). Em geral, permanece constante ao
longo do tempo, mas, se houver um acréscimo de
valor, é sinal que o isolante está comprometido.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 42

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CC

Representação gráfica das correntes Ic, Ia e Id


Introdução ao Estudo dos Dielétricos 43

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CC

Representação das componentes no Circuito Equivalente


Paralelo

I Rp

Id 𝐼 = 𝐼𝑎 + 𝐼𝑐 + 𝐼𝑑

(Ia+Ic) Cp
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 44

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CC

 Observação: no circuito equivalente foi omitido o parâmetro


que representa as perdas por absorção dielétrica do
isolante. No entanto, essas perdas podem ser incluídas
com o acréscimo de um elemento resistivo no ramo do
capacitor.
R1
R1: representa as perdas
devido à componente de
dispersão.
R2 C R2: representa as perdas
devido à componente de
absorção.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 45

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CC

Resistência do Isolamento CC

𝑉𝑐𝑐
𝑅𝑖𝑠𝑜𝑙 =
𝐼

𝑅𝑖𝑠𝑜𝑙 : resistência do isolamento


𝑉𝑐𝑐 : tensão aplicada em corrente contínua
𝐼: corrente total resultante (𝐼𝑎 + 𝐼𝑐 + 𝐼𝑑)
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 46

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CA

Rp 𝐼 𝐼 = 𝐼𝑐 + 𝐼𝑟
𝐼𝑐

𝐼= 𝐼𝑐 2 + 𝐼𝑟 2

d 𝛿 = 90° − θ
θ
Cp
𝐼𝑟
𝐼: corrente resultante do circuito; 𝐼𝑐 : corrente pelo ramo capacitivo; 𝐼𝑟 :
corrente pelo ramo resistivo; 𝜃: ângulo de fase (entre a tensão aplicada e
a corrente resultante); 𝛿: ângulo de perdas (complemento do ângulo de
fase).
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 47

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CA

 Pelas características de um dielétrico, como mostrado no


diagrama fasorial, algumas observações podem ser feitas:
1) 𝐼𝑐 ≫ 𝐼𝑟 ⟹ 𝐼 ≅ 𝐼𝑐
2) 𝜃 ≫ 𝛿 ⟹ 𝜃 ≅ 90°

Considerando as relações entre as grandezas envolvidas:


𝑉
𝐼𝑐 = = 𝑉𝜔𝐶𝑝 , ω = 2𝜋𝑓
𝑋𝑝
𝑉
𝐼𝑟 = = 𝑉𝐺
𝑅𝑝
Xp: reatância capacitiva equivalente; f: frequência da tensão
aplicada; G: condutância shunt equivalente.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 48

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CA

 Fator de Dissipação (D):


𝐼𝑟 𝑉𝐺 𝐺 1 𝑋𝑝
𝐷 = 𝑡𝑎𝑛𝑔δ ⇒ 𝐷 = = = = =
𝐼𝑐 𝑉𝜔𝐶𝑝 𝜔𝐶𝑝 𝜔𝐶𝑝 𝑅𝑝 𝑅𝑝

𝑋𝑝
𝐷=
𝑅𝑝

 Fator de Potência (FP):


𝐼𝑟 𝑉𝐺 𝐺 𝐺 1 𝑋𝑝
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜃 ⇒ 𝐹𝑃 = = = ≅ = =
𝐼 𝑉 𝐺 + 𝜔𝐶𝑝 𝐺 + 𝜔𝐶𝑝 𝜔𝐶𝑝 𝜔𝐶𝑝 𝑅𝑝 𝑅𝑝

(G<<𝜔𝐶𝑝 )  Logo: 𝐷 ≅ 𝐹𝑃
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 49

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CA

em CA se devem, em geral, ao
 As perdas dielétricas
fenômeno da absorção dielétrica e variam em função
de diversas grandezas como: tensão aplicada,
frequência etc., dependendo das condições estruturais
do dielétrico.
 Os fatores de perda (D) e de potência (FP) medem o
grau de deterioração do dielétrico.
 Esse grau de deterioração é medido a partir do
conhecimento do percentual relativo de perdas, obtido
por meio de instrumento de testes/ensaios apropriados.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 50

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CA

 Fator de Perdas Dielétricas (Tgδ)


 As perdas dielétricas no isolante se devem ao trabalho realizado
com a aplicação de um campo elétrico externo de orientação
diferente da do material.
 O consumo de energia ocorre sob forma de calor, seja em CC ou CA.
 Essas perdas são medidas a partir de Tgδ.
 O cálculo de δ é feito considerando que se temos um dielétrico ideal
entre dois polos submetidos a um campo elétrico, o ângulo entre a
tensão e a corrente deve ser de 90°, sem perdas.
 No entanto, as perdas existem e são determinadas pelo ângulo
𝛿 = 90° − 𝜑, em que 𝜑 é o ângulo tensão/corrente.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 51

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CA

 Fator de Perdas Dielétricas (Tgδ)


 Quando as perdas dielétricas ultrapassam os valores admissíveis, há
um superaquecimento, o que pode afetar as propriedades isolantes do
material, e cada material tem o seu limite.
 As perdas dielétricas são influenciadas por diversos fatores:
 Tensão aplicada;
 Frequência;
 Temperatura;
 Umidade relativa do ar;
 Contaminantes (impurezas);
 Condições estruturais do material.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 52

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CA

Comportamento das perdas dielétricas com a temperatura


Introdução ao Estudo dos Dielétricos 53

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CA

Tabela com valores de referência para perdas dielétricas de alguns


isolantes

MATERIAL FATOR DE PERDA


DIELÉTRICA
(𝒇 = 𝟏𝟎𝟔 , 𝒕 = 𝟐𝟎° 𝑪)
Plástico úmido 0,660
Papel úmido para cabos 0,350
Óleo mineral 0,0002
Enxofre, parafina, sal 0,0001
Papel seco, vidro alcalino 0,01
Ceras 0,004 – 0,015
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 54

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CA

 As perdas no dielétrico em função de uma tensão aplicada


é dada por:

𝑃 = 2𝜋𝐶𝑉0 2 𝑡𝑔𝛿 ∝ 𝑘𝑡𝑔𝛿

em que:
P: perdas (W)
f: frequência (Hz)
𝑉0: tensão fase-terra (V)
𝑡𝑔𝛿: fator de perdas
k: constante dielétrica
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 55

DIELÉTRICOS
COMPORTAMENTO DO DIELÉTRICO EM CA

 Como mencionado, a elevação de temperatura pode


comprometer as propriedades isolantes do material, de
modo que cada material de uma temperatura limite.
 As temperaturas limites são a base da “classificação
térmica dos materiais isolantes”: norma PB-130 da
ABNT.
 Outros agentes redutores das características isolantes:
umidade, presença de carbono e de óxidos
(principalmente do óxido de ferro) e outros.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 56

DIELÉTRICOS
CONCLUSÕES

 Em CC:
 Como não há uma polarização periódica, a qualidade de
um isolante é caracterizada pelo valor de resistência
superficial e resistividade transversal.
 Em CA:
 As perdas dielétricas são caracterizadas considerando
outros fatores.
 Em geral, os agentes externos que podem afetar as
propriedades dielétricas do material são:
 Temperatura;
 Umidade superficial;
 Estado de sujidade do espécime.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 57

DIELÉTRICOS
CONCLUSÕES

 Os valores obtidos a partir de ensaios e testes de


resistência do isolamento e fator de potência ou de
perdas do isolamento devem um histórico.
 Esse histórico permite um diagnóstico do estado do
isolamento ou da condição de isolação baseado na
análise de tendência do comportamento desses
parâmetros de interesse ao longo do tempo.
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 58

DIELÉTRICOS
EXERCÍCIOS – PARTE II

1) Como se explica a tensão que aparece nos terminais de um


capacitor logo após a remoção do curto-circuito para descarregá-lo.
2) Quando aplicamos uma tensão contínua a um espécime dielétrico,
com umidade em nível elevado, que tipo de componente de corrente
é mais afetado?
3) Com relação ao ensaio de resistência do isolamento, responda:
a) Por que o ensaio deve ser realizado com uma tensão aplicada
de corrente contínua?
b) Obtenha as expressões para as componentes de corrente
obtidas no ensaio.
c) Mostre que, após decorrido o tempo suficiente de ensaio, a
resistência de isolamento tende para o valor da resistência do
circuito equivalente shunt.
d) Qual é o significado dos índices de absorção e polarização?
Introdução ao Estudo dos Dielétricos 59

DIELÉTRICOS
EXERCÍCIOS – PARTE II

4) Represente o circuito equivalente série de um dielétrico e o


correspondente diagrama fasorial representativo das grandezas
envolvidas quando da aplicação de uma tensão alternada.
5) No exercício anterior, obtenha as expressões para os fasores de
perdas e de potência em função dos parâmetros do circuito
equivalente.
6) Obtenha a expressão para as perdas dielétricas de um material
isolante em função da frequência da fonte de tensão CA.
7) O que representa um isolamento com baixo fator de potência e
qual o valor ideal?
8) Por meio do modelo de circuito equivalente shunt, mostre que
uma redução da resistência de isolamento acarreta em um
aumento do fator de potência do isolamento.

Você também pode gostar