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Cultivo e
Produção de Banana
João Alexio Scarpare Filho
Simone Rodrigues da Silva
Carlos Bernardo da Cruz Santos
Gabriel Novoletti
ESALQ-USP
1a. Edição, 2016
Piracicaba, SP
Casa do Produtor Rural
Av. Pádua Dias, 11 - Cx. Postal 9 • Bairro Agronomia • Piracicaba, SP
CEP 13418-900 • Fone (19) 3429-4178/3429-4200 • cprural@usp.br
1
Professor Associado - Departamento de Produção Vegetal - ESALQ/USP
2
Professora Associada - Departamento de Produção Vegetal - ESALQ/USP
3
Aluno de Graduação em Engenharia Agronômica - ESALQ/USP
4
Aluno de Graduação em Engenharia Agronômica - ESALQ/USP
Cultivo e Produção de
Banana
Piracicaba
2016
Agradecimentos
• Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária
• Diretoria da ESALQ/USP
• Comissão de Cultura e Extensão Universitária
• Serviço de Cultura e Extensão Universitária
• Casa do Produtor Rural
• Departamento de Produção Vegetal
• Aos funcionários do Departamento de Produção Vegetal: Éder de Araújo
Cintra; Antônio Carlos Fernandes; Aristides Lamatriz; Aparecido
Donizete Serrano; Juliano José Bellini e Naliel Duarte
• Departamento de Ciências Biológicas
• Ao funcionário Enio Tiago de Oliveira do Laboratório de Bioquímica e
Micropropagação de plantas
• Seção de Transportes da PUSP-LQ
• Seção de Transportes da ESALQ-USP
• À Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - APTA
• Aos funcionários Edson Nomura e Erval Rafael Damatto Junior da APTA
• À Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI: Casa da
Agricultura de Leme, Cordeirópolis e Tietê
• Aos Produtores Rurais: Benedito Ramos; Leonel Aparecido Graziani; José
Paiola; Valmir de Oliveira, Paulo Roberto Paschoal; Marcelo Ronir
Paschoal; Alex Rogerio Paschoal e João Paschoal
Apoio
• Programa Unificado de Bolsas
• Fundo de Fomento às Iniciativas de Cultura e Extensão da Pró-Reitoria
de Cultura e Extensão Universitária
• Comissão de Cultura e Extensão Universitária - CCEx
• Serviço de Cultura e Extensão Universitária - SVCEx
Índice
Introdução 7
Classificação botânica e cultivares
de bananeira 9
Cultivares diploides (AA) 12
Cultivares triploides (AAA) 12
Cultivares triploides (AAB) 14
Cultivares triploides (ABB) 15
Cultivares tetraploides (AAAB) 15
Aspectos morfofisiológicos da
bananeira 18
Caule (rizoma) 19
Gema apical de crescimento 19
Raízes 20
Folhas e brotos laterais 20
Pseudocaule 21
Inflorescência e formação do cacho 22
Nutrição,calagem e adubação 45
Calagem 45
Exigência nutricional da bananeira 46
Adubação 48
Fertirrigação 52
Tratos culturais 53
Desbaste 53
Desfolha 55
Técnicas culturais realizadas no cacho 56
Tutoramento 59
Colheita 60
Rebaixamento do pseudocaule 62
Pragas 63
Broca-do-rizoma ou moleque-da-bananeira 63
Broca-do-pseudocaule 65
Tripes 65
Nematoide carvenícola (Radopholus similis) 66
Doenças 68
Mal-do-Panamá 68
Sigatoka-amarela 70
Sigatoka-negra 71
Pós-colheita 72
Climatização 76
Bibliografia consultada 79
Cultivo e Produção de Banana 7
Introdução
A banana, cujo centro de origem é buindo para que o consumo anual
a região sudeste da Ásia, foi uma das da fruta seja em média de 12 kg por
primeiras frutas a serem domes- habitante. A banana possui as
ticadas pelo homem há mais de vitaminas A, B1, B2, B6, C, D, e é
4000 anos. No Brasil, há registros de rica em potássio. Uma banana
que a banana existia antes do contém 1/3 da quantidade de
descobrimento do país e que teria potássio exigida diariamente pelo
sido introduzida pelos chineses. homem, açúcares, fósforo, cálcio e
Atualmente a banana destaca-se ferro em quantidades superiores de
como uma das frutas frescas mais muitas outras frutas. Além disso,
produzidas e consumidas no mundo 100 gramas da polpa de banana
em razão de sua versatilidade, possuem aproximadamente 100
sendo uma importante fonte de calorias, o que evidencia seu
alimento pelo conteúdo em vita- elevado teor energético.
minas e minerais, além de ser A bananeira é cultivada em todo o
ofertada durante todo o ano. O sabor território nacional e tem significativa
e os aspectos nutricionais, presen- importância econômica. Em 2013, a
tes em sua composição, impulsio- banana ocupou o 12º lugar entre as
naram sua popularidade, contri- mais importantes commodities (mer-
8 Casa do Produtor Rural
Classificação botânica e
cultivares de bananeira
O botânico Linneu foi o primeiro a tentes são oriundas de hibridações,
classificar as bananeiras em quatro principalmente de duas espécies di-
espécies: Musa cavendishii, Musa plóides selvagens, a Musa acumina-
sapientum, Musa paradisiaca e Musa ta Colla e a Musa balbisiana Colla,
corniculata. Esta classificação tor- as quais possuem os genomas AA
nou-se obsoleta, pois não engloba- e BB. São diversas as diferenças
va todas as espécies de bananeiras entre essas espécies, algumas são
existentes no mundo. facilmente verificadas no campo
Na evolução das bananeiras co- como a cor do pseudocaule e a aber-
mestíveis, todas as cultivares exis- tura do canal peciolar (Figura 1).
10 Casa do Produtor Rural
C D
Figura 1. Diferenças entre as espécies Musa acuminata e Musa balbisiana A) Pseudocaule com
manchas marrons bem acentuadas (Musa acuminata) ; B) Pseudocaule verde com poucas
manchas marrons (Musa balbisiana); C) Canal peciolar aberto (Musa acuminata) ; D) Canal
peciolar fechado (Musa balbisiana)
Cultivo e Produção de Banana 11
Essas espécies possuem dois contam com 22 cromossomos. Teo-
conjuntos de número básico de ricamente essa evolução ocorreu em
cromossomos que é 11, e, portanto, cinco etapas.
AA - Ouro
AAA Cavendish Nanica, Nanicão, Grand Naine, Willian
AAA Gros Michel Gros Michel, Highgate
AAB - Maçã
AAB Prata Prata, Prata Anã, Catarina, Pacovan, Enxerto
AAB Terra Terra, Terrinha, Pacova, D’Angola
ABB Figo Figo Vermelho, Figo Cinza
Edson Nomura
Edson Nomura
As cultivares com genoma AAB
possuem menos manchas escuras
no pseudocaule, margens dos
pecíolos mais fechadas e eretas
quando comparadas com triploides
AAA evidenciando algumas caracte-
rísticas de Musa balbisiana.
Os grupos Prata e Terra possuem
esta constituição genética (AAB). As
cultivares representativas do primei-
ro grupo são: ‘Prata’, ‘Prata Anã’ (Fi-
gura 5) e ‘Pacovan’.
As cultivares Prata foram
introduzidas no Brasil pelos portu-
gueses, tornando-se tradicionais
no país. Esta cultivar possui altura
entre 4,5 e 5,5 m e folhas que se
Figura 3. Cultivar de bananeira ‘Grande Naine’ posicionam de forma mais ereta.
Sem irrigação esta cultivar produz
Edson Nomura
Edson Nomura
vido à firmeza da polpa.
Edson Nomura
poucas manchas escuras, folhas es-
curas, cerosas na face inferior e um
pouco caídas e o coração, que é a
inflorescência masculina, de grande
tamanho.
O grupo Terra abrange as cultiva-
res Terra e D’Angola. A ‘Terra’ pos-
sui porte alto de 4 a 5 m, por isso é
comum o uso de escoras para evitar
o tombamento da planta. A área
foliar é extensa, espessa e bem ás-
pera, com frutos bem grandes. A cul-
tivar D’Angola possui características
muito similares à ‘Terra’ sendo os fru- Figura 6. Cultivar de bananeira ‘FHIA 18’
16 Casa do Produtor Rural
Edson Nomura
ra 6) foi introduzida de Honduras e
apresenta semelhanças com a ‘Pra-
ta Anã’, além de apresentar resistên-
cia ao mal-do-Panamá e ser modera-
damente resistente a sigatoka-negra
e ao nematoide Radopholus similis.
A cultivar Pacovan Ken possui fru-
tos com atributos semelhantes a cul-
tivar Prata, tal como formato e sabor.
Seu cultivo destaca-se principal-
mente pela resistência a doenças.
A cultivar BRS Platina (Figura 7)
é outro híbrido tetraploide utilizado
Figura 7. Cultivar de bananeira ‘BRS Platina’
no Brasil, derivado do cruzamento
da ‘Prata-anã’ (Figura 5) com o
Edson Nomura
diploide M53, obtida pelo Programa
de Melhoramento Genético de Ba-
naneira da Embrapa. Esta planta
possui um porte médio e alto poten-
cial produtivo, que pode dobrar em
regiões com solos de alta fertilida-
de, embora apresente frutos com
baixa qualidade pós-colheita princi-
palmente pelas características de
menor firmeza e maior sensibilida-
de ao despencamento.
Também obtida pela Embrapa, a
cultivar BRS Princesa (Figura 8) é um
híbrido tetraploide do tipo Maçã com
características muito similares e por-
te um pouco menor, com a vantagem
de apresentar resistência a doenças.
Na Tabela 3 são apresentadas ca-
racterísticas das principais cultivares
de bananeiras plantadas no Brasil. Figura 8. Cultivar de bananeira ‘BRS Princesa’
Tabela 3. Características das principais cultivares de bananeiras plantadas no Brasil
PORTE
CACHO
CULTIVARES
RESISTÊNCIA A
RESISTÊNCIA A
RESISTÊNCIA AO
MAL-DO-PANAMÁ
SIGATOKA-NEGRA
GRUPO GENÔMICO
RENDIMENTO MÉDIO
SIGATOKA-AMARELA
UTILIZADOS (METRO)
(TONELADAS/HECTARE/ ANO)
Aspectos morfofisiológicos da
bananeira
A bananeira (Musa spp.) é um com uma estrutura constituída
vegetal monocotiledôneo e her- por raízes, caule (rizoma),
báceo, caracterizado por não pseudocaule, folhas, flores e fru-
apresentar um caule lenhoso, tos (Figura 9B).
ENGAÇO
PENCAS
RAQUE
PSEUDOCAULE
CORAÇÃO
A B
Figura 9. A) Constituição de uma bananeira jovem (sem cacho); B) Planta com cacho
Cultivo e Produção de Banana 19
Caule (rizoma)
O caule da bananeira, denomina- sável pela formação de folhas e ge-
do rizoma é subterrâneo e consti- mas laterais de brotação (Figura
tuído do córtex que é uma camada 10A). Na parte inferior do rizoma
externa de 3 a 5 cm de espessura estão inseridas as raízes (Figura
com função protetora e do cilindro 10B) que são formadas no cilindro
central, parte interna mais escura, central. A espessura do rizoma
onde são armazenados os fotoas- pode alcançar de 25 a 40 cm de
similados. Na parte superior do ci- diâmetro e seu peso de 6,9 a 11,5
lindro central do rizoma está a gema Kg, de acordo com a cultivar e es-
apical de crescimento, que é respon- tádio fenológico da planta.
CÓRTEX
CILINDRO
CENTRAL RAÍZES
A B
Figura 10. A) Constituição do rizoma da bananeira; B) Raízes da bananeira
B
Figura 12. A) Constituição de uma folha de
bananeira (bainha foliar; pecíolo;
limbo foliar; B) Emissão da folha
enrolada (vela) no topo do pseu-
Figura 11. Raiz de bananeira docaule
Cultivo e Produção de Banana 21
As bainhas das folhas mais exter- penhar a mesma função da gema
nas envolvem todo o pseudocaule apical e pode gerar um rebento que
na parte inferior, mas tornam-se me- apresenta de início folhas bastante
nos envolventes nas partes mais al- estreitas, de forma lanceolada, que
tas devido ao seu formato triangular recebe o nome popular de espada
completo. A gema lateral correspon- ou chifre (Figura 13A e 13B). Isso é
dente a esta folha fica localizada no devido à inibição hormonal que a
rizoma, bem no vértice da bainha, planta matriz exerce sobre o reben-
diametralmente oposta a abertura da to. Essa inibição vai diminuindo pro-
folha. Ao se aproximar da periferia gressivamente até que esse reben-
ela se desenvolve e passa a desem- to passe a emitir folhas largas.
Pseudocaule
O pseudocaule é um estipe, erro- superposição das bainhas foliares,
neamente confundido com o caule, que também atuam como vasos con-
que desempenha a função de supor- dutores de seivas, e nas plantas que
te, reserva energética e hídrica da já emitiram a inflorescência encon-
planta. Possui muitas fibras, forma- tra-se o palmito, que é o alongamen-
to cônico quando jovem e cilíndrico to do cilindro central do rizoma (Fi-
em plantas adultas. É formado pela gura 14A e 14B).
22 Casa do Produtor Rural
PALMITO
A B
Figura 14. A) Corte transversal do pseudocaule, destacando-se o palmito,
que é o alongamento do cilindro central do rizoma, envolvido pelas
bainhas foliares; B) Aspecto fibroso do “palmito” da bananeira
Inflorescência e formação
do cacho
A gema apical de crescimento so- raízes, gemas laterais de brotação)
fre diferenciação floral (Figura 15) para a fase reprodutiva (formação da
que é a mudança da fase inflorescência que irá resultar no
vegetativa (formação de folhas, cacho).
A B
C D
Figura 15. A) Início da diferenciação floral; B) Corte longitudinal da gema diferenciada
com flores femininas; C) Desenvolvimento das flores nos primeiros meses;
D) Desenvolvimento das flores semanas antes da emissão da inflorescência
Cultivo e Produção de Banana 23
Este processo ocorre, devido a são completas, porém, em algumas
uma série de fatores hormonais, ocorre a atrofia das anteras (flores
quando cerca de 60% das folhas ori- femininas) e em outras ocorre a
ginadas já se abriram para o exte- atrofia dos ovários (flores masculi-
rior e 40% continuam em desenvol- nas).
vimento no interior do pseudocaule. De início são formadas as flores
A partir daí a inflorescência desen- femininas que darão origem aos fru-
volve-se ao longo do interior do tos por partenocarpia (produção de
pseudocaule, por intermédio do frutos sem sementes) e depois as flo-
alongamento do cilindro central do res masculinas que são deiscentes
rizoma e forma o “palmito”, que é o (caem). O botão floral (coração da
pseudocaule e o pedúnculo da bananeira) é o conjunto de flores
inflorescência. masculinas ainda em desenvolvi-
A emissão da inflorescência ocor- mento com suas respectivas brác-
re em média de 3 a 5 meses após a teas, ou seja, é a gema apical já di-
diferenciação floral da bananeira, ferenciada que emergiu. Todas as
dependendo principalmente dos fa- partes que constituem a inflores-
tores climáticos (Figura 16). cência da bananeira que resultarão
no cacho estão na Figura 17A e 17B.
João Alexio Scarpare Filho
RAQUE
FLORES
FEMININAS BANANA
BRÁCTEA
FLORES FEMININAS
E MASCULINAS EM
DESENVOLVIMENTO
CORAÇÃO
A B
Figura 17. Constituição da inflorescência da bananeira: A) Inflorescência em desenvolvimento; B)
Inflorescência com as pencas de frutos já formadas
Cultivo e Produção de Banana 25
FILHO
NETO
A B
Figura 18. A) “Touceira” da bananeira formada pelas brotações laterais também denominadas de
rebentos; B) Condução da bananeira em “família” (planta mãe, planta filho e planta
neto)
Obs.: Após a colheita da planta mãe, a planta filho assume a sua posição, e a planta neto por sua
vez assume a posição da planta filho e, assim, sucessivamente.
Cultivo e Produção de Banana 27
Ciclos da bananeira: ciclo de
vida e ciclo de produção
O ciclo de vida da bananeira inicia- gicamente e são colhidos (Figura 19),
se com a brotação da muda e seu apa- verificando-se em seguida a seca
recimento ao nível do solo. Com seu de todas as suas folhas, quando se
crescimento há a formação da planta, diz que a planta morreu. Esse ciclo
que irá produzir um cacho cujos frutos pode ocorrer em dez meses ou se
se desenvolvem, amadurecem fisiolo- estender por até mais de 20 meses.
D E
Figura 19. Ciclo de produção da bananeira A) Brotação; B) Quatro meses da brotação: emissão de
rebentos; C) Seis a sete meses da brotação: início da diferenciação floral; D) Onze
meses após a brotação: emissão da inflorescência; E) Quinze meses após a brotação:
colheita
PLANTA
PLANTA MÃE
FILHO
Produção de mudas de
bananeira
A bananeira é formada pelo de- nova planta, apenas servirá como
senvolvimento de uma gema, que é um substrato que protegerá e forne-
constituída de tecidos meristemá- cerá as substâncias necessárias
ticos, cujas células indiferenciadas para que ocorra a brotação e o de-
multiplicam-se para formar toda a senvolvimento inicial da nova plan-
planta. Como as gemas da bananei- ta (Figura 21).
ra localizam-se no rizoma, é desse As mudas devem ser retiradas de
órgão que obtemos as mudas. Por- bananais produtivos, selecionando-se
tanto, para se obter uma muda de plantas de boas características ge-
bananeira basta selecionar um rizo- néticas, sadias e vigorosas. De acor-
ma ou parte dele que possua uma do com o tamanho, idade e a forma
ou mais gemas. O rizoma que acom- de utilização do rizoma, as mudas re-
panha a gema não fará parte da cebem diferentes denominações:
Cultivo e Produção de Banana 31
• Mudas de Rizoma Inteiro: Nesse
C D
Figura 22. A) Rebentos ou brotações laterais que serão utilizadas como mudas;
B) Uso do enxadão para retirada do solo ao redor da planta; C) Uso da
vanga para separar o rebento da planta mãe; D) Rebento que será
utilizado como muda de bananeira
32 Casa do Produtor Rural
CHIFRINHO
A B
CHIFRE
CHIFRINHO CHIFRÃO
C
B
Figura 24. A) Limpeza da muda retirando raízes
Figura 23. A) Identificação de mudas: chifrinho, e toda a parte necrosada do rizoma;
chifre e chifrão com o pseudocaule; B) Limpeza da muda retirando o
B) Identificação das mudas de pseudocaule; C) Muda de rizoma
rizoma sem o pseudocaule inteiro preparada para plantio
Cultivo e Produção de Banana 33
Como na área do bananal per- O processo de produção inicia-
manecem muitos rizomas de plan- se com a seleção e retirada de bro-
tas já colhidas é comum ocorrer tos laterais, da mesma maneira que
brotações isoladas. Essas brota- a descrita anteriormente para a ob-
ções como não têm a dominância tenção de mudas de rizoma. Após
da planta mãe, possuem folhas lar- a limpeza, esses rizomas são le-
gas e por isso são denominadas vados ao laboratório. Em seguida
“guarda-chuvas”. Embora seja ge- procede-se o isolamento da gema
neticamente idêntica às mudas de apical, em três sucessivas etapas,
folhas lanceoladas, não se reco- eliminando-se os restos de bai-
menda seu uso como muda devi- nhas foliares e o excesso do cilin-
do ao seu baixo vigor (Figura 25). dro central do rizoma. A primeira
etapa é realizada em área aberta
e as seguintes no laboratório, sen-
Casa do Produtor Rural – ESALQ/USP
C D
E F
Figura 26. A) Rizomas de plantas matrizes que serão utilizadas na micropropagação; B) Retirada
das bainhas que envolvem o interior do rizoma; C) Desinfestação do material; D)
Isolamento do ápice caulinar (gema); E) Ápice caulinar em meio de cultura; F) Mudas
micropropagadas
Cultivo e Produção de Banana 35
Aspectos edafoclimáticos
O cultivo da bananeira, planta ori- desenvolvimento da planta, assim
ginária de região tropical, depende como solos rasos e arenosos.
de aspectos edafoclimáticos favorá- Com relação à topografia, o ideal
veis, ou seja, edáficos (condições seria que o solo apresentasse
físicas e químicas do solo) e climáti- declividade de no máximo 8%, po-
cos (relativos a temperatura, umida- rém é comum o plantio da bananei-
de, radiação solar, entre outros) que ra em declividades superiores que
influenciam no desenvolvimento e dificultam mecanização, conserva-
na produção da bananeira. ção do solo e os tratos culturais.
Solo
O solo ideal para o cultivo da ba- Clima
naneira deve ser profundo, com boa Temperatura
fertilidade, de textura mista e bem A bananeira se desenvolve bem
drenado. Solos muito argilosos de- entre as temperaturas limites de
vem ser evitados por favorecer o 15oC e 35oC, sendo a ideal de 25oC.
acúmulo de água, prejudicando o Temperaturas abaixo de 15oC dimi-
36 Casa do Produtor Rural
Implantação da cultura
Densidade e espaçamento
A densidade e o espaçamento lidade do solo, os tratos culturais
de plantio a ser utilizado no culti- a serem utilizados como níveis de
vo da bananeira são de fundamen- adubação, irrigação e outros.
tal importância, pois é nessa esco- A densidade é o número de plan-
lha que se determina a precocida- tas por unidade de área e o espaça-
de e intensidade de competição mento é a distribuição espacial, ou
que se estabelece entre as plantas simplesmente o espaço destinado
pela luz, água e nutrientes, a qual à cada planta na área de cultivo. A
afetará o ciclo de produção, o ren- densidade utilizada na cultura da
dimento em t/ha/ano, a produção bananeira é bastante variável e
em t/ha e a qualidade dos frutos. pode ser classificada como baixa
Por essa razão é que na escolha em plantios de até 1600 plantas/ha,
da densidade e dos espaçamentos média quando variam de 1600 a
devem ser considerados o porte da 2500 plantas/ha e alta quando su-
cultivar, o clima da região, a ferti- periores a 2500 plantas/ha.
Cultivo e Produção de Banana 39
Plantios com baixa densidade são e) bananais plantados em menores
recomendados para bananeiras de densidades são mais longevos.
porte alto, enquanto que em plan- O plantio da bananeira pode ser
tios de cultivares de porte médio e feito em fileiras simples ou em du-
baixo são recomendadas densida- plas. Os espaçamentos são determi-
des médias e altas, respectivamen- nados pelas distribuições das plan-
te. De maneira geral, pode-se afir- tas na área de plantio e a área ocu-
mar que: a) plantios mais densos pada por planta está em função das
apresentam rendimento maior nos distâncias entre as fileiras e entre as
três primeiros anos; b) após o ter- plantas nas fileiras.
ceiro ano, os rendimentos se igua- a) Exemplo de espaçamentos
lam, pois o ciclo de produção (perío- para cultivar Nanicão (Musa spp.;
do entre a colheita do cacho da plan- AAA) de porte médio em plantio de
ta mãe e a colheita do cacho da plan- densidade média de 2000 plantas
ta filho) é maior em plantios mais por hectare:
densos; c) a qualidade dos frutos é Linhas simples: a distância entre
melhor em plantios menos densos; as linhas de plantio deve ser de
d) as falhas devido a morte de plan- 2,5 m e entre plantas, nas linhas,
tas é maior em plantios mais densos; de 2 m (Figura 27).
Linhas duplas: o plantio é feito em 2.450 plantas/ha) até 2,0 por 2,5 m
duas linhas equidistantes de 2 m (fi- (densidade média de 2.000 plan-
leiras duplas) e as plantas distribuí- tas/ha). Para fileiras duplas o plantio
das nessas linhas em forma de pode ser de 2 x 1,5 m sendo estas fi-
quincôncio a cada 2 m (triângulo). A leiras distanciadas a cada 4 m.
distância entre as fileiras duplas Para a cultivar Prata utiliza-se o
deve ser de 4 m (Figura 30). espaçamento de 3 x 2 m (densida-
Para a região do Planalto Paulista, de de 1.600 plantas/ha) até 3 x 3
os espaçamentos adotados para o m (densidade de 1.110 plantas/ha)
plantio em fileiras simples da cul- em fileiras simples, enquanto em
tivar Grande Naine e Nanicão são fileira dupla o espaçamento pode
de 2,4 m entrelinhas por 1,7 m en- ser de 2 x 2 m sendo estas fileiras
tre plantas (densidade média de distanciadas a cada 4 m.
42 Casa do Produtor Rural
Figura 30. Espaçamento em linha dupla para bananeira ‘Prata’ Larissa Giovanna Silva Barbieri
C D
Figura 31. A) Covas abertas para o plantio de bananeiras; B) Preparo da cova com calcário e
adubo; C) Mudas no centro das covas de plantio; D) Muda sendo coberta com terra até
5 cm de altura
44 Casa do Produtor Rural
C D
E F
Figura 32. A) Abertura mecanizada do sulco de plantio; B) Adubação química e orgânica e fechamento
do sulco; C) Abertura do centro do sulco com cavadeira; D) Plantio da muda; E)
Coroamento da muda; F) Irrigação da muda
Cultivo e Produção de Banana 45
Nutrição, calagem
e adubação
Calagem
O uso do calcário tem o objetivo do “azul da bananeira”, distúrbio fi-
de corrigir o pH do solo, diminuir os siológico causado pela deficiência
teores de alumínio e elevar a satu- de magnésio (Mg) e excesso de po-
ração das bases para 70%. Como a tássio (K). O calcário deve ser apli-
bananeira extrai, durante seu ciclo, cado ao solo cerca de 30 dias antes
muito potássio, as adubações reali- do plantio, pois precisa reagir com a
zadas nessa cultura devem ser ricas solução do solo. A aplicação é feita
desse elemento. Por essa razão é manual (Figura 33) ou mecanica-
recomendável o uso de calcário mente. Recomenda-se a aplicação
dolomítico, rico em cálcio e magné- em toda a área a ser cultivada. Em
sio, para manter o equilíbrio entre os seguida o calcário deve ser incorpo-
cátions, evitando assim a ocorrência rado com o uso de grades.
46 Casa do Produtor Rural
Exigência nutricional da
bananeira
A bananeira é uma planta herbá- ser observado é se os sintomas apa-
cea de grande porte, que em condi- recem generalizados ou em alguns
ções adequadas de clima apresen- pontos isolados, pois os problemas
ta um rápido desenvolvimento e nutricionais ocorrem generalizados
por essa razão requer alta taxa de na área. Os sintomas de problemas
absorção e extração de nutrientes. nutricionais aparecem em diferentes
Em ordem decrescente os elemen- partes das plantas, devido a mobili-
tos mais exigidos pela bananeira dade dos nutrientes. Há nutrientes
são: K > N > Ca > Mg > S > P > Cl > que são móveis, pouco móveis e imó-
Mn > Fe > Zn > B > Cu > Mo, cujas veis dentro das plantas, sendo assim
funções, assim como exigências os problemas nutricionais ocasiona-
nutricionais e sintomas de deficiên- dos pelos elementos móveis e pou-
cia e excesso constam na Tabela 4. co móveis aparecem nas folhas mais
Para avaliar se há realmente uma velhas, enquanto os elementos imó-
deficiência ou excesso nutricional em veis aparecem nas folhas mais jo-
plantas deve-se seguir alguns passos. vens. Outra característica de exces-
Primeiro deve-se verificar se há ocor- so ou deficiência de nutrientes é que
rência de pragas ou doenças, pois os sintomas nas plantas são simé-
nesse caso os sintomas foliares po- tricos, o que não ocorre em danos
dem ser semelhantes. Outro ponto a causados por pragas e doenças.
Tabela 4. Mobilidade* dos nutrientes na planta e sintomas de deficiência e excesso descritos em bananeira
NA
DOS
PLANTA
EXCESSO
DEFICIÊNCIA
MOBILIDADE
NUTRIENTES
SINTOMAS DE
SINTOMAS DE
NUTRIENTES
Menor crescimento da planta e frutos, queimadura nas bordas das Folhas mais velhas coriáceas,
Potássio (K) Móvel engaço e raque longos e grossos
folhas, atraso no aparecimento da inflorescência
Clorose generalizada e uniforme principalmente nas folhas mais Desprendimento das bainhas dos
Nitrogênio (N) Móvel velhas, roseta compactada (dificulta a emissão do cacho) pseudocaules
Folhas novas ásperas, onduladas, com manchas pardo-
Cálcio (Ca) Imóvel Não descritos
avermelhadas nas pontas
Clorose internerval nas folhas velhas, pecíolos com manchas
Magnésio (Mg) Móvel arroxeadas, que se ampliam, tornam-se arroxeadas e atingem a Não descritos
nervura principal
Enxofre (S) Pouco móvel Folhas jovens verde-pálidas e cachos pequenos Não descritos
Fósforo (P) Móvel Folhas mais velhas verde azulada Não descritos
Cloro (Cl) Móvel Crescimento reduzido, murchamento e desenvolvimento de Cloroses marginais e generaliza-
manchas cloróticas e necróticas da, plantas pouco desenvolvidas
Diminuição do crescimento das folhas e
Manganês (Mn) Pouco móvel Clorose internervura em folhas jovens, pontuações necróticas raízes, clorose em folhas jovens
Em folhas jovens apresentam clorose generalizada e coloração Necrose marginal em folhas
Ferro (Fe) Pouco móvel velhas
branco amareladas.
Folhas jovens estranguladas, frutos retorcidos e desenvolvimento
Zinco (Zn) Pouco móvel Não descritos
atrasado
Boro (B) Imóvel Deformação dos cachos, frutos menores e atrofiados Margens das folhas queimadas
Cobre (Cu) Pouco móvel Murchamento generalizado, folhas verde-escuro enrugadas Não descritos
Cultivo e Produção de Banana
móveis e pouco móveis) e nas folhas e órgãos mais novos (elementos imóveis)
48 Casa do Produtor Rural
A B
Figura 35. Adubação da bananeira em cobertura, distante aproximadamente 40 cm do rebento
seguidor, sinalizado (A; B)
50 Casa do Produtor Rural
Boro(B) Bórax 11
Ácido bórico 17
Cobre (Cu) Sulfato de cobre 22,5
Sulfato de ferro 19 a 23
Ferro (Fe)
Quelatos de ferro 5 a 14
Manganês (Mn) Sulfato de manganês 26 a 28
Quelato de manganês 12
Fonte: Moreira et al. (2001); Flori et al. (2009); Godoy et al. (2006); Teixeira et al. (1997)
Cultivo e Produção de Banana 51
Tabela 6. Composição de materiais orgânicos de origem animal e agroin-
dustrial (base úmida) que podem ser utilizados em bananeira
C N P K Ca RELAÇÃO
MATERIAIS
g/kg C/N
Fonte: Raij et al. (1997), adaptado por Erval Rafael Damatto Junior
Fertirrigação
Nesta técnica, os fertilizantes são de maior concentração de raízes, tor-
aplicados via água de irrigação, o nando a aplicação mais eficiente. A
que reduz gastos com mão de obra frequência da fertirrigação em bana-
e com o uso de máquinas e im- neiras deve ser de 3 a 7 dias, pois
plementos. O sistema de irrigação intervalos maiores requerem maior
via gotejamento é o mais indicado quantidade de adubos o que pode
para aplicar os adubos, pois a distri- resultar em aumento da salinidade
buição ocorre bem próximo à zona do solo.
Cultivo e Produção de Banana 53
Tratos culturais
Neste capítulo são apresentadas as nado pelo vigor ou pela melhor lo-
principais técnicas culturais recomen- calização, sendo que esta última
dadas para a cultura da bananeira. A deve permitir o caminhamento das
realização destas técnicas visa obter plantas em quadrantes ou na linha
boa produção de frutos de qualidade de plantio, sem alterar o espaça-
e demanda uma série de operações mento adotado.
para garantir o sucesso no cultivo. O desbaste é realizado utilizando
ferramentas denominadas penados
Desbaste (Figura 36C) ou facões que cortam
A técnica do desbaste é muito im- os brotos no nível do solo. Para evi-
portante, pois é por meio dela que tar a brotação da gema apical des-
se mantém a densidade de plantio ses rebentos, pode-se utilizar uma
do bananal. O desbaste consiste na ferramenta chamada “Lurdinha”,
retirada do excesso de rebentos ou um cano vazado que elimina a
brotações laterais. Para sua realiza- gema apical de uma única vez (Fi-
ção, respeita-se a condução das guras 36D; E) ou a ponta do pena-
plantas em família (Figura 36A e do, operação que deverá ser repas-
36B). O seguidor deve ser selecio- sada de 2 a 3 vezes até que não
54 Casa do Produtor Rural
B E
Figura 36. A ) Touceira de bananeira sem desbaste; B) Touceira de bananeira desbastada; C)
Penado para desbaste dos rebentos de bananeira; D) “Lurdinha”; E) Eliminação da
gema apical utilizando a “Lurdinha”
Cultivo e Produção de Banana 55
Desfolha
A técnica da desfolha permite folha pitoco, as que possam causar
manter o bananal bem arejado, faci- injúrias mecânicas nos frutos, as que
litando o controle de pragas e doen- estiverem impedindo entrada de luz
ças o que melhora o desenvolvimen- e ar no bananal assim como aque-
to das plantas e deve ser realizada las com sintomas de doenças (Figu-
constantemente no bananal. ras 37A; B; C; D; E).
A desfolha consiste na retirada de O corte das folhas é feito utilizando-
folhas secas, com baixa eficiência se um facão, faca, foice bifurcada ou
fotossintética e também de folhas penado (Figura 37F). O movimento
verdes que apresentem pecíolo que- deve ser de baixo para cima, no pecío-
brado ou limbo bem danificado por lo da folha, que deve estar bem rente
ventos ou geadas, que possam in- ao pseudocaule, sem que ocorra o
terferir no rendimento da planta, da rompimento das bainhas existentes.
C D
E F
Figura 37. A) Bananal com folhas velhas; B) Bananal após realização da desfolha; C) Retirada
de folhas velhas; D) Retirada da folha pitoco; E) Folhas doentes que devem ser
eliminadas; F) Penado utilizado para desfolha da bananeira
56 Casa do Produtor Rural
A B
Figura 38. A) Corte do “coração” da bananeira realizado manualmente; B) Cacho de banana sem o
“coração”
Cultivo e Produção de Banana 57
Despistilagem
Esta técnica consiste na retirada esta razão os produtores a execu-
dos pistilos, que são os restos flo- tam, após a colheita, na casa de
rais femininos secos, que permane- embalagem (Figura 40D).
cem na extremidade do fruto. Os
pistilos são abrigos de pragas como Ensaque do cacho
a traça-da-bananeira (Opogona O ensaque do cacho de banana é
sacchari) e fungos como Trachys- utilizado para melhorar a qualidade
phaera fructigena, precursor da dos frutos e é fundamental para
doença “ponta-do-charuto”, que de- aqueles destinados ao mercado ex-
preciam muito o fruto destinado à terno. Esta técnica protege contra
comercialização. A retirada dos baixas temperaturas, presença de
pistilos também é importante para tripes e outros insetos, evita ninhos
deixar a extremidade da banana de pássaros, presença de aranhas,
com um aspecto mais cheio, sem injúrias físicas oriundas do contato
cavidades, melhorando a aparên- de folhas com os frutos, o que me-
cia do fruto. lhora o desenvolvimento do cacho.
A despistilagem é realizada ma- Para a produção destinada ao mer-
nualmente com a ponta dos dedos cado interno, ainda é pouco utiliza-
(Figuras 40A; B; C) ou raspando a da devido ao alto custo operacional.
palma da mão sobre a extremidade Podem ser utilizados três tipos de
dos frutos, após a abertura de todas sacos de polietileno: os transparen-
as pencas. O custo operacional des- tes comuns que não são tratados
ta técnica no campo é muito alto, por quimicamente, indicados para locais
58 Casa do Produtor Rural
C D
Figura 40. A) Bananas com pistilos secos; B) Bananas despistiladas; C) Despistilagem realizada no
campo; D) Despistilagem realizada na casa de embalagem
Cultivo e Produção de Banana 59
Tutoramento
Tutoramento ou escoramento da quanto as varas de bambu são as
bananeira consiste em sustentar a mais usuais em pequenas áreas de
planta para evitar seu tombamento, plantio.
principalmente em solos declivosos. A execução é realizada amarran-
As principais causas do tombamen- do-se o fio de polipropileno na re-
to das plantas são: ocorrência de gião superior da planta (roseta foliar)
ventos fortes, cachos pesados, reti- e a outra ponta é presa a uma esta-
rada de rebentos de maneira desor- ca no chão ou no pseudocaule, ren-
denada e intenso ataque de pragas te ao solo, de outra bananeira que
como nematoides ou moleque-da- suporte o peso da planta tutorada
bananeira que afetam o desenvolvi- (Figura 42A).
mento do sistema radicular. Para o Já a vara de bambu deve ser co-
tutoramento pode-se utilizar o fio de locada entre a roseta foliar do
polipropileno ou a vara de bambu. pseudocaule e o solo, fornecendo
O fio de polipropileno tem baixo apoio necessário ao desenvolvimen-
custo, maior permanência na planta to da planta (Figura 42B).
e manejo relativamente simples, O tutoramento deve ser realizado
sendo muito utilizado em cultivos preventivamente em plantas cujos
destinados para exportação, en- pseudocaules comecem a inclinar
60 Casa do Produtor Rural
Colheita
O ponto mais propício para a co- ria de 90 a 150 dias devido princi-
lheita da banana leva em conside- palmente as diferenças climáticas
ração as características físicas dos que ocorrem nas estações do ano.
frutos, avaliadas pelo aspecto vi- A classificação dos estádios de
sual e o diâmetro dos mesmos. maturação para a colheita da bana-
Bananas do tipo Maçã, Prata, na são:
Pacovan e Prata Anã permitem que • Estádio magro (30 mm de diâme-
a detecção do momento ideal para a tro): bananas com desenvolvimen-
colheita seja feita através da verifi- to incompleto e quinas salientes;
cação do desaparecimento da angu- • Estádio 3/4 magro (32 mm): bana-
losidade e das quinas antes presen- nas com quinas salientes e super-
tes nos frutos. fície estreita e plana;
De maneira geral, a colheita de • Estádio 3/4 (34 mm): bananas ain-
bananas do grupo Cavendish da com presença de quinas, po-
(Nanica, Nanicão e Grande Naine) rém os lados são mais largos e li-
varia de acordo com os fatores cli- geiramente arredondados;
máticos, culturais ou idade do bana- • Estádio 3/4 gordo (36 mm): as ba-
nal. No Estado de São Paulo, o tem- nanas não apresentam quinas e
po de colheita para este grupo, va- as faces são arredondadas.
Cultivo e Produção de Banana 61
As bananas podem ser colhidas cacho fique sobre o ombro do
nos estádios 3/4 magro (32 mm) e colhedor, que pode utilizar travessei-
3/4 (34 mm) quando forem destina- ros de espuma como suporte (Figu-
das a mercados distantes e 3/4 gor- ra 43).
do (36 mm) e gordo (38 mm) quando Feito o corte no engaço, o cacho
forem para mercados próximos. é retirado do bananal para posterior
A colheita é realizada de forma transporte em cabos aéreos,
manual e é recomendável que seja carrocerias de caminhões adapta-
feita por duas pessoas, principal- das ou em carretas que disponham
mente em bananeiras que apresen- de um meio para pendurá-los. Os
tam um porte alto ou que tenham cachos também podem ser transpor-
cachos muito pesados. Nessas plan- tados em carrocerias almofadadas,
tas, faz-se primeiro um corte no meio devendo-se evitar danos aos frutos
do pseudocaule, para que ele se in- por atritos durante o percurso até a
cline lentamente, de modo que o casa de embalagem.
D DE
Figura 43. A) Bananas no ponto de colheita, caracterizado pela ausência de quinas; B) Corte
realizado no meio do pseudocaule para tombamento do cacho; C) Cacho sobre o ombro
do colhedor; D) Transporte do cacho em carretas almofadadas; E) Carrocerias de
caminhões adaptadas para o transporte dos cachos de banana
62 Casa do Produtor Rural
Rebaixamento do pseudocaule
Após a realização da colheita, sa parte, o mesmo deve ser corta-
parte do pseudocaule e a roseta do o mais próximo possível do solo
foliar são cortados e enleirados no e depois fracionado em várias por-
bananal com o objetivo de reciclar ções, de forma a dividí-lo em pe-
os nutrientes. A parte inferior é dei- quenas partes, para que fique bem
xada para que o rebento possa espalhado no local, incrementando
aproveitar os benefícios da seiva sua utilização como matéria orgâ-
nele contido. nica, devido a sua contribuição nos
Cerca de sessenta dias após a atributos físicos e químicos do solo
colheita, quando ocorre a seca des- (Figura 44).
C
Figura 44. A) Parte superior do pseudocaule sendo retirado logo após a colheita; B) Rebaixamento
total do pseudocaule após dois meses da colheita; C) Restos dos pseudocaules
colocados nas entrelinhas do bananal após serem cortados e picados
Cultivo e Produção de Banana 63
Pragas
Embora haja inúmeras pragas afe- soneca ou dorminhoco, ocorre em
tando a cultura, destaque para a bro- todas as regiões produtoras de ba-
ca-do-rizoma ou moleque-da-bana- nana.
neira, broca-do-pseudocaule, tripes da O inseto passa pelas fases de ovo,
ferrugem dos frutos, tripes da erupção larva e pupa antes de se tornar adul-
dos frutos e nematoide cavernícola. to, um besouro de cor preta, com
Detalhes sobre cada uma delas e méto- aproximadamente 1 cm de compri-
dos de controle são descritos abaixo. mento, que possui hábito noturno.
Durante o dia pode ser encontrado
Broca-do-rizoma ou moleque- em locais úmidos e sombreados, nas
da-bananeira touceiras e também nos restos cul-
A broca Cosmopolites sordidus, turais da bananeira. Quando toca-
conhecida popularmente como mo- dos, esses besouros fingem-se de
leque-da-bananeira, broca-do-rizoma, mortos.
64 Casa do Produtor Rural
Fernando Sakai
chos, utilizando saco impregnado ou
não com inseticida registrado no
MAPA. É interessante também elimi-
nar as plantas daninhas, por serem
hospedeiras do inseto.
Doenças
Embora haja várias doenças afe- cia do hospedeiro. Este fungo pode ser
tando a bananeira, nesta cartilha disseminado principalmente por mu-
serão abordadas informações sobre das contaminadas, água de irrigação,
o mal-do-Panamá, sigatoka-negra e máquinas e implementos agrícolas.
sigatoka-amarela que se destacam Internamente, num pseudocaule
como as principais. cortado, pode ser observada desco-
loração vascular pardo-averme-
Mal-do-Panamá lhada enquanto que externamente,
Esta doença é considerada a mais nas folhas, ocorre um amare-
severa, pois sua ocorrência afeta a lecimento progressivo das folhas
absorção e o transporte de água e mais velhas para as mais novas que
nutrientes para a parte aérea da culminam com a murcha, seca e
planta. É causada pelo fungo Fusa- quebra das mesmas junto ao pseu-
rium oxysporum f. cubense, que ha- docaule (Figura 49). Plantas afeta-
bita o solo e possui alta capacidade das por essa doença produzem ca-
de sobrevivência mesmo na ausên- chos e frutos menores, com matu-
Cultivo e Produção de Banana 69
ração irregular e antecipada, o que corrência entre os microrganismos
pode resultar na perda de todas as habitantes do solo, dificultando a
plantas em campo, principalmente em ação e a sobrevivência do patógeno;
cultivares suscetíveis como a ‘Maçã’. utilizar roçadeiras para eliminar plan-
Visando evitar o problema, é im- tas daninhas, pois capinas tanto ma-
portante saber se a área onde se nuais como mecânicas podem afe-
deseja implantar a cultura não pos- tar o sistema radicular e facilitar a
sui histórico de ocorrência da doen- disseminação do fungo.
ça; utilizar mudas sadias e livre de O controle mais efetivo da doen-
nematoides; corrigir o solo, pois al- ça ocorre quando se utiliza cultiva-
tos níveis de cálcio e magnésio con- res resistentes. Plantas sintomáticas
tribuem para reduzir a população do devem ser imediatamente erra-
patógeno; dar preferência a solos dicadas e no local das touceiras deve
com teores mais elevados de maté- ser aplicado calcário ou cal hidra-
ria orgânica, que aumentam a con- tada para desinfestar as covas.
Erval Rafael
Sigatoka-amarela
A sigatoka-amarela é uma doen- teriormente se coalescem, envoltas
ça causada pelos fungos Mycos- por um halo amarelado, compro-
phaerella musicola e Pseudocer- metendo uma grande área foliar, o
cospora musae. Há formação de que reduz a fotossíntese pela mor-
dois tipos de esporos, o ascósporo te precoce das folhas (Figura 50)
(sexuado) e o conídio (assexuado) e diminui a produção em termos de
que permite com que essa doença peso do cacho e tamanho dos fru-
cause grandes perdas à produção tos.
das bananeiras. Embora a chuva, o Para evitar que se forme um
orvalho e temperaturas altas sejam microclima úmido no interior do ba-
as condições ideais para que ocor- nanal, é importante realizar a práti-
ra a infecção, produção e dissemi- ca da desfolha, que favorece o au-
nação do inóculo da doença, como mento da aeração e também dimi-
a formação dos conídios independe nui a fonte de inóculo, pela retirada
da chuva, é possível manter níveis das partes afetadas. A utilização de
altos da doença, mesmo em perío- cultivares resistentes apresentado
dos secos. na Tabela 3 seria o método de con-
Observa-se entre as nervuras se- trole mais eficiente para esta doen-
cundárias, uma leve descoloração ça. Já o controle químico também é
circular que forma uma estria de cor realizado, devendo utilizar os
amarela que avança para marrom e fungicidas registrados e recomenda-
preta, formando lesões que pos- dos para a cultura disponível no site:
http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/!ap_praga_detalhe_cons?p_id_cultura_praga=3930 Clínica Fitopatológica – ESALQ/USP
http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/!ap_praga_detalhe_cons?p_id_cultura_praga=3928
72 Casa do Produtor Rural
Pós-colheita
Quanto mais exigente em quali- pode ser realizado manualmente
dade for o mercado de destino dos por carretas ou cabos aéreos.
frutos, maior deverá ser os cuida- Quando conduzidos por carretas,
dos com os cachos de banana, os cachos devem ser dispostos su-
após sua colheita. O ideal é que avemente, evitando choques entre
sejam transportados imediatamen- eles, protegidos por materiais como
te até o local de processamento e colchões de espumas, plásticos, lo-
embalagem. Porém, se não for nas ou mesmo folhas de bananei-
possível, os cachos devem ser co- ra. Os cachos dentro da carroceria
locados no solo sobre folhas de devem ser dispostos sem que haja
bananeiras, para depois serem o empilhamento, ou quando for
transportados. É importante salien- fazê-lo, colocar uma camada de pro-
tar que quaisquer atritos que os fru- teção entre os mesmos visando ga-
tos ainda verdes sofram, prejudica- rantir a qualidade dos frutos.
rão sua qualidade, principalmente A outra modalidade de transpor-
quando maduros. O transporte te é por cabos aéreos, o qual reduz
Cultivo e Produção de Banana 73
ao mínimo os prejuízos aos cachos. buquês são transferidos para um se-
Este processo consiste na instala- gundo tanque, visando a cicatrização
ção de cabos de aço apoiados so- dos cortes, contendo sulfato de alu-
bre vigas metálicas que ligam o ba- mínio na concentração de 1% em
nanal até o local de embalagem. Há mistura com água (Figura 52).
variações desse método, como o Em seguida é feita a classificação
transporte de cachos em carrocerias que segue alguns padrões como: a)
de caminhões adaptadas. por grupo, sendo Grupo I bananas
Na casa de embalagem os cachos Cavendish (Nanica, Nanicão, Gran-
são pendurados em fileiras. Os pri- de Naine etc) e Grupo II (bananas
meiros cuidados são realizados com Prata, Maçã e outras); b) por classes
a limpeza de restos vegetais e com que é de acordo com a apresenta-
o despistilamento. Após essa limpe- ção em buquê e pencas, comprimen-
za é feita a despenca. Em seguida to e diâmetro dos frutos; c) pela ca-
as pencas são transferidas para a tegoria e tipo, que leva em conta a
imersão em tanques de lavagem, qualidade dos frutos, principalmen-
que contenham uma proporção de te a presença de defeitos.
1000 l de água e 500 ml de deter- Feita a classificação, os frutos são
gente. Para alguns mercados, as embalados de acordo com a deman-
pencas são subdivididas em bu- da do mercado de destino e a forma
quês, que devem preferencialmente de comercialização. São diversos os
ter de 4 a 6 frutos unidos pela almo- tipos de embalagens usadas para a
fada. Após esta primeira lavagem, os banana (Figura 53).
74 Casa do Produtor Rural
C D
E F
G H
Figura 52. Etapas de pós-colheita na casa de embalagem: A) Recepção; B) e C) Despistilamento;
D) Despenca 1; E) Confecção de buquês; F) Buquês de banana; G) Classificação; H)
Lavagem e embalagem
Cultivo e Produção de Banana 75
C D
Figura 53. Tipos de embalagens: A) Caixa de madeira; B) e D) Caixas de plástico; C) Caixas de
papelão
76 Casa do Produtor Rural
Climatização
A banana é colhida ainda verde, mento é desuniforme. Por essa ra-
porém quando já atingiu o estádio zão é necessário realizar a clima-
de maturação fisiológica. Como tização, que é o processo controla-
essa fruta é climatérica ela continua do do amadurecimento dos frutos.
respirando, sofre transformações e Portanto, após a banana ser classi-
atinge o amadurecimento. Durante ficada e embalada, ela deve ser ar-
esse processo ocorrem várias trans- mazenada ou climatizada (amadure-
formações nos frutos, dentre elas a cimento controlado).
transformação do amido em açúca- O armazenamento é feito em câ-
res. A banana no ponto de colheita maras frigoríficas, com isolamento
apresenta cerca de 90% de amido, térmico das paredes, hermeticamen-
e quando madura o amido cai para te fechadas e com temperatura con-
cerca de 5 a 10% e os açúcares so- trolada, 13 a 14 o C. Nessas condi-
bem para cerca de 80%. Porém, para ções, as câmaras rapidamente ficam
a maioria das cultivares comerciais, saturadas de gás carbônico, libera-
o processo natural de amadureci- dos pela respiração das frutas, e
Cultivo e Produção de Banana 77
impedem o amadurecimento das Recomenda-se em média 1 ml
bananas. Quando exportadas, as do produto comercial (gerador de
frutas são acondicionadas em con- etileno) para cada metro cúbico de
taineres com essa temperatura, e câmara que deve ser aplicada em
suportam períodos de até 30 dias, intervalos de 24 horas durante um
nessas condições. período de três dias. A cada 12 ho-
A climatização é realizada tam- ras após a aplicação do etileno a
bém em câmaras frigoríficas. A tem- câmara deve ser aberta para a re-
peratura ideal, nessa câmara, para novação do ar, com o objetivo de
o amadurecimento das bananas, é aumentar o teor de oxigênio e as-
em torno de 18oC. Temperaturas aci- sim, as bananas continuam respi-
ma de 22oC, causam problemas na rando e completam o processo de
conversão do amido em açúcares, maturação. Cerca de 3 dias após
as cascas ficam esverdeadas e a a primeira aplicação de etileno as
polpa com pouca firmeza. Tempe- bananas apresentam-se amarelas
raturas abaixo de 16 o C provocam com as pontas verdes, cor ideal
amadurecimento e coloração desu- para a distribuição aos varejistas.
niformes. As câmaras devem ter tam- Todo esse processo sofre varia-
bém uma unidade de aplicação de ções de acordo com a temperatura
produtos que liberem etileno (Figu- da câmara, cultivares etc. Por essa
ra 54). É recomendável que a umi- razão, na prática, recomenda-se
dade relativa das câmaras seja de que o produtor monitore constan-
85 a 90%. As caixas de bananas temente o processo de clima-
devem ser colocadas em pilhas, de- tização, pois por maior cuidado que
vidamente identificadas e que per- possa ter tomado, a câmara não
mitam a circulação do ar. apresentará uniformidade em
toda sua área. Com relação ao
Casa do Produtor Rural – ESALQ/USP
Ao se utilizar o gás etileno é in- dutos que contém etephon. Deve ser
dicado uma câmara frigorífica her- feito em locais arejados e com tempe-
meticamente fechada para a raturas amenas (máximo de 20oC). A
climatização (Figura 55), devido concentração da solução deve ser de
ao indutor ser um gás. Também é 0,5 ml por litro (500 ppm). As pencas
importante no processo a circulação devem ser imergidas nesta solução
do ar pelas caixas na câmara. A dis- durante dois minutos. Após, as pen-
posição do empilhamento das cai- cas são colocadas para secar. Como
xas deve ser de maneira a facilitar a não há controle de temperatura, é co-
circulação de ar entre as mesmas, mum nesse processo, ocorrer a que-
evitando a compactação. da dos frutos quando eles são ma-
A maturação pode ser realizada nuseados, o que também é observa-
com imersões em soluções com pro- do quando se aplica doses maiores.
C D
Figura 55. A) Vista externa da câmara de climatização; B) Vista interna da câmara de climatização;
C e D) Bananas em climatização
Cultivo e Produção de Banana 79
Bibliografia consultada
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ALVES, E.J. (Org.). A cultura da www.agencia.cnptia.
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socioeconômicos e agroindustriais. arvore/
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80 Casa do Produtor Rural