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MÓDULO CONTROLE DA INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA

SEMINÁRIO IV – IMUNIDADE E NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO

Aluno: Bruno Bezerra Amaro

Rio de Janeiro – RJ
2019
SEMINÁRIO IV – IMUNIDADE E NORMAS GERAIS DE DIREITO
TRIBUTÁRIO

1. Que é imunidade tributária? Diferençar imunidade, isenção, não incidência e


incidência tributária. O conceito de imunidade tributária pode ser aplicável às
taxas, às contribuições e as contribuições de melhoria?
Imunidade tributária é a exclusão da competência dos entes federativos para
instituir tributos prevista no texto constitucional.
Enquanto a imunidade inibe a produção da norma tributária por disposição
constitucional, a isenção denota a vontade do ente federativo em não cobrar o tributo, e
isso por expressa disposição legal.
A não incidência identifica um campo onde a tributação não é aplicável, e a
incidência tributária demonstra a subsunção do fato à norma.
A Constituição Federal, ao dispor sobre imunidade, trouxe ao seu alcance
apenas impostos e as contribuições, não sendo aplicáveis, portanto, às taxas e às
contribuições de melhoria.

2. As imunidades são cláusulas pétreas na Constituição Federal? Uma Emenda


Constitucional pode revogar alguma das imunidades dispostas na Carta Magna?
As normas constitucionais que veiculam imunidades são autoaplicáveis ou
dependem de regulamentação infraconstitucional?
As imunidades previstas no texto constitucional estão diretamente ligadas a
direitos fundamentais dos contribuintes, seja direta ou indiretamente, e se traduzem em
verdadeiras limitações ao poder do Estado de invadir o patrimônio privado, sendo sim
cláusulas pétreas, e, assim, tornando inviável a sua revogação por emenda
constitucional.

Justamente por ser uma limitação ao poder de tributar, seria uma incoerência
que sua aplicabilidade dependesse de regulamentação infraconstitucional.
3. Na sua opinião, são imunes:
(a) quanto ao ISS: os serviços de guarda e estacionamento de veículos automotores
prestados por entidades religiosas (vide anexos I e II);
Depende. A liberdade religiosa é um direito fundamental do cidadão garantido por
nossa Constituição Federal, e refletido na imunidade concedida pelo artigo 150, inciso
VI, alínea “b” do texto constitucional.
Desse modo, os valores arrecadados pelas entidades religiosas naturalmente serão
imunes, quando revertidos nas finalidades institucionais.
(b) quanto ao IPTU: o imóvel destinado à locação, pertencente à mesma entidade
(vide anexo III); e os cemitérios particulares (vide anexo IV);
Depende. Seguindo a coerência da justificativa acima, quando o valor arrecadado com a
prestação de serviço for reinvestido nas finalidades institucionais para as quais foi
fundada, será imune a entidade.
(c) quanto ao ITR: as áreas de reserva indígena (vide STF, Petição n. 3388, DJ
04/02/14);
Sim. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União, porém os
índios têm a posse permanente, a título de usufruto especial. Essas terras são
inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas imprescritíveis. Por conseguinte,
são imunes do ITR as áreas tradicionalmente ocupadas pelos índios.
(d) quanto aos serviços prestados por empresas públicas no regime de
concorrência (vide anexos V);
Não. Por disposição expressa constitucional (artigo 173, § 2º), as empresas públicas no
regime concorrencial não podem obter vantagem fiscal não concedida às empresas
privadas.
(e) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia mista
(vide anexo VI e VII);
Sim. Os serviços públicos prestados por sociedades de economia mista gozam da
imunidade recíproca, pois tal exoneração fiscal diz respeito ao interesse público, e ao
exercício de uma atividade fundamental que deveria ter sido prestada pelo Estado.
(f) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia mista
cujas ações sejam negociadas na bolsa de valores (vide anexo VIII).
Sim. Nos termos acima, a imunidade é concedida em virtude da natureza do serviço
prestado.
Justifique suas respostas.

4. Considerando a imunidade recíproca, responda:


(i) o fato de um imóvel de propriedade do ente público ter seu uso transferido a
particulares gera repercussão direta na manutenção da imunidade? (vide anexo
IX, X e XI);
Sim. Caso seja transferido para particular que exerça a exploração de atividade
econômica com o intuito de obter lucro, o tributo é devido, sob pena de configurar
concorrência desleal. Caso o uso seja transferido para particular que exerça função sem
finalidade lucrativa, não incide o imposto.
(ii) um automóvel alienado fiduciariamente por instituição financeira a município
está imune ao IPVA? (vide RE 7271851 MG, disponível em www.stf.jus.br).
Não. Na alienação fiduciária o bem é de propriedade da instituição financeira, sendo
certo que é um contrato reversível. O Município tem apenas a posse do bem, prevista
contratualmente.
5. Como deve ser interpretado o disposto no art. 150, VI, “d” da CF: “livro, jornais
e periódicos e o papel destinado a sua impressão”. Pode-se dizer que livros e
periódicos eletrônicos (“ebooks”), bem como o material utilizado para sua
comportá-los (“e-book readers”) são imunes com fundamento neste dispositivo? E
os Tablets? (Vide anexos XII e XIII e considere para sua resposta, os fundamentos
utilizados pelos Ministros do STF no julgamento dos RE 330.817 e RE 595.676)
A Contemporaneidade da Constituição Federal se dá também através do modo de
interpretação. Assim, entendendo que a finalidade da imunidade concedida aos livros e
periódicos se destinava à proteção e garantia dos direitos fundamentais à informação e
educação, é certo que a imunidade deve ser estendida aos ebooks bem como ao material
utilizado unicamente para este fim.
Os tablets, entretanto, tem o acesso a esses conteúdos como finalidade secundária, não
sendo extensível a interpretação da imunidade para tanto.

6. No caso da imunidade para as instituições de assistência social sem fins


lucrativos, o cumprimento do art. 14 do CTN é suficiente para garantir sua
aplicação ou ainda é necessária a comprovação do caráter assistencial e
filantrópico previsto no art. 203 da CF/88? É possível que lei ordinária garanta sua
aplicação? (Vide anexo XIV)
Para o gozo da imunidade prevista no texto constitucional às instituições de assistência
social sem fins lucrativos, devem comprovar seu caráter assistencial ou filantrópico pela
apresentação do seu contrato social, e atender aos requisitos do artigo 14, do CTN.
A aplicação da imunidade está sempre condicionada ao que estiver previsto em lei
complementar, sendo inconstitucionais as disposições nesse sentido trazidas por lei
ordinária, nos termos do artigo 146, da Constituição Federal.

7) Explicar as diferenças entre as correntes dicotômica e tricotômica na aplicação


das normas gerais de direito tributário. Precisar o sentido da expressão “normas
gerais de direito tributário”, diferenciando lei complementar nacional e lei
complementar federal.
Para a corrente dicotômica, os incisos do artigo 146 da CF não podem ser interpretados
de forma isolada, servindo, ao final, para estabelecer normas gerais em direito tributário.
Estas normas gerais teriam assim a finalidade de dispor sobre conflitos de competência
ou regular limitações ao poder de tributar.
Já a corrente tricotômica defende a ideia de que a lei complementar prevista no artigo
146, da CF tem a tríplice função de dispor sobre conflito de competência entre as
pessoas políticas em matéria tributária, regular as limitações constitucionais ao poder de
tributar e estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária.
8) O art. 146, inciso III, da CF, autoriza a lei complementar a definir os fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes dos impostos já discriminados na
Constituição? Isso não violaria o princípio da autonomia das pessoas políticas?
Considerar as recentes decisões proferidas pelos Ministros do STF no RE 566.622 e
ADI´s 2028, 2036, 2228 e 2621.
Quando a lei complementar editada se prestar a resolver conflitos de competência em
matéria tributária, há a regular utilização da ferramenta constitucional, no entanto,
quando ultrapassar tais parâmetros para arbitrar fato gerador, base de cálculo e
contribuintes do imposto, certamente violará a autonomia das pessoas políticas.

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