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Delinquência: privações psicossociais na primeira e segunda

infância

Introdução

Este artigo analisa, a partir das referências conceptuais dos modelos psicodinâmicos,
sistêmicos e sociológicos, os resultados obtidos numa pesquisa efetuada com uma amostra
constituída por 45 jovens do sexo masculino com idades compreendidas entre os 16 e os 25
anos que à data da sua realização cumpriam pena privativa de liberdade no Estabelecimento
Prisional de Leiria.

As considerações de natureza teórica que divulgamos no presente artigo, a análise


descritiva do questionário psicossocial que efetuamos aos reclusos bem como a abordagem de
outras questões fundamentais da Delinquência nas suas dimensões biopsicossociais, que nos
conduzem à compreensão da psicossociopatologia do indivíduo delinquente, encontram-se no
intitulado "Os Filhos da Privação" (A Relação entre as privações na primeira e segunda infância
e o evoluir para patologia delinquencial) apresentado como Dissertação de Mestrado em
Psicologia Clínica do Desenvolvimento à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da
Universidade de Coimbra.

Na estreita ligação que existe entre o estrato da realidade que constitui a amostra e o
aparelho conceptual que privilegiamos percepcionamos a temática da Delinquência Juvenil
como sendo um fenômeno dialético que deve ser compreendido numa óptica psicossocial e
interdisciplinar dado que a sua análise liga-se a questões da patologia mental e social; neste
sentido justifica-se um particular interesse pela complexidade do significado desta "forma de
adoecer".

Neste contexto, inscrevemos o presente artigo num amplo estudo dos fatores
psicossociais que envolvem a gênese da Delinquência Juvenil, sem menorizar a complexidade
da questão nem pela relatividade sócio-jurídica do conceito nem pela frequente dificuldade de
distinção entre o que é patológico e o que é crise desenvolvimental e visualizamos a
Delinquência Juvenil numa dupla polaridade que abrange duas realidades que se unem uma à
outra: a primeira interrelaciona-se com o âmbito da Psicopatologia do Desenvolvimento, ou
seja, a vida psicológica onde o foco de atenção é o indivíduo autônomo da realidade
envolvente; a segunda refere-se ao Outro, isto é, ao grupo social, entendendo este como uma
realidade independente dos sujeitos que o formam e que estabelecem normas.

Ontem como hoje, a família não pode deixar de ser a estrutura fundamental que molda o
desenvolvimento psíquico da criança, uma vez que é, por excelência, o local de troca
emocional e de elaboração dos complexos emocionais, que se refletem no desenvolvimento
histórico das sociedades e nos fatores organizativos do desenvolvimento psicossocial. Por isso,
torna-se importante o estudo das eventuais variações psicológicas provenientes das
modificações decorrentes no agregado familiar sem desprezar o enquadramento espacial do
mesmo: o meio físico, cultural e social.

Os inúmeros estudos antropológicos e etnológicos com interessantes perspectivas


transculturais dos quais destacamos, entre outros, os de MARGARET MEAD, RUTH BENEDICT,
KARDINER e MALINOWSKI (cit. Malpique, 1990) têm revelado, que nas sociedades ditas
primitivas, são determinantes a influência dos modelos socioculturais na família e na criança
ao longo do seu desenvolvimento. Aqueles interferem não só na estruturação da sua
personalidade e adoção dos papéis sexuais, como na valorização dos mecanismos de
identificação subjacentes ao desenvolvimento da criança no seu meio cultural.
Os estudos de orientação sociológica, demonstram que as evoluções ocorridas, sobretudo
as profundas transformações na família (ao nível da distribuição dos papéis parentais) fizeram-
se sentir especialmente nos meios urbanos dos países industrializados.

A família teve necessidade de se reequacionar em face de questões como: a necessidade


de mobilidade geográfica do meio rural para o urbano; a emigração; o acesso da mulher ao
mercado de trabalho; a maior liberdade sexual e a formação de novos tipos de família.

A liberalização dos costumes, apesar de, na opinião de alguns, poder estar imbuída de
aspectos negativos, teve a capacidade de trazer para o núcleo familiar uma nova ordem visível
em termos sociais, por exemplo: no desempenho de novos papéis impostos ao homem e à
mulher, no nível da competência enquanto agentes capazes de transmitir valores sociais e
culturais essenciais, a linguagem e o simbólico e como unidade responsável e catalizadora de
todos os processos mentais, isto é, de na e pela relação transmitir afetos e emoções
determinantes para o desenvolvimento e crescimento do indivíduo.

A complexidade e riqueza dos contributos provenientes das áreas do conhecimento


referidas ocasionaram profundas transformações de que somente traçamos um breve esboço,
pois estas linhas são insuficientes para o fazer, dada a amplitude que envolve e exige uma
abordagem desta natureza .

No entanto, não podemos deixar de salientar que ambas acabam por destacar no Homem
duas vertentes: uma a da realidade psíquica, outra a da realidade externa, que se expressam
no comportamento e organização social. Mas este Homem de que falamos é "aquele que entre
as espécies (...) vem ao mundo com maior imaturidade, (...) tem a infância mais longa, (...)
traz (...) mais potencialidades evolutivas e que mais fica dependente do estímulo dos
progenitores" (Malpique, 1990).

De fato, nos finais do século XX, as funções materna e paterna (independentemente de


estarem ou não estritamente ligadas pelo elo biológico) continuam indissociavelmente ligadas
ao desenvolvimento do ser humano, abrangendo este o funcionamento do aparelho psíquico, a
vida relacional, a sociabilidade e a cultura.

Por tudo isto, se justifica o interesse que, atualmente, continuam a ter os estudos sobre
as funções dos progenitores no desenvolvimento psicossocial da criança e do adolescente e a
necessidade de reavaliar o papel daqueles a nível familiar e social bem como o seu peso na
construção equilibrada do futuro adulto.

Cabe, classicamente, à função materna assegurar os primeiros cuidados de sobrevivência


física e estimulação psicológica necessária e indispensável à formação do Eu (relação de
objeto). A função desta é instrumental, pois, através dela poderão ser transmitidas
competências de autonomia pessoal, sensibilidade às relações interpessoais e ser adquiridas,
pela relação que estimula na díade, aquisições como a linguagem e a comunicação.

A função paterna, por seu torno, possibilita uma nova dimensão quer em termos de
funcionamento psíquico quer de inserção social. Representa exigências de comunicação social,
isto é, o pensamento lógico, a linguagem escrita, e veicula as interdições morais, regras de
vida em sociedade, aprendizagem de técnicas e valores culturais.

Ambas (função materna e paterna) são no aspecto dinâmico importantes à estruturação


do aparelho psíquico, sendo a triangulação da relação (conflito edipiano) o organizador
fundamental com vista à evolução maturativa, dado que implica a identificação sexual, o
acesso ao simbólico, à linguagem e ao pensamento lógico que na criança (entre os 4-5 anos)
deverão estar incutidos, uma vez que são determinantes para todas as aquisições futuras.

Porque o interesse pela reavaliação do papel das figuras parentais no desenvolvimento


psicológico é cada vez maior e porque se sente necessidade de analisar o papel dos pais na
família e na sociedade, partimos para a elaboração desta análise com base no enquadramento
referido, dado que na gênese da temática delinquencial se debatem este tipo de questões.

A problematização do assunto a analisar visa um tríptico de vetores que paulatinamente


serão expostos e, tanto quanto possível, devidamente articulados. Estes têm por fim último
apoiar a idéia fundamental que se centra na fragilização e distorção grave dos anéis familiares
quer a nível macroscópico quer microscópico, característica das famílias com uma estrutura de
natureza delinquente.

A nível microscópico, é nítida a fragilização e distorção dos anéis familiares uma vez que
a dissociação a nível psico-afectivo é visivelmente marcante. Esta dissociação constata-se pelo
elevado número de pais ausentes quer pela separação, divórcio, morte e até, se bem que em
número reduzido, pela emigração.

Para além destes devemos considerar, ainda, os pais que estando legalmente casados
estão, no entanto, separados e/ou divorciados emocional e afetivamente. Entre estes os
conflitos são constantes, o que produz tanto ou mais consequências nefastas que a separação
concretizada, mas também o são os conflitos dos pais para com os filhos.

Existe um conjunto de constatações que interferem no desenvolvimento harmonioso do


indivíduo, sendo o principal a apresentar o problema dos transtornos das identificações
(principalmente com a figura masculina) e naturalmente, com a constituição do Super-Eu.

O trabalho que realizamos, baseado na análise das variáveis do questionário psicossocial,


investigou especialmente a realidade passada, presente e um pouco das expectativas a curto
prazo de jovens que cumprem pena privativa de liberdade, isto é, as condições psicossociais
que diretamente estão ligadas não só à aquisição da identidade como ao modo como se
processaram e processam as identificações.

Torna-se oportuno explicitar o conceito de identificação como forma de o ligar aos


resultados encontrados. Assim, entendemos por identificação "o processo psicológico pelo qual
um indivíduo assimila um aspecto, uma propriedade ou um atributo de outro e se transforma
total ou parcialmente segundo o modelo daquele" (Laplanche e Pontalis, 1968).

Numa perspectiva desenvolvimental, a identificação efetua-se com objetos privilegiados e


a personalidade constitui-se através de um processo de diferenciação, mediada por uma série
de identificações.

Salientamos, em primeiro lugar, a identificação que é interiorizada sob a forma de


identificações primárias. Estas relacionam-se com o objeto maternal em termos de uma
relação em que o afeto, imagens e recordações funcionam como partes da relação com a
mãe .

Em segundo lugar, destacamos as identificações secundárias que dependem da coerência


e valor da qualidade da figura paterna interiorizada (sob a forma de identificação) na época do
vivido edipiano. É na relação da criança com a mãe, que esta, pelo seu discurso e imaginário,
veicula a figura paterna e cria a distância afetiva para o estabelecimento da triangulação. O
reconhecimento do pai conduz, para além das gratificações pela sua presença real e interação,
a um desenvolvimento psicológico mais elaborado do Eu.

O pai real ou imaginário surge como o portador da interdição não só do desejo da


criança, mas porque, enquanto guardião da lei, representa a interdição do incesto. Para LACAN
(1981), a criança encontra no pai as interdições das exclusões lógicas do sistema de
parentesco, o representante da lei, da autoridade, isto é, da ordem social.

O que constatamos na amostra por nós estudada é o modo como nos surge, sob o signo
da ausência, a enorme deficiência da imagem do pai. Esta ausência deve-se a alterações a
nível do quadro familiar, marcado pela ausência física e relacional seja por divórcio e
separação (14%), ausência por morte (23%) e até emigração (14%).

É também possível que quanto mais a distorção do anel familiar se inscrever no plano da
realidade, isto é, quanto maior for a pobreza das relações intra-familiares, (a lacuna real nas
relações de objeto) quanto mais a ausência do pai se inscrever num processo de realidade,
mais nos encontramos em face de sujeitos dominados por tendências marginalizantes e/ ou
anti-sociais. Estes cada vez mais cedo iniciam um percurso de vida marcado pelas diferentes
perturbações comportamentais: fugas de casa e da escola, prática dos mais diversos tipos de
furto, consumo de drogas e também mais cedo entram em contacto com nas "teias da lei".

"A patologia do pai ausente, como ANDERSON afirmou, acaba por criar no interior do
sistema familiar um vazio a que corresponde um outro vazio, o dos introjectos no interior do
aparelho psíquico da criança. Um pai suficientemente bom, afirma ANDERSON, é tão
importante como a mãe suficientemente boa, de que falou WINNICOTT" (Dias, 1990 cit.
Malpique, 1990).

A forma de interiorização das identificações faz parte de uma estrutura complexa


ambivalente, o que conduz à organização do Super-Eu como lugar privilegiado da
culpabilidade. Estes processos implicam uma sucessiva modificação do sujeito na relação
consigo próprio e com o mundo. Neste âmbito é fundamental destacar que é na adolescência
que são repostos em atividade todos os processos identificatórios, logo há uma reavaliação
rigorosa e decisiva do valor da imago parental.

A progressiva desvalorização do pai como modelo de identificação, não lhe dá a


possibilidade de ser o elemento de referência ao Ideal do Eu, o Super-Eu perde flexibilidade
uma vez que o pai desvalorizado e ausente não exerce o seu papel funcional nem em termos
de relação afetiva pai/filho nem como imposição "das exigências da sociedade", porque esta
retirou-lhe o vínculo da transmissão cultural.

O indivíduo, sem condições de formar um Eu autônomo, junta-se aos grupos


indiferenciados de jovens que adotam formas primárias de reivindicação. Como refere
LEBOVICI (1971, cit. Malpique, 1990) "Não se trata de substituir o pai, mas de abolir a ordem
do Pai, isto é, a paternidade, a família e os seus derivados"..."O contestatário não se identifica
com o pai, mas à mãe sádico-anal que é descrita sob a forma de Imago da sociedade de
consumo, isto é, da sociedade a destruir".

No plano individual o adolescente quer enfrentar o pai, representante do poder social, da


tradição, dos valores e das instituições sociais que não lhes possibilitam ao acesso aos
instrumentos técnico-culturais. Estes teriam como função ser o "trampolim" para alcançarem o
estatuto de adulto.

A aquisição da identidade do Eu implica, tal como BERGERET apontou, a síntese entre as


identificações infantis atualizadas no devir individual e grupal do adolescente, com os papéis
que a sociedade oferece ao jovem, sendo pois uma ponte entre as realidades interna/ externa
e entre o passado infantil e o presente adolescente.

Estes conceitos ligam-se a ERICKSON, especialmente à noção de moratória psicossocial,


à conceptualização da dinâmica relacional entre o adolescente e o meio e à própria concepção
que o autor tem de adolescência, como última fase da infância, que só estará concluída
quando o adolescente subordinar as identificações infantis a uma nova identificação (aquisição
da identidade), o que lhe permitirá desempenhar o seu papel num determinado sector social.

Os resultados permitem observar que a moratória psicossocial proporcionada a estes


jovens prolongou-se por demasiado tempo, facilitou e permitiu o contacto cada vez mais
precoce com experiências desviantes o que contribuiu para a perturbação da aquisição e
conquista da identidade. Este período é vivido, pelo adolescente, de forma depressiva seja pela
manifestação de perturbações psicossomáticas seja pela expressão de "formas socializadas de
patologia" (Dias, 1980) como a delinquência e a toxicodepêndencia .

O quadro psicopatológico esboçado foi agravado, em nosso entender, pelo


enquadramento sócio-familiar já que, a nível macroscópico, o diagnóstico da situação sócio-
econômica familiar não favorável é crucial para a fragilização da estrutura familiar.

O estudo realizado permite colocar em evidência o nível sócio-econômico pouco elevado


das famílias de origem dos delinquentes. A situação sócio-profissional dos pais é um dos
aspectos a considerar: o pai que tem em média 49 anos de idade, um grau de instrução que se
situa ao nível do ensino básico incompleto, trabalha em 71% dos casos num sector de
atividade ligado ao pessoal operário e da construção civil. A mãe tem em média 45 anos, baixo
grau de escolaridade e em 70% dos casos trabalha na área dos serviços domésticos e
hotelaria.

O fato de: serem sobretudo naturais (76%) e residentes (78%) das grandes cidades;
habitarem bairros de habitação social (37% dos casos) das zonas sub-urbanas; mudarem de
residência com frequência (58% pelo menos já mudou uma vez; 30% entre duas a cinco
vezes); possuírem um agregado familiar que tem em média cinco pessoas; uma fratria que em
33% dos casos abrange entre cinco a sete irmãos (sendo a média de irmãos por fratria de
cinco podendo estar presentes ou já ausentes) e terem por primeiro local de convívio a rua;
são fatores que se constituem como o habitat propício que terão um papel fulcral no aumento
da delinquência juvenil.

Perante uma família que possui uma situação afetiva e sócio-econômica deficiente, os
jovens iniciam o consumo de estupefacientes em média aos 13 anos (86% dos reclusos são
toxicodependentes) e em 68% dos casos recorrem ao furto e ao furto qualificado para adquirir
droga.

Pelo que anteriormente referimos, um dos aspectos cruciais a reter, neste estudo,
relaciona-se com a articulação existente entre a fragilização das introjecções e as dificuldades
de organização do Super-eu como também deste para com o Ideal do Eu. LEBOVICI (1976),
entre outros, teve a oportunidade de referir que uma perca de identidade altera o binômio
Super-Eu/Ideal do Eu, o que se refletirá no comportamento do indivíduo delinquente.

Torna-se, neste contexto, importante à nossa reflexão definir o Ideal do Eu e o Super-Eu


sem nos remetermos para referências de dimensão histórica, dado que pensamos não ser aqui
o lugar adequado para realizá-las.

O Ideal do Eu, de acordo com LAPLANCHE e PONTALIS (1968), "seria a instância da


personalidade resultante e consequência do narcisismo (idealização do Eu) e das identificações
aos pais, aos seus substitutos e aos ideais coletivas. Enquanto instância diferenciada, o Ideal
do Eu constitui um modelo ao qual o indivíduo procura conformar-se".

Por Super-eu, os autores citados concebem-no com um "papel assimilável ao de um juiz,


ou de um censor em relação ao Eu". (1)

O funcionamento do Super-eu está ligado à consciência moral, à auto-observação e à


formação de Ideais, isto é, tem como última função ser um corretor do Ideal do Eu.
Compreende, pois, o polo repressivo da personalidade opondo-se à gratificação incondicional
do desejo, que é interiorizada por mecanismos internos; é um sistema tópico cuja atividade se
liga em qualquer sujeito à consciência moral e como referimos anteriormente à culpabilidade.

O Ideal do Eu ao ter uma origem sobretudo maternal, logo um caráter narcísico e arcaico,
é definido por FREUD como uma tentativa de encontrar a perfeição narcísica inicial e por
outros autores como estando ligado à onipotência infantil e desejo de fusão à mãe. O aspecto
focado origina, no homem o desejo, sob a forma nova de um Ideal do Eu, de recuperar a
perfeição precoce que lhe foi tirada, já que o que se projeta diante de si como Ideal, é
unicamente o substituto do narcisismo perdido na infância (do tempo aonde ele era o seu
próprio Ideal).

O Ideal do Eu deve ser entendido como um elemento importante dado que possui
peculiaridades próprias ao nível dos aspectos megalômanos infantis, estes são habitualmente
corrigidos pelo Super-eu, com o qual acaba por se fundir no binômio Super-Eu/ Ideal do Eu. O
Ideal do Eu só se torna realizável no contexto do real, é habitualmente corrigido pela
introjecção parental e essencialmente, pela "lei" da imagem paternal.

Ora perante a constituição de um Super-Eu desestruturado e inorganizado, há um


favorecimento para a exaltação desses ideais megalômanos que se manifestam nas
percepções, aspirações e irrealidades que os sujeitos mantêm de si próprio não só quanto ao
passado e presente como também quanto ao futuro.

A observação dos resultados obtidos coloca em evidência uma paragem na evolução dos
bastões fundamentais da estrutura psíquica, isto é, no sistema Super-Eu/ Ideal do Eu.

A estagnação constata-se a nível da estrutura sócio-econômica e das diferentes formas


de inserção cultural. De fato, os jovens detidos provenientes de camadas sociais
desfavorecidas e com estruturas parentais deficitárias nos processos identificatórios,
demonstram permanentemente quer antes quer enquanto detidos falta de perspectivas e de
fins para a vida ou então aspirações e percepções nitidamente irrealistas.

O que verificamos, nos casos por nós estudados, é que estes jovens perdem as
referências do real uma vez que: com uma média de vinte e um anos de idade; um baixo nível
de escolaridade (88% tiveram insucesso escolar e apontaram como motivo das reprovações
em 28% dos casos desinteresse na aprendizagem e falta às aulas); uma situação profissional
instável, (tanto estão inseridos no grupo profissional que abrange o sector 4 e o 7/8/9 da
Classificação Nacional de Profissões de 1980 como estão sem exercer qualquer atividade) e
sucessivas experiências de reincidência (em que se assiste à repetição do ciclo de passagem
pelo Tribunal/ Julgamento- Estabelecimento Prisional/ Cumprimento de pena- Libertação/
Retorno à delinquência), estão reunidas as condições para que a imaturidade psicoafectiva se
acentue.

É para os indivíduos com uma sucessiva história de privações que o Estabelecimento


Prisional surge: para muitos será o refúgio, ao qual certamente voltarão, como um filho que
regressa ao lar, porque é do "lado de lá" que encontram proteção; para outros é a
possibilidade de restabelecerem o contacto perdido com a família.

A atitude dos pais face às sucessivas privações de liberdade mostra indiretamente o tipo
de investimento/ desinvestimento daqueles para com os filhos, o que sugere também a
distorção das relações inter- pessoais no seio destas famílias. Por isso, o jovem num "último
grito" apela ao Estabelecimento que chame a si os progenitores que de um modo real ou
simbólico estiveram ausentes.

Para quem, como nós, tivemos a percepção do pulsar da instituição, é visível um grande
número de casos em que, pelo menos, o reencontro físico com os progenitores ocorre todos os
fins de semana (esperamos que o afetivo também). Aqueles passam a telefonar e visitar
regularmente o filho (primeiro a mãe e só depois o pai e os irmãos). E estes vêm carregados
não só de produtos alimentares suplementares para os filhos, mas também "sobrecarregados
de esperanças" ou das palavras dos advogados ou do antigo patrão que ainda está disponível
para aceitar o filho quando sair em liberdade.

Quando chegam ao regime aberto a palavra de ordem é outra: preparar o regresso ao


meio familiar e social. Se é certo que as perspectivas profissionais do Estabelecimento só têm
como função "ocupar o tempo" é, pelo menos, durante as saídas a que têm direito que tomam
contacto com a realidade..., mas esta é a cada dia que passa bem diferente...muito diferente
do que os pais afirmam e do que vêem pela televisão da cela..."os castelos" construídos
caem...e à maioria dos reclusos só lhes resta "alimentarem sonhos" de..."terem a sua
família"... "trabalharem no que realmente gostam"... "ter um carro e viajar" ... "não arranjar
problemas com a polícia"...

Alguns, provavelmente, adquirirão competências para ultrapassar os obstáculos ...


outros, talvez muitos... não!

Para uma sociedade como a nossa que preconiza uma "geração de sucesso", os
itinerários de vida que estes indivíduos tentarão prosseguir serão uma árdua tarefa. De fato,
as imprescindíveis condições de funcionamento psicoafetivo e social adequado à adoção de um
estilo de vida saudável e as condições de vida que a civilização atual impõe aos jovens são
solicitações "facilmente" ultrapassáveis, para uns, mas para "outros" são dificuldades
intransponíveis.

Desde bem cedo, marcados pela predominância de fenômenos constantes de mobilidade


e precaridade na esfera familiar, sócio-profissional quer antes quer depois de detidos partem
numa posição desfavorável, de tal modo, que os efeitos das perturbações, rupturas e privações
psicossociais sucessivas se refletirão no decurso das suas trajetórias de vida.

De certo modo, estes jovens prevêem que não se conseguirão adaptar aos estímulos
externos que em nada se adequam aos seus ideais. A realidade sócio-econômica, a situação de
desemprego, a distorção frequente dos anéis familiares seja por existência de conflitos
familiares seja pela ausência da figura parental provoca, ainda mais, numa situação de
privação de liberdade, um intenso sentimento de frustração propiciador ao enraizamento de
uma identidade cada vez mais não adaptativa. Na prisão poderá encontrar um reforço ou uma
continuidade de perturbação da identidade, o que dificultará o restabelecimento adequado dos
processos identificatórios parentais, sócio-culturais e ambienciais.

O Eu não dispõe de condições para se fortalecer uma vez que lhe falta o suporte de uma
família coesa, de uma sociedade com valores definidos que facilite a inserção em termos
profissionais, antes encontra condições psicossociais que solidificam a "difusão da identidade"
ou a "identidade negativa".

Nas novas formas psicopatológicas da adolescência e juventude situam-se as "doenças de


idealidade" que resultam, segundo LUQUET (1973) da impossibilidade de ultrapassar o
movimento edipiano cujo objetivo é situar no aparelho psíquico a função do Ideal (Super-Eu e
Ideal do Eu).

Com base nas já referidas "doenças da idealidade", ao nível arcaico -os ideais do Eu- que
condicionam o equilíbrio do Eu, podem arrastá-lo para regressões sob a forma de depressões,
toxicomania, perturbações de caráter. A um nível mais evoluído, orientado para o narcisismo e
suas aspirações -o Eu ideal- surgem as "doenças de anidealidade" que se traduzem nos jovens
por falta de criatividade, vazio, ausência de objetivos e de esperança (Luquet, 1973).

Esta não adaptação já há muito elaborada manifesta-se, em nosso entender, da mesma


forma dentro como fora da instituição prisional quer a nível psíquico, onde dominam forças
anárquicas e ameaçadoras que facilitam o retorno ao narcisismo primário (toxicodependência,
depressão, isolamento, condutas de auto-mutilação e mesmo suicidárias), pela permanente
insatisfação pelo real vivido como opressivo e presença de aspirações megalômanas, quer pela
expressão de comportamentos anti-sociais em grupos contestatórios que praticam atos de
vandalismo (detém a função de em grande número de casos serem descargas agressivas) e
tentativas de fuga ou mesmo a sua concretização.

Intimamente relacionada com a temática que temos vindo a abordar, isto é, com a
adequada ou inadequada articulação estabelecida entre o binômio Super-Eu/ Ideal do Eu estão
as inevitáveis perturbações da comunicação.
Estas podem-se gerar em aspectos cruciais determinantes para a avaliação da
comunicação do sujeito quer no interior da família quer no estabelecimento de relações
interpessoais em geral.

De fato, a amostra por nós selecionada demonstra um número impressionante de


indivíduos que ou respondem negativamente ou simplesmente não respondem em questões
fundamentais nomeadamente, na negação da dimensão depressiva quer do sujeito quer das
figuras parentais (concretamente do pai) quer fraternais, na idealização da própria infância
bem como com as imagos parentais e fraternais em termos relacionais e comunicacionais.

Os comportamentos referidos deverão ser analisados num duplo registro, uma vez que
estão diretamente relacionados com os processos de pensar, a dificuldade inerente ao pensar e
ao déficit de mentalização característicos dos indivíduos que manifestam perturbações
comportamentais de que a tendência para o 'acting out' é uma manifestação exemplar de fuga
ao que é angustiador no interior de Si.

Desde Aristóteles ao aparecimento da Ciência Moderna que se tem assistido à


necessidade de definir um fenômeno altamente complexo como o do Pensamento. Esta
necessidade tornou-se, de tal modo, evidente que se estendeu ao discurso psicológico. Muitos
têm sido aqueles que quer a nível da Fenomenologia ou da Gestalt, quer das Teorias
Piagetianas quer Psicanalíticas (Luzes, 1983) se têm interessado pela discussão do
funcionamento dos processos mentais.

É na dialética entre os dois processos de pensamento (primário(1) e secundário(2))


descrito por FREUD, em 1895, no "Projeto para uma Psicologia Cientifica" e clarificado, em
1900, na "Interpretação dos Sonhos" e com base em BION (Grinberg, 1973; Luzes, 1983; Sá,
1991) que relacionamos, na temática delinquencial, a dificuldade de pensar e a problemática
da mentalização.

Se os pensamentos são desde sempre e para sempre anteriores à capacidade de serem


pensados, determinados estados tanto podem manifestar-se por pensamentos como por não
pensamentos, uma vez que pensar é uma forma de não-enlouquecer. Se ao nível do
pensamento há um conflito permanente entre o pensamento e o não pensamento, este (não-
pensamento) tanto pode assumir uma expressão mental (inibição deficitária da patologia
caracterial, inibições de tonalidade funcional ou de um não pensamento organizado delirante),
como somática (formas psicossomáticas que podem atingir graus de maior amplitude) ou
agidas (delinquência ou psicopatia).

Assim, o sujeito ao pensar deixa de lidar com as representações globais dos objetos para
empregar sinais arbitrários ou adquiridos pela socialização. Neste contexto, é possível
compreender o 'acting out' como forma de proteção da dor mental. O aparelho psíquico
descarrega ou pela inibição (porque se detém o poder de controlo das forças biológicas e das
pressões sociais) ou pela descarga impulsiva.

A não verbalização do pensamento implica angústia, intolerância à frustração, negação da


realidade, impede o acesso a uma linguagem coerente, isto é, a uma impossibilidade de
pensar, de abstrair. A negação marca a separação entre o afetivo e o intelectual e inviabiliza o
desencadeamento nos processos de pensar de reações afetivas que provocam desprazer.

Quando nos propomos compreender a patologia da relação precoce, permitimo-nos


também compreender não só a patologia do pensamento, mas também a patologia da
comunicação interior e relacional.

É pela linguagem, enquanto forma de transmissão de mensagens nas suas diversas


formas e conteúdos, que o pensamento, as emoções, os sentimentos expressam as
necessidades dos indivíduos. O modo como se estabelecem as relações entre a linguagem e o
pensamento afetam a sua estrutura como também a estrutura comunicacional entre os
sistemas (familiar e social).
O caráter de verbalização dos pensamentos, emoções, afetos e linguagem desaparece por
meio da descarga ou da ação. Na estrutura comunicacional entre os sistemas surgem formas
de comunicação que não são mais do que não-comunicações ou formas paradoxais de
comunicar.

Neste contexto, o afeto depressivo-depressão/ necessidade impulsiva de passagem ao


ato parece-nos crucial na compreensão da fuga. Esta merece ser colocada num lugar de
destaque quer enquanto inserida no contexto anteriormente referido quer quando a sua
manifestação se torna visível na família e no grupo social, de que a escola é o primeiro
exemplo.

A fuga é a expressão de tendência anti-social que, em primeiro lugar, se manifesta nestes


indivíduos. Pode-se encarar este comportamento como um sintoma de perturbação pré-
delinquencial grave, já que, uma vez inadaptados à escola, tornam-se, no fim da escolaridade,
socialmente inadaptados dado que não possuem um nível da aprendizagem adequado às
necessidades socialmente exigidas.

Esta constatação permite demonstrar não só que a fragilização das introjecções remonta
à precocidade do desenvolvimento do sujeito como também que as problemáticas
delinquenciais estão irremediavelmente ligadas por um encadeamento de sucessivas
perturbações anti-sociais, que terão como ponto culminante as repetições constantes e
periódicas da privação de liberdade.

Um dos aspectos que demonstram esta precocidade a que nos temos vindo a referir é
visível no número impressionante de indivíduos que, na amostra, revelam fuga quer de casa
(52%), quer à escola (78%) quer mesmo a fuga do Estabelecimento de Reeducação (entre os
casos que passaram pela instituição tutelar enquanto menores) (16%).

No que se refere à fuga da escola autores como DANZINGER (1959), MAUCO (1967),
POSTIC (1984) (cit. Fetue, 1984) explicam-na pela insuficiente aprendizagem no ambiente
familiar das figuras representativas da autoridade, o que justificará a dificuldade em aceitar a
figura simbólica do professor.

A escola é sobretudo um espaço imaginário investido afetivamente pela criança, núcleo


de transformação das vivências internas, é o lugar privilegiado para o deslocamento de
conflitos com imagens parentais e com as imagens internas persecutórias anteriormente
vivenciados.

É na escola que a criança se confronta com o lugar de "lei", mas também com a
possibilidade de transgredir, projetar os conflitos e dificuldades de adaptação sobre o professor
e sobre a escola, o que determina a resposta de fuga.

Quando a família falha as suas funções, a escola poderá desempenhar uma função
"terapêutica" proporcionando condições de transmissão de aprenderes fundadores que
permitam a aprendizagem, dinamizem o pensar e o pensamento, a reflexão e o sentir, isto é,
condições que possibilitem o crescimento do indivíduo.

A escola, é de fato, tal como estudos realizados demonstram, o local mais indicado para
detectar e diagnosticar fatores de risco como as perturbações de comportamentos de que a
fuga e as ações constantes que envolvam agressão e violência são somente um dos exemplos
porque se manifestam precocemente e com maior nitidez.

Por tudo isto, se sente cada vez mais a necessidade de defender a elaboração de um
plano específico de Prevenção da Delinquência; este deverá ser articulado com outras áreas
problemáticas (toxicodependência, sida, suicídio juvenil) para que os sintomas, os sinais de
alarme que traduzem sofrimento psicológico se possam diagnosticar o mais precocemente
possível.
Conclusão

A Delinquência Juvenil pode apresentar-se sob várias formas de inadaptação ou de


perturbação do comportamento que não dependem somente das características internas do
indivíduo (desenvolvimento/ organização psicológica) como do nível de influência do exterior,
logo pensamos poder admitir-se a existência de situações psicopatológicas relacionadas e
determinadas por fenômenos psicossociológicos.

As manifestações comportamentais delinquentes, pelo significado que possuem, revelam


uma profunda perturbação das identificações, distorção grave dos laços familiares a nível
psicoafectivo e econômico-social o que dificulta a integração social, a aprendizagem não só em
termos de valores e normas sócio-culturais como também escolar.

A recusa em aprender manifesta-se pela fuga de casa e depois da escola o que torna
inviável o estabelecimento de uma relação de afetividade seja com as figuras parentais seja
com a figura simbólica do professor. Sendo nítida esta negação é também concebível a recusa
para aprender a pensar, sentir e crescer uma vez que também as funções emocionais e
relacionais dentro e fora da família, que têm um impacto importante nas diferentes
aprendizagens foram bloqueadas e deixaram no indivíduo feridas narcisícas e sequelas
psicossociais irreversíveis.

Nesta perspectiva, pensamos que o despontar deste interessante campo de estudo, que
une a patologia mental à social, concebe a análise psicossocial da Delinquência Juvenil
orientada para a leitura das realidades e ambientes que a envolvem como centra a sua
temática sob o ângulo da concepção negativa de Si e dos afetos depressivos no indivíduo, de
que o 'acting out' é uma manifestação defensiva contra os afetos nomeados.

Resumo

O autor apresenta a Delinquência Juvenil como forma de ruptura das estruturas


relacionais do indivíduo, que é constituída por valores patogênicos diferentes, ao qual está
subjacente uma ansiedade, um sofrimento profundo resultante de um conflito afetivo, não só
do sujeito consigo próprio como também com o meio familiar e sócio-econômico.

A problemática delinquencial é analisada a partir de três vetores que, devidamente


articulados, têm por objetivo apoiar a idéia fundamental que se encontra na fragilização e
distorção grave dos anéis familiares a nível macroscópico e microscópico. Esta discussão
centra-se sobre a temática da ausência da figura masculina, característica das famílias com
uma estrutura de natureza delinquente, em que se constata a existência de um problema dos
transtornos de identificação e naturalmente, da constituição do Super-Eu.

Assim, o primeiro vetor relaciona-se com a articulação da fragilização introjectiva


(parental e paternal) e as dificuldades de organização do Super-Eu que favorece a formação de
ideais megalômanos infantis. O segundo diz respeito à articulação do binômio Super Eu/Ideal
do Eu com as perturbações da comunicação; a tendência para as perturbações do
comportamento (de que o 'acting out' é uma das manifestações) deverão ser consideradas
tendo em conta com os processos de pensar, a relação entre a dificuldade de pensar, a
problemática da mentalização e da comunicação no interior da família e nas relações
interpessoais.

Finalmente, o terceiro vetor visa articular o aspecto da precocidade com que os jovens
enveredam por expressões de tendência anti-social seja na família com a fuga desta seja nos
grupos sociais com a fuga à escola.

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