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Esboço de artigo.

Aluno: Warlen Nunes Dos Santos.

Este artigo tem como escopo elucidar como se coloca à problemática da


moralidade em Marx e Adorno. Para tanto, analisaremos a gênese objetiva dos
valores morais contida na obra O Capital, assim podemos elucidar que no ato
das trocas mercantis as relações capitalistas aparecem como relações entre
indivíduos livres e iguais, todavia, essas relações ocultam o fundamento
desigual sobre a qual repousam. No segundo momento, a partir do livro Minima
Moralia de Adorno demonstraremos como o autor associa os valores morais
dominantes da sociedade com a moral dos proprietários, dessa maneira, ele
toma a moralidade como uma forma de duplicação da dominação social.
Marx não tratou de forma sistemática o tema da moralidade, embora
possamos encontrar no seu pensamento que a questão dos valores-morais se
dá pelo prisma da prioridade ontológica do ser social sobre as formas de
consciência, isso significa que todo pensamento tem uma determinação social,
ou seja, os princípios morais (formas de consciência) têm sua gênese e
emergência a partir das relações que os homens estabelecem para produzir e
reproduzir sua existência socialmente.
Nesse sentido, para Marx as ideias, os valores, que circulam como
dominantes em uma dada época são fruto das relações materiais dominantes,
assim, encontramos na esfera da circulação e do intercâmbio de mercadorias
[…] um verdadeiro éden dos direitos naturais do homem. O que aqui reina é
unicamente liberdade, igualdade, propriedade e Bentham”. (MARX, 2013)
É justamente na troca de mercadorias, esse “éden dos direitos naturais”
que reina a determinação jurídica de que os homens são livres e iguais,
embora essa igualdade e essa liberdade oculte que fora da esfera ruidosa da
circulação de mercadorias […] “da qual o livre-cambista vulgaris extrai
concepções, conceitos e critérios para seu juízo sobre a sociedade do capital e
do trabalho assalariado”,(MARX,2013,p ) o que impera é a não-igualdade e a
não-liberdade, pois, no interior do processo produtivo o que rege a relação é o
controle autocrático e despostiço do capital sobre o trabalho. A liberdade que
surge da circulação mercantil capitalista não é a liberdade do indivíduo, mesmo
aparecendo assim, mas tão somente a liberdade do capital expropriar
permanentemente os trabalhadores.
Se em Marx a questão da moralidade pressupõe à crítica do mundo
objetivo da qual os valores morais tais como liberdade, igualdade emanam. Em
adorno, a crítica dos valores morais extraída Da Minima Moralia, tem como
pressuposto que: “Desde Homero a língua grega usava os conceitos de bom e
rico como se fossem convertíveis. (ADORNO,176-177) e segue, “o Bom é
aquele que se domina a si mesmo, tal como domina a sua posse: o seu ser
autónomo é uma cópia da sua disposição material”. (ADORNO,177). Nos
excertos acima o bom é associado com posse ou propriedade, assim arremata
Adorno,
[ . ..] o poder económico passa a poder social e revela-se
como encarnação do princípio unificador do todo. Quem é rico
ou obtém riquezas sente-se como aquele que "com as próprias
forças" realiza, enquanto Eu, aquilo que quer o espírito
objectivo, a genuinamente irracional predestinação de uma
sociedade cuja coesão radica na brutal desigualdade
económica. O rico pode assim atribuir a si como bondade o
que, todavia, apenas testifica a sua ausência. Vê em si mesmo,
e os outros nele, a realização do princípio universal. E como tal
princípio é a injustiça, o injusto torna-se regularmente justo,
não já com ilusão, mas levado pelo poder universal da lei
segundo a qual a sociedade se reproduz.
( ADORNO, 1951, p.177)

A sociedade burguesa eterniza o injusto como se fosse o justo, não


como uma ilusão e sim, como um desdobramento objetivo das leis que
permitem essa sociedade se reproduzir.

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