Você está na página 1de 3

WORKSHOP SONHOS E AUTOCONHECIMENTO

FACILITADOR: PROF DR CELSO KLAMMER

TÉCNICA PARA DESCOBRIR O SIGNIFICADO DE UM SONHO

1. TÉCNICA DE ASSOCIAÇÕES PESSOAIS:


Comparamos o sonho a um drama e o examinamos sob três aspectos estruturais:
1º) INTRODUÇÃO OU EXPOSIÇÃO — o cenário do sonho;
2º) O DESENROLAR DA HISTÓRIA;
3º) A SOLUÇÃO FINAL.

1º) INTRODUÇÃO OU EXPOSIÇÃO


A primeira sentença de um sonho em geral descreve a cena da ação e apresenta os
protagonistas. Por exemplo:

1ª HISTÓRIA
a) "Estou na casa da minha infância com meu amigo Pedro."
Toma-se essa primeira sentença e pergunta-se ao sonhador quais são as suas
associações:
ü "Como era essa casa?
ü Como você se sentia lá?
ü Você era feliz?
ü Quanto tempo viveu lá?"
Em seguida, pergunta-se sobre o amigo:
ü "Como é esse seu amigo Pedro?
ü O que faziam?...
ü Ah, sei, ele era um chato, mas vocês faziam molecagens juntos."
Então, essas associações são inseridas no texto, que fica assim:
"Psicologicamente ainda estou em minha situação infantil e com uma parte de mim
que é chata mas também travessa."

2ª HISTÓRIA
b) “Entro no quintal de numa casa atento a um provável ataque de cachorro. ”
Toma-se essa primeira sentença e pergunta-se ao sonhador quais são as suas
associações:
ü "Como era essa casa?
ü Como você se sentia lá?
ü De quem era essa casa?
ü O que você fazia lá?"
Em seguida, pergunta-se:
ü Você entrou na casa?
ü Se entrou, qual a sensação de estar dentro da casa?
ü “Sempre com medo de sair porque os cachorros rondavam a casa para me
pegar”
Essas associações são inseridas no texto, que fica assim:
Psicologicamente ainda estou em uma situação sempre na espreita, com medo de ser
descoberto, visto com uma parte de mim sempre com medo.

A partir dessa introdução deve-se examinar:


ü De que forma se aplicar ao momento em que o sonho ocorreu e à vida do
sonhador
ü Em que sentido ele ainda está com um pé na casa da infância ou uma situação
da infância?
ü Em que aspecto de sua situação de vida ainda reage como quando era menino?
Presume-se então que o sonho fala a respeito daquele pedaço da personalidade dele.

2º) O DESENROLAR DA HISTÓRIA

1ª HISTÓRIA
Digamos que aparece um carro, e dele saem dois ladrões.
ü Temos agora um desenvolvimento dramático, o que significa que uma história
específica está sendo contada.
ü Esses dois homens seriam uma invasão, algo que força a entrada.
ü Os ladrões em geral representam algo que entra no sistema consciente.
O sonho teria então a seguinte tradução:
ü "Naquele canto de sua psique, onde o sonhador ainda tem reações infantis,
algo do inconsciente coletivo está entrando."

2ª HISTÓRIA
“Ao sair da casa os cachorros corriam atrás de mim para me pegar.”
ü É um desenvolvimento dramático
ü Os cachorros representam o medo que ele vivencia

3º) A SOLUÇÃO FINAL.


Devemos prestar muita atenção à última sentença do sonho, que oferece a solução
inconsciente — no caso de haver solução no momento.
Alguns sonhos acabam sem levar a nada — esses não são favoráveis e isso quer dizer
que o próprio inconsciente não tem solução.
Fora esse caso, o que quer que aconteça no fim do sonho é a solução.
ü Se alguém acorda com um grito, por exemplo, essa é a solução — aquilo que
choca e desperta.
Devemos sempre perguntar como termina o sonho. O final do sonho contém o aspecto
que deve ser conscientizado.

PARA INTERPRETAR O PRÓPRIO SONHO:


JUNG contava os seus sonhos para alguém, mesmo que não soubesse nada sobre
sonhos. Na conversa ela fazia as suas elaborações.

Para interpretar o próprio sonho:


ü Escrever numa folha de papel
ü Anotar as associações a cada palavra do sonho, ou seja, aquilo que vem à
mente de forma espontânea
ü Observar se há uma conexão entre o sonho e as associações.
Por exemplo:
ü A primeira sentença diz: "Estou na casa da minha infância", aquele aspecto em
que ainda sou infantil, e "aparece um ladrão", ou seja, algo está invadindo, deve-
se perguntar: "O que é isso? Por que algo invade meu sistema psicológico?".

É preciso, então, pensar no dia anterior e no que aconteceu externa ou internamente.


ü Pode ser que os ladrões se refiram a alguma experiência desagradável,
ü A um pensamento negativo:
ü Algo destrutivo que, de repente, invade o sistema.

Torna-se possível, assim, estabelecer uma conexão significativa e dizer:


ü "Ah, o sonho se refere àquele pensamento que tive ontem, ou àquela
experiência, e ele indica que agi de modo adequado, ou não."

O sonho é uma oportunidade para corrigir nossas atitudes.

Roteiro de estudos construído com base em VON FRANZ, Marie-Louise. O caminho dos
sonhos. São Paulo: Cultrix, 1996.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:

CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de sonhos: mitos, sonhos, costumes,


gestos, formas, figuras, cores, números. 26 ed. Rio de Janeiro: J Olynpio, 2012.

JUNG, Carl G. (Org.). O homem e seus símbolos. 2 ed especial. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2008.

KAST, Verena. Sonhos: a linguagem enigmática do inconsciente. Petrópolis, RJ: Vozes,


2010.

MATTOON, Mary Ann. Como entender os sonhos. São Paulo: Paullus, 2013.

MONTEIRO, Dulcinéa da Mata Ribeiro (Org.). Sonhos: do cotidiano ao arquétipo. Rio de


Janeiro: Walk, 2010.

KRIPPNER, Stanley; CARVALHO, André Percis de. Sonhos exóticos: como utilizar o
significado dos seus sonhos. São Paulo: Summus, 1998.

RIBEIRO, Sidarta. O oráculo da noite: a História e a Ciência do sonho. São Paulo:


Companhia das Letras, 2019.

SALLES, Carlos Alberto Corrêa. Sonhos arquetípicos. Rio de janeiro: Imago, 1990.

VON FRANZ, Marie-Louise. O caminho dos sonhos. São Paulo: Cultrix, 1996.

Você também pode gostar