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NO DIREITO ADMINISTRATIVO
ADRIAN VERMEULE†
UM DOSSIÊ SOBRE
ESTADO ADMINISTRATIVO
[N.T] Traduzido para o português, com a autorização do autor, por Maíra Almeida e
revisado por Antonio Guimarães Sepulveda, do artigo Rationally Arbitrary Decisions in
Administrative Law, de Adrian Vermeule, originalmente produzido em língua inglesa e
publicado no Journal of Legal Studies, Vol. 44, S-2, 2015. Maíra Almeida é Mestra e
Doutoranda em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pesquisadora Visitante na Faculdade
de Direito de Harvard, com apoio da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES) e da Comissão Fulbright, e Pesquisadora do Laboratório de
Estudos Teóricos e Analíticos sobre Comportamento das Instituições (LETACI). E-
mail: almeida.maira.1@gmail.com. Antonio Guimarães Sepulveda é Mestre pelo
Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), Doutorando em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ), Professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Pesquisador pelo
Laboratório de Estudos Teóricos e Analíticos sobre o Comportamento Institucional
(LETACI). E-mail: antonioguisep@gmail.com.
†
Professor Ralf S. Tyler, Jr. de Direito Constitucional da Harvard Law School. O
presente artigo foi preparado para a conferência da Universidade de Chicago
“Desenvolvendo a Política Regulatória no Contexto da Incerteza Profunda:
Perspectivas Jurídicas, Econômicas e das Ciências Naturais”, de 26 a 27 de abril de
2013. Agradeço aos participantes da conferência pelos comentários e ricos debates,
especialmente a Jennifer Nou, David Barron, Yasmin Dawood, David Dyzenhaus,
Richard Lazarus, Eric Posner e David Weisbach; e aos participantes da Faculdade de
Direito de Harvard e da Universidade de Toronto. Agradeço também a Cormac Early e
Samantha Goldstein pela excelente assistência na pesquisa.
REVISTA ESTUDOS INSTITUCIONAIS
SUMÁRIO:
I. INTRODUÇÃO .........................................................................................5
II. INCERTEZA, RACIONALIDADE E DIREITO ............................................9
1. Administrative Procedure Act ..................................................10
2. National Environment Policy Act............................................13
III. QUANDO AS RAZÕES SE ESGOTAM......................................................14
1. Incerteza bruta ........................................................................15
2. Incerteza estratégica ...............................................................17
3. Reconhecendo que as razões se esgotam ...............................20
IV. OTIMISMO, PESSIMISMO E INCERTEZA ..............................................22
V. COLETA ÓTIMA DE INFORMAÇÕES .....................................................29
VI. DECISÕES RACIONALMENTE ARBITRÁRIAS .......................................33
1. Incerteza: uma solução institucional .....................................34
2. Como agências devem decidir? ..............................................35
3. Incerteza, pretexto e inconsistência .......................................38
4. Do normativo ao descritivo ....................................................40
VII. CONCLUSÃO: AS AGÊNCIAS NA FRONTEIRA DA INCERTEZA .............42
VIII. REFERÊNCIAS ......................................................................................43
TABLE OF CONTENTS:
I. INTRODUCTION .....................................................................................5
II. UNCERTAINTY, RATIONALITY, AND LAW ............................................9
1. The Administrative Procedure Act ..........................................10
2. The National Environment Policy Act ....................................13
III. WHEN REASONS RUN OUT ...................................................................14
1. Brute uncertainty ....................................................................15
2. Strategic uncertainty ..............................................................17
3. Recognizing when reasons have run out ...............................20
IV. OPTIMISM, PESSIMISM, AND UNCERTAINTY ......................................22
V. OPTIMAL INFORMATION GATHERING ................................................29
VI. RATIONALLY ARBITRARY DECISIONS ................................................33
1. Uncertainty: an institutional solution ...................................34
2. How should agencies decide? .................................................35
3. Uncertainty, pretext, and inconsistency ................................38
4. From normative to positive ....................................................40
VII. CONCLUSION: AGENCIES AT THE UNCERTAINTY FRONTIER .............42
VIII. REFERENCES .......................................................................................43
I. INTRODUÇÃO
Como a lei deve lidar com a incerteza genuína de Knight, na qual as
probabilidades não podem se relacionar com os resultados? 2 No Estado
controversa dentro da teoria da decisão. Portanto, não tenho qualquer discussão com
quem quiser entender minhas proposições em termos bayesianos.
3 Uma questão diferente é como revisores não-judiciais, como o Office of Information and
Lei de Espécies Ameaçadas. O réptil referido acima é conhecido, na língua inglesa, como
flat-tailed horned lizard e tem o nome científico de Phrynosoma mcallii. A Endangered
Species Act criou, nos Estados Unidos, além de outras classificações administrativas das
espécies, duas listas que ensejam especial proteção pelo governo. A mais rigorosa é a
lista de espécies ameaçadas de extinção (endangered species), que protege espécies cujas
populações, no todo ou em significativa porção, estão sob risco eminente de extinção.
A segunda é a lista de espécies ameaçadas (threatened species), que também oferece
cuidados especiais a espécies cujas populações caminhem naturalmente em direção a
um quadro de potencial extinção em um futuro relativamente previsível. Portanto, o
autor se refere a esta segunda lista ao discutir sobre a proteção do lagarto-de-chifres de
cauda achatada.
5 Cf. Tucson Herpetological Society v. Salazar, 566 F. 3d 870 (9th Cir., 2009).
6 [N.T.] Por meio de uma tradução livre, trata-se do Laboratório Nacional Lawrence
Livermore. A patologia referida acima é conhecida, na língua inglesa, como severe acute
respiratory syndrome (SARS).
7 Cf. Tri-Valley Cares v. U.S. Department of Energy, 671 F. 3d 1.113 (9th Cir., 2012).
8 [N.T.] Por meio de uma tradução livre, trata-se da Comissão de Regulação Nuclear.
9 Cf. Baltimore Gas & Electric Co. v. Natural Resources Defense Council, Inc., 462 U.S. 87
(1983).
10 [N.T.] As anuidades representam um gênero de investimento presente no sistema
NASDAQ-100, Standard & Poor’s 500 – S&P 500 e Índice Bovespa – IBOVESPA), entre
outras classes.
11 [N.T.] Por meio de uma tradução livre, trata-se da Comissão de Seguros e Câmbio.
12 Cf. American Equity Investment Life Insurance Co. Securities and Exchange Commission,
17 No caso Motor Vehicle Manufacturers Association of the United States, Inc. v. State Farm
Mutual Automobile Insurance Co., 463 U.S. 29, 43 n.9 (1983), a Corte observou que “a
presunção de constitucionalidade proporcionada à legislação proposta pelo
Congresso” é mais forte do que “a presunção de regularidade proporcionada à agência
no exercício de suas competências legais”.
18 [N.T.] O autor, ao citar situações que ensejam controle judicial de atos de agências,
19 Cf. Chevron U.S.A., Inc. v. Natural Resources Defense Council, Inc., 467 U.S. 837 (1984); e
United States v. Mead Corp., 533 U.S. 218 (2001).
20 Cf. New York v. Nuclear Regulatory Commission, 681 F. 3d 471, 482 (D.C., Cir. 2012).
21 Cf. New York v. Nuclear Regulatory Commission, 681 F. 3d 474 (D.C., Cir. 2012).
22 Cf. Baltimore Gas & Electric Co. v. Natural Resources Defense Council, 462 U.S. 87, 103
(1983). No contexto da regulação do arsênico e, mais geralmente, Sunstein argumenta
que, às vezes, “agências devem decidir em meio a uma incerteza científica
considerável e com base em juízos de valor sobre os quais pessoas razoáveis podem
discordar. Se as agências fossem tanto abertas, quanto razoáveis, o papel judicial está
no seu fim.” SUNSTEIN, Cass. The Arithmetic of Arsenic. Georgetown Law Journal,
Vol. 90, 7, 2002, p. 2.259. No entanto, Sunstein acrescenta que “[é] claro, cortes devem
invalidar julgamentos arbitrários ou indefensáveis”. SUNSTEIN, Cass. The Arithmetic
of Arsenic. Georgetown Law Journal, Vol. 90, 7, 2002, p. 2259. Eu discordo em parte.
Dados os dilemas da tomada de decisão sob incerteza, há circunstâncias sob as quais
tribunais não devem invalidar nem mesmo os julgamentos de agências que são
arbitrários, num sentido que definirei.
23 Cf. Lands Council v. McNair, 537 F. 3d 981 (9th Cir., 2008); Marsh v. Oregon Natural
Resources Council, 490 U.S. 360 (1989). Sobre as questões conceituais ao redor deste
princípio, cf. VERMEULE, Adrian. The Parliament of the Experts. Duke Law Journal,
Vol. 58, 8, 2009.
24 Cf. Baltimore Gas & Electric Co. v. Natural Resources Defense Council, 462 U.S. 87 (1983);
e Robertson v. Methow Valley Citizens Council, 490 U.S. 332, 352 (1989).
25 [N.T.] O autor emprega alguns termos específicos da legislação ambiental norte-
1985).
27Cf. Foundation on Economic Trends v. Weinberger, 610 F. Supp. 829, 838 (D.C. Cir.,
1985).
1. Incerteza bruta
Um tipo de incerteza, a incerteza bruta, surge do simples custo de
obter fatos acerca do mundo.28 O lagarto-de-chifres de cauda achatada é
uma “iguana pequena e enigmaticamente colorida... que é restrita a
planícies e vales no lado oeste do deserto de Sonora”.29 O secretário do
interior tem a obrigação legal de decidir, à luz dos melhores dados
científicos disponíveis, se deve incluir o lagarto na lista de espécies
ameaçadas. Os detalhes são desnecessários, mas o estatuto constrange a
prerrogativa do secretário de esperar até que sobrevenham informações;
exige-se uma decisão imediata.30
Quantos lagartos-de-chifres de cauda achatada existem? Ninguém
sabe e, até então, tal informação não pode ser obtida. Em litígio entre o
28 Cf. ELSTER, Jon. Excessive Ambitions. Capitalism and Society, Vol. 4, 2, 2009.
29 Cf. Tucson Herpetological Society v. Salazar, 566 F. 3d 873 (9th Cir., 2009), citando o
Federal Register [Diário Oficial], Vol. 58, 227, 29 nov. 1993, p. 62.624-62.625.
30 Deixo de lado a complicação técnica de que a agência, forçada a decidir, pode decidir
que a listagem é “justificada, mas excluída” pois o risco para outras espécies tem maior
prioridade. Cf. ALEXANDER, Kristina. Warranted but Precluded: What That Means
under the Endangered Species Act (ESA). Congressional Research Service, CRS
Report 7-5700, 2010. Trata-se apenas de um tipo de decisão, e é uma decisão que vai ao
mérito da questão, constatando que a listagem é substancialmente justificada. Assim,
uma decisão desse tipo não escapa, de modo algum, ao dilema que abordo.
31 Cf. Tucson Herpetological Society v. Salazar, 566 F. 3d 873, 879 (9th Cir., 2009).
32 Cf. Tucson Herpetological Society v. Salazar, 566 F. 3d 873, 877 (9th Cir., 2009).
33 Cf. Tucson Herpetological Society v. Salazar, 566 F. 3d 873, 883 (9th Cir., 2009).
2. Incerteza estratégica
Permitam-me, agora, passar da incerteza bruta – sobre fatos
epistemologicamente inatingíveis que, de certo modo, estão lá fora – para
uma forma diferente de incerteza, decorrente da interdependência
estratégica das escolhas de atores. Esse é um campo mais da teoria dos
34 Cf. HALPERN, Joseph. Reasoning about Uncertainty. Cambridge, MA: MIT Press,
2005.
35 Cf. Administrative Procedure Act (APA) [Lei do Processo Administrativo], 5 U.S.C.
36 Cf. FUDENBERG, Drew; MASKIN, Eric. The Folk Theorem in Repeated Games with
Discounting or with Incomplete Information. Econometrica, Vol. 54, 3, 1986.
37 Cf. Tri-Valley Cares v. U.S. Department of Energy, 671 F. 3d 1.113 (2012).
38 Cf. Tri-Valley Cares v. U.S. Department of Energy, 671 F. 3d 1.113, 1.119 (2012).
39 Cf. Tri-Valley Cares v. U.S. Department of Energy, 671 F. 3d 1.113, 1.125 (2012).
40 Cf. Tri-Valley Cares v. U.S. Department of Energy, 671 F. 3d 1.113, 1.119 (9th Cir., 2012).
41É tentador chamar isso de “passo zero” para decisões racionalmente arbitrárias, em
analogia à inspeção sobre se o precedente Chevron se aplica. Cf. SUNSTEIN, Cass.
Chevron Step Zero. Virginia Law Review, Vol. 92, 2, 2006. Tentador, mas creio que
seja incorreto. O passo zero de Chevron é um “seletor” entre dois distintos padrões
decisórios e determina qual deles prevalece. Aqui, ao contrário, o padrão de revisão
nunca muda; é sempre revisão por “arbitrariedade e capricho” com base na seção
706(2) da APA. A tarefa da corte de revisão é apenas entender o tipo de problema
enfrentado pela agência para que o padrão arbitrário e caprichoso possa ser aplicado
de maneira sensata.
42 Cf. American Equity Investment Life Insurance Co. v. SEC, 613 F. 3d 166 (2010).
43 Cf. American Equity Investment Life Insurance Co. v. SEC, 613 F. 3d 166, 177-178 (2010).
44 Al-Najjar faz um apontamento análogo a partir de uma perspectiva bayesiana. Cf.
podem ser esclarecidos: fat-tail e Teorema Sombrio. Muitas análises de risco calculam a
probabilidade de determinados acontecimentos por sua distribuição. Nos gráficos
dessa distribuição, há curvas de probabilidade – chamadas curtoses – que podem ser
classificadas de três formas. A curva mais frequente é a mesocúrtica, que, com formato
de um sino, exibe a conhecida distribuição normal das probabilidades. Significa que, em
determinadas áreas do gráfico, a probabilidade pode ser alta. Quando esse “sino” se
reveste de contornos altos e finos, a curtose se classifica como leptocúrtica. Essa curva
é usualmente referida, na estatística e na economia, como “cauda fina” (thin-tail) e
mostra que a probabilidade de ocorrência do fato analisado é muito elevada, porém,
em um ponto bem específico, tornando-se pouco provável no restante do gráfico. Por
fim, existe a curva platicúrtica. Economistas e estatísticos costumam chamá-la de
“cauda gorda” (fat-tail), pois, em nenhum momento do gráfico, a probabilidade atinge
um nível elevado. Isso significa que o fato estudado é muito pouco provável de ocorrer
sob quaisquer circunstâncias. Justamente por essa razão, economistas costumam
Climate Policy and Climate Research. Working Paper FNU, No. 145, 2007.
48 Cf. SUNSTEIN, Cass. Worst-Case Scenarios. Cambridge, MA: Harvard University
Press, 2007; e SUNSTEIN, Cass. Risk and Reason: Safety, Law, and the Environment.
Cambridge, MA: Cambridge University Press, 2002.
49 Cf. ARROW, Kenneth; HURWICZ, Leonid. An Optimality Criterion for Decision-
Making under Ignorance. In: C.F. Carter; J.L. Ford (eds.). Uncertainty and
Expectations in Economics: Essays in Honour of G.L.S. Shackle. Oxford: Oxford
University Press, 1972.
competência. No entanto, não parece que exista uma conexão intrínseca entre incerteza
e pessimismo. Em modelos com priores não-únicos, o critério maxmin de Gilboa e
Schmeidler aproxima-se da equivalência com maximin à medida que a gama de
distribuições de probabilidade admissíveis cresce. Cf. GILBOA, Itzhak; SCHMEIDLER,
David. Maxmin Expected Utility with a Non-Unique Prior. Journal of Mathematical
Economics, Vol. 18, 2, 1989. O critério maxmin, entretanto, é derivado de um axioma de
aversão à incerteza. GILBOA, Itzhak; SCHMEIDLER, David. Maxmin Expected Utility
with a Non-Unique Prior. Journal of Mathematical Economics, Vol. 18, 2, 1989, p. 144.
O axioma em si não é um requisito da racionalidade, e outros axiomas podem ser
usados em seu lugar. Um ponto semelhante vale para a literatura sobre otimização
robusta, que tende a usar o critério maximin de Wald como uma premissa padrão. Cf.
WALD, Abraham. Statistical Decision Functions Which Minimize the Maximum Risk.
Annals of Mathematics, Vol. 46, 2, 1945. O extremo conservadorismo do maximin de
Wald cria um “preço de robustez”, o que significa que outras premissas são
igualmente respeitáveis. Cf. BERTSIMAS, Dimitris; SIM, Melvyn. The Price of
Robustness. Operations Research, Vol. 52, 1, 2004. O mesmo vale para modelos de
incerteza parcial, nos quais o tomador de decisões é capaz de construir uma
classificação ordinal de probabilidade de possíveis estados. O comportamento
otimista, ou do tipo maximax, é tão admissível quanto o comportamento pessimista, ou
de tipo maximin. KELSEY, David. Choice under Partial Uncertainty. International
Economic Review, Vol. 34, 2, 1993, p. 301-302. Em geral, há uma tendência flutuante
na literatura de dizer que regras de decisão pessimistas, como o maximin, têm algum
tipo de prioridade intuitiva – uma interrupção de diálogo para aqueles que não
compartilham tal intuição, pelo menos de forma sistemática e transversal. KELSEY,
David; QUIGGIN, John. Theories of Choice under Ignorance and Uncertainty. Journal
of Economic Surveys, Vol. 6, 2, 1992, p. 137.
54 [N.T.] Por uma tradução livre, trata-se do Conselho de Qualidade Ambiental. Cf. Federal
Register [Diário Oficial], Vol. 43, 55.741, 29 nov. 1978, p. 55.978-55.984; e MATTIX,
Carla; BECKER, Kathleen. Scientific Uncertainty under the National Environmental
Policy Act. Administrative Law Review, Vol. 54, 3, 2002. Quanto à Environmental
Impact Statement (EIS), cf. nota nº 26 acima.
55 Cf. MATTIX, Carla; BECKER, Kathleen. Scientific Uncertainty under the National
Environmental Policy Act. Administrative Law Review, Vol. 54, 3, 2002, p. 1.133.
57 Cf. Robertson v. Methow Valley Citizens Council, 490 U.S. 332, 356 (1989).
58 Cf. Greater Yellowstone Coalition, Inc. v. Servheen, 665 F. 3d 1.015, 1.019 (9th Cir., 2011).
59 Cf. Greater Yellowstone Coalition, Inc. v. Servheen, 665 F. 3d 1.015, 1.025 (9th Cir., 2011).
60 Cf. Greater Yellowstone Coalition, Inc. v. Servheen, 665 F. 3d 1.015, 1.027 (9th Cir., 2011).
61 Cf. Greater Yellowstone Coalition, Inc. v. Servheen, 665 F. 3d 1.015, 1.028 (9th Cir., 2011),
citando-se, Federal Register [Diário Oficial], Vol. 72, 60, 29 mar. 2007, p. 14.866-14.929.
62 Cf. Greater Yellowstone Coalition, Inc. v. Servheen, 665 F.3d 1.030 (9th Cir., 2011),
citando Tucson Herpetological Society v. Salazar, 566 F. 3d 870, 879 (9th Cir., 2009).
63 Cf. Greater Yellowstone Coalition, Inc. v. Servheen, 665 F.3d 1.030 (9th Cir., 2011).
64 A Clean Air Act, por exemplo, impõe a consideração de liberações acidentais de ácido
fluorídrico causadas pelo pior caso. Cf. Clean Air Act (CAA) [Lei do Ar Limpo], 42
U.S.C. 7412(n)(6) (2006).
65 Cf. Federal Register [Diário Oficial], Vol. 43, 55.741, 29 nov. 1978, p. 55.978-55.984.
66 Cf. KEYNES, John Maynard. The General Theory of Employment, Interest and
Money. New York, NY: Harcourt, Brace, 1936, p. 161.
67 Cf. Baltimore Gas & Electric Co. v. Natural Resources Defense Council, Inc., 462 U.S. 87
(1983).
68 Cf. Baltimore Gas & Electric Co. v. Natural Resources Defense Council, Inc., 462 U.S. 87,
105 (1983).
69 Por exemplo, a Corte observou que a premissa otimista estava embutida num
conjunto de pressupostos que eram conservadores, em geral, e que o primeiro era, em
parte, destinado a compensar o último. Cf Baltimore Gas & Electric Co. v. Natural
Resources Defense Council, Inc., 462 U.S. 94, 105 (1983). Isso, no entanto, também nega
que o pessimismo tenha qualquer status predominante.
70 Cf. STIGLER, George. The Economics of Information. Journal of Political Economy,
72 Cf. ELSTER, Jon. Excessive Ambitions. Capitalism and Society, Vol. 4, 2, 2009.
73 Cf. MELBERG, Hans. A Critical Discussion of Jon Elster’s Arguments about Rational
Choice, Infinite Regress and the Collection of Information. Unpublished thesis.
University of Oslo, Department of Economics, Oslo, 1999.
74 Cf. WINTER, JR., Sidney. Economic “Natural Selection” and the Theory of the Firm.
decisões da Securities and Exchange Commission (SEC). Cf. KRAUS, Bruce; RASO,
Connor. Rational Boundaries for SEC Cost-Benefit Analysis. Yale Journal on
Regulation, Vol. 30, 2, 2013, p. 43-44.
79 McKENZIE, Richard. On the Methodological Boundaries of Economic Analysis.
Journal of Economic Issues, Vol. 12, 3, 1978, p. 635. Uma sugestão útil é que agências
devem empregar regras experimentais destinadas a gerar informações. Cf. GUBLER,
Zachary. Experimental Rules. Boston College Law Review, Vol. 55, 1, 2014; e LEE,
Yoon-Ho Alex. An Options Approach to Agency Rulemaking. Administrative Law
Review, Vol. 65, 4, 2013. Mas a sugestão não chega completamente a lidar com o
problema. Dada a presença de sérias incertezas, de que forma deve ser definida a regra
experimental? A decisão sobre essa questão terá, inevitavelmente, uma qualidade
arbitrária.
80 Cf. Greater Yellowstone Coalition, Inc. v. Servheen, 665 F. 3d 1.015, 1.028 (9th Cir., 2011).
81 Cf. National Parks & Conservation Ass’n v. Babbitt, 241 F. 3d 722 (9th Cir., 2001).
82 [N.T.] Por uma tradução livre, trata-se do Serviço de Parques Nacionais.
83 Cf. National Parks & Conservation Ass’n v. Babbitt, 241 F. 3d 722, 732 (9th Cir., 2001).
84 Cf. National Parks & Conservation Ass’n v. Babbitt, 241 F. 3d 722, 732-733 (9th Cir.,
2001).
85 É tentador pensar que o valor do próprio mapa precise ser incerto antes de
(2)(A) (2006).
88 Para uma distinção um tanto diferente entre dois sentidos de arbitrariedade, cf.
Hoctor v. U.S. Department of Agriculture, 82 F. 3d 165, 170 (7th Circ., 1996), Judge Posner:
“No outro extremo daquilo que se poderia chamar de interpretação normal ou
rotineira, está a produção de regras razoáveis, porém arbitrárias (não no sentido
deve ser aquela, segundo a qual, onde o futuro possa desviar em qualquer
direção, nenhuma direção particular tem qualquer prioridade sobre uma
simples extrapolação linear do presente.
Status Quo Padrão. Onde houver uma escolha entre fazer alguma coisa
e não fazer nada, pode-se decidir não fazer nada, alegando que qualquer
mudança do status quo incorre em custos de transição apenas por ganhos
especulativos e obscuros. Esta é uma aplicação do raciocínio padrão,
conforme discutido anteriormente.
Julgamento convencional. Esse é o termo de Keynes para o conformismo
individualmente racional, em que, “considerando que nosso julgamento
individual é desprezível, empenhamo-nos em recuar para o julgamento
do resto do mundo, que, talvez, seja mais bem informado. Ou seja,
esforçamo-nos para nos conformarmos com o comportamento da maioria
ou da média”.91 Contudo, se outros também usarem a mesma estratégia,
podem surgir cascatas informacionais e a informação transmitida a nós
pelas decisões dos outros pode ser tão desprezível quanto a informação
transmitida aos outros por nossa decisão. 92 Independentemente do quão
individualmente racional o conformismo puder ser, a nível de grupo, o
resultado é “uma sociedade de indivíduos, cada um dos quais está se
esforçando para copiar os outros”.93
Randomização. O problema dos métodos de tomada de decisão
examinados por Keynes não é que eles sejam errados, mas que são
seriamente incompletos, ao menos enquanto aplicados à escolha de
políticas públicas por agências. Há um conjunto de decisões de agências
não triviais e, de fato, absolutamente importantes, no qual nenhum dos
métodos de Keynes se ajusta confortavelmente. A extrapolação pode ser
inoportuna se o problema não for (totalmente) de previsão, como quando
o problema da agência é, precisamente, haver incerteza no real estado de
coisas. Também assim, usar o status quo como padrão não funcionará se o
Direito exigir da agência que tome uma nova decisão, de uma forma ou
de outra, de modo que a não-regulação não seja uma opção – como
quando a Endangered Species Act exige da agência que decida se, por certo
tempo, uma espécie está, ou não, ameaçada ou em risco de extinção. O
96 Cf. FCC v. Fox Television Stations, Inc., 556 U.S. 502, 549 (2009), Justice Breyer,
dissentindo: “Um administrador (imaginário) explicando por que ele escolheu uma
política que exige dirigir do lado direito, ao invés do lado esquerdo, da estrada poderia
dizer: ‘Bem, um lado parecia tão bom quanto o outro, então, eu joguei cara e coroa.’”
Breyer, no entanto, nega que um “cara ou coroa” seria um raciocínio suficiente para
mudar a política original.
97 Cf. Judulang v. Holder, 132 S. Ct. 476, 485 (2012).
98Cf. WAGNER, Wendy. The Science Charade in Toxic Risk Regulation. Columbia
Law Review, Vol. 95, 7, 1995.
4. Do normativo ao descritivo
Nada do que tratei foi destinado a oferecer qualquer argumento
descritivo sobre como agências e cortes se comportarão de fato ou com
que fundamentação eles, efetivamente, tomarão suas decisões. Como
agências e cortes decidem quando a incerteza é tão grave que as razões
de primeira ordem se esgotam? Em alguns casos, os tomadores de decisão
de agências podem selecionar conscientemente entre opções, em vez de
tentar escolher entre elas de uma forma completamente racional. 100
Mecanismos randomizadores podem ser, mas nunca são, usados para
selecionar, provavelmente porque tribunais – por motivos que
mencionarei em breve – são implacavelmente hostis à randomização. Em
outros casos, tomadores de decisão de agências podem, erroneamente,
acreditar que têm boas e suficientes razões de primeira ordem para suas
escolhas, quando, de fato, a incerteza implica que essas razões não sejam
conclusivas ou possam ser combatidas por argumentos igualmente bons
em direção oposta. Quando isso ocorre, do ponto de vista do analista,
agências decidirão, de fato, como se estivessem randomizando sobre as
104 Cf. Baltimore Gas & Electric Co. v. Natural Resources Defense Council, Inc., 462 U.S. 87
(1983); e Robertson v. Methow Valley Citizens Council, 490 U.S. 332 (1989).
105 Cf. STRADLING, David; STRADLING, Richard. Perceptions of the Burning River:
VIII. REFERÊNCIAS
______. Chevron Step Zero. Virginia Law Review, Vol. 92, 2, 2006.
______. The Parliament of the Experts. Duke Law Journal, Vol. 58, 8,
2009.