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Gerson Alexandre Soares (Mestre Cuscuz - Associação Arte e Dança)

Minervino Pereira Peixoto (Mestre Espinhela - UNICALEN)


Lidielvis Santiago do Nascimento (CM Pantera Negra - Grupo União Pernambuco de Capoeira)
Verônica de Holanda Santos (Aluna Batizada Paciência - Grupo Pernambuco Arte Cultural)

MANUAL DA CAPOEIRA DE PERNAMBUCO

IMORTAL, IMORTAL!!
Direitos Autorais à UNICALEN
Entidade ligada às Artes Marciais e em Defesa dos Direitos Sociais
Fundada em 10/05/1987 CNPJ nº 02.722.126/0001-03
Maiores infromações: E-mail: espinhela@gmail.com

MANUAL DA CAPOEIRA DE PERNAMBUCO

IMORTAL, IMORTAL!

RECIFE / 2020
FOTOS DA CAPA

Marcondes Luiz Ferreira Lidielvis Santiago


Mestre Pirajá é o Iniciador da CM Pantera Negra é o principal líder
Capoeira em Pernambuco em 1969. do movimento de Unificação.
DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho ao Mestre Velha Guarda, Marcondes Ferreira da Silva “Pirajá”, por ser o
atual pioneiro da Capoeira de Pernambuco desde 1958.
A todos do Bairro de Casa Amarela, berço da Capoeira de Pernambuco; ao Grêmio Recreativo
Cultural Escola de Samba Galeria do Ritmo, fundada em 1962, que sempre apoiou a Capoeira; a
todos que participaram e participam do Grupo Senzala de Capoeira, fundado pelo Mestre Pirajá
em 15/11/1969, e que hoje está ao comando do Mestre Poeta, Jorge, Sérgio, com apoio da
UNICALEN - http://mestrepiraja.blogspot.com/2009/10/o-mestre.html.
Aos pioneiros da capoeira Olindense: Mestres Marcus Vinicius Natal, que iniciou a Capoeira em
Valença-RJ em 1964, implantando em Olinda no ano de 1970 e, transmitindo seus conhecimentos
a seu Discípulo Marcos Coca-Cola; ao Mestre João Ferreira Mulatinho, que foi lembrado aos 7:
28 (sete minutos e vinte e oito segundos) do vídeo: ENTREVISTA DO MESTRE MARCOS COCA
COLA COM SEU MESTRE MARCUS NATAL NO DIA 29 DE MARÇO 2011 EM OLINDA NA
ACADEMIA DO MESTRE COCA COLA. PARA O PROGRAMA GINGA PERNAMBUCO
https://www.youtube.com/watch?v=2Ol7ef9P9hQ; ao Mestre Zumbi Bahia, vindo da Paraíba para
Pernambuco em 1979 - fundador do Boi Castanho - pioneiro da dança afro em Pernambuco,
também era o melhor folclorista da época, colaborando com a renovação na Capoeira; aos
Mestres: Bigode, Galvão, Lázaro, Paulo dos Prazeres, Celso Biriba.
Aos contemporâneos da década de 70: Raimundo Branco, Meia Noite, Meio dia, Espinhela, Teté,
Minervino, Izaque Poeta, Evandro, Pêu, Cuscuz, Criança, Surpresa, Titela, Géu, Curisco, Berilo,
Barrão, Toinho Pipoca e Batista.
Dedicamos também aos capoeiristas que acreditam na Capoeira como ferramenta de inclusão
social, educacional, da cultura de paz e da formação do cidadão brasileiro e, onde a Capoeira
como arte genuinamente brasileira, possa alcançar.
Aos brabos e valentões que nunca desistiram de suas lutas porque acreditaram que dias melhores
viriam, pois sabiam que a Capoeira de Pernambuco é Imortal...
In-Memorian: A todos àqueles capoeiristas que se foram e colaboraram com a Capoeira para que
ela não fosse esquecida: Luis Naval, Caranga, Marrom do Rotary, Cancão, Grandão, Caveira,
Marcos, D. Zefinha, Nel, Azambuja, Tungão. Guilherme, Sapo, Huk, Rogério Ginga, Vado,
Adivanilson Pipoca, Jáu, e muitos outros que foram prestar contas ao Nosso Pai Eterno.

Autor da dedicatória: Minervino Pereira Peixoto - Mestre Espinhela.


AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus, por nos dar a saúde e muita força para superar todas as
dificuldades.
A esse grupo de unificação da capoeira e todos os mestres e contramestres, além da direção e
administração desse grupo, que, incansavelmente, nos proporcionou as condições necessárias
para que alcançássemos nossos objetivos.
Aos mestres e contramestres por todo o tempo que se dedicaram a fomentar essa obra inédita
em nosso estado Pernambuco, desse processo para realização aqui do nosso estado.
Muito obrigado a todos que fizeram este trabalho.
Ao nosso mestre por toda dedicação e amor para nos ensinar esta arte.
Enfim, a todos que contribuíram para a realização deste trabalho, seja de forma direta ou indireta,
fica nosso obrigado.

Autor dos agradecimentos: Marcos Aurélio Moreira (Mestre Coca-Cola).


“Vamos jogar Capoeira. Brigar não se ensina a ninguém. Quem bate hoje
esquece, amanhã apanha também.”
(Mestre Biriba)

“Ser mestre não é só ganhar, mas sim ter muito pra dar.”
(Mestre Catendê)

“Unidos somos forte, sozinho apenas um ponto de vista.”


(Mestre Marcos Coca-Cola)

“Sina: Antes do nascimento até ser criança eu fui a esperança; da


adolescência ao adulto aprendi muito, fiquei confuso; hoje ensino a todos,
mas não sei de tudo.”
(Mestre Espinhela, 1987)

“Quando canto me arrepio. Quando jogo eu viajo. Quando amanheço


agradeço a Deus pela Capoeira eu poder jogar.”
(Mestre Falcão – ASCAF)

“A Capoeira é os quatro elementos da natureza.”


(Mestre Tatu)

“Quem não conhece a Capoeira, não pode dar o seu valor.”


(Contramestre Binho)

“Pior do que parar um tempo na Capoeira... é permanecer nela parado”.


(Contramestre Capilé)

“Um homem sem cultura não passará adianta as raízes de sua terra.”
(Contramestre Pantera Negra)
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Foto do Mestres Pastinha ................................................................ 22


Figura 2: Foto do Mestre Bimba....................................................................... 22
Figura 3: Foto do Porto do Recife, Armazém 11............................................... 23
Figura 4: Foto dos primeiros cordas vermelhas................................................ 27
Figura 5: Música do Grupo Senzala de Capoeira do Carnaval de 1970........... 28
Figura 6: Carteira do Grupo Senzala de Capoeira............................................ 29
Figura 7: Capoeira & Frevo............................................................................... 32
Figura 8: Mapa do Brasil com destaque para Pernambuco.............................. 35
Figura 9: Sistema de Graduação de Mestre Bimba.......................................... 36
Figura 10: Atual Bandeira de Pernambuco ........................................................ 38
Figura 11: Sistema de Graduação – Todas as Graduações / Adulto ................. 39
Figura 12: Sistema de Graduação – Todas as Graduações / Infantil ................ 39
Figura 13: Sistema de Graduação da Unificação Pernambucana – Adulto........ 40
Figura 14: Sistema de Graduação da Unificação Pernambucana – Infantil........ 41
Figura 15: Significado das Cores da Graduação da Unificação – Infantil........... 42
Figura 16: Significado das Cores da Graduação da Unificação – Adulto........... 43
Figura 17: Imagem do movimento - Ginga ......................................................... 51
Figura 18: Imagem do movimento - Aú .............................................................. 52
Figura 19: Imagem do movimento - Cocorinha................................................... 52
Figura 20: Imagem do movimento - Negativa..................................................... 53
Figura 21: Imagem do movimento - Rolê........................................................... 53
Figura 22: Imagem do movimento - Aplicação do Escorão ............................... 53
Figura 23: Imagem do movimento - Joelhada Frontal ....................................... 53
Figura 24: Imagem do movimento - Cotovelada ................................................ 54
Figura 25: Imagem do movimento - Galopante .................................................. 54
Figura 26: Imagem do movimento - Banda de Costas ....................................... 54
Figura 27: Imagem do movimento - Vingativa .................................................... 54
Figura 28: Imagem do movimento - Rasteira ..................................................... 55
Figura 29: Imagem do movimento - Tesoura de Frente ..................................... 55
Figura 30: 1ª Sequência de Bimba..................................................................... 58
Figura 31: 2ª Sequência de Bimba Parte 1a....................................................... 58
Figura 32: 2ª Sequência de Bimba Parte 1b....................................................... 58
Figura 33: 3ª Sequência de Bimba Parte 1a....................................................... 59
Figura 34: 3ª Sequência de Bimba Parte 1b....................................................... 59
Figura 35: 4ª Sequência de Bimba Parte 1a....................................................... 59
Figura 36: 4ª Sequência de Bimba Parte 1b....................................................... 59
Figura 37: 5ª Sequência de Bimba Parte 1a....................................................... 60
Figura 38: 5ª Sequência de Bimba Parte 1b....................................................... 60
Figura 39: 6ª Sequência de Bimba..................................................................... 60
Figura 40: 7ª Sequência de Bimba Parte 1a....................................................... 61
Figura 41: 7ª Sequência de Bimba Parte 1b....................................................... 61
Figura 42: 8ª Sequência de Bimba...................................................................... 61
Figura 43: Bananeira........................................................................................... 66
Figura 44: Balão de Lado.................................................................................... 66
Figura 45: Balão de Lado / Continuação............................................................. 67
Figura 46: Voo do Balão de Lado........................................................................ 67
Figura 47: Balão Cinturado................................................................................. 67
Figura 48: Balão Cinturado / Continuação.......................................................... 67
Figura 49: Coletânea Exercícios de Flexibilidade - Parte 1a ............................. 68
Figura 50: Coletânea Exercícios de Flexibilidade - Parte 1b.............................. 68
Figura 51: Coletânea Exercícios de Flexibilidade - Parte 2a.............................. 69
Figura 52: Coletânea Exercícios de Flexibilidade - Parte 2b.............................. 69
Figura 53: Coletânea Exercícios de Força - Parte 1a......................................... 70
Figura 54: Coletânea Exercícios de Força - Parte 1b......................................... 70
Figura 55: Coletânea Exercícios de Força - Parte 2a......................................... 70
Figura 56: Coletânea Exercícios de Força - Parte 2b......................................... 70
Figura 57: Coletânea Exercícios de Força - Parte 3a......................................... 71
Figura 58: Coletânea Exercícios de Força - Parte 3b......................................... 71
Figura 59: Coletânea Exercícios de Agilidade Parte 1a...................................... 72
Figura 60: Coletânea Exercícios de Agilidade Parte 1b...................................... 72
Figura 61: Coletânea Exercícios de Velocidade - Parte 1a................................. 73
Figura 62: Coletânea Exercícios de Velocidade - Parte 1b................................. 73
Figura 63: Coletânea Exercícios de Velocidade - Parte 2a................................. 74
Figura 64: Coletânea Exercícios de Velocidade - Parte 2b................................. 74
Figura 65: Coletânea Exercícios de Equilíbrio - Parte 1a................................... 75
Figura 66: Coletânea Exercícios de Equilíbrio - Parte 1b................................... 75
Figura 67: Coletânea Exercícios de Coordenação - Parte 1a............................. 76
Figura 68: Coletânea Exercícios de Coordenação - Parte 1b............................. 76
Figura 69: Todos os instrumentos musicais juntos............................................. 77
Figura 70: Berimbau............................................................................................ 78
Figura 71: Trio de Berimbau............................................................................... 78
Figura 72: Agogô de ferro................................................................................... 79
Figura 73: Agogô de Castanha do Pará............................................................. 79
Figura 74: Reco-reco ou Macumba..................................................................... 79
Figura 75: Pandeiro............................................................................................. 80
Figura 76: Atabaque............................................................................................ 80
Figura 77: Caxixis................................................................................................ 81
Figura 78: Flauta................................................................................................. 81
Figura 79: Violão................................................................................................. 81
Figura 80: Bandolim............................................................................................ 82
Figura 81: Viola................................................................................................... 82
Figura 82: Rabeca............................................................................................... 82
Figura 83: Banjo.................................................................................................. 82
Figura 84: Acordeão............................................................................................ 83
Figura 85: Saxofone............................................................................................ 83
Figura 86: Pífano................................................................................................. 83
Figura 87: Imagens de Partituras dos Toques do Berimbau............................... 86
Figura 88: O Cérebro Dançante.......................................................................... 96
Figura 89: Os Benefícios da Música para a Saúde............................................. 97
Figura 90: As 9 Partes do Cérebro Ativadas com a Música............................... 97
Figura 91: O Cérebro Musical............................................................................. 97
Figura 92: Um Cérebro Musical.......................................................................... 97
Figura 93: Quadro das Múltiplas Inteligências de Gardner................................. 101
Figura 94: Os Negros Lutando na Aquarela de Augustus Earle......................... 106
Figura 95: Óleo sobre tela de Johann Moritz Rugendas..................................... 106
Figura 96: Negros Volteadores........................................................................... 107
Figura 97: Imagem do quadro de Debret - 1824................................................ 107
Figura 98: Joueur d'Uruncungo Debret - 1826................................................... 107
Figura 99 Gravura de Johann Moritz Rugendas Intitulada San-Salvador.......... 108
Figura 100: Imagens de capas de livros infantis da literatura brasileira............... 109
Figura 101: Imagens de capas de livretos de literatura de cordel......................... 110
SUMÁRIO
1 Apresentação.......................................................................................................... 13
2 O que é Capoeira, afinal? ...................................................................................... 14
3 História da Capoeira – Possíveis Origens.............................................................. 16
4 O Termo “Capoeira”, de onde vem? ...................................................................... 20
5 Um pouco da História dos Mestres Pastinha e Bimba............................................ 22
6 História da Capoeira Pernambucana...................................................................... 23
7 Mestre Pirajá e o Grupo Senzala............................................................................ 26
8 A Capoeira e o Frevo Pernambucanos................................................................... 32
9 Um pouco sobre Pernambuco................................................................................ 35
10 Histórico do Sistema Ideário de Graduações......................................................... 36
11 Os Gestos e a Gestualidade Corporal dos Movimentos e Golpes da Capoeira…. 50
12 Tipos de Movimentos Corporais da Capoeira........................................................ 51
13 As Sequências de Ensino de Mestre Bimba........................................................... 57
14 Capoeira é Qualidade de Vida e Bem-estar........................................................... 68
15 Os Instrumentos Musicais Presentes na Capoeira................................................. 77
16 Os Toques e o Ritmo.............................................................................................. 84
17 Partituras dos Toques de Berimbau....................................................................... 86
18 Cantigas de Capoeira............................................................................................. 93
19 Tipos de Cantigas................................................................................................... 94
20 A Musicalidade da Capoeira................................................................................... 96
21 Principais Aspectos da Capoeira para a Formação do Ser.................................... 99
22 A Capoeira e as Inteligências Múltiplas de Gardner............................................... 101
23 A Capoeira e a Educação em Pernambuco............................................................ 105
24 Primeiros Vestígios da Capoeira por Meio da Iconografia...................................... 106
25 A Capoeira é Arte!! A Capoeira está em toda parte!! ............................................. 109
Considerações Finais............................................................................................. 111
Referências Bibliográficas...................................................................................... 112
Anexos.................................................................................................................... 119
Biografia dos Autores ............................................................................................ 139
INÍCIO
1 APRESENTAÇÃO

Prezados capoeiristas e simpatizantes este é um trabalho de pesquisa que vem sendo feito há
anos e somente agora pôde ser concretizado. E para tanto, gostaríamos de lhes apresentar este
“Manual da Capoeira de Pernambuco Imortal, Imortal !!”, cuja finalidade é a de inspirar mais
pessoas a conhecerem o mundo da Capoeira.
A Capoeira faz parte da cultura do povo brasileiro e que se perpetua por outros povos ao longo
das décadas, e essa herança transcendental e cultural dá-se pelos elementos utilizados dentro de
um processo de transformação social. Não esquecendo de que a arte capoeirística é Educação,
Inclusão Social, Cultura de Paz, Arte Marcial, Luta, Liberdade, Cultura, Musicalidade,
Gestualidade e acima de tudo traz valores dos nossos ancestrais para a História do Brasil e do
mundo, contribuindo para o desenvolvimento pleno do ser, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e contribuindo para a formação de atitudes, valores e saberes éticos.
Mesmo tendo em solo pernambucano a Capoeira há décadas, ainda, não tínhamos um trabalho
deste tipo, onde todos pudessem entender um pouco mais dessa arte tão rica.
Nosso trabalho justifica-se como uma pequena contribuição à Capoeira, assim como àqueles
que venham fazer dela sua filosofia de vida e como, também, daqueles que já fazem dela sua
companhia inseparável.
Salientar que este trabalho não deve ser exaustivo e que ela sirva de exemplo para que
outros trabalhos venham a serem realizados em nome da cultura brasileira, em nome do povo
brasileiro e em nome desta arte tão linda, que é a CAPOEIRA.

Autora: Verônica de Holanda Santos

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
2 O QUE É CAPOEIRA, AFINAL?

Várias são as designações do termo Capoeira1, mas vamos dar início a esta parte com os
dizeres do Contramestre Klaus Brito do Grupo Escaleno: “Capoeira é estrada sem volta, onde a
porta do conhecimento se abre pra enriquecer a vida, com um saber sem fim. Onde aprendemos
que pra voar alto tem que colocar a mão no chão, que o som do berimbau não sai só da cabaça
e sim da alma. Nela a gente cai, levanta, aprendemos a seguir sempre em frente mesmo se a
virola quebrar. Sentimos o perigo passando no rosto, olhamos para ele, e com uma esquiva faz
ele passar. Você pode até sair da Capoeira, mas ela nunca vai sair de você. E mesmo no final da
vida, com cabelos brancos e muito saber, você nunca vai entender a Capoeira, mas ela sempre
vai entender você.”
Capoeira Dança e Arte: A arte se faz presente através da música, do ritmo, do canto, do
instrumento, da expressão corporal e das criatividades de movimentos (Floreios).
Capoeira Folclore: É uma expressão popular que faz parte da cultura genuinamente brasileira.
Capoeira Esporte: Como prática desportiva em 14/4/1941, Lei Federal 3.199, foi criado o
Departamento Nacional de Capoeira, junto a Confederação Brasileira de Pugilismo. Em 1953, foi
reconhecida novamente como desporto pela deliberação Nº 071 do Conselho Nacional do
desporto. Novo reconhecimento em 26/12/1972, foi homologada pelo STJD (Superior Tribunal de
Justiça Desportiva). Em fevereiro de 1995, foi reconhecida como Desporto de alto rendimento,
leis que sucederam à Lei Federal 3199: 6251: de 8/10/1975, Lei Zico Nº 3672, de 6/7/1993,
substituída pela Lei Pelé nº 9615 de 24/3/1998 e regulamento estabelecido pelo Decreto Federal
Nº 2774 de 29/4/1998; Lei Federal Nº 9696 de 1/9/1998.
Capoeira Educação: Apresenta-se como um elemento importante para a formação integral do
aluno, desenvolvendo o físico, o caráter, a personalidade e influenciando nas mudanças de
comportamento. Proporciona ainda um autoconhecimento e uma análise crítica das suas
potencialidades e limites. Na educação especial, a Capoeira encontra-se como frutífera e
promovendo a autoestima.
Capoeira é Cultura de Paz e Inclusão Social: “Na dinâmica do projeto de inclusão social, a
prática da Capoeira não se restringe apenas a mais uma atividade física dentro do âmbito escolar
e, sim, ela integraliza e promove a igualdade social, na medida que vislumbra a integração dos
sujeitos proativos numa perspectiva homogênea e amistosa (FILHO; SANTOS, 2018, p.2).”
Capoeira Lazer: Como prática não formal, através das “rodas” espontâneas, realizadas nas
praças, praias, colégios, universidades, festas etc.

1 Escreveremos Capoeira com C maiúsculo quando referir à prática esportiva e com c minúsculo quando for fazer referência
aos praticantes da arte capoeirística e em alguns momentos quando fizer referência ao termo por ele mesmo.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Capoeira Luta: Apresenta sua origem e sobrevivência através dos tempos, na sua forma mais
natural, como instrumento de defesa pessoal. Deverá ser ministrada com o objetivo de Capoeira
combate e de defesa. Segundo (BITTENCOURT, 2012, p. 18): “[...] Freyre afirmou que a mesma
surgiu como uma alternativa dos negros para suprir a falta de armas que, além de ser considerada
insígnia, [era] vantagem técnica de luta, chegando a se constituir em um importante recurso para
matar os brancos. Esta seria praticada, sobretudo, no ambiente urbano sendo o capoeirista um
dos reflexos socioculturais da decadência do patriarcado rural.”
Capoeira Arte Marcial: A Capoeira fez-se presente nas duas Guerras Mundiais e em 15 revoltas
em Pernambuco. Corrobora com nossa pesquisa a passagem do artigo de Vaz (2016, p. 79):
“Segundo Álvaro Pereira do Nascimento a Marinha de Guerra, em seus recrutamentos, tinha
dentre os vadios e malfeitores, capoeiras. Conforme consta em Relatório do Ministro da Marinha
(1888, Anexos).” E ainda com o mesmo autor: “Em 1865, o Brasil, junto com a Argentina e o
Uruguai, declarou guerra ao Paraguai. O Exército Brasileiro formou seus batalhões e, dentro
destes, um imenso número de capoeiras. Muitos foram ‘recrutados’ nas prisões; outros foram
agarrados à força nas ruas do Rio e das outras províncias; aos escravos, foi prometida a liberdade
no final do conflito (VAZ, 2016, p. 80).”
Capoeira Filosofia de vida: Muitos são os adeptos que se engajam de corpo e alma, criando
dessa forma uma filosofia de vida, tendo a Capoeira como elemento-símbolo, até mesmo
usando-a para a sua sobrevivência.
Capoeira Religião: É uma forma de Louvar a Deus, segundo os Salmos 149 e 150 da Bíblia
Sagrada, diz: “Louvem a Deus com cânticos e danças”, e é aí que entra a Capoeira. Lembrando
que alguns capoeiristas reverenciam os Orixás do Candomblé e Umbanda em rodas de Capoeira,
por isso qualquer Religião pode aderir à Capoeira e criar suas formas de louvor as suas Divindades
Espirituais. Ressaltar que CAPOEIRA NÃO É RELIGIÃO, quem tem religião são as pessoas que
praticam a Capoeira.

Obs.1: Apesar de termos enumerados algumas concepções de práticas de Capoeira em vários


ambientes, acreditamos que esta deverá ser ensinada globalmente, deixando que o educando
busque a sua identificação em quaisquer dessas formas. Caberá ao professor um papel relevante,
orientando a estimular para que o aluno possa aproveitar ao máximo toda a sua potencialidade.
Obs.2: A mensagem do Contramestre Klaus Brito foi enviada via WhatsApp para o Mestre
Espinhela e reenviada via WhatsApp para Verônica de Holanda Santos em 29/4/2020 às 17:27.

Fonte: Arquivo / UNICALEN

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
3 HISTÓRIA DA CAPOEIRA - POSSÍVEIS ORIGENS

Em relação à origem da Capoeira, ainda é muito controversa e muitas são as hipóteses, existem
entretanto três fortes correntes: a primeira informa que a Capoeira teria sido trazida pelos escravos
vindos da África, a segunda considera a Capoeira uma invenção dos escravos no Brasil e, a
terceira seria uma manifestação dos índios brasileiros.
Segundo (VAZ, 2016, p. 77): “Para a capoeira, apresentam-se três momentos importantes:
finais do século XIX, quando a prática da capoeira é criminalizada; décadas de 30 e 40 quando
ocorre sua liberação; década de 70 quando se torna oficialmente um esporte e o reconhecimento
como patrimônio imaterial do povo brasileiro.”
É vasto o universo de quem se aventura a pesquisar a Capoeira. Arte que apresenta registros
iconográficos e documentais desde o século 18. Essa arte tem diversas vertentes ensinadas por
mestres, contramestres, professores e instrutores. Além disso, cobre um amplo território
geográfico que mapeia os cinco continentes, uma vez que as rodas de Capoeira estão difundidas
em mais de 150 países.
Podemos descrever a Capoeira como uma mistura de arte, lutas, jogo e que tem grande riqueza
de musicalidade que sua origem ainda é uma incógnita, pois alguns dizem que veio com os negros
africanos, outros autores afirmam que foi invenção dos negros no Brasil e uma terceira linha diz
que seria um ritual indígena.
Mesmo tendo origens controversas, as origens da Capoeira remetem a basicamente três
hipóteses:
1. A Capoeira nasceu na África Central e foi trazida intacta por africanos escravizados
para o Brasil.
2. A Capoeira é criação de escravos quilombolas no Brasil.
3. A Capoeira é criação dos índios, daí a origem do vocábulo que nomeia o jogo.
Todas as três hipóteses geram controvérsias. Mesmo que estudos recentes tenham
comprovado a existência de danças guerreiras similares à Capoeira, não apenas na África Central,
mas em outros países que fizeram parte da diáspora negra (a ladja da Martinica é uma delas).
Por fim, a patente indígena na criação da Capoeira é uma hipótese de difícil sustentação. Não
há documentação ou mesmo relatos de índios que reivindiquem essa paternidade. O termo
“capoeira” faz parte da língua tupi e significa “mato ralo”, o que remete a uma das explicações
sobre sua origem. Diz respeito ao mito do escravo fugitivo que surpreenderia seus algozes na
capoeira, local da cilada. Além de ter uma lógica de difícil assimilação, a do perseguido que inverte
a situação e submete o perseguidor, as raízes etimológicas também são controversas e apontam
para outra possível origem da arte.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Em seu livro clássico, Waldeloir Rego expõe hipóteses de Henrique de Beaurepaire Rohan e
Brasil Gerson tendo como base Capão, do qual Adolfo Coelho tirou o étimo de capoeira para o
português, Beaurepaire Rohan faz o mesmo para o vocábulo capoeira na acepção brasileira,
apresentando em defesa de sua opinião a seguinte explicação: “Como o exercício da Capoeira,
entre dois indivíduos que se batem por mero divertimento, se parece um tanto com a briga de
galos, não duvido que este vocábulo tenha sua origem em Capão, do mesmo modo que damos
em português o nome da capoeira a qualquer espécie de cesto em que se metem galinhas.”
Em (CÂMARA CASCUDO, 1967, p.179-89), em Folclore do Brasil, declara que a Capoeira teria
suas raízes em Angola, onde há um cerimonial de iniciação de nome Efundula, que é realizado
entre os Mucopes do sul do país. Cujo cerimonial é parte da festa da puberdade das meninas que
passam à condição maioritária de mulher e estando aptas para o casamento e à procriação. E é
justamente nesta cerimônia que os rapazes disputam as moças lutando o N’golo, também
denominado de dança da zebra. O vencedor da luta terá o direito de escolher com quem quer se
casar entre as iniciadas.
Vários estudos mostram que a Capoeira não foi documentada em nenhum país do continente
africano, isso fortalece ainda mais a ideia de que a Capoeira teve mesmo sua origem em território
brasileiro sendo uma mistura de danças, lutas, rituais e instrumentos musicais oriundos da África.
O que na verdade só certifica que vindo ou não pronta da África, ela tem suas raízes africanas
bem nítidas.

3.1 Capoeira: de proibida à liberta


Na República de Marechal Deodoro da Fonseca a Capoeira foi proibida no primeiro Código
Penal da República. O Código Lei Nº 487 de 11 de outubro de 1890, refere-se claramente em
vários dos seus Artigos, aos capoeiras. O Capítulo XIII, se intitula: “dos vadios de Capoeira”. Seu
artigo Nº 402, assim começa: “Fazer nas ruas e Praças públicas exercício de agilidade e destreza
corporal conhecida pela denominação de alguma banda ou Malta.” O artigo Nº 404 é mais severo:
“Se esse exercício de capoeiragem perpetra homicídio, praticar lesão corporal, perturbar a
ordem, a tranquilidade ou a segurança pública ou for encontrado com arma, incorrerá
cumulativamente nas penas caminhadas para tais crime.”
Muito tempo se passou, até que o presidente Getúlio Vargas deu uma grande investida por volta
da década de trinta, onde buscava apoio popular e, com isso implanta ideais “Nacionalistas” 2

2
Defende um Estado autoritário e nacionalista que promova a "regeneração nacional", com base no lema "Deus, Pátria e
Família”. As ideias fascistas chegam ao Brasil nos anos 20, propagam-se a partir do sul do país e dão origem a pequenos
núcleos de militantes. Logo, o movimento é apoiado por setores direitistas das classes médias, dos latifundiários e dos
industriais.

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e a “retórica do corpo3”, com isso libera uma série de manifestações populares bastante praticadas
por boa parte da população como o Candomblé e a Capoeira. E foi também nessa mesma época
que estava sendo criada por Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, a Luta Regional Baiana
(hoje conhecida como Capoeira Regional e que foi inspirada na Capoeira praticada
tradicionalmente, hoje a Capoeira Angola, e em uma luta chamada Batuque) que conquistava
cada dia mais adeptos e, “aos olhos” de Vargas se encaixava perfeitamente em seus ideais.
Assim libera-se a Capoeira e o candomblé, mas somente em recinto fechado o que faz surgir a
primeira academia de Capoeira, o Centro de Cultura Física, fundada por Mestre Bimba onde viria
a iniciar da graduação na Capoeira para tentar equiparar a Capoeira às outras lutas e para
transformá-la em esporte, também dando uma postura menos maliciosa, utilizando uniforme e
assim conquistando uma classe média para o novo “esporte nacional”.
É quando no ano de 1937 promulga o novo código penal por meio do Decreto-lei nº 3688, que
dá à Capoeira uma vivência livre e sem repressões populares e/ou militares. Com a saída da
ilegalidade e o respeito conquistado fez com que a Capoeira tivesse uma liberdade nas ruas e
tomasse espaço dentro das academias e em muitas instituições de ensino.
A Capoeira vem ganhando a cada dia uma maior visibilidade tanto dentro quanto fora do
território brasileiro. É sabido que em novembro de 2014, a “Roda de Capoeira” foi reconhecida
como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

3.2 A Capoeira e os Maltas


Os já libertos, entre um serviço e outro se reuniam nas esquinas e jogavam Capoeira para se
distraírem e ocuparem o tempo, aproveitando para reclamar de sua condição social através das
músicas. Muitos desses grupos de ex-escravos se reuniram em bandos organizados que furtavam,
roubavam e matavam, chamados de Maltas.
Como os escravos foram libertados pelo Império, esses grupos se achavam em dívida com o
imperador e trataram de defender a Monarquia contra a República, influenciados, é claro, por
políticos. Esse período entre o fim do Império e o início da República marca a idade de ouro da
Capoeira. Os grupos faziam arruaças em comícios republicanos, fraudavam eleições e
provocavam badernas, no Rio como também em Recife e Salvador, levando o pânico à população.

3
A ‘retórica do corpo’ de Vargas consistia no seguinte: ele imaginava que para ter uma sociedade organizada, que funcionasse
como uma máquina, era necessário que as pessoas (e os corpos destas pessoas) fossem educadas para isto desde pequenas.
Pensando assim, ele criou a obrigatoriedade do ensino da Educação Física nas escolas, e imaginou que a capoeira poderia ser
um apoio popular. Mas não uma capoeira nos moldes tradicionais de malandragem /ritual/brincadeira/arte e sim como
esporte/luta ‘sério’, com método de ensino semelhante à hierarquia do exército e uma mentalidade de acordo com os objetivos
da ‘nova’ sociedade: competição, objetividade, técnica e burocracia. Estas características são, justamente, as que vão crescer
e fazer sucesso durante toda a ‘era das academias’, deixando em segundo plano as características originais da capoeira –
vadiação, ritual, malandragem” (CAPOEIRA, 51, 1998).

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3.3 Maraná a Dança da Guerra
As cartas do escrivão Francis Patris, que acompanhava o cortejo do príncipe Mauricio de
Nassau durante a invasão Holandesa, descrevem entre muitos obstáculos para a ocupação do
território brasileiro a resistência dos habitantes do Brasil.
Negros comandados por Henrique Dias, portugueses por Vidal de Negreiros, Índios Potiguares
comandados por Felipe Camarão, o “Índio Poti”. Esses índios usavam durante o confronto, além
de flechas borduna4, lanças e tacapes, os pés e as mãos desferindo golpes mortais, destacando-
se por sua valentia e ferocidade.
Pertencia a cultura potiguara a dança da guerra Maraná, que avaliava o nível de valentia. Em
círculos, os guerreiros com perneiras de conchas compunham um compasso ao bater com os pés
e as mãos, invocando seus antepassados, acompanhado de atabaques de troncos com pele de
Anta, chocalhos e marimbas, em quanto que dois guerreiros se confrontavam ao centro com
golpes de pernas, cotoveladas e movimentos que imitavam os animais.

3.4 N’Golo ou Dança da Zebra


A Dança da zebra ou N’Golo de origem do povo “Mucope” do sul da Angola, que ocorria durante
a “Efundula” (festa da puberdade), onde os adolescentes formam uma roda; com uma dupla ao
centro desferindo coices e cabeçadas um no outro, até que um era derrubado no solo, essa luta
é oriunda das observações dos negros, dos machos das zebras nas disputas das fêmeas, no
período do cio, onde os machos lutam com mordidas, cabeçadas e coices. Com a “revolta dos
Malês”, na Bahia, formada pelos Negros Malês em 25 de fevereiro de 1835 que foi reprimida pelos
Portugueses, que castigaram mutilando os líderes, e enviou um navio para África e outro dos
rebeldes para a América Central. Em Cuba e Martinica os males fundiram com a dos navios e
negros dos canaviais dando origem ao “Mani”, em cuba e “Ladva”, em Martinica. O N’Golo levado
pelos angolanos para Palmares fundiu-se com a Maraná surgindo a Capoeira.
Cartas do Jesuíta Antônio Gonçalves para os superiores de Lisboa, em 1735, descreve um luta
que os índios praticavam antes de qualquer conflito, em forma de roda dois a dois usando os
braços, pernas, cotoveladas, joelhadas, e usando todo corpo como armas (convento de Santo
Inácio de Loyola, anais das missões no Brasil. Tomo III pág. 128).
O escrito Holandês Gaspar Barleus descreve no livro “Rerum Per Octenium in Brasília-1647, a
luta dos índios tupis praticada no litoral brasileiro” chamado de maraná, luta de guerra, só existem
dois exemplares, um no EUA e outro no Brasil.

Fonte: Arquivo / UNICALEN

4 Flecha borduna: cacete cilíndrico longo usado pelos indígenas como arma de ataque, defesa ou caça.

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4 O TERMO “CAPOEIRA”, DE ONDE VEM?

Semanticamente falando, o vocábulo comporta várias acepções, conforme consta do dicionário


de Aurélio Buarque e Holanda Ferreira: Capoeira1, s.f. – Gaiola grande ou casinhola onde se
criam e alojam capões e outras aves domésticas; Capoeira2 , s.f. – Terreno em que o mato foi
roçado ou queimado para cultivo da terra ou para outro fim. Jogo atlético constituído por um
sistema de ataque e defesa (...). Capoeiragem, s.f. – Sistema de luta dos capoeiras. Capoeirada,
s.f. - Conjunto de capoeiristas. Capoeirano, s.f. – Morador de terras de capoeira.”
São várias as explicações para o termo “Capoeira”. No entanto, é de aceitação geral a hipótese
do jogo de agilidade corporal ter sido o instrumento utilizado pelos escravos fugitivos da defesa
contra seus perseguidores, representados pela figura do capitão-do-mato. E era no mato que
travava a luta decisiva. No entanto, outras acepções do termo existem e para tanto, iremos nos
apoiar nas informações trazidas por Campos (2001, p.21): “o vocábulo capoeira tem sido tratado
por vários estudiosos. Em 1712, ele foi registrado pela primeira vez por Raphael Bluteau em seu
Vocabulário Português e Latino, seguido por Antonio Moraes Silva no Dicionário da Língua
Portuguesa de 1813.”
A outra proposição de que se tem notícia é a de José de Alencar, em 1865, primeira edição de
Iracema. Propôs Alencar, para o vocábulo Capoeira, o tupi Caa-Apuam-era, traduzido por tupi
Co-puera, significado “roça velha”. Para Macedo Soares o vocábulo vem simplesmente do guarani
Caápuêra, “mato que foi”, atualmente, “mato miúdo que nasceu no lugar do mato virgem que se
derrubou”. J. Barbosa Rodrigues, no século passado, propôs no seu livro Paranduba Amazonense
a forma Caapoêra. Já para Visconde de Porto Seguro, o termo certo é Capoêra.
Atualmente, são quase unânimes os tupinólogos em aceitarem o étimo Caá, “mato, floresta
virgem”, mais Puêra, pretérito nominal que quer dizer “o que foi, e o que não existe mais.”
Waldeloir do Rego realizou o primeiro ensaio sócio etnográfico sobre a Capoeira no ano de
1968, fazendo uma análise etimológica sobre a expressão “Capoeira” e aponta três versões, a
citar: a origem africana, a brasileira e a indígena. Desse modo, verificamos o caráter polissêmico
do termo “Capoeira”.
É na versão dada à origem indígena, ou seja, no significado dado ao signo linguístico "capuera"
que temos o significado de: "[...] significa mato virgem que já não é, que foi botado abaixo e em
seu Iugar nasceu mato fino e raso. Neste local os escravos se escondiam para a emboscada
(WALDELOIR, 1968).”
Já no significado seguinte temos a seguinte passagem: "[...] espécie de cesto onde se metem
as galinhas. Os escravos que traziam capoeiras de galinhas para vender no mercado, enquanto
não abria, divertiam-se jogando Capoeira. Por uma metonímia, o nome da coisa passou para o
nome da pessoa com ela relacionada” (WALDELOIR, 1968). De acordo com a explicação de

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Waldeloir no que concerne à origem africana, temos a seguinte passagem de Barão, (1999, p. 48):
“[...] Esta colocação apresenta o cenário onde o jogo da Capoeira possivelmente desenvolveu-se.
O sentido da origem da Capoeira enquadrando-se numa situação de escravidão urbana e
relacionada as atividades dos escravos de ganho.”
Ainda relacionada à essa acepção (BARÃO, 1999), a autora informa que Bretas realizou um
estudo em relação às profissões de presos por estarem jogando Capoeira no final do século
passado e, de acordo com os processos policiais da Casa de Detenção do Rio de Janeiro. O
estudo aponta que os índices, em primeiro Iugar, é dos presos identificados como "trabalhadores",
que é todo aquele de forma genérica, e em segundo lugar estão os "vendedores de folhas".
Referindo-se àqueles que levavam as cestas, denominadas 'capoeiras'. Sendo assim, entende-se
que os personagens denominados 'capoeiras' eram trabalhadores, escravos de ganho, que no
período de não-trabalho jogavam Capoeira.
Em outra acepção do termo temos a versão que seria uma possível ‘imitação da natureza’,
como escreveu Waldeloir (1968): “[...] uma espécie de perdiz pequena. Outro argumento para o
vocábulo é a existência, no Brasil, de uma ave chamada capoeira (Odontophores Capueira-
Spix), anda sempre em bandos e no chão, o macho da capoeira é muito ciumento e por isso trava
lutas tremendas com o rival que ousa entrar em seus domínios. Partindo dessa premissa, os
passos de destreza desta luta, as negaças, foram comparadas com os homens que na luta
simulada para divertimento lançavam mão apenas da agilidade.”
Inúmeras pesquisas tentam buscar a origem da Capoeira, posto que, por mais que se debata
a respeito, não é tarefa simples ou fácil, mesmo que alguns pesquisadores afirmem ser, a
Capoeira, do período escravocrata brasileiro, sendo uma via da origem, mas não a única.
Segundo Barão (1999, p. 11): “Pesquisar a Capoeira é sempre um empreendimento ambicioso,
pois esta é uma prática polissêmica, que traz diversas possibilidades de interpretações,
considerada, ao mesmo tempo, como luta, arte, esporte, religião, entre outras definições.” A autora
ainda desperta para a seguinte definição sobre a Capoeira: “A origem da Capoeira como 'luta de
libertação' aponta para o seguinte aspecto: a força daqueles que estão em situação de opressão,
abaixo e a margem da estrutura. Podemos perceber essa característica, desde a origem desta
prática entre africanos trazidos como escravos ao Brasil, assim como, grande parte dos seus
praticantes contemporâneos, os "sobreviventes da periferia", que vivem numa situação de
opressão (BARÃO, 1999, p. 31).

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5 UM POUCO DA HISTÓRIA DOS MESTRES PASTINHA E BIMBA

5.1 Mestre Pastinha – Defensor da Capoeira Primitiva “Angola”

Foto 1: Mestre Pastinha Mestre Pastinha interessado em cultivar a Capoeira,


extinguiu a violência, introduzindo esta Capoeira
Angola, com lealdade aos companheiros de jogo,
obediência às regras e aos fundamentos, colocando
toda beleza e brilho no jogo que se pratica atualmente,
onde se usa o expressionismo corporal espiritualizando
e materializando no eu de cada qual, ela tem arte, ela
faz parte para coletividade de todos Esportes.
Foi legítimo representante da Capoeira primitiva no
Brasil e no Mundo. Faleceu aos 92 anos, 7 meses e 8
dias, no dia 13 de Novembro de 1981.
Fonte: http://velhosmestres.com.br

5.2 Mestre Bimba – Criador da “Capoeira Regional baiana”

Figura 2: Foto de Mestre Bimba / 1966 Criada a Regional, Bimba deu sua maior
contribuição à Capoeira: criou um método
de ensino para essa, coisa que até então
não existia: “o capoeirista aprendia de
oitiva” dizia o mestre. O que caracterizava
a Capoeira regional era sua “sequência de
ensino” esta sequência e uma série de
exercícios físicos completos e organizados
em um número de lições básicas e
eficientes.
Fonte: http://portalcapoeira.com

Fonte: Arquivo / UNICALEN

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6 HISTÓRIA DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA

O início da história da Capoeira em Recife pode-se dizer que estava mais para sangrenta que
para arte ou jogo. De acordo com Marques (2012), os crimes com os quais a Capoeira estava
correlacionada eram quase sempre lesões corporais leves, graves, portes de armas, “distúrbios”,
“arruaças”, “vagabundagens” e homicídios. A utilização de facas pelos capoeiristas e outros
criminosos no Recife fez com que os jornais noticiassem verdadeiros duelos à base da bicuda e
do cacete. Em 1904, o Correio do Recife, por exemplo, citava que diversos “moleques” jogavam
Capoeira armados de facas de ponta e cacete na Campina do Bodé, bairro de São José
(MARQUES, 2012, p. 35).

Figura 3: Foto do Porto do Recife / Armazém 11

Fonte: Fundação Joaquim Nabuco

Infelizmente por vezes, o termo Capoeira era dado como qualidade pejorativa aos indivíduos
qualificados como capoeiras na metade do século XIX. E ainda com Marques: “[...] As teias de
capoeiragem tecidas entre os capoeiras e as forças armadas podem ser vistas em Recife,
sobretudo, quando os diversos batalhões no Recife saíam ou regressavam de seus exercícios,
marchas e desfiles (MARQUES, 2012, p.47).”

6.1 Quilombo dos Palmares


A maior resistência socioeconômica e política da história do Brasil, quase cem anos lutando
pelo direito à vida e à liberdade, na Serra da Barriga, hoje estado da Alagoas. Em 1650, um grupo
de escravos se rebelou no engenho de Pianco, capitania de Pernambuco, liderada pelo Príncipe
Negro Angolano “Zumba” que os conduziu para o Alto da Serra da Barriga, onde ficava a aldeia
de nação Potiguar “Palmares”, liderada pelo cacique Canindé e a Xamã Akutirene. A velha
feiticeira previu que um certo dia surgiria de grande rio um grande Rei que imortalizaria Palmares.
Com sua grande liderança foi eleito Rei “Ganga” de Palmares. Dentro de poucos anos a população
negra passou de 70%, a dos principais quilombos, que ao todo foram oito (Amaro, Akutirene

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Macaco, Aqualtene, Danbraga, Subupira, Adalaquituxe), 25% de Índios e 5% de Portugueses
Brancos foragidos (Mestiços, portugueses, Franceses e Espanhóis).
Toda essa miscigenação racial criou uma cultura étnica, religiosa, dialeto, Capoeira, culinária,
relações culturais onde a terra era patrimônio de todos e as decisões de Ganga eram decididas
pelo concílio dos anciões Zama, que representava os patriarcas de cada família.
Palmares foi a maior república socialista de América, formava um arco-íris racial do povo
Brasileiro (Negros, Mamelucos, Índios, Cafuzos, Sararás, Mulatos e Brancos etc.) nessa
sociedade surgiu a Capoeira com a fusão das culturas negras, indígenas e brancas. O negro
contribuiu com o N’Golo, a ginga, mandinga, com seus instrumentais, pandeiro quadrado,
atabaque Islâmico, agogô e mais tarde o berimbau (urocongo). Os Índios com as marimbas,
xererê, atabaque de tronco oco e pele de anta, com movimentos que imitavam os animais.
Ouviu-se falar de Capoeira pela primeira vez durante as invasões holandesas, em 1624, quando
os índios, e Negros escravos, (as duas primeiras vítimas da colonização). Aproveitando-se da
confusão gerada, fugiram para as matas, aumentando o contingente dos Quilombos dos
Palmares. Salientamos que o primeiro Quilombo registrado foi em Pernambuco (Cumbi) no ano
de 1558.
Em 1678 foi registrado a chegada de Ganga Zumba, Rei dos Palmares ao Recife onde foi
recebido pelo então Governador Souza de Castro. Por várias vezes Ganga-Zumba com seus
guerreiros maus vestidos chegaram a Recife, convidado pelo Governo de Pernambuco a respeito
de muitos escravos fugirem para os Quilombos e deixando grandes prejuízos para os fazendeiros,
que precisavam da monocultura escrava. Do acordo firmado entre Zumba e o Governo
Constituinte, nada foi cumprido por parte do poder Constituído. Também durante uma dessas
visitas Ganga-Zumba foi envenenado pelos seus próprios colaboradores manipulados pelo
Governo Pernambucano.

6.2 Zumbi
Assumindo o comando o guerreiro Zumbi quando criança havia sido raptado por Bandeirantes
ou Caçadores de Escravos e criado por um Padre em Recife, que aos 15 anos já era coroinha e,
aos 25 anos fugiu para os Quilombos dos Palmares ficando no lugar de Ganga-Zumba, mas foi
morto no dia 20 de Novembro de 1695 pelo perverso Domingos Jorge Velho. A sua cabeça foi
colocada em sal e enfiada em um poste na frente da Igreja do Carmo para mostrar a seus
seguidores que seu defensor havia sido vencido. Hoje existe o monumento do mesmo, e a data
de sua morte é comemorada o dia da Consciência Negra. Segundo a lenda, Zumbi era um nato
lutador de Capoeira. O Reinado de Zumbi Durou 14 anos.

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6.3 Quilombos em Pernambuco
No Brasil, ainda existem comunidades negras rurais remanescentes dos quilombos, frutos de
um processo social que nunca foi estático e que enfrenta até hoje inúmeros desafios no que se
refere à cidadania e identidade cultural. Gomes (2015) organizou em um quadro por ordem
alfabética as comunidades quilombolas reconhecidas e certificadas no Brasil considerando os
estados da federação no qual estão identificadas 174 comunidades em Pernambuco conforme se
observa no quadro a seguir:

Pernambuco:
Município X Quantidade de comunidades quilombolas:
Afogados da Ingazeira: 4; Afrânio: 1; Agrestina: 3; Águas Belas: 3; Alagoinha: 2; Arcoverde: 11;
Betânia: 6; Bezerros: 2; Bom Conselho: 6; Brejão: 2; Buíque: 2; Cabo de Santo Agostinho: 2;
Cabrobó: 5; Capoeiras: 5; Carnaíba: 4; Carnaubeira da Penha: 3; Casinhas: 1; Catende: 1; Cupira:
1;/ Custódia: 18; Floresta: 2; Garanhuns: 8; Goiana: 1; Iati: 1; Ibimirim: 1; Iguaraci: 1; Inajá: 1;
Ingazeira: 2; Itacuruba: 3; Lago dos Gatos: 2; Lagoa do Carro: 1; Lagoa Grande: 1; Mirandiba: 13;
Olinda: 1; Orocó: 5; Panelas: 2; Passira: 3; Pesqueira: 1; Petrolândia: 1; Petrolina: 2; Quixaba: 1;
Recife: 1; Rio Formoso: 1; Salgadinho: 2; Salgueiro: 5; Saldá: 1; Santa Maria da Boa Vista: 3; São
bento do Una: 9; São José do Egito: 1; Sertânia: 8; Terra Nova: 2; Triunfo: 5 e Vicência: 1.

Fonte: VERARDI, Cláudia Albuquerque. Quilombo do Catucá: Malunguinho e a resistência escrava em


Pernambuco. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em:
<http://basilio.fundaj.gov.br//>. Acesso em: 29 de março de 2020.

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7 MESTRE PIRAJÁ E O GRUPO SENZALA

7.1 Marcondes Luiz Ferreira (Conde Pirajá)


Marcondes Luiz Ferreira (Conde Pirajá) o Pioneiro da Capoeira em Pernambuco desde a
década de 50. Iniciou na capoeiragem em 1958 com um senhor chamado Luiz Naval, no Visgueiro
hoje chamado Vasco da Gama. Nessa capoeiragem não havia berimbau e, a luta era praticada
com tambor de madeira e couro de boi e palmas incentivando a dupla de contendores enfrentarem-
se, em forma de gingas, que eram passos laterais, bem como passos frontais em formas de
tombos como se estivesse embriagado; para frente aplicando ataque, e para traz em fuga.
No início de 1966, Mestre Pirajá ingressou no Corpo de Fuzileiros Naval, servindo em Salvador,
onde teve a oportunidade de conhecer o espaço físico do Senhor Manoel dos Reis Machados,
renomado Mestre Bimba, criador da Capoeira Regional Baiana, como também grandes
capoeiristas da época, dentre eles o Mestre Caiçara, Valdemar da Paixão, Vermelho, Di-Mola,
Fernandinho, Nego Teles, Manoel e outros.
No mesmo ano foi transferido para o Rio de Janeiro, onde conheceu e, conviveu com outros
capoeiristas, que estavam começando a se organizar criando vários grupos, tendo permanecido
com Mestre Travassos e Mestre Veludo, participando da criação do Grupo Pequeno Mestre no
Bairro do Barreto em Niterói.

7.2 Grupo Senzala


Em 1969, por ocasião de ter vindo de férias a sua Terra Natal, Recife-Pernambuco, procurou
saber se no estado havia capoeirista ou grupos. Em todo estado de Pernambuco só encontrou
Capoeira em Prazeres com um Jovem chamado Paulo Guiné e, em Olinda com outro chamado
Marco Coca-Cola.
Neste mesmo ano fundou o Grupo Senzala de Capoeira, no qual fundiu a capoeiragem que
aprendeu quando jovem em Pernambuco. Colocou golpes e mandinga da Angola e golpes com
as cinturas desprezadas e gravatas da Capoeira Regional Baiana, inclusive, colocou o berimbau
que era usado pelos capoeiristas baianos
Denominando a sua criação de “Anglo-Regional” ou Capoeira Pernambucana, passando a
ensinar esta fusão a 16 colegas de infância com a maior aderência por parte da comunidade.
Até hoje é jogado esse estilo em todo o mundo, sem rótulo e sem lembrar seu criador.
Em fins de 1972, retornou definitivamente para Pernambuco, passando a ensinar a crianças,
adolescentes e adultos dos Morros e Altos de Casa Amarela. Transformando a Capoeira como
forma de lazer e terapia ocupacional para melhorar a formação de nossa sociedade com a prática
da “Capoeira Pernambucana”.

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No Carnaval de 1973 saiu com uma ala de berimbau e capoeiristas jogando a Anglo-Regional
na Escola Gigante do Samba.
Na época iniciaram dezenas de alunos participando de aulas teóricas, práticas, cursos, exames,
e apresentações de Capoeira em todo Estado, divulgando a Capoeira Pernambucana.
Já Em 1981, existiam 7 (sete) Academias de Capoeira em todo Estado de Pernambuco, “Grupo
Senzala de Capoeira” no Morro da Conceição, Instrutor Pirajá; “Studio de Arte Física” em Boa
viagem, Instrutores: Mulatinho e Bigode; “Viva a Bahia” Bairro do Prado, Instrutor: Galvão; “Grupo
Cajueiro Seco de Capoeira” em Prazeres, Instrutor: Paulo de Prazeres ou Paulo Guiné; “Grupo
Marco Coca-Cola de Capoeira” em casa Caiada – Olinda; “Grupo Lázaro Africano de Capoeira”
no Amaro Branco – e Boi Castanho em Casa Forte, Instrutor Zumbi Bahia.

Figura 4: Foto dos primeiros cordas vermelhas

Fonte: Arquivo / UNICALEN

A foto acima é uma verdadeira relíquia da Capoeira pernambucana, pois foi tirada em 1987. É
a foto dos primeiros cordas vermelhas formados pelo Grupo Senzala de Capoeira.
Nesta época na rua Gervásio Pires, foi criado um Centro para os do Recife com os instrutores:
Zumbi Bahia e Mulatinho. Neste mesmo ano, mês de Agosto, havia entrado em contato com o
Instrutor Zulu de Brasília - DF. Reuniu-se com os líderes dos grupos acima citados no objetivo de
modificar as cordas que eram nas cores da Bandeira Brasileira, passando a ser conforme as cores
dos Orixás da Umbanda com irradiação nas cores: Azul= Iemanjá; Marrom= Xangô, Verde=
Oxóssi; Amarelo= Oxum; Roxo= Iansã; Vermelho= Ogum; Branco= Oxalá. Onde os instrutores
dos grupos acima, passaram a usar cordas vermelhas, e os mais graduados passaram usar corda
marrom, foi aí que houve evasão de graduados que não aderiram ao novo sistema de graduação
até hoje.

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Figura 5: Música do Grupo Senzala de Capoeira do Carnaval de 1970.

Fonte: Arquivo / UNICALEN

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Figura 6: Carteira do Grupo Senzala de Capoeira

Fonte: Kohl, 2012, p. 221.

No ano de 1986, data que na época já existia Mestres Cordas Vermelhas formados em outros
estados do Brasil, o Mestre Conde Pirajá, foi novamente o pioneiro a convocar uma bancada de
Mestres corda vermelha, são eles: João Mulatinho do Bairro de Boa Viagem; de Santo Amaro,
Zumbi Bahia; Paulo Guiné de Prazeres; Galvão, bairro do Prado; Marcos Coca-cola de Olinda.
Todos com seus auxiliares para examinar os graduados Cancão e Espinhela. Dessa primeira
turma, em 10 de Maio de 1987, na sede da Escola de Samba Galeria do Ritmo, através de exames
e planos de aulas, só cinco (05) conseguiram chegar à corda vermelha, que era a maior graduação
na época, recebendo o Título de “Instrutor”: Cancão, Espinhela, Duvalle, Barrão, Todo-duro, que
hoje divulga a existência da Capoeira Pernambucana em vários estados do Brasil e dezenas de
países.
O Mestre Conde Pirajá é o Primeiro Membro fundador e Presidente do Conselho Superior de
Mestres da UNICALEN; Primeiro Presidente e Mentor da Associação dos Capoeiras Pernambuco
(ASSOCAPE) com sede na Casa da Cultura.

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7.3 Mestre Pirajá em Literatura de Cordel

MESTRE PIRAJÁ O MITO


(Cordel escrito em Janeiro de 1982)

Amigo preste atenção Para jogar a capoeira Trouxe sua capoeira


No que vou lhe falar, Um mestre tem que ensinar Da África para o Brasil
Vai lhe servi de lição Capoeira não besteira O branco fazendo asneiras
Peço para me escutar Nem coisa de se brincar. Por medo a proibiu.

Se você me escutar Vou falar de um grande Mestre Mas o negro por ser forte
Vai sair ganhando O seu nome digo já Praticou as escondidas
É só você esperar Conhecido lá no morro Enfrentando até a morte
E comigo ir contando. Como Conde Pirajá. Do branco as investidas.

Vou falar de um assunto Ensinou foi muita gente Capoeira minha gente
Que vai chamar atenção Em quase todo o Brasil Não tem discriminação
Que é muito badalado É bastante experiente É jogo bem praticado
No Morro da Conceição. Bom, amigo e gentil. No morro da conceição.

É da nossa capoeira Capoeira de Angola No morro da conceição


Que agora vou lembrar Também a regional Bairro de Casa Amarela
Pode parecer besteira Se aprende com um Mestre Mora o mestre Pirajá
Mesmo assim eu vou contar. O jogo é sensacional. Cuscuz, Luiz, Pêu e Espinhela.

No quilombo dos Palmares Agora vou lhe falar Quem gosta de capoeira
Escondidos Negros dançou Dos alunos do mestre E deseja praticar
E dela também fez luta Eles são bons de jogar Só basta subir no morro
E contra o Branco usou. São uns cabras bons da peste. Procurar o Pirajá.

Até que um dia o branco Tem cuscuz, tem espinhela O Cuscuz é destemido
Por lei fez o negro irmão Tem Luiz touro e Pêu também Modesto e com razão
E estudou a capoeira Caboclo, Morcego e Pácua Aprendeu a capoeira
Jogo da libertação Outros alunos ele tem. No Morro da Conceição

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Capoeira meu amigo Aos outros que eu não falei Mestre Pêu é pescador
Vou ti dizer como é, Peço agora meu perdão Joga boa capoeira
Tanto joga homem Se estiver aqui presente Faz parte da UNICALEN
Como menino e mulher. Por favor levante a mão. É amigo a vida inteira.

A Capoeira que há anos Vou deixar o meu aviso Agora vou lhe falar
Ficou muito reduzida Por favor esqueça não O meu nome é Espinhela
Proibida pelos brancos Capoeira meu amigo Desde novo sou valente
Não pode ser reconhecida. É jogo de libertação. Não gosto de fazer trela.

Sugiram seus seguidores No nosso Brasil colônia Agradeço ao leitor


Por todo nosso Brasil Como diz Lá na história Em nome do Pai do Céu
Mas também em Pernambuco Foi bastante praticada Peço um pequeno favor
Foi que a arte expandiu Guarde isso na memória. Que divulgue este cordel.

Capoeira meu amigo Veio o negro como escravo


É arte dança e vibração Trabalhar no meu Brasil
É considerada um jogo Tirado de sua terra
Jogo de libertação. Pela ponta do fuzil.

OBS: Este cordel foi inscrito no mês de Janeiro de 1982, por Admilson Barros e Casimiro Junior,
com apoio do Grupo Senzala de Capoeira, e associação dos Moradores do Morro da Conceição,
Centro de Comunicação do Córrego José Grande, Adaptado por Mestre Espinhela em 1987.
UNICALEN – Pernambuco imortal, imortal!

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
8 A CAPOEIRA E O FREVO PERNAMBUCANOS

Figura 7: Capoeira & Frevo

Fonte: http://terreitodegriots.blogspot.com / Acesso em 10/03/2018

8.1 O frevo e a Capoeira: origens

O frevo nasceu entre o final do século XIX e início do século XX, em Recife e Olinda
(Pernambuco), época em que a Capoeira foi proibida na região, vista como uma prática marginal,
como mostra o recorte de uma publicação da época do Diário de Pernambuco (edição de 15 de
dezembro de 1864), em que se transcreve um ofício do coronel comandante das armas: "Pelo
reprovado costume adotado pelos escravos nesta cidade, de acompanharem as músicas militares,
dando a uma ou a outra vivas e morras, apareceram desagradáveis conflitos e isto há muito.
Ontem, o partidista de uma dessas músicas - Melquíades - preto, escravo, deu, no meio dos gritos
de um e outro lado, uma facada no pardo, também escravo Elias, dizendo-se ser o ofensor
partidista de uma das músicas e ofensor de outra."
De origem afro-brasileira, como não poderia deixar de ser, essa riquíssima manifestação surgiu
do encontro da música com a dança nas comemorações carnavalescas. Era antes um ritmo
musical, fusão entre maxixes, dobrados e as clássicas marchinhas. Era quente, botava o povo
para ferver, "frever": "efervescência, agitação, confusão, rebuliço; apertão nas reuniões de grande
massa popular no seu vai-e-vem em direções opostas como pelo Carnaval" (recorte do livro
"Vocabulário Pernambucano", de Pereira da Costa)
Pedro Abib, em seu texto "Festa, Capoeira, Frevo e Samba" diz que: "O frevo, que ao que tudo
indica, surgiu a partir dos blocos carnavalescos do Recife e Olinda, no início do século XX, onde
a rivalidade entre essas agremiações, fazia com que houvesse o enfrentamento entre elas,
quando os caminhos se cruzavam durante a festa. Por isso, a necessidade de haver valentões
dispostos a esses enfrentamentos – geralmente capoeiristas, que iam à frente desses cordões e,
ao som das orquestras de metais e percussão, evoluíam com seus passos ágeis e coreografias
bem desenhadas, dando origem à essa dança tão popular no carnaval de Recife e Olinda."

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8.2 Nascimento do Passo: Entre o Frevo e a Capoeira

Francisco do Nascimento Filho, mais conhecido por Mestre Nascimento do Passo ou


simplesmente Nascimento do Passo, nasceu no dia 28 de dezembro de 1936, no município de
Benjamin Constant, estado do Amazonas. Chegou ao Recife em 1949, escondido nos porões do
navio Almirante Alexandrino, que fazia cabotagem no litoral brasileiro.
No Recife, viveu algum tempo na rua por não ter moradia fixa nem profissão definida.
Trabalhou na informalidade como engraxate e carregador de fretes. Dormiu em bancos de praças
e só pode alugar um quarto de pensão, que ficava por trás da sede do Clube Vassourinhas,
quando conseguiu seu primeiro emprego fixo na residência de um casal de alemães. Dessa
proximidade nasceu seu interesse pelo frevo e foi nos ensaios do clube que ele aprendeu a
dançá-lo, tornando-se, mais tarde, uma paixão para toda vida.
Muitas pessoas se lançavam prazerosamente nessa dança executando passos como “tesoura”,
“parafuso”, “dobradiça” e alguns outros, ainda sem nome, que a criatividade e as pernas dos
dançarinos permitiam executar. Além de ser um excelente passista de frevo, Nascimento do
Passo, também, era um excelente capoeirista.
Em reconhecimento ao seu trabalho, Nascimento do Passo recebeu os títulos de Cidadão do
Recife, em 1998 e de Cidadão de Pernambuco, em 2000.
Nascimento do Passo morreu em 2 de setembro de 2009, deixando sua marca viva na história
do carnaval de Pernambuco.

8.3 O carnaval, o frevo e a Capoeira: histórias que se entrelaçam


Durante os desfiles de carnaval, era costume que capoeiristas abrissem o caminho para que a
bandinha instrumental passasse entre os foliões. Daí que vários golpes de Capoeira foram
incorporados na dança, que é uma das mais complexas que tenho notícias no Brasil, e possui
mais de cem passos, sendo necessário bastante condicionamento físico e habilidade para ser
executada.
Os mais conhecidos destes são: Rabo de Arraia, Locomotiva, Dobradiça, Fogareiro, Capoeira,
Tesoura, Mola, Ferrolho e Parafuso.
Outro elemento estético do atual frevo que teve sua origem na capoeiragem, foram as
sombrinhas que outrora eram velhos guarda-chuvas rasgados, usados pelos capoeiristas como
arma de ataque e defesa, já que a prática da Capoeira estava proibida. Com o passar do tempo,
os guarda-chuvas foram se transformando em pequenas sombrinhas coloridas.
O hábito de usar sombrinha começou com os capoeiristas, pois acompanhavam as saídas das
bandas militares no carnaval do Recife no fim do século 19.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
As sombrinhas eram comumente usadas como arma de ataque e defesa e o frevo como dança
surgiu a partir desses homens pobres e taxados de violentos. Os foliões começaram a imitar os
movimentos dos capoeiristas, que abriam caminho para as bandas e enganavam a polícia com
seus passos. Foi daí que surgiu os primeiros passos do frevo.
Hoje em dia o frevo é considerado Patrimônio Imaterial da Humanidade, pela Unesco, tornou-
se símbolo da folia pernambucana.
É muito importante olharmos para a origem do frevo e perceber que nem sempre foi uma dança
de pessoas com roupas brilhantes e sombrinhas coloridas. Sua origem foi liminar. Foi resistência
e necessidade de extravasar uma vida de exclusão e marginalidade do povo negro, do povo da
Capoeira.
Capoeira é dança, luta, arma de empoderamento e resistência. Sua história se desenhou pelo
Brasil afora, contribuindo para transformação e a construção da identidade de cada região do país.

Sites acessados para esse tópico:


Fonte 1: http://terreitodegriots.blogspot.com / Acesso em 27/03/2018

Fonte 2: ANDRADE, Maria do Carmo. Nascimento do Passo. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco,
Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>./ Acesso em 15 de setembro de 2018

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9 UM POUCO SOBRE PERNAMBUCO

Pernambuco é a sétima unidade federativa mais populosa do Brasil, e possui o décimo maior
PIB do país e o maior PIB per capita entre os estados nordestinos. Já sua capital, Recife, é sede
da concentração urbana mais rica e populosa do Norte-Nordeste. Também fazem parte do seu
território os arquipélagos de Fernando de Noronha e São Pedro e São Paulo. Sua capital é Recife
e a sede administrativa é o Palácio do Campo das Princesas.

Figura 8: Mapa do Brasil com destaque para Pernambuco


Conhecido por sua ativa e rica
cultura popular, Pernambuco é
berço de várias manifestações
tradicionais, como a Capoeira, o
coco, o frevo e o maracatu, bem
como detentor de um vasto
patrimônio histórico, artístico e
arquitetônico, sobretudo no que
se refere ao período colonial.
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br

9.1 Etimologia do nome Pernambuco

A origem do nome Pernambuco é controversa. Alguns estudiosos afirmam que vem da


aglutinação dos termos tupis para’nã, que quer dizer “rio grande” ou “mar”, e buka, “buraco”.
Assim, Pernambuco seria um “buraco no mar”, referindo-se ao Canal de Santa Cruz na Ilha de
Itamaracá ou à abertura que existe nos arrecifes entre Olinda e o Recife.
Segundo outros afirmam, era a denominação nas línguas indígenas locais da época do
descobrimento para o pau-brasil. Uma terceira hipótese adviria também do tupi, paranãbuku, isto
é, “rio comprido”, uma provável alusão ao rio das capivaras, o Capibaribe, já que mapas primitivos
assinalam um tal “rio Pernambuco” ao norte do Cabo de Santo Agostinho. Há ainda uma quarta
hipótese, aventada pelo pesquisador Jacques Ribemboim, segundo a qual a etimologia teria
origem na língua portuguesa: o Canal de Santa Cruz, no início do século XVI, era conhecido como
"Boca de Fernão" (referência ao explorador de pau-brasil Fernão de Noronha), e os índios
possivelmente o chamavam de algo próximo a "Pernão Boca" ou "Pernambuka", que teria dado
origem ao nome Pernambuco.

Fonte: http://brasilescola.uol.com.br

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10 HISTÓRICO DO SISTEMA IDEÁRIO DE GRADUAÇÕES

A partir de agora, vamos explanar sobre alguns sistemas de graduações das muitas
existentes em Pernambuco. Salientar que os sistemas que serão mencionadas neste manual,
NÃO SÃO E NUNCA FORAM OS ÚNICOS SISTEMAS DE GRADUAÇÕES EXISTENTES EM
PERNAMBUCO.
1º é o sistema de graduação de Mestre Bimba; 2º é o sistema de graduação que leva as cores
da bandeira brasileira; 3º é o sistema de graduação que tem as cores dos Orixás da Umbanda; 4º
é a proposta pelo Sistema de Unificação da Capoeira de Pernambuco, que tem por base as cores
da bandeira pernambucana.

10.1 Sistema de Graduação de Mestre Bimba

Figura 9: Sistema de Graduação de Mestre Bimba

Fonte: http//capoeiramestrebimba.com.br

10.2 Sistema de Graduação “Brasileirinha”


As cores dessa graduação foram baseadas nas cores da Bandeira Nacional Brasileira,
estabelecida de forma lógica, conforme a maior concentração ou quantidade dessa cor em nossa
bandeira, sendo a primeira cor verde, depois o amarelo e o azul. A cor branca só entra no nível
de mestre.

10.3 A Graduação Zulu: Pelas Cores dos Orixás

A graduação Zulu, que traz as cores dos orixás.


Hierarquizar a ordem das cores que vieram compor o Sistema de Graduações Orixás da Umbanda
com irradiação nas cores: Azul= Iemanjá; Marrom= Xangô; Verde= Oxossi; Amarelo= Oxum;
Roxo= Iansã; Vermelho= Ogum; Branco= Oxalá.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
10.4 Sistema de Graduação da Unificação Pernambucana

10.4.1 Motivos da Unificação

Idealizador da Unificação: Lidielvis Santiago do Nascimento (Contramestre Pantera Negra –


Grupo União Pernambuco de Capoeira / PE).
“Diante de divergências nas rodas de Capoeira em todo o estado de Pernambuco em relação
às cores das cordas, já que a cor da corda relata a graduação de quem a usa e, por tanto, não
conseguindo identificar a cor usada da corda à graduação do capoeirista, resolveu-se implantar
um sistema novo de graduação.
Desse modo, propôs-se um sistema que Unificação da Capoeira de Pernambuco, onde os
capoeiristas usassem, apenas, as cores que são utilizadas em nossa bandeira pernambucana,
com o propósito de não mais haver divergências, mas sim de haver um sistema onde todos
saibam “quem é quem” e, sendo assim, poder tratá-los como tal.
Por tanto, dentro do exposto supracitado, aos 17 de janeiro de 2020 foi proposto o Sistema de
Unificação da Capoeira de Pernambuco para que todos, sem tirar nem pôr, esteja padronizado
em suas cordas com as cores da bandeira de Pernambuco e não mais haver dúvidas em relação
às cores de cordas e suas respectivas graduações”.

Autor: Lidielvis Santiago – Contramestre Pantera Negra

Cúmplice da idealização: Minervino Pereira – Mestre Espinhela


“Desde cedo entendo-me com a Capoeira no ano 1974 e, as referências que temos são Mestre
Vicente Ferreira Pastinha e Mestre Bimba e os sistemas de graduações que usamos foram
criados fora de nosso Estado.
Na tarde do dia 17/01/2020, fui convidado pelo Contramestre Pantera Negra via WhatsApp,
para participar da Unificação das graduações da Capoeira de Pernambuco, onde tem uma
adversidade de cores, e foram proposto várias graduações pela bandeira de Pernambuco via
WhatsApp, para depois marcar uma reunião e fazer uma votação por aclamação na presença
dos interessados, usando as cores da bandeira de nosso Estado. Foi feita a primeira reunião no
dia 01/03/2020 na Academia do Mestre Cuscuz para resolver 10 itens da Unificação, depois foi
marcada uma reunião presencial para concluir a votação, pois com o sistema online poderia
haver fraude, o que veio a ocorrer no dia 15/03/2020 no espaço físico do Armazém 10, próximo
ao Marco Zero do Recife, houve a finalização desta votação presencial e foi onde, eu, Mestre
Espinhela, dei a ideia deste Manual para demonstrar em detalhes o Sistema de Graduação do
Sistema da Capoeira de Pernambuco Imortal, Imortal!”.

Autor: Minervino Pereira – Mestre Espinhela

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
10.4.2 História da Bandeira Pernambucana

Revolução Pernambucana (1817)


A chamada Revolução Pernambucana, também conhecida como "Revolução dos Padres", foi
um movimento emancipacionista que eclodiu no dia 6 de março de 1817 em Pernambuco. Dentre
as suas causas, destacam-se a influência das ideias iluministas propagadas pelas sociedades
maçônicas, o absolutismo monárquico português e os enormes gastos da Família Real e seu
séquito recém chegados ao Brasil — a Capitania de Pernambuco, então a mais lucrativa da
Colônia, era obrigada a enviar para o Rio de Janeiro grandes somas de dinheiro para custear
salários, comidas, roupas e festas da Corte, o que dificultava o enfrentamento de problemas
locais(como a seca ocorrida em 1816) e ocasionava o atraso no pagamento dos soldados,
gerando grande descontentamento no povo pernambucano. Foi o único movimento libertário do
período de dominação portuguesa que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu o processo
revolucionário de tomada do poder.

Figura 10: Atual Bandeira de Pernambuco A atual bandeira de Pernambuco, originada na


bandeira da revolução de 1817, foi oficializada
pelo decreto nº 459, de 23 de fevereiro de
1917, pelo governador Manuel Antônio
Pereira Borba, na comemoração do
centenário da revolução. A única modificação
foi adoção de apenas uma estrela,
caracterizando o estado no conjunto da
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br Federação

Significado dos Elementos que Compõem a Bandeira

A cor azul do retângulo superior: simboliza a grandeza do céu;


A cor branca: simboliza a paz;
O arco-íris: em suas três cores (verde, vermelha e amarelo): simboliza a união do povo
pernambucano;
A estrela: caracteriza o Estado no conjunto da Federação;
O sol: representa a força e a energia de Pernambuco;
A cruz: representa a fé na justiça e no entendimento.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
10.4.3 Sistema de Graduação da Unificação com as Cores da Bandeira Pernambucana

 Sistema de Graduação Adulto

Figura 11: Sistema de Graduação – Todas as Graduações / Adulto

 Sistema de Graduação Infantil

Figura 12: Sistema de Graduação – Todas as Graduações / Infantil

Fonte: Arquivo / UNICALEN

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10.4.4 As Cores do Sistema de Graduação da Unificação Pernambucana

 Modalidade Juvenil / Adulto

Figura 13: Sistema de Graduação da Unificação Pernambucana – Adulto / Juvenil

Fonte: Arquivo / UNICALEN

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 Modalidade Infantil

Figura 14: Sistema de Graduação da Unificação Pernambucana – Infantil

Fonte: Arquivo / UNICALEN

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10.5 Significado das Cores da Graduação do Sistema da Unificação Pernambucana

10.5.1 Significado das Cores – Modalidades Infantil e Juvenil / Adulto

Figura 15: Significado das Cores da Graduação da Unificação - Infantil

SISTEMA DE GRADUAÇÃO DA UNIFICAÇÃO DE PERNAMBUCO – 2020

GRADUAÇÃO INFANTIL

CORDA SIGNIFICADO DAS CORES

Verde e branca: É a solidificação do aprendizado. É desta graduação


que sairá a transformação e o alicerce, já que é a primeira corda que ele
1ª Etapa – 1ª Fase
recebe em seu Batizado.

Amarela e branca: A valorização e o despertar para a consciência do


aprendizado, que será desenvolvido a partir desta graduação.
2ª Etapa – 2ª Fase

Azul e branca: Significa a consciência da imensidão do caminha a


percorrer.
3ª Etapa – 3ª Fase

Verde, amarela e branca: Valorização do aprendizado juntamente ao


despertar da consciência do caminho a percorrer.
4ª Etapa – 4ª Fase

Verde, azul e branca: É a solidificação e aprimoramento do aprendizado


que se dá em conjunto com a imensidão do caminho que se tem a
5ª Etapa – 5ª Fase
percorrer.

Amarela, azul e branca: Transformação de estágio para se formar.

6ª Etapa – 6ª Fase

Verde, amarela, azul e branca: É a consciência do longo caminho que


se tem a percorrer.
7ª Etapa – 7ª Fase

Fonte: Arquivo / UNICALEN

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Figura 16: Significado das Cores da Graduação da Unificação – Juvenil / Adulto

SISTEMA DE GRADUAÇÃO DA UNIFICAÇÃO DE PERNAMBUCO


GRADUAÇÃO JUVENIL / ADULTO
CORDA SIGNIFICADO DAS CORES
Verde (Aluno Batizado): A floresta – Significa um dos pulmões do mundo. É a solidificação do
aprendizado. É desta graduação que sairá a transformação e o alicerce, já que é a primeira
corda que o aluno recebe em seu Batizado.
Amarelo (Aluno Avançado): O sol – Significa a valorização e o despertar para a consciência do
aprendizado que será desenvolvido a partir desta graduação.

Azul (Aluno Adiantado): O mar – Significa a consciência da imensidão do caminha a percorrer

Verde e Amarelo (Aluno Intermediário): É a junção da floresta com o sol, ou seja, valorização
do aprendizado juntamente ao despertar da consciência do caminho a percorrer.

Verde e azul (Aluno Graduado): É a junção da floresta com o mar, onde a solidificação e
aprimoramento do aprendizado se dá em conjunto com a imensidão do caminho que ainda se
tem a percorrer.
Amarelo e azul (Aluno Estagiário): Transformação e valorização da próxima etapa do caminho
a percorrer.

Verde, amarelo e azul (Formado): Significa a valorização e a consciência da imensidão do


caminho a percorrer.

Verde e vermelha (Instrutor): É nesta graduação que o capoeirista procura superar a dor física
e psicológica e permanecer na busca dos conhecimentos e da defesa dos ideais.

Amarela e vermelha (Professor): Cicatrizes – é nesta graduação que busca a sabedoria, força
e o conhecimento.

Azul e vermelha (Contramestre): Simboliza a vida, estagiário para a Maestria.

Vermelho (Mestre 1º Grau): Justiça - “Sangue de Luta” – É a fase em que o capoeirista adquire
a consciência da responsabilidade que tem com a Capoeira, procurando conduzir o seu trabalho
e as suas decisões com justiça.
Vermelho e Branco (Mestre 2º Grau):Justiça e Paz: Transformação – É nesta graduação que o
capoeirista procura desenvolver todo o seu potencial, no sentido de agregar valores e manter
os ideais da Capoeira, uma vez que está na fase de preparação para assumir a graduação
máxima dentro do sistema de graduação da unificação pernambucana. Outrossim, é necessário
decidir com precisão, acerto, honestidade, lealdade, respeito e acima de tudo com sabedoria,
inteligência e imparcialidade.
Branca (Mestre Velha Guarda) - Paz: Simboliza resistência à opressão, à luta e a sobrevivência
dos antepassados que renasce no presente com sabedoria tendo como leme: força, garra e
determinação.

Fonte: Arquivo / UNICALEN

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10.6 Sugestões de Critérios Avaliativos do Sistema de Graduação da Unificação

RECOMENDAÇÕES OPERACIONAIS: 1º) Graduação de Formado: idade mínima de 18 anos;


2º) Graduação de Instrutor: idade mínima de 20 anos; 3º) Graduação de Professor: idade mínima
de 25 anos; 4º) Graduação de Contramestre ou mestrando: idade mínima de 30 anos; 5º)
Graduação de Mestre 1º grau: idade mínima de 35 anos; 6º) Graduação de Mestre de 2º grau:
idade mínima de 45 anos; 7º) Graduação de Mestre 3º grau - Veterano ou Velha Guarda: idade
mínima de 53 anos.
1ª Obs.: Poderão ser alterados os termos acima citados mediantes casos especiais ou
excepcionais onde o Mestre responsável levará a questão a ser analisada e avaliada pelo
Conselheiro de Mestre da Unificação de Graduações de Pernambuco, que será formado por uma
bancada de Mestres de 2º e 3º grau.
2ª Obs.: A Graduação de Formado permitirá ministrar aulas oficiais em academias, escolas,
associações etc. e, na supervisão de um mais graduado. O Estagiário, também, poderá ministrar
aulas oficiais.
3ª Obs.: Visando a NÃO entrar em conflitos de nomenclaturas, a graduação azul/vermelha ficará
livre para seu portador escolher o nome do título entre Contramestre e Mestrando, assim não
rebaixando essa graduação em nenhum lugar do mundo.

1ª ETAPA DE EXAME: ALUNO BATIZADO


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 1 ANO DE TREINO
PARTE TEÓRICA: Porque escolheu a Capoeira? O que é a Capoeira para você?
PARTE FÍSICA: Gingar bastante do modo que achar melhor; queda de quatro saindo no Rolê;
cocorinha saindo no aú; negativa saindo na ginga; meia lua de frente completando com meia lua
de compasso; benção saindo na mola; queixada lateral completando com armada; ponteiro com
esquiva; jogo de Angola; como se comportar na roda; como chamar outro jogador; comprar jogo;
como dar a volta ao mundo; como sair do jogo; jogo de Banguela. Conseguir realizar a 1ª
Sequência da Capoeira Regional Baiana: (Ver na página 58 deste manual).
PARTE MUSICAL: Chamada do Berimbau; fazer 3 coro da música da academia; toque de Angola
no berimbau; pandeiro; atabaque e bater palmas.

2ª ETAPA DE EXAME: ALUNO AVANÇADO


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 1 ANO DE TREINO
PARTE TEÓRICA: Escrever um artigo, texto ou dissertação sobre o que o examinador pedir.
PARTE FÍSICA: Ginga; esquivas; meia lua de compasso; queda de rins; martelo; resistência;
chute na lua; martelo; meia lua de frente; cruz de carreira; giro; cabeçada; bochecha; galopantes;

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resistência com tesoura de frente; benção; ponteiro; encruzilhadas; vingativas; coice de mula;
como se comportar na roda; como chamar outro jogador; comprar jogo; como dar a volta ao
mundo; como sair do jogo; fazer um jogo de Angola; jogo de Banguela; jogo solo. Conseguir
realizar: 1ª e 2ª Sequências da Capoeira Regional Baiana (Ver na página 58 deste manual).
PARTE MUSICAL: Chamada do berimbau; fazer 3 coro da música da academia; toque de Angola
no berimbau; pandeiro; atabaque; agogô e bater palmas. E ainda tocar no berimbau: Angola, São
Bento Pequeno, São Bento Grande de Angola e cantar música do grupo.

3ª ETAPA DE EXAME: ALUNO ADIANTADO


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 1 ANO DE TREINO
PARTE TEÓRICA: Prova oral: Brasil Pré - Colonial e Brasil Colônia; Histórico; Angola e Regional.
Escrever um artigo, texto ou dissertação sobre o que o examinador pedir.
PARTE FÍSICA: Ginga; queda de quatro; negativas; tranco; pulo do gato; macaco; corta capim;
tombo da ladeira; tesoura de costa; rabo de arraia solto; rabo de arraia amarrado; armada; martelo
rodado; parafuso; godeme; cotovelada; asfixiantes; chapa de frente; crucifixo; banda de frente;
banda de costa; banda trançada; queixada de frente; como se comportar na roda; como chamar
outro jogador; comprar jogo; como dar a volta ao mundo; como sair do jogo; fazer um jogo de
Angola; jogo de Banguela; jogo solo. Conseguir realizar 1ª, 2ª e 3ª Sequências da Capoeira
Regional Baiana (Ver nas páginas 58 - 59 deste manual).
PARTE MUSICAL: Chamada do Berimbau; fazer 3 coro da música da academia no berimbau,
pandeiro e atabaque; toque de Angola, Banguela, São Bento Pequeno, São Bento Grande,
Cavalaria, Iuna e Regional; bater palmas.

4ª ETAPA DE EXAME: ALUNO INTERMEDIÁRIO


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 1 ANO DE TREINO
PARTE TEÓRICA: Brasil Pré-Colonial e Brasil Colônia; saber fazer jogo de Angola e Regional.
PARTE FÍSICA: Ginga; chapa de frente; chapa lateral; chapa de costa; chapa giratória;
cabeçadas; cotoveladas; cutilas; joelhadas; escala; quebra-pescoço; voo do morcego; forquilha;
direto; gancho; kiper; arrastão; baianada; boca de calça; chute na lua; esporão; calcanheira. Saber
fazer jogo de Angola e Regional. Conseguir realizar :1ª, 2ª, 3ª e 4ª Sequências da Capoeira
Regional. (Ver nas páginas 58 - 59 deste manual).
PARTE MUSICAL: Toque de Angola; São Bento Pequeno; São Bento Grande de Angola; São
Bento de Regional; Banguela; Cavalaria; Idalina. Saber tocar os instrumentos musicais: atabaque;
pandeiro; reco-reco; agogô e saber cantar duas músicas.

5ª ETAPA DE EXAME: ALUNO GRADUADO


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 1 ANO DE TREINO

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
PARTE TEÓRICA: Escrever um artigo sobre o que a mesa examinadora pedir.
PARTE FÍSICA: Gingas; aú; rolamentos; ponte; cocorinha; mortal; trava; tranco; paulistinha;
palhaço; gravatas; cabeçadas; balão de lado; torções; chapa de chão; chibata; passa pé; rasteira
de frente; rasteira de costa; chapéu de couro; chamada da palma; bananeira; arqueado; dentinho;
balão do aú. E ainda conseguir realizar: 1ª, 2ª,3ª, 4ª e 5ª Sequências da Capoeira Regional Baiana
(Ver nas páginas 58 - 60 deste manual).
PARTE MUSICAL: Toque de Angola; São Bento Pequeno; São Bento Grande de Angola; São
Bento de Regional; Banguela; Cavalaria; Iuna. Saber tocar os seguintes instrumentos musicais:
atabaque; pandeiro; reco-reco; agogô e saber cantar duas músicas e duas ladainhas.

6ª ETAPA DE EXAME: ALUNO ESTAGIÁRIO


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 1 ANO DE TREINO
PARTE TEÓRICA: Escrever um artigo sobre o que a mesa examinadora pedir.
PARTE FÍSICA: Ginga; leque; esquiva; mola; ponte; mortal; tesoura de frente; tesoura de costa;
cruzilha; tombo da ladeira; cruz de carreira; kiper; balão da gravata; balão de lado; dentinho;
arqueado; voo do morcego; quebra-pescoço; direto; arrastão; crucifixo; cutila; meia lua de
compasso; meia lua de frente; chamada da cócoras. Conseguir realizar: 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e a 6ª
Sequências da Capoeira Regional Baiana (Ver nas páginas 58 - 60 deste manual).
PARTE MUSICAL: Toque de Angola; São Bento Pequeno; São Bento Grande de Angola; São
Bento de Regional; Banguela; Cavalaria; Iuna. E ainda saber tocar os instrumentos musicais:
atabaque; pandeiro; reco-reco; agogô; Cantar duas músicas e duas ladainhas.

7ª ETAPA DE EXAME: FORMADO


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 2 ANOS DE TREINO
PARTE TEÓRICA: Escrever um artigo sobre o que a mesa examinadora pedir.
PARTE FÍSICA: Ginga; esquivas; aú; queda-de-quatro; queda-de-rins; cocorinha; pulo-do-gato;
resistência; negativas; mola; ponte; macaco; trava; palhaço; pião-mão-cabeça; suicídio; mortal;
rolê; giro; rolamentos; chamadas da cócoras; calcanheira; palma; cruz; cabeçada; bananeira,
torções, leque; baú ou tranco; bandas-costas-frente-trançada; rasteiras-frente-costas; tesouras-
frente-costas; cruzilha; corta-capim; paulistinha; passa pé ou rodo; “s” dobrado; cruz-de-carreira;
kiper; crucifixo; arrastão; boca de calça; baianada; vingativa; gravata alta, baixa; balão; cintura
desprezada; arqueado; dentinho; balão de lado; apanhada; tombo-da-ladeira; torções; benção;
ponteiro; martelo; chute na lua; queixadas-frente-lateral; armada; rabo de arraia-souto-amarrado;
chapa-frente-lateral-chão-giro; calcanheira; chibata; meia lua-frente-compasso; bochecho;
cabeçada; coice de mula ou sapinho; esporão; escorão; parafuso; martelo rodado; quebra

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
pescoço; voo do morcego; cutilas; godeme5; cotoveladas; joelhadas; escala; forquilha; asfixiante
ou direto; galopante ou tapão. Conseguir realizar: 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª,6ª, e a 7ª Sequências da
Capoeira Regional Baiana (Ver nas páginas 58 - 61 deste manual).
E ainda:
1º) Ter certo diálogo com alunos sobre a história da escravidão, quilombo, e trajetória da Capoeira;
os fundamentos da Angola e métodos da Regional; tradição; uniforme; entrada e saída da roda
etc. / 2º) Volume de jogo: destreza, variedade, objetividade, eficiência etc./ Técnica: perfeição dos
movimentos e efeitos típicos, condições físicas e conhecimento da lesão que os golpes podem
provocar etc.; harmonia do jogo conforme o toque e ritmo; entrosamento entre ataque e defesa
etc.; / 3º) Conhecimento dos instrumentos, como instalar na roda, toques, cânticos, noções de
Primeiros Socorros.

PARTE MUSICAL: Toque de Angola; São Bento Pequeno; São Bento Grande de Angola; São
Bento de Regional; Banguela; Santa Maria; Cavalaria; Iuna; Amazonas; Idalina; Samba de Angola.
Saber tocar os instrumentos musicais: atabaque; pandeiro; reco-reco; agogô e saber cantar duas
músicas e duas ladainhas.

8ª ETAPA DE EXAME: INSTRUTOR


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 5 ANOS DE TREINO

Ser aluno formado / Ter idade mínima de 20 anos / Conhecimentos prático e teórico avançado da
Capoeiragem I (Exame Técnico) / Ter 2° grau completo / Curso de 1° socorros (40 horas) (T/P) /
Curso de didática aplicada ao ensino de Capoeira I (20 horas) / Noções de aplicação de ensino. /
Método de ensino / Noções de anatomia (40 horas) / Divisões da anatomia humana (06 H) / Divisão
do corpo humano (04 H) / Osteologia básica (10 H) / Miologia básica (10) / Angiologia básica (10)
/ Curso de História da Capoeira I (10 horas) / Origem da Capoeira / Estilos da Capoeira e seus
principais expoentes / Vertentes da Capoeira contemporânea.

9ª ETAPA DE EXAME: PROFESSOR


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 5 ANOS DE TREINO
Ser Instrutor / Conhecimento prático e teórico da capoeiragem II (Exame Técnico) /Ter o 2º Grau
completo / Curso Didático Aplicado ao ensino da Capoeira – II (20 horas) / Finalidades e Objetivos
de Ensino / Plano de Aula / Avaliação de Aula / Curso de Biologia Aplicada à Capoeira (40 horas)
/ Instrução de Anatomia e Fisiologia da Célula Animal (10 horas) /Sistemas Orgânicos (10 horas)
/ Bases Biológicas do Exercício Físico (20 horas) / Curso de organização Desportiva Aplicada à

5 O termo sofre variação gomedi ou godeme, onde irá depender do local e do grupo de Capoeira.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Capoeira I (20 horas) / Conceituações e Princípios gerais /Organização de Competição / Órgãos
Desportivos / Forma de Competições (Torneios e Campeonatos) / Introdução à Competição de
Capoeira / Curso de História da Capoeira II (20 horas) / As Grandes Navegações / História Política
do Descobrimento à República do Brasil / Descobrimento / Brasil Colônia / Brasil Império /
Independência do Brasil / História da Escravidão no Brasil /Escravidão Indígena / Escravidão
Negra / Tráfico de Escravos / Quilombo dos Palmares / Leis de Libertação.

10ª ETAPA DE EXAME: CONTRAMESTRE


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 5 ANOS DE TREINO
Ser Professor / Conhecimento Prático e Teórico Avançado da Capoeiragem III (Exame Técnico) /
Ter 2º Grau Completo /Curso Noções de Psicologia do Desenvolvimento da Criança (40 horas) /
Curso Introdução ao Treinamento Desportivo (20 horas) / Curso de história da Capoeira III (20
horas) / Capoeira no Brasil: Pré-Colonial, Império, Velha República, Nova República, Atualidade/
Curso de Credenciamento de Avaliadores (20 horas).

11ª ETAPA DE EXAME: MESTRE 1º GRAU


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 5 ANOS DE TREINO
Ser Contramestre / Conhecimento Prático e teórico Avançado da Capoeiragem IV (Exame
Técnico) /Ter 2º Grau Completo / Curso Noções de Psicomotricidade (20 horas) /Curso de
Psicologia Geral (20 horas) / Cursos Técnicas de Dinâmica de Grupo (20 horas) / Curso Noções
de Direito Aplicado à Capoeira (20 horas) / Curso de História da Capoeira IV (20 horas) /
Desportização da Capoeira No Brasil, nos Estados e Municípios / Desportização da Capoeira
Mundial / Curso de Credenciamento de Avaliadores (20 horas).

12ª ETAPA DE EXAME: MESTRE 2º GRAU


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 5 ANOS DE TREINO

Ser Mestre 1º Grau / Conhecimento Prático e teórico Avançado da Capoeiragem IV (Exame


Técnico) / Ter 2º Grau Completo / Curso Noções de Psicomotricidade (20 horas) /Curso de
Psicologia Geral (20 horas) /Cursos Técnicas de Dinâmica de Grupo (20 horas) /Curso Noções de
Direito Aplicado a Capoeira (20 horas) / Curso de História da Capoeira IV (20 horas) /
Desportização da Capoeira No Brasil, nos Estados e Municípios /Desportização da Capoeira
Mundial / Curso de Credenciamento de Avaliadores (20 horas).

13ª ETAPA DE EXAME: MESTRE 3º GRAU, VETERANO OU VELHA GUARDA


Proposta do IDEAL do tempo MÍNIMO para a graduação - 5 ANOS DE TREINO
Ser Mestre Vermelho e Branco / Conhecimento Prático e teórico Avançado da Capoeiragem IV
(Exame Técnico) / Ter 2º Grau Completo / Curso Noções de Psicomotricidade (20 horas) / Curso

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
de Psicologia Geral (20 horas) /Cursos Técnicas de Dinâmica de Grupo (20 horas) / Curso Noções
de Direito Aplicado a Capoeira (20 horas) / Curso de História da Capoeira IV (20 horas) /
Desportização da Capoeira no Brasil, nos Estados, e Municípios / Desportização da Capoeira
Mundial / Curso de Credenciamento de Avaliadores (20 horas).

10.7 Grade de Cursos de Qualificação para algumas Graduações dentro do Sistema da


Unificação Pernambucana

1. Primeiro Socorro (Tendo duas grades):


a) Noções básica de Primeiro Socorro e b) Primeiro Socorro

O curso visa ampliar os conhecimentos, ajudando aos profissionais da Capoeira em relação à


possíveis problemas que podem ocorrer pela prática da arte marcial, tais como: pequenas fraturas,
torções etc.

2. Curso de Oratória
O curso de oratória tem como objetivo desenvolver por meio de uma metodologia moderna,
participativa e colaborativas a competência e habilidades de se posicionar na fala com
naturalidade em público.

3. Curso de Português Instrumental


O curso oferece ume estudo ampliado e técnicas para compreender e interpretar composições
textuais, ampliando o domínio da língua portuguesa.
Visa ajudar o capoeirista no domínio da língua escrita.

4. Linguística
O curso aborda os conceitos de fala, língua e linguagem, comunicação e texto. Apresenta os
elementos da comunicação e as funções da linguagem dentro do universo do texto verbal e não-
verbal, destacando a importância da variação linguística. As noções de texto e a tipologia textual
dão estrutura para o conhecimento de vários tipos de textos até a prática de leitura e redação.

5. História de Pernambuco / História da África / História do Brasil e História Geral


O curso deverá abordar os conteúdos básicos sobre História da África, do Brasil, de
Pernambuco e do Mundo. Entrelaçando a história às origens da Capoeira.

6. Geografia
O curso deverá explanar sobre a geografia de Pernambuco e do Brasil para um melhor
conhecimento e entendimento por parte dos participantes do início da Capoeira em nosso
país.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
11 OS GESTOS E A GESTUALIDADE CORPORAL DOS MOVIMENTOS E GOLPES DA
CAPOEIRA

A Capoeira é uma das práticas corporais mais presentes no Brasil, com mais de 6 milhões de
praticantes, além de ser difundida internacionalmente – em mais de 170 países. Sua importância
também pode ser denotada por ter sido, no ano de 2008, identificada como bem cultural, registrado
pelo governo brasileiro, tornando-se patrimônio nacional, por indicação do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/MinC), órgão do Ministério da Cultura (OLIVEIRA; LEAL,
2009).
Em um jogo de Capoeira, os saberes do corpo nem sempre são transmitidos de modo explícito,
é no silêncio do gesto, no movimento do corpo, no espaço físico que tudo vai acontecendo. E é
onde os indivíduos se afirmam enquanto seres capazes de perpetuar a tradição que partilham,
interagem, comunicam, produzem e afirmam a Capoeira como elemento da cultura que
potencializa os sentidos e significados da gestualidade nos jogos de Capoeira. São relações que,
em alguns momentos, revelam e em outros, escondem saberes que determinam a passagem do
signo à expressividade.
Gestos são movimentos corporais. Então, se a Capoeira envolve movimentos corporais que
significam algo para um outro em inter-relação, em um grupo social (capoeiristas), podemos
defender a Capoeira também como uma linguagem cuja variação linguística está no sentido de
cada gesto e na nomenclatura de cada movimento.
Para (MCNEILL, 1992): “os gestos são essenciais na comunicação e inseparáveis na linguagem
verbal; o ato espontâneo de mover as mãos, os braços e a cabeça durante a comunicação é
entendido como gesto”.
Um dos maiores mestres de Capoeira do passado histórico foi Vicente Ferreira Pastinha, que
deixou grande legado e ensinamentos. Conforme Decanio Filho (1997), “a Capoeira Angola só
pode ser ensinada sem forçar a naturalidade da pessoa. O negócio é aproveitar os gestos livres
e próprios de cada um”. Quando se pretende ensinar ou aprender movimentos corporais na
Capoeira, deve-se seguir sua leveza, intuição e assim, a pessoa expressará sua própria versão
da Capoeira, já que o dançar (gingar) na Capoeira permite a criação de uma forma individual de
movimentos.
As técnicas corporais da Capoeira contribuem para um aprendizado que comunica valores
éticos e culturais. Se compararmos a Capoeira a uma linguagem, os movimentos seriam as letras
e o jogo, as frases completas.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
12 TIPOS DE MOVIMENTOS CORPORAIS DA CAPOEIRA

12.1 Tipos de movimentos da Capoeira Regional

Os Golpes da Capoeira Regional têm sua própria classificação e nomenclatura, de acordo


com Campos (2009, p. 63): “estão divididos em: movimentos fundamentais, movimentos básicos,
desequilibrantes, traumatizantes, de projeção (ou de quedas) e ligados. Vale lembrar que a
nomenclatura dos golpes costuma variar de acordo com o tempo histórico, regiões e vertentes”.

12.1.1 Movimento Fundamental: Ginga. A Ginga representa a identidade da Capoeira, pois é


a ginga que diferencia esta prática das outras lutas e, é também uma marca pessoal que
identifica cada capoeirista. Segundo Campos (2009, p. 64), “tem a finalidade de negacear para
se defender dos golpes com o auxílio das mãos, braços, pernas e esquivas do corpo. Serve,
ainda, para estudar o adversário, identificando a melhor oportunidade para atacar. A ginga nasce
naturalmente do jeito de ser de cada capoeirista e depende do nível de concentração, da
consciência corporal, da capacidade de manter o equilíbrio dinâmico do corpo, do repertório
motor, da intimidade e do relacionamento rítmico e melódico com o berimbau”. É ela que
diferencia a Capoeira das outras modalidades de luta e tem como finalidade o estudo do
adversário e do “jogo”. Serve para preparar e deferir os golpes de ataque e, na defesa, é
responsável pelas esquivas e molejos, ajudando de forma decisiva no reflexo, justamente por
estar o capoeirista em constante movimento. Um bom capoeirista é reconhecido pelo seu estilo
de gingar, isto é, se ele apresenta grande desembaraço, ritmo, descontração, amplitude de
movimentos e malícia.

Figura 17: Imagem do movimento - Ginga

Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.55

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
12.1.2 Movimentos básicos: Os Movimentos Básicos são os golpes de defesa, a citar: Aú,
Cocorinha, Negativa e Rolê. São movimentos que exigem do capoeirista domínio nas
qualidades físicas de base: equilíbrio, destreza, agilidade, resistência, coordenação motora e
reflexo.

Aú - Parece ser um movimento fácil, mas não o é. É na verdade, um movimento complexo que
tanto é usado na defesa para ter afastamento, quanto de aproximação do adversário. Exige que
a pessoa esteja com o corpo de ponta a cabeça, sustentado pelas mãos e braços e com as
pernas elevadas.

Cocorinha – É um movimento importantíssimo de defesa, já que a partir dele se tem a


preparação para outros golpes de defesa e ataque. Não sendo somente um agachamento
qualquer, mas uma defesa baixa, que protege a cabeça e o tronco e que permite,
concomitantemente, uma movimentação de contra-ataque.

Negativa – Movimento que é praticamente a continuação da cocorinha, com a diferença que a


perna tende a se extender, inclinando o tronco do mesmo lado e aproximando a cabeça junto ao
chão; com o corpo elevado e apoiado em três apoios – entre mãos e pés. Além de movimento
de defesa também é um movimento desequilibrante quando a utiliza como “Rasteira Puxada”. A
posição da Negativa sofre modificações de acordo com as habilidades físicas e motoras dos
praticantes.

Rolê – O Rolê é um dos movimentos tidos como essenciais na Capoeira, sendo


preferencialmente executado na conjugação coordenada de mãos e pés. Sua execução passa
preferencialmente pelos planos médio e baixo, com ênfase no movimento circular. “Tem como
objetivo uma rápida mudança de posicionamento visando uma defesa em ataque e propiciando,
ainda, um deslocamento do corpo para situações vantajosas dentro do jogo (HÉLIO, 2009, p.
65)”.

Figura 18: Imagem do movimento - Aú Figura 19: Imagem do movimento - Cocorinha

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.56 Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.56

Figura 20: Imagem do movimento - Negativa Figura 21: Imagem do movimento - Rolê

Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.57 Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.57

12.1.3 Movimentos Traumatizantes, São golpes que têm o objetivo de atingir o adversário em
forma de pancada, provocando traumatismo: 1.Armada / 2.Asfixiante / 3.Bochecho / 4.Cabeçada
/ 5.Chibata / 6.Chapéu de Couro / 7. Cotovelada / 8.Chave / 9. Escorão / 10.Esporão /
11.Galopante / 12.Godeme / 13.Joelhada / 14. Martelo / 15.Meia-lua de Compasso /16.Meia-lua
de Frente / 17.Ponteira / 18.Palma ou Escala / 19.Queixada / 20.Salto mortal / 21.Suicídio
/22.Telefone / 23.Voo de morcego.

OBS.: Essa lista não é exaustiva, inclusive, muitos termos sofrem mudanças de nomenclatura.

Figura 22: Imagem do movimento - Aplicação do Escorão Figura 23: Imagem do movimento - Joelhada
Frontal

Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.61


Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.61

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Figura 24: Imagem do movimento - Cotovelada Figura 25: Imagem do movimento - Galopante

Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.61 Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.61

12.1.4 Movimentos Desequilibrantes ou “golpes desequilibrantes” cuja finalidade, como o


próprio nome já afirma, é de desequilibrar o adversário e diminuir a base de sustentação do seu
corpo e, desse modo, derrubar o adversário no chão. São eles: Arrastão / 2.Arqueado / 3. Balão
de lado / 4.Balão cinturado / 5. Banda de costas / 6.Banda traçada / 7. Bênção/ 8.Cruz /
9.Crucifixo / 10. Dentinho / 11.Gravata alta / 12.Gravata baixa / 13. Rasteiras / 14. Tesouras /
15. Vingativa.
“É importante salientar que todos os movimentos/golpes sofrem variações de sentido e são
combinados com inúmeros outros, transformando e elevando o quantitativo desses movimentos
em outras tantas possibilidades a depender sempre da habilidade do capoeirista em ser criativo
em seus gestos corporais (CAMPOS, 2009, p. 65)”.

Figura 26: Imagem do movimento - Banda de Costas Figura 27: Imagem do movimento - Vingativa

Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.58 Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.58

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Figura 28: Imagem do movimento - Rasteira Figura 29: Imagem do movimento - Tesoura de Frente

Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.59 Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.59

12.1.5 Golpes de Projeção ou “golpes de queda” são movimentos que exigem destreza e
rapidez do capoeirista já que é necessário habilidade motora, criação mental, reflexo, muita
coragem e acima de tudo poder de decisão. De acordo com Campos (2009, p.65): “Mestre Bimba
criou esses golpes no intuito de mostrar ser a Capoeira Regional uma luta bem completa, pois
livraria o capoeirista – seus alunos – de uma situação de embaraço, quando estivesse acuado
ou mesmo agarrado. Desse modo, os golpes de projeção proporcionariam que o adversário fosse
açoitado para longe, dando uma nova oportunidade para que se reiniciasse a luta em outras
circunstâncias mais favoráveis ao capoeirista pelo maior espaço de ação. Os golpes conhecidos
são: Arqueado, Crucifixo, Balão de lado, Balão cinturado, Dentinho, Açoite de braço e Gravata
alta”.

12.1.6 Golpes ligados, ainda em Campos (2009, p. 65): “fazem parte da Capoeira Regional
como uma criação de Bimba, visando ensinar seus alunos a se livrarem de situações de luta,
nas quais o capoeirista era deliberadamente agarrado”.

12.2 Tipos de movimentos da Capoeira Angola

Na Capoeira Angola existem 21 golpes diretos e 4 Chamadas

A Ginga é movimento fundamental da Capoeira existindo várias formas de gingar, onde cada
capoeirista identifica-se pela sua forma de gingar, que é o livre expressar, lançando inúmeros
artifícios para enganar e distrair o oponente. Finge que se retira e volta rapidamente, pula para
um lado e para o outro. Deita-se e levanta-se rapidamente. Avança e recua. Finge que não estar

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
vendo o oponente para traí-lo. Gira para todos lados e se contorce numa “ginga” maliciosa e
desconcertante.

Golpes Básicos (8): Negativa, Queda de quatro, Queda de Rins, Cocorinha, Resistência, Aú,
Pião, Rolê.
Golpes Desequilibrantes (5): Rasteiras, Tombo da ladeira, Banda, Tesoura, Corta-Capim.
Golpes Traumatizantes (8): Rabo de Arraia, Chapa, Cutila, Cotovelada, Martelo, Cabeçada, Meia
lua de frente, Joelhada.
Chamadas ou passo a dois (4): Palma, Cruz, Cabeça, Calcanheira.

Observações:
* Através dos improvisos do corpo de cada um, pode vir a aumentar a lista de golpes.
* Não é necessário que o Capoeirista aplique todos golpes citados ‘faça o que seu corpo
condicionar’, mas para ensinar deve saber como repassar todos;
* O capoeira deve apelar por todos recursos em uma ocasião extrema;
Golpe de vista: Não se deve olhar para os olhos do oponente e sim entre as sobrancelhas, ou
ampliar a visão em todo corpo do oponente;
* Visão periférica: para ter noção do ambiente, e procurar recursos necessários para sua melhor
defesa. Agilidade, Equilíbrio e Intuição;
* É de capital importância para o capoeira, onde se devem praticar todos golpes em três
velocidades, três alturas e várias distâncias os golpes defensivos, desequilibrantes e
traumatizantes.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
13 AS SEQUÊNCIAS DE ENSINO DE MESTRE BIMBA

Para Mestre Bimba a sequência é para o capoeirista e seu ABC. Ela veio contribuir, de maneira
definitiva, para o aprendizado da Capoeira Regional.

13.1 Sequência Simplificada


É uma metodologia recomendada para os iniciantes da Capoeira, em virtude de ter uma
sequência lógica de movimentos de ataque, defesa e contra-ataque, permitindo ao aluno
aprender com segurança sem lhe exigir uma habilidade aprimorada. Ao professor cabe orientar
o aprendizado de acordo com a sua estratégica de ensino, observando a assimilação dos alunos
e indicando, se necessário, o fracionamento em etapas a serem cumpridas.
Mais adiante iremos retornar a essa sequência com exemplos em imagens e maiores detalhes
(páginas 65 a 68).

13.2 Sequência Completa


Esta sequência era usada pelos alunos de Mestre Bimba nos cursos de especialização, por
ela ser complexa e com um grau de dificuldade bastante elevado. Exige dos alunos
concentração, bom preparo físico e habilidade para golpear de ambos os lados.
Mais adiante iremos retornar a essa sequência com exemplos em imagens e maiores detalhes
(páginas 69 a 72).

OBS.: Todas as imagens abaixo das sequências foram retiradas do Livro: Campos, Hélio.
Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 67-79 / 89-95).
Abaixo as descrições de cada sequência.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
13.1 Sequência Simplificada

1ª Sequência – Meia-lua de frente com Armada


Figura 30: 1ª Sequência de Bimba
Aluno A – Meia-lua de frente com perna direita;
Meia-lua de frente com perna esquerda; Armada
com perna direita.

Aluno B – Cocorinha, esquerda e direita; Negativa


com perna esquerda.

Aluno A – sai de Aú.

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 67

2ª Sequência – Queixada
com Bênção, perna direita.
Aluno A – Queixada com a perna direita; Queixada
Aluno B – Negativa, perna direita.
com a perna esquerda.
Aluno A – sai de Aú.
Aluno B – Cocorinha, direita e esquerda; contra-
Aluno B – aplica a Cabeçada.
ataca com Armada, perna direita.
Aluno A – defende com Rolê.
Aluno A – Cocorinha, direita; contra-ataca

Figuras 31: 2ª Sequência de Bimba Figuras 32: 2ª Sequência de Bimba Cont.

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 68-69

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
3ª Sequência – Martelo Aluno A – defende com Cocorinha e contra-
ataca com Bênção
Aluno A – Martelo, perna direita; martelo, perna
Aluno B – defende com Negativa.
esquerda.
Aluno A – sai de Aú.
Aluno B – defende com Esquiva e Palma; contra-
Aluno B – aplica a Cabeçada.
ataca com Armada, perna direita.
Aluno A – defende com Rolê.

Figura 33: 3ª Sequência de Bimba Figura 34: 3ª Sequência de Bimba Cont.

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 71.

4ª Sequência – Galopante e Arrastão Aluno A – contra-ataca com Arrastão.

Aluno A – Godeme direito. Aluno B – defende com Negativa.

Aluno B – defende com palma direita. Aluno A – sai de Aú.

Aluno A – contra-ataca com Godeme esquerdo. Aluno B – aplica a Cabeçada.

Aluno B – defende com Palma esquerda. Aluno A – defende com Rolê.

Aluno B - contra-ataca com Galopante com a mão


direita.
Figuras 35: 4ª Sequência de Bimba Figuras 36: 4ª Sequência de Bimba Cont.

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 72-73

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5ª Sequência – Arpão de Cabeça Aluno B – defende com Negativa.

Aluno A – faz o giro (finta). Aluno A – sai de Aú.

Aluno B – aplica uma Cabeçada no abdômen. Aluno B – aplica a Cabeçada.

Aluno A – contra-ataca com Joelhada. Aluno A – defende com Rolê

Figuras 37: 5ª Sequência de Bimba Figuras 38: 5ª Sequência de Bimba Cont.

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 74-75

6ª Sequência – Meia-lua de Compasso Figura 39: 6ª Sequência de Bimba

Aluno A – Meia-lua de compasso, perna direita.


Aluno B – defende com Cocorinha esquerda.
Aluno B – contra-ataca com Meia-lua de
Compasso, perna direita.
Aluno A – defende com Cocorinha esquerda.
Aluno A – contra-ataca com Joelhada esquerda.
Aluno A – Meia-lua de compasso, perna esquerda.
Aluno B – defende com Cocorinha direita.
Aluno B – contra-ataca com Meia-lua de compasso
perna esquerda.
Aluno A – defende com Cocorinha direita.
Aluno A – contra-ataca com Joelhada direita.
Aluno B – defende na Negativa.
Aluno A – sai de Aú.
Aluno B – aplica a Cabeçada.
Aluno A – defende com Rolê.

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 76

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
7ª Sequência - Armada Aluno A – defende com Rolê.

Aluno A – Armada, perna direita. Aluno B – ataca com Armada, perna esquerda.

Aluno B – defende com Cocorinha direita e Aluno A – defende com Cocorinha, esquerda e

contra-ataca com Armada, perna direita. contra-ataca com Armada, perna esquerda.

Aluno A – defende com Cocorinha direita e Aluno B – defende com Cocorinha, esquerda e

contra-ataca com Bênção, perna direita. contra-ataca com Bênção, perna esquerda.

Aluno B – defende com Negativa, perna direita. Aluno A – defende com Negativa, perna esquerda.

Aluno A – sai de Aú. Aluno B – sai de Aú.

Aluno B – aplica a Cabeçada. Aluno A – aplica a Cabeçada.


Aluno B – defende com Rolê.

Figura 40: 7ª Sequência de Bimba Figura 41: 7ª Sequência de Bimba Cont.

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 77-78

8ª Sequência – Bênção, Cabeçada e Rolê. Figura 42: 8ª Sequência de Bimba

Aluno A – ataca com Bênção, perna direita.


Aluno B – defende com Negativa, perna direita.
Aluno A – sai de Aú.
Aluno B – aplica a Cabeçada.
Aluno A – defende com Rolê.
Aluno B – ataca com Bênção, perna esquerda.
Aluno A – defende com Negativa, perna esquerda.
Aluno B – sai de Aú.
Aluno A – aplica a Cabeçada.
Aluno B – defende com Rolê.

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 79.

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13.2 Sequência Completa

A Sequência Completa era mais utilizada no CCFR durante o curso de especialização devido
a sua exigência técnica e física, justamente por solicitar dos alunos/capoeiristas uma habilidade
aprimorada para golpear de ambos lados.
Mestre Itapoan (1994, p.84-98), fez um estudo quantitativo da Sequência original utilizada por
Mestre Bimba, chegando à conclusão de que um aluno executa sozinho 154 movimentos e a
dupla, 308.
A realização da Sequência Completa demanda tempo, paciência e preparo físico. Todos os
movimentos devem ser praticados, tanto pelo lado direito como pelo esquerdo, com a finalidade
do capoeirista chegar o mais próximo possível da perfeição técnica. O treinamento é baseado
na repetição, utilizado tanto pelo iniciante como pelo formado. É um fundamento imprescindível
do aprendizado, porque é pela repetição que se aproxima do automatismo do movimento,
aprimorando os golpes, as esquivas, as defesas, ao tempo em que se melhora o equilíbrio,
agilidade, resistência, coordenação, força, velocidade, flexibilidade, coordenação e ritmo (HÉLIO,
Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001)”.

1ª PARTE – MEIA-LUA DE FRENTE

Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 80-81.

ALUNO A ALUNO A

MEIA-LUA DE FRENTE (perna direita) MEIA-LUA DE FRENTE (perna esquerda)


MEIA-LUA DE FRENTE (perna esquerda) MEIA-LUA DE FRENTE (perna direita)
ARMADA (perna direita) ARMADA (perna esquerda)
AÚ (lado esquerdo) AÚ (lado direito)
ROLÊ (lado esquerdo) ROLÊ (lado direito)

ALUNO B ALUNO B

COCORINHA (lado esquerdo) COCORINHA (lado direito)


COCORINHA (lado direito) COCORINHA (lado esquerdo)
NEGATIVA (perna esquerda) NEGATIVA (perna direita)
CABEÇADA (no aú do aluno A) CABEÇADA (no aú do aluno A)

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2ª PARTE – QUEIXADA

Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 81-82.

ALUNO A ALUNO A

QUEIXADA (perna direita) QUEIXADA (perna esquerda)


QUEIXADA (perna esquerda) QUEIXADA (perna direita)
COCORINHA (lado direita) COCORINHA (lado esquerdo)
BENÇÃO (perna direita) BENÇÃO (perna esquerda)
AÚ (lado direito) AÚ (lado esquerdo)
ROLÊ (lado direito) ROLÊ (lado esquerdo)

ALUNO B ALUNO B

COCORINHA (lado direito) COCORINHA (lado esquerdo)


COCORINHA (lado esquerdo) COCORINHA (lado direito)
ARMADA (perna direita) ARMADA (perna esquerda)
NEGATIVA (perna direita) NEGATIVA (perna esquerda)
CABEÇADA (no Aú do aluno A) CABEÇADA ( no Aú do aluno A)

3ª PARTE – MARTELO

Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 82-83.

ALUNO A ALUNO A

MARTELO (perna direita) MARTELO (perna esquerda)


MARTELO (perna esquerda) MARTELO (perna direita)
COCORINHA (lado esquerdo) COCORINHA (lado direito)
BENÇÃ (perna direita) BENÇÃO (perna esquerda)
AÚ (lado direito) AÚ (lado esquerdo)
ROLÊ (lado direito) ROLÊ (lado esquerdo)

ALUNO B ALUNO B

PALMA (mão esquerda) PALMA (mão direita)


PALMA (mão direita) PALMA (mão esquerda)
ARMADA (perna direita) ARMADA (perna esquerda)
NEGATIVA (perna direita) NEGATIVA (perna esquerda)
CABEÇADA (no Aú do aluno A) CABEÇADA (no Aú do aluno A)

63
MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
4ª PARTE – GALOPANTE
Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 83-84.
ALUNO A ALUNO A
GODEME (mão direita) GODEME (mão esquerda)
GODEME (mão esquerda) GODEME (mão direita)
ARRASTÃO (lado direito) ARRASTÃO (lado esquerdo)
AÚ (lado esquerdo) AÚ (lado direito)
ROLÊ (lado esquerdo) ROLÊ (lado direito)

ALUNO B ALUNO B
PALMA (mão esquerda) PALMA (mão direita)
PALMA (mão direita) PALMA (mão esquerda)
GALOPANTE (mão esquerda) GALOPANTE (mão direita)
NEGATIVA (perna direita) NEGATIVA (perna esquerda)
CABEÇADA (no Aú do aluno A) CABEÇADA (no Aú do aluno A)

5ª PARTE - ARPÃO DE CABEÇA


Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 84.
ALUNO A ALUNO A
GIRO (lado direito) GIRO (lado esquerdo)
JOELHADA (joelho direito) JOELHADA (joelho esquerdo)
AÚ (lado direito) AÚ (lado esquerdo)
ROLÊ (lado direito) ROLÊ (lado esquerdo)

ALUNO B ALUNO B
CABEÇADA (no tórax do aluno A) CABEÇADA (no Aú do aluno A)
NEGATIVA (perna direita) NEGATIVA (perna esquerda)
CABEÇADA (no Aú do aluno A) CABEÇADA (no Aú do aluno A)

6ª PARTE - MEIA-LUA DE COMPASSO


Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 85.
ALUNO A ALUNO A
MEIA-LUA DE COMPASSO (perna direita) MEIA-LUA DE COMPASSO (perna esquerda)
COCORINHA (lado direito) COCORINHA (lado esquerda)
JOELHADA (joelho esquerdo) JOELHADA (joelho direito)
AÚ (lado esquerdo) AÚ (lado direito)
ROLÊ (lado esquerdo) ROLÊ (lado direito)

ALUNO B ALUNO B
COCORINHA (lado esquerdo) COCORINHA (lado direito)
MEIA-LUA DE COMPASSO (perna direita) MEIA-LUA DE COMPASSO (perna esquerdo)
NEGATIVA (perna esquerda) NEGATIVA (perna direita)
CABEÇADA (no Aú do aluno A) CABEÇADA (no Aú do aluno A)

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
7ª PARTE – ARMADA
Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 86.

ALUNO A ALUNO A

ARMADA (perna direita) ARMADA (perna esquerda)


ARMADA (perna esquerda) ARMADA (perna direita)
NEGATIVA (perna direita) NEGATIVA (perna esquerda)
CABEÇADA (no Aú do aluno B) CABEÇADA (no Aú do aluno B)

ALUNO B ALUNO B

COCORINHA (lado direito) COCORINHA (lado esquerdo)


COCORINHA (lado esquerdo) COCORINHA (lado direito)
BENÇÃO (perna esquerda) BENÇÃO (perna direita)
AÚ (lado esquerdo) AÚ (lado direito)
ROLÊ (lado esquerdo) ROLÊ (lado direito)

8ª PARTE – BÊNÇÃO
Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 87.
ALUNO A ALUNO A
BENÇÃO (perna direita) BENÇÃO (perna esquerda)
AÚ (lado direito) AÚ (lado esquerdo)
ROLÊ (lado direito) ROLÊ (lado esquerdo)

ALUNO B ALUNO B
NEGATIVA (perna direita) NEGATIVA (perna esquerda)
CABEÇADA (no Aú do aluno A) CABEÇADA (no Aú do aluno A)

Obs: Os movimentos / golpes aplicados no Aluno A deverão ser repetidos pelo Aluno B e
vice-versa.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
13.3 Sequência da Cintura Desprezada

Decanio (1996, p. 234) explica que: “a sequência de Balões ensina a saltar ante a ameaça
duma projeção, a cair com segurança e elegância, evidenciando a interdependência dos
jogadores, sem a qual não se joga, nem se aprende capoeira. A Cintura Desprezada era treinada
logo no início da aula, quando os alunos não estavam suados, escorregadios, era uma medida
de segurança.” Já que no início a pele do aluno ainda estava seca e que o uso da camisa de
malha de algodão em piso firme, não escorregadio, fazia parte dos cuidados para um bom jogo
de cintura desprezada.
Como na sequência de ensino, a sequência da Cintura Desprezada era realizada em duplas;
por esse motivo, outros cuidados de segurança eram alertados por Bimba. Os calouros deveriam
executar inicialmente a cintura com um aluno formado, de preferência confiável.
O jogo da Cintura Desprezada é excelente, não apenas para desenvolver a capacidade
acrobática, melhorar o repertório motor, aprimorar as valências físicas, e sobretudo, para
despertar o sentimento de responsabilidade, estimular a coragem e instigar o poder de decisão.
A cintura desprezada é composta pelos seguintes movimentos: Ginga, Meia-lua de Frente,
Cocorinha, Armada, Negativa, Aú com parada de dois apoios (Bananeira), Apanhada, Balão de
lado, Tesoura de costas, Aú, Balão cinturado e Gravata alta. Vale chamar a atenção para que os
dois alunos repitam todos os movimentos perfazendo um total de 14 exercícios, “um jogo
completo” para cada dupla.

Figura 43: Bananeira Figura 44: Balão de Lado

Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 248.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Figura 45: Balão de Lado Cont. Figura 46: Voo do Balão de Lado

Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 249.

Figura 47: Balão Cinturado Figura 48: Balão Cinturado Cont.

Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 252.

67
MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
14 CAPOEIRA É QUALIDADE DE VIDA E BEM ESTAR

14.1 Flexibilidade
Nesta etapa deste manual iremos abordar alguns aspectos físicos que a Capoeira
proporciona. Para tanto, teremos como norteamento desta etapa o livro de Hélio de Campos,
Capoeira na Escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 99-127.
A elasticidade muscular e a mobilidade articular são os dois componentes, definitivamente,
importantes na flexibilidade, mesmo que estes componentes não trabalhem separadamente e
um depende do outro.
A flexibilidade e o alongamento, na Capoeira tornam-se imprescindíveis, já que estão
presentes praticamente em toda a gestualidade dos movimentos e dos golpes. Estas qualidades
físicas são desenvolvidas nos treinos diários, e é quando possibilita um melhor aprendizado,
noção de limites do próprio corpo e uma melhor consciência corporal, desse modo, evitando
quaisquer possíveis acidentes musculares e articulares.
De acordo com (HÉLIO CAMPOS, 2003, p. 112): “A Capoeira é um excelente meio para
adquirir e desenvolver tanto o alongamento quanto a flexibilidade, haja vista que, em sua
movimentação constante, possibilita, através dos golpes, esquivas, golpes e contragolpes, que
o praticante adquira uma boa elasticidade muscular, acompanhada de mobilidade articular. Por
isso, podemos afirmar a importância e a contribuição da Capoeira como uma atividade capaz de
desenvolver a flexibilidade de maneira eficaz e de uma forma bastante natural e até espontânea”.

Figuras 49 e 50: Coletânea Exercícios de Flexibilidade - Parte I

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 100-101.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Figuras 51 e 52: Coletânea Exercícios de Flexibilidade - Parte II

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p.102-103.

14.2 Força
Por meio de pesquisas, hoje está comprovado a grande importância da força nos esportes.
Pode-se dividir a força em dinâmica e estática. Onde a força dinâmica é subdividida em força
máxima, força rápida e resistência de força.
Emprega-se a força rápida na Capoeira, em especial, nos golpes de ataque e contra ataque,
saltos e esquivas.
Segundo (HÉLIO CAMPOS, 2003, p.104): “a resistência de força tem um emprego puramente
anaeróbico e a força máxima praticamente não existe, uma vez que não é necessária.”
É com a prática diária de treinos que se pode adquirir força, já que são inúmeros os saltos e
saltitos, bem como em decorrência da movimentação entre o jogo do chão e o jogo alto, onde o
praticante trabalha a força, saindo do plano baixo para o alto, em movimentos rápidos e potentes.

A seguir algumas figuras dos exercícios para melhor compreensão:

69
MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Figuras 53 e 54 : Coletânea Exercícios de Força - Parte I

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 106-107

Figuras 55 e 56 : Coletânea Exercícios de Força – Parte II

Fonte: Hélio Campos. Capoeira na Escola. Salvador: EDUFBA, 2003, p. 108-109.

70
MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Figuras 57 e 58 : Coletânea Exercícios de Força - Parte III

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 110.

14.3 Agilidade
É a qualidade física que está presente na maioria dos esportes e, na Capoeira é uma valência
que merece destaque, haja vista que, durante o jogo, através dos variados movimentos, os
capoeiristas mostram, desenvolvem e criam situações sui generis de agilidade, para se defender,
atacar, esquivar, fintar6 e até gingar.
Podemos defini-la como a qualidade de mudar rápida e efetivamente a direção de um
movimento executado com destreza e velocidade.
Os exercícios de agilidade têm uma correlação direta com a flexibilidade, potência muscular,
equilíbrio, desenvoltura e poder de decisão. É recomendado o seu treinamento para todas as
faixas etárias e, para os jovens escolares, deve ser ministrado, com ênfase, nos jogos.
Chamamos a atenção para o fato de que esta atividade é assimilada facilmente, devido a sua
dinâmica, motivação e aos desafios que oferece, sendo também de grande valia para o futuro
atlético.

6Fintar - Palavra muito utilizada pelos capoeiristas, onde se pretende “enganar” o outro oponente, fazendo com que
o outro acredite que se vai fazer um movimento, quando na verdade, sairá um movimento totalmente diferente
daquele que se imaginou e, com isso consegue-se atingi-lo com esse fingimento. Ex.: Eu fintei e dei um golpe de
Martelo em vez de dar um Chute na lua.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
A Capoeira por si só é uma atividade de agilidade, considerando-se a sua história, a mandinga
e a filosofia, na qual estão intrínsecos os movimentos com liberdade.
O seu praticante vivencia experiências múltiplas e magníficas de movimentos, o que lhe
proporciona uma satisfação pessoal sem precedentes.

Figuras 59 e 60 : Coletânea Exercícios de Agilidade Parte I

Fonte: Campos, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 112-113.

14.4 Velocidade
Velocidade é uma qualidade física existente em muitos esportes.
Segundo Hélio (2001, p. 115), “É a qualidade particular dos músculos e das coordenações
neuromusculares, permitindo a execução de uma sucessão rápida de gestos que, em seu
encadeamento, constituem uma só e mesma ação, de uma intensidade máxima e de uma
duração breve ou muito breve”.
Elencaremos algumas das variáveis dessa velocidade abaixo:
1) Velocidade de reação; 2) Velocidade de movimentos acíclicos; 3) Velocidade de
movimentos cíclicos; 4) Velocidade de segmentos.
Quem melhor nos explica sobre a acepção de cada velocidade é (HÉLIO, 2001, P. 115):

“Velocidade de reação ou tempo de reação: é a capacidade de reagir o mais rápido possível


a um estímulo, que pode ser acústico, ótico ou tátil.

72
MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Velocidade de movimentos acíclicos: esta qualidade se caracteriza por vários movimentos
sem uniformidade e com acelerações diferentes. Apresentam-se, esses movimentos, nos
esportes de arremessos, saltos, tênis, box, Capoeira etc.
Velocidade de movimentos cíclicos: é caracterizada por movimentos uniformes, precisos e
com repetições de fases. Exemplo: corrida, natação, remo, ciclismo etc.
Velocidade de segmentos: é a capacidade de mover os segmentos do corpo, braços, pernas,
cabeça e tronco, o mais rapidamente possível, permitindo a sucessão rápida de gestos com
intensidade máxima e duração breve ou muito breve.
Na Capoeira, o fator velocidade é muito importante, principalmente para ser usado nos golpes,
esquivas, ataques e defesas, sendo que a velocidade de reação, através do estímulo visual, é a
mais intensamente desenvolvida.
A rapidez dos golpes, na Capoeira, exige do oponente uma velocidade de reação bastante
eficaz, aprimorando, desta forma, o reflexo.
Sendo a Capoeira uma atividade eminentemente de movimentos acíclicos, torna-se deveras
interessante, uma vez que solicita de seu praticante movimentos variados dos segmentos em
todas as direções, acompanhados de um alto grau de coordenação (HÉLIO, 2001, p. 115)”.

Figuras 61 e 62 : Coletânea de Exercícios de Velocidade – Parte I

Fonte: Hélio Campos. Capoeira na Escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 117-118.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Figuras 63 e 64 : Coletânea de Exercícios de Velocidade – Parte II

Fonte: Hélio Campos. Capoeira na Escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 119-120.

14.5 Equilíbrio
Equilíbrio é a qualidade física que segundo (HÉLIO, 2001, p. 121), “conseguida por uma
combinação de ações musculares com o propósito de assumir e sustentar o corpo sobre uma
base, contra a lei da gravidade”. O equilíbrio é caracterizado pela diminuição da base de
sustentação e é importante para o desempenho das atividades cotidianas e para a prática da
ginástica e dos esportes”. Continuando com o mesmo autor:

“Existem três tipos de equilíbrio: 1) Dinâmico; 2) Estático; 3) Recuperado.

1. Equilíbrio dinâmico: é o equilíbrio em movimento, sendo conseguido em vários esportes.


2. Equilíbrio estático: é o tipo de equilíbrio onde não existe movimento, sendo conseguido
através de uma determinada posição. É muito usado na ginástica artística e na Capoeira,
como forma de treinamento.
3. Equilíbrio recuperado: é a recuperação do equilíbrio em uma posição qualquer de se
estar, durante um tempo fora do solo. Na Capoeira, esta valência é por demais usada,
devido à grande movimentação dos saltos e aos momentos de destreza. Essa qualidade
é muito trabalhada na Capoeira, tanto no treinamento como na prática propriamente dita.
É muito rica, principalmente por ser, na maioria das vezes, de equilíbrio recuperado,

74
MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
partindo das mais variadas posições e planos: alto, médio e baixo. Proporciona, desta
maneira, equilíbrio e segurança ao participante (HÉLIO, 2001, p. 121)”.
Figuras 65 e 66 : Coletânea de Exercícios de Equilíbrio

Fonte: Hélio Campos. Capoeira na Escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 122-123.

14.6 Coordenação
Sabe-se que uma pessoa executou um movimento coordenado quando é realizado com
destreza, leveza e economia para se chegar ao que se espera desta movimentação.
Em geral, o movimento é realizado com ritmo, amplitude, soltura e estilo. E é no decorrer do
movimento executado que, apenas, os músculos necessários àquele trabalho que sejam
trabalhados, enquanto o antagônico permanece relaxado.
Segundo (HÉLIO, 2001, p. 125): “Sabe-se que fatores físicos de performance têm uma
significativa influência no movimento coordenado, como: força, velocidade, mobilidade e
resistência que, em função do treinamento, podem conseguir os seguintes efeitos”:
1º melhoria técnica; 2º menor gasto energético; 3º melhoria da performance; 4º maior eficiência;
5º melhor recuperação durante o período de repouso. (HÉLIO, 2001, p. 125)”.
É com os treinos da Capoeira que se pode melhorar e desenvolver a coordenação, haja vista
ser a Capoeira um jogo que os participantes precisam utilizar sua criatividade, reflexo e destreza.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Figuras 67 e 68: Coletânea de Exercícios de Coordenação

Fonte: Hélio Campos. Capoeira na Escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p 126.

76
MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
15 OS INSTRUMENTOS MUSICAIS PRESENTES NA CAPOEIRA

15.1 Os Instrumentos Musicais com MAIOR aderência nos Grupos de Capoeira

Figura 69: Os instrumentos musicais juntos

Fonte: Arquivo Pessoal / Verônica de Holanda Santos

Como não seria diferente, algumas controvérsias existem ao estudar e pesquisar sobre os
instrumentos musicais utilizados na Capoeira. Em alguns livros e relatos, folcloristas, capoeiras
e pesquisadores em geral descrevem as histórias dos instrumento de forma definitiva, o que
provavelmente corresponde à vivência da Capoeira ao longo de suas vidas.
O primeiro registro de um instrumento musical relacionado ao jogo da Capoeira aparece no
início do século XIX, em 1835. Nessa ocasião, o artista Johan Moritz Rugendas apresenta na
gravura de nome “Dança de Guerra”, o jogo da Capoeira sendo brincado ao som de uma espécie
de tambor. Esse registro é importantíssimo e clássico na Capoeira, pois comprova a utilização
do tambor durante a capoeiragem. Essa foi, sem sombras de dúvidas, a Capoeira que Rugendas
viu e viveu durante sua estadia no Brasil. Porém, o mais importante é o registro da Capoeira
como manifestação muito difundida no início do século XIX, e da importância dos instrumentos
musicais no jogo.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
BERIMBAU
Figura 70: Berimbau Figura 71: Trio de Berimbau

Fonte: htttp://arteculturacapoeira.com.br Fonte: htttp://arteculturacapoeira.com.br

No Brasil, a entrada do berimbau ainda é desconhecida, mas provavelmente é associada com


a vinda dos escravos.
Desde os primeiros registros o berimbau aparece sendo tocado por negros africanos e
descendentes. Waldeloir do Rego (1968, p.80) também cita o aparecimento do berimbau em
Cuba, sendo chamado por lá de sambi dentre outros nomes e, aparece em cultos religiosos de
origem afro-cubanas.
Outro fator que reforça a introdução africana do berimbau no Brasil, é pelo simples fato de que
antes da colonização não existir registros ou relatos de arcos musicais na cultura dos índios que
habitavam a terra brasileira.

Junto ao berimbau, ainda existem:


1. Vaqueta - É uma vareta de madeira, de aproximadamente 40 cm, tendo uma extremidade um
pouco mais grossa e sendo normalmente feita de biriba.
2. Dobrão (também utilizados seixos no lugar do dobrão) que é uma moeda preferencialmente
antiga, de 40 réis, e de estimação, usada pelo tocador de berimbau na mão esquerda que, sendo
encostada no arame, modifica o som.

São três tipos de Berimbaus, geralmente, utilizados nas rodas de Capoeira:

1. Gunga (possui a cabaça maior): de som mais grosso. É o Gunga que determina o toque e a
roda, ou seja, é ele que comanda a roda da Capoeira.
2. Médio ou de Centro (possui a cabaça mediana): Tem um som regulado entre o grave do
Gunga e o agudo do Violinha, tem uma afinação mediana que permite ao tocador executar a
melodia fazendo o solo da música.
3. Viola ou Violinha (possui a cabaça menor): É o berimbau de som mais agudo. Tem uma
cabaça pequena e bem raspada por dentro para ficar bem fina, tem um som agudo.

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O berimbau é um arco de madeira com um arame ou fio de aço estendido entre duas
extremidades (sobre o qual se comprime uma moeda ou dobrão e se percute com uma vareta)
e com uma cabaça, para efeitos de ressonância. “Em Cuba, era vinculado a cultos de origem
africana, sob o nome de “burubumba”. Aqui, conhecido às vezes como “urucungo” ou “gunga”,
só no final do século XIX é que foi incorporado à Capoeira baiana (SODRÉ, 2002, p.77)”.

2. AGOGÔ
Figura 72: Agogô de ferro Figura 73: Agogô de Castanha
do Pará Instrumento utilizado nas rodas de
Capoeira. Existem dois tipos do agogô:
o de Castanha-do-Pará e o de Ferro.
O agogô é outro instrumento muito
presente na cultura afro-brasileira.

Fonte: htttp://arteculturacapoeira.com.br

Sua entrada no Brasil aconteceu, possivelmente, com a chegada dos negros africanos.
Inclusive o vocábulo agogô é de origem nagô e significa sino.
Atualmente, se mostra presente principalmente no samba, mas também empresta seu ritmo
a outros folguedos como o lundu e até mesmo o reggae.

3. RECO-RECO OU MACUMBA

Figura 74: Reco-reco ou Macumba Instrumento comumente feito de um gomo de bambu,


ou até mesmo uma cabaça alongada, com sulcos e
tocado com uma vareta. Também aparece em
construção de metal contendo molas ao invés de
sulcos. Acredita-se ser de origem africana, uma vez
que sempre esteve ligado às manifestações afro-
brasileiras.
Fonte: htttp://arteculturacapoeira.com.br

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4. PANDEIRO
Figura 75: Pandeiro Não existe roda de Capoeira sem pandeiro. É um
instrumento que também se faz presente em outras
manifestações da cultura popular brasileira. Instrumento
de percussão de origem indiana que requer considerável
técnica para ser tocado. Pandeiros podem ser feitos de
peles de couro ou de plástico. Existem em diferentes
tamanhos, os mais comuns na roda de Capoeira são: o
Fonte: htttp://arteculturacapoeira.com.br
de 10 e 12 polegadas.

As peles de couro produzem uma qualidade de som melhor, mas apresentam problemas de
afinação causados por alterações climáticas, logo as peles de plástico são mais encontradas.
Foi introduzido no Brasil pelos portugueses, que o usavam para acompanhar as procissões
religiosas que faziam. É o som cadenciado do pandeiro que acompanha o som do caxixi do
berimbau.
Ao tocador de pandeiro cabe executar e lhe é permitido floreios e viradas para enfeitar as
canções.

5. ATABAQUE
Figura 76: Atabaque Alguns estudiosos dizem ser de origem Persa e outro s
afirmam que é de origem Árabe, que foi introduzido na
África por mercadores que entravam no continente
através dos países do norte, como o Egito.
É geralmente feito de madeira de lei como o jacarandá,
cedro ou mogno cortada em ripas largas e presas umas
às outras com arcos de ferro de diferentes diâmetros que,
de baixo para cima dão ao instrumento uma forma
cônico-cilíndrica, na parte superior, a mais larga, são
colocadas “travas” que prendem um pedaço de couro de

Fonte: htttp://arteculturacapoeira.com.br
boi bem curtido e muito bem esticado.

É o atabaque que marca o ritmo das batidas do jogo. Juntamente com o pandeiro é ele que
acompanha o solo do berimbau.
É difícil saber qual o ano que o atabaque entrou no Brasil, como também não se sabe ao certo
quando começou a fazer parte dos instrumentos da roda de Capoeira. No Maculelê,
manifestação da cultura afro-brasileira cuja preservação é feita pelos capoeiristas, o atabaque
também se faz presente.

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6. CAXIXI
Figura 77: Caxixis O caxixi faz conjunto com o berimbau e sua marca é o
tempo e em outros complementa o ritmo e a
sonoridade é ímpar em alguns momentos.
O caxixi é instrumento idiofone do tipo chocalho. É um
pequeno cesto de palha trançada, em forma de
campânula, pode ter vários tamanhos e ser simples,
duplo ou triplo. A abertura é fechada por uma rodela
Fonte: htttp://arteculturacapoeira.com.br de cabaça.

Tem uma alça no vértice. Possui pedaços de acrílico, arroz ou sementes de Tinquim secas no
interior dele para fazê-lo soar.

15.2 Os Instrumentos Musicais com MENOR aderência nos grupos de Capoeira

7. FLAUTA
Figura 78: Flauta A flauta é um instrumento musical de sopro feito de
diversos tipos de madeira com formato de um tubo
oco com orifícios. É um aerofone que, a partir do
fluxo de ar dirigido a uma aresta que vibra com a
passagem do ar, emite som.
Fonte: http://falamedemusica.net

Existem vários tipos de flautas: a flauta doce, a flauta transversal, flauta alto, flauta soprano,
flauta baixo, flautim e outros tipos.

8. VIOLÃO
Figura 79: Violão Primeira hipótese para a origem do violão é a de
que seria derivado da chamada Khetara grega, que
com o domínio do Império Romano, passou a se
chamar Cítara romana. Era também denominada
de Fidícula.
Fonte: http://falamedemusica.net

Teria chegado à Península Ibérica por volta do século I d.C. com os romanos. Esse
instrumento se assemelhava à Lira e, posteriormente foram acontecendo as seguintes
transformações: os seus braços dispostos na forma da lira, foram se unindo, formando uma caixa
de ressonância, à qual foram acrescentados um braço de três cravelhas e três cordas.

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09. BANDOLIM
Figura 80: Bandolim
O bandolim é um instrumento musical de cordas no
formato semelhante a uma pera, podendo ter as costas
abauladas ou rectas.
As origens do bandolim remontam à Itália do século XVI,
Fonte: http://falamedemusica.net
e ligam-no ao alaúde.

10. VIOLA
Figura 81: Viola A viola também chamada viola de arco, violeta ou alto, é
um instrumento musical da família do violino (de arco e
quatro cordas), assemelhando-se visualmente a este,
inclusive na maneira de se tocar. No entanto, possui um
som mais encorpado, doce, menos estridente e mais
grave, sendo o seu registo intermédio entre o violino e o
Fonte: http://falamedemusica.net
violoncelo.

11. RABECA
Figura 82: Rabeca É um instrumento de origem árabe tendo-se notícias de sua
utilização desde a Idade Média. Ela é tocada em
manifestações populares e religiosas desde os remotos
tempos da colonização brasileira. Sua construção, a afinação
e a maneira de tocar mudam conforme a região de origem.
Ultimamente a Rabeca tem sido difundida por músicos
Fonte: http://falamedemusica.net populares que a trouxeram para os grandes centros urbanos.

12. BANJO
Figura 83: Banjo
Um banjo é um instrumento de corda da família do alaúde,
de corpo circular, com uma abertura fechada circular na
parte superior.
Baseado em vários instrumentos africanos, foi desenvolvido
no México pelos escravos e adotado por grupos de
músicos, no século XIX. É muito usado na música folk

Fonte: http://falamedemusica.net estadunidense e pelos grupos bluegrass.

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13. ACORDEON
Figura 84: Acordeão
O acordeão, no Brasil também chamado
popularmente de sanfona e gaita, é um instrumento
musical aerofone de origem alemã, composto por um
fole, palhetas livres e duas caixas harmônicas de
madeira. É um instrumento de tecla.
Fonte: http:// falamedemusica.net

14. SAXOFONE
Figura 85: Saxofone Saxofone, também conhecido popularmente como
sax, é um instrumento de sopro patenteado em 1846
pelo belga Adolphe Sax, um respeitado fabricante de
instrumentos, que viveu na França no século XIX. Os
saxofones são instrumentos transpositores, ou seja, a
Fonte: http://falamedemusica.net nota escrita não é a mesma nota que ouvimos.

15. PÍFANO
Figura 86: Pífano
Pífano ou pífaro ou ainda pife é uma pequena flauta
transversal, aguda, similar a um flautim, mas com um
timbre mais intenso e estridente, devido ao seu diâmetro
menor. Os pífanos são originários da Europa Medieval e
são frequentemente utilizados em bandas militares.
Fonte: http://falamedemusica.net

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16 OS TOQUES E O RITMO

O toque do berimbau, é o som extraído do instrumento através da percussão da vaqueta no


arame com ritmo melódico, acompanhado do caxixi, e complementado pelo som agudo ou grave,
conforme a pressão da moeda (dobrão) no arame e o afastamento ou encosto da cabaça na
barriga do tocador.

16.1 Principais mestres e seus toques:

16.1.1 Mestre Bimba


São Bento Grande / Santa Maria / Banguela / Amazonas / Cavalaria / Iúna / Indalina

16.1.2 Mestre Pastinha


São Bento Grande / São Bento Pequeno / Santa Maria / Angola / Cavalaria

16.2 Toques de Berimbau e suas funções


Colocados os setes primeiros toques de berimbau criados pelo Mestre Bimba para a Capoeira
Regional e são preservados e tocados hoje, cada um deles com uma função especifica,
fundamentadas pelo próprio Mestre, com adaptações da Capoeira em Pernambuco, são eles:
1. Santa Maria: Hino da Capoeira Regional; jogo de faca no Recife; jogo de apanhar a
laranja no chão na Bahia; jogo de Navalha no Rio de Janeiro.
2. São Bento Grande de Regional: Para jogo rápido, alto, com objetivo e em cima
(semelhante ao São Bento Grande da Angola); jogo de competição em Pernambuco.
3. Iuna: Para jogo de formados; aplausos no fim de cada jogo; toca-se quantos berimbaus
tiverem; toque fúnebre em Pernambuco quando morre um capoeirista.
4. Banguela: Para jogo lento quase pura dança da Capoeira (semelhante a angola); jogo
de porretes em Pernambuco.
5. Indalina: Para jogo de ritmo médio, onde se pode jogar mais em cima que em baixo,
(semelhante ao São Bento Pequeno de Angola); jogo de facão em Pernambuco.
6. Amazonas: Para jogo de ritmo médio, onde joga-se mais em baixo que em cima na
Capoeira Regional; para jogo feminino em Pernambuco.
7. Cavalaria: Toque de aviso, atenção, cuidado, não se joga; debanda em Pernambuco.
8. Angola: Toque para jogo de malícia, com objetividade.
9. São Bento Pequeno: Para jogo solo, individual, amistoso.
10. São Bento de Angola: Para jogo de dentro, arrojado.

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16.3 Ritmo
De acordo com o Aurélio Buarque de Holanda, o termo ritmo “é o movimento ou ruído que se
repete no tempo, a intervalos regulares, com acentos fortes e fracos”. Para (HÉLIO, 2003, p.
133): “é a força criadora e a energia vital. Preside todas as manifestações do universo e inclui as
humanas. É a forma funcional de todo o vivente. Parece ser a expressão de uma lei fundamental
do universo, que condiciona a eficácia, equilíbrio e harmonia de todo processo e forma”.
Fatores vários influenciam na aprendizagem do ritmo e movimento em relação ao resultado
final, haja vista ser o ritmo um facilitador. De acordo com (HÉLIO, 2003, p. 134):
“Facilita: movimentos belos e harmoniosos; melhor incorporação da técnica; economia de
movimentos; liberdade de movimentos; expressão natural e autêntica; reconhecimento e
consciência da mecânica do movimento; percepção sincrética da forma; consciência dos níveis
e qualidade do movimento; coordenação psicomotriz.
Reforça: a memória motriz;
Estimula: o trabalho físico e mental, econômico, diminuindo a fadiga e, consequentemente,
melhorando o rendimento-resultado”.
E ainda (HÉLIO, 2003, p. 134): “A Capoeira é uma atividade física riquíssima em movimento
e ritmo. O capoeirista precisa ter um ritmo bastante apurado para poder jogar nos diversos toques
de berimbau que determinam o tipo de jogo que devem fazer. Os toques mais usados são: São
Bento Grande, Banguela, Angola, Amazonas, Cavalaria e Iúna.
Além do mais, os alunos que participam da “roda” não apenas jogam, como se revezam,
participando da banda e coro, tocando os instrumentos e cantando. Desta maneira, o
aprendizado passa a ser completo por possibilitar a experiência pessoal em todos os momentos
da grande “roda”.
Em relação ao ritmo e ao movimento, as experiências são, a rigor, simplesmente maravilhosas
e causam uma enorme satisfação pessoal. Ao mesmo tempo que desperta no aluno a
consciência corporal, reconhecendo a mecânica do movimento, possibilita também que o aluno
tenha uma expressão autêntica com plena liberdade para criar (HÉLIO, 2003, p. 134)”.

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17 PARTITURAS DOS TOQUES DE BERIMBAU (Arquivo / UNICALEN)
Figura 87: Imagens de diversas partituras

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18 CANTIGAS DE CAPOEIRA

Não se pensa Capoeira sem ritmo musical ou ao som do berimbau, de acordo com
(WALDELOIR, 1968, p. 127), “as cantigas de Capoeira fornecem valiosos elementos para o
estudo da vida brasileira, em suas várias manifestações, os quais podem ser examinados sob o
ponto de vista linguístico, folclórico, etnográfico e sócio histórico.”

18.1 Ladainha
É um ritmo lento, sofrido, dolente, é como uma reza.
A ladainha é exclusiva do jogo de Angola e deve ser cantada antes do início do jogo.
A ladainha é cantada apenas por um solista acompanhado de berimbaus e pandeiros.
Normalmente o solista faz uma louvação aos mestres, às suas origens, à cidade em que nasceu.
Pode ainda fazer referências a fatos históricos, lendas ou algum outro elemento cultural que diga
respeito à roda de Capoeira.
As ladainhas terminam com uma chamada ao coro que pode ser: iêê viva meu mestre...; iêê
volta ao mundo...; iêê aruandê...; iêê a Capoeira...; iêê vamos simbora...; dentre muitas outras.
Esse momento do canto é conhecido como louvação ou salva.

Obrigação (Composição de Patuá – Grupo Pernambuco Arte Cultural)

Quando eu chego na igreja ai meu bem


Me ajoelho aos pés da cruz
Quando eu chego na igreja ai meu bem
Me ajoelho aos pés da cruz

Eu rezo pra São Jorge eu rezo pra Jesus


Esta ladainha fará parte do livro:
Eu rezo pra São Jorge ai meu bem eu rezo pra Jesus
Antologia Musical
Por favor colega véi Capoeira - Coisa & Tal –
Você não leve a mal
A roda é a igreja
E a cruz o berimbau

Eu ando pelo mundo


E não tenho medo algum
Jesus meu Oxalá colega véi
São Jorge é Ogum camará

Iê Deus é maior

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Iê Deus é maior camará
Iê pai de nós todos
Iê pai de nós todos camará
Iê volta do mundo
Iê volta do mundo camará
Iê que o mundo deu
Iê que o mundo deu camará
Iê que o mundo dá
Iê que o mundo dá camará
Iê que ainda vai dar
Iê que ainda vai dar camará
Iê galo cantou
Iê galo cantou camará
Iê cocorocou
Iê cocorocou camará
Iê faca de ponta
Iê faca de ponta camará
Iê é de furar
Iê é de furar camará
Iê que eu tô cantando
Iê que eu tô cantando camará
Iê pode escutar
Iê pode escutar camará
Iê a capoeira
Iê a capoeira camará
Iê a malandragem
Iê a malandragem camará
Iê viva meu mestre
Iê viva meu mestre camará

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18.2 Corrido

É a cantiga que se segue depois da ladainha e é a senha para o início do jogo na roda de
Capoeira.
São versos simples interpretados pelo solista e em seguida pelo coro com jogo de pergunta e
resposta. Um dos versos pode ser alterado de improviso pelo solista.
O corrido é cantado de acordo com o ritmo do jogo, seja lento ou rápido. O ritmo do jogo é
determinado pelo toque do berimbau que são na Capoeira Angola: Toque de Angola; São Bento
Pequeno e São Bento Grande de Angola.

Hino do Grupo Malta Recife – Pernambuco


(Mestre Neném de Olinda) (Veterano Espinhela – UNICALEN)

Coro: Recife, Pernambuco e Brasil dos Capoeiras.


Sou Capoeira de coração Capoeira corre o mundo, mas aqui é a lareira.
Sou Grupo Malta Nos Quilombos dos Palmares onde tudo
Grupo de Tradição começou.

Eu aprendi a respeitar Ganga Zumba e Zumbi sempre nos

Levando a Capoeira presenciou...

Como formar de educar

Coro:
É como uma semente
Que você plantou
Pra colher o fruto
Tem que regar com muito amor

Coro:
Mantendo a alegria
Fazendo o ritual
Na roda da Capoeira
Quem comanda é o berimbau.

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18.3 Quadra

A quadra pouco de distingue dos corridos, por muitas vezes são consideradas as mesmas
cantigas. Entretanto há algumas cantigas onde os quatro versos são repetidos fielmente pelo
coro e nesse momento o solista tem a oportunidade de improvisar o toque berimbau.

Zum zum zum na Capoeira ( Autores: Mestre Morcego e Patuá )

refrão: eu quero vê zum zum zum na capoeira


me mostra aê como teu jogo tá
a capoeira é uma luta brasileira
eu sou Pernambuco eu sou arte cultural (2x)

verso 1 - como é bom jogar capoeira


como é bom dá uma energia geral
como é bom a brincadeira
como é bom é sensacional
( refrão ) 2x

verso 2 - eu sinto orgulho danado


em ver meu mestre jogar
coração palpita quando ele chega
meia lua cabeçada é golpe mortal
isso é capoeira é regional
( refrão ) 2x.

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18.4 Chula

A chula na Capoeira Regional é a cantiga mais extensa que relata algum fato acontecido ou
conta histórias do passado.
A chula difere da ladainha por ser cantada durante o jogo e também pela presença do refrão,
que é repetido pelo coro entre uma estrofe e outra.
A chula é mais comum nas rodas de Capoeira Regional ou Contemporânea e no samba de
roda.
Alguns mestres de Capoeira Angola de Salvador (BA) chamam de chula o que outros chamam
de corrido.

Fale mal (Autor: Mestre Morcego / Grupo Pernambuco Arte Cultural - PE)

refrão: fale mal mas fale de mim verso 4 - quando eu era criança
fale mal fale de mim (2x) capoeira eu começei
verso 1 - quando você era pequeno com o mestre piraja
aprendeu capoeira comigo foi em setenta e seis
agora não dá valor refrão (2x)
diz que sou seu inimigo verso 5 - no morro da conceição
refrão (2x) uma festa aconteceu
verso 2 - quando você falar de mim quando eu vi foi capoeira
alguma coisa eu represento e o mestre apareceu
sou um calo em seu sapato refrão (2x)
ou eu sou o seu tormento verso 6 - depois fui chamar caboclo
refrão (2x) ja era de madrugada
pra fazer a capoeira
verso 3 - você que está criando cobra que a hora era chegada
cuidado pra não morder refrão (2x)
essa cobra é traiçoeira
to avisando a você verso 7 - lá no alto do pascoal
capoeira foi plantada
refrão (2x) e foi em oitenta e dois
viu ai meu camarada

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19 TIPOS DE CANTIGAS

De acordo com Waldeloir (1968, p. 217): “nas cantigas de Capoeira, o elemento folclórico é
algo marcante e em todas elas soa freneticamente aos ouvidos de quem as escuta.
A incidência sobre temas esparsos do nosso folclore, não permitiu agrupamento geral em
blocos, para melhor apreciação, entretanto isso foi possível com a maioria, surgindo daí o
agrupamento em Cantigas Geográficas, Cantigas Agiológicas, Cantigas de Louvação, Cantigas
de Sotaque e Desafio, Cantigas de Roda e Cantigas de Peditório dentre outras.”

19.1 Aspecto Folclórico

Assim define (WALDELOIR, 1968, p. 245 - 250) Com adaptações:

a) Cantigas Geográficas: cantigas focalizando vilas, cidades, estados e países estão não só
nas cantigas de Capoeira, como em cantos outros do folclore.

b) Cantigas Angiológicas: são todas as cantigas que se referem a santos católicos ou


personagens bíblicas, em que detalhes ou toda história de suas vidas são mencionadas direta
ou indiretamente, nessas cantigas.

c) Cantigas de Louvação: são cantigas louvando as habilidades e bravuras dos famosos


capoeiristas.

d) Cantigas de Sotaque e Desafio: o sotaque e o desafio é muito do negro, não só entre


cantadores, capoeiristas e mesmo entre o pessoal do Candomblé.

e) Cantigas de Roda: das cantigas de roda infantis do nosso folclore.

f) Cantigas de Peditório: as cantigas de peditório constituem uma característica dos violeiros


cegos, havendo muitas delas já sido recolhidas.

g) Cantigas de Devoção: as cantigas de devoção existentes na Capoeira são um gênero


comuníssimo em Portugal.

h) Cantigas de Escárnio e Mal Dizer: as cantigas de escárnio e de mal dizer, correntes nos
cantos de Capoeiras, povoam os cancioneiros medievais portugueses.

i) Cantigas de Berço: no Brasil, as cantigas de berço, regaço e acalentar são inúmeras não só
as trazidas pelos portugueses, como as modificadas pela boca africana”.

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Ainda existem cantigas de Aspecto Etnográfico e Aspecto Sócio Histórico, como bem define
(WALDELOIR, 1968, p. 256-257):

Aspecto Etnográfico: O capoeirista de hoje durante o jogo da Capoeira, através do canto, canta
toda uma epopeia do passado de seus ancestrais.

Aspecto Sócio Histórico: Dentro do aspecto histórico, o acontecimento de maior relevância na


vida funcional do capoeirista foi a guerra do Paraguai que é muito mencionada. A guerra se deu
na época em que os capoeiristas estavam em pleno auge de suas atividades, em verdadeiro
conflito com a força pública e a sociedade.

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20 A MUSICALIDADE DA CAPOEIRA

Figura 88: O Cérebro Dançante Filósofos e cientistas têm debatido


amplamente a natureza da relação
entre cognição e emoção desde a
época de Aristóteles, que sugeria a
emoção (a alma sensível) e cognição (a
alma racional) são níveis ou
componentes separados da alma, e
somente a alma racional é exclusiva
dos seres humanos.
A emoção é um comportamento
multifacetado que talvez não possa ser
capturado por uma única definição,
colocado em um único circuito neural
Fonte: https://meucerebro.com ou sistema cerebral.

Sabe-se que a música gera emoção e ativa muitas estruturas cerebrais, tem-se o sistema
límbico que é o responsável pelas emoções e por certos comportamentos sociais. Já no que se
refere no processo cognitivo e de aprendizagem, a música vai muito além do fazer música, uma
vez que ela pode vir a contribuir com regras de convivência e a sociabilidade entre os pares.
Segundo (HUUD, 1991, p. 57): “acredita-se que a música esteja presente em todas as culturas
humanas conhecidas”.
A Capoeira, manifesta-se de diferentes formas, podendo ser visto como jogo, como dança e
como luta. Ela assume características que não são isoladas, ou seja, atua em todas ao mesmo
tempo.
A Capoeira permite trabalhar com a música, o ritmo, a expressão corporal, a harmonia, as
manifestações artísticas e culturais, enfim, é um leque de possibilidades de o corpo humano
interagir.
Ainda com (HUUD, 1991, p. 31): “A música é uma das melhores maneiras de manter a atenção
de um ser humano devido à constante mistura de estímulos novos e estímulos já conhecidos”.
[...] “a música, entre outras coisas, é uma forma de som estruturado, como a linguagem e a
musicalidade é a aptidão de reagir aos estímulos musicais e criar música”.
De acordo com (ARAÚJO; PONSO, 2014, p. 75): “A musicalidade é responsável pelo ‘disfarce’
da luta em dança e por atribuir a ela o aspecto lúdico, o jogo. Treinando golpes que poderiam
ser fatais, o capoeirista fingia estar dançando, ou apenas, brincando com seus camaradas”.

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Figura 89: Os Benefícios da Música para a Saúde Figura 90: As 9 Partes do Cérebro

Fonte: http://g1.globo.com Fonte: https://cienciaetec.wordpress.com

A música na Capoeira é como uma poesia da vida real, que tece acontecimentos diários, onde
identificamos diversos elementos entrecruzados, marcando a sua presença no mundo com seus
códigos e significados, dessa maneira, podemos considerar a música da Capoeira uma poesia
sonora.
Aprofundar estudos sobre a musicalidade da Capoeira é trazer à tona certa história que era
contada e cantada pelos antigos Mestres. Esses a utilizavam como forma de expressar o mais
profundo sentimento. É algo que transcende os limites da realidade, mas que é possível de ser
entendida. A música na Capoeira é uma magnífica expressão que estimula, desperta e dá
energia para os praticantes, pois ela está sempre ligada a uma expressão emotiva.

Figura 91: O Cérebro Musical Figura 92: Um Cérebro Musical

Fonte: http://centrosuzukiindaiatuba.com Fonte: http://www.escolamusicaliadetorres.pt

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Em algumas práticas, a exemplo da musicoterapia que trabalha com algumas áreas e dá
prioridade a certos objetivos, assim como nos informa (HUUD, 1991, p. 21):
“1.Estabelecimento de contato e comunicação; 2.Treinamento sensorial e desenvolvimento;
3.Treinamento físico e motor; 4.Treinamento social e desenvolvimento; 5.Liberação de processos
sócio comunicativos; 6.Ativação e liberação de processos emocionais; 7. Desenvolvimento da
fala e da linguagem; 8.Treinamento intelectual e desenvolvimento; 9.Estímulo ao
desenvolvimento de novos interesses, só ou em companhia de outras pessoas; 10.Treinamento
musical e desenvolvimento; 11.Desenvolvimento de autoconfiança e autodisciplina;
12.Relaxamento e afastamento de problemas”.
É por meio da música que muitas pessoas se comunicam. É pela música que muitas pessoas
veem um meio de comunicação ímpar para expressar seus sentimentos. É daí que (HUUD, 1991,
p. 22), confirma nossas informações quando diz que: “para as pessoas com dificuldade de
controle e que geralmente são receptivos à música, essa se tornará o elemento através do qual
a comunicação poderá ocorrer”.
Juntando tudo ao ritmo (instrumental e canto), teremos a cadência junta à velocidade e
intensidade dos movimentos a serem desenvolvidos. É aperfeiçoada a respiração diafragmática
com o canto, já que há o controle da respiração (inconscientemente se está educando-a) junto
com a harmonia através da motivação continuada com movimentos diferentes e alternados. A
resistência muscular, a força, a capacidade aeróbica e anaeróbica, agilidade, equilíbrio, impulsão
e flexibilidade são amplamente trabalhados com a variação dos movimentos.

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21 PRINCIPAIS ASPECTOS DA CAPOEIRA PARA A FORMAÇÃO DO SER

A Capoeira na parte psicomotora desenvolve a coordenação motora explorando sua


lateralidade; a percepção do próprio corpo e seu relacionamento com outros corpos (outras
pessoas) e desenvolve o equilíbrio estático e dinâmico bem como a percepção espaço-temporal.

21.1 Aspectos Psicológicos:


A atenção e a percepção; a criatividade; o autocontrole e a astúcia; a cooperação e o sentido
de sociedade; a disciplina e o respeito; segurança em si mesma; superar a si mesmo.

21.2 Aspectos Físicos:


Resistência aeróbica e anaeróbica; velocidade e agilidade; flexibilidade e resistência
muscular; força e coordenação; equilíbrio e ritmo; maior capacidade cardiorrespiratória.

21.3 Benefícios da Capoeira:


a) A Capoeira é uma excelente atividade física e de uma riqueza sem precedentes para ajudar
na formação integral do ser humano;
b) Ela atua de maneira direta sobre os aspectos cognitivo, afetivo e psicomotor;
c) Estimula e desenvolve aptidões físicas naturais, através do movimento espontâneo;
d) Desenvolve as aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento
psicomotor;
e) Propicia o desenvolvimento das qualidades físicas, objetivando a adaptação orgânica ao
esforço físico;
f) Estimula a capacidade de expressão individual por meio de movimentos criativos;
g) Contribui para a formação e desenvolvimento de hábitos salutares;
h) Favorece a socialização;
i) Desenvolve o gosto pela música e a criatividade relacionadas ao meio instrumental e pela
própria necessidade para o desenvolvimento dessa qualidade;
j) Igualdade de participação entre crianças, jovens e adultos;
k) Aprimora diversas condutas psicomotoras, destacando-se dentre elas a coordenação motora
geral, a lateralidade e a organização espaço-temporal;
l) Fomenta o sentido de comunidade, estimulando o convívio com outras pessoas de diferentes
culturas, praticando a cooperação e o respeito mútuo, além de requerer constantemente a
disciplina;
m) Desenvolve a prática da Capoeira jogo, estimulando a criatividade de movimentos;

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n) Propiciar e estimular a confecção de seus próprios instrumentos musicais como o berimbau,
pandeiro, agogô e atabaque.
O desenvolvimento social por meio da Capoeira abrange diversos horizontes, sejam pelos
conhecimentos históricos do Brasil e a valorização da cultura afro-brasileira sejam pelos
conteúdos relativos a sua prática.
Jogar Capoeira significa respeitar a posição do outro e aceitá-lo como pessoa, quando faz sua
posição dentro do jogo, em posições que melhor lhe convém.
A Capoeira também interfere na relação afetivo-social, uma vez que o praticante estabelece
relações sociais com o grupo que está inserido, onde está treinando a Capoeira.
A pessoa, quando na prática da Capoeira, faz em uma rede de amplitude: nos movimentos,
usando de sua criatividade para criar novas possibilidades de se sair bem, ser melhor, inovando
situações e estimulando seu companheiro a fazer o mesmo e ainda se expressando juntos,
brincam juntos, jogam, comunicam, interagem, ensinam e aprendem um com o outro.
É na roda de Capoeira que é possível a relação com o companheiro, conhecendo suas
possibilidades, vantagens e seus limites. E esses são os passos fundamentais para o
crescimento do respeito mútuo e da humildade, atributos indispensáveis para o jogo da/na vida
social.

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22 A CAPOEIRA E AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS DE GARDNER

Figura 93: Quadro das Múltiplas Inteligências de Gardner

Fonte: http://hipercultura.com

Para Gardner (1994), em sua Teoria das Inteligências Múltiplas, onde representam diferentes
capacidades intelectuais. Os estilos de aprendizagem, de acordo com Howard Gardner, são as
formas pelas quais um indivíduo aborda uma série de tarefas. Para o professor de Harvard, todas
as pessoas têm todos os oito tipos de inteligência listadas, só que em diferentes níveis de
aptidão. E são justamente as experiências de aprendizagem que as torna mais forte.
A Teoria das inteligências múltiplas foi estudada pelo psicólogo Howard Gardner como um
contrapeso para ao paradigma da inteligência única. Ele propôs que a vida humana requer o
desenvolvimento de vários tipos de inteligências. Portanto, Gardner não entra em conflitos com
a definição científica de inteligência como sendo “a capacidade de resolver problemas ou fazer
coisas importantes”.
Howard Gardner e seus colegas de Harvard advertiram que a inteligência acadêmica, que é
obtida por meio de qualificação e méritos educacionais, não pode ser fator determinante para a
inteligência de alguém e sim que cada um desenvolve um tipo diferente ou todas.
Diante do exposto acima, iremos destrinchar e relacionar onde está “o capoeira e a Capoeira”
dentro das inteligências propostas por Gardner.

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22.1 Inteligência Interpessoal

A inteligência interpessoal nos permite ficar conscientes de coisas que os nossos sentidos
não conseguem captar. É uma inteligência muito valiosa para as pessoas que trabalham com
grandes grupos. Sua capacidade de detectar e compreender as circunstâncias e problemas dos
outros será maior com a inteligência interpessoal. Professores, psicólogos, terapeutas,
advogados e educadores são perfis que têm uma pontuação muito elevada neste tipo de
inteligência descrita na teoria das inteligências múltiplas.
É interessante salientar que o capoeirista tem seu grupo pessoal juntamente com seu mestre,
mas precisa sempre estar em contato com outros grupos de outras academias, e cada um desses
outros grupos tem seu modo singular de agir independentemente de pertencerem a mesma
comunidade de fala7 capoeirística.

22.2 Inteligência Intrapessoal

A inteligência intrapessoal se refere à inteligência que nos permite compreender e se controlar


internamente, as pessoas que se destacam neste tipo de inteligência são capazes de acessar
seus sentimentos e refletir sobre eles. Essa inteligência também lhes possibilita aprofundar a
visão e compreender as razões sobre o porquê de uma pessoa ser do jeito que é.
É muito comum as pessoas, após conhecerem a Capoeira, melhorarem o seu interior, uma
vez que é necessário trabalhar em grupo e para o grupo, ou seja, para conviver com o outro se
faz necessário modificar o seu eu, o seu ego e aceitar o outro como ele é.

22.3 Inteligência Corporal e Sinestésica

As habilidades motoras do corpo são necessárias para utilizar ferramentas ou para expressar
certas emoções. A capacidade de usar ferramentas é considerada uma inteligência sinestésica
corporal. Além disso, a capacidade intuitiva da inteligência corporal é utilizada para expressar
sentimentos através do corpo. São particularmente brilhantes neste tipo de inteligência:
dançarinos, atores, atletas etc.
Essa é o tipo de inteligência que o capoeirista necessita utilizar todo o tempo, seja nos treinos
ou seja na roda de capoeira, já que é por meio da intuição, jogando com os seus pares e por
meio do movimento corporal que ele se expressa e se comunica.

7Para William Labov (1972) a comunidade de fala é aquela comunidade em que as pessoas compartilham normas
a atitudes sociais perante uma língua ou variedade linguística.

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22.4 Inteligência Linguística

A capacidade de dominar a linguagem e se comunicar com os outros é importante em todas


as culturas. Desde pequeno o ser humano aprende a usar a língua nativa para ser capaz de se
comunicar de forma eficaz. A inteligência linguística não só se refere à capacidade de
comunicação oral, mas há outras formas de comunicação como a escrita, gestual etc.
O jogador de Capoeira usa sua inteligência linguística todo o tempo de sua vida dentro da
Capoeira, uma vez que precisa gesticular todo o tempo com seu corpo: seja na roda, utilizando
os instrumentos musicais e cantando as músicas e, muitas vezes fazendo tudo isso ao mesmo
tempo. O capoeirista é um malabarista!!

22.5 Inteligência Espacial

Esse é um tipo de inteligência em que se destacam os profissionais de xadrez e artes visuais


(pintores, designers, escultores etc). Pessoas que se destacam nessa inteligência geralmente
tem habilidades que lhes permitem criar imagens mentais, desenhar e identificar detalhes e além
de um sentimento pessoal de estética. Com essa inteligência desenvolvida, encontraremos
pintores, fotógrafos, designers, publicitários, arquitetos e outras profissões que exigem
criatividade.
O capoeirista usa em toda sua corporeidade, linguagem corporal sua inteligência espacial,
haja vista precisar modificar sua gestualidade ao lidar com o outro, ao corresponder ao que o
outro pede/joga. A arte de “capoeirar”, ou seja, o capoeirista cria a imagem do próximo
movimento e é nesse movimentar que ele cria e recria movimentos todo o tempo.

22.6 Inteligência Lógico-matemática

Durante décadas a inteligência lógico-matemática foi considerada um tipo de inteligência


bruta. Ela assumiu o eixo principal do conceito de inteligência, e foi usada como um ponto de
referência para detectar o quão inteligente era uma pessoa. Como o próprio nome indica, este
tipo de inteligência está ligada à capacidade de raciocínio lógico e resolução de problemas
matemáticos. O famoso teste de quociente de inteligência é baseado nesse tipo de inteligência
e, em maior proporção, na inteligência linguística. Cientistas, economistas, acadêmicos,
engenheiros e matemáticos muitas vezes se destacam neste tipo de inteligência.
Raciocinar e ter habilidades matemáticas é o princípio básico do bom capoeirista, haja vista
que, para não ser atingido é preciso ser mais rápido ou menos rápido, já que nessa matemática,

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se não diminui o ritmo ou o movimento, o jogador pode sucumbir na roda, em outras palavras:
de dois jogando, só permanecerá um, caso, não se efetue a soma ou a subtração perfeita.

22.7 Inteligência Musical

A música é uma arte universal. Todas as culturas têm alguma forma de música, mais ou menos
elaborada, o que levou Gardner a entender que há inteligência musical latente em todos.
Algumas áreas do cérebro executam funções relacionadas ao desempenho e à composição da
música. Como qualquer outro tipo de inteligência, você pode treinar e melhorar. Os mais
favorecidos neste tipo de inteligência são aqueles capazes de tocar instrumentos, ler e compor
peças musicais com facilidade.
Ao adentrar no mundo da arte da Capoeira o indivíduo trabalha sua inteligência musical ao
tocar os instrumentos musicais e cantar as músicas próprias da Capoeira.

22.8 Inteligência Naturalista

A inteligência naturalista detecta, diferencia e categoriza as questões relacionadas com a


natureza, como espécies animais e vegetais ou fenômenos relacionados ao clima, geográfico ou
fenômenos naturais. Este tipo de inteligência foi adicionado mais tarde ao estudo original das
inteligências múltiplas de Gardner, em 1995. Gardner achou necessário incluir essa categoria
porque é uma das inteligências essenciais para a sobrevivência do ser humano e de outras
espécies.
No processo de ensino, deve-se procurar identificar as inteligências mais marcantes em cada
aprendiz e tentar explorá-las para atingir o objetivo final, que é o aprendizado de determinado
conteúdo.
Na Capoeira podemos verificar que são utilizadas, pelo menos, sete inteligências das oito
propostas por Gardner: (musical, espacial, corporal-sinestésica, intrapessoal, interpessoal,
lógico-matemática e verbo-linguística), como pode ser verificado no esquema acima.

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23 A CAPOEIRA E A EDUCAÇÃO EM PERNAMBUCO

A Capoeira se insere nas escolas desde a década de 1980. Em 2003 por meio da Lei nº 10.639
ela passa a ser conteúdo obrigatório do currículo escolar, e mais recentemente em novembro de
2014 a Roda de Capoeira foi considerada pela Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e a Cultura (UNESCO), Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Segundo (FILHO; SANTOS, 2018, p. 2): “Portanto, com a lei 10.639/03, de 09 de janeiro de
2003, que integraliza o ensino e assuntos dos estudos da História da África e dos africanos nos
currículos escolares e nos conteúdos programáticos, permite que a Capoeira se destaque como
conteúdo difuso e inerente para o acervo cultural do aluno [...]”.
Pode-se inferir que: “Capoeira: Incentivo à prática da Capoeira como motivação para
desenvolvimento cultural, social, intelectual, afetivo e emocional de crianças e adolescentes,
enfatizando os seus aspectos culturais, físicos, éticos, estéticos e sociais, a origem e evolução
da Capoeira, seu histórico, fundamentos, rituais, músicas, cânticos, instrumentos, jogo e roda e
seus mestres (BRASIL, 2014, p. 11 e 25)”.
A Capoeira é uma excelente atividade física e de uma riqueza sem precedentes para ajudar
na formação integral do aluno. Ela atua de maneira direta sobre os aspectos cognitivo, afetivo e
psicomotor. Além de desenvolver aptidões naturais, através do movimento espontâneo e
estimula a capacidade de expressão individual por meio de movimentos criativos. Favorece a
socialização e desenvolve o gosto pela música e a criatividade relacionadas ao meio instrumental
e pela própria necessidade para o desenvolvimento dessa qualidade.
De acordo com (FILHO; SANTOS, 2018, p.4): “Ao contrário do que muitos imaginam e/ou
pensam, o ensino da Capoeira no ambiente escolar pode, sim, contribuir e muito para que os
laços de amizade se estreitem entre os alunos. Além de promover um ambiente agradável,
menos sério ou agressivo, dentre outras orientações já expostas. Ela começa a se desenvolver
no indivíduo através do contato físico, no controle emocional, na pacificidade, na convivência e,
principalmente no respeito mútuo”.
Pelo viés da didática, podemos considerar a Capoeira como uma atividade física completa,
pois atua de maneira direta e indireta sobre os aspectos cognitivos, afetivo e motor. Sendo
observada como lúdica e instrucional. Também articula atividades de desenvolvimento visomotor
com desenvolvimento artístico e social levando a criança a estabelecer relações a partir dela
mesma, e é o que transforma a Capoeira em instrumento corporal multidirecional, já que permite
desenvolver na criança noções de disciplina e equilíbrio, quando conduzida adequadamente.

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24 PRIMEIROS VESTÍGIOS DA CAPOEIRA POR MEIO DA ICONOGRAFIA

Figura 94: Os negros lutando na aquarela de Augustus Earle

O autor procurou representar em


suas obras alguns aspectos do
Brasil da época. Não deixando
de pintar sobre a vida do negro,
mais especificamente sobre a
escravidão. Deixou em suas
aquarelas as paisagens e os
costumes do povo brasileiro.

Fonte: http://sociologado.wordpress.com.br

Segundo Ferreira (2013, p. 2): “A gravura de Earle - (Figura 94) - representa bem esse
momento. Vemos um soldado chegando ao local onde os negros capoeiras estão lutando,
enfatizando essas perseguições que sua prática acarretava”. E ainda: “Não há a presença de
qualquer instrumento musical e notamos três gestos bem peculiares na cena: (1) o homem
sentado parece fazer um gesto com a mão para a mulher com bebê, talvez indicando para que
não se aproxime deles – algo como “espera aí, a polícia chegou”, ou então “deixa eu ver o que
vai acontecer, não entra no meio deles”; (2) uma pessoa olha absorta a ação de uma janela, e
(3) o capoeira que está à direita segura o que parece ser um chapéu, usado para ofuscar/ludibriar
o golpe aplicado no adversário (FERREIRA, 2013, p. 2)”.

Figura 95: óleo sobre tela de Johann Moritz Rugendas Deixou sua marca em outros quadros o
intitulada Jogar capoëra - Danse de la guerre, (1835)
pintor Rugendas e em uma gravura de
1835 mostra como a Capoeira é
multicultural e que está não somente no
rural, mas no espaço urbano da Colônia,
também. Pelas palavras de Ferreira
(2013, p.5): “Ela representa a
capoeiragem que não acontece dentro da
mata, em caráter furtivo, mas perto a uma
residência, um casarão com uma igreja ao
Fonte: http://sociologado.wordpress.com.br fundo, no monte”.

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Outros aspectos interessantes dentro dessa mesma imagem - (Figura 95) - podem ser
percebidos: “Há no centro dessa imagem uma mulher sentada que cozinha e serve a cuia de
angu ao homem em pé atrás dela, que por sua vez faz um gesto de cumprimento ou
agradecimento com seu chapéu. “[...] Esta ação também pode indicar que a reunião fora
propiciada pela alimentação ou ocorrera num dos breves momentos de ócio, o que seria um
motivo pertinente para o encontro e realização do folguedo, o jogo coletivo. Há um personagem
que está com um tambor, enquanto outros gesticulam efusivamente ou batem palmas. Há
aqueles que simplesmente observam a brincadeira e talvez estivessem apenas passando, mas
resolveram ficar mais um pouco (FERREIRA, 2013, p. 5)”.
A pintura é carregada de mensagens que nos remetem à Capoeira e tão somente a ela. “A
expressão da dupla ao centro parece indicar uma tensão no jogo, prestes a se tornar uma briga,
misturada talvez a cantos, assobios e músicas que os instigam ainda mais, diluindo a expressão
da luta em forma de algazarra coletiva, polissêmica e rítmica (FERREIRA, 2013, p. 5)”.

Figura 96: Negros Volteadores (Debret – 1824) Outro artista muito importante fora Debret
que procurou demonstrar que alguns
instrumentos eram usados pelo negro em
terras brasílicas, em especial o berimbau.
O mesmo era utilizado por muitos
vendedores ambulantes, talvez, para
chamar atenção da clientela e comprar
seus produtos. No entanto, Debret não
pintou o berimbau sendo utilizado por
capoeiristas.
Fonte: http://neggrosdesinha.com.br

Figura 97: Imagem do quadro de Debret – 1824 Figura 98: Joueur d'Uruncungo (Debret – 1826)

Fonte: http://neggrosdesinha.com.br Fonte: http://neggrosdesinha.com.br

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Outras imagens de Debret merecem ser demonstradas pois foram produzidas para
demonstrar a forte ligação entre os negros e os instrumentos que hoje fazem parte das rodas de
Capoeira. Mesmo que na época em que as imagens foram pintadas, o instrumento era
denominado de uruncungo. E sem muita ligação com o mundo capoeirístico.
Como nos afirma Ferreira (2013, p. 8): “Na primeira imagem - (Figura 97) - temos a presença
de um tocador de marimba, outro instrumento de origem africana, que parece prestar atenção às
nuances e narrativas do velho tocador de uruncungo, enquanto na segunda imagem – (Figura
98) - vemos a popularidade que este indivíduo possui, gerando uma reunião informal entre os
ambulantes, que poderia servir inclusive para transmitir e disseminar informações estratégicas
entre os outros escravos que trabalhavam nas ruas das cidades”.

Figura 99: Gravura de Johann Moritz Rugendas / San-Salvador.


A gravura intitulada San-Salvador,
produzida por Rugendas na Bahia
em 1834, ressalta a ligação da
prática de corpo com o local
descampado que também é
designado com o termo
capoeira,5 apesar que ao fundo
da imagem ainda podemos ver a
Fonte: http://brasilianaiconografia.art.br cidade.

Há dois homens jogando, mas outros dois sujeitos também estão em animadas posições de
atividade corporal, como se treinassem ou imitassem os movimentos ao mesmo tempo em que
acompanham o jogo no centro da roda, aprendendo de forma coletiva suas técnicas e dançando.

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25 A CAPOEIRA É ARTE!! A CAPOEIRA ESTÁ EM TODA PARTE!!

25.1 A Capoeira na Literatura Brasileira


A Capoeira é tema para muitas manifestações culturais, uma delas é a literatura brasileira. De
acordo com (WALDELOIR,1968, p.353): “de todas as manifestações culturais, a literatura foi a
que mais absorveu a Capoeira. Usaram-na como tema escritores que viveram no século
passado, no momento em que a Capoeira marchava para o auge de uma determinada realidade
sócio etnográfica da Capoeira, bem diversa de outrora.

A lista abaixo das obras não é exaustiva:


1. Em Memórias de um Sargento de Milícias de 1831 de Manuel Antônio de Almeida, o
personagem principal do livro, foi na vida real um habilidoso capoeirista.
2. O Cortiço de 1890 onde aparecem cenas de Capoeira e capoeiristas de Aluísio Tancredo
Belo Gonçalves de Azevedo.

25.2 A Capoeira na Literatura Infantil Brasileira


Figura 100: Imagens de Capas de Livros Infantis da Literatura Brasileira

ALMEIDA, Joaquim de et al. José LOTITO, Iza. O Herói de Damião em a AROLDO, Macedo; OSWALDO, Faustino.
Moçambique e a capoeira. São Paulo: Cia descoberta da Capoeira. São Paulo: Luana – Capoeira e Liberdade. FTD, 2007.
das Letrinhas, 2007. Em José Moçambique Girafinha, 2006. Neste livro, o menino Cafindé, o lindo lugar onde Luana mora, é
e a Capoeira, Joaquim de Almeida parte de Damião, que não se reconhece em nenhum um remanescente de quilombo. Luana
um pequeno conto para falar das origens, da dos heróis que vê nos filmes e na televisão, decide ajudar seu amigo e parte em busca do
evolução e dos fundamentos da Capoeira. encontra uma roda de Capoeira e aprende instrumento perdido. Para isso, ela toca seu
nove golpes e defesas básicos da Capoeira. berimbau mágico e viaja no tempo para a
Cafindé de décadas atrás.

25.3 A Capoeira na Literatura de Cordel


A Literatura de Cordel ajuda a perpetuar a memória viva de um povo. Ela é uma espécie de
poesia popular, que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de
xilogravura. São utilizados, também, desenhos e clichês zincografados.
A literatura de cordel ganhou esse nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo
amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo
nas ruas.

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Figura 101: Imagens de Capas de Livretos de Literatura de Cordel

A literatura de cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos,
foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de
literatura, principalmente na Região Nordeste do Brasil.
De baixo custo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores.
Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, políticos, secas, disputas, brigas
conjugais, brigas no geral, milagres, vida dos cangaceiros, atos de heroísmo, morte de
personalidades etc.
Em muitas das situações, estes poemas são acompanhados de violas e recitados em praças
com a presença do público.

25.4 A Capoeira no Cinema


O Pagador de Promessas, Barravento dentre outros.

25.6 A Capoeira na MPB

Berimbau
(João Melo e Clodoaldo Brito Santo Antônio pequenino Bate o pandeiro caboclo
/Codó) É meu santo protetor No jogo do berimbau
Zum, zum, zum Cabra você não é sombra Biriba é pau é pau
Capoeira mata um Na Capoeira sou doutor De fazer berimbau é pau
Zum, zum, zum Biriba é pau é pau
Zum, zum, zum
Capoeira mata um De fazer berimbau é pau
Capoeira mata um
Zum, zum, zum Zum, zum, zum
Capoeira mata um Capoeira mata um

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mesmo com esta pandemia Coronavírus (COVID -19), que assola o Mundo de Meu Deus,
venho apreciando desde 17/01/2020, este grande trabalho incansável de equipe, durante todo o
transcurso Metodológico do Manual da Capoeira de Pernambuco, imortal, imortal!!.
Tudo por via WhatsApp, por força da quarentena e comparando estas informações contidas
igual a uma colcha de retalhos, onde cada pedaço bem costurado tem os seus valores para os
futuros Capoeiristas. Sabendo, também, que as informações contida em vista são a primeira fase
desta jornada da Unificação da Capoeira de Pernambuco.
Também ficou evidente no decorrer das diversas fases do trabalho que houve várias
discórdias, que fazem parte do mundo capoeirísticos, e que as lideranças deram continuidade
plausível.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1 Obras sobre Capoeira
ADORNO, Camile. Arte da Capoeira. Goiania / GO. 1995.
BARÃO, Adriana de Carvalho. A performance ritual da "Roda de Capoeira". Dissertação de
Mestrado do Instituto de Artes da UNICAMP. Campinas: SP, 1999.
BRASIL. Roda de Capoeira recebe título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Brasília: Ministério da Cultura, 26 nov, 2014. Disponível em <http://www.cultura.gov.br/noticias-
destaques. Acesso em 15 março 2019.
BRASIL. Ministério da Cultura. Disponível em:
http://www.cultura.gov.br/noticias/noticias_do_minc/index.php?p=12383&more=1&c=1&pb=1 >.
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BURGUÊS, Mestre. Cantigas de capoeira. Curitiba. Edição do autor, 1987.
BURGUÊS, Mestre. O estudo da capoeira. Curitiba. Edição do autor, 1987.
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Janeiro, 1928.
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CAMPOS, Helio. Capoeira na universidade: uma trajetória de resistência. Salvador: Edufba,
2001.
CAMPOS, Helio. A Política de expansão da Capoeira Regional. In: MATTA, Alfredo Eurico
Rodrigues (Org. [et al). Educação, cultura e direito: coletânea em homenagem a Edivaldo M.
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CAMPOS, Helio. Capoeira, o método de ginástica brasileiro. Negaça. Salvador, 1992. Ano I.
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2 Obras sobre Educação, História, Literatura, Sociologia e Psicologia


ALENCAR, José de. Iracema; lenda do Ceará. 3. ed. Rio de Janeiro. B.Z.L. Carmier, 1978.
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo: Palas Athenas, 1998.
CASCUDO, Luiz da Câmara. Folclore do Brasil; pesquisas e notas. Brasil/Portugal, Fundo da
Cultura, 1967.
GARDNER, Howard. Estrutura da Mente: A Teoria das Inteligências Múltiplas. Porto Alegre:
Artes Médicas Sul, 1994.
GERHARD, Tatiana; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da
UFRGS, 2009. 120p.
FONSECA, V. Importância das emoções na aprendizagem: uma abordagem
neuropsicopedagógica. Rev. Psicopedagogia 2016; 33(102): 365-84.

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________. Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma
abordagem neuropsicopedagógica. Rev. Psicopedagogia. 2014;31(96):236-53.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à pratica educativa. São
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JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Petrópolis: Vozes, 2000.
JUNG, Carl Gustav et al. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977.
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http:/biossintese.psc.Br/Dccongress2000. Acesso em: 20 nov. 2004.
MCNEILL, D. Hand and Mind: What Gestures Reveal About Throught. Chicago, IL: University
of Chicago press. ISBN: 0-226-56134-8, 1992, 409 p.
SAVIANI, Demerval. Escola e democracia. Campinas: Autores Associados, 2001.

3 Obras sobre música


BIANCARDI. Emilia. Raízes Musicais da Bahia. Osmar G. Salvador 2000, p 108.
JOURDAIN, Robert. Música, cérebro e êxtase: como a música captura nossa imaginação.
Rio de Janeiro: Objetiva, 1998. 441p.
PORTO, Rebeca Fogaça. A música na formação do musicoterapeuta. TCC. Faculdade
Metropolitana Unidos (FMU), 2007. 115 p.
ROBSON, Ernest. O conceito de música fonética. Poesia sonora: poéticas experimentais
da voz no século XX. Fhiladelmo Menezes (org.) EDUC. São Paulo. 1992, p. 85.
HUUD, Even (org.). Música e Saúde. [Tradução de Vera Bloch Wrobel, Glória Paschoal de
Camarga, Miriam Goldfeder]. São Paulo: Summus, 1991.176 p.

4 Obras linguísticas
ANJOS, Eliane Dantas dos. Glossário terminológico de movimentos e golpes da Capoeira:
um estudo término-linguístico. 2003. 222f. Dissertação (Mestrado em Filologia e Língua
Portuguesa) Universidade de São Paulo, 2003.
MARCOS, Bagno. Preconceito Linguístico: O que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola.
49ª edição. 2007.
MOLLICA, Maria Cecília; BRAGA, Maria Luiza (orgs.). Introdução à sociolinguística: o
tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2004.
PRETI, Dino. Variações na fala e na escrita. São Paulo: Humanitas, 2011.
SAUSSURE, F. (1916) Curso de linguística geral. SP: Cultrix, 1977.

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SOARES, Estudos lexicográficos do dialeto brasileiro. Revista Brasileira, Rio de Janeiro, N.
Midosi Editor, 1880. Tomo III, Ano I. p. 228.
TARALLO, F. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 2005.

5 Dicionários
BEAUREPAIRE-ROHAN, Visconde de. Diccionário de vocábulos brazileiros. Rio de Janeiro:
Imprensa Nacional, 1889.
BLUTEAU, Raphael. Vocabulário portuguez e latino. Coimbra: Colégio das Artes, 1712- 1713.
v. 1-4; Lisboa: Pascoal da Sylva, 1716-1721. v. 5-8.
CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 11. ed. São Paulo: Global, 2001.
COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Vocabulário Pernambucano. 2ª Edição. Vol.2. Coleção
Pernambucana. 1976. 814 páginas.
FERREIRA, Aurélio B. de H. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3.
ed. totalmente revisada e ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
HOLANDA, Aurélio Buarque de. Novo dicionário da língua portuguesa. 2 ed. rev. ampl. Rio
de Janeiro, Nova Fronteira, 1986.
LOPES, Nei. Dicionário Banto do Brasil. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal da Cultura,
Prefeitura do Rio de Janeiro, 1995.
MICHAELIS: Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia
Melhoramentos, 1998.
MORAIS SILVA, Antonio de. Diccionario da língua portugueza recopilado dos vocábulos
impressos até agora, e nesta edição novamente emendado e muito acrescentado. 2. ed. Lisboa:
Typographia Lacerdina, 1813. 2 v.
_______. Diccionario da língua portugueza. 8. ed. revisada e melhorada. Rio de Janeiro:
Fluminense, 1890. 2 v.
_______. Grande dicionário da língua portuguesa. 10. ed. revista, corrigida, muito aumentada
e actualizada segundo as regras do Acordo ortográfico luso-brasileiro de 10 de agosto de 1945.
Lisboa: Confluência, 1949-1959. 12 v.
SILVA, Antonio Moraes. Dicionário da língua portuguesa. 2. Ed. Lisboa, Tipografia Lacerdina,
2 vols., 1813, Tomo I, p. 343.
VIEIRA, Domingos. Grande diccionario portuguez ou Thesouro da língua portugueza. Porto:
Ernesto Chardron e Bartholomeu H. de Moraes, 1871-1874. 5 v.

6 Obras sobre Educação Física


DANTAS, Estélio H. M. A prática da preparação física. Rio de Janeiro, Sprint, 1985.

117
MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
DANTAS, Estélio H. M. Flexibilidade, Alongamento e Flexionamento. Rio de janeiro, Shape,
1989.

7 Sites Consultados
CAPOEIRA DA BAHIA. Coordenação de Ângelo Augusto Decânio Filho. Apresenta artigos e
livros sobre capoeira. http://planeta.terra.com.br/esporte/capoeiradabahia/. Acesso em 15 de
mar. 2017.

8 Legislação Consultada
BRASIL. O Código Lei Nº 487 de 11 de outubro de 1890.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Parecer CNE/CP n.3/2004.
Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: Ministério da Educação, 2004.
Disponível em: <www.mec.gov.br/cne>.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 2010.
BRASIL. Lei n. 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Disponível em:
<http://planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm>, Acesso em 05/03/2019.
BRASIL. Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008. Disponível em:
<http://planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei111645.htm>, Acesso em 10/03/2019.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, 1998.
BRASIL. Código penal; decreto-lei n. 2848 de 7-12-40 2.ed. São Paulo: Saraiva, 1942.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Brasília, 1996.
BRASIL. Conselho Federal de Educação. Resolução n.º 03 de 16 de junho de 1987. Diário
Oficial da União, 10 de setembro de 1987. p. 14682
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado, 1988.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's). v. 1. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. Código Lei Nº 487 de 11 de outubro de 1890:
BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L9394.HTM . Acesso em 2006.
PERNAMBUCO. Governo do Estado. Secretaria de Educação. Parâmetros para a educação
básica do estado de Pernambuco – Parâmetros Curriculares de Educação Física – Ensino
Fundamental e Médio. Recife: UDIME/PE, 2013, 69 p.

118
MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
ANEXOS

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
ANEXO A: FOTO DA PRÉ - CONFERÊNCIA DA UNIFICAÇÃO PERNAMBUCANA

Foto tirada na Pré-Conferência do Sistema Unificado da Graduação de Pernambuco em 15 de


março de 2020 no Marco Zero do Recife Antigo / Recife – Pernambuco - Brasil.

Parte de trás (em pé)


1 - Mestre Kleyton
2 - Fabíola Pottes Gusmão
3 - Mestre Falcão
4 - Mestre Marco Cangaia
5 - Mestre Marcos Coca-Cola
6 - Mestre Catendê
7 - Mestre Dody de Beberibe
8 - Grão Mestre Biriba de Paulista Representante ou
líder de grupo
9 - Mestre Escorpião
presente no evento
10 - Mestre Tatu
11 - Mestre Baleia
Ver foto: da direita
12 - Monitor Panda
para a esquerda.
13 - Formado Max
14 - Aluna Batizada Paciência
15 - Mestre Espinhela

Parte da frente (de cócoras)


1 - Contramestre Gavião
2 - Monitor Sabiá
3 - Mestre Carcará
4 - Contramestre Pantera Negra
5 - Professor Messias
6 - Professor Junior

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
ANEXO B: BIOGRAFIAS DE ALGUNS LÍDERES DE GRUPOS QUE ADERIRAM À
IDEOLOGIA DO SISTEMA DE UNIFICAÇÃO DA GRADUAÇÃO PERNAMBUCANA

1 ADRIANO GOMES DA SILVA - (MESTRE FALCÃO)


HISTÓRICO DA CAPOEIRA
Comecei Capoeira com Instrutor João, hoje Mestre.
Treinei algumas vezes com Mestre Sapo, depois fui para São Paulo, onde
fundei o Grupo de Capoeira Abolição Falcão – GCAF.
Voltei para Pernambuco e entrei na UNICALEN, onde por várias gestões fiz parte da Diretoria.
Fui um dos primeiros coordenadores do Projeto Escola Aberta.
Participei do PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil.
Fui Vice-presidente da UNICALEN por duas vezes.
Hoje, filiado à UNICALEN, tenho vários trabalhos em várias cidades, tais como:
Igarassu – Grupo de Capoeira Orgulho Negro (Mestre Sombra) e Grupo de Capoeira Axé Nação
(Mestre Pantera);
Vitória de Santo Antão – LICAGINU (CM 25);
Cabo de Santo Agostinho – Grupo de Capoeira Abolição Falcão (CM Pipoca);
Olinda – Grupo de Capoeira Abolição Falcão (CM Grafyt);
Paulista – Grupo de Capoeira ADORARTE (Formado Caveira);
Araçoiaba – Grupo de Capoeira Filhos da Arte (Mestrando Trator);
Aliança – Grupo de Capoeira Filhos da Arte (Formado Dido Malandro);
Vicência – Professora Felina Guerreira, onde em 2017 instituímos o Dia 18 de julho como o dia
da Capoeira em Porto de Galinhas e em 2018 instituímos o dia 23 de abril como o dia da
Capoeira em Vicência.
Há dois anos fundei a ASCAF – Associação de Capoeira Abolição Falcão, onde sou Gestor e
tenho em meu currículo várias formaturas de Mestres em Pombos, Moreno, Igarassu, Abreu e
Lima e Escada.

2 ARQUIMEDES NOGUEIRA DOS SANTOS


(MESTRE NENEM DE OLINDA)
Nasceu em 06 de novembro de 1972.
Começou a Capoeira com 10 anos de idade com Pássaro Preto, com
Boca Roxa e Bico Roxo.
Depois, nos anos 90 entrou no Grupo do Mestre Birilo do Meia Lua Inteira e em 2006 saiu do
grupo e começou sua própria caminhada.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Em 2010 fundou o Grupo de Capoeira Malta, onde teve a oportunidade de viajar para alguns
países da Europa, tais como: Dinamarca, Portugal, Alemanha, Suíça e Holanda.
Em 2019 foi escolhido para representar o estado de Pernambuco, onde recebeu o Prêmio
Berimbau de Ouro, em Salvador – Bahia.
Hoje o Grupo de Capoeira Malta está em dois países:
Na Itália com o Professor Cromado.
No Brasil com o Mestre Neném de Olinda; Contramestre Russo em São João; Contramestre
Cascavel, Professor Cobra e Professor Vovô em Garanhuns; Professor Cal em Timbaúba e
Professor Panda em Olinda e outros que trabalham pela Capoeira.

3 BATUQUE DA FOLHA SECA


Grupo fundado pelo Mestre Pirajá em 1997 em Maranguape – Paulista,
Pernambuco.
Teve sua fundação na sede própria no Educandário Ebénezer.
Todo esse tempo, o grupo vem realizando trabalhos de valorização
da Capoeira pernambucana, através do ensino da história de Pernambuco com apresentações
em teatros, faculdades e Universidades do Estado.
Participando de alguns campeonatos pelo Brasil e, ganhamos o Norte/nordeste, realizado no
Estado da Bahia, além do campeonato, com a liderança do Mestre Cancão de Fogo, no prêmios
no Rio de Janeiro.
Hoje, o grupo tem seu trabalho focado na educação através de projetos sociais em escolas,
academias e universidades.
Nossos trabalhos foram observados em artigos científicos que foram utilizados para ampliar o
conhecimento científico e popular por usarmos métodos pedagógicos inovadores em
Metodologias Ativas.
Desenvolvemos cursos de primeiros socorros, Língua Portuguesa, História e defesa pessoal em
geral (Combate com facas e outros recursos usados na arte) relacionados com a Capoeira
pernambucana.
Como reconhecimento de nosso trabalho, recebemos a homenagens comendas na câmara
municipal do Recife, assim como, citados no livro “Grandes Mestres das Artes Marciais do
Brasil”, edição 10 anos. Forma de reconhecer nossa arte marcial da cultura popular brasileira.
Em busca de nossa identidade, participamos à convite da (FUNAI) Fundação Nacional do Índio,
de apresentações multiculturais com os Povos, Tribos e Nações Indígenas no nosso Estado.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Como inovação e liberdade que a Capoeira pernambucana nos dá, utilizamos a flauta de pífano
que também faz parte da nossa cultura pernambucana, além de ser desenvolvida como arma
para defesa pessoal.
Nosso grupo hoje é composto pelos Mestres: Kleyton Araújo, Rodrigo Cárcara, Orlando
Escorpião e Genduy Cacique, sendo os líderes e responsáveis de todas as diretrizes, além de
mim, Prof. Orlando Louva-deus e alunos.
Prof. Orlando Louva-deus.

4 CELSO - (GRÃ MESTRE BIRIBA)


Celso, apelidado Biriba e intitulado pela UNICALEN Grã Mestre.
Tenho trabalho feito no estado de Pernambuco desde o ano de 1995,
prestando ensino em associações e praças públicas a crianças em
estado de vulnerabilidade social, onde fui reconhecido pela entidade

filantrópica UNICALEN – União dos Capoeiristas Leão do Norte, pelo ícone e pioneiro da
Capoeira pernambucana, Conde Mestre Pirajá e por seu discípulo Mestre Espinhela.
Fui reconhecido na Câmara dos Vereadores do Paulista pelos trabalhos que venho prestando a
essa cidade e também na cidade do Recife em suas áreas e adjacências.
Tenho mais de 40 anos de vivência do mundo da Capoeira.
Resido no Janga – Paulista / PE.

5 CLEITON JUNIOR DIAS - (MESTRE MACULELÊ)


Aos 8 anos iniciei capoeira no bairro de Guabiraba com o Mestre Moacir
do Grupo Boca-Uiva.
Treinei com Mestre Berimbau em dois Unidos, Mestre Cuscuz no
Colégio Estadual de Beberibe, Mestres Fernando, Samuel Carcará;

Graduados, Sergio Ratinho, Mandala, Luiz, Mulando, Tiziu e outros. Passei a residir no Vasco
da Gama, passando a treinar e transmitir meus conhecimentos no Estúdio de Capoeira Leão do
Norte - (ESCALENO) - com Mestre Espinhela, que orientou-me o que é ser a Faculdades da
Capoeira, até minha formatura. Fui formado pela bancada de sete mestres da UNICALEN,
“Universidade da Capoeira Angolo-Regional” na presença do atual pioneiro Mestre vivo de
Pernambuco “Mestre da Velha Guarda, Pirajá”. Em 25/09/2016, fundei meu grupo (Sou
Capoeira), estou dando aulas no conjunto Beira Mar em Maranguape, no Teatro de Bonecos
Lobatinho, junto ao Contramestre Klaus, Cavernoso, Professor Branco, Formado Neny e vários
alunos.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
6 NIVALDO CORREIA DE LIMA - (MESTRE GRAÚNA)
História e Trajetória na Capoeira
Nascido no dia 29 de outubro do ano de 1978.
Meu pai trabalhava em uma fazenda de um padre, nós éramos em
cinco filhos e eu era o mais preguiçoso!
O padre gostava que todos se ocupasse em alguma atividade, por eu ser magrinho ele me levou
para aguar o jardim do Seminário já que não aguentava trabalhar forçado. Nessa época, no
seminário, morava um frade que gostava da prática da Capoeira, natural da Bahia, foi com ele
que iniciei meus primeiros passos na Capoeira.
Tempos depois eu descobri uma turma que organizava uma roda de Capoeira depois que
terminava os rituais de um terreiro de Candomblé, assim fui participar e fazer parte do grupo
que por sinal era muito desorganizado por ser de uma cidade do interior aonde as pessoas
pouco sabiam o que era Capoeira, todos se juntavam para lutar Capoeira, o ano era 1987.
No início dos anos 90 eu fui embora morar em São Paulo e lá comecei fazer Capoeira de Rua,
na companhia de dois amigos, tempos depois conheci o mestre Coló o qual iniciei
verdadeiramente no mundo da Capoeira.
No ano de 1997 fui formado a instrutor e montei meu primeiro trabalho em Cumbica - Guarulhos,
na Favela São Judas.
No ano de 2000 voltei para minha terra natal, mas pouco tempo fiquei na cidade e logo em
seguida fui morar em Maceió. Nessa época perdi o contato com meu mestre Coló, pois os meios
de comunicações eram difíceis naquele tempo, daí comecei treinar com o pessoal do Capoeira
Raça o qual passei quase quatro anos treinando.
No ano de 2004, novamente retorno para Cidade onde nasci, Bom Conselho – PE, logo comecei
dar aula nos projetos sociais.
No ano de 2007, reencontro uns amigos do grupo pelourinho da Bahia através das redes sociais,
os mesmos moram em Vitória da Conquista – BA, então descobri que meu mestre não estava
mais entre nós, esse era o motivo o qual havia perdido seu contato, mesmo assim retornei ao
grupo.
No ano de 2010 peguei minha corda Amarelo e Branco e fui reconhecido a professor pelo Mestre
Amazonas, atual Presidente do Grupo Pelourinho da Bahia.
No ano de 2011 por motivos superiores entreguei uma carta ao Mestre Amazonas aonde se
tratava do meu desligamento do grupo, assim surgiu a ideia de criarmos uma associação para
que não ficássemos de grupo em grupo ou trocando de mestre. Nesse ano eu e meus formados
tínhamos cerca de 100 alunos.

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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Um ano depois, 2012, realizamos um grande encontro de Capoeira com a presença de vários
mestres e capoeiristas vindo de cidades e Estados vizinhos, na oportunidade, entregamos mais
de 70 graduações ao nossos alunos.
Em 2013 surgiu a ideia de realizar o primeiro encontro de capoeira dentro dos matos, o qual
Batizamos por Capoeira na Capoeira, o sucesso foi tão positivo que estamos indo para o nono
encontro em 2021.
No ano de 2014 realizamos o 2º Encontro de Capoeira na Capoeira com uma noite de festa
dentro dos matos à luz de tochas e fogueiras. No último dia de festa realizamos todos os anos,
a cerimônia do batismo de Capoeira, a troca de cordão e formatura. Nesse encontro fui
reconhecido à Contramestre pelos mestres convidados da festa.
No ano de 2017, na realização do 5º Capoeira na Capoeira, recebi o título de Mestre das mãos
do meu Mestre Cuscuz com reconhecimento da União dos Capoeiras Leão do Norte
(UNICALEN), presidida pelo Mestre Minervino Espinhela, e assinado assim, pelo Conselho de
Mestres daquela entidade.
No ano de 2020 tivemos a graça e paz de realizar o 8º Capoeira na Capoeira na cidade de Bom
Conselho.
Capoeira Quilom Brasil continua na ativa com seus frutos, que são eles:
Mestre Nivaldo Cordelista (Gráuna) Bom Conselho – PE
Professor Jackson Ferro(Tucano) Estrela de Alagoas – AL
Professor Jairo (Minoutauro) Frei Damião – AL
Professor Tanio Duarte (Palito) Estrela de Alagoas – AL
Professor Gustavo Henrique (Guga) Bom Conselho – PE
Professor Junior (Mola) Rio de Janeiro – RJ
Monitor Antônio Francelino (Gato) Sítio Bom Conselho – PE
Formado: Joselton (Xindô) Estrela de Alagoas – AL
Formado: João Paulo Felix (Espiga) Bom Conselho – PE
Graduado: Hercules (Shueck) Major Isidoro – AL
Estagiário: Rickelme (Madibú) Bom Conselho – PE
Bom Conselho – PE, 24/03/2020.

7 MESTRE BERIMBAU
Eu, Mestre Berimbau, praticante de Capoeira desde 1979.
Comecei minha trajetória na Capoeira com o Professor Moco, em Abreu e
Lima no bairro de Timbó.
Passado algum tempo, fui treinar na associação dos moradores de Abreu

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e Lima com o Professor Geraldo e passado algum tempo o professor Geraldo precisou se afastar
da Capoeira por motivo de estudos e me designou para substituí-lo.
Em seguida passei a treinar com o Contramestre China em Paratibe e depois, no começo da
década de 90, fui aluno de Moacir Catendê no bairro da Guabiraba, onde fui de Professor à
Contramestre e, onde também 6 anos mais tarde fui graduado Mestre.
O Grupo Instrumental de Capoeira foi criado quando eu ainda era Contramestre em 1995 e
estamos até os dias de hoje na nossa luta.
Assim que Catendê me formou como Mestre houve uma repressão muito grande em cima dele
por outros mestres e Catendê por pressão quis impugnar a minha graduação. Por sorte, o juiz
que analisou o caso e que me deu causa ganha, também, era capoeirista e ficou do meu lado.
Após o ocorrido, mestre Pirajá, que desde o início foi ao meu favor, me acolheu e passou a ser
o meu tutor e também responsável por mim juntamente ao Mestre Espinhela, desde então fui
aceito pelos mestres e integrado ao SOCAP.

8 ROGÉRIO BATISTA DA SILVA - (MESTRE DODY DE BEBERIBE)


Sou natural de Recife. Comecei na Capoeira em 1988 com o professor
Jal e o Instrutor Romu. Com o falecimento do professor Jal, dei
prosseguimento com o nosso trabalho fundando em 1993 o Grupo
Capoeira Convenção de Pernambuco.
Fui formado Mestre em 14/03/2010 pelo Mestre Pequena e Conselho UNICALEN.
Temos um trabalho no Alto Santa Terezinha e em Águas Compridas.
Hoje também sou responsável pelo Grupo de Capoeira Guerreiros do senhor Professor Will e o
Grupo de Capoeira Raízes da Convenção do Contramestre Gago Ureia.

9 ROMILDO PEDRO DE SOUZA - HISTÓRICO


Nascido aos 4 de abril de 1981.
Tendo iniciado a Capoeira aos 14 anos em 1995. Aos 16 ter se firmado
aos treinos no Grupo Libertação de Angola com o Professor Samuel é
Mestre e o Mestre Doquinha, sendo o Professor um corda marrom de
nome Marcos.
Após alguns anos, migrei para outros grupos por motivos e necessidades várias. Os grupos
que passei foram: Nação Pernambuco e Muzenza.
Formei em 2007 o Grupo Mestiçagem, que depois o desativei e boa parte do grupo foi, inclusive
eu, para o Grupo Muzambe Capoeira com o Mestre Dentista.

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Em 2015 fundei o Grupo Guerreiro de Luanda, o qual temos um trabalho atuante na cidade de
Moreno como matriz e se estende por outras cidades vizinhas com alunos. Atuamos em
Escoltas, Associações e Universidades.
O grupo tem por base unificar e promover a cidadania entre todas as classes sociais.
Contamos com professores do grupo: Bode, Nado, Jefinho, Koreano, Israel, Serginho, Salatiel,
Borracha entre outros alunos formados e graduados.
O Grupo soma, atualmente, aproximadamente 80 alunos.
Eu, Mestre Romildo Pedro de Souza, Conselheiro Tutelar da cidade de Moreno-PE e formado
em Educação Física.
Fui formado Mestre em 2017 pela UNICALEN, a qual sou filiado desde a fundação do Grupo
Guerreiro de Luanda, que tive como edificador Mestre Jorge Andrade.
Mestre Espinhela sempre dando apoio e suporte para que pudéssemos seguir. Ao mesmo sou
grato por tudo.
Ao mestre Falcão, que por sua vez, ao assumir a Direção da UNICALEN esteve à frente no ato
de minha formatura de Mestre.
Outros Mestres que também sou grato: ao Mestre Pirajá por sua sabedoria e simplicidade para
comigo e todo grupo.
Finalizo: Sou grato a Deus por ter me permitido, que através da Capoeira tive a honra de
conhecer todos esses mestres citados, os quais tenho profunda admiração e gratidão.
Também agradeço a Deus por minha família e amigos, alunos do Grupo que tenho também
como familiares.

10 SÉRGIO JOSUÉ - (MESTRE TATU)


Nasceu em 26/10/1966 em Goianinha município do RN.
Iniciou Capoeira em 1976 em Natal /RN.
Aos 10 anos formou-se em 1983.
Em 1985 chegou em Pernambuco.
Fundando o Grupo Filhos da Liberdade em 1986 no bairro do Jardim
Jordão – Jaboatão dos grupos de PE.
Em 1990 recebeu o título de Contramestre por seu Mestre, Francisco Falstino de Araújo (Mestre
Gato).
Em 1995 foi reconhecido em Pernambuco formado pela Federação Pernambucana de Pugilismo
(Departamento Especial de Capoeira), onde foi rebaixado ao ter reconhecimento dos valores de
graduações.

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Foi reavaliado em 1996 pelo seu mestre e retomou sua graduação, onde recebeu seu
certificado.
No ano de 1999 filia-se ao Grupo Raízes do Mestre Galvão.
No ano de 2000 junto com o professor Visconde e o Mestre Jordan fundaram o Grupo Origem,
onde era o vice-presidente.
No ano de 2001 realizou exame para mestre na UNICALEN com o mestre Espinhela, no entanto,
por problemas pessoais pediu para adiar sua formatura.
Em 2005 foi surpreso pelo Mestre Pesão (Wellington Tavares da Silva), que o graduou como
Mestre Corda Branca e entregou seu certificado no dia 23 de novembro de 2008. Neste dia
estavam presentes Mestre Pesão, Mestre Dody do Pina, Mestre DJ e vários outros participantes.

11 Gleysson Ferreira da Silva - CM Binho


Hoje venho escrever minha biografia. Sou conhecido na capoeira como o
Contramestre Binho, onde sou presidente do meu grupo Filho do Tempo.
Comecei com meu pai chamado na capoeira, na época de Guiné. Nesta
época a capoeira era tocada em LP’s e no quintal de barro de minha casa.
Depois de uns anos fui treinar em academia com o Contramestre Laranja que no tempo era
aluno do Mestre Beira Mar e que depois passou a fazer parte do grupo do Mestre Do Vali.
Alguns anos depois, o meu Contramestre Laranja se afastou da capoeira por ter aceito o
Evangelho e pediu para eu procurar um grupo que eu me identificasse. Nesse tempo eu ia a
umas rodas de capoeira e fui a uma onde a roda tinha muito axé e muito dendê na academia do
Mestre Márcio, que na época ele era Instrutor verde e branca e, inclusive, a roda da academia
dele era conhecida por muitos capoeiristas como a “roda da catraca”, pois existia uma catraca
na entrada da academia e a mesma ficava próxima À Água Cristal no bairro da Guabiraba no
Recife.
Já que me identifiquei com o Grupo Elite do Mestre Márcio, fiquei nele durante mais de 25 anos
e só sai do grupo porque o mestre falou que estava na hora de eu fazer minha própria história,
andar com meus próprios pés, ou seja, construir meu próprio grupo.
Como o Mestre Márcio tinha me formado Contramestre, partir para dar aulas em vários colégios
e academias, até conseguir construir meu próprio grupo do qual muito me orgulho.
Passei muito tempo treinando e jogando sem graduação, já que nesse tempo eu não ligava
muito para graduação, mas daí fui evoluindo junto com a capoeira e hoje estou fazendo parte
do Sistema de Graduação da Unificação da Capoeira de Pernambuco e sou um dos “cabeças”.
Sinto muito orgulho em fazer parte desta nova história da capoeira e de minha vida na capoeira.

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Moro na Guabiraba em Bola na Rede na cidade do Recife/Pernambuco. Minha academia fica
localizada no bairro de Bola na Rede no Clube CFL Sindes Previ – Centro de Formação e Lazer.
Tenho 48 alunos atuante no grupo.
Iniciei na capoeira em 1988 e até a data de hoje são 32 anos de capoeiragem. Hoje tenho 37
anos de idade. Esta é um pouco de minha história na capoeira. Salve capoeira!.

12 JÚLIO CARLOS DOS SANTOS - (CM CAPILÉ)

Histórico de Vivência na Capoeira do Contramestre Capilé.


Nome: Júlio Carlos dos Santos, nascido em 31 de Julho de 1977 em Casa
Amarela Recife-PE.
Formado em Gestão de Pessoas, Segurança do Trabalho e Especializado em Segurança
Privada, Presidente e Fundador do CNE (Capoeira Nova Era).
Em 1991 teve seu primeiro contato prático com a arte da Capoeira na associação dos moradores
do Alto do Carroceiro em Casa Amarela Recife-PE, com o Mestre Ligeirinho, mais pôr um curto
período de tempo, apenas três finais de semana quando Capilé ia visitar sua Vó naquela
localidade.
Em 1992 com 15 anos de idade Capilé teve a oportunidade e a honra de se tornar discípulo do
Mestre Antônio Carlos (Toinho Pipoca) que na época era Contramestre e tinha começado um
projeto pioneiro com aulas de capoeira e outras danças culturais no colégio Otavio de Meira Lins
no Alto Nossa de Fátima em Casa Amarela Recife-PE, lá Capilé se tornou um dos primeiros
alunos do CM Toinho Pipoca nesse projeto, acompanhado pôr Ismar Martins (Tatu Bola), Abílio
Carlos (Bicudo), Uitanaan Carlos (Uitinha Índio), Carlos André (Lilio), Adriano (Carneiro), Patrícia
(Cabra Cega) e outros capoeiristas da época que desistiram pelo caminho.
Em 1994 após dois anos de treinamento intenso e constante Capilé e seus amigos citados á
cima receberam a primeira graduação, Corda Azul (Aluno Batizado), evento realizado em uma
academia do Mestre Del Bruto pelo Grupo Capoeira Quilombo do Mestre Zabelê e que o CM
Toinho Pipoca fazia parte, Capilé permaneceu 14 anos com o Mestre Toinho Pipoca no Grupo
Capoeira Quilombo aprendendo muitos valores nesse tempo e tem muito orgulho de sua raiz na
capoeira.
Em 1996 após ingressar na Polícia do Exército Brasileiro Capilé adotou esse nome de guerra
ou apelide-o na capoeira porque muitos capoeiristas estavam o chamando de soldado e o
mesmo sabia que já existia um Mestre aqui em Pernambuco com esse nome, assim o mesmo
não aderiu ao nome de soldado e escolheu esse nome, Capilé.
Em meados de 2006 Capilé saiu do Grupo Quilombo e no final de 2006 juntamente com Ismar
Martins (CM. Tatu Bola), que na época ambos eram professores, fundaram o Grupo Capoeira

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Nova Era (CNE), Em 2011 o CM Tatu Bola saiu do CNE e entrou no Grupo Santuário da
Capoeira do Mestre Toinho Pipoca.
Em 2007 o grupo Capoeira Nova Era realizou seu primeiro batizado e troca de cordas com a
presença dos Mestres, Espinhela, Toinho Pipoca, Cancão, Beira Mar e Americano, nesse
mesmo evento Capilé recebeu do Mestre Espinhela que também é padrinho do grupo a corda
amarela-roxa que representava no CNE nível avançado de professor e estágio para
contramestre e em 2016 a confirmação e reconhecimento do título de Contramestre.
Durante essa trajetória na Capoeira de Pernambuco CM Capilé enfatiza a importância do Mestre
Toinho Pipoca como seu mentor em sua base na Capoeira e também ressalta a importância dos
seguintes Mestres de Pernambuco que contribuíram diretamente em sua formação, são
eles...Mestre Zabelê, Mestre Espinhela, Mestre Pêu e Mestre Dody do Pina, entre esses
destaque para o Mestre Espinhela que pôr muitas vezes em outrora ministrou aula para Capilé,
irmãos e amigos no próprio quintal de sua casa onde hoje é a sede da UNICALEN e também
em um terreno atrás da mesma onde Capilé com seus irmãos e amigos capoeiristas limparam
para treinar.
Gratidão essa é a palavra para os ensinamentos extras e principalmente as aulas de toques de
berimbau que o Mestre Espinhela ensinou mesmo não sendo do Grupo Quilombo ele sempre
prestou apoio como faz até os dias de hoje. Por essas e outras os Mestres, Toinho Pipoca,
Espinhela, Zabelê, Pêu e Dody do Pina foram homenageados no símbolo do grupo Capoeira
Nova Era atual, onde as 5 estrelas representam esses 5 Grandes Mestres de Pernambuco.
Glória a DEUS e Salve a todos os capoeiras!

13 LIDIELVIS SANTIAGO NASCIMENTO - (CM PANTERA NEGRA)


Nasceu em 1986 em Recife/PE.
Primeiro contato com a Capoeira foi em 1991 com seu pai Genival
Santiago que ensinou os primeiros passos.
Genival foi aluno do professor Marcos de Abreu e Lima.
Em 1999 seu primo graduado Topeira o levou para a academia do graduado Curió, aluno do,
ainda, Professor Moleque do Grupo Capoeira em Movimento do Mestre Sinhô, onde começou
seu aprendizado em academia.
Logo mais o professor Moleque criou o Grupo Nação Moleque. O grupo já não era o mesmo,
restou poucas academias, meu professor tinha parado por conta do emprego.
O graduado Pantera Negra, que recebeu este nome do seu professor Curió, passou a treinar
com o graduado Topeira, que também era seu primo e logo depois parou de treinar.

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Logo mais comecei a treinar no Grupo de Capoeira Liberdade do Contramestre Mané durante
dois anos.
Depois procurei o Mestre Kinka que era o mestre do Mestre Moleque. Dando continuidade aos
treinos no Grupo Ginga no Pé do Mestre Kinka. Logo depois recebemos uma visita e proposta
do Mestre Del Bruto para entrar no grupo e foi onde passei a ser supervisionado pelo
Contramestre Ananias.
O Mestre Kinka decidiu depois de alguns anos voltar ao seu trabalho.
Em 17/02/2019 já formado professor Pantera Negra, fundou o Grupo União Pernambuco de
Capoeira na supervisão do Mestre Kinka.
Em 12 de janeiro de 2020 recebi o título de Contramestre, reconhecimento esse do meu Mestre
Kinka e da UNICALEN.
Para mim foi uma grande honra receber o diploma do Grão Mestre Espinhela e presença e
assinatura do Grão Mestre Pirajá e Grão Mestre Morcego.

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ANEXO C: GLOSSÁRIO DOS PRINCIPAIS TERMOS UTILIZADOS NO AMBIENTE DA CAPOEIRA

1. Abadá - Calça de Capoeira; camisolão comprido e folgado usado pelos nagôs, semelhante ao
traje nacional da Nigéria.
2. Apelido - nome de guerra dado a um Capoeira, geralmente ganha o apelido no batizado.
3. Arame - Fio de aço do berimbau, geralmente é arame de pneu de carro.
4. Axé - Energia boa na roda, quanto estão todos respondendo o coro e batendo palmas.
5. Barra-vento - Toque de atabaque para o jogo de “maculelê” com facão é mais rápido que o
maculelê. Termo náutico: “lado onde sopra o vento”.
6. Bate-coxa - Variante de capoeira, onde improvisa-se uma roda, a luta para quando um dos
lutadores desiste.
7. Batizado - Onde o capoeira faz o seu primeiro jogo oficial, jogando com mestres ou
professores, recebendo sua graduação de acordo com o nível técnico adquirido durante
determinado tempo de treinamento.
8. Berimbau de boca - Tipo de berimbau usado por velhos angoleiros e cuja corda de capo-
tambo, era dedilhada ou percutida com uma faca ou vareta, à medida que o tocador corre os
dentes por ela para obter efeitos variados de som.
9. Biriba - É a madeira mais comumente usada para se confeccionar a verga do berimbau.
10. Brincar - “Jogar” – na linguagem dos capoeiristas quando estão na roda de Capoeira.
11. Cabaça - (Cucurbita lagenaria, Linneu) - É uma planta rampante. De uso múltiplo e secular
entre os utensílios domésticos, herdados da indiaria. Usa-se na construção do berimbau: numa
de suas extremidades, amarra-se uma cabaça, e esta, quanto mais seca estiver, melhor. Faz-se
na cabaça uma abertura na parte que se liga com o caule e, na parte inferior, dois furinhos por
onde passará o cordão que vai ligá-la ao arco de madeira e ao fio de aço.
12. Capoeiragem - Conjunto de técnicas da Capoeira, tipo de luta (ou jogo) criado no Brasil no
período da escravidão. Modo de vida de capoeirista e, por extensão, de desordem, malandro,
malandragem.
13. Chamada - Um dos rituais da Capoeira tradicional. As chamadas, também conhecidas como
“passagens”, erroneamente interpretadas como simples momentos de descanso durante o jogo,
constituem um momento de extremo perigo. Fazem parte dos rituais da Capoeira tradicional, e
visam a despertar a malícia dos seus praticantes. Quando for chamado, aproxime-se com
bastante cautela, pois, dentro das normas da capoeiragem, o capoeirista que chama poderá
aplicar o golpe que desejar, caso o outro aproxime-se sem o devido cuidado.
14. Coité - Fruta redonda de casca dura que depois de seca também pode ser usada no lugar
da cabaça no berimbau. Localidade no estado da Paraíba.

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15. Corda - Corda feita de algodão que o capoeirista coloca na cintura para identificar a sua
graduação.
16. Cordão - O mesmo que corda.
17. Cordel - Corda trançada de lã ou nylon, também usada por capoeiristas para identificar a
graduação.
18. Corridos - Aceleração do ritmo que o caracteriza, juntamente com o verso do cantador que
é curto e o refrão do coro que repete parcial ou total.
19. Dobrão - Moeda grande e antiga de 40 réis, que os capoeiristas usavam para tocar o
berimbau. O nome aplicou-se, por extensão, aos seixos arredondados ou às arruelas usados
para o mesmo fim. Forma de moeda feita de aço, bronze e ouro.
20. Esquenta Banho - Luta de capoeira sem acompanhamento de instrumentos, um jogo rápido
e apressado.
21. Fintar - Palavra muito utilizada pelos capoeiristas, onde se pretende “enganar” o outro
oponente, fazendo com que o outro acredite que se vai fazer um movimento, quando na verdade,
sairá um movimento totalmente diferente daquele que se imaginou e, com isso consegue-se
atingi-lo com esse fingimento. Ex.: Eu fintei e dei um golpe de Martelo em vez de dar um Chute
na lua.
22. Floreios - Movimento acrobático no chão ou no ar. São movimentos bonitos que enfeitam a
Capoeira: saltos, giros de mão ou de cabeça.
23. Formatura - Cerimônia que consagra um novo Mestre de Capoeira.
24. Graduado - Todos que têm alguma graduação na Capoeira, mas geralmente é usado para
denominar pessoas mais antigas na Capoeira.
25. Iê - Interjeição que na Capoeira significa silêncio, atenção, pare ou usado para interromper
um jogo ou para trocar de jogadores, começar e finalizar rodas.
do artigo] 1. Ave anseriforme, da família dos anhimídeos (Anhuma cornuta).
26. Jogo de Dentro - Jogo semelhante ao de Angola onde prevalece a técnica de seus
praticantes.
27. Jogo Duro - Jogo de Regional arrochado de contato, para pegar mesmo.
28. Jogo de Fora - Jogo de Capoeira Regional, mais solto.
29. Mandinga - Expressa na Capoeira um sentido profundo e complexo diferente da tradução
literária da palavra dada pelos dicionários da língua portuguesa. Entre vários significados traduz
a expressão, a esperteza, a capacidade de esconder as intenções reais de maneira lúdica, uma
força oculta que fortalece o capoeirista, um poder de hipnotizar ou distrair o adversário com tais
expressões, cheio de truques e atitudes místicas com mistérios que embelezam e tornam o jogo

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do capoeirista interessante devido às expressões teatrais incorporadas nessa expressão de
mandiga.
30. Parada de Angola - Usado no jogo de Angola, para descansar ou para trair o oponente.
31. Pé do Berimbau - Posição em frente ao berimbau.
32. Roda onde se pode “Comprar Jogo” ou “Jogo de Compra” - Expressões utilizadas em uma
roda denominada de “roda aberta”, onde pode haver interferência de um terceiro participante,
que pede para jogar com um dos dois jogadores que estão jogando dentro da roda. O participante
que interfere no jogo da dupla, deve dar uma volta dentro da roda juntamente com àquele que
pretende jogar, denominada de a “volta ao mundo”, em sentido horário. Salientar que existem
algumas regras, para àquele que “compra o jogo”, que alguns mestres adotam, a citar: 1º) um
menos graduado não pode interferir no jogo do mais graduado; 2º) é preferível pedir para jogar
com quem está ganhando o jogo, no entanto, alguns mestres dizem que é melhor tirar o que está
mais cansado, fazendo assim, com que ele recupere as energias físicas e possa retornar para
jogar com outros capoeiristas.
33. Roda - Círculo formado por capoeiristas onde duas pessoas, ao centro, jogam Capoeira,
sendo substituídas por outras ao decorrer do jogo, enquanto as pessoas que estão em volta
batem palmas e respondem o coro cantado e tocado por capoeiristas.
34. Salve - Expressão de saudação ou cumprimento; Demonstração de cortesia, respeito aos
demais que estão presentes. Ouve-se sempre a expressão – “Salve Capoeira” - em locais em
que se encontram os praticantes da arte capoeirística.
35. Samba de Roda - Roda de Capoeira para homens e mulheres, sempre em casais, onde
estas sambam e se divertem.
36. Samba Duro - É o samba só para homem, onde eles sambam e emitem golpes tentando
derrubar os adversários.
37. Vadiar - Jogar Capoeira por prazer, por divertimento; na época da escravidão a vadiação era
nas horas de lazer e descanso.
38. Vara ou Verga - Pedaço de madeira que é composto o berimbau.
39. Volta ao Mundo - Quando dois capoeiristas interrompem o jogo, correndo em círculo e
descansando em seguida.
40. Zum-zum-zum - Fofoca, comentários.

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ANEXO D: LOGOMARCA DOS GRUPOS QUE ADERIRAM À UNIFICAÇÃO ATÉ O
MOMENTO DO TÉRMINO DESTA EDIÇÃO DO MANUAL.

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ANEXO E: TERMO DE REVOGAÇÃO DO SISTEMA DE GRADUAÇÃO DA UNIFICAÇÃO

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ANEXO F: PANFLETO E RESULTADO DO 1º CAMPEONATO ONLINE DA UNICALEN
Participantes Total 12
Durante a pandemia do coronavírus, a Unificação da
Capoeira de Pernambuco fez o 1º Campeonato Online,
M. Espinhela
sendo o 33º Mundialito da UNICALEN.
M. Coca Cola
M. Biriba
M. Tatu
M. Cuscuz
M. Pacheco
M. Montanha
M. Escorpião
M. Carcará
M. Marcos Cangaia
CM Bamby
CM Capilé

Resultado do Campeonato da Unificação Online 2020

Categoria Mestre Categoria Contramestre


1º lugar M. Gráuna 1º lugar CM Vampeta
2º lugar M. Falcão 2º lugar CM Binho
3º lugar M. Nenem 3º lugar CM Pantera Negra
4º lugar M. Marômba 4º lugar CM Demente
5º lugar M. Catendê
6º lugar M. Dodi de Beberibe
7º lugar M. Lula
8º lugar M. Bira
9º lugar M. Romildo

Categoria Professor Categoria Instrutor


1º lugar Prof. Índio 1º lugar Inst. Adeildo Caveira
2º lugar Prof. Esquisito 2º lugar Inst. Furunco
3º lugar Prof. Will
4º lugar Prof. Junior

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Direitos Autorais à UNICALEN
Entidade ligada às Artes Marciais e em Defesa dos Direitos Sociais
Fundada em 10/05/1987 CNPJ nº 02.722.126/0001-03
Maiores infromações: E-mail: espinhela@gmail.com

Em 10 de Maio de 1987, foi fundada a UNICALEN - União dos Capoeiras Leão do Norte. No
entanto, só em 28 de Junho de 1998, foi Estatuada e Registrada pelas seguintes pessoas: Mestre
Pirajá, Mestre Espinhela; Contramestre Cuscuz; Professores: Samuca, King, Azambuja; Monitor
Mosquito; Instrutores: Robô-Cop, Fazendeiro, Meinha; Alunas: Lã, Ló, Viviane, Kassia, Kátia,
Josefa, Fofinho, Alexandro, Marconi, Ferreiro, Enéas e Pintosa.
A UNICALEN é uma Entidade Não-Governamental de caráter gratuito, com a finalidade
socioeducativa de unir os capoeiristas e com o objetivo de praticar o bem na educação física e
mental.

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Minervino Pereira Peixoto – Mestre Espinhela
É um dos fundadores da UNICALEN e fiel divulgador da Capoeira de
Pernambuco.
Foi um dos primeiros alunos do Grupo Senzala.
Atualmente é Mestre de Capoeira e um dos idealizadores do Sistema
de Graduação da Capoeira de Pernambuco.
Maiores informações: espinhela@gmail.com

Gerson Alexandre Soares – Mestre Cuscuz / Mestre da Velha


Guarda
Iniciou a Capoeira em 1976 no Grupo Senzala de Capoeira, com
Mestre Pirajá.
Graduou-se Contramestre com Mestre Berimbau. Junto ao Mestre
Marcos Traíra criou a Associação Arte e Dança.
Participou do Estatuto e documentação da UNICALEN.
Conquistou o título de Mestre com Mestre Espinhela pela União dos
Capoeiras Leão do Norte – UNICALEN, Universidade da Capoeira.

Lidielvis Santiago Nascimento – Contramestre Pantera Negra


Em 17/02/2019 como Professor Pantera Negra fundou o Grupo União
Pernambuco de Capoeira na supervisão do Mestre Kinka.
Em 12 de janeiro de 2020 recebeu o título de Contramestre com o
Mestre Kinka e pela UNICALEN.
E-mail para contato: lidielvispernambuco@gmail.com

Verônica de Holanda Santos - Aluna Batizada Paciência


Conheceu a Capoeira em 1997 com Mestre Zulu de Olinda, fundador
do Grupo de Capoeira Chute na Lua.
Atualmente é Aluna Batizada do Grupo Pernambuco Arte Cultural, dos
Mestres Morcego, Mestre Caboclo e Mestre Didi. Grupo esse filiado à
UNICALEN.
E-mail para contato: vholandasantos@hotmail.com

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FIM
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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
A Capoeira faz parte da cultura do povo brasileiro e que se
perpetua por outros povos ao longo das décadas, e essa herança
transcendental e cultural dá-se pelos elementos utilizados dentro
de um processo de transformação social. Não esquecendo de que
a arte capoeirística é Educação, Inclusão Social, Cultura de Paz,
Arte Marcial, Luta, Liberdade, Cultura, Musicalidade,
Gestualidade e acima de tudo traz valores dos nossos ancestrais
para a História do Brasil e do mundo, contribuindo para o
desenvolvimento pleno do ser, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e contribuindo para a formação de atitudes,
valores e saberes éticos.

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