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IMORTAL, IMORTAL!!
Direitos Autorais à UNICALEN
Entidade ligada às Artes Marciais e em Defesa dos Direitos Sociais
Fundada em 10/05/1987 CNPJ nº 02.722.126/0001-03
Maiores infromações: E-mail: espinhela@gmail.com
IMORTAL, IMORTAL!
RECIFE / 2020
FOTOS DA CAPA
Dedicamos este trabalho ao Mestre Velha Guarda, Marcondes Ferreira da Silva “Pirajá”, por ser o
atual pioneiro da Capoeira de Pernambuco desde 1958.
A todos do Bairro de Casa Amarela, berço da Capoeira de Pernambuco; ao Grêmio Recreativo
Cultural Escola de Samba Galeria do Ritmo, fundada em 1962, que sempre apoiou a Capoeira; a
todos que participaram e participam do Grupo Senzala de Capoeira, fundado pelo Mestre Pirajá
em 15/11/1969, e que hoje está ao comando do Mestre Poeta, Jorge, Sérgio, com apoio da
UNICALEN - http://mestrepiraja.blogspot.com/2009/10/o-mestre.html.
Aos pioneiros da capoeira Olindense: Mestres Marcus Vinicius Natal, que iniciou a Capoeira em
Valença-RJ em 1964, implantando em Olinda no ano de 1970 e, transmitindo seus conhecimentos
a seu Discípulo Marcos Coca-Cola; ao Mestre João Ferreira Mulatinho, que foi lembrado aos 7:
28 (sete minutos e vinte e oito segundos) do vídeo: ENTREVISTA DO MESTRE MARCOS COCA
COLA COM SEU MESTRE MARCUS NATAL NO DIA 29 DE MARÇO 2011 EM OLINDA NA
ACADEMIA DO MESTRE COCA COLA. PARA O PROGRAMA GINGA PERNAMBUCO
https://www.youtube.com/watch?v=2Ol7ef9P9hQ; ao Mestre Zumbi Bahia, vindo da Paraíba para
Pernambuco em 1979 - fundador do Boi Castanho - pioneiro da dança afro em Pernambuco,
também era o melhor folclorista da época, colaborando com a renovação na Capoeira; aos
Mestres: Bigode, Galvão, Lázaro, Paulo dos Prazeres, Celso Biriba.
Aos contemporâneos da década de 70: Raimundo Branco, Meia Noite, Meio dia, Espinhela, Teté,
Minervino, Izaque Poeta, Evandro, Pêu, Cuscuz, Criança, Surpresa, Titela, Géu, Curisco, Berilo,
Barrão, Toinho Pipoca e Batista.
Dedicamos também aos capoeiristas que acreditam na Capoeira como ferramenta de inclusão
social, educacional, da cultura de paz e da formação do cidadão brasileiro e, onde a Capoeira
como arte genuinamente brasileira, possa alcançar.
Aos brabos e valentões que nunca desistiram de suas lutas porque acreditaram que dias melhores
viriam, pois sabiam que a Capoeira de Pernambuco é Imortal...
In-Memorian: A todos àqueles capoeiristas que se foram e colaboraram com a Capoeira para que
ela não fosse esquecida: Luis Naval, Caranga, Marrom do Rotary, Cancão, Grandão, Caveira,
Marcos, D. Zefinha, Nel, Azambuja, Tungão. Guilherme, Sapo, Huk, Rogério Ginga, Vado,
Adivanilson Pipoca, Jáu, e muitos outros que foram prestar contas ao Nosso Pai Eterno.
Agradecemos primeiramente a Deus, por nos dar a saúde e muita força para superar todas as
dificuldades.
A esse grupo de unificação da capoeira e todos os mestres e contramestres, além da direção e
administração desse grupo, que, incansavelmente, nos proporcionou as condições necessárias
para que alcançássemos nossos objetivos.
Aos mestres e contramestres por todo o tempo que se dedicaram a fomentar essa obra inédita
em nosso estado Pernambuco, desse processo para realização aqui do nosso estado.
Muito obrigado a todos que fizeram este trabalho.
Ao nosso mestre por toda dedicação e amor para nos ensinar esta arte.
Enfim, a todos que contribuíram para a realização deste trabalho, seja de forma direta ou indireta,
fica nosso obrigado.
“Ser mestre não é só ganhar, mas sim ter muito pra dar.”
(Mestre Catendê)
“Um homem sem cultura não passará adianta as raízes de sua terra.”
(Contramestre Pantera Negra)
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Prezados capoeiristas e simpatizantes este é um trabalho de pesquisa que vem sendo feito há
anos e somente agora pôde ser concretizado. E para tanto, gostaríamos de lhes apresentar este
“Manual da Capoeira de Pernambuco Imortal, Imortal !!”, cuja finalidade é a de inspirar mais
pessoas a conhecerem o mundo da Capoeira.
A Capoeira faz parte da cultura do povo brasileiro e que se perpetua por outros povos ao longo
das décadas, e essa herança transcendental e cultural dá-se pelos elementos utilizados dentro de
um processo de transformação social. Não esquecendo de que a arte capoeirística é Educação,
Inclusão Social, Cultura de Paz, Arte Marcial, Luta, Liberdade, Cultura, Musicalidade,
Gestualidade e acima de tudo traz valores dos nossos ancestrais para a História do Brasil e do
mundo, contribuindo para o desenvolvimento pleno do ser, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e contribuindo para a formação de atitudes, valores e saberes éticos.
Mesmo tendo em solo pernambucano a Capoeira há décadas, ainda, não tínhamos um trabalho
deste tipo, onde todos pudessem entender um pouco mais dessa arte tão rica.
Nosso trabalho justifica-se como uma pequena contribuição à Capoeira, assim como àqueles
que venham fazer dela sua filosofia de vida e como, também, daqueles que já fazem dela sua
companhia inseparável.
Salientar que este trabalho não deve ser exaustivo e que ela sirva de exemplo para que
outros trabalhos venham a serem realizados em nome da cultura brasileira, em nome do povo
brasileiro e em nome desta arte tão linda, que é a CAPOEIRA.
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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
2 O QUE É CAPOEIRA, AFINAL?
Várias são as designações do termo Capoeira1, mas vamos dar início a esta parte com os
dizeres do Contramestre Klaus Brito do Grupo Escaleno: “Capoeira é estrada sem volta, onde a
porta do conhecimento se abre pra enriquecer a vida, com um saber sem fim. Onde aprendemos
que pra voar alto tem que colocar a mão no chão, que o som do berimbau não sai só da cabaça
e sim da alma. Nela a gente cai, levanta, aprendemos a seguir sempre em frente mesmo se a
virola quebrar. Sentimos o perigo passando no rosto, olhamos para ele, e com uma esquiva faz
ele passar. Você pode até sair da Capoeira, mas ela nunca vai sair de você. E mesmo no final da
vida, com cabelos brancos e muito saber, você nunca vai entender a Capoeira, mas ela sempre
vai entender você.”
Capoeira Dança e Arte: A arte se faz presente através da música, do ritmo, do canto, do
instrumento, da expressão corporal e das criatividades de movimentos (Floreios).
Capoeira Folclore: É uma expressão popular que faz parte da cultura genuinamente brasileira.
Capoeira Esporte: Como prática desportiva em 14/4/1941, Lei Federal 3.199, foi criado o
Departamento Nacional de Capoeira, junto a Confederação Brasileira de Pugilismo. Em 1953, foi
reconhecida novamente como desporto pela deliberação Nº 071 do Conselho Nacional do
desporto. Novo reconhecimento em 26/12/1972, foi homologada pelo STJD (Superior Tribunal de
Justiça Desportiva). Em fevereiro de 1995, foi reconhecida como Desporto de alto rendimento,
leis que sucederam à Lei Federal 3199: 6251: de 8/10/1975, Lei Zico Nº 3672, de 6/7/1993,
substituída pela Lei Pelé nº 9615 de 24/3/1998 e regulamento estabelecido pelo Decreto Federal
Nº 2774 de 29/4/1998; Lei Federal Nº 9696 de 1/9/1998.
Capoeira Educação: Apresenta-se como um elemento importante para a formação integral do
aluno, desenvolvendo o físico, o caráter, a personalidade e influenciando nas mudanças de
comportamento. Proporciona ainda um autoconhecimento e uma análise crítica das suas
potencialidades e limites. Na educação especial, a Capoeira encontra-se como frutífera e
promovendo a autoestima.
Capoeira é Cultura de Paz e Inclusão Social: “Na dinâmica do projeto de inclusão social, a
prática da Capoeira não se restringe apenas a mais uma atividade física dentro do âmbito escolar
e, sim, ela integraliza e promove a igualdade social, na medida que vislumbra a integração dos
sujeitos proativos numa perspectiva homogênea e amistosa (FILHO; SANTOS, 2018, p.2).”
Capoeira Lazer: Como prática não formal, através das “rodas” espontâneas, realizadas nas
praças, praias, colégios, universidades, festas etc.
1 Escreveremos Capoeira com C maiúsculo quando referir à prática esportiva e com c minúsculo quando for fazer referência
aos praticantes da arte capoeirística e em alguns momentos quando fizer referência ao termo por ele mesmo.
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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Capoeira Luta: Apresenta sua origem e sobrevivência através dos tempos, na sua forma mais
natural, como instrumento de defesa pessoal. Deverá ser ministrada com o objetivo de Capoeira
combate e de defesa. Segundo (BITTENCOURT, 2012, p. 18): “[...] Freyre afirmou que a mesma
surgiu como uma alternativa dos negros para suprir a falta de armas que, além de ser considerada
insígnia, [era] vantagem técnica de luta, chegando a se constituir em um importante recurso para
matar os brancos. Esta seria praticada, sobretudo, no ambiente urbano sendo o capoeirista um
dos reflexos socioculturais da decadência do patriarcado rural.”
Capoeira Arte Marcial: A Capoeira fez-se presente nas duas Guerras Mundiais e em 15 revoltas
em Pernambuco. Corrobora com nossa pesquisa a passagem do artigo de Vaz (2016, p. 79):
“Segundo Álvaro Pereira do Nascimento a Marinha de Guerra, em seus recrutamentos, tinha
dentre os vadios e malfeitores, capoeiras. Conforme consta em Relatório do Ministro da Marinha
(1888, Anexos).” E ainda com o mesmo autor: “Em 1865, o Brasil, junto com a Argentina e o
Uruguai, declarou guerra ao Paraguai. O Exército Brasileiro formou seus batalhões e, dentro
destes, um imenso número de capoeiras. Muitos foram ‘recrutados’ nas prisões; outros foram
agarrados à força nas ruas do Rio e das outras províncias; aos escravos, foi prometida a liberdade
no final do conflito (VAZ, 2016, p. 80).”
Capoeira Filosofia de vida: Muitos são os adeptos que se engajam de corpo e alma, criando
dessa forma uma filosofia de vida, tendo a Capoeira como elemento-símbolo, até mesmo
usando-a para a sua sobrevivência.
Capoeira Religião: É uma forma de Louvar a Deus, segundo os Salmos 149 e 150 da Bíblia
Sagrada, diz: “Louvem a Deus com cânticos e danças”, e é aí que entra a Capoeira. Lembrando
que alguns capoeiristas reverenciam os Orixás do Candomblé e Umbanda em rodas de Capoeira,
por isso qualquer Religião pode aderir à Capoeira e criar suas formas de louvor as suas Divindades
Espirituais. Ressaltar que CAPOEIRA NÃO É RELIGIÃO, quem tem religião são as pessoas que
praticam a Capoeira.
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3 HISTÓRIA DA CAPOEIRA - POSSÍVEIS ORIGENS
Em relação à origem da Capoeira, ainda é muito controversa e muitas são as hipóteses, existem
entretanto três fortes correntes: a primeira informa que a Capoeira teria sido trazida pelos escravos
vindos da África, a segunda considera a Capoeira uma invenção dos escravos no Brasil e, a
terceira seria uma manifestação dos índios brasileiros.
Segundo (VAZ, 2016, p. 77): “Para a capoeira, apresentam-se três momentos importantes:
finais do século XIX, quando a prática da capoeira é criminalizada; décadas de 30 e 40 quando
ocorre sua liberação; década de 70 quando se torna oficialmente um esporte e o reconhecimento
como patrimônio imaterial do povo brasileiro.”
É vasto o universo de quem se aventura a pesquisar a Capoeira. Arte que apresenta registros
iconográficos e documentais desde o século 18. Essa arte tem diversas vertentes ensinadas por
mestres, contramestres, professores e instrutores. Além disso, cobre um amplo território
geográfico que mapeia os cinco continentes, uma vez que as rodas de Capoeira estão difundidas
em mais de 150 países.
Podemos descrever a Capoeira como uma mistura de arte, lutas, jogo e que tem grande riqueza
de musicalidade que sua origem ainda é uma incógnita, pois alguns dizem que veio com os negros
africanos, outros autores afirmam que foi invenção dos negros no Brasil e uma terceira linha diz
que seria um ritual indígena.
Mesmo tendo origens controversas, as origens da Capoeira remetem a basicamente três
hipóteses:
1. A Capoeira nasceu na África Central e foi trazida intacta por africanos escravizados
para o Brasil.
2. A Capoeira é criação de escravos quilombolas no Brasil.
3. A Capoeira é criação dos índios, daí a origem do vocábulo que nomeia o jogo.
Todas as três hipóteses geram controvérsias. Mesmo que estudos recentes tenham
comprovado a existência de danças guerreiras similares à Capoeira, não apenas na África Central,
mas em outros países que fizeram parte da diáspora negra (a ladja da Martinica é uma delas).
Por fim, a patente indígena na criação da Capoeira é uma hipótese de difícil sustentação. Não
há documentação ou mesmo relatos de índios que reivindiquem essa paternidade. O termo
“capoeira” faz parte da língua tupi e significa “mato ralo”, o que remete a uma das explicações
sobre sua origem. Diz respeito ao mito do escravo fugitivo que surpreenderia seus algozes na
capoeira, local da cilada. Além de ter uma lógica de difícil assimilação, a do perseguido que inverte
a situação e submete o perseguidor, as raízes etimológicas também são controversas e apontam
para outra possível origem da arte.
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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Em seu livro clássico, Waldeloir Rego expõe hipóteses de Henrique de Beaurepaire Rohan e
Brasil Gerson tendo como base Capão, do qual Adolfo Coelho tirou o étimo de capoeira para o
português, Beaurepaire Rohan faz o mesmo para o vocábulo capoeira na acepção brasileira,
apresentando em defesa de sua opinião a seguinte explicação: “Como o exercício da Capoeira,
entre dois indivíduos que se batem por mero divertimento, se parece um tanto com a briga de
galos, não duvido que este vocábulo tenha sua origem em Capão, do mesmo modo que damos
em português o nome da capoeira a qualquer espécie de cesto em que se metem galinhas.”
Em (CÂMARA CASCUDO, 1967, p.179-89), em Folclore do Brasil, declara que a Capoeira teria
suas raízes em Angola, onde há um cerimonial de iniciação de nome Efundula, que é realizado
entre os Mucopes do sul do país. Cujo cerimonial é parte da festa da puberdade das meninas que
passam à condição maioritária de mulher e estando aptas para o casamento e à procriação. E é
justamente nesta cerimônia que os rapazes disputam as moças lutando o N’golo, também
denominado de dança da zebra. O vencedor da luta terá o direito de escolher com quem quer se
casar entre as iniciadas.
Vários estudos mostram que a Capoeira não foi documentada em nenhum país do continente
africano, isso fortalece ainda mais a ideia de que a Capoeira teve mesmo sua origem em território
brasileiro sendo uma mistura de danças, lutas, rituais e instrumentos musicais oriundos da África.
O que na verdade só certifica que vindo ou não pronta da África, ela tem suas raízes africanas
bem nítidas.
2
Defende um Estado autoritário e nacionalista que promova a "regeneração nacional", com base no lema "Deus, Pátria e
Família”. As ideias fascistas chegam ao Brasil nos anos 20, propagam-se a partir do sul do país e dão origem a pequenos
núcleos de militantes. Logo, o movimento é apoiado por setores direitistas das classes médias, dos latifundiários e dos
industriais.
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e a “retórica do corpo3”, com isso libera uma série de manifestações populares bastante praticadas
por boa parte da população como o Candomblé e a Capoeira. E foi também nessa mesma época
que estava sendo criada por Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, a Luta Regional Baiana
(hoje conhecida como Capoeira Regional e que foi inspirada na Capoeira praticada
tradicionalmente, hoje a Capoeira Angola, e em uma luta chamada Batuque) que conquistava
cada dia mais adeptos e, “aos olhos” de Vargas se encaixava perfeitamente em seus ideais.
Assim libera-se a Capoeira e o candomblé, mas somente em recinto fechado o que faz surgir a
primeira academia de Capoeira, o Centro de Cultura Física, fundada por Mestre Bimba onde viria
a iniciar da graduação na Capoeira para tentar equiparar a Capoeira às outras lutas e para
transformá-la em esporte, também dando uma postura menos maliciosa, utilizando uniforme e
assim conquistando uma classe média para o novo “esporte nacional”.
É quando no ano de 1937 promulga o novo código penal por meio do Decreto-lei nº 3688, que
dá à Capoeira uma vivência livre e sem repressões populares e/ou militares. Com a saída da
ilegalidade e o respeito conquistado fez com que a Capoeira tivesse uma liberdade nas ruas e
tomasse espaço dentro das academias e em muitas instituições de ensino.
A Capoeira vem ganhando a cada dia uma maior visibilidade tanto dentro quanto fora do
território brasileiro. É sabido que em novembro de 2014, a “Roda de Capoeira” foi reconhecida
como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
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A ‘retórica do corpo’ de Vargas consistia no seguinte: ele imaginava que para ter uma sociedade organizada, que funcionasse
como uma máquina, era necessário que as pessoas (e os corpos destas pessoas) fossem educadas para isto desde pequenas.
Pensando assim, ele criou a obrigatoriedade do ensino da Educação Física nas escolas, e imaginou que a capoeira poderia ser
um apoio popular. Mas não uma capoeira nos moldes tradicionais de malandragem /ritual/brincadeira/arte e sim como
esporte/luta ‘sério’, com método de ensino semelhante à hierarquia do exército e uma mentalidade de acordo com os objetivos
da ‘nova’ sociedade: competição, objetividade, técnica e burocracia. Estas características são, justamente, as que vão crescer
e fazer sucesso durante toda a ‘era das academias’, deixando em segundo plano as características originais da capoeira –
vadiação, ritual, malandragem” (CAPOEIRA, 51, 1998).
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3.3 Maraná a Dança da Guerra
As cartas do escrivão Francis Patris, que acompanhava o cortejo do príncipe Mauricio de
Nassau durante a invasão Holandesa, descrevem entre muitos obstáculos para a ocupação do
território brasileiro a resistência dos habitantes do Brasil.
Negros comandados por Henrique Dias, portugueses por Vidal de Negreiros, Índios Potiguares
comandados por Felipe Camarão, o “Índio Poti”. Esses índios usavam durante o confronto, além
de flechas borduna4, lanças e tacapes, os pés e as mãos desferindo golpes mortais, destacando-
se por sua valentia e ferocidade.
Pertencia a cultura potiguara a dança da guerra Maraná, que avaliava o nível de valentia. Em
círculos, os guerreiros com perneiras de conchas compunham um compasso ao bater com os pés
e as mãos, invocando seus antepassados, acompanhado de atabaques de troncos com pele de
Anta, chocalhos e marimbas, em quanto que dois guerreiros se confrontavam ao centro com
golpes de pernas, cotoveladas e movimentos que imitavam os animais.
4 Flecha borduna: cacete cilíndrico longo usado pelos indígenas como arma de ataque, defesa ou caça.
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4 O TERMO “CAPOEIRA”, DE ONDE VEM?
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Waldeloir no que concerne à origem africana, temos a seguinte passagem de Barão, (1999, p. 48):
“[...] Esta colocação apresenta o cenário onde o jogo da Capoeira possivelmente desenvolveu-se.
O sentido da origem da Capoeira enquadrando-se numa situação de escravidão urbana e
relacionada as atividades dos escravos de ganho.”
Ainda relacionada à essa acepção (BARÃO, 1999), a autora informa que Bretas realizou um
estudo em relação às profissões de presos por estarem jogando Capoeira no final do século
passado e, de acordo com os processos policiais da Casa de Detenção do Rio de Janeiro. O
estudo aponta que os índices, em primeiro Iugar, é dos presos identificados como "trabalhadores",
que é todo aquele de forma genérica, e em segundo lugar estão os "vendedores de folhas".
Referindo-se àqueles que levavam as cestas, denominadas 'capoeiras'. Sendo assim, entende-se
que os personagens denominados 'capoeiras' eram trabalhadores, escravos de ganho, que no
período de não-trabalho jogavam Capoeira.
Em outra acepção do termo temos a versão que seria uma possível ‘imitação da natureza’,
como escreveu Waldeloir (1968): “[...] uma espécie de perdiz pequena. Outro argumento para o
vocábulo é a existência, no Brasil, de uma ave chamada capoeira (Odontophores Capueira-
Spix), anda sempre em bandos e no chão, o macho da capoeira é muito ciumento e por isso trava
lutas tremendas com o rival que ousa entrar em seus domínios. Partindo dessa premissa, os
passos de destreza desta luta, as negaças, foram comparadas com os homens que na luta
simulada para divertimento lançavam mão apenas da agilidade.”
Inúmeras pesquisas tentam buscar a origem da Capoeira, posto que, por mais que se debata
a respeito, não é tarefa simples ou fácil, mesmo que alguns pesquisadores afirmem ser, a
Capoeira, do período escravocrata brasileiro, sendo uma via da origem, mas não a única.
Segundo Barão (1999, p. 11): “Pesquisar a Capoeira é sempre um empreendimento ambicioso,
pois esta é uma prática polissêmica, que traz diversas possibilidades de interpretações,
considerada, ao mesmo tempo, como luta, arte, esporte, religião, entre outras definições.” A autora
ainda desperta para a seguinte definição sobre a Capoeira: “A origem da Capoeira como 'luta de
libertação' aponta para o seguinte aspecto: a força daqueles que estão em situação de opressão,
abaixo e a margem da estrutura. Podemos perceber essa característica, desde a origem desta
prática entre africanos trazidos como escravos ao Brasil, assim como, grande parte dos seus
praticantes contemporâneos, os "sobreviventes da periferia", que vivem numa situação de
opressão (BARÃO, 1999, p. 31).
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5 UM POUCO DA HISTÓRIA DOS MESTRES PASTINHA E BIMBA
Figura 2: Foto de Mestre Bimba / 1966 Criada a Regional, Bimba deu sua maior
contribuição à Capoeira: criou um método
de ensino para essa, coisa que até então
não existia: “o capoeirista aprendia de
oitiva” dizia o mestre. O que caracterizava
a Capoeira regional era sua “sequência de
ensino” esta sequência e uma série de
exercícios físicos completos e organizados
em um número de lições básicas e
eficientes.
Fonte: http://portalcapoeira.com
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6 HISTÓRIA DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA
O início da história da Capoeira em Recife pode-se dizer que estava mais para sangrenta que
para arte ou jogo. De acordo com Marques (2012), os crimes com os quais a Capoeira estava
correlacionada eram quase sempre lesões corporais leves, graves, portes de armas, “distúrbios”,
“arruaças”, “vagabundagens” e homicídios. A utilização de facas pelos capoeiristas e outros
criminosos no Recife fez com que os jornais noticiassem verdadeiros duelos à base da bicuda e
do cacete. Em 1904, o Correio do Recife, por exemplo, citava que diversos “moleques” jogavam
Capoeira armados de facas de ponta e cacete na Campina do Bodé, bairro de São José
(MARQUES, 2012, p. 35).
Infelizmente por vezes, o termo Capoeira era dado como qualidade pejorativa aos indivíduos
qualificados como capoeiras na metade do século XIX. E ainda com Marques: “[...] As teias de
capoeiragem tecidas entre os capoeiras e as forças armadas podem ser vistas em Recife,
sobretudo, quando os diversos batalhões no Recife saíam ou regressavam de seus exercícios,
marchas e desfiles (MARQUES, 2012, p.47).”
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Macaco, Aqualtene, Danbraga, Subupira, Adalaquituxe), 25% de Índios e 5% de Portugueses
Brancos foragidos (Mestiços, portugueses, Franceses e Espanhóis).
Toda essa miscigenação racial criou uma cultura étnica, religiosa, dialeto, Capoeira, culinária,
relações culturais onde a terra era patrimônio de todos e as decisões de Ganga eram decididas
pelo concílio dos anciões Zama, que representava os patriarcas de cada família.
Palmares foi a maior república socialista de América, formava um arco-íris racial do povo
Brasileiro (Negros, Mamelucos, Índios, Cafuzos, Sararás, Mulatos e Brancos etc.) nessa
sociedade surgiu a Capoeira com a fusão das culturas negras, indígenas e brancas. O negro
contribuiu com o N’Golo, a ginga, mandinga, com seus instrumentais, pandeiro quadrado,
atabaque Islâmico, agogô e mais tarde o berimbau (urocongo). Os Índios com as marimbas,
xererê, atabaque de tronco oco e pele de anta, com movimentos que imitavam os animais.
Ouviu-se falar de Capoeira pela primeira vez durante as invasões holandesas, em 1624, quando
os índios, e Negros escravos, (as duas primeiras vítimas da colonização). Aproveitando-se da
confusão gerada, fugiram para as matas, aumentando o contingente dos Quilombos dos
Palmares. Salientamos que o primeiro Quilombo registrado foi em Pernambuco (Cumbi) no ano
de 1558.
Em 1678 foi registrado a chegada de Ganga Zumba, Rei dos Palmares ao Recife onde foi
recebido pelo então Governador Souza de Castro. Por várias vezes Ganga-Zumba com seus
guerreiros maus vestidos chegaram a Recife, convidado pelo Governo de Pernambuco a respeito
de muitos escravos fugirem para os Quilombos e deixando grandes prejuízos para os fazendeiros,
que precisavam da monocultura escrava. Do acordo firmado entre Zumba e o Governo
Constituinte, nada foi cumprido por parte do poder Constituído. Também durante uma dessas
visitas Ganga-Zumba foi envenenado pelos seus próprios colaboradores manipulados pelo
Governo Pernambucano.
6.2 Zumbi
Assumindo o comando o guerreiro Zumbi quando criança havia sido raptado por Bandeirantes
ou Caçadores de Escravos e criado por um Padre em Recife, que aos 15 anos já era coroinha e,
aos 25 anos fugiu para os Quilombos dos Palmares ficando no lugar de Ganga-Zumba, mas foi
morto no dia 20 de Novembro de 1695 pelo perverso Domingos Jorge Velho. A sua cabeça foi
colocada em sal e enfiada em um poste na frente da Igreja do Carmo para mostrar a seus
seguidores que seu defensor havia sido vencido. Hoje existe o monumento do mesmo, e a data
de sua morte é comemorada o dia da Consciência Negra. Segundo a lenda, Zumbi era um nato
lutador de Capoeira. O Reinado de Zumbi Durou 14 anos.
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6.3 Quilombos em Pernambuco
No Brasil, ainda existem comunidades negras rurais remanescentes dos quilombos, frutos de
um processo social que nunca foi estático e que enfrenta até hoje inúmeros desafios no que se
refere à cidadania e identidade cultural. Gomes (2015) organizou em um quadro por ordem
alfabética as comunidades quilombolas reconhecidas e certificadas no Brasil considerando os
estados da federação no qual estão identificadas 174 comunidades em Pernambuco conforme se
observa no quadro a seguir:
Pernambuco:
Município X Quantidade de comunidades quilombolas:
Afogados da Ingazeira: 4; Afrânio: 1; Agrestina: 3; Águas Belas: 3; Alagoinha: 2; Arcoverde: 11;
Betânia: 6; Bezerros: 2; Bom Conselho: 6; Brejão: 2; Buíque: 2; Cabo de Santo Agostinho: 2;
Cabrobó: 5; Capoeiras: 5; Carnaíba: 4; Carnaubeira da Penha: 3; Casinhas: 1; Catende: 1; Cupira:
1;/ Custódia: 18; Floresta: 2; Garanhuns: 8; Goiana: 1; Iati: 1; Ibimirim: 1; Iguaraci: 1; Inajá: 1;
Ingazeira: 2; Itacuruba: 3; Lago dos Gatos: 2; Lagoa do Carro: 1; Lagoa Grande: 1; Mirandiba: 13;
Olinda: 1; Orocó: 5; Panelas: 2; Passira: 3; Pesqueira: 1; Petrolândia: 1; Petrolina: 2; Quixaba: 1;
Recife: 1; Rio Formoso: 1; Salgadinho: 2; Salgueiro: 5; Saldá: 1; Santa Maria da Boa Vista: 3; São
bento do Una: 9; São José do Egito: 1; Sertânia: 8; Terra Nova: 2; Triunfo: 5 e Vicência: 1.
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7 MESTRE PIRAJÁ E O GRUPO SENZALA
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No Carnaval de 1973 saiu com uma ala de berimbau e capoeiristas jogando a Anglo-Regional
na Escola Gigante do Samba.
Na época iniciaram dezenas de alunos participando de aulas teóricas, práticas, cursos, exames,
e apresentações de Capoeira em todo Estado, divulgando a Capoeira Pernambucana.
Já Em 1981, existiam 7 (sete) Academias de Capoeira em todo Estado de Pernambuco, “Grupo
Senzala de Capoeira” no Morro da Conceição, Instrutor Pirajá; “Studio de Arte Física” em Boa
viagem, Instrutores: Mulatinho e Bigode; “Viva a Bahia” Bairro do Prado, Instrutor: Galvão; “Grupo
Cajueiro Seco de Capoeira” em Prazeres, Instrutor: Paulo de Prazeres ou Paulo Guiné; “Grupo
Marco Coca-Cola de Capoeira” em casa Caiada – Olinda; “Grupo Lázaro Africano de Capoeira”
no Amaro Branco – e Boi Castanho em Casa Forte, Instrutor Zumbi Bahia.
A foto acima é uma verdadeira relíquia da Capoeira pernambucana, pois foi tirada em 1987. É
a foto dos primeiros cordas vermelhas formados pelo Grupo Senzala de Capoeira.
Nesta época na rua Gervásio Pires, foi criado um Centro para os do Recife com os instrutores:
Zumbi Bahia e Mulatinho. Neste mesmo ano, mês de Agosto, havia entrado em contato com o
Instrutor Zulu de Brasília - DF. Reuniu-se com os líderes dos grupos acima citados no objetivo de
modificar as cordas que eram nas cores da Bandeira Brasileira, passando a ser conforme as cores
dos Orixás da Umbanda com irradiação nas cores: Azul= Iemanjá; Marrom= Xangô, Verde=
Oxóssi; Amarelo= Oxum; Roxo= Iansã; Vermelho= Ogum; Branco= Oxalá. Onde os instrutores
dos grupos acima, passaram a usar cordas vermelhas, e os mais graduados passaram usar corda
marrom, foi aí que houve evasão de graduados que não aderiram ao novo sistema de graduação
até hoje.
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Figura 5: Música do Grupo Senzala de Capoeira do Carnaval de 1970.
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Figura 6: Carteira do Grupo Senzala de Capoeira
No ano de 1986, data que na época já existia Mestres Cordas Vermelhas formados em outros
estados do Brasil, o Mestre Conde Pirajá, foi novamente o pioneiro a convocar uma bancada de
Mestres corda vermelha, são eles: João Mulatinho do Bairro de Boa Viagem; de Santo Amaro,
Zumbi Bahia; Paulo Guiné de Prazeres; Galvão, bairro do Prado; Marcos Coca-cola de Olinda.
Todos com seus auxiliares para examinar os graduados Cancão e Espinhela. Dessa primeira
turma, em 10 de Maio de 1987, na sede da Escola de Samba Galeria do Ritmo, através de exames
e planos de aulas, só cinco (05) conseguiram chegar à corda vermelha, que era a maior graduação
na época, recebendo o Título de “Instrutor”: Cancão, Espinhela, Duvalle, Barrão, Todo-duro, que
hoje divulga a existência da Capoeira Pernambucana em vários estados do Brasil e dezenas de
países.
O Mestre Conde Pirajá é o Primeiro Membro fundador e Presidente do Conselho Superior de
Mestres da UNICALEN; Primeiro Presidente e Mentor da Associação dos Capoeiras Pernambuco
(ASSOCAPE) com sede na Casa da Cultura.
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7.3 Mestre Pirajá em Literatura de Cordel
Se você me escutar Vou falar de um grande Mestre Mas o negro por ser forte
Vai sair ganhando O seu nome digo já Praticou as escondidas
É só você esperar Conhecido lá no morro Enfrentando até a morte
E comigo ir contando. Como Conde Pirajá. Do branco as investidas.
Vou falar de um assunto Ensinou foi muita gente Capoeira minha gente
Que vai chamar atenção Em quase todo o Brasil Não tem discriminação
Que é muito badalado É bastante experiente É jogo bem praticado
No Morro da Conceição. Bom, amigo e gentil. No morro da conceição.
No quilombo dos Palmares Agora vou lhe falar Quem gosta de capoeira
Escondidos Negros dançou Dos alunos do mestre E deseja praticar
E dela também fez luta Eles são bons de jogar Só basta subir no morro
E contra o Branco usou. São uns cabras bons da peste. Procurar o Pirajá.
Até que um dia o branco Tem cuscuz, tem espinhela O Cuscuz é destemido
Por lei fez o negro irmão Tem Luiz touro e Pêu também Modesto e com razão
E estudou a capoeira Caboclo, Morcego e Pácua Aprendeu a capoeira
Jogo da libertação Outros alunos ele tem. No Morro da Conceição
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Capoeira meu amigo Aos outros que eu não falei Mestre Pêu é pescador
Vou ti dizer como é, Peço agora meu perdão Joga boa capoeira
Tanto joga homem Se estiver aqui presente Faz parte da UNICALEN
Como menino e mulher. Por favor levante a mão. É amigo a vida inteira.
A Capoeira que há anos Vou deixar o meu aviso Agora vou lhe falar
Ficou muito reduzida Por favor esqueça não O meu nome é Espinhela
Proibida pelos brancos Capoeira meu amigo Desde novo sou valente
Não pode ser reconhecida. É jogo de libertação. Não gosto de fazer trela.
OBS: Este cordel foi inscrito no mês de Janeiro de 1982, por Admilson Barros e Casimiro Junior,
com apoio do Grupo Senzala de Capoeira, e associação dos Moradores do Morro da Conceição,
Centro de Comunicação do Córrego José Grande, Adaptado por Mestre Espinhela em 1987.
UNICALEN – Pernambuco imortal, imortal!
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8 A CAPOEIRA E O FREVO PERNAMBUCANOS
O frevo nasceu entre o final do século XIX e início do século XX, em Recife e Olinda
(Pernambuco), época em que a Capoeira foi proibida na região, vista como uma prática marginal,
como mostra o recorte de uma publicação da época do Diário de Pernambuco (edição de 15 de
dezembro de 1864), em que se transcreve um ofício do coronel comandante das armas: "Pelo
reprovado costume adotado pelos escravos nesta cidade, de acompanharem as músicas militares,
dando a uma ou a outra vivas e morras, apareceram desagradáveis conflitos e isto há muito.
Ontem, o partidista de uma dessas músicas - Melquíades - preto, escravo, deu, no meio dos gritos
de um e outro lado, uma facada no pardo, também escravo Elias, dizendo-se ser o ofensor
partidista de uma das músicas e ofensor de outra."
De origem afro-brasileira, como não poderia deixar de ser, essa riquíssima manifestação surgiu
do encontro da música com a dança nas comemorações carnavalescas. Era antes um ritmo
musical, fusão entre maxixes, dobrados e as clássicas marchinhas. Era quente, botava o povo
para ferver, "frever": "efervescência, agitação, confusão, rebuliço; apertão nas reuniões de grande
massa popular no seu vai-e-vem em direções opostas como pelo Carnaval" (recorte do livro
"Vocabulário Pernambucano", de Pereira da Costa)
Pedro Abib, em seu texto "Festa, Capoeira, Frevo e Samba" diz que: "O frevo, que ao que tudo
indica, surgiu a partir dos blocos carnavalescos do Recife e Olinda, no início do século XX, onde
a rivalidade entre essas agremiações, fazia com que houvesse o enfrentamento entre elas,
quando os caminhos se cruzavam durante a festa. Por isso, a necessidade de haver valentões
dispostos a esses enfrentamentos – geralmente capoeiristas, que iam à frente desses cordões e,
ao som das orquestras de metais e percussão, evoluíam com seus passos ágeis e coreografias
bem desenhadas, dando origem à essa dança tão popular no carnaval de Recife e Olinda."
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8.2 Nascimento do Passo: Entre o Frevo e a Capoeira
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As sombrinhas eram comumente usadas como arma de ataque e defesa e o frevo como dança
surgiu a partir desses homens pobres e taxados de violentos. Os foliões começaram a imitar os
movimentos dos capoeiristas, que abriam caminho para as bandas e enganavam a polícia com
seus passos. Foi daí que surgiu os primeiros passos do frevo.
Hoje em dia o frevo é considerado Patrimônio Imaterial da Humanidade, pela Unesco, tornou-
se símbolo da folia pernambucana.
É muito importante olharmos para a origem do frevo e perceber que nem sempre foi uma dança
de pessoas com roupas brilhantes e sombrinhas coloridas. Sua origem foi liminar. Foi resistência
e necessidade de extravasar uma vida de exclusão e marginalidade do povo negro, do povo da
Capoeira.
Capoeira é dança, luta, arma de empoderamento e resistência. Sua história se desenhou pelo
Brasil afora, contribuindo para transformação e a construção da identidade de cada região do país.
Fonte 2: ANDRADE, Maria do Carmo. Nascimento do Passo. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco,
Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>./ Acesso em 15 de setembro de 2018
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9 UM POUCO SOBRE PERNAMBUCO
Pernambuco é a sétima unidade federativa mais populosa do Brasil, e possui o décimo maior
PIB do país e o maior PIB per capita entre os estados nordestinos. Já sua capital, Recife, é sede
da concentração urbana mais rica e populosa do Norte-Nordeste. Também fazem parte do seu
território os arquipélagos de Fernando de Noronha e São Pedro e São Paulo. Sua capital é Recife
e a sede administrativa é o Palácio do Campo das Princesas.
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br
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10 HISTÓRICO DO SISTEMA IDEÁRIO DE GRADUAÇÕES
A partir de agora, vamos explanar sobre alguns sistemas de graduações das muitas
existentes em Pernambuco. Salientar que os sistemas que serão mencionadas neste manual,
NÃO SÃO E NUNCA FORAM OS ÚNICOS SISTEMAS DE GRADUAÇÕES EXISTENTES EM
PERNAMBUCO.
1º é o sistema de graduação de Mestre Bimba; 2º é o sistema de graduação que leva as cores
da bandeira brasileira; 3º é o sistema de graduação que tem as cores dos Orixás da Umbanda; 4º
é a proposta pelo Sistema de Unificação da Capoeira de Pernambuco, que tem por base as cores
da bandeira pernambucana.
Fonte: http//capoeiramestrebimba.com.br
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10.4 Sistema de Graduação da Unificação Pernambucana
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10.4.2 História da Bandeira Pernambucana
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10.4.3 Sistema de Graduação da Unificação com as Cores da Bandeira Pernambucana
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10.4.4 As Cores do Sistema de Graduação da Unificação Pernambucana
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Modalidade Infantil
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10.5 Significado das Cores da Graduação do Sistema da Unificação Pernambucana
GRADUAÇÃO INFANTIL
6ª Etapa – 6ª Fase
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Figura 16: Significado das Cores da Graduação da Unificação – Juvenil / Adulto
Verde e Amarelo (Aluno Intermediário): É a junção da floresta com o sol, ou seja, valorização
do aprendizado juntamente ao despertar da consciência do caminho a percorrer.
Verde e azul (Aluno Graduado): É a junção da floresta com o mar, onde a solidificação e
aprimoramento do aprendizado se dá em conjunto com a imensidão do caminho que ainda se
tem a percorrer.
Amarelo e azul (Aluno Estagiário): Transformação e valorização da próxima etapa do caminho
a percorrer.
Verde e vermelha (Instrutor): É nesta graduação que o capoeirista procura superar a dor física
e psicológica e permanecer na busca dos conhecimentos e da defesa dos ideais.
Amarela e vermelha (Professor): Cicatrizes – é nesta graduação que busca a sabedoria, força
e o conhecimento.
Vermelho (Mestre 1º Grau): Justiça - “Sangue de Luta” – É a fase em que o capoeirista adquire
a consciência da responsabilidade que tem com a Capoeira, procurando conduzir o seu trabalho
e as suas decisões com justiça.
Vermelho e Branco (Mestre 2º Grau):Justiça e Paz: Transformação – É nesta graduação que o
capoeirista procura desenvolver todo o seu potencial, no sentido de agregar valores e manter
os ideais da Capoeira, uma vez que está na fase de preparação para assumir a graduação
máxima dentro do sistema de graduação da unificação pernambucana. Outrossim, é necessário
decidir com precisão, acerto, honestidade, lealdade, respeito e acima de tudo com sabedoria,
inteligência e imparcialidade.
Branca (Mestre Velha Guarda) - Paz: Simboliza resistência à opressão, à luta e a sobrevivência
dos antepassados que renasce no presente com sabedoria tendo como leme: força, garra e
determinação.
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10.6 Sugestões de Critérios Avaliativos do Sistema de Graduação da Unificação
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resistência com tesoura de frente; benção; ponteiro; encruzilhadas; vingativas; coice de mula;
como se comportar na roda; como chamar outro jogador; comprar jogo; como dar a volta ao
mundo; como sair do jogo; fazer um jogo de Angola; jogo de Banguela; jogo solo. Conseguir
realizar: 1ª e 2ª Sequências da Capoeira Regional Baiana (Ver na página 58 deste manual).
PARTE MUSICAL: Chamada do berimbau; fazer 3 coro da música da academia; toque de Angola
no berimbau; pandeiro; atabaque; agogô e bater palmas. E ainda tocar no berimbau: Angola, São
Bento Pequeno, São Bento Grande de Angola e cantar música do grupo.
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PARTE TEÓRICA: Escrever um artigo sobre o que a mesa examinadora pedir.
PARTE FÍSICA: Gingas; aú; rolamentos; ponte; cocorinha; mortal; trava; tranco; paulistinha;
palhaço; gravatas; cabeçadas; balão de lado; torções; chapa de chão; chibata; passa pé; rasteira
de frente; rasteira de costa; chapéu de couro; chamada da palma; bananeira; arqueado; dentinho;
balão do aú. E ainda conseguir realizar: 1ª, 2ª,3ª, 4ª e 5ª Sequências da Capoeira Regional Baiana
(Ver nas páginas 58 - 60 deste manual).
PARTE MUSICAL: Toque de Angola; São Bento Pequeno; São Bento Grande de Angola; São
Bento de Regional; Banguela; Cavalaria; Iuna. Saber tocar os seguintes instrumentos musicais:
atabaque; pandeiro; reco-reco; agogô e saber cantar duas músicas e duas ladainhas.
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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
pescoço; voo do morcego; cutilas; godeme5; cotoveladas; joelhadas; escala; forquilha; asfixiante
ou direto; galopante ou tapão. Conseguir realizar: 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª,6ª, e a 7ª Sequências da
Capoeira Regional Baiana (Ver nas páginas 58 - 61 deste manual).
E ainda:
1º) Ter certo diálogo com alunos sobre a história da escravidão, quilombo, e trajetória da Capoeira;
os fundamentos da Angola e métodos da Regional; tradição; uniforme; entrada e saída da roda
etc. / 2º) Volume de jogo: destreza, variedade, objetividade, eficiência etc./ Técnica: perfeição dos
movimentos e efeitos típicos, condições físicas e conhecimento da lesão que os golpes podem
provocar etc.; harmonia do jogo conforme o toque e ritmo; entrosamento entre ataque e defesa
etc.; / 3º) Conhecimento dos instrumentos, como instalar na roda, toques, cânticos, noções de
Primeiros Socorros.
PARTE MUSICAL: Toque de Angola; São Bento Pequeno; São Bento Grande de Angola; São
Bento de Regional; Banguela; Santa Maria; Cavalaria; Iuna; Amazonas; Idalina; Samba de Angola.
Saber tocar os instrumentos musicais: atabaque; pandeiro; reco-reco; agogô e saber cantar duas
músicas e duas ladainhas.
Ser aluno formado / Ter idade mínima de 20 anos / Conhecimentos prático e teórico avançado da
Capoeiragem I (Exame Técnico) / Ter 2° grau completo / Curso de 1° socorros (40 horas) (T/P) /
Curso de didática aplicada ao ensino de Capoeira I (20 horas) / Noções de aplicação de ensino. /
Método de ensino / Noções de anatomia (40 horas) / Divisões da anatomia humana (06 H) / Divisão
do corpo humano (04 H) / Osteologia básica (10 H) / Miologia básica (10) / Angiologia básica (10)
/ Curso de História da Capoeira I (10 horas) / Origem da Capoeira / Estilos da Capoeira e seus
principais expoentes / Vertentes da Capoeira contemporânea.
5 O termo sofre variação gomedi ou godeme, onde irá depender do local e do grupo de Capoeira.
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Capoeira I (20 horas) / Conceituações e Princípios gerais /Organização de Competição / Órgãos
Desportivos / Forma de Competições (Torneios e Campeonatos) / Introdução à Competição de
Capoeira / Curso de História da Capoeira II (20 horas) / As Grandes Navegações / História Política
do Descobrimento à República do Brasil / Descobrimento / Brasil Colônia / Brasil Império /
Independência do Brasil / História da Escravidão no Brasil /Escravidão Indígena / Escravidão
Negra / Tráfico de Escravos / Quilombo dos Palmares / Leis de Libertação.
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de Psicologia Geral (20 horas) /Cursos Técnicas de Dinâmica de Grupo (20 horas) / Curso Noções
de Direito Aplicado a Capoeira (20 horas) / Curso de História da Capoeira IV (20 horas) /
Desportização da Capoeira no Brasil, nos Estados, e Municípios / Desportização da Capoeira
Mundial / Curso de Credenciamento de Avaliadores (20 horas).
2. Curso de Oratória
O curso de oratória tem como objetivo desenvolver por meio de uma metodologia moderna,
participativa e colaborativas a competência e habilidades de se posicionar na fala com
naturalidade em público.
4. Linguística
O curso aborda os conceitos de fala, língua e linguagem, comunicação e texto. Apresenta os
elementos da comunicação e as funções da linguagem dentro do universo do texto verbal e não-
verbal, destacando a importância da variação linguística. As noções de texto e a tipologia textual
dão estrutura para o conhecimento de vários tipos de textos até a prática de leitura e redação.
6. Geografia
O curso deverá explanar sobre a geografia de Pernambuco e do Brasil para um melhor
conhecimento e entendimento por parte dos participantes do início da Capoeira em nosso
país.
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11 OS GESTOS E A GESTUALIDADE CORPORAL DOS MOVIMENTOS E GOLPES DA
CAPOEIRA
A Capoeira é uma das práticas corporais mais presentes no Brasil, com mais de 6 milhões de
praticantes, além de ser difundida internacionalmente – em mais de 170 países. Sua importância
também pode ser denotada por ter sido, no ano de 2008, identificada como bem cultural, registrado
pelo governo brasileiro, tornando-se patrimônio nacional, por indicação do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/MinC), órgão do Ministério da Cultura (OLIVEIRA; LEAL,
2009).
Em um jogo de Capoeira, os saberes do corpo nem sempre são transmitidos de modo explícito,
é no silêncio do gesto, no movimento do corpo, no espaço físico que tudo vai acontecendo. E é
onde os indivíduos se afirmam enquanto seres capazes de perpetuar a tradição que partilham,
interagem, comunicam, produzem e afirmam a Capoeira como elemento da cultura que
potencializa os sentidos e significados da gestualidade nos jogos de Capoeira. São relações que,
em alguns momentos, revelam e em outros, escondem saberes que determinam a passagem do
signo à expressividade.
Gestos são movimentos corporais. Então, se a Capoeira envolve movimentos corporais que
significam algo para um outro em inter-relação, em um grupo social (capoeiristas), podemos
defender a Capoeira também como uma linguagem cuja variação linguística está no sentido de
cada gesto e na nomenclatura de cada movimento.
Para (MCNEILL, 1992): “os gestos são essenciais na comunicação e inseparáveis na linguagem
verbal; o ato espontâneo de mover as mãos, os braços e a cabeça durante a comunicação é
entendido como gesto”.
Um dos maiores mestres de Capoeira do passado histórico foi Vicente Ferreira Pastinha, que
deixou grande legado e ensinamentos. Conforme Decanio Filho (1997), “a Capoeira Angola só
pode ser ensinada sem forçar a naturalidade da pessoa. O negócio é aproveitar os gestos livres
e próprios de cada um”. Quando se pretende ensinar ou aprender movimentos corporais na
Capoeira, deve-se seguir sua leveza, intuição e assim, a pessoa expressará sua própria versão
da Capoeira, já que o dançar (gingar) na Capoeira permite a criação de uma forma individual de
movimentos.
As técnicas corporais da Capoeira contribuem para um aprendizado que comunica valores
éticos e culturais. Se compararmos a Capoeira a uma linguagem, os movimentos seriam as letras
e o jogo, as frases completas.
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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
12 TIPOS DE MOVIMENTOS CORPORAIS DA CAPOEIRA
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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
12.1.2 Movimentos básicos: Os Movimentos Básicos são os golpes de defesa, a citar: Aú,
Cocorinha, Negativa e Rolê. São movimentos que exigem do capoeirista domínio nas
qualidades físicas de base: equilíbrio, destreza, agilidade, resistência, coordenação motora e
reflexo.
Aú - Parece ser um movimento fácil, mas não o é. É na verdade, um movimento complexo que
tanto é usado na defesa para ter afastamento, quanto de aproximação do adversário. Exige que
a pessoa esteja com o corpo de ponta a cabeça, sustentado pelas mãos e braços e com as
pernas elevadas.
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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.56 Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.56
Figura 20: Imagem do movimento - Negativa Figura 21: Imagem do movimento - Rolê
Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.57 Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.57
12.1.3 Movimentos Traumatizantes, São golpes que têm o objetivo de atingir o adversário em
forma de pancada, provocando traumatismo: 1.Armada / 2.Asfixiante / 3.Bochecho / 4.Cabeçada
/ 5.Chibata / 6.Chapéu de Couro / 7. Cotovelada / 8.Chave / 9. Escorão / 10.Esporão /
11.Galopante / 12.Godeme / 13.Joelhada / 14. Martelo / 15.Meia-lua de Compasso /16.Meia-lua
de Frente / 17.Ponteira / 18.Palma ou Escala / 19.Queixada / 20.Salto mortal / 21.Suicídio
/22.Telefone / 23.Voo de morcego.
OBS.: Essa lista não é exaustiva, inclusive, muitos termos sofrem mudanças de nomenclatura.
Figura 22: Imagem do movimento - Aplicação do Escorão Figura 23: Imagem do movimento - Joelhada
Frontal
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Figura 24: Imagem do movimento - Cotovelada Figura 25: Imagem do movimento - Galopante
Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.61 Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.61
Figura 26: Imagem do movimento - Banda de Costas Figura 27: Imagem do movimento - Vingativa
Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.58 Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.58
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Figura 28: Imagem do movimento - Rasteira Figura 29: Imagem do movimento - Tesoura de Frente
Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.59 Fonte: Hélio, Campos. 2003, p.59
12.1.5 Golpes de Projeção ou “golpes de queda” são movimentos que exigem destreza e
rapidez do capoeirista já que é necessário habilidade motora, criação mental, reflexo, muita
coragem e acima de tudo poder de decisão. De acordo com Campos (2009, p.65): “Mestre Bimba
criou esses golpes no intuito de mostrar ser a Capoeira Regional uma luta bem completa, pois
livraria o capoeirista – seus alunos – de uma situação de embaraço, quando estivesse acuado
ou mesmo agarrado. Desse modo, os golpes de projeção proporcionariam que o adversário fosse
açoitado para longe, dando uma nova oportunidade para que se reiniciasse a luta em outras
circunstâncias mais favoráveis ao capoeirista pelo maior espaço de ação. Os golpes conhecidos
são: Arqueado, Crucifixo, Balão de lado, Balão cinturado, Dentinho, Açoite de braço e Gravata
alta”.
12.1.6 Golpes ligados, ainda em Campos (2009, p. 65): “fazem parte da Capoeira Regional
como uma criação de Bimba, visando ensinar seus alunos a se livrarem de situações de luta,
nas quais o capoeirista era deliberadamente agarrado”.
A Ginga é movimento fundamental da Capoeira existindo várias formas de gingar, onde cada
capoeirista identifica-se pela sua forma de gingar, que é o livre expressar, lançando inúmeros
artifícios para enganar e distrair o oponente. Finge que se retira e volta rapidamente, pula para
um lado e para o outro. Deita-se e levanta-se rapidamente. Avança e recua. Finge que não estar
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vendo o oponente para traí-lo. Gira para todos lados e se contorce numa “ginga” maliciosa e
desconcertante.
Golpes Básicos (8): Negativa, Queda de quatro, Queda de Rins, Cocorinha, Resistência, Aú,
Pião, Rolê.
Golpes Desequilibrantes (5): Rasteiras, Tombo da ladeira, Banda, Tesoura, Corta-Capim.
Golpes Traumatizantes (8): Rabo de Arraia, Chapa, Cutila, Cotovelada, Martelo, Cabeçada, Meia
lua de frente, Joelhada.
Chamadas ou passo a dois (4): Palma, Cruz, Cabeça, Calcanheira.
Observações:
* Através dos improvisos do corpo de cada um, pode vir a aumentar a lista de golpes.
* Não é necessário que o Capoeirista aplique todos golpes citados ‘faça o que seu corpo
condicionar’, mas para ensinar deve saber como repassar todos;
* O capoeira deve apelar por todos recursos em uma ocasião extrema;
Golpe de vista: Não se deve olhar para os olhos do oponente e sim entre as sobrancelhas, ou
ampliar a visão em todo corpo do oponente;
* Visão periférica: para ter noção do ambiente, e procurar recursos necessários para sua melhor
defesa. Agilidade, Equilíbrio e Intuição;
* É de capital importância para o capoeira, onde se devem praticar todos golpes em três
velocidades, três alturas e várias distâncias os golpes defensivos, desequilibrantes e
traumatizantes.
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13 AS SEQUÊNCIAS DE ENSINO DE MESTRE BIMBA
Para Mestre Bimba a sequência é para o capoeirista e seu ABC. Ela veio contribuir, de maneira
definitiva, para o aprendizado da Capoeira Regional.
OBS.: Todas as imagens abaixo das sequências foram retiradas do Livro: Campos, Hélio.
Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 67-79 / 89-95).
Abaixo as descrições de cada sequência.
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13.1 Sequência Simplificada
2ª Sequência – Queixada
com Bênção, perna direita.
Aluno A – Queixada com a perna direita; Queixada
Aluno B – Negativa, perna direita.
com a perna esquerda.
Aluno A – sai de Aú.
Aluno B – Cocorinha, direita e esquerda; contra-
Aluno B – aplica a Cabeçada.
ataca com Armada, perna direita.
Aluno A – defende com Rolê.
Aluno A – Cocorinha, direita; contra-ataca
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3ª Sequência – Martelo Aluno A – defende com Cocorinha e contra-
ataca com Bênção
Aluno A – Martelo, perna direita; martelo, perna
Aluno B – defende com Negativa.
esquerda.
Aluno A – sai de Aú.
Aluno B – defende com Esquiva e Palma; contra-
Aluno B – aplica a Cabeçada.
ataca com Armada, perna direita.
Aluno A – defende com Rolê.
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5ª Sequência – Arpão de Cabeça Aluno B – defende com Negativa.
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7ª Sequência - Armada Aluno A – defende com Rolê.
Aluno A – Armada, perna direita. Aluno B – ataca com Armada, perna esquerda.
Aluno B – defende com Cocorinha direita e Aluno A – defende com Cocorinha, esquerda e
contra-ataca com Armada, perna direita. contra-ataca com Armada, perna esquerda.
Aluno A – defende com Cocorinha direita e Aluno B – defende com Cocorinha, esquerda e
contra-ataca com Bênção, perna direita. contra-ataca com Bênção, perna esquerda.
Aluno B – defende com Negativa, perna direita. Aluno A – defende com Negativa, perna esquerda.
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13.2 Sequência Completa
A Sequência Completa era mais utilizada no CCFR durante o curso de especialização devido
a sua exigência técnica e física, justamente por solicitar dos alunos/capoeiristas uma habilidade
aprimorada para golpear de ambos lados.
Mestre Itapoan (1994, p.84-98), fez um estudo quantitativo da Sequência original utilizada por
Mestre Bimba, chegando à conclusão de que um aluno executa sozinho 154 movimentos e a
dupla, 308.
A realização da Sequência Completa demanda tempo, paciência e preparo físico. Todos os
movimentos devem ser praticados, tanto pelo lado direito como pelo esquerdo, com a finalidade
do capoeirista chegar o mais próximo possível da perfeição técnica. O treinamento é baseado
na repetição, utilizado tanto pelo iniciante como pelo formado. É um fundamento imprescindível
do aprendizado, porque é pela repetição que se aproxima do automatismo do movimento,
aprimorando os golpes, as esquivas, as defesas, ao tempo em que se melhora o equilíbrio,
agilidade, resistência, coordenação, força, velocidade, flexibilidade, coordenação e ritmo (HÉLIO,
Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2001)”.
ALUNO A ALUNO A
ALUNO B ALUNO B
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2ª PARTE – QUEIXADA
ALUNO A ALUNO A
ALUNO B ALUNO B
3ª PARTE – MARTELO
ALUNO A ALUNO A
ALUNO B ALUNO B
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4ª PARTE – GALOPANTE
Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 83-84.
ALUNO A ALUNO A
GODEME (mão direita) GODEME (mão esquerda)
GODEME (mão esquerda) GODEME (mão direita)
ARRASTÃO (lado direito) ARRASTÃO (lado esquerdo)
AÚ (lado esquerdo) AÚ (lado direito)
ROLÊ (lado esquerdo) ROLÊ (lado direito)
ALUNO B ALUNO B
PALMA (mão esquerda) PALMA (mão direita)
PALMA (mão direita) PALMA (mão esquerda)
GALOPANTE (mão esquerda) GALOPANTE (mão direita)
NEGATIVA (perna direita) NEGATIVA (perna esquerda)
CABEÇADA (no Aú do aluno A) CABEÇADA (no Aú do aluno A)
ALUNO B ALUNO B
CABEÇADA (no tórax do aluno A) CABEÇADA (no Aú do aluno A)
NEGATIVA (perna direita) NEGATIVA (perna esquerda)
CABEÇADA (no Aú do aluno A) CABEÇADA (no Aú do aluno A)
ALUNO B ALUNO B
COCORINHA (lado esquerdo) COCORINHA (lado direito)
MEIA-LUA DE COMPASSO (perna direita) MEIA-LUA DE COMPASSO (perna esquerdo)
NEGATIVA (perna esquerda) NEGATIVA (perna direita)
CABEÇADA (no Aú do aluno A) CABEÇADA (no Aú do aluno A)
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7ª PARTE – ARMADA
Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 86.
ALUNO A ALUNO A
ALUNO B ALUNO B
8ª PARTE – BÊNÇÃO
Fonte: HÉLIO, Campos. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 2009, p 87.
ALUNO A ALUNO A
BENÇÃO (perna direita) BENÇÃO (perna esquerda)
AÚ (lado direito) AÚ (lado esquerdo)
ROLÊ (lado direito) ROLÊ (lado esquerdo)
ALUNO B ALUNO B
NEGATIVA (perna direita) NEGATIVA (perna esquerda)
CABEÇADA (no Aú do aluno A) CABEÇADA (no Aú do aluno A)
Obs: Os movimentos / golpes aplicados no Aluno A deverão ser repetidos pelo Aluno B e
vice-versa.
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13.3 Sequência da Cintura Desprezada
Decanio (1996, p. 234) explica que: “a sequência de Balões ensina a saltar ante a ameaça
duma projeção, a cair com segurança e elegância, evidenciando a interdependência dos
jogadores, sem a qual não se joga, nem se aprende capoeira. A Cintura Desprezada era treinada
logo no início da aula, quando os alunos não estavam suados, escorregadios, era uma medida
de segurança.” Já que no início a pele do aluno ainda estava seca e que o uso da camisa de
malha de algodão em piso firme, não escorregadio, fazia parte dos cuidados para um bom jogo
de cintura desprezada.
Como na sequência de ensino, a sequência da Cintura Desprezada era realizada em duplas;
por esse motivo, outros cuidados de segurança eram alertados por Bimba. Os calouros deveriam
executar inicialmente a cintura com um aluno formado, de preferência confiável.
O jogo da Cintura Desprezada é excelente, não apenas para desenvolver a capacidade
acrobática, melhorar o repertório motor, aprimorar as valências físicas, e sobretudo, para
despertar o sentimento de responsabilidade, estimular a coragem e instigar o poder de decisão.
A cintura desprezada é composta pelos seguintes movimentos: Ginga, Meia-lua de Frente,
Cocorinha, Armada, Negativa, Aú com parada de dois apoios (Bananeira), Apanhada, Balão de
lado, Tesoura de costas, Aú, Balão cinturado e Gravata alta. Vale chamar a atenção para que os
dois alunos repitam todos os movimentos perfazendo um total de 14 exercícios, “um jogo
completo” para cada dupla.
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Figura 45: Balão de Lado Cont. Figura 46: Voo do Balão de Lado
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14 CAPOEIRA É QUALIDADE DE VIDA E BEM ESTAR
14.1 Flexibilidade
Nesta etapa deste manual iremos abordar alguns aspectos físicos que a Capoeira
proporciona. Para tanto, teremos como norteamento desta etapa o livro de Hélio de Campos,
Capoeira na Escola. Salvador: EDUFBA, 2001, p. 99-127.
A elasticidade muscular e a mobilidade articular são os dois componentes, definitivamente,
importantes na flexibilidade, mesmo que estes componentes não trabalhem separadamente e
um depende do outro.
A flexibilidade e o alongamento, na Capoeira tornam-se imprescindíveis, já que estão
presentes praticamente em toda a gestualidade dos movimentos e dos golpes. Estas qualidades
físicas são desenvolvidas nos treinos diários, e é quando possibilita um melhor aprendizado,
noção de limites do próprio corpo e uma melhor consciência corporal, desse modo, evitando
quaisquer possíveis acidentes musculares e articulares.
De acordo com (HÉLIO CAMPOS, 2003, p. 112): “A Capoeira é um excelente meio para
adquirir e desenvolver tanto o alongamento quanto a flexibilidade, haja vista que, em sua
movimentação constante, possibilita, através dos golpes, esquivas, golpes e contragolpes, que
o praticante adquira uma boa elasticidade muscular, acompanhada de mobilidade articular. Por
isso, podemos afirmar a importância e a contribuição da Capoeira como uma atividade capaz de
desenvolver a flexibilidade de maneira eficaz e de uma forma bastante natural e até espontânea”.
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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Figuras 51 e 52: Coletânea Exercícios de Flexibilidade - Parte II
14.2 Força
Por meio de pesquisas, hoje está comprovado a grande importância da força nos esportes.
Pode-se dividir a força em dinâmica e estática. Onde a força dinâmica é subdividida em força
máxima, força rápida e resistência de força.
Emprega-se a força rápida na Capoeira, em especial, nos golpes de ataque e contra ataque,
saltos e esquivas.
Segundo (HÉLIO CAMPOS, 2003, p.104): “a resistência de força tem um emprego puramente
anaeróbico e a força máxima praticamente não existe, uma vez que não é necessária.”
É com a prática diária de treinos que se pode adquirir força, já que são inúmeros os saltos e
saltitos, bem como em decorrência da movimentação entre o jogo do chão e o jogo alto, onde o
praticante trabalha a força, saindo do plano baixo para o alto, em movimentos rápidos e potentes.
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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Figuras 53 e 54 : Coletânea Exercícios de Força - Parte I
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Figuras 57 e 58 : Coletânea Exercícios de Força - Parte III
14.3 Agilidade
É a qualidade física que está presente na maioria dos esportes e, na Capoeira é uma valência
que merece destaque, haja vista que, durante o jogo, através dos variados movimentos, os
capoeiristas mostram, desenvolvem e criam situações sui generis de agilidade, para se defender,
atacar, esquivar, fintar6 e até gingar.
Podemos defini-la como a qualidade de mudar rápida e efetivamente a direção de um
movimento executado com destreza e velocidade.
Os exercícios de agilidade têm uma correlação direta com a flexibilidade, potência muscular,
equilíbrio, desenvoltura e poder de decisão. É recomendado o seu treinamento para todas as
faixas etárias e, para os jovens escolares, deve ser ministrado, com ênfase, nos jogos.
Chamamos a atenção para o fato de que esta atividade é assimilada facilmente, devido a sua
dinâmica, motivação e aos desafios que oferece, sendo também de grande valia para o futuro
atlético.
6Fintar - Palavra muito utilizada pelos capoeiristas, onde se pretende “enganar” o outro oponente, fazendo com que
o outro acredite que se vai fazer um movimento, quando na verdade, sairá um movimento totalmente diferente
daquele que se imaginou e, com isso consegue-se atingi-lo com esse fingimento. Ex.: Eu fintei e dei um golpe de
Martelo em vez de dar um Chute na lua.
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A Capoeira por si só é uma atividade de agilidade, considerando-se a sua história, a mandinga
e a filosofia, na qual estão intrínsecos os movimentos com liberdade.
O seu praticante vivencia experiências múltiplas e magníficas de movimentos, o que lhe
proporciona uma satisfação pessoal sem precedentes.
14.4 Velocidade
Velocidade é uma qualidade física existente em muitos esportes.
Segundo Hélio (2001, p. 115), “É a qualidade particular dos músculos e das coordenações
neuromusculares, permitindo a execução de uma sucessão rápida de gestos que, em seu
encadeamento, constituem uma só e mesma ação, de uma intensidade máxima e de uma
duração breve ou muito breve”.
Elencaremos algumas das variáveis dessa velocidade abaixo:
1) Velocidade de reação; 2) Velocidade de movimentos acíclicos; 3) Velocidade de
movimentos cíclicos; 4) Velocidade de segmentos.
Quem melhor nos explica sobre a acepção de cada velocidade é (HÉLIO, 2001, P. 115):
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Velocidade de movimentos acíclicos: esta qualidade se caracteriza por vários movimentos
sem uniformidade e com acelerações diferentes. Apresentam-se, esses movimentos, nos
esportes de arremessos, saltos, tênis, box, Capoeira etc.
Velocidade de movimentos cíclicos: é caracterizada por movimentos uniformes, precisos e
com repetições de fases. Exemplo: corrida, natação, remo, ciclismo etc.
Velocidade de segmentos: é a capacidade de mover os segmentos do corpo, braços, pernas,
cabeça e tronco, o mais rapidamente possível, permitindo a sucessão rápida de gestos com
intensidade máxima e duração breve ou muito breve.
Na Capoeira, o fator velocidade é muito importante, principalmente para ser usado nos golpes,
esquivas, ataques e defesas, sendo que a velocidade de reação, através do estímulo visual, é a
mais intensamente desenvolvida.
A rapidez dos golpes, na Capoeira, exige do oponente uma velocidade de reação bastante
eficaz, aprimorando, desta forma, o reflexo.
Sendo a Capoeira uma atividade eminentemente de movimentos acíclicos, torna-se deveras
interessante, uma vez que solicita de seu praticante movimentos variados dos segmentos em
todas as direções, acompanhados de um alto grau de coordenação (HÉLIO, 2001, p. 115)”.
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Figuras 63 e 64 : Coletânea de Exercícios de Velocidade – Parte II
14.5 Equilíbrio
Equilíbrio é a qualidade física que segundo (HÉLIO, 2001, p. 121), “conseguida por uma
combinação de ações musculares com o propósito de assumir e sustentar o corpo sobre uma
base, contra a lei da gravidade”. O equilíbrio é caracterizado pela diminuição da base de
sustentação e é importante para o desempenho das atividades cotidianas e para a prática da
ginástica e dos esportes”. Continuando com o mesmo autor:
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partindo das mais variadas posições e planos: alto, médio e baixo. Proporciona, desta
maneira, equilíbrio e segurança ao participante (HÉLIO, 2001, p. 121)”.
Figuras 65 e 66 : Coletânea de Exercícios de Equilíbrio
14.6 Coordenação
Sabe-se que uma pessoa executou um movimento coordenado quando é realizado com
destreza, leveza e economia para se chegar ao que se espera desta movimentação.
Em geral, o movimento é realizado com ritmo, amplitude, soltura e estilo. E é no decorrer do
movimento executado que, apenas, os músculos necessários àquele trabalho que sejam
trabalhados, enquanto o antagônico permanece relaxado.
Segundo (HÉLIO, 2001, p. 125): “Sabe-se que fatores físicos de performance têm uma
significativa influência no movimento coordenado, como: força, velocidade, mobilidade e
resistência que, em função do treinamento, podem conseguir os seguintes efeitos”:
1º melhoria técnica; 2º menor gasto energético; 3º melhoria da performance; 4º maior eficiência;
5º melhor recuperação durante o período de repouso. (HÉLIO, 2001, p. 125)”.
É com os treinos da Capoeira que se pode melhorar e desenvolver a coordenação, haja vista
ser a Capoeira um jogo que os participantes precisam utilizar sua criatividade, reflexo e destreza.
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Figuras 67 e 68: Coletânea de Exercícios de Coordenação
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15 OS INSTRUMENTOS MUSICAIS PRESENTES NA CAPOEIRA
Como não seria diferente, algumas controvérsias existem ao estudar e pesquisar sobre os
instrumentos musicais utilizados na Capoeira. Em alguns livros e relatos, folcloristas, capoeiras
e pesquisadores em geral descrevem as histórias dos instrumento de forma definitiva, o que
provavelmente corresponde à vivência da Capoeira ao longo de suas vidas.
O primeiro registro de um instrumento musical relacionado ao jogo da Capoeira aparece no
início do século XIX, em 1835. Nessa ocasião, o artista Johan Moritz Rugendas apresenta na
gravura de nome “Dança de Guerra”, o jogo da Capoeira sendo brincado ao som de uma espécie
de tambor. Esse registro é importantíssimo e clássico na Capoeira, pois comprova a utilização
do tambor durante a capoeiragem. Essa foi, sem sombras de dúvidas, a Capoeira que Rugendas
viu e viveu durante sua estadia no Brasil. Porém, o mais importante é o registro da Capoeira
como manifestação muito difundida no início do século XIX, e da importância dos instrumentos
musicais no jogo.
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BERIMBAU
Figura 70: Berimbau Figura 71: Trio de Berimbau
1. Gunga (possui a cabaça maior): de som mais grosso. É o Gunga que determina o toque e a
roda, ou seja, é ele que comanda a roda da Capoeira.
2. Médio ou de Centro (possui a cabaça mediana): Tem um som regulado entre o grave do
Gunga e o agudo do Violinha, tem uma afinação mediana que permite ao tocador executar a
melodia fazendo o solo da música.
3. Viola ou Violinha (possui a cabaça menor): É o berimbau de som mais agudo. Tem uma
cabaça pequena e bem raspada por dentro para ficar bem fina, tem um som agudo.
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O berimbau é um arco de madeira com um arame ou fio de aço estendido entre duas
extremidades (sobre o qual se comprime uma moeda ou dobrão e se percute com uma vareta)
e com uma cabaça, para efeitos de ressonância. “Em Cuba, era vinculado a cultos de origem
africana, sob o nome de “burubumba”. Aqui, conhecido às vezes como “urucungo” ou “gunga”,
só no final do século XIX é que foi incorporado à Capoeira baiana (SODRÉ, 2002, p.77)”.
2. AGOGÔ
Figura 72: Agogô de ferro Figura 73: Agogô de Castanha
do Pará Instrumento utilizado nas rodas de
Capoeira. Existem dois tipos do agogô:
o de Castanha-do-Pará e o de Ferro.
O agogô é outro instrumento muito
presente na cultura afro-brasileira.
Fonte: htttp://arteculturacapoeira.com.br
Sua entrada no Brasil aconteceu, possivelmente, com a chegada dos negros africanos.
Inclusive o vocábulo agogô é de origem nagô e significa sino.
Atualmente, se mostra presente principalmente no samba, mas também empresta seu ritmo
a outros folguedos como o lundu e até mesmo o reggae.
3. RECO-RECO OU MACUMBA
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4. PANDEIRO
Figura 75: Pandeiro Não existe roda de Capoeira sem pandeiro. É um
instrumento que também se faz presente em outras
manifestações da cultura popular brasileira. Instrumento
de percussão de origem indiana que requer considerável
técnica para ser tocado. Pandeiros podem ser feitos de
peles de couro ou de plástico. Existem em diferentes
tamanhos, os mais comuns na roda de Capoeira são: o
Fonte: htttp://arteculturacapoeira.com.br
de 10 e 12 polegadas.
As peles de couro produzem uma qualidade de som melhor, mas apresentam problemas de
afinação causados por alterações climáticas, logo as peles de plástico são mais encontradas.
Foi introduzido no Brasil pelos portugueses, que o usavam para acompanhar as procissões
religiosas que faziam. É o som cadenciado do pandeiro que acompanha o som do caxixi do
berimbau.
Ao tocador de pandeiro cabe executar e lhe é permitido floreios e viradas para enfeitar as
canções.
5. ATABAQUE
Figura 76: Atabaque Alguns estudiosos dizem ser de origem Persa e outro s
afirmam que é de origem Árabe, que foi introduzido na
África por mercadores que entravam no continente
através dos países do norte, como o Egito.
É geralmente feito de madeira de lei como o jacarandá,
cedro ou mogno cortada em ripas largas e presas umas
às outras com arcos de ferro de diferentes diâmetros que,
de baixo para cima dão ao instrumento uma forma
cônico-cilíndrica, na parte superior, a mais larga, são
colocadas “travas” que prendem um pedaço de couro de
Fonte: htttp://arteculturacapoeira.com.br
boi bem curtido e muito bem esticado.
É o atabaque que marca o ritmo das batidas do jogo. Juntamente com o pandeiro é ele que
acompanha o solo do berimbau.
É difícil saber qual o ano que o atabaque entrou no Brasil, como também não se sabe ao certo
quando começou a fazer parte dos instrumentos da roda de Capoeira. No Maculelê,
manifestação da cultura afro-brasileira cuja preservação é feita pelos capoeiristas, o atabaque
também se faz presente.
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6. CAXIXI
Figura 77: Caxixis O caxixi faz conjunto com o berimbau e sua marca é o
tempo e em outros complementa o ritmo e a
sonoridade é ímpar em alguns momentos.
O caxixi é instrumento idiofone do tipo chocalho. É um
pequeno cesto de palha trançada, em forma de
campânula, pode ter vários tamanhos e ser simples,
duplo ou triplo. A abertura é fechada por uma rodela
Fonte: htttp://arteculturacapoeira.com.br de cabaça.
Tem uma alça no vértice. Possui pedaços de acrílico, arroz ou sementes de Tinquim secas no
interior dele para fazê-lo soar.
7. FLAUTA
Figura 78: Flauta A flauta é um instrumento musical de sopro feito de
diversos tipos de madeira com formato de um tubo
oco com orifícios. É um aerofone que, a partir do
fluxo de ar dirigido a uma aresta que vibra com a
passagem do ar, emite som.
Fonte: http://falamedemusica.net
Existem vários tipos de flautas: a flauta doce, a flauta transversal, flauta alto, flauta soprano,
flauta baixo, flautim e outros tipos.
8. VIOLÃO
Figura 79: Violão Primeira hipótese para a origem do violão é a de
que seria derivado da chamada Khetara grega, que
com o domínio do Império Romano, passou a se
chamar Cítara romana. Era também denominada
de Fidícula.
Fonte: http://falamedemusica.net
Teria chegado à Península Ibérica por volta do século I d.C. com os romanos. Esse
instrumento se assemelhava à Lira e, posteriormente foram acontecendo as seguintes
transformações: os seus braços dispostos na forma da lira, foram se unindo, formando uma caixa
de ressonância, à qual foram acrescentados um braço de três cravelhas e três cordas.
81
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09. BANDOLIM
Figura 80: Bandolim
O bandolim é um instrumento musical de cordas no
formato semelhante a uma pera, podendo ter as costas
abauladas ou rectas.
As origens do bandolim remontam à Itália do século XVI,
Fonte: http://falamedemusica.net
e ligam-no ao alaúde.
10. VIOLA
Figura 81: Viola A viola também chamada viola de arco, violeta ou alto, é
um instrumento musical da família do violino (de arco e
quatro cordas), assemelhando-se visualmente a este,
inclusive na maneira de se tocar. No entanto, possui um
som mais encorpado, doce, menos estridente e mais
grave, sendo o seu registo intermédio entre o violino e o
Fonte: http://falamedemusica.net
violoncelo.
11. RABECA
Figura 82: Rabeca É um instrumento de origem árabe tendo-se notícias de sua
utilização desde a Idade Média. Ela é tocada em
manifestações populares e religiosas desde os remotos
tempos da colonização brasileira. Sua construção, a afinação
e a maneira de tocar mudam conforme a região de origem.
Ultimamente a Rabeca tem sido difundida por músicos
Fonte: http://falamedemusica.net populares que a trouxeram para os grandes centros urbanos.
12. BANJO
Figura 83: Banjo
Um banjo é um instrumento de corda da família do alaúde,
de corpo circular, com uma abertura fechada circular na
parte superior.
Baseado em vários instrumentos africanos, foi desenvolvido
no México pelos escravos e adotado por grupos de
músicos, no século XIX. É muito usado na música folk
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13. ACORDEON
Figura 84: Acordeão
O acordeão, no Brasil também chamado
popularmente de sanfona e gaita, é um instrumento
musical aerofone de origem alemã, composto por um
fole, palhetas livres e duas caixas harmônicas de
madeira. É um instrumento de tecla.
Fonte: http:// falamedemusica.net
14. SAXOFONE
Figura 85: Saxofone Saxofone, também conhecido popularmente como
sax, é um instrumento de sopro patenteado em 1846
pelo belga Adolphe Sax, um respeitado fabricante de
instrumentos, que viveu na França no século XIX. Os
saxofones são instrumentos transpositores, ou seja, a
Fonte: http://falamedemusica.net nota escrita não é a mesma nota que ouvimos.
15. PÍFANO
Figura 86: Pífano
Pífano ou pífaro ou ainda pife é uma pequena flauta
transversal, aguda, similar a um flautim, mas com um
timbre mais intenso e estridente, devido ao seu diâmetro
menor. Os pífanos são originários da Europa Medieval e
são frequentemente utilizados em bandas militares.
Fonte: http://falamedemusica.net
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16 OS TOQUES E O RITMO
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16.3 Ritmo
De acordo com o Aurélio Buarque de Holanda, o termo ritmo “é o movimento ou ruído que se
repete no tempo, a intervalos regulares, com acentos fortes e fracos”. Para (HÉLIO, 2003, p.
133): “é a força criadora e a energia vital. Preside todas as manifestações do universo e inclui as
humanas. É a forma funcional de todo o vivente. Parece ser a expressão de uma lei fundamental
do universo, que condiciona a eficácia, equilíbrio e harmonia de todo processo e forma”.
Fatores vários influenciam na aprendizagem do ritmo e movimento em relação ao resultado
final, haja vista ser o ritmo um facilitador. De acordo com (HÉLIO, 2003, p. 134):
“Facilita: movimentos belos e harmoniosos; melhor incorporação da técnica; economia de
movimentos; liberdade de movimentos; expressão natural e autêntica; reconhecimento e
consciência da mecânica do movimento; percepção sincrética da forma; consciência dos níveis
e qualidade do movimento; coordenação psicomotriz.
Reforça: a memória motriz;
Estimula: o trabalho físico e mental, econômico, diminuindo a fadiga e, consequentemente,
melhorando o rendimento-resultado”.
E ainda (HÉLIO, 2003, p. 134): “A Capoeira é uma atividade física riquíssima em movimento
e ritmo. O capoeirista precisa ter um ritmo bastante apurado para poder jogar nos diversos toques
de berimbau que determinam o tipo de jogo que devem fazer. Os toques mais usados são: São
Bento Grande, Banguela, Angola, Amazonas, Cavalaria e Iúna.
Além do mais, os alunos que participam da “roda” não apenas jogam, como se revezam,
participando da banda e coro, tocando os instrumentos e cantando. Desta maneira, o
aprendizado passa a ser completo por possibilitar a experiência pessoal em todos os momentos
da grande “roda”.
Em relação ao ritmo e ao movimento, as experiências são, a rigor, simplesmente maravilhosas
e causam uma enorme satisfação pessoal. Ao mesmo tempo que desperta no aluno a
consciência corporal, reconhecendo a mecânica do movimento, possibilita também que o aluno
tenha uma expressão autêntica com plena liberdade para criar (HÉLIO, 2003, p. 134)”.
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17 PARTITURAS DOS TOQUES DE BERIMBAU (Arquivo / UNICALEN)
Figura 87: Imagens de diversas partituras
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18 CANTIGAS DE CAPOEIRA
Não se pensa Capoeira sem ritmo musical ou ao som do berimbau, de acordo com
(WALDELOIR, 1968, p. 127), “as cantigas de Capoeira fornecem valiosos elementos para o
estudo da vida brasileira, em suas várias manifestações, os quais podem ser examinados sob o
ponto de vista linguístico, folclórico, etnográfico e sócio histórico.”
18.1 Ladainha
É um ritmo lento, sofrido, dolente, é como uma reza.
A ladainha é exclusiva do jogo de Angola e deve ser cantada antes do início do jogo.
A ladainha é cantada apenas por um solista acompanhado de berimbaus e pandeiros.
Normalmente o solista faz uma louvação aos mestres, às suas origens, à cidade em que nasceu.
Pode ainda fazer referências a fatos históricos, lendas ou algum outro elemento cultural que diga
respeito à roda de Capoeira.
As ladainhas terminam com uma chamada ao coro que pode ser: iêê viva meu mestre...; iêê
volta ao mundo...; iêê aruandê...; iêê a Capoeira...; iêê vamos simbora...; dentre muitas outras.
Esse momento do canto é conhecido como louvação ou salva.
Iê Deus é maior
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Iê Deus é maior camará
Iê pai de nós todos
Iê pai de nós todos camará
Iê volta do mundo
Iê volta do mundo camará
Iê que o mundo deu
Iê que o mundo deu camará
Iê que o mundo dá
Iê que o mundo dá camará
Iê que ainda vai dar
Iê que ainda vai dar camará
Iê galo cantou
Iê galo cantou camará
Iê cocorocou
Iê cocorocou camará
Iê faca de ponta
Iê faca de ponta camará
Iê é de furar
Iê é de furar camará
Iê que eu tô cantando
Iê que eu tô cantando camará
Iê pode escutar
Iê pode escutar camará
Iê a capoeira
Iê a capoeira camará
Iê a malandragem
Iê a malandragem camará
Iê viva meu mestre
Iê viva meu mestre camará
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18.2 Corrido
É a cantiga que se segue depois da ladainha e é a senha para o início do jogo na roda de
Capoeira.
São versos simples interpretados pelo solista e em seguida pelo coro com jogo de pergunta e
resposta. Um dos versos pode ser alterado de improviso pelo solista.
O corrido é cantado de acordo com o ritmo do jogo, seja lento ou rápido. O ritmo do jogo é
determinado pelo toque do berimbau que são na Capoeira Angola: Toque de Angola; São Bento
Pequeno e São Bento Grande de Angola.
Coro:
É como uma semente
Que você plantou
Pra colher o fruto
Tem que regar com muito amor
Coro:
Mantendo a alegria
Fazendo o ritual
Na roda da Capoeira
Quem comanda é o berimbau.
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18.3 Quadra
A quadra pouco de distingue dos corridos, por muitas vezes são consideradas as mesmas
cantigas. Entretanto há algumas cantigas onde os quatro versos são repetidos fielmente pelo
coro e nesse momento o solista tem a oportunidade de improvisar o toque berimbau.
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18.4 Chula
A chula na Capoeira Regional é a cantiga mais extensa que relata algum fato acontecido ou
conta histórias do passado.
A chula difere da ladainha por ser cantada durante o jogo e também pela presença do refrão,
que é repetido pelo coro entre uma estrofe e outra.
A chula é mais comum nas rodas de Capoeira Regional ou Contemporânea e no samba de
roda.
Alguns mestres de Capoeira Angola de Salvador (BA) chamam de chula o que outros chamam
de corrido.
Fale mal (Autor: Mestre Morcego / Grupo Pernambuco Arte Cultural - PE)
refrão: fale mal mas fale de mim verso 4 - quando eu era criança
fale mal fale de mim (2x) capoeira eu começei
verso 1 - quando você era pequeno com o mestre piraja
aprendeu capoeira comigo foi em setenta e seis
agora não dá valor refrão (2x)
diz que sou seu inimigo verso 5 - no morro da conceição
refrão (2x) uma festa aconteceu
verso 2 - quando você falar de mim quando eu vi foi capoeira
alguma coisa eu represento e o mestre apareceu
sou um calo em seu sapato refrão (2x)
ou eu sou o seu tormento verso 6 - depois fui chamar caboclo
refrão (2x) ja era de madrugada
pra fazer a capoeira
verso 3 - você que está criando cobra que a hora era chegada
cuidado pra não morder refrão (2x)
essa cobra é traiçoeira
to avisando a você verso 7 - lá no alto do pascoal
capoeira foi plantada
refrão (2x) e foi em oitenta e dois
viu ai meu camarada
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19 TIPOS DE CANTIGAS
De acordo com Waldeloir (1968, p. 217): “nas cantigas de Capoeira, o elemento folclórico é
algo marcante e em todas elas soa freneticamente aos ouvidos de quem as escuta.
A incidência sobre temas esparsos do nosso folclore, não permitiu agrupamento geral em
blocos, para melhor apreciação, entretanto isso foi possível com a maioria, surgindo daí o
agrupamento em Cantigas Geográficas, Cantigas Agiológicas, Cantigas de Louvação, Cantigas
de Sotaque e Desafio, Cantigas de Roda e Cantigas de Peditório dentre outras.”
a) Cantigas Geográficas: cantigas focalizando vilas, cidades, estados e países estão não só
nas cantigas de Capoeira, como em cantos outros do folclore.
h) Cantigas de Escárnio e Mal Dizer: as cantigas de escárnio e de mal dizer, correntes nos
cantos de Capoeiras, povoam os cancioneiros medievais portugueses.
i) Cantigas de Berço: no Brasil, as cantigas de berço, regaço e acalentar são inúmeras não só
as trazidas pelos portugueses, como as modificadas pela boca africana”.
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Ainda existem cantigas de Aspecto Etnográfico e Aspecto Sócio Histórico, como bem define
(WALDELOIR, 1968, p. 256-257):
Aspecto Etnográfico: O capoeirista de hoje durante o jogo da Capoeira, através do canto, canta
toda uma epopeia do passado de seus ancestrais.
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20 A MUSICALIDADE DA CAPOEIRA
Sabe-se que a música gera emoção e ativa muitas estruturas cerebrais, tem-se o sistema
límbico que é o responsável pelas emoções e por certos comportamentos sociais. Já no que se
refere no processo cognitivo e de aprendizagem, a música vai muito além do fazer música, uma
vez que ela pode vir a contribuir com regras de convivência e a sociabilidade entre os pares.
Segundo (HUUD, 1991, p. 57): “acredita-se que a música esteja presente em todas as culturas
humanas conhecidas”.
A Capoeira, manifesta-se de diferentes formas, podendo ser visto como jogo, como dança e
como luta. Ela assume características que não são isoladas, ou seja, atua em todas ao mesmo
tempo.
A Capoeira permite trabalhar com a música, o ritmo, a expressão corporal, a harmonia, as
manifestações artísticas e culturais, enfim, é um leque de possibilidades de o corpo humano
interagir.
Ainda com (HUUD, 1991, p. 31): “A música é uma das melhores maneiras de manter a atenção
de um ser humano devido à constante mistura de estímulos novos e estímulos já conhecidos”.
[...] “a música, entre outras coisas, é uma forma de som estruturado, como a linguagem e a
musicalidade é a aptidão de reagir aos estímulos musicais e criar música”.
De acordo com (ARAÚJO; PONSO, 2014, p. 75): “A musicalidade é responsável pelo ‘disfarce’
da luta em dança e por atribuir a ela o aspecto lúdico, o jogo. Treinando golpes que poderiam
ser fatais, o capoeirista fingia estar dançando, ou apenas, brincando com seus camaradas”.
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Figura 89: Os Benefícios da Música para a Saúde Figura 90: As 9 Partes do Cérebro
A música na Capoeira é como uma poesia da vida real, que tece acontecimentos diários, onde
identificamos diversos elementos entrecruzados, marcando a sua presença no mundo com seus
códigos e significados, dessa maneira, podemos considerar a música da Capoeira uma poesia
sonora.
Aprofundar estudos sobre a musicalidade da Capoeira é trazer à tona certa história que era
contada e cantada pelos antigos Mestres. Esses a utilizavam como forma de expressar o mais
profundo sentimento. É algo que transcende os limites da realidade, mas que é possível de ser
entendida. A música na Capoeira é uma magnífica expressão que estimula, desperta e dá
energia para os praticantes, pois ela está sempre ligada a uma expressão emotiva.
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Em algumas práticas, a exemplo da musicoterapia que trabalha com algumas áreas e dá
prioridade a certos objetivos, assim como nos informa (HUUD, 1991, p. 21):
“1.Estabelecimento de contato e comunicação; 2.Treinamento sensorial e desenvolvimento;
3.Treinamento físico e motor; 4.Treinamento social e desenvolvimento; 5.Liberação de processos
sócio comunicativos; 6.Ativação e liberação de processos emocionais; 7. Desenvolvimento da
fala e da linguagem; 8.Treinamento intelectual e desenvolvimento; 9.Estímulo ao
desenvolvimento de novos interesses, só ou em companhia de outras pessoas; 10.Treinamento
musical e desenvolvimento; 11.Desenvolvimento de autoconfiança e autodisciplina;
12.Relaxamento e afastamento de problemas”.
É por meio da música que muitas pessoas se comunicam. É pela música que muitas pessoas
veem um meio de comunicação ímpar para expressar seus sentimentos. É daí que (HUUD, 1991,
p. 22), confirma nossas informações quando diz que: “para as pessoas com dificuldade de
controle e que geralmente são receptivos à música, essa se tornará o elemento através do qual
a comunicação poderá ocorrer”.
Juntando tudo ao ritmo (instrumental e canto), teremos a cadência junta à velocidade e
intensidade dos movimentos a serem desenvolvidos. É aperfeiçoada a respiração diafragmática
com o canto, já que há o controle da respiração (inconscientemente se está educando-a) junto
com a harmonia através da motivação continuada com movimentos diferentes e alternados. A
resistência muscular, a força, a capacidade aeróbica e anaeróbica, agilidade, equilíbrio, impulsão
e flexibilidade são amplamente trabalhados com a variação dos movimentos.
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21 PRINCIPAIS ASPECTOS DA CAPOEIRA PARA A FORMAÇÃO DO SER
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n) Propiciar e estimular a confecção de seus próprios instrumentos musicais como o berimbau,
pandeiro, agogô e atabaque.
O desenvolvimento social por meio da Capoeira abrange diversos horizontes, sejam pelos
conhecimentos históricos do Brasil e a valorização da cultura afro-brasileira sejam pelos
conteúdos relativos a sua prática.
Jogar Capoeira significa respeitar a posição do outro e aceitá-lo como pessoa, quando faz sua
posição dentro do jogo, em posições que melhor lhe convém.
A Capoeira também interfere na relação afetivo-social, uma vez que o praticante estabelece
relações sociais com o grupo que está inserido, onde está treinando a Capoeira.
A pessoa, quando na prática da Capoeira, faz em uma rede de amplitude: nos movimentos,
usando de sua criatividade para criar novas possibilidades de se sair bem, ser melhor, inovando
situações e estimulando seu companheiro a fazer o mesmo e ainda se expressando juntos,
brincam juntos, jogam, comunicam, interagem, ensinam e aprendem um com o outro.
É na roda de Capoeira que é possível a relação com o companheiro, conhecendo suas
possibilidades, vantagens e seus limites. E esses são os passos fundamentais para o
crescimento do respeito mútuo e da humildade, atributos indispensáveis para o jogo da/na vida
social.
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22 A CAPOEIRA E AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS DE GARDNER
Fonte: http://hipercultura.com
Para Gardner (1994), em sua Teoria das Inteligências Múltiplas, onde representam diferentes
capacidades intelectuais. Os estilos de aprendizagem, de acordo com Howard Gardner, são as
formas pelas quais um indivíduo aborda uma série de tarefas. Para o professor de Harvard, todas
as pessoas têm todos os oito tipos de inteligência listadas, só que em diferentes níveis de
aptidão. E são justamente as experiências de aprendizagem que as torna mais forte.
A Teoria das inteligências múltiplas foi estudada pelo psicólogo Howard Gardner como um
contrapeso para ao paradigma da inteligência única. Ele propôs que a vida humana requer o
desenvolvimento de vários tipos de inteligências. Portanto, Gardner não entra em conflitos com
a definição científica de inteligência como sendo “a capacidade de resolver problemas ou fazer
coisas importantes”.
Howard Gardner e seus colegas de Harvard advertiram que a inteligência acadêmica, que é
obtida por meio de qualificação e méritos educacionais, não pode ser fator determinante para a
inteligência de alguém e sim que cada um desenvolve um tipo diferente ou todas.
Diante do exposto acima, iremos destrinchar e relacionar onde está “o capoeira e a Capoeira”
dentro das inteligências propostas por Gardner.
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22.1 Inteligência Interpessoal
A inteligência interpessoal nos permite ficar conscientes de coisas que os nossos sentidos
não conseguem captar. É uma inteligência muito valiosa para as pessoas que trabalham com
grandes grupos. Sua capacidade de detectar e compreender as circunstâncias e problemas dos
outros será maior com a inteligência interpessoal. Professores, psicólogos, terapeutas,
advogados e educadores são perfis que têm uma pontuação muito elevada neste tipo de
inteligência descrita na teoria das inteligências múltiplas.
É interessante salientar que o capoeirista tem seu grupo pessoal juntamente com seu mestre,
mas precisa sempre estar em contato com outros grupos de outras academias, e cada um desses
outros grupos tem seu modo singular de agir independentemente de pertencerem a mesma
comunidade de fala7 capoeirística.
As habilidades motoras do corpo são necessárias para utilizar ferramentas ou para expressar
certas emoções. A capacidade de usar ferramentas é considerada uma inteligência sinestésica
corporal. Além disso, a capacidade intuitiva da inteligência corporal é utilizada para expressar
sentimentos através do corpo. São particularmente brilhantes neste tipo de inteligência:
dançarinos, atores, atletas etc.
Essa é o tipo de inteligência que o capoeirista necessita utilizar todo o tempo, seja nos treinos
ou seja na roda de capoeira, já que é por meio da intuição, jogando com os seus pares e por
meio do movimento corporal que ele se expressa e se comunica.
7Para William Labov (1972) a comunidade de fala é aquela comunidade em que as pessoas compartilham normas
a atitudes sociais perante uma língua ou variedade linguística.
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22.4 Inteligência Linguística
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se não diminui o ritmo ou o movimento, o jogador pode sucumbir na roda, em outras palavras:
de dois jogando, só permanecerá um, caso, não se efetue a soma ou a subtração perfeita.
A música é uma arte universal. Todas as culturas têm alguma forma de música, mais ou menos
elaborada, o que levou Gardner a entender que há inteligência musical latente em todos.
Algumas áreas do cérebro executam funções relacionadas ao desempenho e à composição da
música. Como qualquer outro tipo de inteligência, você pode treinar e melhorar. Os mais
favorecidos neste tipo de inteligência são aqueles capazes de tocar instrumentos, ler e compor
peças musicais com facilidade.
Ao adentrar no mundo da arte da Capoeira o indivíduo trabalha sua inteligência musical ao
tocar os instrumentos musicais e cantar as músicas próprias da Capoeira.
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23 A CAPOEIRA E A EDUCAÇÃO EM PERNAMBUCO
A Capoeira se insere nas escolas desde a década de 1980. Em 2003 por meio da Lei nº 10.639
ela passa a ser conteúdo obrigatório do currículo escolar, e mais recentemente em novembro de
2014 a Roda de Capoeira foi considerada pela Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e a Cultura (UNESCO), Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Segundo (FILHO; SANTOS, 2018, p. 2): “Portanto, com a lei 10.639/03, de 09 de janeiro de
2003, que integraliza o ensino e assuntos dos estudos da História da África e dos africanos nos
currículos escolares e nos conteúdos programáticos, permite que a Capoeira se destaque como
conteúdo difuso e inerente para o acervo cultural do aluno [...]”.
Pode-se inferir que: “Capoeira: Incentivo à prática da Capoeira como motivação para
desenvolvimento cultural, social, intelectual, afetivo e emocional de crianças e adolescentes,
enfatizando os seus aspectos culturais, físicos, éticos, estéticos e sociais, a origem e evolução
da Capoeira, seu histórico, fundamentos, rituais, músicas, cânticos, instrumentos, jogo e roda e
seus mestres (BRASIL, 2014, p. 11 e 25)”.
A Capoeira é uma excelente atividade física e de uma riqueza sem precedentes para ajudar
na formação integral do aluno. Ela atua de maneira direta sobre os aspectos cognitivo, afetivo e
psicomotor. Além de desenvolver aptidões naturais, através do movimento espontâneo e
estimula a capacidade de expressão individual por meio de movimentos criativos. Favorece a
socialização e desenvolve o gosto pela música e a criatividade relacionadas ao meio instrumental
e pela própria necessidade para o desenvolvimento dessa qualidade.
De acordo com (FILHO; SANTOS, 2018, p.4): “Ao contrário do que muitos imaginam e/ou
pensam, o ensino da Capoeira no ambiente escolar pode, sim, contribuir e muito para que os
laços de amizade se estreitem entre os alunos. Além de promover um ambiente agradável,
menos sério ou agressivo, dentre outras orientações já expostas. Ela começa a se desenvolver
no indivíduo através do contato físico, no controle emocional, na pacificidade, na convivência e,
principalmente no respeito mútuo”.
Pelo viés da didática, podemos considerar a Capoeira como uma atividade física completa,
pois atua de maneira direta e indireta sobre os aspectos cognitivos, afetivo e motor. Sendo
observada como lúdica e instrucional. Também articula atividades de desenvolvimento visomotor
com desenvolvimento artístico e social levando a criança a estabelecer relações a partir dela
mesma, e é o que transforma a Capoeira em instrumento corporal multidirecional, já que permite
desenvolver na criança noções de disciplina e equilíbrio, quando conduzida adequadamente.
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24 PRIMEIROS VESTÍGIOS DA CAPOEIRA POR MEIO DA ICONOGRAFIA
Fonte: http://sociologado.wordpress.com.br
Segundo Ferreira (2013, p. 2): “A gravura de Earle - (Figura 94) - representa bem esse
momento. Vemos um soldado chegando ao local onde os negros capoeiras estão lutando,
enfatizando essas perseguições que sua prática acarretava”. E ainda: “Não há a presença de
qualquer instrumento musical e notamos três gestos bem peculiares na cena: (1) o homem
sentado parece fazer um gesto com a mão para a mulher com bebê, talvez indicando para que
não se aproxime deles – algo como “espera aí, a polícia chegou”, ou então “deixa eu ver o que
vai acontecer, não entra no meio deles”; (2) uma pessoa olha absorta a ação de uma janela, e
(3) o capoeira que está à direita segura o que parece ser um chapéu, usado para ofuscar/ludibriar
o golpe aplicado no adversário (FERREIRA, 2013, p. 2)”.
Figura 95: óleo sobre tela de Johann Moritz Rugendas Deixou sua marca em outros quadros o
intitulada Jogar capoëra - Danse de la guerre, (1835)
pintor Rugendas e em uma gravura de
1835 mostra como a Capoeira é
multicultural e que está não somente no
rural, mas no espaço urbano da Colônia,
também. Pelas palavras de Ferreira
(2013, p.5): “Ela representa a
capoeiragem que não acontece dentro da
mata, em caráter furtivo, mas perto a uma
residência, um casarão com uma igreja ao
Fonte: http://sociologado.wordpress.com.br fundo, no monte”.
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Outros aspectos interessantes dentro dessa mesma imagem - (Figura 95) - podem ser
percebidos: “Há no centro dessa imagem uma mulher sentada que cozinha e serve a cuia de
angu ao homem em pé atrás dela, que por sua vez faz um gesto de cumprimento ou
agradecimento com seu chapéu. “[...] Esta ação também pode indicar que a reunião fora
propiciada pela alimentação ou ocorrera num dos breves momentos de ócio, o que seria um
motivo pertinente para o encontro e realização do folguedo, o jogo coletivo. Há um personagem
que está com um tambor, enquanto outros gesticulam efusivamente ou batem palmas. Há
aqueles que simplesmente observam a brincadeira e talvez estivessem apenas passando, mas
resolveram ficar mais um pouco (FERREIRA, 2013, p. 5)”.
A pintura é carregada de mensagens que nos remetem à Capoeira e tão somente a ela. “A
expressão da dupla ao centro parece indicar uma tensão no jogo, prestes a se tornar uma briga,
misturada talvez a cantos, assobios e músicas que os instigam ainda mais, diluindo a expressão
da luta em forma de algazarra coletiva, polissêmica e rítmica (FERREIRA, 2013, p. 5)”.
Figura 96: Negros Volteadores (Debret – 1824) Outro artista muito importante fora Debret
que procurou demonstrar que alguns
instrumentos eram usados pelo negro em
terras brasílicas, em especial o berimbau.
O mesmo era utilizado por muitos
vendedores ambulantes, talvez, para
chamar atenção da clientela e comprar
seus produtos. No entanto, Debret não
pintou o berimbau sendo utilizado por
capoeiristas.
Fonte: http://neggrosdesinha.com.br
Figura 97: Imagem do quadro de Debret – 1824 Figura 98: Joueur d'Uruncungo (Debret – 1826)
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Outras imagens de Debret merecem ser demonstradas pois foram produzidas para
demonstrar a forte ligação entre os negros e os instrumentos que hoje fazem parte das rodas de
Capoeira. Mesmo que na época em que as imagens foram pintadas, o instrumento era
denominado de uruncungo. E sem muita ligação com o mundo capoeirístico.
Como nos afirma Ferreira (2013, p. 8): “Na primeira imagem - (Figura 97) - temos a presença
de um tocador de marimba, outro instrumento de origem africana, que parece prestar atenção às
nuances e narrativas do velho tocador de uruncungo, enquanto na segunda imagem – (Figura
98) - vemos a popularidade que este indivíduo possui, gerando uma reunião informal entre os
ambulantes, que poderia servir inclusive para transmitir e disseminar informações estratégicas
entre os outros escravos que trabalhavam nas ruas das cidades”.
Há dois homens jogando, mas outros dois sujeitos também estão em animadas posições de
atividade corporal, como se treinassem ou imitassem os movimentos ao mesmo tempo em que
acompanham o jogo no centro da roda, aprendendo de forma coletiva suas técnicas e dançando.
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25 A CAPOEIRA É ARTE!! A CAPOEIRA ESTÁ EM TODA PARTE!!
ALMEIDA, Joaquim de et al. José LOTITO, Iza. O Herói de Damião em a AROLDO, Macedo; OSWALDO, Faustino.
Moçambique e a capoeira. São Paulo: Cia descoberta da Capoeira. São Paulo: Luana – Capoeira e Liberdade. FTD, 2007.
das Letrinhas, 2007. Em José Moçambique Girafinha, 2006. Neste livro, o menino Cafindé, o lindo lugar onde Luana mora, é
e a Capoeira, Joaquim de Almeida parte de Damião, que não se reconhece em nenhum um remanescente de quilombo. Luana
um pequeno conto para falar das origens, da dos heróis que vê nos filmes e na televisão, decide ajudar seu amigo e parte em busca do
evolução e dos fundamentos da Capoeira. encontra uma roda de Capoeira e aprende instrumento perdido. Para isso, ela toca seu
nove golpes e defesas básicos da Capoeira. berimbau mágico e viaja no tempo para a
Cafindé de décadas atrás.
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Figura 101: Imagens de Capas de Livretos de Literatura de Cordel
A literatura de cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos,
foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de
literatura, principalmente na Região Nordeste do Brasil.
De baixo custo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores.
Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, políticos, secas, disputas, brigas
conjugais, brigas no geral, milagres, vida dos cangaceiros, atos de heroísmo, morte de
personalidades etc.
Em muitas das situações, estes poemas são acompanhados de violas e recitados em praças
com a presença do público.
Berimbau
(João Melo e Clodoaldo Brito Santo Antônio pequenino Bate o pandeiro caboclo
/Codó) É meu santo protetor No jogo do berimbau
Zum, zum, zum Cabra você não é sombra Biriba é pau é pau
Capoeira mata um Na Capoeira sou doutor De fazer berimbau é pau
Zum, zum, zum Biriba é pau é pau
Zum, zum, zum
Capoeira mata um De fazer berimbau é pau
Capoeira mata um
Zum, zum, zum Zum, zum, zum
Capoeira mata um Capoeira mata um
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo com esta pandemia Coronavírus (COVID -19), que assola o Mundo de Meu Deus,
venho apreciando desde 17/01/2020, este grande trabalho incansável de equipe, durante todo o
transcurso Metodológico do Manual da Capoeira de Pernambuco, imortal, imortal!!.
Tudo por via WhatsApp, por força da quarentena e comparando estas informações contidas
igual a uma colcha de retalhos, onde cada pedaço bem costurado tem os seus valores para os
futuros Capoeiristas. Sabendo, também, que as informações contida em vista são a primeira fase
desta jornada da Unificação da Capoeira de Pernambuco.
Também ficou evidente no decorrer das diversas fases do trabalho que houve várias
discórdias, que fazem parte do mundo capoeirísticos, e que as lideranças deram continuidade
plausível.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
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ANEXO A: FOTO DA PRÉ - CONFERÊNCIA DA UNIFICAÇÃO PERNAMBUCANA
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ANEXO B: BIOGRAFIAS DE ALGUNS LÍDERES DE GRUPOS QUE ADERIRAM À
IDEOLOGIA DO SISTEMA DE UNIFICAÇÃO DA GRADUAÇÃO PERNAMBUCANA
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Em 2010 fundou o Grupo de Capoeira Malta, onde teve a oportunidade de viajar para alguns
países da Europa, tais como: Dinamarca, Portugal, Alemanha, Suíça e Holanda.
Em 2019 foi escolhido para representar o estado de Pernambuco, onde recebeu o Prêmio
Berimbau de Ouro, em Salvador – Bahia.
Hoje o Grupo de Capoeira Malta está em dois países:
Na Itália com o Professor Cromado.
No Brasil com o Mestre Neném de Olinda; Contramestre Russo em São João; Contramestre
Cascavel, Professor Cobra e Professor Vovô em Garanhuns; Professor Cal em Timbaúba e
Professor Panda em Olinda e outros que trabalham pela Capoeira.
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Como inovação e liberdade que a Capoeira pernambucana nos dá, utilizamos a flauta de pífano
que também faz parte da nossa cultura pernambucana, além de ser desenvolvida como arma
para defesa pessoal.
Nosso grupo hoje é composto pelos Mestres: Kleyton Araújo, Rodrigo Cárcara, Orlando
Escorpião e Genduy Cacique, sendo os líderes e responsáveis de todas as diretrizes, além de
mim, Prof. Orlando Louva-deus e alunos.
Prof. Orlando Louva-deus.
filantrópica UNICALEN – União dos Capoeiristas Leão do Norte, pelo ícone e pioneiro da
Capoeira pernambucana, Conde Mestre Pirajá e por seu discípulo Mestre Espinhela.
Fui reconhecido na Câmara dos Vereadores do Paulista pelos trabalhos que venho prestando a
essa cidade e também na cidade do Recife em suas áreas e adjacências.
Tenho mais de 40 anos de vivência do mundo da Capoeira.
Resido no Janga – Paulista / PE.
Graduados, Sergio Ratinho, Mandala, Luiz, Mulando, Tiziu e outros. Passei a residir no Vasco
da Gama, passando a treinar e transmitir meus conhecimentos no Estúdio de Capoeira Leão do
Norte - (ESCALENO) - com Mestre Espinhela, que orientou-me o que é ser a Faculdades da
Capoeira, até minha formatura. Fui formado pela bancada de sete mestres da UNICALEN,
“Universidade da Capoeira Angolo-Regional” na presença do atual pioneiro Mestre vivo de
Pernambuco “Mestre da Velha Guarda, Pirajá”. Em 25/09/2016, fundei meu grupo (Sou
Capoeira), estou dando aulas no conjunto Beira Mar em Maranguape, no Teatro de Bonecos
Lobatinho, junto ao Contramestre Klaus, Cavernoso, Professor Branco, Formado Neny e vários
alunos.
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6 NIVALDO CORREIA DE LIMA - (MESTRE GRAÚNA)
História e Trajetória na Capoeira
Nascido no dia 29 de outubro do ano de 1978.
Meu pai trabalhava em uma fazenda de um padre, nós éramos em
cinco filhos e eu era o mais preguiçoso!
O padre gostava que todos se ocupasse em alguma atividade, por eu ser magrinho ele me levou
para aguar o jardim do Seminário já que não aguentava trabalhar forçado. Nessa época, no
seminário, morava um frade que gostava da prática da Capoeira, natural da Bahia, foi com ele
que iniciei meus primeiros passos na Capoeira.
Tempos depois eu descobri uma turma que organizava uma roda de Capoeira depois que
terminava os rituais de um terreiro de Candomblé, assim fui participar e fazer parte do grupo
que por sinal era muito desorganizado por ser de uma cidade do interior aonde as pessoas
pouco sabiam o que era Capoeira, todos se juntavam para lutar Capoeira, o ano era 1987.
No início dos anos 90 eu fui embora morar em São Paulo e lá comecei fazer Capoeira de Rua,
na companhia de dois amigos, tempos depois conheci o mestre Coló o qual iniciei
verdadeiramente no mundo da Capoeira.
No ano de 1997 fui formado a instrutor e montei meu primeiro trabalho em Cumbica - Guarulhos,
na Favela São Judas.
No ano de 2000 voltei para minha terra natal, mas pouco tempo fiquei na cidade e logo em
seguida fui morar em Maceió. Nessa época perdi o contato com meu mestre Coló, pois os meios
de comunicações eram difíceis naquele tempo, daí comecei treinar com o pessoal do Capoeira
Raça o qual passei quase quatro anos treinando.
No ano de 2004, novamente retorno para Cidade onde nasci, Bom Conselho – PE, logo comecei
dar aula nos projetos sociais.
No ano de 2007, reencontro uns amigos do grupo pelourinho da Bahia através das redes sociais,
os mesmos moram em Vitória da Conquista – BA, então descobri que meu mestre não estava
mais entre nós, esse era o motivo o qual havia perdido seu contato, mesmo assim retornei ao
grupo.
No ano de 2010 peguei minha corda Amarelo e Branco e fui reconhecido a professor pelo Mestre
Amazonas, atual Presidente do Grupo Pelourinho da Bahia.
No ano de 2011 por motivos superiores entreguei uma carta ao Mestre Amazonas aonde se
tratava do meu desligamento do grupo, assim surgiu a ideia de criarmos uma associação para
que não ficássemos de grupo em grupo ou trocando de mestre. Nesse ano eu e meus formados
tínhamos cerca de 100 alunos.
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MANUAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA IMORTAL, IMORTAL! 1ª EDIÇÃO. RECIFE-PE. 2020. 140 PÁGINAS.
Um ano depois, 2012, realizamos um grande encontro de Capoeira com a presença de vários
mestres e capoeiristas vindo de cidades e Estados vizinhos, na oportunidade, entregamos mais
de 70 graduações ao nossos alunos.
Em 2013 surgiu a ideia de realizar o primeiro encontro de capoeira dentro dos matos, o qual
Batizamos por Capoeira na Capoeira, o sucesso foi tão positivo que estamos indo para o nono
encontro em 2021.
No ano de 2014 realizamos o 2º Encontro de Capoeira na Capoeira com uma noite de festa
dentro dos matos à luz de tochas e fogueiras. No último dia de festa realizamos todos os anos,
a cerimônia do batismo de Capoeira, a troca de cordão e formatura. Nesse encontro fui
reconhecido à Contramestre pelos mestres convidados da festa.
No ano de 2017, na realização do 5º Capoeira na Capoeira, recebi o título de Mestre das mãos
do meu Mestre Cuscuz com reconhecimento da União dos Capoeiras Leão do Norte
(UNICALEN), presidida pelo Mestre Minervino Espinhela, e assinado assim, pelo Conselho de
Mestres daquela entidade.
No ano de 2020 tivemos a graça e paz de realizar o 8º Capoeira na Capoeira na cidade de Bom
Conselho.
Capoeira Quilom Brasil continua na ativa com seus frutos, que são eles:
Mestre Nivaldo Cordelista (Gráuna) Bom Conselho – PE
Professor Jackson Ferro(Tucano) Estrela de Alagoas – AL
Professor Jairo (Minoutauro) Frei Damião – AL
Professor Tanio Duarte (Palito) Estrela de Alagoas – AL
Professor Gustavo Henrique (Guga) Bom Conselho – PE
Professor Junior (Mola) Rio de Janeiro – RJ
Monitor Antônio Francelino (Gato) Sítio Bom Conselho – PE
Formado: Joselton (Xindô) Estrela de Alagoas – AL
Formado: João Paulo Felix (Espiga) Bom Conselho – PE
Graduado: Hercules (Shueck) Major Isidoro – AL
Estagiário: Rickelme (Madibú) Bom Conselho – PE
Bom Conselho – PE, 24/03/2020.
7 MESTRE BERIMBAU
Eu, Mestre Berimbau, praticante de Capoeira desde 1979.
Comecei minha trajetória na Capoeira com o Professor Moco, em Abreu e
Lima no bairro de Timbó.
Passado algum tempo, fui treinar na associação dos moradores de Abreu
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e Lima com o Professor Geraldo e passado algum tempo o professor Geraldo precisou se afastar
da Capoeira por motivo de estudos e me designou para substituí-lo.
Em seguida passei a treinar com o Contramestre China em Paratibe e depois, no começo da
década de 90, fui aluno de Moacir Catendê no bairro da Guabiraba, onde fui de Professor à
Contramestre e, onde também 6 anos mais tarde fui graduado Mestre.
O Grupo Instrumental de Capoeira foi criado quando eu ainda era Contramestre em 1995 e
estamos até os dias de hoje na nossa luta.
Assim que Catendê me formou como Mestre houve uma repressão muito grande em cima dele
por outros mestres e Catendê por pressão quis impugnar a minha graduação. Por sorte, o juiz
que analisou o caso e que me deu causa ganha, também, era capoeirista e ficou do meu lado.
Após o ocorrido, mestre Pirajá, que desde o início foi ao meu favor, me acolheu e passou a ser
o meu tutor e também responsável por mim juntamente ao Mestre Espinhela, desde então fui
aceito pelos mestres e integrado ao SOCAP.
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Em 2015 fundei o Grupo Guerreiro de Luanda, o qual temos um trabalho atuante na cidade de
Moreno como matriz e se estende por outras cidades vizinhas com alunos. Atuamos em
Escoltas, Associações e Universidades.
O grupo tem por base unificar e promover a cidadania entre todas as classes sociais.
Contamos com professores do grupo: Bode, Nado, Jefinho, Koreano, Israel, Serginho, Salatiel,
Borracha entre outros alunos formados e graduados.
O Grupo soma, atualmente, aproximadamente 80 alunos.
Eu, Mestre Romildo Pedro de Souza, Conselheiro Tutelar da cidade de Moreno-PE e formado
em Educação Física.
Fui formado Mestre em 2017 pela UNICALEN, a qual sou filiado desde a fundação do Grupo
Guerreiro de Luanda, que tive como edificador Mestre Jorge Andrade.
Mestre Espinhela sempre dando apoio e suporte para que pudéssemos seguir. Ao mesmo sou
grato por tudo.
Ao mestre Falcão, que por sua vez, ao assumir a Direção da UNICALEN esteve à frente no ato
de minha formatura de Mestre.
Outros Mestres que também sou grato: ao Mestre Pirajá por sua sabedoria e simplicidade para
comigo e todo grupo.
Finalizo: Sou grato a Deus por ter me permitido, que através da Capoeira tive a honra de
conhecer todos esses mestres citados, os quais tenho profunda admiração e gratidão.
Também agradeço a Deus por minha família e amigos, alunos do Grupo que tenho também
como familiares.
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Foi reavaliado em 1996 pelo seu mestre e retomou sua graduação, onde recebeu seu
certificado.
No ano de 1999 filia-se ao Grupo Raízes do Mestre Galvão.
No ano de 2000 junto com o professor Visconde e o Mestre Jordan fundaram o Grupo Origem,
onde era o vice-presidente.
No ano de 2001 realizou exame para mestre na UNICALEN com o mestre Espinhela, no entanto,
por problemas pessoais pediu para adiar sua formatura.
Em 2005 foi surpreso pelo Mestre Pesão (Wellington Tavares da Silva), que o graduou como
Mestre Corda Branca e entregou seu certificado no dia 23 de novembro de 2008. Neste dia
estavam presentes Mestre Pesão, Mestre Dody do Pina, Mestre DJ e vários outros participantes.
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Moro na Guabiraba em Bola na Rede na cidade do Recife/Pernambuco. Minha academia fica
localizada no bairro de Bola na Rede no Clube CFL Sindes Previ – Centro de Formação e Lazer.
Tenho 48 alunos atuante no grupo.
Iniciei na capoeira em 1988 e até a data de hoje são 32 anos de capoeiragem. Hoje tenho 37
anos de idade. Esta é um pouco de minha história na capoeira. Salve capoeira!.
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Nova Era (CNE), Em 2011 o CM Tatu Bola saiu do CNE e entrou no Grupo Santuário da
Capoeira do Mestre Toinho Pipoca.
Em 2007 o grupo Capoeira Nova Era realizou seu primeiro batizado e troca de cordas com a
presença dos Mestres, Espinhela, Toinho Pipoca, Cancão, Beira Mar e Americano, nesse
mesmo evento Capilé recebeu do Mestre Espinhela que também é padrinho do grupo a corda
amarela-roxa que representava no CNE nível avançado de professor e estágio para
contramestre e em 2016 a confirmação e reconhecimento do título de Contramestre.
Durante essa trajetória na Capoeira de Pernambuco CM Capilé enfatiza a importância do Mestre
Toinho Pipoca como seu mentor em sua base na Capoeira e também ressalta a importância dos
seguintes Mestres de Pernambuco que contribuíram diretamente em sua formação, são
eles...Mestre Zabelê, Mestre Espinhela, Mestre Pêu e Mestre Dody do Pina, entre esses
destaque para o Mestre Espinhela que pôr muitas vezes em outrora ministrou aula para Capilé,
irmãos e amigos no próprio quintal de sua casa onde hoje é a sede da UNICALEN e também
em um terreno atrás da mesma onde Capilé com seus irmãos e amigos capoeiristas limparam
para treinar.
Gratidão essa é a palavra para os ensinamentos extras e principalmente as aulas de toques de
berimbau que o Mestre Espinhela ensinou mesmo não sendo do Grupo Quilombo ele sempre
prestou apoio como faz até os dias de hoje. Por essas e outras os Mestres, Toinho Pipoca,
Espinhela, Zabelê, Pêu e Dody do Pina foram homenageados no símbolo do grupo Capoeira
Nova Era atual, onde as 5 estrelas representam esses 5 Grandes Mestres de Pernambuco.
Glória a DEUS e Salve a todos os capoeiras!
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Logo mais comecei a treinar no Grupo de Capoeira Liberdade do Contramestre Mané durante
dois anos.
Depois procurei o Mestre Kinka que era o mestre do Mestre Moleque. Dando continuidade aos
treinos no Grupo Ginga no Pé do Mestre Kinka. Logo depois recebemos uma visita e proposta
do Mestre Del Bruto para entrar no grupo e foi onde passei a ser supervisionado pelo
Contramestre Ananias.
O Mestre Kinka decidiu depois de alguns anos voltar ao seu trabalho.
Em 17/02/2019 já formado professor Pantera Negra, fundou o Grupo União Pernambuco de
Capoeira na supervisão do Mestre Kinka.
Em 12 de janeiro de 2020 recebi o título de Contramestre, reconhecimento esse do meu Mestre
Kinka e da UNICALEN.
Para mim foi uma grande honra receber o diploma do Grão Mestre Espinhela e presença e
assinatura do Grão Mestre Pirajá e Grão Mestre Morcego.
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ANEXO C: GLOSSÁRIO DOS PRINCIPAIS TERMOS UTILIZADOS NO AMBIENTE DA CAPOEIRA
1. Abadá - Calça de Capoeira; camisolão comprido e folgado usado pelos nagôs, semelhante ao
traje nacional da Nigéria.
2. Apelido - nome de guerra dado a um Capoeira, geralmente ganha o apelido no batizado.
3. Arame - Fio de aço do berimbau, geralmente é arame de pneu de carro.
4. Axé - Energia boa na roda, quanto estão todos respondendo o coro e batendo palmas.
5. Barra-vento - Toque de atabaque para o jogo de “maculelê” com facão é mais rápido que o
maculelê. Termo náutico: “lado onde sopra o vento”.
6. Bate-coxa - Variante de capoeira, onde improvisa-se uma roda, a luta para quando um dos
lutadores desiste.
7. Batizado - Onde o capoeira faz o seu primeiro jogo oficial, jogando com mestres ou
professores, recebendo sua graduação de acordo com o nível técnico adquirido durante
determinado tempo de treinamento.
8. Berimbau de boca - Tipo de berimbau usado por velhos angoleiros e cuja corda de capo-
tambo, era dedilhada ou percutida com uma faca ou vareta, à medida que o tocador corre os
dentes por ela para obter efeitos variados de som.
9. Biriba - É a madeira mais comumente usada para se confeccionar a verga do berimbau.
10. Brincar - “Jogar” – na linguagem dos capoeiristas quando estão na roda de Capoeira.
11. Cabaça - (Cucurbita lagenaria, Linneu) - É uma planta rampante. De uso múltiplo e secular
entre os utensílios domésticos, herdados da indiaria. Usa-se na construção do berimbau: numa
de suas extremidades, amarra-se uma cabaça, e esta, quanto mais seca estiver, melhor. Faz-se
na cabaça uma abertura na parte que se liga com o caule e, na parte inferior, dois furinhos por
onde passará o cordão que vai ligá-la ao arco de madeira e ao fio de aço.
12. Capoeiragem - Conjunto de técnicas da Capoeira, tipo de luta (ou jogo) criado no Brasil no
período da escravidão. Modo de vida de capoeirista e, por extensão, de desordem, malandro,
malandragem.
13. Chamada - Um dos rituais da Capoeira tradicional. As chamadas, também conhecidas como
“passagens”, erroneamente interpretadas como simples momentos de descanso durante o jogo,
constituem um momento de extremo perigo. Fazem parte dos rituais da Capoeira tradicional, e
visam a despertar a malícia dos seus praticantes. Quando for chamado, aproxime-se com
bastante cautela, pois, dentro das normas da capoeiragem, o capoeirista que chama poderá
aplicar o golpe que desejar, caso o outro aproxime-se sem o devido cuidado.
14. Coité - Fruta redonda de casca dura que depois de seca também pode ser usada no lugar
da cabaça no berimbau. Localidade no estado da Paraíba.
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15. Corda - Corda feita de algodão que o capoeirista coloca na cintura para identificar a sua
graduação.
16. Cordão - O mesmo que corda.
17. Cordel - Corda trançada de lã ou nylon, também usada por capoeiristas para identificar a
graduação.
18. Corridos - Aceleração do ritmo que o caracteriza, juntamente com o verso do cantador que
é curto e o refrão do coro que repete parcial ou total.
19. Dobrão - Moeda grande e antiga de 40 réis, que os capoeiristas usavam para tocar o
berimbau. O nome aplicou-se, por extensão, aos seixos arredondados ou às arruelas usados
para o mesmo fim. Forma de moeda feita de aço, bronze e ouro.
20. Esquenta Banho - Luta de capoeira sem acompanhamento de instrumentos, um jogo rápido
e apressado.
21. Fintar - Palavra muito utilizada pelos capoeiristas, onde se pretende “enganar” o outro
oponente, fazendo com que o outro acredite que se vai fazer um movimento, quando na verdade,
sairá um movimento totalmente diferente daquele que se imaginou e, com isso consegue-se
atingi-lo com esse fingimento. Ex.: Eu fintei e dei um golpe de Martelo em vez de dar um Chute
na lua.
22. Floreios - Movimento acrobático no chão ou no ar. São movimentos bonitos que enfeitam a
Capoeira: saltos, giros de mão ou de cabeça.
23. Formatura - Cerimônia que consagra um novo Mestre de Capoeira.
24. Graduado - Todos que têm alguma graduação na Capoeira, mas geralmente é usado para
denominar pessoas mais antigas na Capoeira.
25. Iê - Interjeição que na Capoeira significa silêncio, atenção, pare ou usado para interromper
um jogo ou para trocar de jogadores, começar e finalizar rodas.
do artigo] 1. Ave anseriforme, da família dos anhimídeos (Anhuma cornuta).
26. Jogo de Dentro - Jogo semelhante ao de Angola onde prevalece a técnica de seus
praticantes.
27. Jogo Duro - Jogo de Regional arrochado de contato, para pegar mesmo.
28. Jogo de Fora - Jogo de Capoeira Regional, mais solto.
29. Mandinga - Expressa na Capoeira um sentido profundo e complexo diferente da tradução
literária da palavra dada pelos dicionários da língua portuguesa. Entre vários significados traduz
a expressão, a esperteza, a capacidade de esconder as intenções reais de maneira lúdica, uma
força oculta que fortalece o capoeirista, um poder de hipnotizar ou distrair o adversário com tais
expressões, cheio de truques e atitudes místicas com mistérios que embelezam e tornam o jogo
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do capoeirista interessante devido às expressões teatrais incorporadas nessa expressão de
mandiga.
30. Parada de Angola - Usado no jogo de Angola, para descansar ou para trair o oponente.
31. Pé do Berimbau - Posição em frente ao berimbau.
32. Roda onde se pode “Comprar Jogo” ou “Jogo de Compra” - Expressões utilizadas em uma
roda denominada de “roda aberta”, onde pode haver interferência de um terceiro participante,
que pede para jogar com um dos dois jogadores que estão jogando dentro da roda. O participante
que interfere no jogo da dupla, deve dar uma volta dentro da roda juntamente com àquele que
pretende jogar, denominada de a “volta ao mundo”, em sentido horário. Salientar que existem
algumas regras, para àquele que “compra o jogo”, que alguns mestres adotam, a citar: 1º) um
menos graduado não pode interferir no jogo do mais graduado; 2º) é preferível pedir para jogar
com quem está ganhando o jogo, no entanto, alguns mestres dizem que é melhor tirar o que está
mais cansado, fazendo assim, com que ele recupere as energias físicas e possa retornar para
jogar com outros capoeiristas.
33. Roda - Círculo formado por capoeiristas onde duas pessoas, ao centro, jogam Capoeira,
sendo substituídas por outras ao decorrer do jogo, enquanto as pessoas que estão em volta
batem palmas e respondem o coro cantado e tocado por capoeiristas.
34. Salve - Expressão de saudação ou cumprimento; Demonstração de cortesia, respeito aos
demais que estão presentes. Ouve-se sempre a expressão – “Salve Capoeira” - em locais em
que se encontram os praticantes da arte capoeirística.
35. Samba de Roda - Roda de Capoeira para homens e mulheres, sempre em casais, onde
estas sambam e se divertem.
36. Samba Duro - É o samba só para homem, onde eles sambam e emitem golpes tentando
derrubar os adversários.
37. Vadiar - Jogar Capoeira por prazer, por divertimento; na época da escravidão a vadiação era
nas horas de lazer e descanso.
38. Vara ou Verga - Pedaço de madeira que é composto o berimbau.
39. Volta ao Mundo - Quando dois capoeiristas interrompem o jogo, correndo em círculo e
descansando em seguida.
40. Zum-zum-zum - Fofoca, comentários.
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ANEXO D: LOGOMARCA DOS GRUPOS QUE ADERIRAM À UNIFICAÇÃO ATÉ O
MOMENTO DO TÉRMINO DESTA EDIÇÃO DO MANUAL.
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ANEXO E: TERMO DE REVOGAÇÃO DO SISTEMA DE GRADUAÇÃO DA UNIFICAÇÃO
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ANEXO F: PANFLETO E RESULTADO DO 1º CAMPEONATO ONLINE DA UNICALEN
Participantes Total 12
Durante a pandemia do coronavírus, a Unificação da
Capoeira de Pernambuco fez o 1º Campeonato Online,
M. Espinhela
sendo o 33º Mundialito da UNICALEN.
M. Coca Cola
M. Biriba
M. Tatu
M. Cuscuz
M. Pacheco
M. Montanha
M. Escorpião
M. Carcará
M. Marcos Cangaia
CM Bamby
CM Capilé
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Direitos Autorais à UNICALEN
Entidade ligada às Artes Marciais e em Defesa dos Direitos Sociais
Fundada em 10/05/1987 CNPJ nº 02.722.126/0001-03
Maiores infromações: E-mail: espinhela@gmail.com
Em 10 de Maio de 1987, foi fundada a UNICALEN - União dos Capoeiras Leão do Norte. No
entanto, só em 28 de Junho de 1998, foi Estatuada e Registrada pelas seguintes pessoas: Mestre
Pirajá, Mestre Espinhela; Contramestre Cuscuz; Professores: Samuca, King, Azambuja; Monitor
Mosquito; Instrutores: Robô-Cop, Fazendeiro, Meinha; Alunas: Lã, Ló, Viviane, Kassia, Kátia,
Josefa, Fofinho, Alexandro, Marconi, Ferreiro, Enéas e Pintosa.
A UNICALEN é uma Entidade Não-Governamental de caráter gratuito, com a finalidade
socioeducativa de unir os capoeiristas e com o objetivo de praticar o bem na educação física e
mental.
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Minervino Pereira Peixoto – Mestre Espinhela
É um dos fundadores da UNICALEN e fiel divulgador da Capoeira de
Pernambuco.
Foi um dos primeiros alunos do Grupo Senzala.
Atualmente é Mestre de Capoeira e um dos idealizadores do Sistema
de Graduação da Capoeira de Pernambuco.
Maiores informações: espinhela@gmail.com
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FIM
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A Capoeira faz parte da cultura do povo brasileiro e que se
perpetua por outros povos ao longo das décadas, e essa herança
transcendental e cultural dá-se pelos elementos utilizados dentro
de um processo de transformação social. Não esquecendo de que
a arte capoeirística é Educação, Inclusão Social, Cultura de Paz,
Arte Marcial, Luta, Liberdade, Cultura, Musicalidade,
Gestualidade e acima de tudo traz valores dos nossos ancestrais
para a História do Brasil e do mundo, contribuindo para o
desenvolvimento pleno do ser, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e contribuindo para a formação de atitudes,
valores e saberes éticos.
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