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A Visita do Pequeno Urso - Else Holmelund Minarik

Vovó Ursa e Vovô Urso

Um dia o Pequeno Urso foi visitar a Vovó Ursa e o Vovô Urso na sua casinha na floresta.

Essa era uma coisa que o Pequeno Urso gostava de fazer.

Ele gosta de olhar todas as coisas da casa, as fotos, as flores da Vovó Ursa, o duende de
brinquedo do Vovô Urso que pulava para cima e para baixo dentro de um pote.

Ele gostava de pôr o chapelão do Vovô Urso e dizer: "Uii, Olhem pra mim!"

E ele gostava muito da comida da Vovó Ursa, muito mesmo.

Ele comeu um pouco de pão com geléia, bolo e biscoitos, leite e mel, e ainda uma maçã.

- Coma um pouco mais, disse a Vovó Ursa.

- Está bem, obrigado, disse o Pequeno Urso - Eu não estou comendo demais, estou?

- Oh, não, não!, respondeu sua avó.

Então, o Vovô Urso disse para o Pequeno Urso:

- Nós vamos brincar muito hoje, eu e você."

- É, disse o pequeno Urso - Mas Papai Urso me falou para não deixar você cansado.

- Eu? Cansado?, disse o Vovô Urso - Como você pode me deixar cansado? Eu nunca fico
cansado!

Vovô se levantou e ensaiou uma dança.

- Nunca fico cansado, disse, e sentou.

O Pequeno Urso riu e bateu palmas com as patinhas.

- Sabem de uma coisa? - ele disse para sua avó e seu avô.

- O quê? - eles perguntaram.

- Eu gosto daqui, disse o Pequeno Urso, e abraçou os dois.

O Pequeno Urso e o Vovô Urso brincaram como nunca. Depois o Vovô Urso sentou.

- Está na hora da história, disse o Pequeno Urso.

- Ótimo, disse o Vovô Urso - Conte uma história para mim.

- Não!, o Pequeno Urso riu. - Você é quem conta.

- Então vou precisar do meu cachimbo, disse o Vovô Urso.


O Pequeno Urso correu para dentro da casa, pegou o cachimbo e voltou, também correndo.
Mas o Vovô Urso já estava dormindo.

- Aaah..., disse o Pequeno Urso.

Ele ficou triste, mas não por muito tempo. Foi procurar sua vovó, que estava no jardim. Será
que a Vovó Ursa podia contar uma história para ele?

Claro que podia.

Ela pegou a pata do Pequeno Urso.

- Vamos para o quiosque, disse ela - Lá é frequinho. Venha, Pequeno Urso, vamos pulando até
lá.

- Oh, Vovó Ursa, riu o Pequeno Urso - Como você pula bem!

- Você também pula muito bem, disse a Vovó Ursa.

Os dois sentaram no quiosque.

O Pequeno Urso disse:

- Conta uma história da Mamãe Ursa, quando ela filhotinha. Da Mamãe Ursa e do pintarroxo.
Eu gosto daquela história.

- Muito bem, disse a Vovó Ursa.

E começou a contar.

O Pintarroxo da Mamãe Ursa

Num dia de primavera, quando a Mamãe Ursa era pequena, ela achou um bebê pintarroxo no
jardim. Um pintarroxinho muito pequeno para voar.

- Oh, como você é bonitinho. - Ela disse - De onde você veio?

- Do meu ninho, disse o pintarroxo.

- E onde é o seu ninho, pintarroxinho?, perguntou a Mamãe Ursa.

- Acho que é ali em cima, disse o pintarroxo.

Mas não era. Aquele ninho era de pardal.

- Talvez seja lá adiante, disse o pintarroxo.

Mas não era. Aquele ninho era de papafigo.

Mamãe Ursa procurou em todo o canto, mas não conseguiu achar um ninho de pintarroxo.

- Você pode vir morar comigo, ela disse - Você será o meu pintarroxo.

Ela levou o pintarroxo para casa e fez uma casinha para ele.

- Quero ficar perto da janela, por favor - disse o pintarroxo - Gosto de olhar as árvores e o céu.

Mamãe Ursa pôs o pintarroxo junto da janela.


- OH, disse o pintarroxo, deve ser muito bom voar por aí.

- Vai ser muito bom voar por aqui dentro também, disse a Mamãe Ursa.

O Pintarroxo comeu, cresceu, cantou.

Em pouco tempo aprendeu a voar.

Voava pela casa.

E era muito bom, exatamente como a Mamãe Ursa tinha dito.

Mas, um dia, ele ficou infeliz.

Mamãe Ursa perguntou:

- Por que você está tão triste, pintarroxinho?

- Não sei, disse o pintarroxo, meu coração está triste.

- Cante uma canção, disse a Mamãe Ursa.

- Não consigo, disse o pintarroxo.

- Voe pela casa, disse a Mamãe Ursa.

- Não consigo, disse o pintarroxo.

Os olhos da mamãe Ursa se encheram de lágrimas.

Ela levou o pintarroxo para o jardim.

- Eu amo você, pintarroxo, ela disse - Mas quero que você seja feliz. Voe para longe, se quiser.
Você está livre.

O pintarroxo voou, muito alto, para dentro do céu azul.

Cantou uma canção doce e melodiosa.

Depois desceu outra vez para onde estava a Mamãe Ursa.

- Não fique triste, disse o pintarroxo - também amo você. Preciso voar pelo mundo, mas vou
voltar. Vou voltar todos os anos.

Então a mamãe Ursa beijou o pintarroxo, e ele voou para longe.

- E ele voltou, Vovó Ursa. Não voltou?"

- Sim, Pequeno Urso. Ele voltou. E seus filhos voltaram. E os filhos dos seus filhos... Olhe um ali.

- Ah, disse o Pequeno Urso - Eu também teria soltado o pintarroxo, Vovó Ursa. Igual a Mamãe
Ursa.

Então, os olhos do Ursinho se iluminaram radiantes.

- Ah!, comemorou o Pequeno Urso, Vovô Urso chegou!

- Então, está na hora do café, disse a avó. E entrou em casa.


Vovô Urso olhou para o Pequeno Urso. O Pequeno Urso olhou para o Vovô Urso. E os dois
deram uma gostosa gargalhada.

- Que tal uma história de duende?, O Pequeno Urso perguntou.

- Só se você segurar a minha pata. - Disse o Vovô Urso.

- Eu não vou ficar com medo, disse o Pequeno Urso.

- Não. Disse o Vovô Urso, Mas talvez eu fique.

- Ah, Vovô! Comece a história. E o Vovó começou.

A História do Duende

Um dia um pequeno duende passou por uma velha caverna. Ela era velha, era fria, era escura.

E alguma coisa lá dentro fez pumba.

O que foi isso?

PUMBA!

" Uuh-Uhh..." - Exclamou o duende.

Ele ficou tão apavorado que pulou para fora dos sapatos. Depois começou a correr.

Pit - Pat - pit - pat - pit - pat...

O que era aquilo?

ALGUMA COISA estava correndo atrás dele.

Minha nossa! O que seria aquilo?

O Duende estava com medo de olhar para trás. Nunca na vida tinha corrido tanto. Nunca na
vida tivera tanto medo. Mas A COISA corria também:

Pit - Pat - pit - pat - pit - pat...

O duende viu um buraco numa árvore e pulou para dentro dele. O Pit - Pat - pit - pat chegou
mais perto, mais perto... MAIS PERTO... E parou, bem ao lado do buraco da árvore!

E tudo ficou em silêncio.

Não aconteceu nada.

Nada.

O pequeno duende queria espiar. Estava tudo tão quieto... Será que ele devia espiar?

Devia, sim. Porque ele ia espiar!

E, procurando tomar coragem, espiou.

"Eeeh", gritou o duende.

Você sabe o que ele viu?


Viu... seus sapatos.

Seus próprios sapatinhos... Só isso.

"Minha nossa!", Disse o duende, e pulou da árvore.

- Aquele pumba esquisito na caverna me fez pular para fora dos meus sapatos, mas eles
vieram correndo atrás de mim, não é mesmo? E aqui estão eles!

Ele pegou os sapatos, deu um abraço neles e calçou-os outra vez.

- Queridos sapatinhos, disse o duende, Vocês não queria ficar para trás, não é? E riu.

- Grande coisa, um pumba, não é mesmo? - disse ele. Depois estalou os dedos, pulou e
desapareceu...

- Num piscar de olhos. - Disse o avô.

- Eu não consigo pular para fora dos meus sapatos, disse o Pequeno Urso - Eu nem tenho
sapatos!

E riu.

- Gosto mais assim.

Sem Sono

O Pequeno Urso está deitado no sofá.

Ele estava esperando que a Mamãe Ursa e o Papai Urso chegassem para levá-lo para casa.

Ele pensou assim:

- Não estou cansado. Posso fechar meus olhos, mas não vou dormir. Não estou nem um pouco
cansado.

E fechou os olhos.

Ouviu uma porta se abrir.

Ouviu quando a Mamãe Ursa e o Papai Urso falaram oi para a Vovó e o Vovô Urso.

Ouviu quando eles chegaram perto do sofá.

Mas não abriu os olhos.

- AH, disse a Mamãe Ursa - Ele está dormindo! Que gracinha!

Papai Urso pegou o ursinho no colo e disse:

- É, ele é um filhotinho e tanto, amanhã vou pescar com ele.

- Olhem para ele, disse a vovó, Ele é tão bonzinho.

- E inteligente, disse o Vovô - Puxou o Avô, é claro.

Todos riram.
O Pequeno Urso abriu os olhos e perguntou para o Papai Urso.

- Você vai mesmo pescar comigo?

- Seu sapeca! - Disse a Mamãe Ursa rindo para o Pequeno Urso - Você não estava dormindo.
Você ouviu o Papai Urso dizer que ia pescar com você, hein? Você ouviu tudo o que nós
dissemos. Estou vendo nos seus olhos.

O Pequeno Urso soltou uma risada gostosa.

Depois disse ao avô:

- Nós nos divertimos, não é mesmo? E você não estava cansado, não é, vovô Urso?

- Oh, cansado? Eu nunca fico cansado. - Disse o Vovô Urso, Um filhotinho como você e um
vovô como eu nunca ficamos cansados, não é? Podemos cantar e dançar, correr e brincar o dia
inteiro, que nunca ficamos cansados.

O Pequeno Urso sorriu.

Estava ficando com sono... Mas com um sono...

Vovô Urso continuou.

- É, sim. Podemos passar momentos muito divertidos, nós dois. Mas nunca, nunca ficamos
cansados! Você não está cansado, Pequeno Urso - Ou será que está?

- Pequeno Urso... disse o avô, Você está cansado?

O Pequeno Urso não estava cansado.

Nem um pouco.

O pequeno urso estava ferrado num sono pesado.

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