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Brazilian Journal of Development


Estado nutricional de crianças entre 0 e 5 anos do estado de Pernambuco

Nutritional state of children between 0 and 5 years of the state of Pernambuco

DOI:10.34117/bjdv6n8-446

Recebimento dos originais:08/07/2020


Aceitação para publicação:21/08/2020

Stephany Beatriz do Nascimento


Bacharel em Nutrição
Instituição: Centro Universitário Estácio do Recife
Endereço: Av. Eng. Abdias de Carvalho, 1678 - Madalena, Recife - PE, Brasil
E-mail: stephanybnascimento@gmail.com

RESUMO
Objetivo: Avaliar o estado nutricional de crianças entre 0 e 05 anos do estado de Pernambuco através
do Sisvan Web. Metodologia: Realizou-se um estudo transversal, quantitativo e retrospectivo com
18.543 crianças com idade entre 0 a 05 anos, residentes no estado de Pernambuco, cadastradas no
SISVAN web no ano de 2019. A pesquisa foi realizada através de dados secundários coletados a
partir Sisvan Web. A avaliação antropométrica foi realizada por meio do índice de massa corporal
para idade. O cálculo do índice de massa corporal para idade foi realizado pelo próprio SISVAN
Web que estabelece seis categorias para análise, porém, para elaboração deste estudo foram
utilizados apenas os dados correspondentes ao risco de sobrepeso; sobrepeso e obesidade. Os dados
obtidos foram analisados através de análise descritiva. Resultados: Evidenciou-se que do total de
crianças avaliadas, 16,5% apresentaram risco de sobrepeso, 8,7% sobrepeso e 7,2% obesidade.
Quando analisado o risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade por municípios foi visto que houve
um maior número de crianças com risco de sobrepeso, cerca de 66,67% no município de Fernando
de Noronha. Ao analisar o risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade por sexo, o risco de sobrepeso
foi mais prevalente em ambos os sexos e ao se comparar entre os sexos, o sexo masculino apresentou
o maior percentual, cerca de 16,6%, Conclusão: Nota-se que houve uma prevalência do indicador
de risco de sobrepeso entre as crianças pernambucanas e que este é um problema ascendente e mais
evidenciado no sexo masculino.

Palavras-chave: Criança, Estado nutricional, Sobrepeso, Obesidade, IMC.

ABSTRACT
Objective: To assess the nutritional status of children between 0 and 05 years old in the state of
Pernambuco through Sisvan Web. Methodology: A cross-sectional, quantitative and retrospective
study was carried out with 18,543 children aged 0 to 05 years, living in the state of Pernambuco.
registered on the SISVAN web in 2019. The survey was conducted using secondary data collected
from Sisvan Web. The anthropometric assessment was performed using the body mass index for
age. The body mass index for age calculation was performed by SISVAN Web itself, which
establishes six categories for analysis, however, for the preparation of this study, only the data
corresponding to the risk of overweight were used; overweight and obesity. The data obtained were
analyzed through descriptive analysis. Results: It was evident that of the total number of children
evaluated, 16.5% were at risk of being overweight, 8.7% were overweight and 7.2% were obese.
When analyzing the risk of overweight, overweight and obesity by municipalities, it was seen that
there was a greater number of children at risk of overweight, about 66.67% in the municipality of
Fernando de Noronha. When analyzing the risk of overweight, overweight and obesity by sex, the
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risk of overweight was more prevalent in both genders and when comparing between genders, males
had the highest percentage, about 16.66%, Conclusion: Note it is said that there was a prevalence
of the risk indicator of overweight among children in Pernambuco and that this is an ascending
problem and more evident in males.

Keywords: Child, Nutritional status, Overweight, Obesity, BMI.

1 INTRODUÇÃO
Desde as últimas décadas, no Brasil e no mundo, tem se observado modificações no estilo
de vida dos indivíduos, principalmente nos padrões dietéticos e nutricionais. Matos et al. (2015),
enfatizam que com os avanços da modernidade os indivíduos passaram a ter mais tempo disponíveis
durante o dia, entretanto, o tempo desprendido para a prática de exercícios físicos e atividades ao ar
livre tem sido substituído por programas que incentivam o consumo de alimentos calóricos e de
baixo valor nutricional, inclusive, induzindo as crianças a ingeri-los.
A ingestão de alimentos ricos em proteína, ferro e outros nutrientes essenciais para a faixa
etária não atende, em sua grande maioria, às recomendações necessárias, e o consumo de alimentos
processados é alarmante. Somado a isso, o desmame precoce, a introdução inadequada da
alimentação complementar e a introdução de alimentos processados como bolachas, salgadinhos,
bebidas açucaradas e doces, comprometem o desenvolvimento infantil e o estado nutricional das
crianças. Diante isso, o excesso de peso toma o lugar de predomínio, assumindo o papel da
desnutrição, tornando a situação cada vez mais preocupante (BENVINDO et al., 2019; SOUSA et
al., 2019; FERREIRA et al., 2018; SALDANHA, et al., 2014).
Conjuntamente ao decréscimo contínuo da desnutrição, percebe-se um dilatamento nas
prevalências de excesso de peso que, por seu turno, eleva o risco de doenças crônicas não
transmissíveis, sendo este feito reconhecido como transição nutricional (MELLER; ARAÚJO;
MADRUGA, 2014; JÚNIOR, et al., 2020). O excesso de peso é considerado um dos principais
problemas de saúde pública atualmente e sua prevalência tem crescido em crianças de todas as
classes socioeconômicas e regiões do pais. Uma avaliação do estado nutricional realizada com
menores de 05 anos no Brasil, Pereira et al. (2017) retrata que o sobrepeso e obesidade estiveram
mais prevalente no sexo masculino (10,1% e 7,0%) respectivamente. Ainda, a Pesquisa de
Orçamento Familiar – POF nos anos de 2008-2009, de indivíduos de 05 a 10 anos de idade, foi
possível verificar o diagnostico de excesso de peso em um terço dos meninos e meninas, excedendo-
se, em mais de oito vezes a freqüência de déficit de peso (IBGE, 2010; COSTA et al., 2017; LIMA;
SILVA; RAMALHO, 2018).

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O controle do excesso de peso na infância tende a ser bem mais difícil do que nos indivíduos
mais velhos, especialmente nos menores de 05 anos, visto que a construção dos hábitos alimentares
das crianças é fruto da influencia dos pais e estes são responsáveis pela aquisição, introdução e
escolha dos alimentos oferecidos. Com isso, torna-se imprescindível o apoio dos pais e a aceitação
e motivação das próprias crianças na mudança dos hábitos (OLIVEIRA et al., 2019)
Nesse sentido, a obtenção de um diagnóstico da situação nutricional dos indivíduos, por meio
dos dados gerados pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional Web (SISVAN Web) torna-
se imprescindível. Com isso, o objetivo do presente estudo foi avaliar o estado nutricional de
crianças entre 0 e 5 anos do estado de Pernambuco através do Sisvan Web.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo transversal, quantitativo e retrospectivo. A pesquisa foi realizada
através de dados secundários coletados a partir do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
Web (Sisvan Web). O Sisvan Web trata-se de um sistema informatizado que possui como objetivo
a consolidação de dados referentes a ações de Vigilância Alimentar e Nutricional, que incluem o
registro de dados antropométricos e de marcadores de consumo alimentar permitindo a geração de
relatórios da situação nutricional da população atendida na atenção básica. Os relatórios
consolidados são de acessos públicos e restritos (BRASIL, 2017).
Para este estudo foram utilizados os relatórios de domínio público, que podem ser acessados
no endereço eletrônico (http://dabsistemas.saude.gov.br/sistemas/sisvanV2/), permitindo a
visualização dos relatórios consolidados agregados por município, região de saúde e estado
(BRASIL, 2017). A população de estudo foi composta por 18.543 crianças com idade entre 0 a 5
anos, residentes no estado de Pernambuco, acompanhadas pelo programa Bolsa Família e
cadastradas no SISVAN web no ano de 2019. Como critérios de inclusão, foram utilizados os filtros
do ano de referência (2019), mês de referência (todos), estado (Pernambuco), região de saúde
(Recife), fase da vida (crianças), idade (0- 5 anos), acompanhamento (Sistema de gestão do Bolsa
Família - DATASUS), índice antropométrico (IMC x Idade) e os dados referentes ao risco de
sobrepeso, sobrepeso e obesidade.
A avaliação antropométrica foi realizada por meio do Índice de Massa Corporal (IMC) para
idade (IMC/I) que é calculado por meio da divisão entre a massa corporal em quilos (Kg) pela
estatura em metros ao quadrado (m²), levando em consideração a idade e adotando como referência
os pontos de corte estabelecidos pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2011). O cálculo do IMC foi
realizado pelo próprio SISVAN Web que estabelece seis categorias para análise: magreza

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acentuada; magreza; eutrofia; risco de sobrepeso; sobrepeso e obesidade. Porém, para elaboração
deste estudo foram utilizados apenas os dados correspondentes ao risco de sobrepeso; sobrepeso e
obesidade.
Concordante a Resolução n° 510, de 7 de abril de 2016, fica assentado que pesquisas
utilizando informações de domínio público, pesquisas com banco de dados, das quais informações
são agregadas, sem possibilidade de identificação individual, excluem-se da necessidade de
registros e avaliação pelo sistema Conselho de Ética em Pesquisa e/ou Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa (BRASIL, 2016).
Os dados obtidos por meio do sítio eletrônico Sisvan Web foram analisados através de
tabelas geradas pelo próprio sistema e organizadas em tabelas e gráficos por meio do software
Microsoft Excel® versão 2010.

3 RESULTADOS
O presente estudo permitiu explorar o estado nutricional das crianças de 0 a 05 anos do
estado de Pernambuco cadastradas no Sisvan Web e acompanhadas pelo programa Bolsa Família.

Tabela 1: Percentual de crianças com idade de 0 a 5 anos acima do peso, por município do Estado de Pernambuco.

Risco de sobrepeso Sobrepeso Obesidade


Município Total
Quantidade % Quantidade % Quantidade %
Abreu e Lima 365 17,29% 244 11,56% 286 13,55% 895
Araçoiaba 191 18,56% 102 9,91% 121 11,76% 414
Cabo de Santo
Agostinho 574 14,38% 329 8,24% 382 9,57% 1.285
Camaragibe 279 15,15% 155 8,41% 225 12,21% 689
Chã de Alegria 116 16,67% 86 12,36% 93 13,36% 295
Chã Grande 251 21,02% 66 5,53% 35 2,93% 352
Fernando de
Noronha 2 66,67% 0 - 0 - 2
Glória do Goitá 213 18,01% 106 8,96% 79 6,68% 398
Igarassu 364 15,82% 202 8,78% 332 14,43% 898
Ilha de Itamaracá 157 15,96% 92 9,35% 106 10,77% 355
Ipojuca 432 15,69% 231 8,39% 291 10,57% 954
Itapissuma 105 14,06% 68 9,1% 103 13,79% 276
Jaboatão dos
Guararapes 964 11,13% 628 7,25% 2460 28,39% 4.052
Moreno 210 9,37% 172 7,67% 268 11,95% 650
Olinda 397 15,16% 218 8,32% 261 9,97% 876
Paulista 483 17,13% 226 8,02% 186 6,6% 895

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Pombos 186 17,21% 113 10,45% 80 7,4% 379
Recife 1287 18,04% 722 10,12% 1028 14,41% 3.037
São Lourenço da
Mata 240 20,62% 112 9,62% 276 23,71% 628
Vitória de Santo
Antão 765 15,25% 235 4,68% 213 4,24% 1.213
Total
Pernambuco 7.581 16,5% 4.107 8,7% 6.825 10,2% 18.543
Fonte: Sisvan Web (2019)

Conforme apresentado na tabela 1 evidencia-se o total de 18.543 crianças cadastradas no


SISVAN Web no Estado de Pernambuco, sendo que 7.581 (16,5%) apresentaram risco de
sobrepeso, 4.107 (8,7%) sobrepeso e 6.825 (7,2%) obesidade, com isso, observa-se uma elevada
prevalência de crianças que apresentam risco de sobrepeso na faixa etária de 0 a 5 anos.

Gráfico 1: Percentual de crianças com idade de 0 a 5 anos com risco de sobrepeso, por município do Estado de
Pernambuco.
80
70
60
50
40
30
20
10
0

Fonte: Sisvan Web (2019)

O Gráfico 01 demonstra que o maior número de crianças com risco de sobrepeso, cerca
de 66,67% encontra-se no município de Fernando de Noronha. Porém, foi visto que os municípios
de Chã Grande e São Lourenço da Mata também apresentam percentuais consideráveis de crianças
com risco de sobrepeso, 21,02% e 20,62% respectivamente.

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Gráfico 2: Percentual de crianças com idade de 0 a 5 anos com sobrepeso, por município do Estado de Pernambuco.
14
12
10
8
6
4
2
0

Fonte: Sisvan Web (2019)

De acordo com o gráfico 2, referente ao percentual de sobrepeso por municípios, podemos


verificar que o maior número de crianças com sobrepeso encontra-se em Chã de Alegria com
12,36% seguido por Abreu e Lima com 11,56 % e por Pombos com 10,45% o que nos chama atenção
ao analisar o gráfico, é que apesar de o município de Fernando de Noronha, apresentar um elevado
índice de risco de sobrepeso, não apresenta dados referente ao sobrepeso e obesidade.

Gráfico 3: Percentual de crianças com idade de 0 a 5 anos com obesidade, por município do Estado de Pernambuco.
30
25
20
15
10
5
0

Fonte: Sisvan Web (2019)

Segundo o gráfico 3, o maior índice de crianças obesas entre a população de estudo


encontra-se no município de Jaboatão dos Guararapes com 28,39% seguido de São Lourenço da
Mata com 23,71% e por Recife com 14,41%. Apesar dos municípios de Jaboatão dos Guararapes,
São Lourenço da Mata e a própria capital pernambucana, Recife, serem municípios em constante
desenvolvimento, foi visto que esses apresentam índices consideráveis não apenas de obesidade,
mas de risco de sobrepeso e sobrepeso. Inclusive, o município de São Lourenço da Mata destaca-se
dos anteriormente citados por estar entre um dos municípios com risco considerável de sobrepeso.

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Gráfico 4: Percentual de crianças com idade de 0 a 5 anos do sexo feminino com risco de sobrepeso, sobrepeso e
obesidade do estado de Pernambuco.

Sexo Feminino

Risco de sobrepeso

Sobrepeso

Obesidade

Fonte: Sisvan Web (2019)

Ao se analisar o risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade de acordo com o sexo das


crianças, o gráfico 4, que analisa os dados de crianças do sexo feminino, a prevalência do risco de
desenvolver sobrepeso esteve elevada em cerca de 16,41% quando comparado ao sobrepeso 8,70%
e obesidade 9,31% nesta população.

Gráfico 5: Percentual de crianças com idade de 0 a 5 anos do sexo masculino com risco de sobrepeso, sobrepeso e
obesidade do estado de Pernambuco.
Sexo Masculino

Risco de sobrepeso
Sobrepeso
Obesidade

Fonte: Sisvan Web (2019)

Conforme o gráfico 5, a prevalência do risco para desenvolvimento do sobrepeso foi maior,


cerca de 16,66% quando comparado ao sobrepeso e a obesidade, que apresentaram os respectivos
percentuais de 8,71% e 11,31% nas crianças do sexo masculino.

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4 DISCUSSÃO
A avaliação e análise proporcionada por estudos como este pode indicar tendências. Nesse
sentido, o presente estudo permitiu a investigação do estado nutricional com foco no risco de
sobrepeso, sobrepeso e obesidade de crianças de 0 a 05 anos do estado de Pernambuco através do
Sisvan Web.
Nesse contexto, o estado nutricional assume um importante papel, e dentre os índices
antropométricos disponíveis para sua análise, temos como destaque o IMC/I, este que trata-se de
um índice muito utilizado na identificação do excesso de peso, e apesar de não ser capaz de
diferenciar massa gorda de massa magra, apresenta como vantagem o fato de ser um índice utilizado
em outras fases de curso da vida (BRASIL, 2011).
Desde a década de 70, estudos tem mostrado que no Brasil, nota-se uma transição
nutricional, o qual, é marcada por um aumento da prevalência do sobrepeso e obesidade nos
indivíduos e diminuição da desnutrição, especialmente nas populações menores de 05 anos (SOUSA
et al., 2019; ROLIM, et al., 2015).
Os valores encontrados na análise de risco de sobrepeso neste estudo estão de acordo com o
estudo de Lira et al. (2017) que também avaliou o risco de sobrepeso em crianças e apresentou
resultados semelhantes, no qual, foi visto uma prevalência de risco de sobrepeso entre 16 a 20% nas
crianças.
No que concerne ao risco de desenvolvimento de sobrepeso por municípios do estado, houve
uma prevalência de três municípios apresentando índices significativos quanto a classificação. O
estudo de Costa et al. (2015) também demonstra que o maior número de crianças com risco de
sobrepeso deu-se em três municípios de seu estado, o município de Jordão com 31,4 %, seguido
pelos municípios de Santa Rosa do Purus com 27,8% e Marechal Thaumaturgo com 21,43 %,
corroborando com os dados encontrados neste estudo.
Quanto ao sobrepeso por município na população estudada, foi encontrada a prevalência
12,36% entre os municípios estudados. No entanto, Lira et al. (2017) estudando o estado nutricional
de crianças segundo os critérios do Sisvan em municípios do estado de Alagoas, encontraram uma
prevalência de sobrepeso de 13% no município de União dos Palmares. Ao comparar a este estudo,
nota-se que a prevalência de sobrepeso apresentou percentual um pouco mais elevado, para os
municípios aqui analisados.
Dos dados referentes a presença de obesidade, no presente estudo, foi encontrada uma
elevada prevalência de obesidade, cerca de 28,39% entre os municípios averiguados. Diferindo do
estudo de Costa et al. (2015) que encontrou um percentual de 14,8% das crianças com obesidade. A

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partir disso, torna-se fundamental, a detecção precoce do excesso de peso infantil, assim como, o
conhecimento dos hábitos alimentares, pois o comportamento alimentar da criança é influenciado
por diversos fatores, entre eles, os familiares, visto que normalmente nesta idade são dependentes
das escolhas alimentares dos pais (COELHO et al., 2015).
De acordo com a análise dos percentuais por sexo, o sexo masculino apresentou percentuais
maiores comparado ao sexo feminino, apresentando 16,66%, 8,71% e 11,31%, para risco de
sobrepeso, sobrepeso e obesidade, respectivamente. Em sua pesquisa, Saldanha et al. (2014)
estudando crianças beneficiárias do programa Bolsa Família cadastradas no Sisvan Web, também
encontrou percentuais de risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade mais elevados para o sexo
masculino cerca de 16,2%, 7,3% e 7,4%, respectivamente.
Pereira et al. (2017) em seu estudo avaliando o estado nutricional de menores de 5 anos no
Brasil, retrata que especialmente nas famílias de baixa renda, o impacto dos programas de
transferência de renda do governo, como o programa Bolsa Família, tem permitido o maior gasto
com a alimentação. Entretanto, deve-se considerar a tendência observada no pais de substituir
refeições tradicionais baseadas em alimentos in natura por alimentos processados gerando assim,
prejuízos a qualidade nutricional da dieta, podendo influenciar no ganho de peso e na saúde dos
indivíduos.
Além disso, nota-se que a inatividade física favorece para a ascendência do número de
crianças com obesidade, pois estudos atribuem a essa prática papéis na prevenção e no tratamento
do excesso de peso como restauração do perfil lipídico, melhoria na composição corporal e reparo
do metabolismo adequado (ALVES et al., 2019; PAES; MARINS; ANDREAZI, 2015).
Torquato et al. (2018) em seu estudo relatam a importância das práticas de vigilância em
saúde nas crianças, e que essas devem ser realizadas constantemente, incluindo-se nos ambientes
educacionais como creches, visto que esses ambientes educativos devem assegurar condições
favoráveis para o crescimento e o desenvolvimento das crianças.

5 CONCLUSÃO
Logo, através das observações anteriormente citadas, nota-se a prevalência do indicador
de risco de sobrepeso entre as crianças pernambucanas e que este é um problema ascendente e mais
evidenciado no sexo masculino. Além disso, o aumento nos índices de excesso de peso pode ser
explicado pelo maior acesso das famílias aos alimentos ricos em açúcares, sódio e gorduras,
inatividade física e maior tempo gasto com atividades de lazer passivo.

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Nesta perspectiva, o estudo contribui para que demais estudos sejam realizados,
permitindo o conhecimento de demais desfechos associados ao estado nutricional das crianças.
Ressalta-se também a importância da realização de estudos como esse, pois fornecem dados que
podem conduzir a construção de políticas públicas de saúde gerando um melhor enfrentamento das
condições de saúde da população.
É fundamental a atuação da equipe de saúde na divulgação e promoção da nutrição
adequada e saudável. A partir disso, espera-se que os profissionais de saúde baseiem-se nas políticas
públicas e norteiem-se na realização da prática profissional qualificada. Logo, sua atividade junto
as crianças e suas famílias permitirá lançar mão de estratégias voltadas para promoção da saúde e
controle do sobrepeso e obesidade.
Além disso, é fundamental que a população geral seja informada da importância da
mensuração dos dados do estado nutricional e de consumo alimentar através do Sisvan. A
participação da população e as intervenções no âmbito da educação alimentar e nutricional quando
adotadas, permite conscientizá-los e evitar a continuidade de comportamentos alimentares
inadequados e o acometimento do estado nutricional.

REFERÊNCIAS

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