O documento discute o papel fundamental da Atenção Primária para as ações de Vigilância em Saúde devido ao seu trabalho territorial. A territorialização permite às equipes de saúde compreenderem as necessidades da população e estabelecerem vínculos de confiança. No entanto, as unidades básicas de saúde enfrentam desafios como falta de recursos e tempo limitado por atendimento, dificultando o diálogo com os usuários.
Descrição original:
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, C. M.; CASANOVA, A. O. Vigilância da saúde no espaço de práticas da atenção básica. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 929-936, 2009.
O documento discute o papel fundamental da Atenção Primária para as ações de Vigilância em Saúde devido ao seu trabalho territorial. A territorialização permite às equipes de saúde compreenderem as necessidades da população e estabelecerem vínculos de confiança. No entanto, as unidades básicas de saúde enfrentam desafios como falta de recursos e tempo limitado por atendimento, dificultando o diálogo com os usuários.
O documento discute o papel fundamental da Atenção Primária para as ações de Vigilância em Saúde devido ao seu trabalho territorial. A territorialização permite às equipes de saúde compreenderem as necessidades da população e estabelecerem vínculos de confiança. No entanto, as unidades básicas de saúde enfrentam desafios como falta de recursos e tempo limitado por atendimento, dificultando o diálogo com os usuários.
A Atenção Primária tem papel fundamental para as ações de Vigilância
em Saúde, uma vez que seu campo de atuação se estabelece a partir do
território que está inserida. Assim como exposto por Oliveira e Casanova
(…) é fundamental que a atenção básica organize seu
processo de trabalho tendo em vista a territorialidade, principal pilar da vigilância da saúde. Ao trabalhar com mapeamento do espaço de vida, induz-se a implementação de práticas de saúde orientadas a contribuir para uma atuação planejada e equânime sobre os problemas e as necessidades de saúde (…) (2009, p. 931).
É a partir do processo de territorialização que as equipes de saúde
podem se aproximar e compreender as reais necessidades da população que ali habita. Também, nesse processo podem estabelecer relações de confiança e vínculo entre equipe de saúde e munícipes. Como estão dentro do território há maior possibilidade de observação e de construção de espaços de discussão e diálogo com a comunidade sobre as principais demandas e preocupações dos cidadãos no que se refere às questões de saúde daquela área de abrangência, questões essas que estão diretamente ligadas aos determinantes sociais de saúde – condição de moradia, educação, cultura, trabalho, renda – com isso, a atenção básica se apresenta como espaço privilegiado para a prática da Vigilância em Saúde, principalmente as Equipes de Saúde da Família, pois essas atuam através de uma compreensão ampliada do processo saúde-doença.
Com a proposta de realização da territorialização como trabalho de
dispersão do primeiro semestre da residência, foi possível reiterar e reafirmar como essa estratégia é essencial para o trabalho realizado pela Unidade Básica de Saúde. Foi a partir dessa atividade que foi possível identificar as principais demandas e necessidades da população e observar como, muitas vezes, essas demandas não apareciam dentro dos espaços de discussão de casos e matriciamento com as equipes de saúde, expondo como muitas vezes não há um alinhamento entre os interesses da equipe de saúde e os interesses da população atendida. (…) é preciso estabelecer uma relação dialógica, em que é essencial a escuta do outro, pois só assim se torna possível identificar as reais necessidades, aquelas sentidas no cotidiano da vida e que, em geral, não se coadunam com as observadas pelos profissionais em sua prática. (OLIVEIRA, CASANOVA, 2009, p. 931)
Com o intenso processo de terceirização, do sucateamento e falta de
investimentos na área da saúde é notável que muitos serviços encontrem-se precarizados, com insuficiência de insumos e, principalmente, grande defasagem de recursos humanos. Essa situação impacta diretamente na oferta de serviço das unidades de saúde, como exposto no trecho acima, por exemplo, é necessário estabelecer espaços de escuta e diálogo para a compreensão das reais demandas da população. Contudo, em muitas unidades de saúde há pouca oferta de profissionais estabelecendo uma organização de agenda que limita o tempo em 15 minutos por atendimento para que, desse modo, seja possível atender um maior número de pessoas por dia, podendo tornar o estabelecimento de um diálogo que instigue e investigue mais profundamente as queixas dos usuários uma tarefa inviável. Também é necessário pontuar a escassez de oferta de capacitações e espaços de educação permanente para os profissionais de saúde, pois a intensa rotina e cotidianidade favorecem práticas acríticas e mecanicistas, sendo indispensáveis momentos para a reflexão e aprimoramento da prática para a possibilidade de concepção de diferentes formas do agir e do pensar de cada profissional. Aliado a isso, como exposto por Oliveira e Casanova,
Incentivar e motivar as equipes locais de atenção básica é um
importante dispositivo para promover a participação dos trabalhadores de saúde nos processos decisórios da produção da saúde, quando se busca uma relação mais humanizada entre membros da equipe e usuários e a garantia de resultados mais efetivos (2009, p. 932).
O espaço da reunião de planejamento e reuniões de equipe são, em
minha visão, potenciais para estimular e promover construções diferenciadas da atuação e da relação entre trabalhadores de saúde e usuários na promoção da saúde, como exposto pelos autores.
É possível observar dentro do cotidiano das Unidades Básicas de Saúde
(UBS) que a maior parte das ações de vigilância ainda se limitam a grupos populacionais específicos, como gestantes, diabéticos e hipertensos. Pode-se afirmar que o alcance das equipes de saúde para outras situações, como casos de saúde mental e violência doméstica, por exemplo – situações muito comuns no cotidiano dos territórios – são pouco exploradas e trabalhados pela unidade. Na minha percepção pouco se faz de vigilância em saúde dentro das unidades que estou inserida, até mesmo nos grupos populacionais específicos citados as ações não se estendem ao território, atingindo somente aqueles que já frequentam as UBS, caracterizando-se em ações centradas nas doenças e não na promoção e prevenção da saúde da população.
É importante destacar também a fragilidade da articulação e trabalho
intersetorial das equipes das UBS, que habitualmente delegam essa tarefa à equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). O trabalho intersetorial caracteriza-se como essencial dentro da atuação das UBS, uma vez que as questões trazidas por muitos usuários extrapolam o limite da atuação do serviço de saúde, sendo necessária a ação e intervenção das diferentes esferas e políticas públicas.
(…) ao incorporar a ação intersetorial, permite-se que os
profissionais de vários setores contribuam com seus saberes, linguagens e práticas para a melhoria da intervenção na saúde (OLIVEIRA, CASANOVA, 2009, p. 933)
Dentro do atual contexto de pandemia, a atuação da Atenção Primária e
a prática da Vigilância em Saúde se fazem essenciais para o rastreamento e monitoramento dos casos mais leves da COVID-19 e encaminhamento de casos mais graves. Ainda, as práticas de educação em saúde são extremamente necessárias para o fornecimento de informações, orientações e recomendações oficiais e confiáveis sobre a doença. É imprescindível que as UBS trabalhem sanando dúvidas e divulgando materiais explicativos sobre formas de contágio, prevenção e cuidados referentes à COVID-19 através dos mais diversos veículos de comunicação, como por exemplo, cartazes no território, contato telefônico, redes sociais, por meio de visitas domiciliares de agentes comunitárias de saúde onde há as equipes de Saúde da Família.
É importante ressaltar também a necessidade das equipes estarem
alertas para as demais questões de saúde de uma forma geral, principalmente casos de saúde mental, situações de violência doméstica, doentes crônicos e os demais casos mais graves que já eram acompanhados anteriormente, bem como rastreamento de novos casos nessas condições.
As equipes de apoio também tem papel fundamental no auxílio do
monitoramento da população, bem como exercem um papel importante no cuidado e acolhimento dos próprios trabalhadores de saúde no atual contexto, que se apresenta através da mudança radical no cotidiano do trabalho, de grandes incertezas e insegurança frente a pandemia. REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, C. M.; CASANOVA, A. O. Vigilância da saúde no espaço de
práticas da atenção básica. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 929-936, 2009.