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13/03/2013

Transtornos do Pensamento

MSc.Salmo Zugman
salmo@iptc.net.br FEMENOLOGIA
IPTC

Transtorno do Pensamento Transtorno do Pensamento


• Forma • Historicamente considerado sintoma
• Curso: acelerado ou lentificado fundamental da esquizofrenia (Beuler)
• Conteúdo: delírios • Estudos não discriminaram de casos de
• Inferência: transtorno da expressão da transtornos do humor
comunicação verbal • Sintoma de desorganização junto com afeto
não apropriado e comportamentos bizarros
(Liddle, 1987)

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Subcategorias de Transtornos do
Transtorno do Pensamento
Pensamento
• Esquizofrenia • Enfraquecimento das associações
• Mania • Uso idiossincrático da linguagem
• Uso de alucinógenas (LSD, ecstasy, cocaína, • Negativos: empobrecimento e bloqueio
anfetaminas e maconha)
• Retardo mental
• Transtornos de ansiedade

Enfraquecimento das Associações Enfraquecimento das Associações


• Dissociação, descarrilamento, ou • Incoerência (salada de palavras): série de
desagregação: ideias pulam uma para outra palavras ou frases aparentemente aleatórias
obliquamente relacionado ou não relacionada • Ilogicidade: “Os traficantes querem me matar
totalmente porque que eu falo muitos palavrões”
• Tangencialidade: Responder obliquamente a
uma pergunta, de forma tangencial ou mesmo
de forma irrelevante
• Circunstanciabilidade

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Descarrilamento do Pensamento Tangencialidade


• T: O que você espera da vida?
• P: Estruturalmente falando, eu gostaria de
permanecer aterrado
• T: O que você achou de nossa última sessão?
• P: Eu fiquei conversando com um rapaz de cabelo
castanho
• T: Podemos chamar seus pais para coversar?
• P: Você está pisando no meu pé. Prefiro ficar na
caixa.

Uso Idiossincrático da Linguagem Neologismo


• Neologismos • Infernificação • Dioparlamento
• Aproximação de palavras: palavras usadas • Antiosomado • Acuamante
com novo sentido ou desenvolvidas pelas • Sapato de mão • Hacker
regras convencionais de formação de palavras • Caixa de notícias • Intertec
• Travos • Paspalhar
• Esquizofrenia
• Deconstruir

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Sintomas Negativos do Pensamento Reverberação


• Bloqueio • Impressão de ação de imaginação, a
• Pobreza de conteúdo: a fala transmite pouca tribulação não posso contar, porque suja o
informação. Vaga. nome e não quero cometer nenhuma infração
• Temas demasiados abstratos ou concretos, • Ação, telepatia não existe na imaginação,
repetitivos e estereotipados sentimento imoral, que não é falado na vida
• Concretude, reverberação, perseveração e real. Monótono monologo
ecolalia • Preciso por um fim na ação, para que a
impressão de ação não possa agir.

Pensamento Concreto Transtorno do Pensamento


• T: Você trabalha? P: Sou formado em letras e
em informática. Faz sentido, porque o teclado
tem muitas letras
• T: Qual é seu endereço? P: O apartamento
onde moro
• T: Agora podemos continuar, aonde estávamos
mesmo? P: Mas nós não saímos, o tempo
todo ficamos aqui

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Fatores Predisponentes Fatores Predisponentes


• Níveis altos de afeto • Dificuldade para entender necessidades do
• Dificuldades para divulgação de assuntos ouvinte (ToM)
pessoais • Memória semântica
• Trauma e mau trato na infância • Memória de trabalho
• Memórias e pensamentos intrusivos

Neurocognição Neurobiologia
• Pensamento tecnicamente poderiam ser • Intrusão variável de significados psicológicos
lógicos: dificuldade de expressão da e pessoais
tartamudez • Distrabilidade por estímulos internos:
• Ansiedade e raiva dificultam a comunicação conceitual, léxico, fonológico (Chapman, 1973)
• Pessoas altamente excitáveis por • Sobrecarga do sistema supervisor de atenção
preocupações específicas (Harrow, 1978) seletiva: córtex prefrontal dorsolatereal

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Neurobiologia Neurobiologia
• Falta de inibição e verbalização da ativação de • Limitação de recursos da atenção
nódulos secundários sensitizados da rede • Má distribuição dos mesmos ou os dois
semântica (Nuechterlein, 1984)
• Perda de contexto: informações não • Dificuldade de manutenção de informações
relevantes não são filtradas relevantes á tarefa na memória de trabalho
(Cohen, 1977)
• Discurso não linear e transformação de
• Esforço de proteção e economia de recursos
conceitos das palavras utilizando vias de discurso de menor
resistência

Neurobiologia
• Sintoma negativo: limitação de recursos
(economia e proteção de reservas cognitivas)
• Sintomas positivos: excitabilidade de nódulos
semânticos paralelos (Dificuldade para
selecionar entre respostas competidoras e
suprimir respostas não relevantes)
• Limitação real ou percebida de recursos de
FORMULAÇÃO COGNITIVA
atenção

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Tema Central Modelo Cognitivo


• Emocionalmente salientes que conduz à • Situação → Pensamento Automático →
desorganização e aos neologismos Respostas Emocionais e Comportamentais
• Com ou sem fundo delirante • As repostas podem se tornar estímulos para
• Geralmente envolve vergonha, medo, ameaça mais pensamentos e repostas, iniciando um
ou angústia novo ciclo
• Aumento da perturbação emocional a medida • Transtornos do pensamento: reposta de
que nos aproximamos do tema central estresse á presença de pensamentos
• Proteção de áreas sensíveis automáticos relacionados a diferentes eventos

Limiar Emocional Pensamentos Automáticos


• Variável na população em geral • Não vou dar conta do que está agora
• Mais baixo na tartamudez (Blood, 1997) acontecendo comigo
• Pioram em situações de estresse, fadiga, • Não sei o que dizer agora
temas emocionalmente salientes e críticas • Provavelmente falarei alguma coisa errada
• Falta de familiaridade com entrevistador ou • Eles vão entender tudo errado
terapeuta • O que importa é o valor interior das pessoas
(Beck, 2009)

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Fatores de Manutenção Falta de Feedback


• Respostas cognitivas às reações previstas de • Outros fingem entender o discurso: “Eles
outras pessoas à comunicação do paciente estão me entendendo”
• Incompreensão das pessoas: “Não sou • Muitas vezes os pacientes não estão
compreensível”. “Ninguém pode me ajudar” conscientes da desorganização do discurso
• “Sou hiperinteligente, único que falo desse • Percebem ou não se as pessoas estão lhe
jeito”. “Veja se conseguem me entender” entendendo
• Desejam ou não serem entendidos

(Kington, 2008)

Comportamento de Segurança Modelo Cognitivo


• Desagregação do pensamento como esquiva • O processo que produz a resposta de estresse
ou fuga de assuntos (pensamentos) tem um significado que pode ser explorado
perturbadores através da investigação de pensamentos
• Falar rápido automáticos que precedem ou pioram a
• O próprio transtorno do pensamento comunicação do paciente
• Priorizar porque dificulta o entendimento e a
formulação do caso como um todo

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Transtorno do Pensamento Modelo Cognitivo


• Mostrar disposição para entender o paciente • Mecanismo de defesa contra ansiedade
• Acreditar que possa haver algum significado • O conteúdo do discurso desorganizado pode
• Pode piorar de acordo com a resposta do ter significados não percebidos facilmente:
terapeuta ou ausência de feedback palavras chaves
• Discussão das razões com o paciente para o • Influenciadas por cognições automáticas
transtorno posteriormente na terapia “quentes”

“Meu endereço é o apartamento


Caso Clínico
onde moro”
• T: Você está falando muito rápido. Estou com • T: “Sei, eu preciso do teu endereço para colocar
dificuldade para entender. Você poderia falar na receita, senão a farmácia não vende esses
medicamentos”
mais devagar?
• T: “Existe algum problema em me contar a rua
• T: O que você quer dizer com “impressão de onde mora”?
ação”? “Qual a diferença entre impressão de • P: “O Sr. sabe. Agora estou no apartamento da
ação e ação da imaginação?” minha irmã. Morava sozinha no meu, mas como a
• T: O que significa “sujanome”? máfia estava me seguindo, me sinto mais seguro
com ela. Mas não quero que a machuquem por
minha causa”

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“Meu endereço é o apartamento “Meu endereço é o apartamento


onde moro” onde moro”
• T: “Então me contar a rua onde mora pode • T: O que te levou a pensar que se me contar
colocar em risco a sua segurança e a de sua seu endereço isso poderia colocar em risco a
irmã?” sua segurança?
• P: “Sim”
• T: “Em uma escala de zero a 100, quanto você
acredita nisso?”. “E quando você pensa nisso,
o que você sente?”. “Em uma escala de zero a
100, como você classificaria este medo?”

Caso Clínico
• P: “Ser formado em letras e em informática
faz sentido, porque o teclado tem muitas
letras”
• T: “Qual a ligação entre ser formado em letras
e em informática e o teclado ter muitas
letras?”
CASO CLÍNICO • P: “Quando escrever para meus alunos posso
utilizar meu computador”

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Caso Clínico Caso Clínico


• T: “Eu perguntei sua profissão só para constar • T: “Então você me contou a ligação entre ser
no prontuário”. “Porque você quis ligar formado em letras e em informática para não ser
escrever para os alunos com seu computador, criticado?”
afinal também é possível escrever a mão e um • P: “Sim”
computador pode servir para muitas outras • T: “De zero a 100 o quanto você acredita que
coisas?” seria criticado se não me contasse a relação entre
• P: “Você não me entende. Minha mãe vive me letras e informática?”
criticando por eu não trabalhar. Que joguei • T: “ O que você sente quando é criticado pela sua
fora o dinheiro dela no curso de informática” situação profissional? Ou se eu realmente lhe
criticasse?”

Caso Clínico
• P: Raiva
• T: De zero a 100... ?
• T: “O que lhe fez pensar que eu poderia lhe
criticar em à sua profissão?”

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