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IA

EXERCÍCIO E SAÚDE MENTAL


ESQUIZOFREN

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE
PSICOLOGIA DO ESPORTE
Erick Martins ; Luana Kallyne ; Macário Loureiro; Marisa Alves ; Mylena Ferna
01
Definição
DEFINIÇÃO

A esquizofrenia caracteriza-se
por psicose, alucinações, delírios,
discurso e comportamento
desorganizados, embotamento
afetivo, déficits cognitivos e
disfunção ocupacional e social.

Silva, 2018
SUBTIPOS

Com déficit Sem déficit


têm sintomas negativos proeminentes, podem ter delírios, alucinações e
os quais não são explicados por distúrbios do pensamento, mas são
outros fatores indivíduos relativamente sem
sintomas negativos.

Classificação anterior: paranoide, desorganizado, catatônico, residual, indiferenciado.


APA, 2014 (DSM-5)
02
Epidemiologia
Prevalência

Afeta cerca de 1% da população mundial


Prevalência
BRASIL
2 milhões de brasileiros com o transtorno. Desse total, 1,4 milhão de
pessoas (68%), não recebem qualquer tipo de tratamento.

Média de idade de início ~20 anos em mulheres e um pouco mais cedo


nos homens;
Cerca de 40% dos homens têm o primeiro episódio antes dos 20 anos.
É raro o início na infância;
O início cedo na adolescência ou após os 40 anos pode ocorrer, mas é
incomum.

(MARI & LEITÃO, 2000)


03
Sinais e Sintomas
Os sintomas da esquizofrenia normalmente comprometem a
capacidade de executar funções cognitivas e motoras
complexas: assim, os sintomas muitas vezes interferem
acentuadamente nos relacionamentos profissionais, sociais e
na capacidade de cuidar de si mesmo. Desemprego,
isolamento, deterioração dos relacionamentos e diminuição
da qualidade de vida são desfechos comuns, causando uma
importante quebra na curva de vida do indivíduo.

  Tsuang MT, Van Os J, Tandon R et al,2013


Fases da esquizofrenia

1 2 3 4 5
Prodrômica Intermediári
Prodrômica Precoce Tardia
avançada a

podem não manifestar podem surgir sintomas os sintomas são os períodos o padrão do
sintomas ou podem ter ativos e muitas sintomáticos podem transtorno pode ser
subclínicos. O início do
estabelecido, mas há
competência social quadro franco de vezes são piores. ser episódicos (com
variabilidade
prejudicada, desorganização esquizofrenia pode ser exacerbações e considerável; a
cognitiva leve ou distorção súbito ou lento e insidioso remissões incapacidade pode
perceptiva, diminuição da identificáveis) ou estabilizar ou mesmo
capacidade de sentir prazer e contínuos; os deficits diminuir.
outras deficiências gerais de funcionais tendem a
lidar com situações. piorar.
  Tsuang MT, Van Os J, Tandon R et al,2013
Categoria dos
sintomas
POSITIVOS NEGATIVOS
• ALUCINAÇÕES: são percepções sensoriais que não • AFETO EMBOTADO: a face do paciente parece
são percebidas por ninguém mais. Elas podem ser imóvel, com contato visual precário e falta de
auditivas, visuais, olfatórias, gustativas ou táteis, mas expressividade.
as alucinações auditivas são as mais comuns
• POBREZA DA FALA: o paciente fala pouco e dá
• DELÍRIOS: são convicções errôneas que são respostas concisas a perguntas, criando a impressão de
mantidas apesar de evidências contraditórias claras. vazio interno.
Há vários tipos de delírios:
• ANEDONIA: há falta de interesse nas atividades e
• Delírios persecutórios
aumento de atividades sem propósito.
• Delírios de referência
• ASSOCIABILIDADE: há falta de interesse em
• Delírios de retirada ou inserção de relacionamentos
................pensamento

Tsuang MT, Van Os J, Tandon R et al,2013


Categoria dos
sintomas
DESORGANIZADO COGNITIVOS

S
TRANSTORNOS DO PENSAMENTO: O • ATENÇÃO
pensamento é desorganizado, com discurso errático, • VELOCIDADE DE PROCESSAMENTO
não orientado a um objetivo e que se desvia de um • MEMÓRIA DE TRABALHO E DECLARATIVA
tópico para outro. O discurso pode variar de
• PENSAMENTO ABSTRATO
levemente desorganizado até incoerente e
incompreensível. • RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
• COMPREENSÃO DAS INTERAÇÕES SOCIAIS
• COMPORTAMENTOS BIZARROS: O O pensamento do indivíduo pode ser inflexível e a
comportamento bizarro pode incluir puerilidades, capacidade de resolver problemas, entender os pontos de
agitação e aparência, higiene ou conduta vista das outras pessoas e aprender com as experiências
inapropriada. pode estar diminuída. A gravidade do comprometimento
cognitivo é o determinante principal da incapacitação
geral

Tsuang MT, Van Os J, Tandon R et al,2013


04
Diagnóstico
Diagnóstico
Não existe nenhum teste definitivo para detecção de esquizofrenia.

O diagnóstico se baseia na avaliação abrangente de história clínica, sinais e


sintomas. Informações oriundas de fontes auxiliares são muitas vezes importantes.

≥ 2 SINTOMAS CARACTERÍSTICOS (DELÍRIOS, SINAIS PRODRÔMICOS OU ATENUADOS DA

+
ALUCINAÇÕES, FALA DESORGANIZADA, ENFERMIDADE COM PREJUÍZOS SOCIAIS,
COMPORTAMENTO DESORGANIZADO, SINTOMAS OCUPACIONAIS OU DE CUIDADOS PESSOAIS
NEGATIVOS) POR UM PORÇÃO SIGNIFICATIVA DE DEVEM FICAR EVIDENTES POR PERÍODO DE 6
UM PERÍODO DE 6 MESES (OS SINTOMAS DEVEM MESES, INCLUINDO 1 MÊS DE SINTOMAS
INCLUIR PELO MENOS UM DOS 3 PRIMEIROS) ATIVOS

APA, 2014 (DSM-5)


05
Etiologia
BASES
BIOLÓGICAS:
• Alterações na estrutura do
cérebro
• Alterações neuroquímicas,
especialmente alteração da
atividade dos marcadores
da transmissão de
dopamina e glutamato
• Fatores de risco genéticos
recém-demonstrados 

Ferreira et al, 201


VULNERABILIDADE DO
NEURODESENVOLVIMENTO
• Predisposição genética
• Complicações intrauterinas, do
parto ou pós-natais
• Trauma e negligência na infância


+
ESTRESSORES AMBIENTAIS
farmacológicos
• sociais

 
Ferreira et al, 201
06
Principais cuidados
Variáveis que influenciaram o efeito da atividade física sobre a
cognição:

Internação Tempo de
Gênero
doença
Atividade física foi associada relatam que indivíduos com 15 anos ou mostrou que entre as mulheres, as
à piora de vários domínios menos de doença que estiveram pontuações melhoraram
cognitivos em pacientes envolvidos em maior atividade física, significativamente mais em
internados (Kurebayashi e de moderada a vigorosa, durante a medidas de velocidade de
Otaki, 2017) semana de avaliação, apresentaram processamento, aprendizagem
melhor desempenho em termos de visual, memória de trabalho e
CAP memória de trabalho. (Grassman et al., atenção visual. (Hallgren et
2017) al.,2018)
Silva, 2018 S
07
Recomendação e
prescrição de exercício
Atuação do profissional de Ed. física
ESPORTE;
RECREAÇÃO;
Percepção da CONDICIONAMENTO;
autoimagem ESTIMULAÇÃO
PSICOMOTORA
...

Socialização Inserção de regras

Autoestima

Ferreira et al, 2011


Estimulação Psicomotora

“Psicomotricidade é a ciência que busca o desenvolvimento


global do indivíduo, essa estimulação buscará contribuir na
retomada de consciência da realidade pessoal do mesmo,
possibilitando-o assumir o seu próprio crescimento psíquico,
valorizar a disponibilidade corporal, a perfeição de ajustamento, a
autonomia e o investimento relacional.”
(FIGUEIREDO, 2005)

TONICIDADE LATERALIDADE

EQUILÍBRIO PRAXIA GLOBAL

ESQUEMA CORPORAL PRAXIA FINA


ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL

Ferreira et al, 2011


Cuidados antes de
iniciar a intervenção

• saber respeitar o indivíduo;


• entender suas dificuldades;
• saber lidar com as possíveis respostas;
• além da capacidade de improvisar e
adaptar de acordo com as reações advindas
deles.

Projeto “Move-mente: uma intervenção com exercícios em saúde mental”,


Ferreira et al, 2011 desenvolvido por residentes de Educação física da Universidade Federal da Paraíba
Proposta de intervenção

Atividades lúdico-recreativas com algum valor


implícito em sua composição, ou seja, jogos e
brincadeiras, atividades individuais e coletivas,
com/sem regras, atividades de ação, desafios,
atividades de raciocínio, jogos pré-desportivos e
cantigas.

A metodologia utilizada tem por objetivo


estimular habilidade de formar novas memórias e
resolução de problemas complexos.

Atividade desenvolvida com pacientes de um CAPS


Ferreira et al, 2011
Cuidados antes de
iniciar a intervenção

• saber respeitar o indivíduo;


• entender suas dificuldades;
• saber lidar com as possíveis respostas;
A • forma
além catatônica afeta dea improvisar
da capacidade motricidadee do Atividades que minimizem as limitações e maximizem
indivíduo, podendo
adaptar ocorrer
de acordo com em duas formas:
as reações horas
advindas as potencialidades, para intervir com atividades que
sem sedeles.
mover ou mover-se excessivamente e com envolvam o tônus muscular do indivíduo e sua
rapidez, além de contraturas involuntárias dos afetividade. Atividades dinâmicas e atrativas que
músculos. favoreçam a atenção e interesse do aluno.

Ferreira et al, 2011 Atividade desenvolvida com pacientes de um CAPS de Maceió


PERDA DO SENTIMENTO DE UNICIDADE DO
CORPO

Atividades que fortaleçam a noção espaço-


temporal e esquema corporal, que colaborará
para trabalhar as percepções corporais e suas
sensações, de forma a facilitar ao indivíduo seu
desenvolvimento global.

Ferreira et al, 2011 Atividade desenvolvida com pacientes de um CAPS


Trabalho multiprofissional

O profissional de educação física deve auxiliar os demais profissionais tanto no tratamento como
na prevenção dos seguintes aspectos afetados pela esquizofrenia: no restabelecimento de cuidar
de si; administrar a própria vida; manter o máximo de autonomia em suas atividades; diminuir o
isolamento social; aumentar suas defesas diante das situações estressantes; recuperar e promover
a autoestima, autoimagem e autoconfiança e, por fim, ajudar na readaptação social.

Ferreira et al, 2011


Considerações finais

A avaliação é realizada por meio da observação e do diálogo,


estando presente ao longo da intervenção de forma processual
e diagnóstica. A partir de uma reflexão com os alunos, há um
entendimento a respeito dos benefícios ou não das atividades
propostas, cabendo ao profissional de Educação Física
observar no seu aluno com esquizofrenia sua compreensão,
tomadas de decisões individuais e coletivas e registrar
posteriormente, seus avanços nos relatórios individuais

Ferreira et al, 201


Referências Bibliográficas
American Psychiatric Association (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2014.

TAMMINGA , Carol. Esquizofrenia. In:. MANUAL MSD Versão para Profissionais de Saúde. [S. l.], abril 2022. Disponível em:
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/esquizofrenia-e-transtornos-relacionados/
esquizofrenia?query=Esquizofrenia. Acesso em: 25 nov. 2022.

FERREIRA, Elizângela Fernandes. Esquizofrenia e a intervenção do profissional de Educação Física. EFDeportes.com, Revista


Digital. , [s. l.], ano 16, n. 161, 2011. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd161/esquizofrenia-e-educacao-fisica.htm.
Acesso em: 25 nov. 2022.

MARI, J. J.; LEITÃO R. J. A epidemiologia da esquizofrenia Revista Brasileira de Psiquiatria, v.22, p.15-17, 2000

SILVA, Edilene Aparecida Moreira. Benefícios da atividade física sobre a cognição em pacientes com esquizofrenia. 2018. Artigo
(Especialização em Neurociências) - Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, [ S. l.], 2018.

TSUANG MT, VAN OS J, TANDON R, et al. Attenuated psychosis syndrome in DSM-5. Schizophr Res, v.1, n.150, 2013

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