PSIQUIATRIA | LUCAS SILVA 1
Esquizofrenia
Introdução
• Os transtornos psicóticos são definidos
por anormalidades em um ou mais dos
cinco domínios:
o Delírios; Alucinações; Pensamento
desorganizado; Comportamento motor
grosseiramente desorganizado ou
anormal (incluindo catatonia) e B. Prejuízo funcional no trabalho, relações
Sintomas negativos.
• Esquizofrenia: trata-se de uma
perturbação que dura, pelo menos, seis
meses e inclui, no mínimo, um mês de
sintomas da fase ativa; isto é, apresenta
dois ou mais sinais, como delírios,
alucinações, discurso desorganizado,
comportamento amplamente
desorganizado ou catatônico e sintomas
negativos.
• Transtorno esquizofreniforme:
caracteriza-se por quadro sintomático
equivalente ao da esquizofrenia, exceto
por sua duração — ou seja, a perturbação
dura de um a seis meses — e ausência da
exigência de declínio no funcionamento.
• Transtorno esquizoafetivo: trata-se de
uma perturbação em que episódio de
humor e sintomas da fase ativa da
esquizofrenia ocorrem juntos e foram
precedidos ou seguidos por, pelo menos,
duas semanas de delírios ou alucinações
sem sintomas proeminentes de humor.
• Transtorno delirante: caracteriza-se por,
pelo menos, um mês de delírios não
bizarros sem outros sintomas da fase ativa
da esquizofrenia.
• Transtorno psicótico breve: trata-se de
uma perturbação psicótica com duração
maior que um dia e remissão em um mês.
Diagnóstico - DSM 5
A. Pelo menos 02 dos seguintes sintomas,
presentes por no mínimo 01 mês, sendo
obrigatório a presença de delírio,
alucinação ou desorganização do
discurso.
o Delírios → Alteração do juízo de
realidade.
o Alucinações → Alteração da
sensopercepção, dos sentidos. Podem
ser auditivas ou visuais.
o Desorganização do discurso →
Incoerência das respostas, com
tangencialidade, prolixidade, fuga de
ideias.
o Desorganização do comportamento ou
catatonia
o Sintomas negativos → Redução da
vontade (abolia), da expressão
emocional, isolamento, alogia. São
sintomas frequentes na fase residual
da esquizofrenia (cronicidade).
interpessoais e autocuidado.
C. Duração no mínimo de 6 meses, com no
mínimo 01 mês sintomático (a mesmo que
esteja em tratamento).
o Até 01 mês com sintomas psicóticos →
Transtorno psicótico breve (TPB).
o F.20 → Se o paciente tiver 06 meses de
fase prodrômica + 01 mês de sintoma
psicótico ativo, totalizando 07 meses.
o Fase prodrômico: estado de
apreensão e perplexidade sem um foco
aparente, antecedendo os sintomas
psicóticos.
CLASSIFICAÇÃO
F20.0 – Esquizofrenia Paranoide
• Preocupação com um ou mais delírios,
alucinações auditivas frequentes.
• Delírios de perseguição ou grandeza
• 1º episódio em idade mais avançada
• Maiores recursos de Ego
• Menos regredidos
• Tensos, desconfiados, cautelosos,
reservados, hostis, agressivos.
• Inteligência intacta nas áreas não
invadidas pela psicose.
F20.1- Esquizofrenia Hebefrênica
• Regressão / Infantilização →
Comportamento primitivo, desinibido,
desordenado
• Início precoce → Antes dos 25 anos
• Ativos, sem objetivo
• Comprometimento importante do
pensamento, contato com a realidade
pobre.
• Aparência desleixada
• Socialmente inadequados, respostas
emocionais inadequadas.
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F20.2 – Esquizofrenia Catatônica o Temas dos delírios

• Distúrbio acentuado da função motora o Persecutórios
• Estupor, negativismo, rigidez, excitação, o Depreciativos
postura bizarras. o Místicos/Religiosos
• Estereotipias, maneirismos e flexibilidade o Sexuais, erotomaníacos
de cera. o De poder, riqueza, prestígio ou
• Mutismo grandeza
• Desnutrição, exaustão, hiperpirexia, o De ruína ou culpa
autolesões. o Hipocondríacos
• Péssimo prognóstico • Sensopercepção
o Ilusões: ver ou ouvir coisas diferentes
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS do que realmente são na realidade (ver
uma cadeira e pensar ser outra coisas).
• Princípios gerais dos sintomas: o Alucinações: ver ou ouvir coisas que
o São inespecíficos não existem.
o Variam ao longo do tempo
• Humor e Afetividade
o Dependem do nível de
o Responsividade emocional reduzida
desenvolvimento prévio
o Anedonia
• Perfil pré-mórbido: o Emoções exageradamente ativas e
o Ocorre antes da fase prodrômico, antes impróprias
da instalação da doença, mas não é o Embotamento afetivo
obrigatório acontecer.
• Cognição
o Pouca socialização
o Orientação e atenção podem ou não
o Inadequação social
estar comprometidas
o Gostos peculiares ou exóticos
o Memória costuma estar intacta
o Investimento em atividades solitárias
o Comprometimento variável da
inteligência
EXAME MENTAL
o Insight geralmente prejudicado
• Aparência
o Aparência desleixada ou CURSO
excessivamente arrumado
• Pródromo: Pode durar de 6 a 12 meses.
o Aos gritos, agitado ou silencioso e
É um estado de mudança de
imóvel
comportamentos.
o Catatonia: mutismo, negativismo e
• 1º episódio: Sintomas psicóticos ativos.
obediência automática.
Se durar mais de 01 mês, ou se os
• Pensamento e Juízo de realidade
sintomas melhorarem com tratamento, há
o Conteúdo delirante
o diagnóstico de esquizofrenia.
+ Perseguição da esquizofrenia
• Remissão: Total ou parcial.
paranoide.
• Novos episódios:
+ Invasão ou influência (acreditar que
• Remissão: Pode não haver
alguém invadiu seu corpo, alguém
sintomatologia, devido ao tratamento
colocou um chip para descobrir
eficaz ou pode ter sintomas residuais.
coisas sobre ele).
+ Roubo ou publicação: Acreditar PROGNÓSTICO
que roubaram seu pensamento e
publicaram nas redes. Positivo
+ Autorreferência • Início tardio
o Forma do pensamento: • Início agudo
+ Curso: bloqueio, roubo • Precipitantes óbvios
+ Forma: afrouxamento das • Bom funcionamento prévio
associações, descarrilhamento, • Sem história familiar
desagregação, incoerência, • Casado
tangencialidade • Boa estrutura familiar
+ Conteúdo: delírios • Predomínio de sintomas positivos

• Poucas recaídas
• Insight parcial
• Boa adesão ao tratamento
Negativo
• Início precoce
• Início insidioso
• Sem precipitantes claros
• Pobre funcionamento prévio
• Outros casos na família
• Solteiro ou divorciado
• Desestrutura familiar
• Predomínio de sintomas negativos
• Muitas recaídas
• Insight ausente
• Má adesão ao tratamento
Tratamento
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Antipsicóticos
• Típicos, tradicionais ou de 1ª geração:
o Haloperidol
o Levomepromazina
o Clorpromazina
• Atípicos ou de 2ª geração:
o Risperidona, Olanzapina, Quetiapina
o Aripiprazol, Lurasidona, Clozapina
(casos refratários), etc.
Potencializadores
• Estabilizadores do humor
• Antidepressivos
Atenuantes e Sintomáticos
• Benzodiazepínicos
• Antiparkinsonianos
NÃO FARMACOLÓGICO
• Intervenções psicossociais:
o Terapia de habilidades sociais
o Terapia orientada para a família
• Psicoterápico:
o Psicoterapia de apoio
o Terapia de grupo
o Terapia cognitiva e comportamental
• Eletroconvulsoterapia
• Hospitalização
PSIQUIATRIA | LUCAS SILVA 3
FASES DO TRATAMENTO
• Fase aguda: 4 a 8 semanas, com controle
do surto.
• Período de estabilização: 3 a 6 meses,
com redução dos sintomas positivos ainda
presentes, melhora dos sintomas
cognitivos e negativos.
• Fase estável: Meses a anos, geralmente
vitalícia. Visa assegurar a remissão ou
controle dos sintomas, o foco está na
melhora funcional e recuperação.
• Passos da terapia:
o Monoterapia com AP
o Ajuste de dose (verificar adesão)
o Troca de AP → Pelo menos duas
substâncias com adesão, dose e tempo
adequados.
o Clozapina para casos refratários
o Combinação com outras substâncias
em casos ultrarrefratários
EFEITOS COLATERAIS
• Hiperprolactinemia: trocar antipsicótico
• Ganho de peso e alterações metabólicas
ocorre principalmente com os atípicos
o Hiperglicemia / diabetes
o Hipercolesterolemia
o Hipertrigliceridemia
o Aumento dos riscos cardiovasculares
Extrapiramidais
• Distonia aguda: utiliza-se os
anticolinérgicos (biperideno ou
prometazina) para alívio.
• Parkinsonismo induzido: tratamento
com anticolinérgicos
• Acatisia (inquietação, ansiedade):
Tratamento com propranolol ou
benzodiazepínico.
• Discinesia tardia: não apresenta nenhum
tratamento efetivo
o Surge após 3 meses de tratamento
o Dificilmente é reversível
o Redução gradual da dose
o Substituição do antipsicóticos