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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A Paz Efetiva Como Fruto Da Justiça

CURSO: Português

Disciplina: Fundamento de
Teologia Católica

2o Ano

Docente: Pe. Abel Canada

Quelimane, Março, 2021


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A Paz Efetiva Como Fruto Da Justiça

CURSO: Português

Disciplina: Fundamento de
Teologia Católica

2o Ano

Docente: Pe. Abel Canada

Quelimane, Março, 2021


Índice

Introdução...................................................................................................................................4

1.0. A PAZ EFETIVA COMO FRUTO DA JUSTIÇA..............................................................5

1.1. O falimento da paz: guerra...................................................................................................6

1.2. O contributo da igreja para a paz.........................................................................................8

Conclusão..................................................................................................................................10

Referências bibliográficas.........................................................................................................11
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Introdução

A sociedade é um contexto global relativo a comunidade, onde residem um determinado


povo, e este povo por si é composto de normas, leis, costumes, valores, crenças ajudam a
manter o ambiente meramente harmonioso, e sendo assim, originaremos a paz que é o fruto da
harmonia ou do bem-estar sociocultural, e é evidente que quando existe a paz, a justiça
também existe, porque a justiça consiste em dar a cada um o que é seu por direito e o que lhe
é merecido. Entretanto, o trabalho falaremos da Paz efetiva como fruto da justiça, este que é o
assunto geral a se concretizar, que tem como objectivo principal descrever os aspectos
relativos a paz como fruto da justiça. Portanto, é de extremo interessa realçar o tema referido,
porque é com a paz que uma determinada nação pode viver sem conflitos internos e externos,
pois a paz trás consigo o bem-estar social, teve-se como base no método de pesquisa
bibliográfico para a concretização do trabalho, e quanto a estrutura o trabalho compõe-se de:
Capa, Contra-capa, Índice, Introdução, Desenvolvimento, Conclusão e Bibliografia.
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1.0. A PAZ EFETIVA COMO FRUTO DA JUSTIÇA

A paz é um valor e um dever universal e encontra o seu fundamento na ordem racional e


moral da sociedade que tem as suas raízes no próprio Deus, fonte primária do ser, verdade
essencial e bem supremo. A paz não é simplesmente ausência de guerra e tampouco um
equilíbrio estável entre forças adversárias, mas se funda sobre uma correta concepção de
pessoa humana e exige a edificação de uma ordem segundo a justiça e a caridade.

A paz é fruto da justiça, entendida em sentido amplo como o respeito ao equilíbrio de todas as
dimensões da pessoa humana. A paz é um perigo quando ao homem não é reconhecido aquilo
que lhe é devido enquanto homem, quando não é respeitada a sua dignidade e quando a
convivência não é orientada em direção para o bem comum. Para a construção de uma
sociedade pacífica e para o desenvolvimento integral de indivíduos, povos e nações, resulta
essencial a defesa e a promoção dos direitos humanos. (cf. Is 32,17)

A paz é fruto também do amor: a verdadeira paz é mais matéria de caridade que de justiça,
pois a função da justiça é somente remover os obstáculos para a paz, como por exemplo, a
injuria e o dano caudados; mas a paz mesma é ato próprio e específico da caridade

A paz se constrói dia a dia na busca da ordem querida por Deus e pode florescer somente
quando todos reconhecem as próprias responsabilidades na sua promoção. Para prevenir
conflitos e violências, é absolutamente necessário que a paz comece a ser vivida como valor
profundo no íntimo de cada pessoa: assim pode estender-se nas famílias e nas diversas formas
de agregação social, até envolver toda a comunidade política. Em um clima difuso de
concórdia e de respeito à justiça, pode amadurecer uma autêntica cultura de paz, capaz de
difundir-se também na Comunidade Internacional. A paz é, portanto, fruto de uma ordem
inscrita na sociedade humana pelo seu Divino Fundador e que os homens, sempre desejosos
de uma justiça mais perfeita, hão de fazer amadurecer. Tal ideal de paz não pode conseguir-se
na terra se não se salvaguardar o bem dos indivíduos e os homens não comunicarem entre si
com confiança as riquezas do seu espírito e das suas faculdades criadoras.

A violência nunca constitui uma resposta justa. A Igreja proclama, com a convicção da sua fé
em Cristo e com a consciência de sua missão, que a violência é um mal, que a violência é
inaceitável como solução para os problemas, que a violência não é digna do homem. A
violência é mentira, pois que se opõe à verdade da nossa fé, à verdade da nossa humanidade.
A violência destrói o que ambiciona defender: a dignidade, a vida, a liberdade dos seres
humanos.
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1.1. O falimento da paz: guerra

O Magistério condena a crueldade da guerra e pede que seja considerada com uma abordagem
completamente nova: de fato, não é mais possível pensar que nesta nossa era atômica a guerra
seja um meio apto para ressarcir direitos violados. A Guerra é um flagelo e não representa
nunca um meio idôneo para resolver os problemas que surgem entre as nações: Nunca foi e
jamais o será, porque gera conflitos novos e mais complexos. Quando deflagra, a guerra
torna-se uma carnificina inútil, uma aventura sem retorno, que compromete o presente e
coloca em risco o futuro da humanidade: Nada se perde com a paz, mas tudo pode ser perdido
com a guerra. Os danos causados por um conflito armado, de fato, não são apenas materiais,
mas também morais: a guerra é, ao fim e ao cabo, «a falência de todo o autêntico humanismo,
é sempre uma derrota da humanidade: «nunca mais uns contra os outros, nunca mais, nunca!...
nunca mais a guerra, nunca mais a guerra!.

a) A legítima defesa

Uma guerra de agressão é intrinsecamente imoral. No trágico caso em que esta se


desencadeie, os responsáveis por um Estado agredido têm o direito e o dever de organizar a
defesa inclusive recorrendo à força das armas. O uso da força, para ser lícito, deve responder a
algumas rigorosas condições: que: ― o dano infligido pelo agressor à nação ou à comunidade
das nações seja durável, grave e certo; ― todos os outros meios de pôr fim se tenham
revelado impraticáveis ou ineficazes; ― estejam reunidas as condições sérias de êxito; ― o
emprego das armas não acarrete males e desordens mais graves que o mal a eliminar.

b) Defender a paz

As exigências da legítima defesa justificam a existência, nos Estados, das forças armadas,
cuja ação deve ser posta ao serviço da paz: os que com tal espírito tutelam a segurança e a
liberdade de um País, dão um autêntico contributo à paz. Toda a pessoa que presta serviço nas
forças armadas é concretamente chamada a defender o bem, a verdade e a justiça no mundo;
não poucos são aqueles que nas forças armadas sacrificaram a própria vida por tais valores e
para defender vidas inocentes. O crescente número de militares que atuam no seio de forças
multinacionais, no âmbito das missões humanitárias e de paz, promovidas pelas Nações
Unidas, é um fato significativo.

Todo membro das forças armadas está moralmente obrigado a opor-se às ordens que incitam a
cumprir crimes contra o direito das nações e os seus princípios universais. Os militares
permanecem plenamente responsáveis pelas ações que cometem em violação dos direitos das
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pessoas e dos povos ou das normas do direito internacional humanitário. Tais atos não podem
ser justificados com o motivo da obediência a ordens superiores.

c) O dever de proteger os inocentes

O direito ao uso da força com o objetivo de legítima defesa é associado ao dever de proteger e
ajudar as vítimas inocentes que não podem defender-se das agressões. Nos conflitos da era
moderna, frequentemente no seio do próprio Estado, as disposições do direito internacional
humanitário devem ser plenamente respeitadas. Em muitas circunstâncias a população civil é
atingida, por vezes também como objetivo bélico. Em alguns casos, é brutalmente massacrada
ou desenraizada das próprias casas e das próprias terras com transferências forçadas, sob o
pretexto de uma «purificação étnica» inaceitável. Em tais trágicas circunstâncias, é necessário
que as ajudas humanitárias cheguem à população civil e que não sejam jamais utilizadas para
condicionar os beneficiados: o bem da pessoa humana deve ter precedência sobre os
interesses das partes em conflito.

Uma categoria particular de vítimas da guerra é a dos refugiados, constrangidos pelos


combates a fugir dos lugares em que vivem habitualmente, até mesmo a encontrar abrigo em
países diferentes daqueles em que nasceram. A Igreja está do lado deles, não só com a
presença pastoral e com o socorro material, mas também com o empenho de defender a sua
dignidade humana: «A solicitude pelos refugiados deve esforçar-se por reafirmar e sublinhar
os direitos humanos, universalmente reconhecidos, e a pedir que para eles sejam efetivamente
realizados».

As tentativas de eliminação de inteiros grupos nacionais, étnicos, religiosos ou linguísticos


são delitos contra Deus e contra a própria humanidade e os responsáveis de tais crimes devem
ser chamados a responder diante da justiça. O século XX caracterizou-se tragicamente por
vários genocídios: daquele dos armênios ao dos ucranianos, do dos cambojanos àqueles
ocorridos na África e nos Bálcãs.

d) Medidas contra quem ameaça a paz

As sanções, nas formas previstas do ordenamento internacional contemporâneo, miram a


corrigir o comportamento do governo de um País que viola as regras da convivência
internacional pacífica e ordenada ou que põe em prática formas graves de opressão sobre a
população. As finalidades das sanções devem ser precisadas de modo inequívoco e as
medidas adotadas devem ser periodicamente verificadas pelos organismos competentes da
Comunidade Internacional, para uma objetiva avaliação da sua eficácia e do seu real impacto
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sobre a população civil. O verdadeiro objetivo de tais medidas é abrir o caminho para as
taxativas e o diálogo.

e) O desarmamento

A doutrina social propõe a meta de um desarmamento geral, equilibrado e controlado. O


enorme aumento das armas representa uma ameaça grave para a estabilidade e a paz. O
princípio de suficiência, em virtude do qual um Estado pode possuir unicamente os meios
necessários para a sua legítima defesa, deve ser aplicado seja pelos Estados que compram
armas, seja por aqueles que as produzem e as fornecem. Todo e qualquer acúmulo excessivo
de armas ou o seu comércio generalizado não podem ser justificados moralmente. As armas
não devem jamais ser consideradas à guisa dos outros bens intercambiados em plano mundial
ou nos mercados internos.

Medidas apropriadas são necessárias para o controle da produção, da venda, da importação e


da exportação de armas leves e individuais, que facilitam muitas manifestações de violência.
É indispensável e urgente que os governos adotem regras adequadas para controlar a
produção, o acúmulo, a venda e o tráfico de tais armas, de modo a fazer frente à crescente
difusão, em larga parte entre grupos de combatentes que não pertencem às forças militares de
um Estado.

1.2. O contributo da igreja para a paz

A promoção da paz no mundo é parte integrante da missão com que a Igreja continua a obra
redentora de Cristo sobre a terra. A Igreja, de fato, é, «em Cristo, “sacramento”, ou seja, sinal
e instrumento de paz no mundo e para o mundo». A promoção da verdadeira paz é uma
expressão da fé cristã no amor que Deus nutre por cada ser humano. Da fé libertadora no
amor de Deus derivam uma nova visão do mundo e um novo modo de aproximar-se do outro,
seja esse outro um indivíduo ou um povo inteiro: é uma fé que muda e renova a vida,
inspirada pela paz que Cristo deixou aos Seus discípulos (cf. Jo 14,27).

Movida unicamente por tal fé, a Igreja entende promover a unidade dos cristãos e uma
fecunda colaboração com os crentes de outras religiões. As diferenças religiosas não podem e
não devem constituir uma causa de conflito: a busca comum da paz por parte de todos os
crentes é antes um forte fator de unidade entre os povos. A Igreja exorta pessoas, povos,
Estados e nações a se tornarem participantes da sua preocupação com o restabelecimento e a
consolidação da paz, ressaltando em particular a importante função do direito internacional.
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A Igreja ensina que uma verdadeira paz só é possível através do perdão e da reconciliação.
Não é fácil perdoar diante das consequências da guerra e dos conflitos, porque a violência,
especialmente quando conduz até aos abismos da desumanidade e da desolação, deixa sempre
como herança um pesado fardo de dor, que pode ser aliviado somente por uma reflexão
profunda, leal e corajosa, comum aos contendores, capaz de enfrentar as dificuldades do
presente com uma atitude purificada pelo arrependimento

A Igreja luta pela paz com a oração. A oração abre o coração não só a uma profunda relação
com Deus, como também ao encontro com o próximo sob o signo do respeito, da confiança,
da compreensão, da estima e do amor. A oração infunde coragem e dá apoio a todos os
verdadeiros amigos da paz, os quais procuram promovê-la nas várias circunstâncias em que se
encontram a viver. A oração litúrgica é simultaneamente cimo para o qual se dirige a ação da
Igreja e a fonte da qual promana toda a sua força; em particular a celebração eucarística, fonte
e convergência de toda a vida cristã, é nascente inesgotável de todo autêntico compromisso
cristão pela paz.

Os Dias Mundiais da Paz são celebrações de particular intensidade para a oração de invocação
da paz e para o compromisso de construir um mundo de paz. O Papa Paulo VI as instituiu
com o objetivo de que se dedique aos pensamentos e aos propósitos da Paz uma celebração
especial, no primeiro dia do ano civil. As Mensagens pontifícias por ocasião de celebração
anual constituem uma rica fonte de atualização e de desenvolvimento da doutrina social e
mostram o constante esforço da ação pastoral da Igreja em favor da paz: A Paz impõe-se
somente com a paz, com aquela paz nunca disjunta dos deveres da justiça, mas alimentada
pelo sacrifico de si próprio, pela clemência, pela misericórdia e pela caridade.
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Conclusão

Podemos inferir que a justiça gera a paz, porque é a paz é um valor e um dever universal e
encontra o seu fundamento na ordem racional e moral da sociedade que tem as suas raízes no
próprio Deus. A paz é fruto da justiça, entendida em sentido amplo como o respeito ao
equilíbrio de todas as dimensões da pessoa humana, ela também é o fruto do amor: a
verdadeira paz é mais matéria de caridade que de justiça, pois a função da justiça é somente
remover os obstáculos para a paz, como por exemplo, a injuria e o dano caudados; mas a paz
mesma é ato próprio e específico da caridade. A paz se constrói dia a dia na busca da ordem
querida por Deus e pode florescer somente quando todos reconhecem as próprias
responsabilidades na sua promoção. Podemos referir que a guerra é o inimigo da paz, ela um
dos factores chaves para o falecimento da paz duma determinada nação ou Pais, e a igreja é o
factor principal que gera a paz, ou seja, a crença religiosa ela contribui para o alcance da paz
efetiva, a igreja promove da paz no mundo e é parte integrante da missão com que a Igreja
continua a obra redentora de Cristo sobre a terra. A Igreja, de fato, é, em Cristo,
“sacramento”, ou seja, sinal e instrumento de paz no mundo e para o mundo. A promoção da
verdadeira paz é uma expressão da fé cristã no amor que Deus nutre por cada ser humano, no
entanto, a Igreja ensina que uma verdadeira paz só é possível através do perdão e da
reconciliação, ou seja, a Igreja luta pela paz com a oração.
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Referências bibliográficas

Cf. Catecismo da Igreja Católica, 2037.

Cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Instr. Donum veritatis, 16-17; 23: AAS 82 (1990)
1557-1558.1559-1560.

Cf. Catecismo da Igreja Católica, 2039.

Cf. Catecismo da Igreja Católica, 2442.

Congregação para a Educação Católica, Orientações para o estudo e o ensino da Doutrina


Social na formação sacerdotal, 20: Tipografia Poliglota Vaticana, Cidade do Vaticano 1988,
p. 24.

Cf. Pio XI, Carta encicl. Quadragesimo anno, 39: AAS 23 (1931) 189; Pio XII,
Radiomensagem em comemoração do 50° aniversário da « Rerum novarum»: AAS 33 (1941)
198.

João Paulo II, Carta encicl. Centesimus annus, 60: AAS 83 (1991) 865.

Leão XIII, Carta encicl. Rerum novarum: Acta Leonis XIII, 11 (1892) 143. Cf. João Paulo II,
Carta encicl. Centesimus annus, 56: AAS 83 (1991) 862.

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