Você está na página 1de 5

Uninassau – Aprendizagem e Controle Motor/4º período/noite

Professora – Jucilaine Carvalho

Conteúdo: Feedback

Para a aquisição e/ou desenvolvimento de uma habilidade motora, são


necessários diversos fatores. Dentre estes fatores, encontra-se o feedback, que é um
parâmetro indispensável para a aprendizagem. A qualidade da informação fornecida ao
indivíduo é determinada pela boa formação acadêmica dos profissionais, sendo
determinante para o desenvolvimento da habilidade motora. O objetivo deste trabalho é:
classificar e conceituar feedback; definir seus tipos e formas de atuação e os modos
como ele pode ser utilizado.
Classificação e funções do feedback
Mcgown (1991), entende por feedback a informação que se obtém após uma
resposta, e é geralmente vista como a mais importante variável que determina a
aprendizagem, logo a seguir à prática propriamente dita. Segundo Godinho, Mendes e
Barreiros (1995, p. 217) feedback "é a expressão genérica que identifica o mecanismo
de retro-alimentação de qualquer sistema processador de informação". É o retorno de
informação que permite ao sistema avaliar o quanto foi cumprido os objetivos, é uma
condição obrigatória para ocorrer aprendizagem. Sem essa informação de retorno o
sistema comporta-se como se estivesse cego, ou seja, não existe uma auto-avaliação e as
respostas defasadas, continuarão ocorrendo, tanto em termos espaciais como temporais.
Marteniuk (1986) define o feedback como sendo uma resposta produzida pelo
movimento realizado, obtendo informações cinéticas e cinemáticas do mesmo. Schmidt
(1993) afirma que feedback é qualquer tipo de informação sensorial sobre o movimento,
não exclusivamente com referência a erros.
Ainda segundo Schmidt (1993), o feedback pode ser uma conseqüência
natural do movimento, num processo de percepção pelo próprio executante e, pode
também ser de outras formas, que não são tão óbvias para o aluno. Sem dúvida, o
feedback verbal está freqüentemente sobre o controle direto do instrutor; então, ele
ocupa uma grande parte na organização da prática.
O feedback verbalizado pode exprimir muitos tipos diferentes de informação
simultaneamente, cada uma delas envolvendo muitos processos diferentes de
aprendizagem.
No entanto, a principal função da informação de feedback é a de permitir ao
executante avaliar a resposta dada, criando uma estrutura de referência de forma a que o
atleta ou aluno possa detectar erros e tentar corrigi-los (McGOWN, 1991). Além de
informação, como será descrito mais adiante, o feedback pode ter a função motivadora e
de reforço, para a execução de uma tarefa ou habilidade.
De qualquer forma, a possibilidade de dirigir e influenciar a atividade do
aluno numa determinada direção faz, do chamado feedback, um fator decisivo na
atividade pedagógica, caracterizando-se neste sentido como uma variável importante na
determinação da eficácia e qualidade do ensino (MOTA, 1989).
Segundo Pérez e Bañuelos (1997), existem alguns motivos para o
fornecimento de feedback aos atletas:
• Insuficiente ou errônea interpretação por parte do desportista da
informação sobre a realização da tarefa que ele realiza;
• Falta de atenção seletiva aos estímulos que vêm a facilitar a atuação e o
correto controle da realização da tarefa;
• Carência de informação necessária sobre alguns aspectos de execução
difíceis ou impossíveis de obter por si mesmo.
É fundamental fazer uma correta avaliação das necessidades do feedback para
a detecção dos erros que comete o esportista. Não é útil ser redundante e proporcionar
uma informação que o esportista pode captar por si mesmo. Por outro lado, é necessário
transmitir informações sobre aqueles aspectos que o esportista não pode captar por seus
próprios meios, nota-se neste aspecto a competência pedagógica e técnica do treinador
(PÉREZ; BAÑUELOS, 1997).

Tipos de feedback
Para Schmidt (1993) e Franco (2002) o feedback pode ser dividido em
intrínseco e extrínseco.

Feedback Intrínseco
Segundo Schmidt (1993) é a informação fornecida como uma consequência
natural da realização de uma ação. Todos os aspectos dos movimentos intrínsecos à
tarefa podem ser percebidos mais ou menos diretamente, sem métodos ou aparelhos, ou
seja, através dos órgãos sensoriais e proprioceptivos.

Feedback Extrínseco
Schmidt (1993) afirma que este tipo de feedback é constituído por informação
do resultado medido da performance, que é a resposta informada ao executante por
algum meio artificial, seja verbal, visual ou sonoro. Deste modo, o feedback extrínseco
é fornecido após o feedback intrínseco.
Tem como característica a suplementação da informação naturalmente
disponível (feedback intrínseco) e, o mais importante, este feedback é "a informação
sobre a qual o técnico ou instrutor tem controle". Portanto, este deve levar em conta
quando deve apresentá-lo, de que forma e, até mesmo se deve ser apresentado para
influenciar na aprendizagem.
Ainda dentro deste tipo de feedback pode-se subdividi-lo em dois tipos
particulares de informação: "Conhecimento de Resultado" e "Conhecimento de
Performance".
O feedback extrínseco pode ser de dois tipos: aquele relacionado com a
própria realização - conhecimento da execução ou da performance; e o relacionado com
o resultado obtido - conhecimento de resultado (PÉREZ; BAÑUELOS, 1997).

Conhecimento de Resultado (C.R.)


O conhecimento de resultado é uma forma específica de feedback externo e,
de acordo com Magill (1984), é uma das funções mais importantes que um instrutor de
habilidades motoras desempenha para o principiante.
Segundo Chiviacowski e Tani (1993), conhecimento de resultado é um tipo de
informação que pode tomar muitas formas no ambiente de aprendizagem, capaz de
informar o aprendiz sobre o resultado ou eficiência de um movimento, durante ou após
a sua execução.
Para Schmidt (1993), o conhecimento de resultado é a informação verbalizada
sobre o resultado da resposta no meio ambiente apresentada após a resposta. Como
"princípio geral" não há aprendizagem sem conhecimento de resultado. Podemos
fornecê-lo em relação à direção do erro, a magnitude do erro e, direção mais magnitude
do erro.
O fornecimento de resultados sobre os erros permite uma melhora rápida
durante a seqüência de tarefas, que permanece nos testes de retenção mesmo após a
retirada do conhecimento de resultado. Isto sugere que quando o executante não pode
detectar seus próprios erros de performance pelo feedback intrínseco não ocorre
nenhuma aprendizagem, a não ser que o feedback extrínseco seja dado. Porém, isto não
significa em hipótese alguma, que não ocorre aprendizagem sem conhecimento de
resultados.
O primordial para que ocorra aprendizagem é que seja recebida alguma
informação sobre o erro apresentado. O C.R. é uma das variáveis mais importantes para
aprendizagem de habilidades motoras, provavelmente apenas inferior à prática
propriamente dita (MAGILL, 1984; ADAMS; NEWELL; NEWELL et al.; SALMONI,
SCHMIDT; WALTER, citados por MARTENIUK, 1986).
Um experimento realizado por Thorndike, citado por Adams (1978),
constatou que sem C.R. os indivíduos foram incapazes de melhorar seu desempenho na
tarefa proposta.
Pesquisas como as de BAIRD & HUGHES; CASTRO; HO & SHEA;
JOHNSON et al., citados por SCHMIDT (1993); TAYLOR & NOBLE, citados por
CHIVIACOWSKI e TANI (1993); mostram que grupos com menor freqüência relativa
de C.R. obtiveram performances mais precisas. Então, ao contrário do que se pensava,
freqüência relativa mostrou-se uma variável importante para a aprendizagem, sendo
que, a diminuição da freqüência relativa ajuda a fase de retenção. Durante a fase inicial
o grupo de menor freqüência de feedback erra mais e, o grupo mais próximo de 100%
tem um maior número de acertos (fase de aquisição de padrão). Na fase de transferência
e retenção o grupo próximo a 100% piora a performance e, os grupos com menores
freqüências relativas mantém ou até melhoram a performance.
Porém, as freqüências mais baixas de C.R. não favorecem tanto a
aprendizagem, mostrando que pode dificultar a formação do padrão de referência do
movimento correto. No outro extremo, se fornecido muito feedback, pode ocorrer uma
tendência da pessoa não desenvolver a capacidade de detecção e correção de erros de
forma eficiente, formando a referência de maneira muito pobre. O feedback extrínseco
tem um efeito muito forte no direcionamento da performance, moldando o seu padrão
de movimento.
Experimento relatado em Godinho, Mendes e Barreiros (1995) constatou que
grupos que receberam 100% de C.R. apresentaram um ganho maior na fase de
aquisição, isto é, durante a prática propriamente dita, do que grupos com frequência
mais baixa. No entanto em testes de resistência ao esquecimento (retenção e transfer)
nota-se o contrário. Contatou-se que o fornecimento intermitente de C.R. produziu
efeitos positivos em longo prazo (TAYLOR & NOBLE; BAIRD & HUGHES;
WINSTEIN & SCHMIDT, citados por GODINHO, MENDES e BARREIROS, 1995),
embora possa não se manifestar positivamente durante a aquisição propriamente dita.
O mesmo fenômeno pode ocorrer, quando se apresenta C.R. de forma
diferida, ou seja, quando se fornece ao indivíduo informação referente a uma tarefa após
um intervalo em que é repetida a tarefa um certo número de vezes (LAVERY &
SUDDON; LAVERY, citados por GODINHO; MENDES; BARREIROS, 1995), ou
quando o C.R. é apresentado de forma sumariada, isto é, informação condensada
referente a um conjunto de ensaios de cada vez (LAVERY; GABLE, SHEA &
WRIGHT; WEEKS & SHERWOOD, citados por GODINHO; MENDES;
BARREIROS, 1995).
A explicação para este fenômeno é que o indivíduo quando não recebe C.R.
logo após uma tarefa, concentra-se nas suas sensações próprias, feedback intrínseco
(SCHMIDT, citado por GODINHO; MENDES; BARREIROS, 1995).

Conhecimento de Performance (conhecimento de desempenho/execução)


O conhecimento de performance pode ser definido como um feedback
extrínseco à cerca do movimento cinético e cinemático (NEWELL; MORRIS;
SCULLY, 1985). O conhecimento de performance é a informação verbalizada sobre a
natureza do padrão de movimento apresentado após a resposta (SCHMIDT, 1993).
Afirma ainda que a informação do conhecimento de performance, ao contrário do
conhecimento de resultado, não informa necessariamente sobre o sucesso de
movimento, em termos de atingir a meta ambiental, e sim sobre o sucesso do padrão que
o aluno realmente produziu.
O conhecimento de performance é normalmente distinto do feedback
intrínseco e, em comparação com o conhecimento de resultado, tem mais utilidade
quando usado no ensino.
De uma forma geral, o feedback fornecido, seja pelo professor ou técnico no
decurso da interação pedagógica, em situações reais opera simultaneamente em três
tipos de influências fundamentais, sendo muito difíceis de separá-las na prática, baseado
em SCHMIDT (1993); MOTA (1989); PÉREZ e BAÑUELOS (1997):
1. Motivação: produz motivação ou leva o aluno ou atleta a aumentar seu
esforço ou participação.
2. Reforço: fornece reforço tanto para ações corretas e incorretas, sendo
respectivamente positivo e negativo.
3. Informação: dá informação sobre erros como base para correção

REVISÃO/SLIDE
CONCEITO: A definição mais ampla de feedback inclui todas as informações
sensoriais disponíveis como resultado de um movimento. Este é tipicamente chamado
de feedback produzido pela resposta, sendo normalmente dividido em duas subclasses:
INTRÍNSECO E EXTRÍNSECO (SCHMIDT, 1993).

Feedback intrínseco: é aquele que chega ao indivíduo simplesmente através


dos vários sistemas sensoriais, como resultado da produção normal do movimento.
Inclui elementos como as informações visuais, concernentes à precisão ou não com que
o movimento foi realizado, e as informações somatossensitivas, referentes à posição dos
membros enquanto o indivíduo está se movimentando (SCHMIDT, 1993).

Feedback Extrínseco: Informação que é fornecida ao aprendiz por algumas


fontes externas, como os comentários de um instrutor, o display de um cronômetro...
É uma informação sobre um resultado do movimento, o qual é
fornecida como complemento à informação intrínseca.
Pode ser fornecido em momentos diferentes, de formas diferentes
ou não ser fornecido.

O QUE FORNECER NO FEEDBACK EXTRÍNSECO?


SOBRE A DIREÇÃO DO ERRO E A MAGNITUDE DO ERRO
O feedback extrínseco direciona a atenção do praticante para aspectos
determinados do movimento ou do resultado. Assim, o treinador deve ter o cuidado para
que a atenção do praticante seja direcionada para aspectos realmente fundamentais para
um melhor desempenho, naquela situação específica.
As evidências sugerem que é melhor fornecer tanto feedback extrínseco sobre a
direção como sobre a magnitude do erro (SCHMIDT, 1992). Quando o feedback
extrínseco contém elementos de magnitude e direção do erro ele pode ser considerado
mais completo e é chamado quantitativo e quando apenas é dito certo ou errado, o
feedback extrínseco é chamado qualitativo e é incompleto (Schmidt, 1992). Para Adams
apud Castro (1988), quando o aprendiz recebe feedback extrínseco qualitativo tem uma
informação vaga porque está sendo informado somente que ocorreu o erro, e não fica
sabendo sobre a direção ou sobre a quantidade deste erro. Como resultado, a correção
tenderá a ser pobre e o grau de aprendizagem lento. Ao contrário, quando o feedback
extrínseco é quantitativo e adequado ao nível do aprendiz, a aprendizagem é facilitada.

CATEGORIAS DE FEEDBACK EXTRÍNSECO


 Conhecimento de resultados (CR)
 Conhecimento da performance (CP) ou de desempenho (CD)

CONHECIMENTO DE RESULTADO
Refere-se à informação extrínseca, geralmente verbal, que diz aos aprendizes
alguma coisa sobre o sucesso de suas ações em relação à meta ambiental pretendida.
O CR pode ser redundante e com isso sem importância para o processo de
aprendizagem.

CONHECIMENTO DA PERFORMANCE
Refere-se ao feedback extrínseco que fornece informação sobre a qualidade do
movimento produzido pelo executante. É conhecido também como feedback
cinemático.
FEEDBACK CINEMÁTICO: feedback sobre deslocamento, velocidade,
aceleração ou outros aspectos do próprio movimento.

Você também pode gostar