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J.C.O.

Aula T05
Soluções sólidas,
deslocações e
deformação plástica

Docentes: Prof. Albano Cavaleiro


Prof. João Carlos Oliveira

Departamento de Engenharia Mecânica da


Universidade de Coimbra
Ano letivo: 2021/2022
Licenciatura Engenharia Mecânica, 1º ano, 1º semestre
2021/2022 A.C. J.C.O.
Estrutura e Propriedades dos Materiais
J.C.O.

➢ Soluções Sólidas

➢ Deslocações em cunha
Índice

➢ Movimento de deslocações

➢ Deslocações hélice e mistas

➢ Deformação plástica

T05 - 2 2021/2022 A.C. J.C.O.


Defeitos nas estrutura cristalina
J.C.O.

Classificação dos defeitos cristalinos Os defeitos são usualmente


classificados de acordo com a sua
Defeitos cristalinos geometria ou dimensão.

Defeitos Defeitos Defeitos Defeitos


pontuais Lineares Planares Volumétricos

Lacunas Deslocações Fronteiras Poros


Intersticial em cunha de grão Fissuras
Substitucional Deslocações Maclas Inclusões
Schottky parafuso
Precipitados
Frenkel

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Soluções sólidas
J.C.O.

Ligas metálicas e soluções sólidas


Lacunas

➢ Defeitos pontuais: irregularidades na rede


cristalina com dimensões da ordem de alguns
átomos (defeitos adimensionais). Átomos
substitucionais
• Os defeitos pontuais estão usualmente
presentes em muito menores quantidades do
que os átomos da estrutura (1/10000 para as
lacunas a 25 ºC) Átomos
Intersticiais

➢ Em muitas aplicações as propriedades dos metais elementares (mesmo tirando partido


dos defeitos) não são suficientes para cumprir os requisitos necessários.
➢ Uma forma de criar novos materiais com diferentes propriedades é a mistura de dois
metais obtendo-se assim uma liga metálica.
• Dois ou mais metais são misturados no estado líquido em que os átomos estão
fracamente ligados entre si e é mais fácil obter uma mistura homogénea.
• Após solidificação obtém-se uma liga com novas propriedades diferentes das dos
metais originais.

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Soluções sólidas
J.C.O.

Ligas metálicas e soluções sólidas


➢ Se, após solidificação, os átomos de ambos os elementos ocuparem posições regulares da
estrutura cristalina, a liga obtida denomina-se de solução sólida substitucional.

➢ Solução sólida substitucional: pode ser entendida como a


substituição dos átomos de um elemento pelos átomos
do outro na estrutura cristalina.
• Menor numero de átomos: soluto
• Maior numero de átomos: solvente

1 3 ➢ Após solidificação podemos obter diferentes soluções sólidas


consoante a solubilidade de um elemento no outro no estado
sólido.

• 1 e 2 → Solução sólida substitucional de Cu em Ni


• 3 → Solução sólida substitucional de Ni em Cu.
Cu
2 Ni

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Soluções sólidas
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Ligas metálicas e soluções sólidas

➢ Tipos de soluções solidas


▪ Desordenadas: se ambos os átomos
ocuparem posições aleatórias na estrutura
cristalina.
▪ Ordenadas: se os átomos de cada elemento
ocuparem posições preferenciais.

➢ Solução sólida intersticial: quando os átomos de um elemento ocupam posições


regulares da estrutura cristalina e os do outro elemento ocupam posições intersticiais.

▪ Ocorre quando a diferença entre os tamanhos dos


átomos é significativa.

▪ Átomo intersticial: soluto


▪ Átomo posição regular: solvente

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Soluções sólidas
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Leis de Hume-Rothery

➢ Fatores que contribuem para a formação de uma solução sólida substitucional:


▪ Fator tamanho atómico: o “soluto” pode ser acomodado no “solvente” se a
diferença de tamanho atómico for menor do que 15%
▪ Se a estrutura do cristal for a mesma pode haver solubilidade total
▪ As eletronegatividades devem ser similares
▪ A valência do soluto deve ser igual ou maior do que a do “solvente”

➢Exemplo:
O Cu e o Ni são completamente solúveis um no outro:
▪ os tamanhos atómicos são similares 0,128 e 0,125 nm)
▪ ambos têm estruturas C.F.C.
▪ as eletronegatividades são semelhantes (1,9 e 1,8)
▪ a valência do Cu é 1 ou 2 e a do Ni é 2 (factores secundários).

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Soluções sólidas
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Solução sólida intersticial

➢ Os átomos de impurezas ou soluto preenchem os vazios ou interstícios da


rede do solvente. Então, o diâmetro do átomo intersticial deve ser
substancialmente mais pequeno que o do solvente.

➢ Tipicamente, a concentração máxima de um átomo de um soluto intersticial


é < 10 %, já que mesmo átomos muito pequenos introduzem distorções
importantes na rede cristalina do solvente.

➢ Exemplo:
O carbono, quando adicionado ao ferro até 2% em peso forma uma
solução sólida intersticial.
▪ Os raios do C e do Fe são de 0,071 e 0,124 nm: rC/rFe = 0,57
▪ Os raios dos maiores interstícios nas redes C.F.C. e C.C.C. são,
respetivamente, r/R = 0,41 e r/R = 0,29

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Defeitos lineares
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Classificação dos defeitos cristalinos Os defeitos são usualmente


classificados de acordo com a sua
Defeitos cristalinos geometria ou dimensão.

Defeitos Defeitos Defeitos Defeitos


pontuais Lineares Planares Volumétricos

Lacunas Deslocações Fronteiras Poros


Intersticial em cunha de grão Fissuras
Substitucional Deslocações Maclas Inclusões
Schottky parafuso
Precipitados
Frenkel

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Defeitos lineares
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Deslocações
➢ São defeitos lineares: são irregularidades
na estrutura cristalina que de formam ao
longo de uma linha no interior do cristal.
➢ Dependendo das condições de crescimento
ou processamento dos cristais podem
formar padrões geométricos com alguma
regularidade.

➢Reconstruções em 3D de
deslocações no interior
de um cristal (tomografia
de eletrões).

Ligação
Deslocações [100] e [001] página
coloridas em azul e laranja Web
respetivamente (largura: 4 µm)
Ligação página Web

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Deslocações em cunha
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Deslocação em cunha

Símbolo:

▪ Linha de deslocação cunha:


perpendicular ao plano de visão.
▪ Os átomos acima do plano estão
em compressão e os abaixo em
tração.

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Deslocações em cunha
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Deslocação em cunha Deslocação num filme de


diamante dopado com B
Imagem filtrada por
transformação de Fourier
Mapa GPA (geometric phase analysis)
da deslocação (campos de tensões)

➢ Micrografias
obtidas por
Microscopia
eletrónica de
Transmissão

Imagem STEM de uma


deslocação numa fronteira de
grão de baixo ângulo no SrTiO3 Turner et al. Nanoscale. 8. 10.1039/C5NR07535A.

➢ Distribuição
de tensões
em torno de
uma
deslocação
em cunha
A deslocação em cunha é
claramente evidenciada por
seleção dos planos ao longo
da fronteira de grão.
https://www.jeol.co.jp/en/words/emterms/search_result.html?keyword=dislocation

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Deslocações em cunha
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Movimento de uma deslocação cunha


➢ Em cada “salto” da
deslocação é quebrada
Plano de uma ligação e estabelecida
deslizamento
(slip plane) uma nova.

➢ A linha de deslocação passa pelo


Ligação símbolo ⊥ sendo perpendicular ao
página
Web plano dos desenhos.

➢ A propagação da deslocação em cunha pode


ser vista como o movimento de uma “onda”
de tensões de compressão e tração acima e
abaixo do plano de deslizamento.

➢ No final do movimento é criado um degrau


no lado oposto ao que é aplicada a força.
Ligação para o vídeo completo no YouTube

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Deslocações em cunha
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Ligação para o vídeo completo no YouTube Ligação página Web

Movimento
de
deslocações
em cunha

Ligação para o vídeo completo no YouTube Ligação para o vídeo completo no YouTube

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Deformação nos metais
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Ligação página Web

Deformação elástica
1. Inicial 2. Carga pequena 3. Descarga

Estiramento
bonds
bonds
das ligações
stretch
stretch

return
return toto
Retorno à
initial
initial
origem

𝝈
(𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜)

~𝟐𝝈𝒊𝒅
FF
E = declive ➢ Elástico significa
𝝈𝒊𝒅 reversível!
𝟎 𝝐 (deformação)

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Deformação nos metais
J.C.O.
Ligação página Web

Deformação plástica

1. Inicial 2. Carga elevada 3. Descarga

Estiramento
das ligações e Planos com
deslizamento escorregamento
de planos permanente

elástico + plástico plástico


plástico

➢ Plástica significa
permanente!
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Deformação nos metais
J.C.O.

Deformação plástica
Estado Inicial
➢ Como se processa a deformação plástica?
▪ Por deslizamento de planos uns sobre os outros
Estado Inicial Estado Final
Plano de
deslizamento Estado Final
Plano de (slip plane)
deslizamento
(slip plane)

Degrau

Como é que ocorre o


deslizamento de um plano?

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Deformação nos metais
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Deformação elástica e plástica


Como é que ocorre o deslizamento de planos?
➢ Deslizamento em materiais ideais (sem deslocações):
Tensão de corte crítica: valor máximo,
acima do qual se dá o deslizamento.

➢ Deslizamento em materiais reais (com


Ligação deslocações):
página
Web

▪ Rompimento de todas as ligações atómicas


entre planos em simultâneo → Elevada energia
▪ Baseado nesta representação, é possível fazer Ligação
página
uma estimativa teórica da tensão de corte crítica. Web

▪ Os valores teóricos obtidos são muito maiores ▪ Rompimento de uma só ligação de cada
do que os obtidos experimentalmente. vez: tensão de corte critica muito inferior!
▪ Esta discrepância só pode ser explicada pela
presença de deslocações.
A deformação plástica deve-se ao
movimento de deslocações

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Deslocações em hélice e mistas
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Linha da
Deslocação Hélice deslocaçã
Linha da o
deslocação

Símbolo

➢ A deslocação em hélice também é


responsável pela deformação plástica
dos materiais

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Deslocações em hélice e mistas
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Deslocação
Deslocação Mista mista

➢ As deslocações mistas exibem caracter


parcialmente de deslocação cunha e Linha de
deslocação
hélice.
Deslocação
em cunha
Linha de
deslocação

Deslocação
em hélice

➢ São as deslocações mais comuns nos


cristais reais.
➢ É muito difícil encontrar deslocações puras
em cunha ou hélice nos cristais reais.

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Deslocações em hélice e mistas
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Deformação plástica
Nuvem eletrónica
➢ Metais:
▪ movimento de deslocações fácil.
• ligação não direcional
• direções e planos compactos.

➢ Cerâmicos iónicos:
▪ Movimento de deslocações difícil
• necessidade de evitar contactos entre
vizinhos ++ e - - da mesma espécie.

➢ Cerâmicos covalentes:
▪ Movimento de deslocações difícil
• ligação forte e direcional
Ex.: Diamante e silício

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Deslocações
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Deformação plástica

➢ Os metais e suas ligas permitem o deslizamento de


planos necessário para a deformação plástica:
▪ início da deformação plástica tensões
relativamente baixas (tensão limite elástica, σy)
▪ ductilidade relativamente alta: quantidade de
deformação plástica antes da rotura

➢ Os cerâmicos tendem a impedir o movimento das


deslocações:
▪ deformação plástica só em pequena escala (se 300 mm
houver!)
▪ rotura por fratura frágil (fissuração)

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Deslocações
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Resumo:
➢ As deslocações podem ser imaginadas como uma linha que separa a
zona do cristal onde houve deslizamento da zona não deformada.
➢ São os defeitos responsáveis pelo comportamento mecânico dos
materiais.
➢ São os defeitos responsáveis pelo facto dos metais serem cerca de 10
vezes menos resistentes do que deveriam.
➢ Existem três tipos fundamentais de deslocações:
▪ Deslocação em cunha (edge dislocation)
▪ Deslocação em hélice (screw dislocation)
▪ Deslocação mista (mixed dislocation)
➢ Quando se movimentam provocam deslizamento no cristal
➢ São responsáveis pela deformação plástica de um cristal

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Perguntas e dúvidas
J.C.O.

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Contatos
J.C.O.

João Carlos Barbas de Oliveira


Dep. Eng. Mecânica, FCTUC
Rua Luis Reis Santos
3030-788 Coimbra
Tel. 239 790745 / 239 790700
Via e-mail: epm@dem.uc.pt
Gabinetes: Grupo de Materiais, Ala norte

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