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A obra “Farsa de Inês Pereira” surgiu do ditado popular “Mais vale um asno

que me leve que cavalo que me derrube” dado ao dramaturgo por “certos
homens de bom saber“ que duvidavam de suas obras e queriam saber se o
autor fazia de si mesmo estas obras, ou se as furtava de outros autores. No
ditado popular, há de revelar que nele já estão contidas os três elementos
estruturadores do conflito: eu, experiência e sociedade, ou seja, por se tratar de
um ditado popular, ela é uma cristalização da sabedoria social coletiva, uma
verdade que so se cristaliza e entroniza atraves da experiencia.
O "cavalo que me derrube" refere-se ao primeiro marido de Inês, que simulou
ser alguém requintado e galante (o cavalo é considerado um animal nobre) e
decepcionou-a, pondo por terra suas ilusões, enquanto o "asno que me
carregue" é representado por Pero Marques, o segundo marido, que
literalmente a carrega nas costas.
O Humanismo corresponde ao período de transição da Idade Média para a
Idade Clássica. A Farsa de Inês Pereira é considerada a peça mais divertida e
humanista de Gil Vicente. O aspecto humanístico da obra vê-se pelo fato de
que a protagonista trai o marido e não recebe por isso nenhuma punição ou
censura. Gil Vicente foi o fundador do teatro português e o maior representante
do Humanismo. Assim como o período, suas peças apresentavam o
bifrontismo como característica central. Ora com fortes marcas medievais, ora
com antecipações renascentistas.

Na cena correspondente ao Eu, é a cena em que um eu sonhador e fantasioso


pretende um marido não só inadequado à sua posição social de “filha de uma
mulher de baixa sorte”, como também contrário às expectativas da sabedoria
coletiva. Na cena correspondente a Experiencia, onde a ilusão nutrida por Inês
de ascender socialmente, casando-se com um “fidalgo”, fê-la cair do cavalo, ao
maridar-se com um Escudeiro pé-de-chinelo. E na ultima cena, é à adequação
e/ou submissão do indivíduo aos padrões e às normas da Sociedade.

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