Você está na página 1de 15

ESTRATÉGIA PARA AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO

OCUPACIONAL SEGUNDO A

AIHA
(AMERICAN INDUSTRIAL HYGIENE ASSOCIATION)

O problema básico na avaliação da exposição ocupacional é reconhecer todas as


exposições, avaliar cada uma como aceitável ou não aceitável, e controlar as exposições
não aceitáveis. A formação dos Grupos Homogêneos de Exposição ao Risco (GHER) -
uma tarefa um tanto complexa - ajuda a atingir cada um destes objetivos. Através do
processo de reconhecer, avaliar e controlar exposições, o uso do julgamento profissional
para planejar o monitoramento, interpretar dados e recomendar mudanças é essencial.

Reconhecimento da exposição

Devem ser consideradas todas as fontes de exposição. Os trabalhadores podem estar


expostos a agentes de risco durante a realização de tarefas diretamente envolvidas com
estes agentes, por contato acidental em contaminação do ambiente ou através de tarefas
realizadas por outros trabalhadores.

Avaliação do significado da exposição

Para avaliar o significado da exposição, tanto o tempo de cada exposição como os limites
de tolerância para o agente em questão devem ser estudados. Os ambientes de trabalho são
complexos, onde as concentrações podem variar ao longo do tempo e do espaço.

Os limites de exposição ocupacional devem ser expressos em termos que sejam


consistentes com os dados gerados pelo monitoramento do ambiente de trabalho. Todos os
resultados de monitoramento sao médias observadas durante o tempo de amostragem.
Estes limites sao definidos como padrões para boas práticas de trabalho, não são linhas
rígidas que separam um ambiente saudável de um não saudável. Portanto, eles representam
uma exposição à qual a maior parte dos trabalhadores pode estar exposta regularmente, dia
após dia, sem sofrer efeitos adversos à saúde. Alguns agentes podem ter mais de um Limite
de Tolerância, como é o caso daqueles que possuem limites para exposições de curta
duração (STEL - Short Term Exposure Limit).

A super exposição é observada quando o monitoramento resulta em uma concentração


média maior do que o limite estabelecido e a amostragem foi realizada de acordo com a
metodologia e com o tipo de limite. Nao se pode comparar médias de jornadas de trabalho
com limites para curta exposição ou vice-versa, ou seja, utilizar medições instantâneas para
concluir sobre exposições médias diárias.

Controle de exposições inaceitáveis

Para controlar estas exposições, é necessário um conhecimento detalhado do ambiente de


trabalho. Todo o processo de exposição deve ser estudado, incluindo a fonte, a trajetória e
o trabalhador, que é o receptor. Medidas de controle podem ser aplicadas em qualquer
destas etapas. Alterações no processo podem reduzir as emissões, sistemas de ventilação
podem ser implementados para impedir que as emissões cheguem ao trabalhador e,
finalmente, os Equipamentos de Proteção Individual, usados adequadamente, são um fator
adicional de proteção, mas não devem ser priorizados em relação aos demais controles.

Grupos Homogêneos de Exposição ao Risco (GHER)

O Grupo Homogêneo de Exposição ao Risco (GHER) é a base para a avaliação detalhada


da exposição do trabalhador. Na sua forma conceitual, um GHER é um grupo de
trabalhadores com idênticas probabilidades de exposição a um determinado agente. O
grupo é homogêneo no sentido de que a distribuição de probabilidade de exposição é a
mesma para todos os membros do grupo(todos os membros do grupo não precisam ter
exposições idênticas num único dia). Devido à homogeneidade estatística, um pequeno
número de amostras selecionadas aleatoriamente pode ser usado para definir o perfil de
exposições dentro do grupo. Portanto, o GHER forma a base da Higiene Industrial
quantitativa. Os GHER são formados durante a etapa de caracterização básica, são
consolidados durante as avaliações e recebem a atenção necessária durante a etapa de
controle dos riscos.

Julgamento profissional

Não há uma definição precisa para o que se chama de julgamento profissional, mas ele é
indispensável para uma avaliação correta e bem-sucedida da exposição ocupacional. É
essencial no planejamento das campanhas de monitoramento (reconhecimento dos riscos),
na interpretação dos dados resultantes do monitoramento (avaliação dos riscos) e na
recomendação das alterações de processo necessárias (controle dos riscos). O julgamento
profissional também é essencial na identificação dos Grupos Homogêneos e na avaliação
da distribuição das exposições.

A flexibilidade da estratégia de avaliação da exposição não somente permite, mas força


decisões subjetivas baseadas no julgamento profissional.
Os passos descritos a seguir são as etapas normalmente seguidas por um higienista
industrial experiente. Como resultado da aplicação dos mesmos, as seguintes questões
podem ser respondidas.

 Quais são as exposições potenciais?


 Quem está exposto e a que nível? Quais são as exposições efetivas considerando os
fatores de proteção dos EPI`s, quando usados?
 Qual a toxicidade dos agentes de risco?
 Quais os grupos que devem ser priorizados numa campanha de monitoramento?
 Os resultados do monitoramento indicam que o risco é aceitável? Se não, controles
devem ser implementados.
 Após a divulgação dos resultados, quando deve haver novo monitoramento?

Este documento resume o que muitos higienistas industriais fazem na prática do dia-a-dia.
CARACTERIZAÇÃO BÁSICA

Objetivo:

O primeiro passo na avaliação da exposição é caracterizar o ambiente de trabalho. A


caracterização básica deve identificar as exposições potenciais para cada empregado ou
grupo de empregados alocados em determinado local de trabalho, identificar os limites de
tolerância apropriados e definir os Grupos Homogêneos de Exposição ao Risco(GHER).

Ferramentas:

A identificação das exposições envolve um trabalho de detetive para descrever


completamente a força de trabalho, os processos, operações e tarefas, e um inventário
completo dos agentes químicos, físicos e biológicos, com seus limites apropriados. O
ambiente de trabalho e a descrição das atividades são usados como base para a composição
inicial dos GHER. A aplicação dos GHER é útil na medida em que, se os trabalhadores
estão classificados adequadamente nos GHER, qualquer resultado de monitoramento para
um trabalhador dentro de um grupo fornecerá informações representativas da exposição
dos outros trabalhadores do grupo.
O higienista industrial deve ter um entendimento suficiente do ambiente de trabalho para
realizar uma avaliação do potencial de riscos a saúde. No mínimo, as seguintes questões
devem ser respondidas:

1. Quais são os agentes químicos, físicos e biológicos no ambiente de trabalho?


2. Quais são os efeitos à saúde associados com exposição aos agentes de risco?
3. Quais são os Limites de Tolerância para cada agente?
4. Como os trabalhadores, ou grupos de trabalhadores, estão envolvidos com cada um dos
agentes?
5. Quais são as operações-chave e atividades que representam o maior potencial de
exposição aos agentes?

Sendo assim, a caracterização básica possui quatro componentes principais:

 Caracterização do ambiente de trabalho


 Caracterização das atividades realizadas por cargo/função/sub-função
 Caracterização do agente
 Formação preliminar dos GHER
Caracterização do ambiente de trabalho

A maioria dos ambientes de trabalho pode ser adequadamente descrita através de um


diagrama esquemático e/ou uma descrição escrita do processo ou operações envolvidas.O
objetivo é identificar todas as fontes de exposição, localização dos produtos químicos e
tarefas, ventilação e outros métodos de controle. Através do fluxograma de processo o
higienista industrial deve ser capaz de identificar mesmo equipamentos ou pontos de
amostragem que, apesar de pequenos, possam representar risco de exposição.
A descrição do processo deve conter dados detalhados sobre as reações envolvidas, sub-
produtos e catalizadores e outros dados importantes que não são obtidos através do
fluxograma de processo.

Caracterização das tarefas e atividades

Para compreender a interface entre os trabalhadores e o processo produtivo com seus


agentes, o higienista industrial deve adquirir um conhecimento detalhado dos
procedimentos e práticas de trabalho existentes na planta. Todo esforço deve ser feito
para utilizar as informações já existentes na empresa sobre os trabalhadores e atividades
desenvolvidas pelos mesmos. Muitas empresas possuem um registro no setor pessoal
contendo um sumário de cada cargo/função/sub-função por área/departamento/setor da
empresa, e estes dados devem ser utilizados, mesmo que venham a ser enriquecidos ou
mais detalhados. Geralmente os estudos epidemiológicos são baseados nestes dados e,
caso o higienista industrial não se utilize dos mesmos dados, poderá ser impossível
estabelecer correlações de nexo-causal.

As atividades desenvolvidas deverão ser observadas, atentando-se para aspectos como:


frequência de execução de cada atividade, duração, forma de interação com o agente de
risco, etc.

Caracterização dos agentes de risco

Os dados relacionados ao ambiente de trabalho e às atividades realizadas pelos empregados


são tantos que é necessário se utilizar do julgamento profissional para decidir qual o grupo
que possui o maior potencial de exposição. Este julgamento se baseia, principalmente, nos
efeitos à saúde observados em razão da exposição elevada a determinado agente e na
probabilidade de que o grupo esteja exposto a este agente.
São utilizados dados como: propriedades físico-químicas dos compostos presentes,
quantidade manuseada, dados toxicológicos (efeitos à saúde irreversíveis ou não, limites de
odor, limites de tolerância apropriados, etc.).
Formação Preliminar dos Grupos Homogêneos de Exposição

Os GHER são estabelecidos de diversas formas, mas o principal é que ocorra a colocação
de um cargo/função em um grupo com exposição similar. Para tanto, deverá ser feita uma
listagem com a descrição das tarefas, incluindo as características pertinentes às mesmas,
como agentes de risco presentes, intensidade, localização, frequência, medidas adotadas
para controle da exposição, etc. Estas informações são obtidas tanto da documentação já
existente na empresa (setor pessoal) quanto das inspeções detalhadas nos ambientes de
trabalho. O enfoque para a formação dos grupos pode ser tanto por tipo de tarefa (ou seja,
grupos relativos a diferentes tipos de atividades), ou por tipo de agente ao qual o
funcionário está exposto. Este último enfoque é muito útil quando se deseja obter dados
para comparação com parâmetros legais ( por exemplo, no caso de relatório de
insalubridade), mas deve-se observar, quando do acompanhamento efetivo dos grupos já
consolidados, se não há outros agentes de risco em intensidades diferentes dentro de um
grupo, cujos efeitos se somariam àqueles oriundos do agente principal.

Com os GHER preliminares estabelecidos, deve-se partir para a próxima etapa do trabalho.
AVALIAÇÃO QUALITATIVA DO RISCO E PRIORIZAÇÃO

Objetivo:

Realizar uma classificação da exposição e dos efeitos à saúde para cada agente de risco,
estabelecendo uma graduação de prioridade para monitoramento dos GHER.

Ferramentas:

Classificação da Exposição

Um “grau” de exposição deverá ser dado a cada GHER. Este grau pode ser baseado em
resultados de monitoramentos anteriores, em julgamento profissional ou em modelos
matemáticos. A classificação deve se adequar ao agente e ao objetivo do monitoramento.
Pode ser algo do tipo mostrado na tabela 1 abaixo.

Tabela 1 - Exemplo de classificação qualitativa da exposição

Categoria Descrição

Não exposto Sem contato com o agente

Pouco exposto Contato raro com o agente a baixas


concentrações

Moderadamente exposto Contato frequente com o agente a baixas


concentrações ou contato raro a altas
concentrações

Muito exposto Contato frequente com o agente a altas


concentrações

Altamente exposto Contato frequente com o agente a


concentrações muito altas
Outras classificações podem ser usadas, como abaixo do Limite de Tolerância, até o Limite
de Tolerância ou acima dele.

Classificação dos efeitos à saúde

Cada agente deve ser avaliado pela severidade dos efeitos causados pela exposição
excessiva ao mesmo, e assim a priorização para o monitoramento também deve levar em
conta estes dados. Um exemplo de classificação pode ser o da tabela 2 a seguir.

Tabela 2 - Exemplo de classificação qualitativa de riscos à saúde

Categoria Efeitos à saúde

0 Efeitos reversíveis pouco preocupantes ou


sem efeitos adversos conhecidos

1 Efeitos reversíveis preocupantes

2 Efeitos reversíveis severos

3 Efeitos irreversíveis

4 Risco de vida ou doença incapacitante

Outras classificações podem ser usadas, como a classificação com enfoque na


carcinogenicidade do agente.

Utilizando-se das informações acima e de julgamento profissional, deve-se então


estabelecer a prioridade para monitoramento. Alguns fatores adicionais para esta
priorização incluem: número de trabalhadores nos GHER, grupos com exposições
próximas ao Limite de Tolerância, frequência de exposição, agentes cuja exposição é
controlada apenas com EPI`s, etc.
AVALIAÇÃO QUANTITATIVA (MONITORAMENTO)

Objetivo:

Monitoramento refere-se à medição de exposições ou concentrações de contaminantes


durante um período de tempo determinado. Os resultados do monitoramento podem ser
usados para uma avaliação quantitativa da exposição para indivíduos ou grupos de
trabalhadores ou para identificação de fontes potenciais de problemas de exposição. O tipo
de monitoramento que será realizado está diretamente ligado ao tipo de questionamento
que o higienista precisa responder.

Ferramentas:

As ferramentas para a estratégia e campanha de monitoramento incluem:

Conhecimento do “caminho”de exposição

Deve-se conhecer como se dá a exposição, se por inalação, por absorção da pele ou por
ingestão. Na maioria dos casos a exposição dá-se por via inalatória, mas não deve-se
desprezar a possibilidade de absorção através da pele ou ingestão.

Objetivos do monitoramento

Estes objetivos podem ser agrupados em três categorias amplas: conhecimento de base,
diagnóstico e cumprimento legal.
O monitoramento para conhecimento de base é realizado para avaliar o range e
distribuição de exposição entre GHER específicos. Os resultados obtidos são os dados
básicos para se determinar a aceitabilidade ou não da exposição, a necessidade de
avaliações mais detalhadas e de controles adicionais.
O monitoramento para diagnóstico é realizado em casos específicos com o objetivo
principal de identificar fontes e tarefas responsáveis pela exposição. Os resultados são
utilizados como base para definição dos controles a serem implementados.
O monitoramento para cumprimento legal é realizado para comparar os resultados com os
Limites de Tolerância legais e tomar as providências necessárias.
Métodos de monitoramento

Pessoal: este método enfoca a exposição do trabalhador e deve utilizar equipamentos de


amostragem tais que não impeçam a realização normal do trabalho durante a jornada. A
amostragem pode ser de longa ou curta duração, mas o ideal é a combinação de ambas,
onde se tem uma média (TWA) e também a exposição para atividades específicas( por
exemplo, STEL).

Área: é normalmente realizado para conhecer os níveis de contaminação do ambiente e os


resultados podem ser usados para avaliar alterações de processo, alterações na eficiência de
controles de ventilação, etc. Este tipo de monitoramento não deve substituir o
monitoramento individual.

Duração e número de amostras:

Duração: acima de escolher a duração da amostragem apenas pela existência de limites (de
oito horas,TWA, ou STEL, 15 min, por exemplo), o higienista deve observar os efeitos da
exposição e tentar adequar seu tempo de amostragem. Às vezes é necessário realizar
amostragens de tempos de duração diferentes devido aos efeitos à saúde para um agente
específico.

Número de amostras: este tem sido um ponto de muita discussão por vários anos. Antes
que os métodos estatísticos se tornassem comuns, a resposta era simples: o número deve
ser tal que o profissional se sinta confiante, ou seja, para uns este número era 10, para
outros 5, e assim por diante. Mesmo hoje, o julgamento profissional ainda baseia muitas
decisões quanto a este aspecto. No entanto, do ponto de vista estatístico, deve haver um
número mínimo de amostras estatisticamente suficiente para validar a análise dos
resultados. Este número está entre 6 e 10. Abaixo de seis a incerteza é grande e acima de
dez o ganho em confiabilidade é pequeno. É importante ressaltar que o GHER deve estar
bem caracterizado e que a amostragem deve ser feita de forma aleatória. Caso a escolha dos
trabalhadores para amostragem não seja aleatória, os dados não deverão ser analisados com
estatística, e sim com julgamento profissional.
INTERPRETAÇÃO E TOMADA DE DECISÕES

Objetivo:

Interpretar os dados de exposição de cada GHER e decidir se as exposições correspondem


a um ambiente de trabalho aceitável.
Há somente três decisões possíveis ao se analisar a aceitabilidade de dados de exposição
ocupacional:
 As exposições são aceitavelmente baixas
 As exposições são muito altas e é necessário se tomarem medidas corretivas
 Os dados não são suficientes para uma tomada de decisões.

Ferramentas:

As decisões citadas acima podem estar baseadas em testes estatísticos, em julgamento


profissional ou na combinação de ambos. A estratégia de avaliação aqui adotada requer
que o higienista monitore e controle as exposições até que se demonstre que elas são
aceitáveis.

Julgamento profissional

O julgamento profissional, neste contexto, refere-se à integração de todo o conhecimento


do processo com os resultados de monitoramento, culminando na avaliação da
aceitabilidade da exposição.

Todos os resultados abaixo do Limite. Se todas as exposições estão abaixo do limite ou


linha de ação e as exposições são representativas da população amostrada, o higienista
pode decidir que as exposições são aceitáveis. Se o higienista está inseguro quanto à
representatividade das amostras, mais avaliações deverão ser realizadas antes de se concluir
sobre a exposição.

Um ou mais resultados acima do Limite. Se algum resultado está acima do Limite, é


necessário que se faça uma investigação. Além disso, uma amostragem para diagnóstico
pode ser necessária para identificar a fonte de super exposição. Se os dias ou tarefas com
exposições elevadas podem ser previstos, então os controles devem enfocar estes dias ou
tarefas. Se, no entanto, estas exposições elevadas não podem ser previstas, deve ser
considerada a incidência de exposição elevada sugerida pelos dados. Geralmente é
necessário a realização de mais amostragens antes que o higienista possa fazer um
julgamento profissional.
Se a investigação indica que as exposições elevadas são representativas, o higienista deve
promover melhorias para controle. Uma vez que os controles tenham sido implementados,
novos dados deverão ser coletados. Entretanto, se uma exposição elevada não é
representativa (um vazamento causou aquele valor, por exemplo) um higienista pode
subjetivamente determinar que os níveis são aceitáveis. Se exposições elevadas estão
ocorrendo, pode ser indicada uma frequência maior de monitoramento.

Uso de estatística paramétrica. São usados gráficos (por ex., log-normal) para concluir se
a distribuição dos dados está correta.

Análise estatística

As ferramentas estatísticas são poderosas somente se o usuário entende suas bases teóricas
e limitações. O higienista industrial deve conhecer bem fundamentos de estatística, como
intervalos de confiança, distribuição de probabilidade, etc.

Há dois tipos principais de estatística usadas em Higiene Industrial: paramétrica e não-


paramétrica. A estatística paramétrica é a mais praticada, mas também requer que se
assumam muitas variáveis. A principal é que a forma verdadeira da distribuição de
exposições é conhecida. Isto normalmente é incerto, e usualmente os dados são
insuficientes para verificar a forma de distribuição estatística.
A segunda categoria, estatística não-paramétrica, é justamente o oposto. Não é assumida
uma forma de distribuição dos dados e são enfocadas outras medidas, como mediana e
percentis. Estes métodos requerem mais amostras para a tomada de decisões.
Se uma decisão deve ser tomada com poucas amostras, o nível de confiança é grande para a
estimativa de média, baixo para a de variância e mais baixo ainda para a estimativa de
grandes percentis.

Fatores críticos. Antes de iniciar qualquer análise estatística, duas questões devem ser
respondidas pelo higienista:
 A amostragem foi realizada de forma aleatória? Dentro de um grupo homogêneo, houve
uma escolha sistemática de trabalhadores, dias e tempo de monitoramento (ou seja, não-
aleatoriedade)? Se isto ocorreu, a análise estatística não é apropriada, pode ser usada,
mas a decisão deve ser tomada com base no julgamento profissional. É importante
ressaltar que, qualquer que seja o critério, uma exposição elevada deve ser investigada e
analisada.
 O perfil da população avaliada está sendo alterado quanto à exposição durante a
amostragem (alteração no processo, nas práticas de trabalho, etc.)? Se isto estiver
ocorrendo, a tomada de decisão também deve ser realizada com base no julgamento
profissional.
Um terceiro critério não deve ser esquecido. Os dados analisados devem ser de avaliações
similares, ou seja, não se pode misturar dados de amostragens STEL (curta duração) com
dados de TWA (média da jornada de trabalho).

A Du Pont desenvolveu um software para realizar esta análise estatística, de acordo com a
metodologia AIHA. Este software chama-se LOGAN e pode ser adquirido através dos
catálogos da AIHA.
RECOMENDAÇÕES E RELATÓRIO

Objetivo:

Manter um registro dos dados de exposição, de modo a permitir o acompanhamento futuro


da exposição e estudos epidemiológicos.

Ferramentas:

Relatório:

Cada trabalho de avaliação da exposição deve ser documentado, contendo todas as


informações relevantes. Este relatório é o primeiro veículo de comunicação dos resultados
para os empregados e para a gerência. Os registros de exposição são extremamente
importantes para a continuação do Programa de Higiene e servem como ponto de partida
para cada nova avaliação e para detectar tendências de aumento ou diminuição da
exposição. São também fundamentais para a realização de estudos epidemiológicos. Os
seguintes ítens podem compor um relatório de Higiene Industrial:
 Sumário executivo resumindo todo o trabalho, geralmente dirigido à gerência.
 Objetivo
 Descrição sumária do processo
 Descrição de tarefas por cargo/função
 Critérios de avaliação da exposição
 Efeitos à saúde provocados pelo agente em estudo
 Metodologia utilizada para amostragem e análise
 Discussão dos resultados
 Conclusões
 Recomendações
 Referências bibliográficas
 Tabela de resultados
 Anexos

Sugere-se também a elaboração de banco de dados contendo todas as informações do


processo, das tarefas realizadas no local, dos grupos homogêneos, dos resultados de
monitoramento, dos critérios adotados para o mesmo, das características dos agentes de
risco, das medidas de controle implementadas, etc, de modo a permitir o fácil
acompanhamento das exposições e a emissão de relatórios específicos.
REAVALIAÇÃO

Objetivo:

Estabelecer intervalos apropriados para novas avaliações

Ferramentas:

Um relatório de Higiene Industrial deve indicar a frequência recomendada para reavaliação.


O normal é que ela seja feita todo ano. Alguns locais não necessitam desta frequência (por
ex., áreas administrativas em locais não-industriais). Outros necessitam de atenção
frequente, como é o caso de trabalho com produtos cancerígenos.

Reavaliação periódica

Estas reavaliações, independentemente da frequência, devem ser completas, ou seja,


começar com a levantamento preliminar e chegar até as decisões e relatórios. Mesmo que
não seja feito um monitoramento detalhado, devem ser documentadas todas as
circunstâncias sob as quais este monitoramento foi realizado.

Revisões adicionais

Queixas dos empregados. Se os empregados acham que estão sofrendo efeitos adversos à
saúde em função de algum agente presente no ambiente de trabalho, deverá ser realizada
avaliação desta exposição. Se o higienista conclui que medidas de controle devem ser
aplicadas, assim deverá ser feito. Se não, devem ser promovidas discussões com os
empregados sobre a exposição e as queixas dos mesmos.

Alterações no processo. Se ocorre alteração no processo produtivo, é necessário realizar


novas avaliações. Os engenheiros de produção e de projetos devem discutir com o
higienista as alterações previstas, antes que as mesmas sejam implementadas.

Doença Ocupacional. Qualquer suspeita ou comprovação de doença ocupacional deverá


desencadear reavaliações no ambiente de trabalho.

Você também pode gostar