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Exame Nacional 2007

Física e Química A – 11.° ano


1.a Fase

Sugestão de resolução
1.
1.1. Uma reação de fusão nuclear consiste na fusão de núcleos atómicos de pequena massa para pro-
duzir núcleos atómicos de maior massa, mais estáveis, com elevada libertação de energia.
As reações de fusão nuclear referidas no texto são traduzidas pelas equações:
3 24He " C + Energia
12
6

C + 24He "
12
6 O + Energia
16
8

1.2. (C).
A cor da luz emitida por uma estrela depende da sua temperatura superficial.
Quanto mais elevada for a temperatura da estrela, menor é o comprimento de onda da radiação emi-
tida. Como a radiação azul tem menor comprimento de onda do que a radiação vermelha, a tempera-
tura superficial da estrela que emite radiação azul é maior que a da que emite radiação vermelha.

2.
2.1. (A).
V(CO )
Por definição: % (V/V) = * 100
2
(1)
V(ar)
m
Como V = n * Vm e n =
M
Substituindo na expressão (1), vem:
m
* Vm
44
% V/V = * 100
V
2.2. Os CFC são clorofluorocarbonetos, isto é, são compostos derivados dos hidrocarbonetos, onde os
átomos de hidrogénio foram substituídos por átomos de cloro e de flúor.
Na estratosfera, os CFC, por ação das radiações UV, sofrem fotodissociação, ocorrendo a rutura
de ligações C–CS, libertando-se átomos de cloro e radicais. Por exemplo, a molécula de CFC-12,
diclorodifluorometano, decompõe-se segundo a equação:
CF2CS2 + UV " CF2CS• + CS•
Os átomos de cloro, muito reativos, reagem com o ozono, destruindo-o e originando oxigénio mole-
cular e óxido de cloro (um radical livre):
CS• + O3 " O2 + CSO•
Por outro lado, o óxido de cloro pode reagir com outra molécula de O3:
CSO• + O3 " 2 O2 + CS•
originando de novo átomos de cloro que voltam a iniciar o ciclo, até que dois átomos CS• se
encontrem e formem a molécula CS2.

2.3. Verdadeiras – (A), (B), (G) e (H)


Falsas – (C), (D), (E) e (F)
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(A) Verdadeira.
Por cada átomo de oxigénio existem dois pares de eletrões de valência não ligantes.
(B) Verdadeira.
Para cada ligação O–H contribui um par de eletrões partilhados. Como na molécula de água exis-
tem duas ligações O–H, existem dois pares de eletrões partilhados.
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(C) Falsa.
A molécula de CO2 apresenta geometria linear, mas a molécula de H2O apresenta uma geometria
angular.
(D) Falsa.
Na molécula de H2O existem dois pares de eletrões de valência não ligantes.
(E) Falsa.
Na molécula de CO2 as ligações carbono-oxigénio são equivalentes, pelo que têm o mesmo com-
primento.
(F) Falsa.
O ângulo de ligação na molécula de CO2 é de 180° (molécula linear), enquanto que a molécula de
H2O apresenta uma geometria angular, pelo que tem um ângulo inferior a 180°.
(G) Verdadeira.
Na molécula de H2O existem quatro eletrões de valência ligantes que formam as duas ligações
O–H e existem dois pares de eletrões de valência não ligantes no O.
(H) Verdadeira.
Na molécula de CO2 há quatro pares de eletrões de valência não ligantes.

2.4. (C).
(A) Falsa.
O átomo de oxigénio só tem oito eletrões. A configuração eletrónica do átomo de oxigénio
(8O) no estado de energia mínima é: 1s 2 2s 2 2p 4.
(B) Falsa.
O raio do átomo de oxigénio é inferior ao raio do átomo de carbono.
O átomo de oxigénio, 8O, e o átomo de carbono, 6C, têm o mesmo número de camadas
eletrónicas ocupadas, pelo que estes elementos pertencem ao mesmo período da TP. O
átomo de oxigénio tem mais dois protões no núcleo, que provocam um aumento de carga nuclear
e consequente aumento da força atrativa núcleo-eletrões. Embora as repulsões entre os eletrões
no átomo de oxigénio sejam superiores às existentes no átomo de carbono (o crescente número
atómico aumenta o número de eletrões do átomo), o efeito do aumento da carga nuclear é domi-
nante porque a blindagem pelos eletrões interiores é a mesma.
(C) Verdadeira.
O oxigénio tem mais dois protões no núcleo e mais dois eletrões que o carbono. O número de
camadas eletrónicas ocupadas nos dois átomos é o mesmo, pelo que não há alteração significa-
tiva do efeito de blindagem. Como a carga nuclear que atua nos eletrões é maior no oxigénio que
no carbono, é necessária mais energia para os remover.
(D) Falsa.
Quando o átomo de oxigénio se transforma em ião negativo (anião) ganha dois eletrões. A atração
nuclear é praticamente a mesma que se verifica no átomo neutro, mas a repulsão entre os eletrões
aumenta, pelo que o raio do anião O2- é superior ao do átomo de O.

2.5.
2.5.1. (D).
(A) Falsa.
Como pH = - log [H3O+], quanto maior for o valor de pH, menor é a [H3O+]. De acordo com o indicado
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na figura 1, a água recolhida junto às agulhas do pinheiro apresenta um valor de pH de 4,8, superior
ao da água recolhida junto ao tronco (3,3). Assim, a [H3O+] da água da chuva recolhida junto às agu-
lhas do pinheiro é inferior à da recolhida junto ao tronco e, consequentemente, menos ácida.
(B) Falsa.
Como pH + pOH = pKw, quanto maior for o pH menor é o respetivo pOH.
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Como, de acordo com o indicado na figura 1, a água recolhida junto ao tronco do pinheiro apre-
senta um valor de pH inferior ao da água recolhida junto às agulhas, terá maior valor de pOH.
(C) Falsa. Ver (A).
(D) Verdadeira.
Admitindo que a temperatura junto às agulhas do pinheiro e junto ao tronco é a mesma, e como
Kw depende exclusivamente da temperatura, a afirmação é verdadeira.
2.5.2. V = 100,0 mL
pH = 3,3
c (NaHO) = 0,005 mol dm- 3
Cálculo da concentração de H3O+ na amostra de água recolhida junto ao tronco do pinheiro:
Para dar resposta à pergunta, tem de se admitir que a acidez da água da chuva é resultado da
ionização de ácidos fortes.
Como pH = 3,3 (pH = - log [H3O+(aq)]) vem:
[H3O+(aq)] = 10- 3,3 mol dm- 3 =
= 5,01 * 10- 4 mol dm- 3
Cálculo da quantidade de iões H3O+ existente em 100,0 mL da amostra, antes de ser titulada:
A quantidade de iões H3O+ existente em 100,0 mL da amostra antes de ser titulada é:
n = c * V = 5,01 * 10- 4 mol dm- 3 * 0,1000 dm3 =
= 5,01 * 10- 5 mol
Cálculo do volume de titulante gasto até ao ponto de equivalência da titulação:
Equação da titulação:
H3O+(aq) + HO-(aq) " 2 H2O(S)
De acordo com a estequiometria da reação de titulação, a quantidade de HO-(aq) (e de NaHO),
gasta até atingir o ponto de equivalência, é igual à quantidade de H3O+ inicialmente existente na
amostra:
n (NaHO) = 5,01 * 10- 5 mol
5,01 * 10 -5 mol
Como n = c * V vem V = =
0,005 mol/dm3
= 0,010 dm = 10 mL
3

2.5.3. (C).
n.o. (S) em SO2 = + 4
n.o. (S) em SO3 = + 6

3.
P
3.1. A = 4,0 m2; I = = 800 W m- 2
A
Dt = 12 h = 12 * 3600 s § Dt = 4,32 * 104 s
m H2O = 150 kg; DT = 30 °C
cH2O = 4,185 kJ kg- 1 °C- 1 = 4,185 * 103 J kg- 1 °C- 1
A energia disponível, Edispon, para o aquecimento da água não é mais do que a energia solar
absorvida pelo coletor durante as 12 h.
Edispon = I * A * Dt ±
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± Edispon = 800 * 4,0 * 4,32 * 104 J §


§ Edispon = 1,38 * 108 J
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A energia utilizada, Eútil, no aquecimento dos 150 kg de água, isto é, a energia transferida como
calor para a água, é:
Eútil = Q = mH2O cH2O DT ±
± Eútil = 150 * 4,185 * 103 * 30 J §
§ Eútil = 1,88 * 107 J
O rendimento, h, associado ao sistema é:
Eútil 1,88 * 107
h= ±h= * 100 §
Edispon 1,38 * 108
§ h = 13,6%
O rendimento do processo de aquecimento é de 13,6%.

3.2. No processo de condução a energia é transferida por interações, a nível microscópico, das partí-
culas constituintes da matéria, sem que haja qualquer transporte de matéria.

4. Tanto na situação I como na situação II o atrito e a resistência do ar são desprezáveis, logo há con-
servação de energia mecânica.
4.1. De B a C a esfera está apenas submetida à ação da gravidade, tendo abandonado a calha com
velocidade horizontal, pelo que se trata de um lançamento horizontal de um projétil.
Assim:
v0x = vx = vB; y0 = h = 20,0 m
e para y = 0
x = 20,0 m
Para qualquer instante, durante a queda, tem-se:
x = vx t (1)
1 2
y = y0 - g t (2)
2
Desta expressão determina-se o tempo de queda de B a C.
1
0 = 20,0 - * 10 t 2 § t = œ4,0 s § t = 2,0 s
2
Substituindo em (1), calcula-se o valor de vx:
20,0 = 2,0 vx § vx = 10,0 m s- 1
Ou seja, o módulo da velocidade com que a esfera atinge o ponto B é vB = 10,0 m s- 1.
Aplicando a lei da conservação de energia mecânica entre A e B, tem-se:
EmA = EmB § EpA + EcA = EpB + EcB
1
0 + m g (hA - hB) = m v 2B
2
Como hA - hB = H, então
v 2B 10,02
2 g H = v B2 § H = ±H= m = 5,0 m
2g 2 * 10
A altura H é de 5,0 m.

4.2. Situação II, vE = 0.


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4.2.1. Nenhum dos gráficos apresentados traduz a variação da energia potencial em função do tempo.
Para qualquer instante:
Ep = m g y
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1 2
Onde y = y0 - g t , então
2

1
Ep = m g y0 -
1 2
2 2 1
g t § Ep = m g y0 - m g 2 t 2
2
1
Ep = Ep0 - m g2t 2
2
Desta expressão conclui-se que Ep depende do quadrado do tempo; é a equação de uma pará-
bola, logo o gráfico que pode traduzir Ep= f (t) é um arco de parábola, por exemplo:

4.2.2. (B).
Entre as posições E e F há conservação de energia mecânica:
EmE = EmF § EcE + EpE = EcF + EpF, mas EcE = 0 e EpF = 0, logo,
1
m g h = m v 2F § vF = œ2 g h
2
4.2.3. (B).
De acordo com a situação II da figura 3 do enunciado, a lei das acelerações é a = - g ±
± a = - 10,0 e a lei das velocidades é v = - g t ± v = - 10,0 t. Então, a alternativa que traduz
os gráficos v = f (t) e a = f (t) é a (B).

4.3. (C).
Da expressão (2) do item 4.1., o tempo de queda na situação I é:

h=
1
2
g t 12 § t1 = Œ 2h
g
e na situação II o tempo de queda é:

h=
1
2
g t 22 § t2 = Œ 2h
g
Quando a resistência do ar é desprezável, o tempo de queda depende apenas da altura h, pelo
que t1 = t2.

5.
5.1.
5.1.1. (D).
O índice de refração do núcleo de uma fibra ótica é superior ao índice de refração do revesti-
mento. Assim, quando o ângulo de incidência na superfície de separação do núcleo e do revesti-
mento é superior ao ângulo crítico não há refração, pelo que a radiação se propaga através do
núcleo por sucessivas reflexões totais.
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5.1.2. (B).
nn = n1 = 1,53; nr = n2 = 1,48
n2 sin i
n2,1 = = (3)
n1 sin r
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O ângulo crítico, qc, é o ângulo de incidência para o qual o ângulo de refração é igual a 90°.
Substituindo na expressão (3), obtém-se:
1,48 sin qc 1,53 sin 90°
= § =
1,53 sin 90° 1,48 sin qc
5.2. As micro-ondas são utilizadas nas comunicações via satélite, pois são pouco absorvidas ou refleti-
das na atmosfera e praticamente não se difratam.

6.
6.1. (B).
(A) Falsa.
De acordo com o gráfico da figura 4, o aumento de temperatura conduz a uma diminuição de Kc .
Sendo Kc nesta reação dado por:
[NH3]2
Kc =
[N2] * [H2]3
a diminuição de Kc corresponde à diminuição da concentração de NH3 e/ou aumento das concen-
trações de N2 e H2. Assim, o aumento da temperatura conduz a um consumo de NH3 e à formação
de N2 e H2.
(B) Verdadeira.
De acordo com o descrito em (A), a diminuição de temperatura conduz a um aumento da concen-
tração de NH3 e diminuição das concentrações de N2 e H2, aumentando assim o rendimento da
reação.
(C) Falsa.
Kc e T seriam inversamente proporcionais se Kc fosse proporcional a 1/T.
Se assim fosse viria: Kc T = constante.
Considerando dois pontos:
(Kc = 0,30; T ) 700 K) ± Kc T = 210 K
(Kc = 0,05; T ) 775 K) ± Kc T = 39 K
logo, não são inversamente proporcionais, pois o produto Kc T não é constante.
De acordo com o descrito em (A) e (B), se se diminuir a temperatura, a reação evolui no sentido
direto.

6.2. V (NH3) = 8,0 mL


c (NH3) = 15,0 mol dm- 3
n (CuSO4.5 H2O) = 0,02 mol

Cálculo da quantidade de amoníaco:


n (NH3) = c * V = 15,0 mol dm- 3 * 8,0 * 10- 3 dm3 = 0,12 mol
Cálculo do reagente limitante:
De acordo com a estequiometria da reação entre CuSO4.5 H2O e NH3, 1:4, 0,02 mol de CuSO4.5 H2O
necessitam de 4 * 0,02 = 0,08 mol de NH3. Como existem 0,12 mol de NH3, concluímos que o NH3 está
em excesso e, portanto, o reagente limitante é o CuSO4.5 H2O.
Cálculo da massa de sal complexo formado:
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De acordo com a equação química, a quantidade de sal complexo formado é igual à quantidade de
sulfato de cobre(II) penta-hidratado gasta. Como há 0,02 mol de sulfato de cobre(II) penta-hidra-
tado e se admite que a reação é completa, devem obter-se 0,02 mol de sal complexo.
m
Como n = § m = n * M = 0,02 mol * 245,6 g mol- 1 = 4,9 g
M

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