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2014v35n2p333
Resumo
A deficiência de vitamina D tem sido relacionada com o desenvolvimento de diversas doenças
endocrinometabólicas, como por exemplo, síndrome metabólica, obesidade, hipertensão e diabetes mellitus
tipo 2. Este trabalho apresenta uma visão geral sobre as evidências científicas disponíveis para algumas das
ações não-calcêmica da vitamina D nos seres humanos, através de pesquisa bibliográfica em bases de dados
científicos. A deficiência de vitamina D pode predispor à intolerância à glicose, a alterações na secreção
de insulina e, assim, ao desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2. Esse possível mecanismo ocorre em
razão da presença do receptor de vitamina D em diversas células e tecidos, incluindo células β do pâncreas,
no adipócito e no tecido muscular. Em indivíduos obesos, as alterações do sistema endócrino da vitamina
D, caracterizada por elevados níveis de paratormônio e da 1,25-dihidroxicolecalciferol são responsáveis
pelo feedback negativo da síntese hepática de 25-hidroxicolecalciferol e também pelo maior influxo de
cálcio para o meio intracelular, que pode prejudicar a secreção e a sensibilidade à insulina. Na hipertensão,
a vitamina D pode atuar via sistema renina-angiotensina e também na função vascular. Há evidências de
que a 1,25-dihidroxicolecalciferol inibe a expressão da renina e bloqueia a proliferação da célula vascular
muscular lisa. São necessários mais estudos prospectivos e ensaios clínicos randomizados, incluindo estudos
de suplementação, que estabeleçam melhor os efeitos clínicos e metabólicos das variações na concentração
de 25-hidroxicolecalciferol na evolução clínica dessas doenças.
Palavras-chave: Vitamina D. Síndrome metabólica. Diabetes Mellitus. Hipertensão. Obesidade.
Abstract
The vitamin D deficiency has been linked to the development of several endocrine metabolic diseases such
as metabolic syndrome, obesity, hypertension and Type 2 diabetes mellitus. This paper presents an overview
of the available scientific evidence for some of the non- calcemic actions of vitamin D in humans, through
literature search in scientific databases. The deficiency of vitamin D may predispose to glucose intolerance,
changes in insulin secretion and thus the development of type 2 diabetes mellitus. This mechanism is
1
Farmacêutico, Residente em Análises Clínicas, Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas, Universidade Estadual
de Londrina (UEL), Londrina-PR.
2
Farmacêutica, Residente em Análises Clínicas, Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas, Universidade Estadual
de Londrina (UEL), Londrina-PR.
3
Farmacêutica, Residente em Análises Clínicas, Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas, Universidade Estadual
de Londrina (UEL), Londrina-PR.
4
Farmacêutica, Residente em Análises Clínicas, Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas, Universidade Estadual
de Londrina (UEL), Londrina-PR.
5
Farmacêutica, Residente em Análises Clínicas, Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas, Universidade Estadual de
Londrina (UEL), Londrina-PR.
6
Farmacêutica-bioquímica, Doutora em Ciências da Saúde, Professora do Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Patologia,
Análises Clínicas e Toxicológicas, área Bioquímica Clínica, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina-PR.
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possible due to the presence of the vitamin D receptor in several tissues and cells, including pancreatic β
cells, adipocyte and muscle tissue. In obese individuals, the changes of the vitamin D endocrine system,
characterized by high levels of parathyroid hormone and 1,25-dihydroxycholecalciferol are responsible
for the negative feedback of hepatic synthesis of 25-hydroxycholecalciferol and also by increased influx
of calcium into the intracellular environment, which can damage the secretion and insulin sensitivity. In
hypertension, vitamin D could act on the renin-angiotensin system and also in vascular function. There is some
evidence that 1,25-dihydroxycholecalciferol inhibits the renin gene expression and blocks the proliferation
of vascular smooth muscle cell. Further prospective studies and randomized clinical trials, including
studies of supplementation, are required to establish better clinical and metabolic effects of variations in the
concentration of 25-hydroxycholecalciferol in the clinical course of these diseases.
Keywords: Vitamin D. Metabolic syndrome. Diabetes Mellitus. Hypertension. Obesity.
A síndrome metabólica (SM) pode ser entendida Os critérios utilizados pela National Cholesterol
com um grupo de fatores de risco que estão inter- Education Program (NCEP) norte-americano, que
relacionados, de origem metabólica, que podem descrevem os componentes da síndrome de maneira a
contribuir diretamente para o desenvolvimento facilitar o seu diagnóstico, em um trabalho conhecido
de doenças cardiovasculares (DCV) e diabetes como ATP III (Adult Treatment Panel), são os mais
mellitus do tipo 2 entre outras patologias. São amplamente utilizados no diagnóstico da SM, tanto
considerados fatores de risco metabólicos segundo na prática clínica como em estudos epidemiológicos.
Grundy et al. (2005): dislipidemia aterogênica No entanto, existem outros critérios entre eles o
(hipertrigliceridemia, níveis elevados de da International Diabetes Federation (IDF) e o da
apolipoproteína B, partículas de LDL-colesterol Organização Mundial da Saúde (OMS). Os critérios
pequenas e densas e níveis baixos de HDL- da NCEP/ATP III se encontram na tabela a seguir:
Tabela 1 - Definição de SM segundo Adult Treatment Panel III (ATP III)
Parâmetro Devem estar presentes pelo menos três dos componentes
abaixo:
Glicose ≥ 100 mg/dL ou em tratamento para hiperglicemia
HDL-colesterol Homens: < 40 mg/dL ou em tratamento para HDL baixo
Mulheres: < 50 mg/dL ou em tratamento para HDL baixo
Triacilglicerol ≥ 150 mg/dL ou em tratamento para hipertrigliceridemia
Circunferência abdominal Cintura ≥ 102 cm para homens ou ≥ 88 cm para mulheres
Hipertensão (HAS) ≥ 130 x 85 mmHg ou em tratamento medicamentoso para HAS
Fonte: Grundy et al. (2005)
Não está estabelecida ainda a causa ou as se a porção da população com SM diferia por status
múltiplas causas da SM, porém é sabido que a de vitamina D e para testar uma tendência linear
obesidade abdominal e a resistência à insulina entre essas variáveis. Como esperado, um em cada
parecem ter um papel fundamental na gênese cinco indivíduos adultos tinha SM. A concentração
desta síndrome. Achados epidemiológicos também sérica média de 25(OH)D nos pacientes com SM
sugerem que baixos níveis séricos de 25(OH) foi de 67,1 nmol/L, significativamente menor do
D estão associados com o aumento do risco de que nos pacientes sem SM, com uma média de
desenvolver a SM. 75,9 nmol/L. O estudo também encontrou uma
associação inversa significativa para quintis de
Ford et al. (2005), utilizando-se de uma
níveis séricos de 25-hidroxivitamina D com alguns
amostragem representativa da população dos
dos componentes individuais da SM, incluindo
Estados Unidos que participaram da National Health
obesidade abdominal, hipertrigliceridemia e
and Nutrition Examination Survey (NHANES
hiperglicemia.
III), relataram uma associação entre o status de
vitamina D e SM em 8.421 homens e mulheres No mesmo ano, Liu et al. (2005) analisaram
não grávidas que tinham 20 anos de idade ou mais. dados de 10.066 mulheres, com idade de 45 anos
Para investigar a associação entre vitamina D e a ou mais que participaram do Women’s Health Study
SM, a amostra foi dividida com base em quintis de para avaliar a ingestão dietética de vitamina D e
concentrações séricas de 25(OH)D para determinar cálcio e sua associação com a prevalência de SM.
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Os dados foram analisados por quintis de cálcio total mostraram associação inversa de concentrações
e ingestão de vitamina D; um modelo de regressão séricas de 25(OH)D com a circunferência da cintura,
logística foi aplicado para examinar a associação o nível sérico de triacilglicerol, insulina de jejum,
entre cálcio e ingestão de vitamina D e o risco de SM. e alanina aminotransaminase (p < 0,041). Níveis
O consumo médio de cálcio nesta coorte foi de 857 elevados de PTH foram associados positivamente
mg/dia e a ingestão média de vitamina D foi de 266 com a circunferência da cintura e lipoproteína de alta
UI/d (6,65 g/dia). A prevalência de componentes da densidade-colesterol (HDL-c) (p < 0,04).
SM foi menor em mulheres no quintil mais alto de
Existem vários outros estudos transversais que
cálcio combinado com a vitamina D do que naqueles
corroboram com os dados apresentados por estes
quintis com menor ingestão, embora não seja possível
acima citados. No entanto, estudos prospectivos têm
afirmar que o efeito observado foi devido a atuação
sido limitados e assim, nenhuma relação de causa
exclusiva da vitamina D.
e efeito pode ser inferida. Al-Daghri et al. (2012),
Recentemente, Miñambres et al. (2012) realizaram um estudo de intervenção com um ano de
conduziram um estudo transversal de 343 indivíduos duração onde foram verificadas reversões modestas
obesos ou com sobrepeso. Foram analisados os nos componentes da SM, por meio da correção
dados antropométricos e a presença ou ausência do status de vitamina D. Um total de 59 adultos
de SM. Adicionalmente foram determinadas as árabes (31 homens e 28 mulheres) não diabéticos,
concentrações de 25(OH)D, insulina e o índice com sobrepeso ou obesos, foram prospectivamente
Homeostasis Model Assessment insulin resistance envolvidos neste estudo intervencionista de um ano.
(HOMA-IR). Quarenta e seis pacientes (13,4%) Na visita inicial (dados basais), a prevalência de HDL-
apresentavam os critérios de SM. A vitamina D foi colesterol baixo e hipertensão foi significativamente
associada com o grau de obesidade, especialmente maior entre os pacientes com deficiência de vitamina
quando o índice de massa corporal (IMC) era > 40 D (p <0,05), mesmo após o ajuste para sexo e IMC.
kg/m2. Pacientes com SM tinham níveis mais baixos A prevalência geral de SM nos participantes, pelos
de 25 (OH)D do que os pacientes sem SM (43,3 ± critérios do NCEP/ATPIII, diminuiu de 25,2% para
29,0 vs 55,3 ± 29,6 mmol / L, respectivamente) 13,0% no final do período analisado.
e a razão de chance para hipovitaminose D foi
de 2,7 (intervalo de confiança (IC), 1,14-6,4 (p = Vitamina D e Diabetes Mellitus
0,023) em pacientes com SM versus pacientes sem
SM, independentemente do grau de obesidade. Os O diabetes mellitus (DM) constitui um grupo de
dados deste estudo confirmam a associação entre a doenças no qual as concentrações plasmáticas de
vitamina D e SM e sugerem que esta associação seja glicose encontram-se elevadas, como resultado da
independente do grau de obesidade. deficiência na secreção de insulina pelo pâncreas e/
ou ação inadequada da insulina. A hiperglicemia
Outro estudo transversal, conduzido por Kayaniyil
ocasionada por essa situação provoca danos a
et al. (2011) examinou a associação da vitamina D e
longo prazo, disfunção e falência de vários órgãos,
paratormônio (PTH) com a SM e seus componentes
principalmente olhos, rins, nervos, coração e vasos
em uma grande amostra multiétnica. Foram
sanguíneos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
examinados 654 participantes de Londres, Toronto,
DIABETES, 2006).
Ontário e Canadá com idade de 30 anos ou mais, e que
apresentavam fatores de risco para diabetes mellitus A doença constitui um problema de saúde pública,
tipo 2. Foi verificada a presença ou ausência de SM devido à elevada prevalência, morbimortalidade e
e seus componentes. O PTH não foi associado com a custos do tratamento. Segundo Malerbil e Franco
presença de SM, após ajustes multivariados. Os dados (1992, p. 1510) “[...] Estima-se que em 2030 haverá
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Influência da vitamina D nas doenças endocrinometabólicas
um acréscimo de 42% no número de indivíduos VDR. Segundo Zierold et al. (2003) os prováveis
com DM no mundo. No Brasil, a prevalência total mecanismos envolvidos no controle da síntese e
do DM é de 7,6% e destes, 46% desconhecem ter o secreção da insulina envolveriam a modulação
diagnóstico.” do influxo e da reserva de Ca2+ no citosol, por
mecanismos rápidos não genômicos do VDR na
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD)
membrana das células beta pancreáticas, facilitando
e também a Associação Americana de Diabetes
a clivagem da pró-insulina em insulina pelas
(ADA) e Organização Mundial da Saúde (OMS)
endopeptidases cálcio-dependentes e estimulando a
propõem quatro classes clínicas distintas: DM tipo
exocitose dos grânulos de insulina.
1 (DM1), DM tipo 2 (DM2), outros tipos específicos
de DM e DM gestacional. No presente trabalho De acordo com Bland et al. (2004) o
abordaremos o DM2. desenvolvimento de DM2 envolve alterações na
função das células β-pancreáticas do pâncreas e
De acordo com a SBD, o DM2 é a forma mais
resistência periférica à ação da insulina. A 25(OH)
comum, sendo responsável por aproximadamente
D pode atuar nesses mecanismos já que no tecido
90% dos casos de diabetes. Diferentemente do
pancreático está presente o VDR e proteínas
tipo 1, onde temos a destruição mediada pelo
ligadoras de cálcio dependente de vitamina D.
sistema imune das células β-pancreáticas, esse
tipo da doença (2) é caracterizado por defeitos na Como citado anteriormente, a vitamina D pode
ação e também secreção da insulina. Os fatores influenciar na resposta insulínica ao estímulo da
de risco para o desenvolvimento do DM2 incluem glicose direta ou indiretamente. O efeito direto
obesidade, sedentarismo, história familiar, idade parece ser mediado pela ligação da 1,25(OH)2D3
avançada e história de diabetes gestacional. A ADA ao VDR da célula β; alternativamente, a ativação da
recomenda a triagem para DM2 em indivíduos com vitamina D pode acontecer no interior das células β
um ou mais fatores de risco. pela enzima 1α-hidroxilase, expressa nessas células.
Existe uma evidência crescente que relaciona a O efeito indireto é mediado pelo fluxo de Ca2+
deficiência de vitamina D e a predisposição para intra e extracelular nas células β. Através de estudo
o desenvolvimento do DM2, e também ao DM1, experimental, Holecki, Zahorska-Markiewicz
assim como a evolução de ambas as doenças. A e Wiecek (2008) demonstrou que o aumento
National Health and Nutrition Examination Survey nos níveis séricos de 1,25(OH)2D3 e no PTH
(NHANES III), avaliou 9.773 adultos maiores de 18 induz maior influxo de cálcio para o interior das
anos e mostrou uma associação entre concentrações células. Sendo a secreção de insulina um processo
de vitamina D, homeostase de glicose e evolução cálcio dependente mediado pela 1,25(OH)2D3 e
do DM. Esse estudo observou uma relação inversa pelo PTH, o aumento nas concentrações dessas
entre os valores de hemoglobina glicada (HbA1c) substâncias, devido à insuficiência de 25(OH)D,
e as concentrações de 25(OH)D nas pessoas entre pode reduzir a capacidade secretora dessas células.
35 e 74 anos sem história conhecida de DM. Os Adicionalmente, a deficiência de 25(OH)D parece
mecanismos biológicos subjacentes ainda não estão dificultar a capacidade das células β na conversão
completamente elucidados. da pró-insulina à insulina.
As evidências atuais sugerem que a influência Outra discussão importante onde se verifica
da 1,25-dihidroxicolecalciferol - 1,25(OH)2D3 na influência da vitamina D na resposta insulínica, diz
homeostase glicídica seja mediada por ações diretas respeito à calbindina, que é uma proteína ligante
e indiretas nas células β-pancreáticas, as quais de cálcio, vitamina D dependente, que há muito se
expressam a enzima 1α-hidroxilase e o receptor sabe está presente no pâncreas de várias espécies,
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Rafaelli, R. A. et al.
inclusive em humanos. De acordo com Sooy et al. de diabetes, doença cardiovascular, ou câncer no
(1999), a calbindina é um importante regulador início do estudo, para verificar a incidência de
da produção de insulina, através da regulação da DM2. A vitamina D e cálcio provenientes da dieta
concentração de cálcio na célula β. e também de suplementação foram avaliados a
cada 2-4 anos, e durante 20 anos de seguimento
Calle, Maestro e Garcia-Arencibia (2008)
foram documentados 4.843 casos incidentes de
realizaram um estudo com animais que teve por
DM2. Após tratar os dados para eliminar possíveis
objetivo examinar os efeitos do tratamento com
interferências, os autores não encontraram
1,25(OH)2D (150 UI/Kg, ou 3,75 µg/Kg), uma vez
associação entre a ingestão total de vitamina D e
ao dia, durante quinze dias, em ratos não diabéticos
o DM2, porém o risco relativo (RR) para DM2 foi
e também em ratos com diabetes induzida por uma
de 0,87 (IC 95% 0,75-1,00; P = 0,04) comparando
única injeção de estreptozotocina (65 mg/Kg). O
a mais alta com a mais baixa categoria de ingestão
tratamento com 1,25(OH)2D para os ratos com
de vitamina D provenientes de suplementos. Os
diabetes induzida por estreptozotocina não foi
resultados deste estudo sugerem que a vitamina D e
capaz de corrigir a hiperglicemia, hipoinsulinemia,
cálcio associado podem exercer um papel benéfico
glicosúria ou cetonemia ocasionadas pela
para redução do risco de DM2.
diabetes, entretanto houve uma reversão parcial da
superexpressão do gene do receptor de insulina no Estudos clínicos randomizados controlados
fígado e no tecido adiposo, sem alterar a expressão (RCT) são relativamente raros, e os que são
normal deste gene no rim. Estes efeitos foram encontrados geralmente utilizam pacientes com
acompanhados por uma normalização do número DM2 e outras doenças de base, como obesidade
de receptores insulínicos, não alterando a afinidade por exemplo. Exemplo disso é o estudo de Nagpal
pelo receptor, mas sim com uma melhoria da et al. que em 2009 realizaram um estudo duplo
resposta insulínica para o transporte de glicose em cego, randomizado, placebo-controlado, com o
adipócitos nestes animais diabéticos. objetivo de determinar o efeito da suplementação
à curto prazo de vitamina D, na sensibilidade à
Estudos observacionais demonstram que a alta
insulina em homens (100 voluntários do sexo
ingestão de vitamina D e/ou cálcio, e produtos
masculino, com idade ≥ 35 anos) aparentemente
lácteos foram inversamente associados com
saudáveis, de meia idade, com obesidade central.
concentrações de glicose e insulina e incidência
Em um grupo, cada indivíduo recebeu três doses
de DM2. Utilizando dados do Women’s Health
(120.000 UI) de vitamina D, quinzenalmente. No
Study (37.183 mulheres sem história de DM2,
grupo controle foi administrado placebo com a
doença cardiovascular e/ou câncer), Liu et al.
mesma periodicidade. A sensibilidade hepática à
(2005) relataram em um estudo prospectivo, que
insulina no jejum, HOMA-IR, índice quantitativo
a ingestão total de vitamina D acima de 13 mg/
de verificação da sensibilidade à insulina (HOMA-
dia, aproximadamente, estava associado com um
2), sensibilidade insulínica pós-prandial (oral
menor risco de incidência de DM2 em comparação
glucose insulin sensitivity, OGIS), a secreção de
com uma ingestão total diária menor do que 4mg.
insulina (HOMA%B, HOMA2-%B), perfil lipídico
Corroborando estes dados, Pittas et al. (2006) e pressão arterial foram mensurados no início do
também realizaram um estudo prospectivo que tinha estudo e após 6 semanas de seguimento. Setenta e
por objetivo avaliar a associação entre ingestão de um indivíduos completaram o estudo (35 do grupo
vitamina D e cálcio e o risco de desenvolver DM2. suplementado e 36 do grupo controle) e os autores
Acompanharam 83.779 mulheres participantes do relataram aumento significativo da OGIS no grupo
Nurses' Health Study que não possuíam história suplementado. Os demais parâmetros avaliados não
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Influência da vitamina D nas doenças endocrinometabólicas
sofreram alteração. O estudo indicou que a vitamina também no controle glicêmico, sugestionam que essa
D melhora a sensibilidade à insulina pós-prandial vitamina deve ser mais um fator considerado tanto na
em homens (com obesidade central, porém não prevenção como no tratamento do DM.
diabéticos) propensos a ter resistência insulínica.
Vitamina D e Hipertensão Arterial Sistêmica
Em outro RCT realizado por Von Hurst (2010),
dessa vez com um período de seguimento mais
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma
longo, foi constatado que a suplementação com 100
condição clínica multifatorial que se caracteriza por
mcg de vitamina D (4.000 UI) diariamente, durante
níveis elevados e sustentados de pressão arterial
6 meses, foi capaz de melhorar a sensibilidade /
(PA). Essa condição pode configurar alterações
resistência insulínica e a concentração de insulina
estruturais e funcionais nos órgãos-alvo, como o
em jejum em mulheres do sul asiático (Auckland,
coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos e também
Nova Zelândia, n=81), com idade entre 23 a 68
pode levar a alterações metabólicas, aumentando o
anos, que apresentavam resistência à insulina
risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais.
(HOMA-IR ≥ 1,93) e deficiência de vitamina D (<
50 nmol/L). A melhoria do status de vitamina D em Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a
mulheres resistentes à insulina resultou na melhoria HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle,
da resistência a insulina e de sensibilidade, mas e é considerada um dos principais fatores de risco
nenhuma alteração significativa foi encontrada na modificáveis e um dos mais importantes problemas
secreção de insulina. As concentrações ótimas de de saúde pública. A mortalidade por doença
vitamina D para a redução da resistência a insulina cardiovascular (DCV) aumenta progressivamente
foram de 80 a 119 nmol / L. com a elevação da PA a partir de 115/75 mmHg de
forma linear, contínua e independente.
Em contraste, Jorde e Figenschau (2009)
concluíram um estudo no qual participaram 36 De acordo com Passos, Assis e Barreto (2006,
pacientes diabéticos (DM2), porém sem deficiência p. 36) no Brasil, as doenças cardiovasculares são
de vitamina D, onde se verificou que a suplementação responsáveis por 33% dos óbitos com causas
com essa vitamina (400.000 UI, semanalmente) conhecidas. A hipertensão é a mais prevalente de todas
durante 6 meses, não apresentou efeito significativo as DCV, afetando mais de 36 milhões de brasileiros
sobre o metabolismo da glicose nesses pacientes. adultos, além disso, é considerada o maior fator de
risco para lesões cardíacas e cerebrovasculares e a 3ª
Em síntese, os resultados dos ensaios sobre os causa de invalidez. A hipertensão provavelmente está
efeitos que a vitamina D pode exercer no DM2 envolvida em 50% das mortes causadas por DCV.
mostram que a deficiência de 25(OH)D altera a
produção e a secreção da insulina, tanto em animais A hipertensão ocorre principalmente pela ativação
como em humanos. Outrossim, a deficiência dessa inadequada do sistema renina-angiotensina e existem
vitamina parece conduzir à intolerância a glicose e vários estudos que indicam que os níveis séricos
a secreção insulínica deletéria, contribuindo para o de 1,25(OH)2D estão inversamente associados à
maior risco de desenvolvimento de DM2. No entanto, pressão arterial ou à atividade da renina plasmática
sabemos que o diabetes mellitus é uma doença em normotensos e hipertensos (SCHUCH et al.,
multifatorial, cuja prevenção exige alterações no 2009).
estilo de vida, como por exemplo, dieta equilibrada A renina, uma protease, é sintetizada
e a prática regular de exercícios físicos. Estes principalmente nas células justaglomerulares dos
achados que evidenciam a participação da vitamina rins e catalisa a conversão do angiotênsinogênio,
D nos processos de secreção e ação da insulina e produzido pelo fígado, em angiotensina I, que é
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Rafaelli, R. A. et al.
clivada em angiotensina II pela ação da enzima Reforçando essas afirmações, Li et al. (2004)
conversora de angiotensina (ECA), presente no realizaram um experimento com camundongos
endotélio vascular de vários órgãos. O aumento nos onde os animais knockout para o receptor VDR
níveis de angiotensina II eleva a pressão arterial de tiveram os níveis de renina e angiotensina II
duas formas: 1) Aumentando a resistência vascular aumentados e desenvolveram hipertensão arterial.
periférica, por ser uma substância vasoconstritora Um fenótipo semelhante ocorre com animais
potente; 2) Estimulando a secreção de aldosterona, que tiveram o gene da 1α-hidroxilase silenciado.
que por sua vez, aumenta a reabsorção renal de Em outro estudo Freundlich, Quiroz e Zhang
sódio, culminando com o aumento da pressão (2008) relataram que a injeção de análogos
arterial. da 1,25(OH)2D3 em camundongos ocasionou
a supressão da produção de renina in vivo e
Várias células que compõem o sistema
regulou negativamente a expressão do gene do
cardiovascular expressam a CYP27B1, enzima
angiotensinogênio.
de conversão da 25(OH)D em 1,25(OH)2D e/
ou o VDR, como as células musculares lisas e Em humanos, dados do Intersalt Study
endoteliais dos vasos sanguíneos, miócitos, e as (INTERSALT COOPERATIVE RESEARCH
células justaglomerulares do néfron (produtoras GROUP, 1988), trabalho importante acerca dos
de renina). A 1,25(OH)2D participa do controle da fatores de risco e controle da hipertensão, com
função cardíaca e da pressão arterial por meio da mais de 10.000 participantes de diversos países,
regulação do crescimento das células musculares demonstraram que a pressão arterial sistólica
lisas, do grau de contratilidade miocárdica e da e diastólica foram associadas positivamente à
inibição da renina, interferindo na dinâmica do distância do equador, e com isso demonstraram
sistema renina-angiotensina-aldosterona. (Li et al., que a exposição solar e, supostamente, a menor
2004) concentração de 25(OH)D estariam relacionadas à
PA. Somado a isso, Krause et al. (1998) realizaram
Holick (2007) afirma que a vitamina D tem a um estudo avaliando indivíduos hipertensos que
capacidade de afetar o sistema renina-angiotensina, foram expostos à radiação UVA e UVB, semelhante
que é o principal sistema responsável pelo controle à luz solar, em uma câmara de bronzeamento,
da PA, além de exercer efeitos benéficos sobre as 3 vezes por semana durante 3 meses. O grupo
células do tecido liso vascular, o endotélio e os controle foi submetido ao mesmo procedimento,
cardiomiócitos. A ação da 1,25(OH)2D sobre a porém utilizando somente radiação do tipo UVA.
expressão gênica ocorre por meio do VDR presente Foi observado um aumento significativo (180%)
nos tecidos, como citado anteriormente. Kong et nos níveis séricos de 25(OH)D e uma diminuição
al., em 2008, demonstraram que a supressão da (6mmHg) na pressão sistólica e diastólica no grupo
expressão de renina pela 1,25(OH)2D in vivo é submetido aos dois tipos de radiação.
independente do PTH e do cálcio.
Por outro lado, para elucidar a questão do
Evidências em estudos observacionais apoiam possível efeito preventivo que a suplementação
fortemente a existência de relação entre pressão de vitamina D poderia exercer sobre o
arterial e vitamina D, Scragg et al. (2007) analisando desenvolvimento da hipertensão arterial, Forman et
dados da 3ª National Health and Nutrition at. (2005) avaliaram três grandes estudos de coorte
Examination Survey (NHANESIII), constataram prospectivos, sobre ingestão de vitamina D e o
que concentrações séricas elevadas de 25(OH) risco de desenvolver hipertensão, compreendendo
D estavam associadas com baixa prevalência de mais de 200.000 participantes do Nurses’ Health
hipertensão arterial, nos indivíduos participantes. Studies (NHS I, n= 77.436 e NHS II, n= 93.803) e
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Influência da vitamina D nas doenças endocrinometabólicas
fatores para seu desenvolvimento na atual epidemia desencadeie o acúmulo de gordura corporal, e não
dessa doença são de origem alimentar. seja apenas consequência de menor exposição solar
por parte deste público devido ao baixo nível de
Segundo a Organização Mundial da Saúde
atividade física e menor mobilidade.
(OMS, 2003), ela pertence ao grupo das Doenças
Crônicas Não Transmissíveis - DCNT que abarca Por outro lado, sabe-se que os macrófagos estão
ainda diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, envolvidos na conversão periférica da 25(OH)D no
hipertensão arterial, infarto do miocárdio e alguns metabólito ativo 1,25(OH)2D (BIKLE, 2009) e na
tipos de cânceres. obesidade há a expansão do tecido adiposo com o
aumento da acumulação de macrófagos neste tecido,
Estimativas da OMS apontam as DCNT como
o que poderia facilitar a hidroxilação da 25(OH)D.
responsáveis por 58,5% de todas as mortes e por
Para explicar isso, os autores sugerem que níveis
45,9% da carga global da morbidade adulta em todo
aumentados de 1,25(OH)2D seriam responsáveis
o mundo. Ainda de acordo com essa organização, em
pelo feedback negativo à síntese hepática da 25(OH)
2008 cerca de 1,5 bilhão de adultos apresentavam
D, o que também explicaria a baixa disponibilidade
sobrepeso e, destes, mais de 200 milhões de homens
desta em obesos, porém são necessários mais estudos
e aproximadamente 300 milhões de mulheres eram
para evidenciar essa hipótese.
obesos. Se compararmos com dados de 1980, o
aumento na prevalência de obesidade foi de mais De acordo com Blum et al. (2008), o tecido adiposo
de duas vezes, e as projeções para os próximos anos funciona como um depósito de 25(OH)D e seus
indicam que, em 2030, um número próximo a 3,3 metabólitos, devido às suas propriedades lipofílicas,
bilhões de pessoas, ou 57,8% da população adulta diminuindo a sua biodisponibilidade e acionando o
mundial, terá sobrepeso ou obesidade. “No Brasil, hipotálamo para desenvolver uma cascata de reações
cerca de metade da população adulta apresenta que culmina no aumento da sensação de fome e
excesso de peso, enquanto 12,5% dos homens e diminuição do gasto energético. Esta situação gera
16,9% das mulheres apresentam obesidade.” (IBGE, aumento nos níveis de PTH, consequente diminuição
2010). da sensibilidade à insulina e aumento desproporcional
na concentração de cálcio intracelular.
A obesidade abdominal ou andróide, definida
pelo aumento de tecido adiposo na região abdominal, Em estudos epidemiológicos, de base populacional
é considerada um fator de risco independente foi demonstrada uma correlação negativa entre
para diversas morbidades, representando risco gordura corporal total e concentração sérica de
diferenciado quando comparada com outras formas 25(OH)D, que se manteve significativa após o ajuste
de distribuição de gordura corporal. Esse tipo de para idade, estação do ano, ingestão de vitamina D e
obesidade predispõe o indivíduo a uma série de raça (SNIJDER, 2005).
fatores de risco cardiovasculares por associar-se com Reforçando esses dados Su e Zemel (2008)
grande frequência a condições como dislipidemias, confirmaram essa estreita relação através da
hipertensão arterial, resistência à insulina e diabetes determinação dos níveis de 25(OH)D no soro e no
mellitus que favorecem a ocorrência de eventos tecido adiposo de pacientes obesos submetidos à
cardiovasculares agudos, particularmente os cirurgia gástrica by-pass, mostrando uma relação
coronarianos. inversa dos níveis de 25(OH)D com o peso corporal
Vários estudos relatam que em indivíduos obesos e adiposidade.
é frequente a observação de níveis séricos reduzidos Adicionalmente, Snijder et al. (2005) realizaram
de 25(OH)D. Investiga-se que a insuficiência de um estudo chamado Longitudinal Aging Study
vitamina D em obesos pode ser um dos fatores que Amsterdam (LASA) e verificaram que a baixa
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Influência da vitamina D nas doenças endocrinometabólicas
concentração de 25(OH)D e a maior concentração de 1,25(OH)2D pode induzir à apoptose mediada por
PTH estavam associados fortemente com a soma das cálcio nos adipócitos, levando a uma diminuição do
dobras cutâneas e o percentual de gordura corporal tecido adiposo (SERGEEV et al., 2009).
dos indivíduos participantes.
Semelhante ao que foi descrito no trabalho anterior,
O tecido adiposo, além de ser considerado estoque realizado por Blumberg et. al (2006) utilizando pré-
de energia, funciona como uma glândula endócrina adipócitos (3T3-L15B2), foi constatado também
que pode secretar uma variedade de proteínas nesse estudo que a 1,25(OH)2D inibe estágios
bioativas denominadas adipocinas, dentre elas pode- inicias de diferenciação de pré-adipócitos (7º dia),
se citar a adiponectina, a leptina, a grelina, o TNF-α, porém no 14º dia, a influência da 1,25(OH)2D
a IL-6 e a proteína quimiotática de monócitos-1 diminuiu e a diferenciação ocorreu igualmente
(MCP-1), essas adipocinas estão diretamente entre os poços, tratados ou não com vitamina D.
envolvidas no processo inflamatório. Ainda há Curiosamente, a 25(OH)D funciona igualmente bem
poucos estudos que analisaram o possível papel que para inibir a diferenciação dos pré-adipócitos no 7º
a vitamina D pode desempenhar na modulação da dia, o que indica que essas células tem a capacidade
produção de adipocinas. Camundongos knockout de bioativar a 25(OH)D em 1,25(OH)2D e sinalizar
para o receptor VDR ou para a enzima 1α-hidroxilase via VDR para regular a diferenciação em adipócitos,
têm reduzidos níveis de leptina no soro, hormônio semelhante ao tratamento direto com 1,25(OH)2D.
peptídico produzido pelos adipócitos e relacionado Embora o tratamento com 1,25(OH)2D ou 25(OH)
principalmente ao controle do apetite (NARVAEZ et D tenha mostrado uma tendência na redução da
al., 2009). diferenciação dos adipócitos após 14 dias, foi
A vitamina D também está envolvida na apenas no 7º dia que foi detectado uma diferença
adipogênese, de acordo com Schuch et al. (2009, p. significativa desse fenômeno. Desse modo pode-
629), se concluir que a vitamina D pode inibir o início
Recentes estudos feitos com modelos de culturas do processo de diferenciação em adipócitos, mais
de pré-adipócitos de camundongos levantaram a não bloqueia completamente este processo, em pré-
hipótese de que o papel da 25(OH)D na inibição da
adipogênese é mediado em nível molecular por meio adipócitos humanos primários.
da inibição do VDR e da expressão do regulador-
mestre da adipogênese, o receptor ativador de Não obstante, os dados sobre a ação in vivo da
proliferação de peroxissomos γ (PPARγ), reduzindo, vitamina D e sua relação com a adipogênese ainda
consequentemente, sua atividade.
são escassos e mais estudos são necessários.
Blumberg et al. (2006) realizaram um estudo
Na prevenção da obesidade utilizando a
utilizando pré-adipócitos (3T3-L15B2), que foram
suplementação com essa vitamina, Caan et al.
tratados com a 1,25(OH)2D e constataram que houve
(2007) realizaram a análise dos dados de um estudo
a inibição parcial da formação endógena de ligantes
chamado Women’s Health Initiative (WHI) que
de PPARy, o componente chave da adipogênese.
englobou 36.282 mulheres na pós menopausa, com
Desse modo, com a redução da expressão desse
idade entre 50 e 79 anos, e verificaram menor ganho
componente com consequente diminuição da sua
de peso durante o uso de suplementação com 1.000
atividade na presença da 1,25(OH)2D, houve
mg de cálcio e 400UI de colecalciferol, quando
inibição da adipogênese. Porém se trata de um
comparadas com o grupo controle.
experimento in vitro e pesquisas adicionais são
necessárias para entender a diminuição de PPARy Quando se trata de indivíduos já obesos,
na presença de 1,25(OH)2D e investigar a extensão Sneve, Figenschau e Jorde (2008) observaram em
da interação entre VDR e PPARy em pré adipócitos um estudo duplo cego placebo-controlado, que a
in vivo. Alguns autores sugerem ainda que a suplementação de colecalciferol não ocasionou
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Rafaelli, R. A. et al.
mudanças significativas em peso, relação cintura- determinar a dose, via e duração da administração.
quadril e percentual de gordura corporal. O estudo Vale ressaltar que ainda não há consenso na literatura
utilizou 445 indivíduos de 21 a 70 anos e IMC entre médica sobre os pontos de corte que caracterizam
28 e 47 kg/m2, que foram divididos em 3 grupos: a) suficiência, insuficiência ou deficiência de vitamina
20.000UI de colecalciferol duas vezes por semana; D no organismo. A investigação da adequação do
b) 20.000UI de colecalciferol uma vez por semana e status desta vitamina deve ser objeto de pesquisas
placebo uma vez por semana; c) Placebo duas vezes futuras, além disso, a busca de análogos sintéticos
por semana. Todos os indivíduos receberam 500mg de vitamina D sem atividade calcêmica também
de cálcio. Os resultados demonstraram aumento pode ser promissora para a prevenção e tratamento
significativo na concentração sérica de 25(OH)D e das doenças endocrinometabólicas.
redução do PTH.
Tomados em conjunto, a vitamina D, ou a vitamina
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D somada a suplementação de cálcio parecem ter um
efeito na restrição do ganho de peso na população AL-DAGHRI, N. M.; ALKHARFYA, K. M.; AL-
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em geral, mais os seus efeitos na redução de peso
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de indivíduos já obesos podem ser limitados. Mai EL-KHOLIEH, E.; SABICOA, S.; KUMARI,
et al. (2011) sugerem haver um ciclo prejudicial (↓ S.; CHROUSOSA, G. P. Modest reversal of
vitamina D obesidade ↓ vitamina D) que complica a metabolic syndrome manifestations with vitamin
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