Você está na página 1de 16

Índice

Índice............................................................................................................................................1
Introdução....................................................................................................................................2
Conceito.......................................................................................................................................3
Etiologia.......................................................................................................................................3
Fisiopatologia...............................................................................................................................3
Classificação das queimaduras...................................................................................................4
Complicações...............................................................................................................................4
Complicações sistêmicas das queimaduras........................................................................4
Complicações locais das queimaduras...............................................................................5
Diagnóstico...................................................................................................................................7
Tratamento..................................................................................................................................8
Tratamento inicial...............................................................................................................8
Líquidos intravenosos..........................................................................................................8
Cuidado inicial do ferimento.............................................................................................10
Medidas de suporte..........................................................................................................11
Hospitalização e encaminhamento...........................................................................................11
Infecção.....................................................................................................................................11
Cirurgia......................................................................................................................................12
Fisioterapia e terapia ocupacional............................................................................................12
Tratamento ambulatorial das queimaduras.....................................................................13
Conclusão...................................................................................................................................14
Referências Bibliográficas..........................................................................................................15
Introdução

Segundo Malagutti e Kakihara, lesões por queimadura tem sido um grande causador
de morbidades e mortalidade em países em desenvolvimento. Podendo ser causadas
por agentes térmicos, elétricos, químicos ou radioativos, onde o grau de
comprometimento é avaliado através da profundidade da lesão. Do ponto de vista
econômico o tratamento dessas lesões são caros por se tratar de tratamentos
complexos que necessitam de coberturas específicas. O tratamento da queimadura
envolve efeitos locais e sistêmicos, que variam de acordo com a profundidade da
ferida sua localização e extensão. Como opção de terapia local são usados curativos
que contém em sua composição substâncias cicatrizantes e antiinfecciosas (TAVARES;
SILVA,2015). O paciente queimado requer um profissional enfermeiro para elaboração
dos planos de cuidados, que tenha uma base de conhecimento cientifico adequado,
habilidades técnicas e valores pessoais e emocionais para lidar com sua situação com
competência (TEIXEIRA; ALMEIDA, 2012).

2
Conceito

Queimaduras são lesões traumáticas causadas por agentes térmicos, químicos,


radioativos ou elétricos, causam destruição parcial ou total da pele e seus anexos,
podendo atingir camadas mais profundas como: tecido celular subcutâneo, muscular,
tendões e ossos (LIMA; SERRA, 2006).

Etiologia

Queimaduras térmicas podem resultar de qualquer fonte externa de calor (chama,


líquidos, objetos sólidos ou vapor). O fogo também pode causar  inalação de fumaça
tóxica ( Intoxicação por monóxido de carbono).

Queimaduras por radiação são mais comuns por exposição prolongada aos raios
ultravioleta (queimadura solar), embora também possam ocorrer por exposição
intensa a outras fontes de radiação ultravioleta (p. ex., bronzeamento artificial),
radiografia ou outras radiações não solares ( Exposição e contaminação radioativa).

Queimaduras químicas resultam de ácidos fortes, álcalis fortes (p. ex., lixívia e


cimento), fenóis, cresóis, gás mostarda, fósforo e certos produtos derivados de
petróleo (p. ex., gasolina, tíner). A necrose da pele ou de tecidos mais profundos
devido a tais agentes pode progredir por diversas horas.

Queimaduras elétricas são causadas por geração de calor e eletroporação das


membranas celulares associada com correntes intensas dos elétrons. Tais
queimaduras ocasionam extenso e profundo dano tecidual, como músculos, nervos e
vasos sanguíneos, a despeito de lesão cutânea aparentemente mínima.

Fisiopatologia

Queimaduras por calor provocam desnaturação de proteínas e, portanto, necrose


por coagulação. Ao redor do tecido queimado coagulado, agregam-se plaquetas,
vasos se contraem e o tecido marginal perfundido (conhecido como zona de estase)
pode se necrosar. Na zona de estase há hiperemia e inflamação do tecido.

Danos à barreira epidérmica normal permitem

 Invasão bacteriana

 Extravasamento de líquidos

 Comprometimento da regulação térmica

3
Os tecidos lesados costumam ficar edematosos, aumentando ainda mais a perda de
volume. A perda de temperatura pode ser significante, já que a termorregulação da
derme danificada é prejudicada, principalmente em ferimentos expostos.

Classificação das queimaduras

Queimadura de primeiro grau é limitada à epiderme.

Espessura parcial (também chamada queimadura de 2º grau): a queimadura


acomete parte da derme, sendo subdividida em superficial e profunda.

A queimadura superficial de espessura parcial acomete a derme papilar (mais


superficial). Essas queimaduras cicatrizam em 1 a 2 semanas, raramente deixando
marcas. A cura ocorre a partir das células epidérmicas que revestem os ductos de
glândulas sudoríparas e pelos; tais células crescem para a superfície e, depois,
migram através dela para encontrar células de glândulas vizinhas e folículos.

A queimadura de espessura parcial profunda acomete a metade inferior da derme e


leva ≥ 2 semanas para cicatrizar. A cura é proveniente apenas dos folículos pilosos, as
cicatrizes são comuns e podem ser graves.

Queimaduras de espessura total (3º grau): abrangem a toda a derme e estendem-se


até a gordura subcutânea. A cicatrização é proveniente somente da região periférica;
tais queimaduras, a menos que sejam pequenas, requerem excisão e enxerto de
pele.

4
Complicações

As queimaduras causam complicações sistêmicas e locais. Os principais fatores que


contribuem para complicações sistêmicas são rompimento da integridade da pele e
perda de líquidos. Complicações locais incluem escaras, contraturas e cicatrização.

Complicações sistêmicas das queimaduras

Quanto maior o percentual da superfície total corporal atingido, maior o risco de


ocorrer complicação sistêmica. Os fatores de risco de complicações sistêmicas graves
e mortalidade incluem todos os seguintes:

 Queimaduras de segundo e terceiro graus ≥ 40% da área de superfície


corporal
 Idade > 60 anos ou < 2 anos
 Presença de trauma maior simultâneo ou inalação de fumaça
As complicações sistêmicas mais comuns são hipovolemia e infecção.

A hipovolemia, causando hipoperfusão nos tecidos queimados e, às vezes, choque,


pode resultar da perda de líquidos devido a queimaduras mais profundas ou que
acometem grandes partes da superfície corporal; edema no corpo todo por perda de
volume intravascular para o interstício e célula também ocorre. A hipoperfusão do
tecido afetado também pode ser resultante do dano direto aos vasos sanguíneos ou
da vasoconstrição secundária à hipovolemia.

A infecção, mesmo em pequenas queimaduras, é causa comum de sepsia,


complicações locais e morte. Invasão e crescimento bacteriano são acentuados
quando as defesas orgânicas estão prejudicadas e os tecidos desvitalizados. Os
patógenos mais comuns são estreptococos e estafilococos durante os primeiros dias
e bactérias Gram-negativas após 5 a 7 dias; contudo, a flora é sempre mista.

Anormalidades metabólicas podem englobar hipoalbuminemia, que é, em parte,


decorrente da hemodiluição (secundária à reposição de líquidos) e, parcialmente,
decorrente da perda de proteínas para o espaço extravascular através dos capilares
danificados. Deficiências de eletrólitos pela diluição podem se desenvolver,
incluindo hipomagnesemia, hipofosfatemia e hipopotassemia. Acidose metabólica
pode resultar de choque. Rabdomiólise ou hemólise podem resultar de queimaduras
térmicas ou elétricas profundas dos músculos ou da isquemia muscular decorrentes
de cicatrizes constritivas. Rabdomiólise causando mioglobinúria ou hemólise com
hemoglobinúria pode resultar em necrose tubular aguda ou lesão renal aguda.

5
Hipotermia pode resultar da grande quantidade de líquidos frios intravenosos (IV) e
de prolongada exposição da superfície corporal ao ambiente frio do serviço de
emergência, particularmente em pacientes com queimaduras extensas.

Íleo é comum após queimaduras extensas.

Complicações locais das queimaduras

A escara é um tecido duro e morto, causada por queimaduras profundas. Uma


cicatriz circunferencial, que envolve total a circunferência de um membro (às vezes,
o pescoço ou o tórax), é potencialmente constritiva. Cicatrizes constritivas limitam a
expansão do tecido em resposta ao edema; em vez disso, a pressão tecidual
aumenta, causando isquemia local. A isquemia ameaça a viabilidade dos membros e
dos dedos distais à escara, e uma cicatriz em torno do tórax pode comprometer a
ventilação.

Cicatrizes e contraturas são resultados da cura de queimaduras profundas.


Dependendo da extensão da cicatriz, deformidades por contratura podem aparecer
nas articulações. Se a queimadura estiver localizada perto das articulações
(especialmente nas mãos), nos pés ou no períneo, a função pode ser gravemente
comprometida. A infecção pode aumentar a cicatriz. Queloides se formam em alguns
pacientes, em especial da raça negra.

Sinais e sintomas

Os sinais e sintomas dependem da profundidade da queimadura, classificada em:

 Queimaduras de 1º grau: essas queimaduras são avermelhadas, dolorosas e


frágeis, embranquecem acentuadamente e amplamente à leve pressão. Não há
desenvolvimento de bolhas ou vesículas.

 Queimaduras de espessura parcial superficial: essas queimaduras


embranquecem à pressão e são dolorosas e sensíveis. A formação de vesículas
e bolhas ocorre em 24 h. As bases das vesículas e bolhas são rósea e então
desenvolvem exsudato fibrinoso.

 Queimaduras de espessura parcial profunda: pode ser avermelhadas,


esbranquiçadas ou matizadas em vermelho e branco. Não embranquecem e
são menos dolorosas e sensíveis do que as queimaduras mais superficiais. Uma
alfinetada é frequentemente interpretada como pressão em vez de picada. Há
possível formação de bolhas e vesículas; essas queimadura costumam secar.

6
 Queimaduras de espessura total: sem formação de bolhas ou vesículas,
podem ser esbranquiçadas e maleáveis, negras e carbonizadas, marrons e
coriáceas ou vermelho-brilhantes devido à fixação da hemoglobina na região
subdérmica. Queimaduras de espessura totalmente descorada podem simular
pele normal, exceto pelo fato de esta não embranquecer à pressão.
Queimaduras de toda espessura são, em geral, hipoanestésicas ou anestésicas.
Pelos podem ser facilmente tracionados de seus folículos. Vesículas e bolhas
não costumam se desenvolver. Às vezes, as características que diferenciam a
queimadura de espessura parcial profunda daquela de espessura total levam
24 a 48 horas para se manifestarem.

Diagnóstico

 Avaliação clínica da extensão e profundidade da queimadura

 Testes de laboratório e radiografia do tórax dos pacientes hospitalizados

Localização e profundidade das áreas queimadas são registradas em um diagrama.


Presumem-se que queimaduras com aparência compatível tanto com de espessura
parcial profunda como de espessura total sejam queimaduras de espessura total.

Calcula-se a porcentagem da área de superfície corporal envolvida; só são incluídas


neste cálculo as queimaduras de espessura parcial ou total (1). Para adultos, estima-
se o percentual da área de superfície corporal para partes do corpo pela regra dos
nove ( (A) Regra dos nove (para adultos) e (B), Tabela de Lund-Browder (para
crianças) para estimar a extensão das queimaduras); em queimaduras pequenas e
esparsas, as estimativas podem se basear no tamanho da superfície de toda a mão
aberta do paciente (não somente da superfície palmar), que é 1% da área de
superfície corporal. Crianças têm cabeças grandes e membros pequenos, assim,
estima-se a porcentagem da área de superfície corporal de maneira mais precisa
usando a tabela de Lund-Browder ( (A) Regra dos nove (para adultos) e (B), Tabela de
Lund-Browder (para crianças) para estimar a extensão das queimaduras ).estima-se a
porcentagem da área de superfície corporal de maneira mais precisa usando a tabela
de Lund-Browder ( (A) Regra dos nove (para adultos) e (B), Tabela de Lund-Browder
(para crianças) para estimar a extensão das queimaduras).

7
Em pacientes hospitalizados, deve-se dosar no sangue hemoglobina, hematócrito,
eritrócitos, eletrólitos séricos, ureia, creatinina, albumina, proteína, fosfato e cálcio
ionizado. Deve-se realizar também eletrocardiograma (ECG), exame de urina para
mioglobina e radiografia de tórax. Mioglobinúria (sugerindo hemólise ou
rabdomiólise) é encontrada na urina, a qual é fortemente escura, ou em testes
positivos para sangue no papel-fita na ausência da contagem microscópica dos
eritrócitos. Tais exames são repetidos quando necessário. Compartimentos
musculares são avaliados em pacientes com mioglobinúria.

A infecção da queimadura é sugerida por exsudato da ferida, má cicatrização ou


evidências sistêmicas de infecção (p. ex., intolerância alimentar, diminuição da
contagem de plaquetas, aumento do nível sérico da glicose). Febre e leucocitose são
comuns em queimaduras sem infecção e, portanto, são sinais não confiáveis de
sepse. Se o diagnóstico não for evidente, a infecção poderá ser confirmada por
biópsia; culturas da superfície da ferida ou do exsudato não são confiáveis.

Tratamento

 Líquidos IV para queimaduras > 10% da área de superfície corporal


 Limpeza do ferimento, curativo e avaliação em série
 Medidas de suporte
 Transferência ou recomendação de pacientes selecionados para centros
especializados em tratamento de queimados
 Cirurgia e fisioterapia para queimaduras de espessura parcial profunda ou
total

8
Tratamento inicial

O tratamento se inicia no local pré-hospitalar. As primeiras prioridades são iguais


para qualquer paciente acidentado: vias respiratórias, respiração e circulação.
Providenciar uma via respiratória, suporte à ventilação e trata-se a possível inalação
de fumaça associada com 100% de oxigênio. O prosseguimento da queimadura é
extinto e combustão lenta e materiais quentes são removidos. Todas as roupas são
retiradas. Químicos, exceto em pó, são limpos com água; pós devem ser raspados
antes de molhar. Queimaduras causadas por álcalis, ácidos ou compostos orgânicos
(p. ex., fenóis, cresóis, petroquímicos) são limpas com quantidades volumosas de
água continuamente por pelo menos 20 minutos, até que não reste nada da solução
original.

Líquidos intravenosos

Líquidos IV são administrados a pacientes em choque ou com queimaduras em  > 10%


da área de superfície corporal. Uma cânula venosa de calibre 14 a 16 de diâmetro é
colocada em 1 a 2 veias periféricas em área não queimada, se possível. A dissecção
de veia deve ser evitada pelo risco de infecção.

A reposição inicial de líquidos é orientada pelo tratamento do choque clinicamente


evidente (1). Se não há choque, a administração de líquidos é para substituir o deficit
previsto e fornecer líquidos de manutenção. Usa-se a fórmula de Parkland (4 mL/kg)
× % área de superfície corporal queimada (queimaduras de segundo e terceiro graus)
para estimar o volume de líquido necessário nas primeiras 24 h após a queimadura
(não após a chegada ao hospital) e determina a velocidade da administração do
líquido IV. Administrar metade da quantidade calculada ao longo das primeiras 8 h;
administrar o restante nas 16 h seguintes. Administram-se líquidos como solução de
lactato de Ringer porque grandes quantidades de soro fisiológico podem resultar em
acidose hiperclorêmica.

Por exemplo, em um indivíduo que pesa 100 kg e tem 50% da área de superfície
corporal queimada, o volume de líquido pela fórmula de Parkland seria

Metade desta quantidade, 10 L, é dada nas primeiras 8 h após a queimadura como


infusão constante; os demais 10 L são administrados nas próximas 16 h. Na prática,
essa fórmula é somente o ponto de partida, e a taxa de infusão é ajustada com base
na resposta clínica. Normalmente, o volume da urina é medido com um cateter e é o
indicador da resposta clínica; o objetivo é manter um volume entre 30 e 50 mL/h em

9
adultos e entre 0,5 e 1,0 mL/kg/h em crianças. Ao administrar grandes volumes
típicos do líquido, também é importante evitar a sobrecarga de líquidos e
consequente insuficiência cardíaca e síndrome compartimental. Parâmetros clínicos,
incluindo fluxo de urina e sinais de choque ou insuficiência cardíaca, são anotados
pelo menos a cada hora em um diagrama.

Alguns médicos recomendam coloide, geralmente albumina, após 12 h para


pacientes com grandes queimaduras, muito jovens ou idosos, ou com cardiopatias
que precisam grandes volumes de líquidos.

Se o fluxo urinário do paciente for inadequado, a despeito da administração de


grandes quantidades de cristaloides, deve-se consultar um centro de queimados.
Esse tipo de paciente pode responder a uma mistura que inclui coloide. Pacientes
com débito urinário inadequado, apesar da administração de grandes quantidades de
cristaloides têm o risco de complicações da reanimação, incluindo síndrome
compartimental do abdome e membros.

Para pacientes de qualquer idade, a rabdomiólise é tratada com líquidos suficientes


para manter o fluxo de urina entre 0,5 e 1 mL/h. Algumas autoridades recomendam a
alcalinização da urina adicionando 50 mEq NaHCO 3 (uma ampola de 50 mL a 8,4%
solução) em 1 l de líquido IV.

Cuidado inicial do ferimento

Após analgesia adequada, a ferida é limpa com água e sabão, e todos os fragmentos
soltos são removidos. A água deve estar em temperatura ambiente ou mais quente,
para evitar a indução de hipotermia. Bolhas rompidas, exceto as de palmas das mãos,
dedos e plantas dos pés, são debridadas. Bolhas não rompidas algumas vezes podem
permanecer intactas, mas devem ser tratadas aplicando um antimicrobiano tópico.
Curativos secos podem ser utilizados (cremes para queimadura podem interferir na
avaliação da ferida pelo receptor) em pacientes que estão prestes a serem
transferidos para um centro de queimados, eles devem permanecer quentes e
relativamente confortáveis com opioides IV.

Após a ferida ser limpa e avaliada pelo clínico, as queimaduras podem ser tratadas
topicamente. Para queimaduras de espessura parcial superficial, somente o
tratamento tópico é adequado. Todas as queimaduras de espessura profunda e
espessura parcialmente profunda devem ser tratados com excisão e enxerto, mas,
até o procedimento, os tratamentos tópicos são apropriados.

10
O tratamento tópico pode ser feito com pomada antibacteriana (p. ex., sulfadiazina
de prata a 1%), curativos comerciais com prata (p. ex., curativos com prata
nanocristalina de liberação sustentada) ou curativos biossintéticos (pele artificial).
Pomadas tópicas podem ser utilizadas diariamente e a sulfadiazina de prata pode
induzir leucopenia transitória. Alguns curativos impregnados de prata (mas não
todos) devem ser mantidos úmidos, mas podem ser trocados com pouca frequência,
até a cada 7 dias (para minimizar a dor associada ao tratamento repetido das lesões).
Produtos de pele artificial não são trocados rotineiramente, mas podem resultar em
purulência subjacente, precisando ser removidos, especialmente no caso de feridas
mais profundas. Extremidades queimadas devem ser elevadas.

Toxoide tetânico de reforço (0,5 mL por via subcutânea ou IM) é dado em pacientes
com pequenas queimaduras que tenham sido previamente vacinados e que não
tenham recebido reforço nos últimos 5 anos. Pacientes que tomaram reforço mais
remoto ou que não tenham recebido a série completa da vacina recebem
imunoglobulina tetânica, 250 unidades IM e vacinação ativa concomitantemente
( Prevenção).

A escarotomia (incisão da escara) pode ser necessária para permitir a expansão


adequada do tórax ou a perfusão de uma extremidade. Todavia, cicatrizes
constritivas raramente ameaçam a viabilidade da extremidade durante as primeiras
horas; portanto, a transferência para um centro de queimados pode ocorrer dentro
desse prazo, sendo a escarotomia quase sempre preterida.

Medidas de suporte

Tratar a hipotermia e controlar a dor. Sempre deve-se administrar opioides (p. ex.,
morfina) por via IV e podem ser necessárias doses mais altas para controle adequado
da dor. O tratamento dos deficits de eletrólitos pode exigir a suplementação de
cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K) ou fosfato (PO 4).

Indica-se suporte nutricional para pacientes com queimaduras em > 20% da área de


superfície corporal ou com desnutrição preexistente. Suporte com uma sonda
gástrica se inicia o quanto antes. Por sua vez, o suporte parenteral raramente é
necessário.

Hospitalização e encaminhamento

Após tratamento inicial e estabilização, a necessidade de hospitalização é avaliada. O


tratamento do paciente internado, preferencialmente em um centro de queimados,
é necessário para

11
 Queimaduras de espessura total > 1% da área de superfície corporal
 Queimaduras de espessura parcial > 5% da área de superfície corporal
 Queimaduras das mãos, face, pés e períneo (espessura parcial ou profunda)
Além disso, a hospitalização é necessária se

 Pacientes têm < 2 anos ou > 60 anos.


 A aderência ao tratamento residencial for pobre ou difícil (p. ex., se a
elevação contínua de mãos ou pés é difícil na moradia)
Muitos especialistas recomendam que todas as queimaduras, exceto as de 1º
grau < 1% da área de superfície corporal, sejam tratadas por médicos experientes e
que um breve tratamento em paciente hospitalizado seja fortemente considerado
para todas as queimaduras > 2% da área de superfície corporal. A manutenção
adequada de analgesia e exercício pode ser difícil para muitos pacientes e
cuidadores.

Infecção

Antibióticos sistêmicos profiláticos não são administrados.

O tratamento inicial empírico com antibióticos para tratar aparente infecção durante
os primeiros 5 dias deve cobrir estafilococos e estreptococos (p. ex., com
vancomicina). A infecção que se desenvolve após 5 dias é tratada com antibióticos de
espectro maior que englobem bactérias Gram-positivas e negativas. A escolha do
antibiótico é subsequentemente ajustável aos resultados de cultura e sensibilidade.

Cirurgia

Indica-se cirurgia para queimaduras em que não se espera a cura em 2 semanas,


incluindo as de espessura parcial profunda e todas as de espessura total. As escaras
são removidas tão logo quanto possível, sendo o ideal em 3 dias para auxiliar na
prevenção de sepse e facilitar a enxertia de pele, o que diminui o tempo de
hospitalização e melhora os resultados funcionais. Se a queimadura for extensa e
com risco à vida, as escaras maiores são primeiramente removidas para se conseguir
uma cicatrização mais precoce da maior área queimada possível.

Após a excisão, procede-se à enxertia, de preferência usando autoenxertos de


espessura parcial (pele do paciente), que são permanentes (2). Autoenxertos são
transplantados como lâminas (peças sólidas de pele) ou em rede (lâminas da pele
doadora, a qual é distendida para recobrir uma grande área, fazendo-se múltiplas
pequenas incisões a espaços regulares). Este último é usado em áreas nas quais a
aparência não é uma preocupação, quando a queimadura acomete > 20% da área de

12
superfície corporal e a área doadora é escassa. Tais enxertos cicatrizam com
aparência de rede irregular, às vezes com excessiva cicatriz hipertrófica.

Quando as queimaduras comprometem > 40% da área de superfície corporal e o


suprimento de autoenxertos parece insuficiente, um molde regenerativo dérmico
artificial pode ser usado temporariamente (2). Aloenxertos (pele viável, geralmente
proveniente de cadáveres) ou xenoenxertos (p. ex., pele de porco) podem ser
utilizados temporariamente; eles são rejeitados, às vezes em 10 a 14 dias. Os dois
tipos de tratamento temporário com o tempo precisam ser substituídos por
autoenxertos.

Fasciotomia é realizada quando o edema dentro de um compartimento muscular


eleva a pressão do compartimento > 30 mmHg.

Fisioterapia e terapia ocupacional

As terapias física e ocupacional iniciam-se logo na admissão para auxiliar na


minimização de cicatrizes e contraturas, particularmente em superfícies cutâneas
com muita tensão e frequentes movimentos (p. ex., face, mãos), a fim de otimizá-los.
Exercícios ativos e passivos de amplitude de movimentos tornam-se mais fáceis
quando o edema inicial desaparece; são realizados 1 a 2 vezes/dia. Após enxertia, os
exercícios, em geral, são suspensos por 3 dias e, depois, reintroduzidos. Articulações
afetadas por queimaduras de espessura parcial ou total são imobilizadas em posições
funcionais tão logo quanto possível e imobilizadas continuamente (exceto durante os
exercícios) até que os enxertos estejam bem colocados e a cicatrização tenha
ocorrido.

Tratamento ambulatorial das queimaduras

Consiste na limpeza das queimaduras e em manter o mais elevado possível a região


do corpo afetada. Curativos com pomadas são usados e trocados diariamente. A
pomada é aplicada e coberta com um curativo de gaze não aderente e seco e com
envoltórios de compressão. Curativos com prata devem ser trocados a cada 3 a 7
dias. A troca do curativo é feita pela remoção do antigo com a colocação de um novo.
Curativos biossintéticos não devem ser trocados na ausência de purulência. Eles
simplesmente devem ser cobertos com gaze seca, que é trocada diariamente.

Consultas de acompanhamento de pacientes externos devem ser agendadas


conforme necessário, dependendo da gravidade da queimadura (p. ex., para
queimaduras muito pequenas, consultas a cada 24 h, depois consultas subsequentes
a cada 5 a 7 dias). Nas consultas incluem-se desbridamento, se indicado, reavaliação

13
da profundidade da queimadura e avaliação quanto à necessidade de terapia física e
enxerto de pele. Os pacientes devem retornar antes, caso notem sinais de infecção,
como aumento de rubor que se estende das extremidades das feridas, aumentando
purulência e dor, ou uma mudança na aparência da ferida, com aparecimento de
manchas pretas ou vermelhas. Se esses sinais ocorrerem, a avaliação médica deve
ser feita urgentemente. Tratamento para discreta celulite em paciente externo é
admissível em indivíduos saudáveis com idade de 2 a 60 anos, sendo a hospitalização
indicada para outras infecções.

Conclusão

Considera-se que as principais morbidades causadas pela queimadura provem da dor e


sequela que ela acarreta, e o bom prognostico do paciente está relacionado ao
tratamento adequado e a uma sistematização da assistência de enfermagem eficaz.

A queimadura causa tanto trauma físico quanto psicológico para o paciente, trazendo
assim uma grande responsabilidade para a equipe, que deve estar preparada para dar
apoio emocional tanto para a vítima como para a família.

Este trabalho foi de grande importância para o conhecimento cientifico e acadêmico


dos alunos, que aprofundou seu conhecimento sobre o tema abordado e notou a
necessidade de estar sempre em busca de conhecimento sobre o assunto queimadura.
Contribui também para os profissionais de enfermagem que atuam com pacientes
queimados e estão em busca de conteúdo cientifico para melhorar o atendimento
prestado no dia a dia do seu trabalho.

14
Referências Bibliográficas

1. BISCEGLI, Terezinha Soares et al. Perfil de crianças e adolescentes internados


em Unidade de Tratamento de Queimados do interior do estado de São Paulo.
Revista Paulista de Pediatria, v. 32, n. 3, p. 177-182, 2014.
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0103058214700061
2. CASTRO, Ana Neile Pereira; LIMA JR, Edmar Maciel Lima. Desenvolvimento e
validação de cartilha para pacientes vítimas de queimaduras. Sociedade
Brasileira de Queimaduras Abril/Junho de 2014 Volume 13| Número 2, v. 13, n.
2, p. 103-13, 2014. http://rbqueimaduras.org.br/details/202/pt-
BR/desenvolvimento-e-validacaode-cartilha-para-pacientes-vitimas-de-
queimaduras
3. HENRIQUE, Danielle Mendonça et al. Controle de infecção no centro de
tratamento de queimados: revisão de literatura. Rev Bras Queimaduras

15
2013;12(4):230-234 Disponível
em:<http://www.rbqueimaduras.com.br/details/181.> Acesso em: 5 nov
4. 2017.
5. LIMA, Edmar Maciel JR ; SERRA, Cristina do Valle Freitas. Tratado de
queimaduras. São Paulo. Editora atheneu, ed 1. 2006. LIMA, Odinélia Batista
Arantes et al. A enfermagem e o cuidado a vítima de queimaduras: revisão
integrativa. Revista de Enfermagem UFPE online Recife, vol.7,p.4944-50, Julho,
2013.

16

Você também pode gostar