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HISTÓRIA DA FENEA

FENEA E O MOVIMENTO DE ÁREA

1 – O QUE É MOVIMENTO DE ÁREA


O Movimento de Área é uma das feições do movimento estudantil, e é constituído pelos cursos
específicos de nível superior.

O MEAgro é o Movimento Estudantil de Agronomia, o MEH é o Movimento Estudantil de História, e


assim por diante.

Enquanto o Movimento Geral é o que agrega todos os estudantes representados pela União
Nacional dos Estudantes (UNE), tratando de questões que dizem respeito a todos, como o passe
escolar, a gratuidade do ensino superior, o Provão, entre outros.

O Movimento de Área trata de questões próprias da Área. No caso de Agronomia, a agricultura


alternativa; no caso de Medicina, o Sistema Único de Saúde; e no de Arquitetura, a Lei de
Diretrizes e Base, só para tomarmos alguns exemplos.

O Movimento de Área é operado através das Entidades de Área: as Federações e Executivos de


curso, entre as quais está a FENEA – Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e
Urbanismo.

Durante muitos anos correram independentes o Movimento Geral (UNE) e o de Área.

Atualmente, a UNE reconhece as Entidades de Área, e elas têm direito a voz e voto no seu
Congresso de Entidades Gerais (CONEG), onde têm voz também os Diretórios Centrais de
Estudantes (DCE’s). O CONEG é uma instância deliberativa da UNE, menor em importância
somente que seu Congresso (CONUNE).

As Entidades de Área se articulam entre si através do Fórum de Executivas, e se reúnem no


Encontro de Executivas – ENEX, onde compartilham suas experiências e traçam diretrizes para
questões em comum. Nos últimos anos, o Provão tem sido uma delas.

2 – MOVIMENTO DE ÁREA – A ORIGEM COMUM PELOS ENCONTROS


Os Encontros de Área estão intimamente relacionados com as Entidades de Área.

Algumas Entidades guardam registro de organizações de área anteriores ao golpe militar1, mas
destas não se manteve nenhuma continuidade. Todas são provenientes do regime militar de 64.

Com o regime militar, e o fechamento da UNE em DATA, as reuniões de estudantes para fins
políticos foram debeladas.

A partir de meados da década de 70, começaram a surgir Seminários, Encontros Científicos e


mesmo Esportivos de estudantes por área, em alguns casos, para driblar a repressão militar. Em
outros, o perfil era de evento social somente.

1
Como Agronomia, Arquitetura, Engenharia e Veterinária
Primeiros Encontros de Área2

Curso Nome de Encontro Data


Medicina ECEM3 1969
Veterinária INTERVET4 1971
Arquitetura ENEA 1972
Comunicação ENECOM 1972
Serviço Social ENESS 1978
Letras ENEL 1979
Direito ENED 1979
Veterinária ENEVET 1980
História ENEH 1980
Computação ENECOMP 1982

Os Encontros de Área, por conta do forte intercâmbio entre estudantes de áreas distintas, na
formulação desses primeiros modelos, ainda são muito semelhantes.

Os Encontros nem sempre aconteciam anualmente, e surgiam sem necessariamente ter uma
entidade representativa.

Independente de seu caráter inicial, eram oportunidades para articular o movimento estudantil,
visto que o regime militar não lhes dava muita importância.

Em todos os casos, tornaram-se instâncias deliberativas do Movimento de Área, que nasce assim.
Recebe a designação por curso: MEH (Movimento Estudantil de História), MECom (Comunicação),
MEN (Nutrição), MEAgro (Agronomia), e assim sucessivamente.

3 – PASSO SEGUINTE – SURGEM AS EXECUTIVAS


As Entidades de Área surgem no rastro dos Encontros. Mas surgem vinculadas à UNE, pelo
simples fato de que o estudante militante, na época, operava tanto nos CA’s/ DA’s, como nos
DCE’s. A militância estudantil era mais unitária.

Tanto que os mesmos estudantes que estavam no DCE-UFBa auxiliaram na organização do IV


ENEA Salvador, e no Congresso de Reconstrução da UNE.

Na maioria dos casos, eram Secretarias e Subsecretarias da UNE.

Em alguns casos, as recém-formadas Entidades de Área juntavam-se a UNE, na forma da


Secretaria, por julgar melhor - como fizeram as Executivas de Comunicação e Veterinária, e tentou
a de Arquitetura (sem conseguir).

Surgimento das primeiras Entidades de Área, por curso (sem necessária estabilidade)

2
A maioria deles chamado de Encontro Nacional.
3
Encontro CIENTÍFICO de Estudantes de Medicina.
4
De caráter esportivo, cultural e social.
Primeiros Entidades de Área

Curso Nome da Entidade Data


Administração SENEAD 1962
História ENEH 1980
Veterinária ENEV 1982
Medicina DENEM 1986
Comunicação ENEC 1988
Serviço Social SESSUNE 1988
Computação DENECOMP 1991

5 – AS SECRETARIAS VIRAM EXECUTIVAS, E EXECUTIVAS VIRAM FEDERAÇÕES


Na prática, apesar do vínculo, as Entidades de Área (Secretarias e Executivas) eram braços
autônomos, que articulavam os CA’s/ DA’s e por eles eram regidos.

Nos Encontros (incluindo os ENEA’s) os Delegados eram estudantes que vinham com assinaturas
de um número determinado de estudantes (como ocorre ainda no Congresso da UNE), e somente
assim tinham poder de voto.

E nos Conselhos de Área (como os CONEA’s) o poder de voto era dado ao representante de DA/
CA.

O próprio nome Executiva significava que a entidade era uma seção executiva da UNE,
operacional e com liberdade de ação.

Em determinada época, as Secretarias se transformam em Executivas.

Entidades que Mudaram de Nome

Curso Nome Anterior Novo Nome Data


História EFEH FEMEH 1987
Arquitetura ENEA FENEA 1988
Veterinária SEVETUNE ENEV 1989
Comunicação SECUNE ENECOS 1991
Computação DENECOMP ENEC 1993
Serviço Social SESSUNE ENESSO 1993
Engenharia SEUNE ENESE 1994
Administração SENEAD FENEAD 1995

Em alguns casos, a diferença está não somente no nome, mas no funcionamento: assumem sua
independência da UNE.

Nesse caso, é comum que a Executiva se torne uma Federação – no que marca sua
independência. Como aconteceu com a ENEA (Executiva de Arquitetura) que se tornou a FENEA
(Federação de Arquitetura).

Algumas ainda mantém o vínculo, estatutário e real, com a UNE.

Ex.: ENEEnf (Enfermagem) – que tem como objetivo estatutário

“vincular reciprocamente os estudantes de enfermagem à União Nacional dos Estudantes,


UNE, de modo a fortalecer o movimento estudantil. Manter contato com a UNE objetivando
trazer para os estudantes as questões enfrentadas pela UNE, bem como levar para ela as
lutas específicas dos estudantes de enfermagem”
Ex.: ENESSO (Serviço Social)

“Art. 3 - A ENESSO está ligada à Secretária de Ciências Humanas da UNE, trabalhando


no sentido de fortalecer e encaminhar as lutas legítimas levadas pelos estudantes,
respeitando as deliberações do Movimento Estudantil, assim como as do CONEB -
Conselho Nacional de Entidades de Base - e CONEG - Conselho Nacional de Entidades
Gerais.”

6 – SEMELHANÇAS DO MOVIMENTO DE ÁREA


Eis algumas semelhanças que a FENEA tem com as demais Entidades de Área:

6.1 – Instâncias Deliberativas


Em quase todas as Entidades de Área, os Encontros contém a instância deliberativa máxima da
entidade (nas Plenárias, principalmente a Plenária Final). Nos poucos casos em que isto não
ocorre, tratou-se de uma mudança recente.

Todas têm, também, os seus Conselhos Nacionais, equivalente aos CONEAs.

E a estrutura de deliberação é semelhante.

Os estudantes de Medicina (DENEM), por exemplo, acreditam no que chamam de “construção


coletiva” da entidade. Mesmas palavras usadas pela FENEA...

6.2 – Regionais e Encontros Regionais


Em quase todas as Entidades de Área existe a subdivisão das Escolas por Regionais – seguindo a
divisão das Regiões do país. E cada Regional tem um Encontro Regional, mas nem todos ocorrem
todos os anos, com regularidade – depende da Entidade de Área.

6.3 - Diretorias
Na FENEA, além das Diretorias Regionais existe uma Diretoria Geral, e várias específicas:
DIEPE – Diretoria de Ensino, Pesquisa e Extensão
DDI – Diretoria de Documentação e Informação
DRE – Diretoria de Relações Externas
Finanças

A FENEA é uma das poucas Entidades de Área cujos Diretores são eleitos pessoalmente. Quer
dizer: por aluno, independente de representatividade de CA/ DA e de Faculdade. Nas outras
Entidades, geralmente se elege um CA/ DA para desempenhar a função, ou alguém ligado a ele –
e cada Diretoria fica em um lugar específico.

E as Diretorias Específicas se repetem em função por todas as Entidades de Área, mudando


apenas o nome.

6.4 – E outros detalhes mais


Em quase todos as áreas os Encontros deixaram de ser instantes políticos do movimento
estudantil, para se tornarem, primeiro, atividades acadêmicas e, em segundo momento, grandes
oportunidades de integração e diversão.

Assim, vemos aparecerem Atividades com conteúdo acadêmico, para aprendizado e intercâmbio.
E, em certo instante, Atividades que visavam somente a integração – como as Festas, e mesmo
competições. Em certos casos, era mais o reconhecimento de uma pressão reprimida por parte
dos estudantes – como é o caso do Dia Livre, durante o evento, para que as Delegações façam
turismo.

Os Encontros de Área evoluiram, e nem todos de igual maneira.

Nem todos se tornaram exclusivos aos Participantes, como acontece nos ENEAs. E muitos deles
se dividem em pacotes, com inscrição diferenciada para uso do Alojamento, Alimentação e acesso
a Atividades.

Em muitos surgiram, à noite, as Festas Temáticas. E nem mesmo a Festa Gay é exclusiva de
Arquitetura. Os Encontros de Medicina (ECEM) também têm; nos de Farmácia (ENEFAR) se
chamam Farmagay e Farmaquenga; e no de Ciências Contábeis (ENECIC) há o enegay e o
enepatão.

Aqui há uma curiosidade: o ENEFAR e o ENECIC têm uma versão da Festa para as mulheres se
vestirem de homens. Isso também acontecia nos ENEAs, pelo menos até o XX ENEA Fortaleza
(1996).

Mesmo os jogos e danças acontecem entre os estudantes de outros cursos.

Os alunos de Administração, por exemplo, tem uma dança chamada “minuê”, e um jogo chamado
“ponga” – equivalentes ao “shep-shep” e ao “berequetê” tradicionais de Arquitetura.

7 – HISTÓRICO DE INTERCÂMBIO
A FENEA já esteve mais próxima das demais Entidades de Área, e com algumas já teve
relacionamento valioso.

Por volta de 1992, a FENEA era uma das líderes no Fórum de Executivas – espaço alternativo à
UNE que congregava as Entidades de Área. O Estatuto da FENEA elaborado nessa época, por
exemplo, era inspirado no de Agronomia (FEAB).

Por volta de 1995, a integração era forte com Medicina (DENEM), e juntas as duas entidades se
posicionavam nos Congressos da UNE – a FENEA chegou a ser considerada entidade-irmã da
DENEM.

Por volta de 1997, a integração se dava com Administração (FENEAD), e alguns de seus Diretores
chegaram a participar de alguns CONEAs. O Planejamento Estratégico da FENEA e seus projetos
de patrocínio foram resultado desse intercâmbio, na ocasião.

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