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USUÁRIOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA: QUESTÕES


PARA A ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE

USERS WITH SPECIAL NEEDS: QUESTIONS FOR THE


PRIMARY HEALTH CARE

USUARIOS CON NECESIDADES ESPECIALES:


CUESTIONES PARA LA ATENCIÓN PRIMARIA
DE SALUD
1
Marta Julia Marques Lopes
2
Joannie dos Santos Fachinelli Soares
3
Gláucia Bohusch

Objetivou-se analisar o perfil dos usuários Portadores de Necessidades Especiais (PNE) domiciliados na área de
adscrição de uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Utilizou-se como método o estudo de caso, com base em pesquisa
em prontuários e entrevistas individuais. Foram identificados 31 usuários portadores de deficiência, dos quais 7 foram
entrevistados. Entre esses, a maioria eram mulheres idosas, tinham níveis baixos de escolaridade e renda e possuíam
comorbidades. Todos apresentavam dificuldades de locomoção e dependência de terceiros para a realização de
atividades da vida diária e os cuidadores eram predominantemente familiares. Das entrevistadas, duas conseguiam
acessar a UBS para consultas locais e os demais recebiam atendimento de saúde apenas em casos de emergência.
Concluiu-se que a falta de estrutura adequada às limitações dos usuários PNE dificulta, e muitas vezes impossibilita
seu acesso aos serviços de saúde, ferindo assim o princípio constitucional de justiça social nesses serviços.

PALAVRAS-CHAVE: Acesso aos serviços de saúde. Qualidade. Acesso e avaliação da assistência à saúde. Pessoas
com deficiência. Atenção primária de saúde.

This study is aimed towards analyzing the profile of the users with disabilities domiciled in the area of adscription of
a Basic Health Unit (BHU). The method used was a case study based on researches on patient records and individual
interviews. We identified 31 users with disabilities, of which 7 were interviewed. Among these, the majority was of
elderly women, with low levels of education and income and presented comorbidities. They all had walking difficulties
and dependence on others to perform daily activities and the caregivers were predominantly family members. Only
two respondents were able to access the Basic Health Unit for local consultations and the others received health care
only in emergency cases. One can conclude that the lack of adequate structures for the limitations of the users with
disabilities, hinders, and many times makes accessibility to health services impossible, going against the constitutional
principle of social justice in these services.

KEY WORDS: Health services accessibility. Health care quality, access and evaluation. Disabled persons. Primary
healthcare.

Este estudio tuvo como objetivo analizar el perfil de los usuarios portadores de discapacidad con domicilio en la
zona de adscripción de una Unidad Básica de Salud (UBS). El método utilizado fue un estudio de caso, a partir de
un registro de archivos y entrevistas individuales. Fueron identificados 31 usuarios portadores de discapacidad de

1
Doutora em Sociologia. Professora Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). marta@enf.ufrgs.br
2
Mestra em Enfermagem. Doutoranda em Enfermagem pela UFRS. jofachi@hotmail.com
3
Enfermeira. Residente em Saúde da Família e Comunidade pelo Grupo Hospitalar Conceição. glauciabohusch@gmail.com

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los cuales 7 fueron entrevistados. Entre estos, la mayoría eran mujeres de edad avanzada, tenían bajos niveles de
educación e ingresos y comorbilidades. Todos presentaban dificultades de locomoción y dependencia de terceros
para realizar las actividades de la vida diaria y los cuidadores eran predominantemente familiares. Únicamente dos
de los encuestados podían acceder a una UBS para consultas locales y los otros recibían atención de salud solamente
en casos de emergencia. Se concluyó que falta la falta de estructura adecuada a las limitaciones de los usuarios
portadores de discapacidad, dificulta, y muchas veces imposibilita su acceso a los servicios de salud, hiriendo, en
esta manera, el principio constitucional de justicia social en estos servicios.

PALABRAS-CLAVE: Accesibilidad a los servicios de salud. Calidad, acceso y evaluación de la atención de salud.
Personas con discapacidad. Atención primaria de salud..

INTRODUÇÃO

Este artigo enfoca a Rede Básica de Saúde Nas últimas décadas, a área da saúde aumen-
do Sistema Único de Saúde (SUS) na perspectiva tou significativamente a produção de estudos
da universalidade e integralidade da atenção a sobre a deficiência, com alguma mudança no en-
usuários portadores de deficiência. Trata-se de foque dos estudos que antes eram direcionados
um estudo de caso em uma Unidade Básica de apenas para a cura das deficiências. Nesse mes-
Saúde (UBS) da região da Lomba do Pinheiro, mo período, surgiram movimentos sociais articu-
zona Leste do município de Porto Alegre (RS). lados por pessoas portadoras de deficiência que
Dentre as motivações para desenvolver este buscavam mudanças na visão discriminatória so-
estudo está a constatação, por meio de informa- bre a deficiência, dando início a um processo de
ções dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), integração social que contou com o estímulo da
confirmada pelos prontuários de famílias da UBS Organização das Nações Unidas (ONU). Assim,
em questão, de que não existem informações so- a deficiência ganhou visibilidade social no Brasil
bre essa população de usuários, nenhum cadas- e as pessoas portadoras de deficiência conquis-
tro sobre as necessidades especiais apresentadas taram mudanças na legislação e ampliaram seu
e, consequentemente, nenhuma ação específica espaço no mercado de trabalho e na mídia. No
de cuidado e inclusão a eles dirigida. entanto, apesar das notáveis conquistas, ainda
O Censo Demográfico realizado em 2010 pelo persistem barreiras sociais e preconceitos a se-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) rem superados (PEREIRA, 2006).
revela que existem 45,6 milhões de brasileiros Aponta-se que as legislações voltadas para
portadores de algum tipo de deficiência, corres- os direitos da pessoa com deficiência, apesar de
pondendo a 23,9% da população. Em relação à bem elaboradas e abrangentes, ainda precisam
proporção de pessoas com pelo menos uma das ser mais bem implementadas e fiscalizadas, para
deficiências investigadas segundo os grupos de que se possam construir ações facilitadoras da
idade, constatou-se que entre as crianças de acessibilidade, possibilitando a inclusão social
0 a 14 anos de idade a prevalência foi de 7,5%; na dessas pessoas. Particularmente no que se refere
população de 15 a 64 anos de idade, 24,9%; e na ao âmbito da saúde pública, observa-se que a
população de 65 anos ou mais de idade, 67,7%. assistência a essa população ainda apresenta um
O percentual da população feminina com pelo perfil de fragilidade, desarticulação e desconti-
menos uma das deficiências investigadas foi de nuidade de ações, inserindo-se marginalmente
26,5% e o da população masculina foi de 21,2%. no sistema de saúde (GIRONDI; SANTOS, 2011).
Isso se deve ao fato de que o número de mulhe- A Lei Orgânica da Saúde, Lei n. 8.080/90
res com mais de 65 anos é superior ao de ho- (BRASIL, 1990), no artigo 7º, garante constitu-
mens nesta faixa etária (INSTITUTO BRASILEIRO cionalmente o direito à universalidade de aces-
DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010). so aos serviços de saúde em todos os níveis de
assistência e a igualdade da assistência à saúde,

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Usuários portadores de deficiência: questões para a atenção primária de saúde

sem preconceitos ou privilégios de qualquer es- as capacidades de fazer frente às limitações im-
pécie. Assim, com base nesse marco constitu- postas pela condição física e/ou psicológica e
cional, o acesso universal aos serviços de saúde garantir saúde e dignidade às pessoas.
passa a ser uma garantia constitucional conquis- Na Constituição Federal de 1988 foram assegu-
tada pela população brasileira. rados os direitos das pessoas portadoras de defi­-
Nessa direção, a universalidade da assistência ciências nos mais diferentes campos e aspectos
no SUS significa que toda e qualquer pessoa, (BRASIL, 1988). Desde então foram criadas várias
sem nenhum tipo de discriminação ou exclusão, políticas que preconizam um conjunto de ações
tem direito a cuidados de saúde, acessíveis na destinadas a esse grupo populacional. Na evolu-
rede de serviços públicos do SUS, proporcionan- ção desse processo, o Decreto n. 3.956, de 8 de
do oportunidades de inclusão e melhoria geral outubro de 2001, que promulgou a “Convenção
na qualidade de vida. Por sua vez, a acessibili- Interamericana para a Eliminação de Todas
dade tem como objetivo permitir ganhos de au- as Formas de Discriminação contra as Pessoas
tonomia e de mobilidade a uma gama maior de Portadoras de Deficiência”, realizada em 1999,
pessoas, incluindo, assim, aquelas que tiveram define deficiência como: “[...] uma restrição físi-
uma redução em sua mobilidade ou apresentam ca, mental ou sensorial, de natureza permanente
dificuldades de comunicação, para que todos ou transitória, que limita a capacidade de exercer
usufruam dos espaços com mais segurança, con- uma ou mais atividades essenciais da vida diária,
fiança e comodidade (BRASIL, 2010). causada ou agravada pelo ambiente econômico
Assim, considerando essas dimensões da sa- e social” (BRASIL, 2001, p. 1).
tisfação das necessidades humanas, trata-se de No entanto, apesar da evolução das políticas
proporcionar uma ampliação de liberdades no para as pessoas com deficiência, o acesso aos
sentido exposto por Amartya Sen (2000), de que serviços de saúde ainda é muito precário para a
proporcionar liberdades para fazer coisas favo- expressividade de brasileiros com algum tipo de
rece a oportunidade das pessoas no que diz res- deficiência. Em relação à acessibilidade, ainda
peito à expansão das capacidades, convertendo há muito por fazer para que as pessoas com de-
recursos em bem-estar. Para esse autor (prêmio ficiência recebam assistência equitativa, igualitá-
Nobel de Economia em 1998), ter mais liberdade ria e universal, conforme preconizado pelo SUS.
melhora o potencial das pessoas para cuidar de No que se refere à relação profissional-pessoas
si mesmas. com deficiência, ainda existem pontos críticos a
Essa ideia de ampliação de liberdades possi- serem trabalhados, como é caso da comunicação
bilita argumentar-se que a ampliação das capa- efetiva e da consciência social sobre a diversida-
cidades de autocuidado configura-se em efetiva de humana (FRANÇA; PAGLIUCA, 2008).
responsabilidade dos serviços de saúde, que A Atenção Básica configura-se em uma reor-
devem estimulá-las. Garantir que a oferta de ganização do modelo assistencial. Nesse sentido
cuidados (acesso) se dê sem discriminações de tem o potencial de incorporar novas demandas
qualquer ordem, de forma acessível e, portanto, que acolham necessidades não enquadráveis nos
considerando as singularidades das necessidades limites da clínica médica e biologicista. Assim, os
de quem demanda, torna-se um imperativo. Não serviços são desafiados a pensar saúde na di-
se trata, portanto, de “trabalho extra” ou de one- mensão de direito humano e produzirem ações
rar o sistema de cuidados, mas de proporcionar que contemplem as limitações expressas nas de-
a cada pessoa o que tem direito no pleno exer- ficiências em suas dimensões individuais e cole-
cício da cidadania. A “diferença”, nesse caso, tivas. Essa reorganização passa a constituir uma
constitui-se em necessidade de aperfeiçoamen- multiplicidade de serviços de atenção, abrindo
to do sistema, para transformar “incapacidades” a perspectiva na direção de que cuidar vai além
em potencial de cuidado. Para os serviços de de assistir, e que a assistência, na sua dimen-
saúde, produzir inclusão consiste em aumentar são técnica, é apenas um dos elementos a serem

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garantidos e tornados acessíveis, considerando a vulnerabilidades múltiplas de sofrerem agravos


integralidade. Assim, as mudanças que ampliam acidentais.
a saúde como direito de cidadania e dever do es- Nesse sentido, observa-se que as estrutu-
tado pautam-se na garantia do acesso universal e ras físicas dos serviços de Atenção Básica, por
igualitário a ações integrais de saúde planejadas exemplo, raramente são adequados ao trânsito
no intuito de ampliarem sua capacidade de dar de cadeirantes (corredores, portas, entre outros
respostas a todos sem exceções (BRASIL, 2006). elementos) e não dispõem de instalações com-
Essa mudança diretiva gera ações estratégicas patíveis no que se refere a sanitários, além de
que passam a orientar a atenção em saúde por consultórios adaptados a essas necessidades.
meio de equipes multiprofissionais (Saúde da Essas observações e as primeiras questões
Família), com foco na promoção e prevenção em levantadas instigaram a docente e um grupo
saúde que instituam vínculo com as famílias e se de alunas da graduação em Enfermagem da
submetam ao controle social. O perfil diferencia- Universidade Federal do Rio Grande do Sul
do das equipes visa, sobretudo, produzir ações (UFRGS) – Arlia da Rosa, Cristiane Laitano, Lara
de proximidade que considerem, para as suas Crescente e Vanessa Bonin – a buscar informa-
práticas, o perfil sociossanitário dos grupos as- ções para o desenvolvimento desta pesquisa,
sistidos/cuidados (BRASIL, 2006). Nesse sentido, que tem por objetivo analisar o perfil dos usuá-
pode-se questionar em que momento e quais as rios portadores de deficiência domiciliados na
especificidades dessas ações aproximam-se ou área de adscrição de uma UBS, discutindo alguns
dão conta das singularidades advindas de condi- elementos do meio físico e os recursos da região
ções limitantes em se tratando de usuários por- para acolhê-los.
tadores de deficiência? Em que medida a oferta
e a estrutura de atendimento é pensada conside- MÉTODO
rando as capacidades de exercício da cidadania
consequentes às iniquidades sociais, além das Com esse objetivo, o estudo serviu-se de algu-
limitações físicas e psicológicas? mas quantificações epidemiológico-descritivas.
Em se tratando da atual rede de unidades de O Estudo de Caso foi definido como estratégico,
saúde, sabe-se que, em um número significativo, por se tratar de uma UBS e da sua comunidade
foram instaladas em construções improvisadas, de adscrição. Justifica-se potencialmente para o
em prédios doados pelas comunidades, aluga- estudo, considerando sua área de abrangência
dos e/ou adaptados pelo poder público. Essa es- caracterizada por uma extensa região do municí-
trutura não garante, muitas vezes, nem mesmo o pio em situação de vulnerabilidade social, o que
acesso geográfico, por estar situada em áreas de torna pertinente a discussão do acesso e da aces-
terreno acidentado, sem calçamento e suporte sibilidade de usuários portadores de deficiência
de arruamento com esgotamento sanitário ade- na perspectiva do meio físico e das estruturas
quado, por exemplo. Essas condições não garan- de apoio.
tem que um cadeirante locomova-se sem auxílio A coleta de dados ocorreu na área de adscri-
ou necessite de outro tipo de transporte ao qual ção de uma UBS na região leste de Porto Alegre
não tem acesso. Isso, por vezes, é determinan- (RS), no ano de 2008. Primeiramente, mediante
te no impedimento de chegar até a unidade de pesquisa em prontuário, foi levantado o número
saúde, impondo inúmeros obstáculos. A situação de usuários registrados na UBS que apresenta-
de loteamentos irregulares e áreas verdes nas pe- vam alguma deficiência, totalizando 31 pessoas;
riferias urbanas exemplificam e amplificam essas destas 17 homens e 14 mulheres.
barreiras. Os problemas estruturais daí advindos Com o auxílio dos Agentes Comunitários de
são também impeditivos ao trabalho dos pró- Saúde da UBS, foram localizados em suas resi-
prios agentes comunitários para acessarem os dências 7 dentre esses usuários, com os quais
domicílios, além de constituírem-se em risco e foram realizadas entrevistas. No momento das

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entrevistas foi utilizado adicionalmente, por paraplegias; deficiências auditivas; deficiências


iniciativa da UBS, um questionário chamado verbais; oligofrenia; paralisia cerebral; uso de
“Passaporte da Casa Segura”, visando sensibili- próteses; deformidades ósseas; síndrome de
zar os usuários sobre as condições do ambien- Down e dislalia. Essa caracterização seguiu as
te doméstico que podem causar acidentes. Esse referências dos próprios agentes comunitários, já
questionário consiste em um check list das con- que os arquivos não dispunham de diagnósticos
dições da residência, utilizado com o objetivo médicos ou de profissionais da saúde identifi-
de sensibilizar os usuários sobre a importância cando as necessidades especiais.
da segurança no ambiente domiciliar (BARROS, Os entrevistados, em sua maioria mulheres
2000). Nesse sentido, ao utilizarmos esse instru- (6 dos 7 entrevistados), apresentavam predomi-
mento, produzíamos uma interação com poten- nantemente necessidades especiais devido a sua
cial educativo, visando identificar elementos de condição etária (geracionais), sendo a maioria
vulnerabilidade presentes no ambiente que tanto idosas e com comorbidades. Dessas, 6 eram ido-
seriam promotores de mudanças no que se refe- sas, com idades entre 65 e 87 anos, 5 de raça/
re às dificuldades dos idosos como de usuários cor autodeclarada branca e 2 negras. O único
portadores de deficiência. entrevistado do sexo masculino tinha 24 anos e
A UBS autorizou o acesso aos prontuários e raça/cor branca. Entre as usuárias, 3 eram apo-
os usuários entrevistados aceitaram a participa- sentadas e os demais recebiam benefício social
ção após nota explicativa do estudo entregue no (auxílio doença). A renda média entre eles apon-
domicílio. tava um salário mínimo. O fato de serem as mu-
lheres as mais entrevistadas corresponde ao fato
RESULTADOS de serem encontradas no domicílio com mais
frequência do que os homens, o que correspon-
A UBS possui uma equipe de Saúde da Família de às culturas de gênero próprias desse grupo
e 854 famílias cadastradas, divididas em 4 mi- e também pela sua condição etária. Quanto à
croáreas, totalizando 2.909 usuários. Localiza-se escolaridade, observou-se que são raras as infor-
em uma área de precariedade socioeconômica, mações sobre esse item em registros da unidade
onde se encontram domicílios em condições de de saúde. Pode-se observar que a totalidade dos
pobreza. entrevistados detinha apenas parcialmente o en-
Os usuários portadores de deficiência foram sino fundamental ou eram analfabetos.
categorizados com base na necessidade apresen- Todos possuíam dificuldade de locomoção,
tada, em informações sociodemográficas, condi- apresentando dependência de terceiros para a
ções de habitação, além de informações sobre realização de atividades da vida diária. Todos
saúde e utilização dos serviços. Não se apresenta utilizavam algum tipo de equipamento indivi-
detalhamento dos tipos de deficiência, pois foi dual para locomoção, como bengala, muletas,
considerado o foco na condição de “diferente” e andador e cadeira de rodas. Dos 7 entrevistados,
a identificação dessas diferenças no tocante aos apenas 2 saíam de casa para receber atendimento
direitos de cidadania; neste caso em particular, de saúde, quando necessário, e os demais viviam
verificou-se como essas geram demandas ao se- restritos às suas moradias por falta de condições
tor saúde. de locomoção e, consequentemente, de acesso
Nos 31 usuários (17 homens e 14 mulheres) aos serviços, recebendo atendimento profissio-
identificados pelos agentes comunitários de saú- nal apenas em casos de emergência. Além disso,
de da unidade como portadores de deficiência, 4 dentre as idosas também apresentavam difi-
foram referidos como elementos constitutivos culdades visuais. Outras comorbidades estavam
de necessidades especiais: sequelas de AVC presentes entre os usuários, como Diabetes,
(mobilidades e neurológicas); sequelas de aci- Hipertensão Arterial Sistêmica, Depressão,
dentes de trânsito e outros; obesidade mórbida; Alzheimer, Glaucoma e histórico de Acidente

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Vascular Encefálico. Dentre as idosas, 3 utiliza- Os pátios apresentam entulhos e plantas, e os


vam mais de 4 medicamentos regularmente. animais de estimação (muitos), ou mesmo de
Quando questionados sobre qual serviço de guarda, permanecem soltos. As cercas e grades
saúde utilizavam regularmente, 5 mencionaram não são seguras, apresentando rupturas e bura-
a Estratégia de Saúde da Família (ESF). Entre es- cos, o botijão de gás, na totalidade das residên-
ses, uma usuária também frequentava um hos- cias, localiza-se dentro do domicílio.
pital regularmente para realizar hemodiálise, e
duas disseram não utilizar nenhum serviço de DISCUSSÃO
saúde. Todos os usuários referiram contar com
pelo menos um cuidador, sendo este papel de- A Constituição Federal, em seu artigo 23, ca-
senvolvido predominantemente por familiares, pítulo II, diz que é de competência da União,
em particular, pelas filhas. dos estados, do Distrito Federal e dos municípios
Dos 7 entrevistados, apenas 2 saíam de casa cuidar da saúde e assistência pública, da pro-
para receber atendimento de saúde quando ne- teção e da garantia do atendimento às pessoas
cessário; os demais viviam restritos às suas mo- portadoras de deficiência (BRASIL, 1988). No en-
radias por falta de condições de locomoção e, tanto, a Organização Pan-Americana de Saúde
consequentemente, de acesso aos serviços, re- (2006) publicou que somente 2% dos 85 milhões
cebendo atendimento profissional apenas em de pessoas portadoras de deficiência recebem
casos de urgência. assistência adequada na América Latina.
Em relação à caracterização das condições Conforme a Norma Brasileira 9050 da
de moradia dos usuários da UBS portadores de Associação Brasileira de Normas Técnicas
deficiências, a maioria das casas tem como ma- (ABNT), promover a acessibilidade no ambiente
terial de construção predominante a alvenaria, construído consiste em proporcionar condições
mas observaram-se várias casas mistas, de tijolo de mobilidade, com autonomia e segurança,
e madeira ou outros materiais, com água e esgo- eliminando as barreiras arquitetônicas nos am-
to encanado e rede elétrica. bientes de circulação e equipamentos urba-
Apenas uma usuária dispunha de ambiente nos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
domiciliar adaptado às suas deficiências. Os de- TÉCNICAS, 2004).
mais domicílios pesquisados não estão adapta- Como já referido, não foi possível identificar
dos para atender às necessidades dessas pessoas. os portadores de deficiência em cadastros da
Na maioria dos domicílios já ocorreram aci- unidade de saúde. Ao demandarmos informa-
dentes com os usuários portadores de deficiência. ções junto aos profissionais sobre a existência
As casas, em sua maioria, não possuem banhei- de dados referentes a esses usuários, a resposta
ro/box com piso antiderrapante, os corredores e apontava para os registros “informais” dos ACS.
aberturas são estreitos e, muitas vezes, dificultam Ou seja, não existia um dado de registro formal
a passagem de cadeirantes; estes, em diversas si- no qual essa deficiência estivesse preenchida pe-
tuações, são transportados ao colo. As moradias los profissionais da assistência, mas sim cadernos
presentam desníveis, degraus e outros obstácu- de anotações de visitas domiciliares. De fato, são
los, como mobílias no caminho entre quarto e os agentes que detêm informações em seus bole-
banheiro, e tapetes e capachos sem antiderra- tins de visita domiciliar e identificam individual-
pante. Constataram-se residências com escadas mente, em suas microáreas, onde se localiza o
internas e/ou externas sem corrimão e com ma- domicilio e qual a necessidade apresentada pelo
çanetas/fechaduras inadequadas ao manejo dos usuário. Essa constatação implica em analisar-se
portadores de deficiência. Frequentemente, a qual a prioridade ou especificidade estabelecida
iluminação é insuficiente e os interruptores de para o cuidado, considerando essa condição/si-
luz e o telefone estão localizados distantes da tuação. Torna-se evidente que essa condição não
cama ou do local de permanência do usuário. é indutora de práticas de cuidado “diferentes”,

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adequadas e de inclusão no sistema de atendi- Também um estudo que buscou descrever


mento “singular” da unidade. Por singularidade as barreiras arquitetônicas das UBSs no país ob-
entendemos a consideração da necessidade es- servou que cerca de 60% das unidades avalia-
pecial e sua centralidade na atenção a cada indi- das foram classificadas como impróprias para o
víduo portador de deficiência, em sua condição acesso de idosos e portadores de deficiências.
física e psicológica, bem como em seu contexto Entre as inadequações para o acesso estavam a
de vida material. presença de degraus, a falta de corrimãos, ram-
Considerando o aspecto material, a realidade pas e banheiros adaptados para os cadeirantes
encontrada no local do estudo mostra uma área (SIQUEIRA et al., 2009). Essa situação corres-
acidentada, com muitas ladeiras, ruas sem asfal- ponde à realidade encontrada no município
tamento ou calçamento, sem calçadas ou acos- estudado.
tamentos para o trânsito de pedestres, esgoto a Nesse sentido, ressalta-se a importância das
céu aberto e descarte inadequado de lixo em via Visitas Domiciliares e a presença dos ACSs como
pública. Essas barreiras físicas dificultam, e até elos que os ligam à unidade de saúde. O de-
mesmo impedem, a liberdade de movimento e senvolvimento do “olho clínico”, capaz de ser
a circulação com segurança das pessoas porta- sentinela para os serviços, torna-se atributo de
doras de deficiência. Além disso, dificultam ain- capacitação para esses membros da equipe em
da mais o acesso desses usuários ao serviço de particular. Na situação analisada, dos sete usuá-
saúde, uma vez que a maioria dos entrevistados rios portadores de deficiência, apenas um recebe
usa bengala, cadeira de rodas ou andador para visita regular. Considera-se que o atendimento
auxiliar na locomoção. domiciliar tem papel importante no aumento da
Desse modo, na linha reflexiva do desenvol- eficiência e na adequação situacional do atendi-
vimento das capacidades de Sen (2000), em que mento à saúde da população. Na visita, a situação
se admite que as estruturas necessitam promo- de vida e saúde mostra-se em sua materialidade,
ver essas capacidades de superação das limita- possibilitando a visualização dos elementos que
ções para permitirem o pleno uso dos recursos tornam o usuário refém das suas dificuldades.
pessoais, no caso da saúde e da atenção básica Assim, entre os benefícios dessa, está a própria
em particular, pode-se refletir sobre como desen- identificação da necessidade em suas complexas
volver as capacidades para o autocuidado dos dimensões e o aumento do vínculo da equipe
portadores de deficiência particularizando cada de saúde com o usuário, o que facilita a aten-
situação? Essa particularização deveria conside- ção à saúde, o conhecimento dos problemas
rar tanto a oferta de serviços como as condições dos indivíduos e da comunidade, a promoção
de vida material. Além disso, poder-se-ia ques- da educação em saúde, e ainda auxilia a popula-
tionar: Como as precariedades socioambientais ção a identificar a melhor forma de resolver seus
poderiam ser pensadas nessas situações? problemas (MARTINS; LACERDA, 2008). E mais,
Pesquisa que objetivou mapear as barreiras potencialmente, o cuidado assume um caráter
arquitetônicas de acesso aos serviços básicos de singular, já que se institui com “conhecimento
saúde apontou para a insegurança à qual os por- de causa” e reconhece a complexidade do viver
tadores de limitações físicas estão expostos no do outro, além do direito de cidadania como ele-
caminho para as unidades básicas de saúde. As mento do cuidado.
condições de acesso aos prédios inviabilizam o Considera-se que é um dever de cidadania
livre trânsito de pessoas em cadeira de rodas, de dos profissionais de saúde conhecer as leis que
usuários de muletas e com mobilidade reduzi- amparam as pessoas com deficiências e esti-
da. Desse modo, torna-se muito difícil o ingres- mulá-las na luta pelos seus direitos de inclusão
so desses indivíduos nas UBSs (VASCONCELOS; social nos âmbitos educacional, mercado de tra-
PAGLIUCA, 2006). balho, assim como de acesso a bens e serviços.
Portanto, entende-se que a enfermagem também

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precisa estar inserida nesse processo, buscando Considerando o expressivo crescimento des-
contribuir para que as pessoas com deficiências se segmento populacional no país é de funda-
tenham garantidas as condições necessárias à mental importância criar políticas de acesso a
sua participação como sujeitos sociais. Esse de- esses usuários, tendo em conta as peculiaridades
sejado engajamento na adesão à causa da pessoa de cada região e o perfil socioeconômico des-
com deficiência fortalece o desenvolvimento do sas pessoas. Essas políticas devem contemplar
papel social da enfermagem enquanto categoria ações que permitam que esses usuários sejam
profissional da área da saúde (ARAGÃO et al., atendidos por um profissional da saúde, no seu
2010). domicílio ou em um serviço de saúde, tendo
Embora pessoas portadoras de deficiência como alternativa de acesso um meio transporte
física estejam sempre presentes na comunida- adaptado oferecido pelo Estado. Além de garan-
de, isto não garante sensibilização e reflexão tir o acesso à saúde, o Estado deve promover o
dos profissionais da saúde sobre as dificuldades acesso ao lazer e à cultura. Com a mudança das
encontradas por elas no dia a dia. Aponta-se a características da população é necessário tam-
necessidade de mais esclarecimentos e cons- bém a formação continuada dos profissionais de
cientização quanto à inclusão de todas as pes- saúde, para que saibam manejar as novas situa-
soas, independentemente da sua condição física ções do cotidiano, além do fomento de pesqui-
(PAGLIUCA; ARAGÃO; ALMEIDA, 2007). sas na resolução dos problemas referentes a esse
Pagliuca e Maia (2012) afirmam que a inclu- grupo social.
são da pessoa com deficiência exige adaptação Vale ressaltar que a maioria dos itens da vida
e apoio das instituições e espaços públicos e prática identificados neste estudo pode ser mo-
privados para as diferentes necessidades indi- dificada por meio de pequenas ações no domicí-
viduais dessas pessoas. As autoras consideram lio, possibilitando ao usuário ter mais autonomia
também que o desenvolvimento insuficiente de dentro de sua casa, como também evitar aciden-
competências profissionais pode ser o principal tes. No entanto, a sensibilização das equipes de
limite à prestação do cuidado inclusivo. saúde, a responsabilização e o comprometimento
Destaca-se também a necessidade de refle- como um cuidado inclusivo depende de aceitar
xão sobre o papel do Gestor Público na imple- o desafio de capacitar olhares que reconheçam
mentação das políticas contra a discriminação a dimensão ampliada da atuação em saúde e as-
das Pessoas Portadoras de Deficiência, visto que sumam elementos outros, para além do técnico,
não basta garantir somente a oferta do serviço de como componentes da atenção integral.
saúde aos deficientes, mas também deve existir a
preocupação de proporcionar e facilitar o acesso REFERÊNCIAS
das pessoas aos serviços de saúde quando de-
les necessitam (MISHIMA et al., 2010). A gestão ARAGÃO, Antonia Eliana A. et al. Perfil das pessoas
com deficiência de uma paróquia da Diocese de
pública precisa proporcionar a adequada distri-
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