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Breve Histórico da Grécia Antiga

A História da Grécia é dividida em cinco períodos: Pré-Homérico; Homérico;


Arcaico, Clássico; Helênico. O período Pré-Homérico corresponde à formação da
Grécia. A Civilização grega se originou a partir da migração de tribos nômades de
origem indo-europeia que se estabeleceram no sul da Europa por volta de 2000 a.C
(península balcânica). Tais tribos correspondem a quatro grupos étnicos distintos:
aqueus, eólios, jônios e dórios. Com a chegada dos dóricos, povo de tradição bélica que
invadiu a Hélade com extrema violência, o modo de vida dos povos que coabitavam
aquela região foi completamente destruído, ao passo que, aqueus, jônios e eólios
tiveram que se render ou fugir para outras localidades. De qualquer modo, essas
agremiações, dadas as semelhanças culturais que compartilhavam, sentiam-se parte de
um mesmo grupo chamado helenos (relativo à Hélade).
Já o período Homérico corresponde aquele retratado por Homero em suas duas
grandes obras: Ilíada e Odisséia (partida e chegada da guerra de Tróia). Suas obras
fundaram o que chamamos em literatura de estilo épico. O estilo épico tem um fundo
histórico, uma narrativa heroica e permite algumas intervenções mitológicas. A
literatura homérica foi extremamente importante para forjar um sentimento de unidade
no povo grego, apesar de sua diversidade política, econômica e geográfica. Esse
sentimento de pertença a uma mesma cultura e a uma mesma língua é fundamental para
desenharmos o espírito das cidades de Atenas e Esparta. Neste período, originaram-se
também os oikos (Casa, família), unidades econômicas familiares que cultivavam para a
sua sobrevivência. O Pater era o líder da família, o guerreiro, chefes do oikos - tudo o
que diz respeito ao oikos é propriedade sua: terras, esposas, filhos. Juntos, tais lideres
formavam uma aristocracia (no futuro, tornar-se-ão os nobres).
Quanto ao período arcaico, este foi marcado pelo surgimento da Oligarquia
(governo de poucos – concentração de poder nas mãos de alguns poucos). Os paters,
aristocratas, agora nobres, tiravam ou diminuíam o poder do Rei e dividiam suas
funções entre si. Aqui, ao invés de uma única pessoa decidir tudo acerca das questões
referentes a coisa pública, tal exercício era realizado por um grupo de pessoas. Tais
pessoas, para decidirem, tomarem uma decisão, precisavam se ajuntar, discutir, chegar a
um consenso quanto aos problemas tratados. Isso originou a política – Os nobres se
reuniam em conselho para decidirem o que se fazer na cidade.
Neste ponto, formaram-se as cidades estados, independentes entre si, com suas
assembleias e governos próprios. Não obstante, todas elas possuíam duas características
em comum, cada uma delas continham uma ágora e uma acrópole. A ágora era a praça
central da cidade, onde os cidadãos se reuniam para discutir e fazer política, tomar as
decisões importantes da cidade. A acrópole, por sua vez, tratava-se da parte mais alta da
cidade, onde se encontravam os templos, os edifícios importantes, além de ser um lugar
estratégico em caso de guerra.
Num dado momento, devido a uma série de conflitos internos, dissensos em
relação as decisões a serem tomadas em acerca da Polis - luta por influência e poder,
surgimento de novas formas de riqueza (surgiu a moeda, metais preciosos), bem como a
insatisfação com a organização social que privilegiava a oligarquia - em muitas cidades
estado, os nobres perderam o poder, e as oligarquias foram substituídas por outras
formas de poder tais como a tirania e a democracia.
A tirania se define pela atitude de tomada de poder político para si ilegalmente.
Em inúmeros casos, os tiranos mantinham o seu poder através da força. A democracia,
por sua vez, foi o regime de governo que se estabeleceu por primeiro em Atenas, a partir
do governo de Clístenes (considerado o pai da democracia). Clístenes aumentou as
eclesias que eram as assembleias, possibilitou mais pessoas participarem da política,
doravante, colocou o poder de decisão nas mãos dos cidadãos (gozava de cidadania na
Grécia os homens livres, acima de 21 anos, filhos de pais e mães atenienses; ou seja,
tratava-se de um grupo restrito, somente 10% da população. A política na Grécia era
concebida como aperfeiçoamento pessoal. Além das eloquência e oratória, ela exigia do
cidadão a capacidade de ouvir opiniões contrárias, afinal o exercício político envolve
debate e enfrentamento.
O primeiro e mais importante pilar da democracia grega era a eclesia,
assembleia: lugar de reunião de todos os cidadãos. Lá se discutia, discursava e se votava
as leis e reformas sugeridas pelos cidadãos (as leis tinham o nome dos cidadãos que as
sugeriam).
Outro órgão compositor da democracia era o Tribunal popular, composto por
cidadãos diversos. Como não havia advogados, cada um se defendia como podia
(testemunho de escravo só era aceito se obtido sob tortura). O réu decidia uma pena
justa e útil para si, em caso de imputação de culpa. O Júri poderia ou não acatar tal
pena. Se não, a pessoa era condenada a pena máxima, geralmente, a morte.
O terceiro pilar do sistema democrático grego era a arcai (as magistraturas) – as
pessoas que cuidavam da administração da cidade.
O quarto elemento fundamental da democracia era que as eleições se davam em
forma de sorteio e os mandatos eram curtos (no máximo um ano). Ora, pois, os gregos
consideravam eleições por votos antidemocráticas, uma vez que os nobres tinham
dinheiro pra ter bons professores e aprender oratória, portanto, faziam discursos
melhores, além do que, pertenciam a famílias famosas, e ainda, poderiam comprar
votos, fazer favores as pessoas para ganharem o seu voto.
Por fim, outra legislação democrática crucial era a previsão de que os cargos
públicos não fossem assumidos por uma única pessoa, e que ao final dos mandatos, um
Júri se reunisse para discutir se tal gestão foi boa ou ruim. Se considerada ruim, a pessoa
se tornava inelegível.
Durante o período arcaico ocorreu um sério problema populacional na Hélade
(crescimento demográfico). Uma vez que a Grécia era um território bastante pequeno,
limitado em recursos naturais e cujas melhores terras encontravam-se nas mãos nobres,
começou a faltar comida para aqueles que não eram da elite. Para resolver esse
problema, lançou-se mão da colonização arcaica (montavam caravanas, expedições
navais para levar cidadãos gregos para outros lugares para constituir outras polis –
Nápoles, Marsália, Egito). Assim, os gregos se espalharam pelo sul da Itália, chegando
próximos a Rússia.
Todas as cidades gregas tinham o fogo sagrado. Quando os imigrantes chegavam
no distinto lugar no qual se estabeleceriam, construíam um templo, e com a tocha acesa
no fogo sagrado da cidade de origem, acendiam um novo fogo (esse ritual inspirou a
tocha olímpica).
A cidade de Esparta, mesmo próxima à Grécia, tinha costumes bastante
diferentes. O sistema de governo era a diarquia (Governo de dois Reis). Os espartanos
tinham caráter militar forte (eram de uma cultura militar – governos militares
autoritários). Gregos e Espartanos não se davam muito bem. A sociedade espartana era
composta pelos Eupátridas (a elite guerreira, único grupo que possuía direitos políticos),
periecos (comerciantes, artesãos), ilhotas (escravos, propriedade do Estado – mão de
obra de aluguel). Eles tinham a cultura do silencio (ideal lacônico). Eram rígidos,
centrados, responsáveis. Em contrapartida, os atenienses eram mais da política do
“vamos curtir a vida”, atuar na democracia, discutir nossas ideias e nos amar.
O período clássico foi o auge da democracia ateniense, sua era de ouro, ápice do
teatro, da música, das olimpíadas, da filosofia – renascimento da Grécia antiga. Atenas
era riquíssima. Não obstante, tal período não foi isento de guerras. Uma dessas guerras
foi a guerra médica (guerra entre os gregos e os medos, os persas). Os persas tinham um
grande Império, e isso, num dado momento, acabou ameaçando a Grécia. Os Persas
chegaram a conquistar algumas poucas cidades gregas, mas foram derrotados na batalha
de Maratona (Cidade a 40 Quilômetros de Atenas). Anos depois, os Persas foram
definitivamente vencidos na batalha de Salamina – Contexto da batalha dos 300
guerreiros de Esparta -. Como os Persas não venceram os atenienses por mar, tentaram
uma nova estratégia por terra. Para tal, eles teriam que passar por Termópolis, uma
espécie de gargalo entre duas montanhas, os portões de fogo. Atenas pediu ajuda a
Esparta que, pouco solícita, enviou de última hora trezentos Soldados que foram
derrotados neste lugar. Os Persas seguiram adiante, mas foram derrotados pelos
atenienses numa outra cidade, pois Atenas havia sido evacuada, o que não constituiu um
problema para os seus habitantes, uma vez que, em sua compreensão, Atenas não se
trata de um espaço físico, isto é, ser ateniense é ser um cidadão. Atenas é onde os
cidadãos se encontram.
Essa guerra trouxe três consequências: 1) Os Atenienses se tornaram mais
poderosos e importantes que os espartanos. 3) Como quem lutou e venceu a guerra foi a
população comum, exigiu-se mais participação política e direitos para este grupo. 4) A
criação da liga de Delos, união de países comandada por Atenas para se contrapor aos
Persas, em caso de novo ataque.
Atenas se apropriou de todos os recursos da liga de Delos para investir em si
própria, essa é uma das razões pelas quais se tornou tão rica e imponente. Não obstante,
tal atitude causou descontentamento entre os participantes da liga, o que fez aumentar a
rivalidade entre as cidades envolvidas. Esparta, por sua vez, aproveitou-se dessa tensão
para criar a liga do Peloponeso, rival à liga de Delos. Na guerra do Peloponeso, ambas
acabaram se enfrentando, e Esparta venceu Atenas, deixando-a enfraquecida.
Aqui, dá-se o fim da antiguidade clássica e delineia-se o período helenístico.
Devido as guerras internas entre Atenas e Esparta, bem como entre Esparta e Tebas
(cuja Esparta foi derrotada), Ambas as cidades se debilitaram. Portanto, Atenas se
tornou alvo fácil para os macedônicos, e sob a liderança de Felipe II, foi conquistada e
agregada ao seu Império.
Após a morte de Felipe II, seu Filho Alexandre continuou a política
expansionista macedônica, vindo a estender o seu Império por quase toda a Ásia. Em
decorrência disso, as culturas grega e oriental se fundiram, originando a cultura
helenística (cultura híbrida caracterizada pela mistura de elementos das tradições grega
e oriental). Após a morte de Alexandre Magno, seu Império foi dividido entre os seus
generais. Doravante, o que havia restado do território macedônico caiu sob os domínios
do Império Romano.
Frei José Roney

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