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DIAMANTINA- MG
2021
N° 20326
DIAMANTINA-MG
2021
N° 20326
Sumário
Introdução ....................................................................................................................4
Objetivo Geral e objetivo específico............................................................................5
Definição do problema .................................................................................................5
Justificativa ...................................................................................................................5
Fundamentação teórica.................................................................................................6
Metodologia .................................................................................................................14
Cronograma.................................................................................................................15
Referências Bibliografias ...........................................................................................16
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Introdução
Várias dessas reflexões surgiram quando fiz contato com a escola de Maria Nunes, foi
a partir de então que me surgiu muitos questionamentos a respeito do papel do professor na
sala de aula. Foi as experiências vividas nessa escola que incitaram dúvidas e reflexão sobre
meu próprio posicionamento como docente. Adiante, por meio dos meus relatos, as
experiências se revelarão e, por si mesmas, proporcionarão a reflexão proposta pelo tema.
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Objetivo Geral
Se tem por objetivo geral questionar o papel do professor nas escolas e, por meio de
relatos de experiências, clarear as possibilidades cabíveis ao posicionamento docente no
âmbito escolar.
Objetivo Específico
A partir da experiência vivida por mim em Maria Nunes foi gerado questionamentos
sobre a atuação e o papel do professor na sala de aula, tais questionamentos revelaram
possíveis horizontes de como o professor pode vir a se posicionar diante dos alunos no
ambiente escolar. Especificamente procurei por posicionamentos que me auxiliassem no
ambiente escolar em Maria Nunes e que também pudessem servir de exemplo de atuação para
outros docentes.
Definição do problema
Justificativa
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Fundamentação teórica
Hoje existe muitas teorias que buscam entender o palco da educação. Teorias que
clareiam o ensino e a aprendizagem. Qual está certa e qual está errada? Aqui não está em foco
apontar erros e acertos no campo pedagógico. O foco é incitar reflexões. A partir da minha
experiência eu busquei por respostas e eu não as encontrei de maneira generalizada, isto é, de
maneira que seja a resposta de todos os conflitos das escolas que existam. O foco não é
generalizar soluções porque cada escola possui um contexto, ou seja, cada lugar que a escola
se encontra possui determinados valores, com isso, podemos concluir que cada escola possui
uma realidade. A carência de uma escola pode não ser a carência da outra. E aqui eu irei focar
na realidade que eu me deparei. Na escola que eu me apresentei como docente. As
experiências que tive nessa determinada escola me trouxe inquietações que me levou a
questionamentos. E estes questionamentos nortearam as minhas ações. Pode-se dizer que foi a
primeira vez que eu questionei o papel do professor na sala de aula. E ainda, foi a primeira
vez que eu me vi como professora e questionei o meu próprio papel naquela escola em que eu
me encontrava. Desde então eu não fui a mesma. O meu olhar mudou, pois eu queira clarear
as minhas ações e objetivos diante dos alunos.
Para ficar ainda mais claro, adiante terá um capítulo sobre a escola referida no
parágrafo anterior.
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Essa escola se localiza perto de Diamantina. Ela fica em um distrito chamado Maria
Nunes. Maria Nunes é um povoado que possui características marcantes, uma delas é a
cultura do garimpo que é forte e, ainda outra característica, por ter poucos habitantes,
praticamente todas as pessoas se conhecem.
Quando finalmente cheguei na escola municipal de Maria Nunes e deparei com aquele
contexto, não sei se foi por já ter imaginado o pior, a visita inicial não me causou tanto
choque. O que vi foi crianças que possuíam um legado cultural e tal legado é o que ditava o
ritmo daquele lugar. E claro, cada lugar com suas particularidades. No mais, vi crianças com
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dificuldade de leitura, de concentração, algumas até mesmo não sabiam ler e mesmo assim se
encontravam no nono ano do Ensino Fundamental. Porém, era importante lembrar o que
estava por detrás daqueles conflitos, isto é, atrás daqueles conflitos tínhamos crianças que
continuavam sendo crianças. E logo, ao ser criança, eram seres dotados de uma maneira
vibrante ao brincar, alegres e curiosos. Está aí uma imagem do “ser criança” diferente da
imagem que diziam fazer jus às crianças de Maria Nunes: conhecidas como bagunceiras,
desleixadas, burras e incapazes. Naquele momento deixei essas duas imagens do “ser criança”
colidirem de frente. Me permiti ver sem enquadrar, ou seja, me deixei sentir e trouxe para a
consciência o que senti em relação a elas, ao invés de tomar como verdade inquestionável a
linguagem “pronta” que eu havia tido contato antes de chegar na escola de Maria Nunes.
(ALTISSIMO, ARAÚJO, 2019, p.24)
Fato que, se nos mantermos mais atentos com a realidade ao nosso redor do que
ficarmos focados apenas com as teorias escritas no papel, ficamos mais abertos para enxergar
as complexidades advindas da experiência. O papel da escola é mais complexo do que apenas
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transmitir conhecimentos essenciais para as mais novas gerações. Olhos atentos perceberão a
complexidade das situações escolares. Eu, bem atenta, me deparei com essas complexidades
na escola de Maria Nunes.
Foi diante disso que estudei alguns autores que contribuíram/contribuem de forma
profunda e sugestiva para o significado das interações humanas e de como podemos fazer
delas relações saudáveis na busca de ajudar e compreender o outro. Procurei o suporte
necessário diante dos conflitos institucionais com os quais me deparei no decorrer do projeto.
Eis a importância do papel da escola, é por meio dela que a criança e adolescentes tem
acesso ao conhecimento acumulado até os dias de hoje. Outro ponto a se ressaltar é que,
apesar de o conhecimento sistemático escolar ser sim importante, tal conhecimento deve
dialogar com a realidade do aluno, isto é, aquilo que deve ser aprendido na escola tem que
fazer sentido pro aluno, e fará sentido se o conteúdo dialogar com o seu contexto, dialogar
com o que está no seu entorno. A escola não deve ocultar a realidade ao redor, pelo contrário,
ela deve trazer para a sala de aula as vivências dos alunos fora do muro escolar e, a partir
dessas vivências, construir conhecimento. Para exemplificar o que foi dito acima, trarei um
fato que vivenciei em Maria Nunes (MN):
Como já foi dito, os alunos de MN eram tidos como desinteressados, então, como o
que levávamos para a sala de aula não os despertavam curiosidade, eu pedi para a
coordenação para autorizarem a visita de uma psicóloga. Essa visita me trouxe clareza de
como agir diante do desinteresse das crianças. A psicóloga abriu um espaço de escuta e ali eu
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pude ver o quão importante é abrir esse momento de diálogo. Deixar os alunos falarem e se
expressarem. A dinâmica com a psicóloga trabalhou valores como cooperação, comunicação e
acolhimento. Tivemos nossos desafios para manter a organização, mas a maioria dos
adolescentes participaram da dinâmica. O que pude perceber é que conteúdo escolar é
importante, porém tem que ter essa abertura para ouvir as demandas dos alunos que diz
respeito sobre a realidade deles.
Carl Ransom Rogers é um outro autor muito significativo que me auxiliou no como
me portar em sala de aula. Rogres nasceu em Oak Park (1902-1987). Foi um norte-americano,
pastor e terapeuta. A partir de suas experiências com crianças que sofreram abuso,
desenvolveu teorias sobre a personalidade e prática terapêutica. Em seu livro Um Jeito de Ser,
no capítulo 1, “Experiências em comunicação”, ele elabora a experiência de ouvir e ser
ouvido a partir das interações humanas que teve ao longo de sua vida. Em seus relatos, o autor
traz lições que acredita construírem uma relação interpessoal independente e construtiva.
Rogers também fala sobre como uma comunicação centrada positivamente no outro faz com
que este se sinta acolhido e aceito. Quando trazemos esse “sentido positivo”, partimos da
ideia de uma experiência aberta e confortável para o indivíduo. (ALTISSIMO; ARAÚJO,
2019, p.18). Isso diz muito da pessoa que está ouvindo a outra, observemos esse trecho:
“Ouvir verdadeiramente alguém resulta numa outra satisfação especial. É como ouvir a
música das estrelas, pois por trás da mensagem imediata de uma pessoa, qualquer que seja
essa mensagem, há o universal.”. (ROGERS, 1980, p.7).
Em seu outro livro, Tornar-se Pessoa, no capítulo 2, Rogers vai abordar questões sobre
compreensão. Repare no trecho a seguir:
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Nesse fragmento, reconhecemos condições para que haja uma experiência de ajuda na
interação de duas pessoas ou em um grupo, sendo uma delas a liberdade que podemos dar ao
indivíduo de ser quem ele é em potência nos seus níveis conscientes e inconscientes. Por isso,
a relação de ajuda diz muito da pessoa que está ouvindo, e para que a pessoa ouvida cresça e
se desenvolva vai depender de como ela é recebida.
Foi essa a vivência tida em Maria Nunes quando a psicóloga abriu espaço para que os
adolescentes pudessem se expressar, nesse momento ficou claro o quão importante é ouvir os
alunos, o quão importante é, nós professores, nos colocarmos diante deles para os
compreender. Não há relação de ensino-aprendizagem se não houver esse diálogo aberto do
professor com as demandas estudantis. E quais são essas demandas estudantis? Os próprios
alunos irão falar se eles sentirem essa abertura para o diálogo.
Carl Rogers, ao longo dos seus estudos, formulou sua teoria sobre a abordagem
centrada na pessoa humana. Será colocado a seguir pontos principais sobre essa teoria que me
auxiliou, como docente, ao aplicar na sala de aula com os alunos de Maria Nunes.
Compreensão Empática
Ser empático com o outro é permitir sentir a pessoa a nível de sentimento, é algo além
da razão. Esse é um momento de comum união, em que ambos os seres se comunicam e se
compreendem. Há uma conexão entre ambos. Em Maria Nunes, nas atividades, por mais
difícil que fosse manter uma organização dos alunos na sala de aula, nós pibidianos,
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propúnhamos a vivência da empatia. Foi colocado para eles atividades de reconhecimento das
próprias emoções espelhadas no outro. Essas dinâmicas propostas mostravam que as mesmas
emoções de alegria, raiva, medo, encontrados em si, também eram encontrados no outro.
Trabalhar a empatia é trabalhar a boa convivência. É deixar o ambiente escolar mais propício
para o ensino-aprendizagem.
Aceitação Incondicional
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seus sentimentos por intermédio da fala. Em uma ocasião de conflito, deixamos duas alunas
se expressarem e se resolverem sem intervir na discussão delas. Demos a liberdade para que
elas resolvessem o conflito por si mesmas. Estávamos ali para mostrar que com respeito ao
próximo pode se resolver qualquer questão.
Autenticidade – Genuinidade
Como professora em Maria Nunes percebi que o ser autêntica foi o reconhecimento
das minhas próprias expectativas frustradas diante dos trabalhos realizados na escola. O ser
autêntica foi identificar em mim o querer que a realidade daquele ambiente fosse diferente.
Seria lindo encontrar ali crianças que obedecessem às regras e que acompanhassem com
brilho nos olhos o conteúdo escolar. Eu vi em mim que eu queria que fosse diferente. E foi
libertador quando eu identifiquei tudo isso e escolhi mudar essa perspectiva de tentar
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controlar aquilo que não controlo. Eu tive uma mudança de olhar, me perguntei como poderia
dar o meu melhor naquela escola mesmo que não trouxesse o resultado que, a princípio, eu
queria que fosse. O que importa é que, quando damos o nosso melhor, ficamos mais leves
pelo fato de saber que aquela experiência é/foi significativa, pois tal experiência te convidou a
ser um profissional melhor.
Congruência
Como uma das últimas condições, porém não menos importante, temos a congruência.
O que seria a congruência? É a ponte que une o pensar e o agir. Está ligada à
autenticidade de tomarmos consciência do que se passa no nosso mundo interno e nos
expressar de forma real, coerente/harmoniosa em qualquer experiência com o outro. Em
Maria Nunes percebi que ser congruente é me respeitar e não violar meus próprios
sentimentos e valores. Mesmo que eu não mude a realidade daquela escola, mostrar que não
concordo com muitas atitudes, como, por exemplo, ter aluno no nono ano não saber ler, isso
eu não concordo e, quando você se posicionar de acordo com o que faz sentido pra você, isso
é viver a própria realidade com nossa liberdade de expressão, mas sempre se posicionando
com o devido respeito ao próximo, mesmo que este tenha opinião divergente da sua.
Continuidade do projeto
O que se pode notar é que por mais que conhecimento formalizado nas escolas seja
importante para a formação das crianças, também é necessário manter o ambiente propício e
acolhedor para que haja o processo do aprendizado. Só tendo uma base sólida é possível
construir algo a partir da base. Essa base no ambiente escolar se dá por um bom convívio na
sala de aula.
Metodologia
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Cronograma
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REFERÊNCIAS
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