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#direito-previdenciario

1. Conceito

Regime, por definição, é um conjunto de normas que rege determina relação jurídica.
Regimes previdenciários são, assim, os diferentes complexos normativos que regem as
relações jurídicas previdenciárias de determinadas categorias de indivíduos.

No Direito Constitucional positivo brasileiro existem os seguintes regimes jurídicos:

**1. Regime Geral de Previdência Social (RGPS)

Abrange:

todos os trabalhadores que mantenham vínculo com pessoa jurídica de direito privado
todos aqueles que exerçam atividade econômica ou profissional por conta própria

todos os servidores públicos civis que não estejam vinculados a regime próprio, como
os exercentes exclusivos de cargo em comissão e os servidores dos entes que não
tenham instituído seu próprio regime de previdência

Atenção: o fato de que a filiação é obrigatória não implica a inexistência de segurados


facultativos, que são aqueles alcançados pelo sistema especial de inclusão previdenciária,
nos termos do § 12 do art. 201 da CF e disciplinados pelo art. 13 da Lei 8.213.

A EC 103/2019 estabelece, em seu art. 9º, § 2º, que o rol dos benefícios dos regimes próprios
fica restrito às aposentadorias e à pensão por morte.

2. Regimes próprios de previdência social (RPPS)


Abrange todos os servidores públicos civis que mantenham vínculo efetivo com pessoas
jurídicas que tenham instituído regimes próprios, bem como os agentes políticos ocupantes
de cargos vitalícios (magistrados, membros do MP e Tribunais de Contas).

É tradicional a diferenciação entre o regime previdenciário do servidor público e dos


trabalhadores da iniciativa privada. Para os primeiros, não havia sequer o caráter
contributivo, somente introduzido na CF pela EC 3/93 (v. art. 40, § 6º).

Atenção: não existe somente um regime próprio.

3. Regime previdenciário complementar (RPC)

A existência de regimes complementares operados por entidades fechadas ou abertas de


previdência social é anterior à Constituição.

Foi a Emenda Constitucional n.º 20/1998 que passou a prever a instituição de fundos de
previdência complementar para os servidores e agentes políticos vinculados aos RPPS.

Em 2001, foram publicadas as Leis Complementares n.º 108, que dispõe sobre a relação das
entidades de previdência complementar instituídas pela União, DF, Estados e Municípios
com seus entes patrocinadores, e a Lei Complementar 109, que dispõe sobre o RPC, operado
por entidades abertas e fechadas de previdência.

O ente fiscalizador do RPC, no que tange às entidades fechadas de previdência social, é a


PREVIC (Superintendência Nacional de Previdência Complementar).

Entidades fechadas: fundações ou sociedades civis sem fins lucrativos, cujos planos de
benefícios são acessíveis exclusivamente a empregados de uma empresa, grupos de
empresas ou servidores de entes públicos.
Entidades abertas: sociedades anônimas que exploram o ramo de previdência
complementar privada.
No regime complementar, fala-se em "participante" e "assistido", e não em "filiado" O
primeiro é aquele que participa de um plano de previdência complementar, enquanto o
segundo é o participante ou outro beneficiário que esteja recebendo benefício continuado
no âmbito do plano.

Nas entidades fechadas do RPC, fala-se em "patrocinador" para referir-se à empresa, grupo
de empresas ou ente público que mantém relação com tais entidades.

Os patrocinadores participam do custeio dos fundos previdenciários das entidades fechadas,


juntamente com os participantes e assistidos. Por outro lado, o custeio dos planos das
entidades abertas é custeado por aportes individuais do participante.

Somente em 2012 a Lei n.º 12.618 institui o regime de previdência complementar dos
servidores públicos civis ocupantes de cargos efetivos e vitalícios da União e autoriza a
constituição de entidades de entidades de previdência complementar fechada. Tais entidades
foram efetivamente constituídas em 2012.

Funpresp-EXE: 7.808/2012.
Funpresp-Jud: Resolução STF n.º 496/2012

"Fundações de natureza pública, com personalidade jurídica de direito privado e autonomia


administrativa, financeira e gerencial"

A partir da criação dessas entidades, passou a ser possível a aplicação integral do § 14 do art.
40 da CF que limita o valor dos benefícios pagos pelo RPPS ao valor-teto do RGPS.

Ao servidor que ingressou no serviço público até a data da publicação do ato de instituição
do regime complementar deu-se a opção de ingressar no novo regime.
Perceba-se que a EC 109/2019 transformou a instituição do RPC nos entes públicos em uma
obrigação, conforme a nova redação do § 14 do art. 40 ("instituirão").

Atenção: compete à justiça estadual processar e julgar os litígios entre o participante, seja
celetista ou servidor público, e as entidades de previdência complementar fechada, e não à
Justiça do Trabalho (Tema de RG 190).

3. Regime dos militares das forças armadas

Ao contrário dos outros regimes, a Constitituição remete à lei ordinária as "condições de


transferência do militar para a inatividade." (art. 142, § 3º, inciso X). Propriamente, não se
pode falar em "aposentadoria" dos militares, mas em "reforma" e "reserva remunerada."

Os militares passaram incólumes pela EC 41/2003, que acabou com a paridade entre ativos e
inativos no RPPS e a integralidade dos proventos de aposentadoria.

A Lei 6.880/1980 (Estatuto dos Militares) rege a sua reforma e transferência para a reserva
remunerada. A "pensão militar", por sua vez, está disciplinada por lei específica (Lei 3.765, de
1960, ainda vigente, com modificações).

A lei n.º 13.954/2019 aumentou o tempo de contribuição mínimo para a reserva remunerada
de 30 para 35 anos, também reduzindo o elenco de dependentes e pensionistas.

§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade
e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente
penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV
do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144.

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