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Alexander Moreira-Almeida
Isaac Levenstein
1)Conceito
Botega (1995) define uma emergência psiquiátrica (EP) como uma súbita
meio social e familiar de onde ele provém. O caráter emergencial pode ser identificado pelo
paciente.
Hillard (1994) define uma EP como qualquer comportamento que não pode ser
comunidade. Esta definição sugere que a EP não é uma função exclusiva de uma
uma determinada região na qual o indivíduo está inserido. Esta definição aponta para a
grande parte do Brasil e em muitos outros países, observamos uma rede ambulatorial
deficiente o que acarreta muitas vezes uma sobrecarga dos serviços de emergência.
2)Histórico
O serviço de emergência psiquiátrica (SEP) surge com o movimento de
uma especialidade médica e desta forma a psiquiatria passa a estar dentro do hospital
hospital que são um dos pilares deste novo modelo assistencial aos pacientes psiquiátricos.
tempo, possibilita a racionalização dos critérios de internação já que via de regra o paciente
é avaliado neste tipo de serviço antes de ser encaminhado para uma internação e, com isto,
se evitam muitas internações desnecessárias. Além disto, é dentro de um hospital geral que
do setor de emergência pode prestar auxílio para situações de urgência em outros setores
do hospital, como nas enfermarias e também fica mais fácil a adequada investigação e
clinicas. Cada vez tem sido mais reconhecida a importância dos médicos não psiquiatras
adquirirem algumas habilidades básicas nesta especialidade. Tal necessidade se deve não
psiquiatra, como pela imperiosa conveniência de uma correta identificação e manejo das
3) Epidemiologia
mentais. Um recente levantamento levado a efeito na cidade de São Paulo detectou uma
vida e de 15,4% no último mês (Andrade, 2002). Neste contexto, demanda por SEP vai
usuários dos serviços de emergência (Del-Ben, 1999; Santos, 2000). Tal demanda se
acentuará muito caso não haja, como geralmente não há, serviços extra-hospitalares
adequados para darem suporte e tratamento a esta população. Em Ribeirão Preto (SP) a
utilização da EP dobrou entre 1988 e 1995 (Del-Ben, 1999). Uma alta taxa de utilização destes
2003).
maior (10,9%) e outros transtornos não psicóticos (10,9%). Destes atendimentos, 20%
quadros psiquiátricos ocupam o terceiro lugar entre os motivos de utilização dos serviços
substâncias e tentativas de suicídio respondem pela grande maioria de tais chamados. Apesar
desta freqüência, os médicos revelaram-se despreparados para lidarem com tais urgências
Um outro aspecto que merece destaque é a subutilização dos serviços de saúde mental e
a grande procura dos serviços médicos gerais pelos portadores de transtornos mentais. Ou
2002). Apesar de ser freqüente tais pacientes se apresentarem aos prontos-socorros clínicos,
muitas vezes com queixas vagas e inespecíficas, o transtorno mental subjacente raramente é
Os pacientes que procuram um SEP, em geral adulto jovens, podem ser divididos em dois
grupos:
- Já fazem tratamento prévio: tendem a ser casos mais graves (freqüentemente
Nestas duas últimas situações geralmente encontramos os quadros mais graves e com menor
vezes psicóticos e/ou com transtornos por uso de substâncias (Dhossche, 1998).
tendem a ser subavaliados clinicamente, havendo o sério risco de uma grave condição clínica
geral passar despercebida. Tais situações ocorrem mais freqüentemente com intoxicações por
exame físico e psíquico satisfatórios, bem como de uma história clínica e exames laboratoriais
Enquanto suicídio é a morte decorrente de uma conduta voluntária e intencional que visa
suicídio são uma causa comum de procura de um serviço de emergência e, muitas vezes, a
avaliação inicial é feita por um clínico geral ou um cirurgião, dependendo do método utilizado
pelo paciente para tentar se matar. O primeiro cuidado consiste na avaliação e estabilização
quando possível, e também com os familiares, visando à identificação do método utilizado para
história de uso de medicações que possam interagir com medicações usadas em casos de
intoxicação exógena. Por fim, se fará uma avaliação do risco para nova tentativa de auto-
extermínio.
Diversos trabalhos indicam que cerca de 90% das pessoas mortas por suicídio
em 45 a 70% dos suicídios. A seguir, tem-se o abuso ou dependência de álcool (20- 25% dos
casos, uma vez que os transtornos psiquiátricos se sobrepondo, somam-se os riscos Além
disto, doenças crônicas relacionam-se com maior risco de suicídio, como câncer, HIV, doença
tanto para homens como para mulheres. A seguir, homens usam mais armas de fogo e
suicídio, envenenamento e intoxicação por remédios são responsáveis por 90% dos casos.
(Kapczinski, 2001)
- Sexo: mulheres tentam se matar 3 vezes mais que os homens, mas estes se matam de
- Idade: as taxas de suicídio aumentam com a idade, sendo mais prevalente após 45
anos, no entanto tem aumentado o número de adolescentes e adultos jovens suicidas. Embora
solteiros e viúvos. Os casados são os menos afetados. A ausência de filhos é um fator levado
em conta na decisão de morte. Boa parte dos suicídios ocorre após a morte do cônjuge. O
Já pessoas com altas posições sociais, assim como queda do nível social e maior nível de
pobreza são fatores de risco. Algumas categorias profissionais são mais propensas ao suicídio,
como médicos, artistas, dentistas e agentes da lei. Imigrantes também têm risco maior.
- Outros fatores: observa-se entre jovens que tentam suicídio um elevado número de
lares desfeitos, com perda de um ambos os pais por morte ou separações. É comum história
familiar de suicídio ou sua tentativa em pessoas que tentam se matar. Outro dado observado
vida ou morte do paciente. É comum que o médico esteja vendo aquele doente pela primeira
vez. Na avaliação, é prudente não deixar o paciente sozinho na sala e remover quaisquer
objetos perigosos do local, deve-se ter uma postura de não julgamento e permitir ao paciente
que este fale abertamente sobre o assunto questionando-lhe sobre o desejo de morrer e suas
motivações, se este desejo ainda está presente e quais planos o paciente tem em mente para
concretizá-lo e se deve avaliar se ele tem condições de fazê-lo. O contato com a família é
fundamental, devendo o médico avaliar a possibilidade dos familiares cuidarem deste paciente
ideação suicida grave. Quanto maior o grau de desesperança, maior o risco de êxito fatal.
Outro aspecto a ser observado é a ambivalência: grande parte dos pacientes suicidas
apresentam algum grau de ambivalência em relação à concretização do seu ato, ora desejando
mais intensamente, ora pondo a idéia de lado. 80% dos pacientes avisaram antes de suas
intenções e 40% procuraram médicos na semana anterior ao suicídio. Quanto mais convicto o
de morrer e agressividade. A morte pode ser fantasiada como uma vingança contra pessoas
próximas, alívio de sofrimento, fazer com que sintam sua falta, etc..
aliviado por ter sobrevivido, se com esta tentativa ele visava “resolver” algum tipo de conflito e
se o paciente não expressa planos de novas tentativas futuras. Mesmo assim, nestes casos a
abordagem deve ser cuidadosa, ainda que se tenha a impressão que foi “só para chamar a
tentativa de suicídio como forma de ter algum tipo de ganho ou como solução de um conflito
interno ou interpessoal, mas devemos lembrar que a forma usada pelo paciente para tal é em
si mesma grave já que existem outras formas de chamar a atenção ou manipular. Além disto,
alguns pacientes que “não queriam morrer de fato” às vezes “erram a mão” e acabam
chegando a óbito.
40% dos indivíduos que tentam suicídio já fizeram tentativas prévias. 15 a 35% tentarão
descartar um quadro orgânico através de uma boa anamnese, exame físico e exames
psíquicos, sintomas físicos estão presentes, como taquicardia, sudorese, tremores, ondas de
diferenciação:
determinada que não apresenta perigo real e esta situação é evitada ou suportada com muita
local ou situação onde seja difícil sair ou obter ajuda em caso de necessidade. Podendo se
manifestar com o receio de deixar sua casa, medo de lojas, multidões, locais públicos, espaços
sintomas depressivos e ansiosos sem predominância nítida de uns ou outros e sem que a
- Reação Aguda ao Estresse: quadro transitório que ocorre em alguém que não vinha
que seria traumático para praticamente qualquer pessoa, como guerras, catástrofes naturais,
agressão física, estupros e acidentes sérios. Consiste em reviver o trauma através de sonhos
ou pesadelos, pensamentos e lembranças durante a vigília, há evitação persistente de coisas
- Transtorno de Pânico: crises de pânico são crises súbitas e de curta duração (em geral
até 30 minutos) caracterizados por intensa ansiedade, medo de morrer ou enlouquecer (ou
perder o controle) associados a alguns sintomas físicos como dor ou desconforto torácico,
palpitações, sudorese, tremores, sensação de falta de ar, tonturas e parestesias. Ainda pode
ocorrer em qualquer local e horário, inclusive durante o sono. Crises de pânico podem ocorrer
dentro de quadros depressivos, quadros fóbicos diante do estímulo fóbico, induzidos por
Nestes casos, não se faz o diagnóstico de transtorno de pânico. Neste, as crises de pânico são
motora ou de outra função corpórea é sugestiva de doença física, mas fatores psicológicos
sejam clinicamente significativos até 3 meses depois e que implicam um sofrimento acentuado
não são suficientes para outro diagnóstico, por exemplo depressão. São comuns sintomas
depressivos e ansiosos. É bastante comum em pacientes hospitalizados (chega a 10% destes
poder ter prejuízo social ou ocupacional, é transitório e compatível com a perda, não sendo
para depressão, psicose, ansiedade generalizada, entre outros, estes são hierarquicamente
superiores e devem ser o diagnóstico principal, ainda que haja estressores identificáveis.
4.4) Depressão
ocupacionais ou sociais ou por sintomas específicos como insônia ou perda de apetite. Muitas
vezes um paciente com depressão procura um clínico geral com queixas físicas inespecíficas e
sintomas depressivos nestas situações. Um rastreio rápido pode ser realizado perguntando-se
anedonia, diminuição da libido, diminuição de apetite (às vezes aumento), insônia (às vezes
hipersônia), lentificação motora (mas às vezes, nas depressões ansiosas ou psicóticas, pode
ter inquietação e até mesmo agitação psicomotora), a fala pode ser em baixo volume e
rompimento com a realidade, como delírios (que costumam ser de culpa, hipocondríacos,
condenatórias.
Pouco menos de 10% dos portadores de depressões graves cometem suicídio ao longo
da vida (Bostwick, 2000). O episódio depressivo pode ser leve, moderado e grave, de acordo
com a presença de mais ou menos sintomas e de sua intensidade. Uma crise depressiva dura
ao menos, pelo CID 10, 2 semanas, nas quais os sintomas são freqüentes a maior parte do
tempo. Quando há história de mais de uma crise, o diagnóstico deve ser de Transtorno
como ilusões e alucinações visuais, táteis ou auditivas. Ainda podem aparecer alterações de
sono, sintomas ansiosos, depressivos ou labilidade de humor. O paciente, após sair do quadro,
São fatores que predispõem o paciente ao Delirium: idade maior que 60 anos, uso de
como de tiamina,B 12, ácido nicotínico, folato, quadros alérgicos e doenças auto-imunes como
lúpus eritematoso.
Estes quadros apontam para a necessidade de uma boa anamnese clínica e um bom
exame físico, evitando-se que tais casos sejam tomados como puramente “psiquiátricos”.
4.6) Agitação Psicomotora
Constitui-se numa das principais causas de consulta ao SEP, porém cabe lembrar que a
Nestes casos, muitas vezes, é necessário controlar o sintoma antes de se fazer uma
avaliação diagnóstica. Aqui também é importante lembrar que problemas orgânicos podem
estar associados a quadros de agitação psicomotora, como intoxicação por álcool e outras
Alguns sinais sugestivos de quadros orgânicos são febre, toxemia, lesões de pele,
marcas de picadas de agulhas (drogas), alterações pupilares nas intoxicações por drogas,
quais são comuns alucinações auditivas, delírios (idéias irreais persistentes que não cedem à
espera do PS riem de mim”), entre outros. Também é comum pensamento desagregado (sem
nexo, frases sem sentido), o afeto pode ser distanciado (pouca expressão afetiva dos
- Fase Maníaca de Transtorno Afetivo Bipolar: cursa com humor eufórico ou irritável,
com fala acelerada (às vezes perdendo o nexo) e comumente com uma hipervalorização de si
mesmo e idéias de grandeza como acreditar que tenha poderes ou dons ou que tenha muito
dinheiro ou sucesso.
personalidade anti-social (indiferença por sentimentos alheios, desrespeito por normas, baixa
superficial ou lábil, sugestionabilidade, busca de atenção constante). Nestes casos, a não ser
que haja comorbidade (ex: paciente borderline que faz um surto psicótico), estes pacientes não
- Outros quadros: alguns pacientes com depressão psicótica podem ficar inquietos ou
mesmo agitados. Pacientes com quadros ansiosos e crises de pânico podem ter exacerbações
do quadro a ponto de ficarem agitados. Pacientes com retardo mental também podem ficar
agressivos.
5) Terapêutica/ Conduta
em grande parte da experiência clínica acumulada ao longo dos anos e de ensaios clínicos
nem sempre impecáveis metodologicamente. Será explicitado no texto quando as diretrizes
4.1) Suicidio
Pacientes com tentativa de suicídio devem ter como primeira medida a estabilização dos
parâmetros clínicos. Após obtida, tanto estes pacientes como aqueles que referem apenas
ideação suicida devem passar por uma avaliação focada principalmente no estressor
avaliação psiquiátrica adequada muitas vezes só pode ser feita após a desintoxicação. A
falta de planos futuros, perdas recentes, ausência de suporte social e de religião são
tentativas prévias de suicídio não induz o paciente ao ato, pelo contrário, a chance de
compartilhar tais angústias pode ser fonte de intenso alívio. É fundamental que o médico
morrer, entretanto deve evitar posturas moralistas ou críticas. Também vale frisar a
suicida nos pacientes com transtornos mentais no PS, principalmente aos portadores de
depressão e problemas por uso de substâncias. O questionamento pode ser feito diretamente:
”já pensou em fazer alguma ‘besteira’ com você mesmo?”; ”você deseja morrer?”; “a idéia de
intensivo por profissionais de saúde mental. Grande vigilância faz-se necessária no início do
tratamento com antidepressivos, pois: eles demoram alguns dias para alcançarem efeito
geralmente melhoram a apatia antes do humor depressivo, pacientes que estavam fadigados e
inertes demais para cometerem suicídio, podem estar sobre maior risco neste ínterim (Meleiro,
1995).
Nos casos em que a internação está indicada, pode ser realizada até involuntariamente,
ter uma doença clínica grave, após se ter certeza do diagnóstico de ansiedade, deve-se evitar
preocupação e o sofrimento do paciente, mas que o problema dele não é grave, não o levará à
morte. A explicação sobre o efeito da hiperventilação sobre seu quadro e a solicitação para que
o paciente respire dentro de uma sacola é geralmente suficiente para o controle dos sintomas.
abateu até o final da avaliação médica. Nestes casos, devem-se evitar medicações de urgência
(que apenas reforçam a crença distorcida do paciente de que seu problema é grave e que teria
morrido se não tivesse sido medicado). Uma breve explicação sobre o que é uma crise de
Importante que a equipe compreenda que os sintomas conversivos não são voluntários,
portanto, não estão sob controle do paciente. Deve-se procurar levar o paciente para um local
tranqüilizar o paciente dizendo que o sintoma apresentado é a forma com que seu corpo reage
ao estresse sofrido, mas que não é algo perigoso. De um modo geral tal abordagem é
demonstrando empatia pelo sofrimento do indivíduo é muitas vezes útil. Estimular o paciente a
procurar o apoio que pode obter de diversas fontes de suporte social como a família, amigos ou
religião. Se necessário, pode-se encaminhar para uma psicoterapia breve (Fauman, 2000).
4.4) Depressão
com múltiplas e queixas somáticas vagas. Uma conduta inadequada, mas muito freqüente, é
dispensar o paciente simplesmente dizendo-lhe que “não tem nada”. A melhor postura nestes
casos é dizer ao paciente que suas queixas são oriundas de um problema chamado
depressão. Só o fato de ter o seu problema identificado e não desqualificado pelo médico já é
um alívio para o paciente que muitas vezes já peregrinou por inúmeros profissionais. Após
certificar-se que o paciente não apresenta ideação suicida ou outra situação ameaçadora, o
mesmo deve ser encaminhado para tratamento ambulatorial. Como a depressão é uma
(Fauman, 2000).
4.5) Delirium
O paciente deve ficar num ambiente tranqüilo, com iluminação suave. É necessário que,
encontra e o motivo de sua internação. Caso esteja muito agitado, pode-se utilizar medicações,
risperidona (outros atípicos com efeitos sedativos e anticolinérgicos, como a olanzapina, devem
ser evitados). O uso de medicações deve ser comedido pois pode agravar o estado
administrado VO, IM e IV, iniciando com 1 a 2mg a cada 2-4 horas, aumentando a dose
intervalo QT. Apesar de controverso, a princípio devem ser evitadas medicações que possam
alterar o nível de consciência como os benzodiazepínicos. São primeira opção apenas nas
4.6) Agitação/Agressividade
Este tópico envolve pacientes agressivos que coloquem a si ou outros em risco e a maior
parte destas diretrizes são oriundas de um consenso entre especialista publicado recentemente
consultório, não tocar no paciente, não fazer movimentos bruscos e ter uma postura firme mas
não confrontadora (Manley, 2000). A abordagem inicial deve ser verbal, buscando entender as
sedação medicamentosa até poder ser feita uma investigação diagnóstica criteriosa e se iniciar
voluntariamente. Caso não se obtenha sucesso, deve-se explicar com firmeza, mas sem uma
postura de confrontação que o tratamento será ministrado, para benefício do paciente, mesmo
sem sua colaboração. Muitas vezes, ao se perceber sem outra alternativa, o paciente aceita
colaborar. Tal abordagem muitas vezes evita o uso compulsório da medicação e a contenção
física.
comprimidos inteiros devem ser evitados por terem absorção um pouco mais lenta e por ser
imediato, ou o paciente se recusa a aceitar o tratamento, pode-se lançar mão da via parenteral.
Apesar da via intravenosa ter um início de ação mais rápido, a intramuscular é geralmente
preferida por ser mais segura nas condições de uma EP. Em todo o mundo, é freqüente a
associação do antipsicótico com uma outra medicação para acelerar o início do efeito e
seguro e eficiente a 50mg de prometazina (Huf, 2002) e, mais recentemente, ao midazolan (7,5
ou 15mg). Pela absorção errática por via IM, o diazepam não é recomendado por esta via. A
medicação, aplicada IM, pode ser repetida a cada 30-60minutos até o controle da
agitação/agressividade. Naturalmente, durante este período, o paciente deve ser avaliado
distonia aguda. A dose inicial do haloperidol, tanto VO quanto IM, é de 5 a 10mg, podendo-se
chegar em 24horas a uma dose total entre 45 e 100mg. (Castel, 2001; Currier, 2002)
Quando o paciente coloca em risco iminente a segurança dos outros pacientes, dele
mesmo e da equipe, pode ser realizada a contenção física se não for possível uma intervenção
menos restritiva. Eventualmente, pode estar indicada para evitar a evasão do paciente do setor
de emergência antes de uma avaliação e tratamento adequados. A contenção física deve ser
desenhadas para tal fim e o paciente, enquanto contido, deve ser constantemente monitorado
deve ser explicado ao mesmo que a medida empregada visa à sua própria proteção e que será
retirada assim que o paciente se tranqüilizar. Muitas vezes, a própria contenção é capaz de
tranqüilizar o paciente, podendo dispensar o uso de medicações ou permitir o seu uso VO.
Caso se mantenha a agitação, deve-se iniciar a medicação parenteral. A restrição física deve
ser mantida pelo menor tempo possível, usualmente até que as medicações administradas
antes ou durante a contenção surtam efeito. Usualmente, o médico deve reavaliar o paciente
pelo menos a cada hora e determinar o momento em que o paciente pode ser liberado da
pacientes com DPOC e idosos debilitados, os benzodiazepínicos tendem a ser evitados. Nos
intoxicação etílica gere depressão respiratória, não há evidências de que esta complicação seja
4.6.2) Demência
podem ser responsáveis por quadros de agitação, portanto, deve-se, sempre, investir neste
paciente. Em muitos casos será necessário emprego de medicações para o controle agudo da
inquietação. Nos casos de agitação por delirium não medicamentoso ou psicose, os mais
empregados são os antipsicóticos de alta potência como o haloperidol (dose inicial: 1.5 a 2mg;
devem ser evitados, podem ser utilizados apenas nos quadros predominantemente ansiosos,
preferencialmente os de meia vida curta como o lorazepan (início: 1.5 a 2.5mg; meta: 3 a 5mg).
Devido a uma potencial maior sensibilidade a efeitos colaterais, as doses iniciais devem ser
pequenas com aumentos graduais, conforme tolerado e necessário. O prazo para se avaliar a
resposta terapêutica é de 2 a 7 dias. Se for necessário um efeito mais imediato, pode-se utilizar
de haloperidol IM.
4.6.3) Decorrente de Traumatismo Cerebral
potência. Quanto ao tratamento continuado e profilático, uma revisão sistemática feita por
após lesão cerebral. Apesar de serem muito utilizados, não foram identificados estudos
medicação não se mostrar útil após 2 a 6 semanas de uso, deve ser substituída pois o efeito,
antipsicóticos de alta potência. Por outro lado, não há clara definição quanto ao tratamento de
manutenção. Apesar de ser a terapêutica mais utilizada mundialmente, numa recente revisão
sistemática, os antipsicóticos não mostraram qualquer efeito benéfico a longo prazo (Brylewski
4.6.5)Gestante
social e acesso fácil a unidades de saúde mental são de crucial importância. Entre os fatores
ativa, depressão grave, descontrole dos impulsos, internações prévias e ser trazido ao PS pela
polícia ou encaminhado por profissionais (ao invés da procura espontânea ou trazido por
familiares). Por outro lado, a existência de apoio social e de um evento estressor precipitante
muito freqüentemente não segue um tratamento adequado, o que está associado a uma
um usuário habitual dos serviços médicos de urgência (Cremniter, 2001). Isto é especialmente
usualmente não têm seu uso abusivo de substâncias identificado no serviço de urgência, o que
suicídio num serviço de emergência faleceram por suicídio durante o período de seguimento,
principalmente os homens e aqueles com tentativa prévia (Soukas, 2001). Também deve-se
levar em conta a incumbência que os médicos não psiquiatras têm de identificar os pacientes
com risco de suicídio entre aqueles que se apresentam para uma consulta clínica. Em uma
ampla revisão da literatura, identificou-se que 45% dos indivíduos que faleceram de suicídio
procuraram algum atendimento clínico no mês que antecedeu o suicídio, sendo mais freqüente
Diversas estratégias têm sido estudadas para se evitar tais problemas. O primeiro passo é
seguimento ambulatorial posterior. Apesar de, usualmente, menos de 1/3 dos pacientes
estes índices têm se mostrado eficazes. Faz-se mister uma maior atenção ao encaminhamento
do paciente após o atendimento de urgência, sendo que uma das medidas mais simples e
contato direto do profissional que fará o seguimento com o paciente (Spooren, 1998).
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